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COMUNICAÇÕES VIA SATÉLITES

Marco Antonio Brasil Terada


Professor
Dept. de Engenharia Elétrica
Universidade de Brasília
Índice
1. Introdução e Histórico
2. Regulamentação, Bandas de Operação e Faixas
3. Aplicações e Custos
4. Funcionamento e Elementos Básicos
4.1 Antenas e Eletrônica de Comunicações do Satélite
(“payload” ou carga útil)
4.2 Potência do Satélite
4.3 Controle de Órbita de Satélites
4.4 Telemetria, Rastreamento e Comando de Satélites
4.5 Veículos Lançadores de Satélites (Foguetes)
4.6 Segmento Terrestre, Polarização e Apontamento
5. Órbitas
Índice
6. Enlace Espaço-Terra (Downlink) e
Receptores
7. ELEMENTOS KEPLERIANOS
8. ATENUAÇÃO POR CHUVA
9. GPS (Global Positioning System)
1. Introdução e Histórico
 Duas Tecnologias: Automóvel e Telecomunicaçoes
 Satélites: Importância comercial, funcional e social
(globalização, integração)
 Arthur C. Clarke, revista “Wireless World” em 1945.
3 geoestacioários a aproximadamente 36000 km de
altitude.
 TV ao vivo em 1962 através de um satélite TELSTAR
entre os EUA e a Europa
 INTELSAT (International Telecommunications
Satellite Organization) em 1964
8000 objetos (2000 satélites)
2. Regulamentação e Frequências

 UIT (União Internacional de Telecomunicações):


Recomenda procedimentos de operação e aloca
posições orbitais no cenário mundial,
intermediando negociações entre países e
entidades sobre possíveis interferências entre os
seus respectivos sistemas.
 ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações): Autoridade de colaborar,
adotar, tornar lei e executar as recomendações da
UIT no Brasil.
2. Regulamentação e Frequências
 Apresenta-se a seguir uma tabela com as bandas
de operação, designação de faixas e aplicações
típicas de telecomunicações via satélite para o
hemisfério oeste (região 2).
 Ressalta-se que tanto a UIT como a ANATEL
vêm evitando o uso da nomenclatura de bandas
designadas por letras, devido a dificuldade de
uniformização das faixas de frequências das
mesmas no mundo todo, ou mesmo dentro de
hemisférios ou regiões envolvendo mais de um
país.
2. Regulamentação e Frequências. De Gordon
e Morgan, para fins educacionais apenas.
Exemplo de satélite credenciado pela
ANATEL
BRASILSAT C1: O Satélite BRASILSAT C1 representa a
terceira geração de satélites Brasileiros, operados pela Star
One (com origens na Embratel/Telebrás). O C1 foi construído
pela ALCATEL (Space Bus 3000 B3, sendo estabilizado em 3
eixos ao contrário dos satélites das gerações anteriores, que
eram do tipo “spinners”), e foi lançado por um foguete Ariane
em 14 de Novembro de 2007 de Korou, na Guiana Francesa. A
posição orbital geo-estacionária do C1 é 650 Oeste,
disponibilizando na banda Ku 12 transponders de 36 MHz e 2
de 72 MHz (possui também transponders nas bandas C e X).
Na banda Ku, o C1 opera nas freqüências de 13,75 a 14,5 GHz
(subida), e 10,95 a 11,2 e 11,7 a 12,2 GHz (descida).
3. Aplicações e Custos:
 Transmissão de dados analógicos e digitais
 TV
 Telefonia
 Videoconferência
 Transações bancárias
 Controle de estoque
 Internet
 Ensino à distância
 Posicionamento e navegação (GPS): Ex., BsB,
Latitude = 15o 46’ S e Longitude = 47o 53’ O
3. Aplicações e Custos:
 Reconhecimento, telemetria e monitoramento
(mapeamento)
 Militar (estratégia, comunicações críticas,
monitoramento áreas de interesse, etc...)
 Redes virtuais VSATs (do inglês, “Very Small
Aperture Terminals”): Proporcionam ao cliente
um ambiente individualizado, como se a rede
física via satélite fosse dele exclusivamente. O
cliente pode fazer a própria gerência e
monitoramento da rede.
3. Aplicações e Custos:
 Satélites nas bandas C (4 a 6 GHz) ou Ku (12 a 16
GHz) possuem cerca de 500 MHz de banda disponível
 Transponders de 36 MHz - Caminhos físicos de
recepção, amplificação, mixagem e retransmissão no
satélite
 velocidade de comunicação abaixo de 1 Mbps
 banda Ka (20 a 30 GHz): Menor uso atual da banda,
com velocidades potenciais de acesso ao usuário entre
10 e 100 Mbps
 WildBlue da INTELSAT e Spaceway da
Hughes/Boeing operando de forma limitada
(Teledesic cancelado)
3. Aplicações e Custos:
 Satélite geoestacionário em órbita custa em torno de
400 milhões de reais (170 milhões do satélite, 170
milhões do foguete e 60 milhões de seguro)
 Uso de um transponder (lease) de 36 MHz fica em
torno de 1 milhão e meio de reais por ano
 Possui em torno de 70 transponders cobrindo áreas
geográficas diversas, mas nos anos iniciais apenas 10
a 20% da capacidade do satélite consegue ser
comercializada
 Lucro apenas nos anos finais da vida útil do satélite
(em torno de 15 anos)
 Um satélite demora de 2 a 4 anos para ser produzido
4. Funcionamento e Elementos
Básicos
 Envolve estações terrestres transmissoras, um ou mais
satélites, e estações terrestres receptoras
 A área na qual as estações terrestres transmissoras
podem se situar é definida pelo ganho das antenas e
pela potência das estações terrestres transmissoras,
bem como pelo conjunto de antenas receptoras do
satélite
 A área de cobertura do satélite na transmissão
(“pegada”) é determinada pelo ganho das antenas e
pela amplificação de potência nas estações receptoras
terrestres, bem como pelo conjunto de antenas
transmissoras no satélite
A área de recepção na terra do satélite Brasilsat C1 posicionado
a 65 graus Oeste cobre todo o território nacional (banda Ku)

Banda Ku

EIRP
[dBW]

Polarização:
Linear
As múltiplas áreas de cobertura do satélite
INTELSAT 901 incluem todo o território nacional. O
901 está a 18 graus Oeste e opera na banda C e Ku.
Na rede via satélite existem antenas que operam
somente na recepção ou na recepção e transmissão
Existem basicamente dois tipos de
satélites:
 1) Os tradicionais, que recebem o sinal,
amplificam, mudam a frequência e retransmitem
o mesmo sinal a eles enviado sem realmente
detectá-lo (TV COMUNITÁRIA VIA
SATÉLITE ???)
 2) Os regenerativos, que além das funções
anteriores têm também a capacidade de
demodular, interpretar e remodular o sinal antes
de retransmití-lo à terra. Como um roteador em
órbita da terra em um sistema ATM, por ex.
4.1 Antenas e Eletrônica de Comunicações do
Satélite (“payload” ou carga útil)
 Um dos fatores que determinam a área de
cobertura do satélite, tanto na recepção como
na transmissão, é o ganho das antenas do
satélite.
 O ganho de uma antena pode ser definido
como a amplificação da densidade de potência
que a antena apresenta em uma determinada
direção, quando comparada com uma antena
isotrópica de mesma potência de entrada.
 A antena isotrópica é uma antena teórica que
irradia igualmente em todas as direções.
 g [dBi]= 10 log (g) (ex., g= 10000, G= 40 dBi.)
4.1 Antenas e Eletrônica de Comunicações
do Satélite (“payload” ou carga útil)
 EIRP (do inglês, “Effective Isotropic Radiated
Power”):
 EIRP = Pt [dBW] + Gt [dBi] (2)
 EIRP mínima para estabelecer o enlace com um
determinada disponibilidade probabilística (por
exemplo, 99,99% ao ano, incluindo margens para
perdas de propagação)
 Amplificadores valvulados (200 W): TWTA
(“Traveling Wave Tube Amplifier”)
 Amplificadores em tecnologia de semicondutor
(60 W): HPA (“High Power Amplifier”)
4.1 Antenas e Eletrônica de Comunicações
do Satélite (“payload” ou carga útil)
 As antenas de satélites são normalmente antenas
refletoras, iluminadas por uma ou mais antenas
alimentadoras (cornetas).
 Construídas de CFRP (Carbon Fiber Reinforced
Plastic), um material leve e de alta resistência
térmica (no espaço, variações térmicas de -150
graus a +150 graus Celsius são típicas)
 Podem ser modeladas com formatos diferentes do
parabólico, de forma que a seção transversal do
lóbulo principal apresente um contorno similar à
região desejada de cobertura da antena (um país
ou grupo de países)
4.2 Potência do Satélite
 baterias que são realimentadas em órbita
pelos painéis solares
 Nickel cadmium ou nickel hydrogen
 No espaço, o sol proporciona em torno de
1,39 kW/m2
 Células solares têm uma eficiência de
conversão de apenas 10 a 15%
 satélites de hoje apresentam potências totais
típicas em torno de 5 a 10 kW (20 kW no
máximo)
4.3 Controle de Órbita de Satélites
 O peso típico de um satélite na terra varia de 5 a 10
toneladas (incluindo o combustível necessário ao
posicionamento do satélite na órbita final e às correções
de órbita)
 Terra é um elipsóide + influencia da lua e do sol =
correções semanais ou a cada duas semanas
 A vida útil de um satélite comercial de 10 a 15 anos é
determinada pela quantidade disponível de combustível
 Posicionamento na órbita com um erro máximo de ±
0.1 graus
 Combustíveis líquidos “mono-methyl hydrazine” e o
“nitrogen tetroxide” quando misturados explodem (se
gaseificam) espontaneamente. O escape do gás
resultante causa uma força de propulsão.
4.4 Telemetria, Rastreamento e
Comando de Satélites
 O monitoramento (telemetria) do satélite é efetuado
24 horas por dia, através de estações terrestres que o
rastream continuamente.
 Recebimento e análise de dados sobre o
funcionamento do satélite, tais como correntes e
voltagens em amplificadores e outros dispositivos
eletrônicos, temperaturas e pressões em diversas
localidades no satélite, níveis de carregamento das
baterias, etc...
 O sistema de comando, normalmente criptografado,
controla remotamente da terra o satélite no espaço.
Painéis solares podem ser girados, foguetes
ativados, amplificadores redundantes conectados,
etc...
4.5 Veículos Lançadores de Satélites
(órbita máxima de 300 km de altitude)
4.6 Segmento Terrestre, Noções de
Polarização e Apontamento
 As estações de monitoramento são antenas refletoras de
grande porte (10 a 20 metros de diâmetro)
 As antenas dos usuários variam de pequeno (VSAT) a
grande porte, dependendo da aplicação e volume de
transferência de dados.
4  Diameter 
2
Gnot in dB   ap 
Ap   ap  
2
  
(3)
 onde λ é o comprimento de onda, λ [cm] = 30 / f [GHz] e
εap é a eficiência de abertura, tipicamente entre 60 e 70%.
Por ex., uma antena de 1,8 m de diâmetro a 14,25 GHz tem
ganho medido de 46,78 dBi, levando a εap =66,03%
4.6 Segmento Terrestre, Noções de
Polarização e Apontamento
 Note que o diagrama de irradiação típico de uma
antena possui um lóbulo principal e diversos
secundários.
 Ainda que o principal esteja apontado para um satélite
específico, os demais ainda irradiarão e receberão
sinais de outros satélites, causando intereferências.
 Satélites geo-estacionários estão normalmente
espaçados um dos outros por apenas 2 graus.
 Na prática, interferências abaixo de um determinado
nível (-18 dB, por exemplo), são superadas pelo
sistema e não causam problemas perceptíveis aos
usuários (ruídos em som e imagem, etc...).
4.6 Segmento Terrestre, Noções de
Polarização e Apontamento
 A polarização de uma antena é definida como
sendo a direção em que o campo elétrico
radiado pela antena varia com o tempo.
 Exemplos de polarização são a linear
(horizontal e vertical) e a circular (direita e
esquerda).
 Uma antena com polarização linear receberá
um sinal polarizado circularmente com perda
de 3 dB (meia potência).
 “Reuso de frequência” com sinais em
polarizações ortogonais pode dobrar a
capacidade do sistema
Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
 Os ângulos são normalmente dados em
coordenadas de azimuth e elevação:
Vertical
(Local) Satélite

Elevação (El)
Norte
Estação
Terrestre
Azimuth (Az)
Sentido horário
Horizontal
do Norte
(Local)
Leste
Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
 Longitude: Definida em graus Leste (preferido)
ou Oeste do Meridiano de Greenwich (Ex., 270 L
ou 90 O). le e ls usadas para representar
respectivamente as longitudes da estação terrestre
e do satélite.
 Latitude: Definida em graus Norte ou Sul da
linha do Equador. Le e Ls usadas para representar
respectivamente as latitudes da estação terrestre e
do satélite.
Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
(2.66) cos   cos( Le ) cos(ls  le )
Se γ > 81.30 ou γ < -81.30, não há visada direta.
(2.68) sen
cos( El ) 
1.02274  0.301596 cos 
(2.67) Distância d da estação ao satélite [em km,
varia de 35871 a 41756]:

d  42242 1.02274  0.301596 cos 


Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
(2.72) 2 
 sen( s   ) sen( s  c)
tan   
2 sen( s ) sen( s  a )
(2.69)
a  l s  le
(2.70) c  Le  Ls
(2.71) s  0.5 (a  c   )
Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
 O ângulo α é o ângulo da direção Norte-Sul.
Como necessitamos do ângulo a partir do Norte
local (Az), deve-se fazer ajustes de acordo com a
posição da estação terrestre relativa ao satélite.
1. Satélite à SUDOESTE da estação terrestre:
Az = 180 + α
2. Satélite à SUDESTE da estação terrestre:
Az = 180 – α
3. Satélite à NOROESTE da estação terrestre:
Az = 360 – α
4. Satélite à NORDESTE da estação terrestre:
Az = α
Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
Pólo Norte
Caso 1:
Estação
γ
Terrestre
α
c
Equador

a
Ponto de
projeção do
Satélite
no Equador
Ângulos de Visada: Apontamento de
Antenas p/ Satélites Geo-estacionários
 Exemplo 4.6.1: A ilha de Spitzbergen se situa ao norte da
Noruega, acima do círculo ártico a uma longitude de 10
Leste e latitude de 78 Norte. Calcule os ângulos de visada
a um satélite geo-estacionário localizado a 10 O Oeste.
 SOLUÇÃO: le = 10 L ls = 10 O Le = 78 N
 De (2.66), γ = 78.73 (o satélite está visível).
 De (2.68), El = 2.62 (note que o ângulo de elevação é
extremamente baixo devido ao fato da estação terrestre
estar muito ao Norte).
 De (2.72), α = 20.41. Como o satélite está a SUDOESTE
da estação terrestre (Caso 1), Az = 200.41 (referência é o
Norte local).
5. Órbitas
Apogeu
2 RT Perigeu

centro

Foco 2
Terra
Foco 1

2a
5. Órbitas
 Período, “T” é dado por: T2 = 4π2a3 /  (4)
  é a constante de Kepler = 3,9861352 x 105
km3/s2
 2a = (Apogeu) + 2 RT + (Perigeu) (5)
 A órbita circular é um caso particular no qual a
distância de Apogeu é igual à do Perigeu
 RT é o raio da terra, 6378,14 km
 Geoestacionário: T = 23h 56min e 4s (dia
sideral, levando em conta a órbita da terra) e a
altitude = 35795 km em órbita circular.
EXEMPLO 5.1: Órbita Elíptica

 Um satélite em órbita elíptica tem


Perigeu = 1000 km e Apogeu = 4000
km. Assumindo que o raio da terra seja
de 6378,14 km, calcule o período em
horas, minutos e segundos.
 De (5) calcula-se que a = 8878,07 km.
Usando este valor em (4), determina-se
que T = 8325,1864 segundos = 138
min. 45,19 s = 2h 18 min 45,19 s.
EXEMPLO 5.2: Órbita Circular
do Ônibus Espacial
 O ônibus espacial orbita a terra em órbita circular
cuja altitude é 250 km. Assumindo que o raio da
terra seja de 6378,14 km, calcule o período e a
velocidade.
 Como a órbita é circular, a distância de Apogeu é
igual à do Perigeu, e ambas são iguais à altitude
do satélite que é dada como 250 km. Assim a =
250 + 6378,14 = 6628,14 km. Usando este valor
em (4), calcula-se que T = 5370,30 segundos = 89
min. 30,3 s. A velocidade v do ônibus é a
circunferência da órbita 2πa dividida pelo período
T, resultando em v = 7,755 km/s.
6. Enlace Espaço-Terra
(Downlink) e Receptores
 A potência Pr recebida em terra com uma
antena de ganho Gr à uma distância R do
satélite é dada por: PG G  2
Pr  t t r (6)
4R  2

 que é igual à equação abaixo quando cada


parâmetro em (6) é transformado em dB:
Pr [dBW]  Pt [dBW]  Gt [dBi]  Gr [dBi]  20 log f [MHz]
 20 log R [km]  32.44 (7)
EXEMPLO 6.1: Enlace Espaço-Terra
(Downlink) Para Recepção de TV Via Satélite
 TRANSMISSOR (SATÉLITE):
 Banda Operacional de Frequências: 12,2 a 12,7 GHz (Ku-
Band)
 Potência do Transponder do Satélite: 120 W
 EIRP (Effective Isotropic Rad. Power) por transponder: 55
dBW
 Banda de Frequências do Transponder (diversos canais de
vídeo comprimidos em MPEG2, e modulados com “Bipolar e
Quadrature Phase Shift Keying: BPSK+QPSK”): 24 MHz
 RECEPTOR (REFLETOR PARABÓLICO):
 Diâmetro de 0,46 m
 “G/T = 3 dB/K (max)”: Figura de mérito, com Noise
Temperature T = 290 (NF-1) [K0], NF (figura de ruído)
convertido para valor linear se fornecido em dB.
EXEMPLO 6.1: Enlace Espaço-Terra
(Downlink) Para Recepção de TV Via Satélite

 Assumindo uma distância típica entre o satélite e a


antena terrestre de R = 38000 km e uma eficiência de
abertura de 70 % para a antena receptora na terra,
determine a potência recebida na frequência central da
banda em watts e dBW.
 λ [cm] = 30 / f [GHz] = 2,41 cm a 12,45 GHz (central)
 De (2): Gt [dBi] = EIRP [dBw] – Pt [dBw] = 55 –
20.8 (=10log120w) = 34.2 dBi
 De (3): Gr [dBi] = 34 dBi
 De (6) ou (7): Pr [dBw] = -116.9 dBw = 2 x 10-12 w
 Este nível baixo de potência recebida é típico para
enlaces de comunicações via satélites geoestacionários
6. Enlace Espaço-Terra
(Downlink) e Receptores
 Note que este é o nível recebido pelo alimentador
da antena refletora, antes do LNA (“low noise
amplifier”) ou LNB (“low noise booster”, que
inclue o conversor para as frequências
intermediárias).
 O microprocessador controla o canal a ser
recebido, na polarização necessária.
 Os códigos de correção de erro usualmente
consistem na inserção de bits redundantes de
controle na transmissão, e são conhecidos por FEC
(“Forward Error Correction”).
6. Enlace Espaço-Terra
(Downlink) e Receptores
 Exemplos de técnicas de codificação e
decodificação são o Reed-Solomon, Viterbi e
Turbo codec, dentre outros.
 O sinal é finalmente decodificado pela técnica
MPEG2 de compressão digital de vídeo (a fim de
ocupar menos banda e/ou aumentar a velocidade
de transmissão).
 Após esta decodificação, o sinal passa por um
conversor digital-analógico e vai para o aparelho
de televisão.
7. Elementos Keplerianos
 Sete números são necessários para a definição de
uma órbita de satélite. Estes números são
chamados de elementos orbitais ou elementos
Keplerianos em homenagem ao astrônomo Johann
Kepler [1571-1630].
 Os elementos Keplerianos definem uma elipse
invariável no tempo (daí a necessidade de se
atualizar as constantes), a orientam com relação à
terra e posicionam o satélite em um ponto da
elipse em um determinado momento.
7. Elementos Keplerianos
 Para um satélite ser posicionado na órbita
desejada, dois requisitos devem ser
atendidos:
– Ser injetado na órbita dentro de um range
mínimo de ângulos (desvio da tangente à elipse
no ponto de entrada), e
– Possuir uma velocidade mínima para se manter
na órbita.
7. Elementos Keplerianos
 Se estes dois requisitos forem satisfeitos, o satélite
permanecerá em órbita, ou seja, a força de atração
gravitacional à terra será contra-balanceada pela
força centrífuga de escape devido ao movimento.
 De todas as infinitas órbitas possíveis, apenas uma
proporciona uma velocidade de rotação angular
igual à da terra: A órbita geo-estacionária, que é
aproximadamente circular e está contida no plano
do equador.
7. Elementos Keplerianos
 Em teoria, o satélite permaneceria indefinidamente
em órbita, qualquer que seja ela, geo-estacionária
ou não. No entanto, na prática, isto não ocorre
devido ao fato de que a terra não é um esferóide
perfeito; o sol, a lua e outros astros e planetas
exercem forças diferentes em diferentes posições
orbitais ao longo do tempo; satélites de baixa
órbita sofrem resistência de partículas presentes
nas camadas mais altas da atmosfera, etc...
7. Elementos Keplerianos
 Desta forma, correções são feitas nas órbitas
através do disparo de pequenos foguetes do
satélite, a cada uma ou duas semanas (“station-
keeping”). Modelos computacionais mais
avançados do que o Kepleriano levam em conta
estas perturbações adicionais e são necessários
para prever e efetuar as correções necessárias.
Estes modelos levam em conta outros números
além dos elementos Keplerianos e serão discutidos
brevemente.
7. Elementos Keplerianos
 A seguir apresenta-se um resumo dos sete
elementos Keplerianos. Estes números são
fornecidos semanalmente pelas operadoras
de satélites, associações de rádio-amadores
por satélte (www.amsat.org) e pela NASA,
dentre outras, e devem ser usados para
atualizar os programas computacionais de
rastreamento.
7. Elementos Keplerianos
 1. EPOCH: O conjunto de elementos
Keplerianos é definido em um dado instante
de tempo. “Epoch” é simplesmente o
número que especifica este dado instante de
tempo (astronômico). EX.:
95114,23599939. Os primeiros dois dígitos
(95) representam o ano, e os dígitos
restantes indicam o número de dias desde 1o
de Janeiro daquele ano.
7. Elementos Keplerianos
 2. Inclinação Orbital [I0 ou Inclinação]:
Ângulo entre o plano orbital e o plano
equatorial. 0o ≤ I0 ≤ 1800. EX.: I0 = 0o
(órbita equatorial); I0 = 900 (órbita polar);
ver as figuras a seguir.
7. Elementos Keplerianos
 3. Ascenção Direta do Nódulo de
Ascendência [RAAN, OU RA do nódulo
ou O0]: Ângulo medido do centro da terra
em relação aos pontos de ascendência sobre
o equador do sol e do satélite (pontos
projetados sobre a linha do equador em que
o sol e o satélite cruzam o equador vindo do
sul para o norte). 0o ≤ RAAN ≤ 3600
7. Elementos Keplerianos
 4. Argumento de Perigeu [ARGP ou W0]:
Determina o grau de rotacionamento da elipse no
plano orbital. Indica o ângulo entre o perigeu da
órbita (ponto mais próximo) e a linha de nódulos
(intersecção dos planos equatorial e orbital). 0o ≤
ARGP ≤ 3600. EX.: Quando ARGP = 0o, o
perigeu ocorre no mesmo ponto do nódulo de
ascendência. Isso significa que o satélite está mais
próximo da terra exatamente quando ele ultrapassa
a linha do equador vindo do sul para o norte.
7. Elementos Keplerianos
 5. Ecentricidade [e , ecce, ou E0]:
Parâmetro que define o formato de uma
seção cônica:
– e = 0: círculo (esfera)
– 0 < e < 1: elipse (elipsóide)
– e = 1: parábola (parabolóide)
– e > 1: hipérbola (hiperbolóide)
– e = ∞: reta (plano)
7. Elementos Keplerianos
 6. Velocidade Média [N0]: Velocidade média do
satélite, que está relacionada ao semi-eixo maior
da elipse (SMA), indicando o quão distante o
satélite está da terra. Lembrar que da 3a Lei de
Kepler, satélites mais próximos são mais rápidos e
vice-versa. Se a órbita for circular, a velocidade é
constante. Para órbitas elípticas, especificamos
uma velocidade média em revoluções por dia (o
período é o inverso). Ex.: 2 revs./dia = período de
12 horas.
7. Elementos Keplerianos
 7. Anomalia Média [MA, M0 ou Fase]: Especifica aonde
o satélite está na órbita em um dado instante de tempo
(EPOCH). 0o ≤ MA ≤ 3600, onde 00 é definido a partir do
eixo-maior da elipse do lado do perigeu. A fase é similar a
MA, mas definida como 1/256 do círculo ou 360/256
graus: 0o ≤ Fase ≤ 256. A fase é muito usada para
expressar períodos em que os transmissores do satélite
estão desligados, normalmente próximos ao perigeu já que
o satélite passa muito rapidamente (ex.: desligado nas fases
de batimento 240 a 16, o que corresponde a 1,5 horas para
um período de 12 hs).
7. Elementos Keplerianos
 Modelos de Órbita:
– Modelo Kepleriano (Ideal): Este modelo assume que a
terra é um ponto no espaço, e que o sol, a lua, etc..., não
exercem nenhum tipo de influência no satélite. A órbita
do satélite é uma elipse perfeita cuja orientação no
espaço é invariante no tempo.
– Modelo Básico: Neste modelo a terra é representada
como um elipsóide, mas o sol e a lua são ignorados.
Tanto o plano orbital (RAAN) como a orientação da
órbita no plano (ARGP) variam com o tempo
(movimento chamado de precessão).
7. Elementos Keplerianos
 Modelos de Órbita:
– Modelo Simplificado de Perturbação Geral (SGP):
Leva em consideração as distorções no campo
gravitacional causadas pelo sol, lua, etc... Representa
uma série de modelos muito precisos (SGP, SGP4,
SGP8, etc...), onde os números indicam mais distorções
sendo consideradas.
– Método de Integração Direta: Muito preciso, porém
mais lento. Usa as equações diferenciais da órbita.
 EXISTEM DIVERSOS PROGRAMAS DISPONÍVEIS PARA O
RASTREAMENTO DE SATÉLITES E OUTROS OBJETOS
(PROGRAMAS WINORB, SATSCAPE, ETC...).
8. Atenuação por Chuva
 A atenuação por chuva [em dB] é normalmente o fator
mais significativo de perdas em sistemas de comunicações
sem-fio a frequências acima de 8,5 GHz. Abaixo deste
valor a atenuação por chuva não é nula, porém assume
valores cada vez menos expressivos conforme a frequência
decresce (Baseado em Pratt, 2a edição).
 Um modelo empírico (i.e., baseado em dados medidos)
muito utilizado é o SAM (Simple Atennuation Model;
Stutzman):

A1  aR b
[dB/km] (1)
8. Atenuação por Chuva
 onde R é a taxa de chuva em mm/h esperada de ser
excedida/ultrapassada em um determinado período
de tempo. “Se por exemplo, em 0,1% do tempo
a taxa de chuva é esperada ser superior a 8
mm/h, espera-se no sentido probabilístico que
em 99,9% do tempo ela seja igual ou inferior a
8 mm/h. Calculando-se a atenuação devido à
esta chuva, pode-se projetar o sistema para
compensar esta atenuação/perda em 99,9% do
tempo (consultar tabela D.1 e gráfico D.2)”:
8. Atenuação por Chuva
 RESPOSTA: Da Fig. D.2, a estação terrestre se
encontra na região K da ITU. A Tabela D.1
fornece um valor de taxa de chuva a ser excedida
de 42 mm/h. A 28 GHz:
 Se R  10 mm/h: Equações (1), (2) e (3)
 Como R > 10 mm/h: Equações (1), (2), (4) e (5)
– De (1):
– a = 0,134
– b = 1,062
– A1 = 7,1 dB/km (atenuação por km: Resta se determinar o trecho
efetivo sob chuva)
8. Atenuação por Chuva
– De (5):
– He = 4,70 km
– L = 5,74 km

– De (4):
– Lef = 5 km (note a diferença para 38000 km)

– De (2):
– A = 35,5 dB, que compara bem com o valor medido de 32 dB
(perda substancial a 28 GHz – Banda Ka)
9. GPS (Global Positioning System)

 Sistema militar Americano (gratuito). Os europeus


estão construindo/operando o Galileo e o
GLONASS (em operação simultânea/transparente
ao usuário; estação de monitoramento na UnB no
teto do CPD em frente ao CESPE).
 Sistema de orientação (navegação) e localização
(posicionamento) através de “tri-angularização” de
pelo menos 4 satélites (3 para posição e 1 para
corrigir erros no relógio do receptor).
9. GPS (Global Positioning System)

 Os sinais enviados pelos satélites contêm apenas


como informação o horário da transmissão (cada
satélite possui um conjunto de relógios atômicos).
Como o receptor possui as órbitas simuladas dos
satélites (parâmetros WGS-84, World Geodetic
System – A terra é a referência), com a
informação do período em que o sinal demorou
para chegar até ele, pode-se calcular a distância.
9. GPS (Global Positioning System)

 Três esferas de raios (distâncias) determinados se


interceptam em 2 pontos: 1 é descartado por não ser uma
solução óbvia (fora da terra) o outro é a posição do
receptor.
 Os sinais são transmistidos nas bandas L: L1 = 1575,42
MHz e L2 = 1227,6 MHz, modulados em BPSK e usando
códigos de erros (C/A, P e Y).
 A hora da transmissão é transmitida em diversos níveis de
precisão (erros propositadamente inseridos). A média da
precisão para aplicações civis é em torno de 30 m.
Aplicações militares possuem precisão na casa dos cm.
9. GPS (Global Positioning System)

 O GPS diferencial melhora a precisão civil para em torno


de 10 m. Usa-se um segundo receptor em uma localidade
próxima e CONHECIDA, calibrando-se o receptor
principal (móvel) em localidades desconhecidas. Os
mesmos satélites devem ser usados pelos dois receptores
durante o processo de calibração.
 O sistema usa 24 satélites (peso líquido de 1877 Kg e 10
anos de vida útil) em órbita aproximadamente circular,
com altitude de 20200 Km. Em 2000 haviam em órbita 30
satélites GPS, onde 6 eram substitutos (“spares”).
9. GPS (Global Positioning System)

 A órbita possui 55o de inclinação (6


constelações de 4 satélites cada), com
período de 11h 58’. Com isso, garante-se
que em qualquer lugar do mundo a qualquer
instante pelo menos 4 satélites estejam
visíveis.
 Utiliza antenas helicoidais (de fios).
 Movimenta um mercado comercial em
torno de 30 bilhões de dólares anuais.
9. GPS (Global Positioning System)

 Medidas realizadas em Brasília:


– Latitude: 150 45,844’ S 00
– Longitude: 470 53,264’ O 0
Az
30 16
– Altitude: 1098 m
19 0
El
60
2700 900 900
11

El

14

1800
EXEMPLO (GPS):
 Ache o desvio Doppler máximo do sinal L1
(1575,42 MHz) do satélite GPS a uma altitude de
20200 km, quando o satélite possui um ângulo de
elevação de 100 vindo para o observador. NOTA.:
O desvio Doppler máximo, f, ocorre quando o
observador está no plano orbital do satélite.
Determine inicialmente a componente de
velocidade do satélite na direção do observador,
vr, e daí f = vr/ (“dobro deste valor para
radares”).
EXEMPLO (GPS):
 Resposta: T = 43121,90 s = 11 hs 58 min 41,8 s (a = RT +
20200). A velocidade do satélite é vs =
166995,38/43121,90 = 3,87264 km/s. Determina-se a
componente de vs na direção do observador a partir do
esboço da geometria do problema:
 Da figura percebe-se que o ângulo oposto ao lado a do
triângulo CES é de 900 + El = 1000. Aplicando a lei dos
senos: (sen ) / RT = (sen 1000) / a
 De forma que  = 13,670. O ângulo de projeção de vs sobre
SG (direção do obeservador) é 900 -  = 76,330. A
componente de velocidade na direção do observador é vr =
vs cos 76,33 = 915,22 m/s e f = vr/ = 4806,2 Hz.
El=100
Tangente

S
vs
a

C RT E

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