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SOCIOLOGIA E TRABALHO:

mutações, encontros
e desencontros

Bila Sorj

Há certos períodos na história em que muitos Uma boa evidência da percepção do caráter
dos entendimentos produzidos pela Sociologia liminar do período em que vivemos é a profusão
sobre o modo como a sociedade se organiza têm o de títulos de obras recentes nas ciências humanas
seu valor explicativo diminuído. As duas últimas que sentenciam o fim de algo: o fim da história, o
décadas foram, certamente, um desses períodos, fim do social, o fim da sociedade industrial, o fim
momento em que novas tendências no mundo do do iluminismo, o fim da modernidade, o fim do
trabalho ensejaram uma extensa reavaliação das trabalho. Evidentemente, não precisamos aceitar
teorias e quadros analíticos oferecidos pela Socio- versões cataclismáticas do presente para reconhe-
logia do Trabalho há quase um século. cer a importância das transformações que estão em
O mundo do trabalho é apenas uma das curso na atualidade.
dimensões de um amplo espectro de transforma- Neste final de século, a Sociologia do Tra-
ções radicais que afeta nossas vidas e que está a balho, ou Sociologia Industrial, parece ter perdi-
desafiar a nossa imaginação sociológica. Não do a importância adquirida entre os anos 40 e 60
obstante a carência de teorias gerais que interpre- como uma subárea central da Sociologia.1 A
tem, de uma maneira mais ou menos sistemática, proposição, quase que axiomática, de que o tra-
essas mudanças e também as continuidades que balho constitui a principal referência que deter-
marcam as sociedades atuais, ouvimos de todos mina não apenas direitos e deveres, diretamente
os lados que tudo, de alguma forma, mudou inscritos nas relações de trabalho, mas principal-
fundamentalmente. A família nuclear moderna mente padrões de identidade e sociabilidade, in-
desintegrou-se, dando lugar a uma grande diver- teresses e comportamento político, modelos de
sidade de arranjos singulares; a sociedade de família e estilos de vida, vem sendo amplamente
classes dissolveu-se, assumindo a forma de gru- revista. Novas categorias de análise como “iden-
pos e movimentos sociais separados, baseados tidades”, “estilos de vida” e “movimentos sociais”
em etnicidade, sexo, localidades; os Estados-na- ganham preeminência e asseveram, implícita ou
ção enfraqueceram-se em virtude de forças glo- explicitamente, que o trabalho e a produção
bais e regionais. perderam sua capacidade de estruturar posições

RBCS Vol. 15 no 43 junho/2000


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sociais, interesses, conflitos e padrões de mudan- modo como a Sociologia do Trabalho construiu o
ça social. seu objeto visando identificar os limites dos mode-
As implicações desses deslocamentos analíti- los interpretativos dominantes. Na segunda, anali-
cos para a Sociologia do Trabalho são numerosas. so como os estudos de gênero questionam a
Desejo apenas assinalar que a área ficou acuada construção do conceito de trabalho prevalecente
entre dois movimentos teóricos distintos, ambos, a na Sociologia ao focalizar o tema da cultura,
meu ver, insatisfatórios: um que continuou a insis- geralmente negligenciado nos estudos do trabalho.
tir na validade de modelos explicativos tradicio- Na terceira e última parte, detenho-me nas novas
nais, especialmente os de inspiração marxista, configurações do mundo do trabalho para sugerir
apesar do reconhecimento da perda do seu poder que hoje, mais do que em qualquer outro momen-
explicativo, e outro que rapidamente abraçou as to, com a desregulação das relações contratuais de
teses sobre o “fim do trabalho”, deslocando o emprego, as fronteiras entre o trabalho e o não-
interesse da Sociologia para outras esferas da vida trabalho foram severamente reduzidas.
e adotando novos conceitos de rentabilidade soci-
ológica, supostamente superiores.
I
O resultado disso tem sido uma contínua
perda de espaço da Sociologia do Trabalho. Na Desde a sua constituição como uma subárea
melhor das hipóteses, seu campo de pesquisa hoje da Sociologia, a Sociologia do Trabalho incorpo-
se limita ao estudo das novas práticas de gerenci- rou o ponto de vista então predominante entre os
amento de recursos humanos provocadas pela intérpretes das sociedades modernas de que a
reestruturação produtiva, aproximando-se dos te- economia formava uma esfera central e socialmen-
mas de interesse da Administração de Empresas; na te diferenciada do conjunto da vida social.
pior das hipóteses, reitera-se que o seu objeto de É nos clássicos das ciências sociais que en-
estudo perdeu todo interesse sociológico. Nesse contramos a origem dessa interpretação. A despei-
contexto, proliferam estudos históricos em que se to do interesse que manifestavam pelo sistema
observa um indisfarçável saudosismo dos sistemas social como um todo, ou pelas conexões entre
produtivos tayloristas ou fordistas que, até ontem, “base” e “superestrutura”, na formulação marxista,
eram considerados modelos supremos da aliena- a verdade é que eles consideravam a sociedade
ção do trabalho. moderna diferenciada o bastante para que suas
Contra a idéia do “fim do trabalho”, argumen- partes fossem pensadas como subsistemas relativa-
to que o trabalho, na pluralidade de formas que tem mente autônomos. Para Parsons, por exemplo,
assumido, continua a ser um dos mais importantes uma das grandes realizações da modernidade teria
determinantes das condições de vida das pessoas. sido diferenciar internamente a sociedade de tal
Isto porque o sustento da maioria dos indivíduos forma que princípios distintos orientariam a ação
continua a depender da venda do seu tempo e de de seus subsistemas. O ethos utilitário, por exem-
suas habilidades de trabalho no mercado. Mais plo, prevaleceria no sistema econômico, ao passo
ainda, como veremos adiante, sua presença tem que na família e no sistema de parentesco as
invadido de tal forma diferentes esferas da vida que “atribuições de qualidades” e a “expressividade”
temos, hoje, grandes dificuldades em estabelecer teriam primazia. Era nisto que a sociedade moder-
as fronteiras que separam o âmbito do trabalho do na se distanciava com maior nitidez da “solidarie-
não-trabalho. Por outro lado, também é pouco dade mecânica”, marcada pela rígida integração
convincente pretender que nada mudou. As trans- das partes em torno de um núcleo central de
formações nessa área são tão profundas que reque- valores, a qual, seguindo a influente descrição feita
rem uma ampla revisão da forma como a Sociologia por Durkheim, supostamente caracterizava as so-
construiu o seu objeto de investigação. ciedades tradicionais.
Meu argumento será exposto da seguinte De Marx herdamos ainda os pressupostos de
maneira. Na primeira parte do artigo retomo o que a posição do trabalhador no processo produ-
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tivo é o princípio organizador da estrutura social; nos na Europa, distingue-se, evidentemente, das
de que a dinâmica do desenvolvimento é pautada abordagens de inspiração neoclássica. Diferente-
pelos conflitos gerados em torno da exploração no mente dos neoclássicos, os marxistas enfatizam
plano das relações de trabalho, e de que a raciona- que o mercado de trabalho é um fenômeno his-
lidade capitalista industrial é a responsável pela tórico recente que substituiu o trabalho organiza-
continuidade do desenvolvimento das forças pro- do em bases feudais, a escravidão e outras for-
dutivas. mas de vínculos pessoais fundados na coerção
Tais interpretações da sociedade moderna, direta. Seu argumento é que a criação do merca-
cuja economia foi concebida como uma esfera do de trabalho dependeria não apenas do de-
separada e determinante do sistema social, orienta- senvolvimento tecnológico, mas também da acu-
ram a Sociologia do Trabalho em pelo menos um mulação prévia de riqueza e de recursos produti-
aspecto fundamental: na concepção de que as vos, bem como da proletarização de amplos gru-
formas de utilização industrial da força de trabalho pos sociais. Também não se pode ignorar que os
seriam presididas por um tipo de racionalidade próprios marxistas divergem entre si. Por um
estratégica amoral, desvinculada de quaisquer lado, há aqueles que vêem a tecnologia como o
critérios imediatos de referência ao mundo domés- principal promotor do desenvolvimento econô-
tico ou a lealdades de cunho particularista. Seriam mico. Esta visão serviu de inspiração, por
os mandamentos dessa racionalidade estratégica exemplo, para a tese de Braverman sobre o in-
que organizariam e regulariam tanto o processo cessante esforço dos capitalistas para desqualifi-
de trabalho direto, como o campo de ação dos car a força de trabalho mediante uma minuciosa
atores nele envolvidos. divisão do trabalho. Mas, por outro lado, há ou-
A relação salarial seria, então, o ponto de tras perspectivas que reconhecem a indetermina-
referência central por intermédio do qual todos os ção das lutas políticas e econômicas, como aque-
demais aspectos da sociedade — organização po- la da escola “regulacionista” de origem francesa,
lítica, cultura, sistemas cognitivos, família, sistema que afirma que o capitalismo produz uma série
moral, religião, dentre outros — deveriam ser de regimes de regulação cuja natureza de suas
deduzidos. sucessivas fases dependeria também de circuns-
É fácil constatar que a Sociologia do Trabalho tâncias históricas contingentes.
escolheu como seu campo de pesquisa favorito o Novamente contrastando com o modelo ne-
trabalho remunerado, ou, de uma maneira mais oclássico, que concebe o mundo do trabalho como
restritiva, o trabalho assalariado em tempo integral, povoado por indivíduos independentes, automoti-
particularmente na grande indústria. A produção vados, que tomam suas decisões a partir de interes-
em estilo fordista, isto é, a produção em massa de ses e preferências individuais, os marxistas enfati-
produtos padronizados que se dissemina princi- zam a consciência de classe, a consciência coletiva
palmente nos Estados Unidos após a Primeira do interesse de classe que emerge mais ou menos
Guerra Mundial, passou a ser vista como a quintes- naturalmente das relações sociais de produção. A
sência do desenvolvimento industrial, e o traba- aglomeração de grandes contingentes de trabalha-
lhador da indústria automobilística, como o símbo- dores em grandes estabelecimentos industriais,
lo daquilo que o trabalho moderno representava com uma detalhada divisão do trabalho, e a cres-
ou iria representar no futuro próximo. cente homogeneização da força de trabalho intra-
Se estou interessada em fazer uma leitura indústrias produziriam o principal ator coletivo da
da Sociologia do Trabalho que realce as conver- sociedade capitalista. Embora os marxistas hoje
gências internas das distintas abordagens, para adotem uma visão menos determinista e mais
poder identificar os seus limites, certamente não interativa da relação entre economia e consciência,
ignoro as divergências presentes. O marxismo, eles ainda sustentam que a percepção dos interes-
que até pouco tempo foi a principal fonte de ses é poderosamente moldada pelo contexto estru-
inspiração da Sociologia do Trabalho, pelo me- tural da economia.
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Apesar dessas diferenças, que não são pou- seu sustento —, consolidada no século passado
cas, permito-me, tendo em vista os propósitos da com a emergência da família nuclear que acompa-
minha análise, motivada pelos desafios do presen- nhou a industrialização. Passou-se a questionar
te, unificá-las e concluir que a Sociologia do também as diferenças nos atributos de gênero
Trabalho sustentou, ao longo do tempo, um tipo estabelecidas e justificadas, até pouco tempo atrás,
de “consenso ortodoxo” que vem sendo recente- como verdades eternas pelo discurso do senso
mente desestabilizado pela ação de, pelo menos, comum e concebidas, em algumas abordagens
duas ordens de fenômenos: as contribuições dos sociológicas, como um pré-requisito funcional da
estudos de gênero, que contestam tanto os limites sociedade moderna.
daquilo que se considera trabalho, como a visão Não pretendo analisar o conjunto de fatores,
de que a esfera econômica possa ser tratada de extremamente complexo, responsável pelas mu-
maneira autônoma das demais esferas da vida, e as danças no modo de conceber as relações entre os
recentes mudanças nas relações de trabalho — gêneros observadas nas sociedades ocidentais a
denominadas por alguns de pós-fordismo, acumu- partir dos anos 60. Quero, entretanto, assinalar
lação flexível ou sociedade pós-industrial —, que que, além do ingresso maciço de mulheres casadas
vêm deslocando a figura do trabalhador masculino no mercado de trabalho, a reemergência do movi-
em tempo integral na indústria como o arquétipo mento feminista como articulador de um novo
das sociedades contemporâneas. Tratarei desses discurso sobre a condição das mulheres não pode
dois aspectos a seguir. ser ignorada. Abrir a caixa-preta da esfera domés-
tica e expô-la ao debate político ajudaram a dissol-
ver a noção de harmonia ou equilíbrio entre os
II
sexos, os tabus sobre o casamento, a sexualidade e
Em que pese a grande variedade de aborda- a maternidade. Se a linguagem pode servir como
gens que buscam salientar a importância das rela- barômetro das mudanças culturais nas relações de
ções de gênero na organização do trabalho, todas gênero das últimas décadas, expressões como
elas, de uma forma ou de outra, procuram mostrar “guerra dos sexos”, “guerra na família”, “explora-
a influência dos valores da cultura mais ampla ção masculina”, “contradição entre os sexos” pas-
sobre a organização e a experiência no mundo do saram a caracterizar, freqüentemente, o que ocor-
trabalho. ria no interior das famílias. É evidente que esses
Tal perspectiva não é exatamente uma novi- exageros lingüísticos tinham como objetivo cha-
dade na Sociologia do Trabalho, tendo estado mar a atenção do público para um problema
presente desde a constituição da disciplina.2 Entre- político: a condição feminina subalterna. Mas, de
tanto, o interesse em relacionar a experiência no alguma forma, também sensibilizaram a Sociologia
trabalho com outras esferas da vida ficou, na para um campo de relações sociais altamente
verdade, negligenciado diante do horizonte de desigual e surpreendentemente pouco explorado
indagações marcado pelo “consenso ortodoxo” a pelas análises sociológicas dos anos 50 e 60.
que acabo de me referir. O que me interessa reter das análises feitas
Não apenas aquilo que se considera como a sobre a posição e experiência das mulheres no
esfera própria do trabalho, como também os mo- trabalho é que foram muito convincentes em mos-
delos interpretativos oferecidos pela Sociologia trar a existência de um estreito vínculo entre o
dominante passaram a ser revistos, sobretudo a trabalho remunerado e o trabalho doméstico, uma
noção de que a produção e o trabalho doméstico vez que os indivíduos ou coletividades de trabalha-
seriam regidos por diferentes princípios — isto é, dores não estão condicionados apenas por fatores
de que as regras do mercado se aplicariam à de ordem econômica, tecnológica ou política, fato-
produção, ao passo que o trabalho doméstico res estes freqüentemente privilegiados nas expli-
seria, por assim dizer, um dote natural que as cações sociológicas. A posição diferencial de ho-
mulheres aportariam ao casamento em troca do mens e mulheres no espaço doméstico é um
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elemento central na determinação das chances de III


cada um no mercado das carreiras, dos postos de
trabalho e dos salários. Por outro lado, a esfera O cenário produtivo com o qual nos defron-
familiar não pode mais ser vista como um modelo tamos hoje revela fortes sinais de que a produção
ou um sistema de posições fixas, livre dos cons- em massa de produtos industriais padronizados,
trangimentos externos gerados pelo mercado de empregando milhares de trabalhadores, pode ser
trabalho. considerada coisa do passado. Os empregados das
É importante reconhecer também as ambi- indústrias estão, cada vez mais, produzindo bens
valências presentes nos estudos de gênero. Se, especializados em fábricas que empregam consi-
por um lado, se enfatiza a importância dos valo- deravelmente menos funcionários e utilizam de
res culturais na compreensão do funcionamento forma crescente tecnologias altamente informatiza-
dos mercados e das relações de trabalho, contra- das. Há também grande alteração na organização
ditoriamente, introduz-se uma abordagem eco- espacial da produção. As empresas são hoje capa-
nômica no cálculo do valor das atividades do- zes de operar em escala mundial, movimentando-
mésticas, que passam a ser contabilizadas em se por distintos países e/ou regiões, beneficiando-
termos da sua contribuição para o funcionamento se da presença de menores níveis salariais, da
do sistema produtivo e percebidas não apenas baixa incidência de conflitos industriais e das
pela ótica das qualidades expressivas e morais vantagens propiciadas por isenções fiscais de vári-
que encerram, mas também pelo valor econômi- os tipos. Outras mudanças relacionadas a estas
co que aportam. também são evidentes, embora o ritmo de sua
De qualquer forma, o principal resultado implantação varie de país para país: o crescimento
dessas contribuições à Sociologia foi a expansão significativo do emprego “autônomo”; o aumento
dos limites da definição de trabalho e o aprofunda- das formas atípicas de emprego, como o trabalho
mento da reflexão acerca do caráter histórico e temporário, em tempo parcial e a domicílio; a
cultural deste conceito e das atividades que abran- acelerada expansão de pequenas empresas, tanto
ge. Tal conceito deixou de ter o significado objeti- no setor industrial como no de serviços; o declínio
vo, transcendente e auto-evidente sobre o qual se significativo do emprego mesmo nas grandes em-
alicerçou boa parte da nossa tradição sociológica. presas multinacionais; a forte tendência ao des-
Seus contornos passaram a ser vistos como fruto de membramento de grandes empresas em pequenas
configurações culturais, de contextos cognitivos unidades produtivas descentralizadas; o cresci-
que constroem certas atividades como sendo “tra- mento de novas formas de propriedade, como o
balho”, e das instituições sociais que sustentam franchising, ou de novos arranjos produtivos
tais definições. como a subcontratação.
Assim, as fronteiras entre o trabalho e o não- Deste elenco de mudanças vou me ater a
trabalho parecem menos demarcadas à medida apenas duas, que, a meu ver, implicam a formula-
que passamos a ver as atividades de lavar, passar, ção de uma nova agenda de questões para a
cozinhar, cuidar das crianças e de idosos e tantas Sociologia do Trabalho.
outras tarefas domésticas como trabalho remunera- A primeira é a forte expansão do setor de
do e não remunerado, embora não seja nada serviços e a queda concomitante da participação
aleatório que o trabalho remunerado apareça, em relativa da indústria nas economias contemporâne-
geral, como mais “valioso” ou mais “real” do que as. Esta transformação é de tal ordem que muitos
o outro. autores consideram que seria mais apropriado
Rever as tradicionais distinções entre o traba- chamar nossas sociedades de pós-industriais.
lho e o não-trabalho torna-se, pois, imperioso para A demanda por serviços de toda espécie,
que a Sociologia possa sintonizar com as novas como transporte e comunicações, governo e admi-
realidades produtivas do presente, das quais passa- nistração, saúde e educação e serviços financeiros,
rei a tratar a seguir. cresceu de tal maneira que a participação do setor
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industrial no total do emprego na Grã-Bretanha, Como exemplo, Robert Reich, no seu livro
por exemplo, caiu de 40% em 1970 para 18% em The work of nations (1992), mostra que o maior
1995. Nos Estados Unidos, o setor de serviços, que grupo ocupacional norte-americano (30%), e o que
respondia por 40% do total do emprego no início mais cresceu nos anos 80, abrange empregos que
do século, hoje já ultrapassa a marca de 82%. No envolvem algum tipo de interação ou contato
Brasil a trajetória é semelhante: o setor de serviços direto entre produtor e comprador de um serviço.
congrega mais de 50% da população ocupada, Nesta categoria estão incluídos vendedores de
contra 20% na indústria e 25% na agricultura grandes cadeias varejistas, trabalhadores em res-
(PNAD/IBGE, 1996). Estima-se que até o ano 2000 taurantes, hotéis, secretárias, corretores de imó-
esta proporção subirá para 62% (Pastore, 1998). veis, enfermeiras, terapeutas, comissários de bor-
Embora o trabalho no setor de serviços se do, caixas de supermercados e lojas etc. O que
tenha tornado a principal forma de ocupação nas caracteriza essas ocupações é que a qualidade da
economias ocidentais, as análises sociológicas não interação estabelecida produz significados que
acompanharam como deveriam essa nova realida- operam como importantes sinalizadores do valor
de. Isto se deve, em grande parte, à contínua do produto para os consumidores. Dito de outra
preferência dos sociólogos por formas particulares forma, o próprio trabalhador é parte do produto
de trabalho — aquelas associadas à produção de que está sendo oferecido ao cliente.
bens tangíveis — e pelos ambientes onde elas se A estreita relação que se estabelece entre
encontram — as fábricas. características pessoais dos empregados e sua ade-
Nos casos em que o setor de serviços foi quação ao trabalho transforma traços como
abordado, a atenção recaiu, principalmente, sobre aparência, idade, educação, gênero e raça em
as tarefas manuais e rotineiras executadas por potencial produtivo, de tal forma que característi-
empregados situados em segmentos inferiores da cas e competências individuais são a condição
atividade, desconsiderando-se outras atividades mesma da empregabilidade. O resultado disso é
do setor que envolvem comportamentos relacio- uma forte estratificação do mercado de trabalho,
nais e interativos com clientes. A conseqüência em que os níveis inferiores de emprego, em tempo
disso foi a representação do processo de trabalho parcial ou temporários, são preenchidos predomi-
nos serviços à semelhança do processo do trabalho nantemente por minorias, mulheres e jovens com
na indústria. baixa escolaridade e, portanto, poucas oportunida-
Não é de se estranhar, portanto, que muitos des de carreira e mobilidade.3
estudos sobre o setor de serviços tenham em A crescente importância dos serviços envolve
Braverman (1974) a principal fonte de inspiração. também novas modalidades de controle gerencial
Como é por demais conhecido, este autor argu- ou regulação que escapam às categorias de análise
menta que a introdução de novas tecnologias faz tradicionais da Sociologia. Arlie Hochschild, em
prevalecer no setor de serviços as mesmas normas livro cujo título é muito sugestivo, The managed
de rotinização, fragmentação e desqualificação do heart: commercialization of human feelings
trabalho vigentes na indústria. (1983), mostra como o trabalho das aeromoças,
Não há dúvida de que muitas ocupações por exemplo, exige que elas dominem suas emo-
nesse setor assumem, de fato, essas características, ções e sorriam de uma maneira agradável, envol-
especialmente nos níveis inferiores da hierarquia vente e amigável para os clientes. A este tipo de
ocupacional. Entretanto, gostaria de argumentar trabalho, em que a cada contato é necessário que
que, na produção de bens intangíveis, surge um o empregado sintonize o seu comportamento com
novo modelo de trabalho que escapa completa- as emoções de cada cliente individualmente, Ho-
mente ao padrão prevalecente na produção indus- chschild chamou de “trabalho emocional”. Essa
trial. Refiro-me aos aspectos interativos das ocupa- mudança constante de comportamento faz dos
ções no setor de serviços e às novas formas de empregados “analistas culturais”, nos termos de
“governance”, ou controle, que eles animam. Scott Lash e John Urry (1994), aptos a interpreta-
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rem e modificarem suas interações com os consu- termos legais, a tendência era a adoção de um
midores a partir de um julgamento cultural que os padrão de contrato negociado coletivamente para
situa em diferentes categorias sociais. um segmento industrial inteiro ou para grupos
Esse novo perfil de ocupação nos serviços ocupacionais específicos. O emprego era também,
tem colocado para a gerência das empresas o em geral, geograficamente concentrado em gran-
problema de como regular a relação empregado/ des empresas. Pode-se afirmar que até os anos 70,
consumidor em um contexto de interação. Por um nas sociedades avançadas, o chamado “emprego
lado, a supervisão pessoal, direta e constante pode em tempo integral e para a vida toda” era uma forte
prejudicar a eficácia do serviço, retirando dele sua referência tanto no planejamento organizacional
qualidade espontânea e interpessoal. Por outro, das empresas como no horizonte existencial dos
como tornar previsíveis as reações dos emprega- trabalhadores.
dos a situações de trabalho tão diversificadas? Em sentido macrossociológico, o emprego
O entendimento da dinâmica das relações de desempenhava a poderosa função de articular
trabalho nessas recentes e crescentes ocupações diferentes níveis do sistema social: as motivações
coloca para a Sociologia o desafio de integrar às individuais, as posições sociais e a reprodução ou
suas preocupações um conjunto de novos elemen- integração sistêmica. A construção das identidades
tos. O primeiro deles refere-se ao contato interpes- sociais, ao menos para os homens, tinha como
soal como parte do processo de trabalho e como principais determinantes a qualificação, a posição
área legítima de intervenção da gerência empresa- no emprego e as expectativas de carreira.
rial. O segundo concerne à importância de integrar Torna-se cada vez mais evidente que, nos
trabalho e consumo, que deixam de ser esferas tempos atuais, o emprego como uma carreira
distintas no tempo e no espaço; ao contrário, boa contínua, coerente e fortemente estruturada não é
parte do trabalho é o próprio produto que está mais uma opção que esteja amplamente disponí-
sendo consumido. Em terceiro lugar, é necessário vel. Empregos permanentes estão cada vez mais
considerar o impacto direto da presença cada vez restritos a poucas e velhas indústrias ou a algumas
mais atuante de agrupamentos sociopolíticos de profissões que estão rapidamente desaparecendo.
consumidores, que pressionam pela elevação da Os novos postos criados tendem a ser flexíveis no
qualidade dos serviços, sobre a própria organiza- tempo, no espaço e na duração, dando origem a
ção e gestão do trabalho. uma pluralidade de contratos de trabalho: em
A segunda grande mudança refere-se ao tempo parcial, temporários ou por conta própria.4
regime de emprego que prevaleceu nas sociedades O fato de que as formas típicas de emprego
avançadas desde o pós-guerra, período chamado não fazem mais parte do horizonte organizacional
por muitos de “a idade de ouro do capitalismo”. No das grandes empresas foi eloqüentemente reco-
que se segue, pretendo sugerir algumas hipóteses nhecido pelo vice-presidente do Departamento de
acerca da direção dessa mudança — as quais, Recursos Humanos da AT&T, James Meadows, em
evidentemente, devem ser muito mais discutidas e entrevista ao New York Times, no início do progra-
empiricamente testadas — que buscam escapar ma de demissão de 40 mil trabalhadores, em 1996.
daqueles dois movimentos teóricos aos quais me Segundo Meadows, “as pessoas devem ver a si
referi no início: a visão de que nada, ou muito mesmas como trabalhadores autônomos, como
pouco, mudou, e a perspectiva do “fim do traba- vendedores que vêm para esta companhia vender
lho”, ou seja, de que tudo mudou. suas habilidades”. E acrescenta: “Na AT&T temos
O regime de emprego que emergiu no século que promover toda uma concepção de que a força
passado como resultado de conflitos ferozes e de de trabalho é temporária. Em vez de empregos, as
constantes crises sociais e políticas caracterizava-se pessoas têm cada vez mais ‘projetos’ ou ‘campos de
por um alto grau de padronização em quase todos trabalho’.” (apud Tilly e Tilly, 1998, p. 224).
os aspectos: o contrato de trabalho, o lugar do Tal declaração indica que o trabalho na em-
trabalho, a duração da jornada de trabalho. Em presa transferiu-se do emprego assalariado típico
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para outras formas de contratos de prestação de A erosão das normas tradicionais de assalari-
serviços que, no limite, tenderiam a transações amento, fundadas em identidades ocupacionais ou
individuais. Sugere, ainda, que nas novas regras do de classe, e a paulatina perda das funções proteto-
jogo contratual não existe nenhuma referência a um ras do Estado têm como conseqüência o aumento
coletivo, exceto àquele formado pelo contratante e da individualização na construção e valorização
o prestador do serviço. Mudanças similares, em das próprias condições de empregabilidade. A
termos de atitudes e expectativas de trabalhadores e constante incerteza, advinda da pluralidade de
gerentes, foram captadas em amplos surveys reali- formas de contratos de trabalho, em relação à
zados nos EUA (Cappelli e O’Shaughnessy, 1995, duração, ao tempo e à localização das atividades,8
apud Tilly e Tilly, 1998). Ambos os grupos avalia- associada à rápida obsolescência das habilidades
ram que o seu compromisso atual com o emprega- adquiridas, requerem das pessoas intensos investi-
do era muito menor do que em décadas anteriores. mentos privados e permanente sintonia com as
Pois bem, as transformações que acabo de eventuais oportunidades que o mercado oferece.
esboçar animaram um intenso debate na Sociolo- Nessas circunstâncias, os trabalhadores devem ad-
gia nos últimos anos. Alguns autores, mediante o quirir habilidades, inclusive a de cooperar em
conceito de “especialização flexível”, procuraram diferentes ambientes, sem que, no entanto, pos-
salientar dimensões específicas desse processo, sam contar com relações de longa duração com
particularmente os desafios colocados à coordena- qualquer empregador, ou cliente, em particular.
ção ou governance de estruturas produtivas alta- Mais ainda, a crescente exigência de reintegração
mente descentralizadas, baseadas em redes de da concepção e execução no processo de trabalho
produtores independentes,5 tão distantes do mo- requer dos trabalhadores maior qualificação, sem
delo weberiano de organizações burocráticas e que a ela correspondam postos de trabalho defini-
hierárquicas. Outros procuraram teorizar sobre a dos ou um lugar institucional assegurado.
relação entre mudanças no regime de emprego e A desregulação das normas tradicionais do
mudanças mais gerais ocorridas nas sociedades emprego e o conseqüente aumento da individuali-
contemporâneas. Neste último caso, como menci- zação vis-à-vis o mercado transformam o trabalha-
onei no início, creio que a Sociologia do Trabalho dor em um bricoler de sua condição de empregabi-
ficou imprensada por duas visões opostas: aquela lidade.9 Gostaria de sugerir que uma das formas de
que considera que, no fundo, nada ou muito assegurar a empregabilidade a longo prazo é trans-
pouco mudou6 — afinal, as economias continuam formar as múltiplas redes de sociabilidade — como
capitalistas e, portanto, estruturam-se a partir dos a família, grupos de vizinhança, igrejas, associações
mesmos princípios — e a que considera que tudo profissionais, clubes e partidos políticos — em
mudou e que o trabalho perdeu sua centralidade, fontes de informação e de renovadas oportunida-
tornando-se o consumo o princípio ordenador das des no mercado de trabalho. O recurso a essas
relações sociais.7 redes, embora preexistente, tende a se aprofundar
Ambas as perspectivas são altamente parciais no novo contexto marcado pela imprevisibilidade.
e, portanto, insustentáveis. Por um lado, a tendên- Participar das atividades sociais que tais re-
cia atual que encoraja os trabalhadores a percebe- des organizam se tem tornado uma precondição de
rem a si mesmos como empreendedores e a trata- empregabilidade. Pesquisas internacionais recen-
rem seus empregadores como clientes de seus tes mostram que uma elevada proporção de traba-
serviços implica uma mudança radical na experiên- lhadores vem encontrando emprego mediante o
cia do trabalho. Por outro, o aumento da flexibili- acionamento de redes de amigos, familiares, vizi-
dade e a precariedade do emprego, em lugar de nhança e contatos pessoais. Essa proporção alcan-
diminuírem o peso do trabalho na vida das pesso- ça, por exemplo, 40% dos trabalhadores da Grã-
as, difundiram a sua presença em inúmeras esferas Bretanha, 35% dos trabalhadores japoneses e 61%
da vida que, anteriormente, eram vistas como dos altos executivos na Holanda (Granovetter,
separadas do trabalho. 1995, pp. 140-141).
SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS 33

Podemos dizer que, da mesma forma que NOTAS


está ficando cada vez mais difícil identificar para
quem se trabalha, está igualmente difícil saber 1 Durante esse período, a Sociologia do Trabalho foi uma
quando se trabalha. área de especialização central, abrigando muitos daque-
les que se tornaram grandes lideranças sociológicas de
Diante desse quadro, a Sociologia deve suas gerações como, por exemplo, S.M. Lipset, J.
enfrentar uma nova agenda de questões. A primei- Colemam, W. Loyd Warner e Ely Chinoy, entre outros.
ra delas é a de como situar as alterações que ora Esta fase está associada à prevalência da indústria
automobilística e ao fortalecimento do welfare state e
ocorrem no mundo do trabalho em um quadro dos sindicatos.
mais geral de mudanças sociais na família, na 2 Estou me referindo especialmente aos membros da
cultura e na política. Seja como locus privilegiado Escola de Chicago e seus seguidores, que produziram
da mudança ou como um sintoma dela, em ne- densas análises sobre as relações entre a experiência no
nhum dos casos o trabalho pode ser estudado por trabalho, as crenças e a vida comunitária de trabalhado-
res em diversas ocupações. Ver, por exemplo, Hughes
si só. A segunda refere-se à maneira pela qual as (1958).
identidades das pessoas vêm sendo afetadas. Se a 3 Sobre a estratificação dos mercados de trabalho no setor
flexibilidade do trabalho requer identidades me- de serviços nos EUA ver MacDonald e Siriani (1996).
nos atadas, por exemplo, às empresas ou às ocupa- 4 Os trabalhos autônomos e em tempo parcial foram os
ções, que identidades ou “comunidades imaginári- principais responsáveis pelo crescimento do emprego
na Grã-Bretanha nos anos 80 e 90. Entre 1980 e 1995
as”, internas ou externas à produção, se desenvol-
desapareceram 3,5 milhões de empregos de tempo
vem e como elas moldam as percepções e as integral (Beynon, 1997). Nos Estados Unidos, a propor-
chances que se tem no mercado? A terceira ção de trabalhadores “autônomos” (self-employed) na
questão que se coloca é: que funções o sindicalis- força de trabalho urbana passou de 6,9% em 1975 para
7,4% em 1986 (Reich, 1992, p. 95).
mo irá assumir em um contexto em que contratos
5 Ver, especialmente, os capítulos escritos por Charles
de trabalho são cada vez mais negociados indivi- Sabel e Gary Gereffi em Smelser e Swedberg (1994).
dualmente, as relações entre os empregados são
6 Aqui eu incluiria os teóricos da “regulação” ou do
mais amorfas e em que não há mais uma clara “neofordismo” que limitam seu olhar apenas àqueles
correspondência entre o trabalho e o espaço da aspectos das mudanças que provocam novas formas de
empresa? Considerando que na emergente econo- estratificação social e de segmentação do mercado de
trabalho. Ver Lipietz (1982) e Boyer (1990).
mia flexível alguns são mais vulneráveis do que
7 Neste caso eu incluiria os teóricos da pós-modernidade,
outros, outra questão a ser examinada é como os especialmente Bauman (1998).
menos vulneráveis exercem seu poder sobre os
8 Sobre o aumento da incerteza nas sociedades contem-
mais vulneráveis e que tipos de novos conflitos porâneas, ver Beck (1992). Este foi um dos primeiros
emergem. Como os excluídos reagem à exclusão? autores que procuraram associar a produção flexível
E, finalmente, que impactos a constante perda de com mudanças mais amplas na sociedade moderna,
que estaria deixando de ser uma sociedade industrial
direitos sociais e trabalhistas terá sobre a política, a orientada para a riqueza para se caracterizar pelo risco
cidadania e a democracia? e a incerteza em inúmeras esferas da vida.
Estas são apenas algumas das questões que o 9 Para uma visão que considera que a diminuição das
atual mundo do trabalho coloca para a Sociologia funções protetoras do Estado em ambiente de acirrado
individualismo ameaçaria a coesão social, ver Castel
em geral e para a Sociologia do Trabalho em
(1995).
particular. À medida que for capaz de interpretar as
mutações em curso sem reduzi-las, por um lado, a
uma visão saudosista de um passado agora ideali- BIBLIOGRAFIA
zado e, por outro, a uma sociedade de consumido-
res ávidos de imagens e símbolos da qual se BAUMAN, Zygmunt. (1998), Work, consumerism and
exorcizou a luta pela sobrevivência material, creio the new poor. Buckingham, Open University
que a Sociologia do Trabalho poderá ocupar um Press.
lugar central na renovação da teoria social nos BECK, Ulrich. (1992), Risk society. Towards a new
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34 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 15 No 43

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