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I.M.

T – INSTITUTO DE MEDICINA TRADICIONAL


CURSO DE ACUPUNCTURA, MOXABUSTÃO E FITOTERAPIA

SEBENTA DE TÉCNICAS DE
ACUPUNCTURA I
Última versão - Junho 2016

Prof. ª Maria Pinho


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“Os olhos não olham ao redor, é como se a mão segura-se um tigre. O


Shen não deve estar disperso. A mão do praticante deve estar firme e
fechada, não pode estar mal apoiada. O espírito do acupuntor deve estar
totalmente concentrado no corpo do paciente e na reação da agulha.”

Técnicas de Acupunctura – Prof. ª Maria Pinho Silva


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Índice
1. História do aparecimento da Acupunctura ...................................................................3
1.1. As 9 agulhas antigas ........................................................................................6
1.2. Estrutura das agulhas .....................................................................................6
1.3. Tipos de agulhas .............................................................................................7
1.4. Comprimento e diâmetro do corpo das agulhas ............................................8
2. Prática e Inserção da agulha ........................................................................................10
2.1. Prática ...........................................................................................................10
3. Método de Inserção da agulha ....................................................................................12
3.1. Segurar com três dedos ................................................................................12
3.2. Segurar com dois dedos................................................................................12
3.3. Inserção com duas mãos ..............................................................................13
4. Técnicas de Inserção da agulha ...................................................................................14
4.1. Parâmetro de inserção da agulha .................................................................15
5. Posturas .......................................................................................................................19
5.1. Tipos de postura ...........................................................................................19
6. Desinfecção e outros cuidados ....................................................................................21
7. Acidentes durante a puntura.......................................................................................22
8. Proibições da puntura .................................................................................................26
9. Obtenção do Qi ............................................................................................................27
9.1. Sensação do Qi..............................................................................................27
9.2. A obtenção do Qi ..........................................................................................28
9.2.1. Atingir o Qi .....................................................................................28
9.2.2. Fazer circular o Qi ..........................................................................30

9.2.3. Conservar o Qi................................................................................33

10. Métodos de Tonificação, Dispersão e Harmonização ...............................................34


Bibliografia ......................................................................................................................39

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1. História do aparecimento da Acupuntura

A Medicina Tradicional Chinesa tem-se desenvolvido desde pelo menos à 3000


anos. Estudos sobre a literatura médica tradicional e inúmeros achados arqueológicos,
demonstram que a acupunctura era já praticada em sociedades primitivas (5.000 a.C),
estando a moxabustão relacionada com o aparecimento do fogo à mais de oito mil
anos. De acordo com inúmeros textos escritos, os instrumentos para a prática da
acupuntura eram feitos de pedra (pedra Bian), tal como a maior parte dos utensílios
utilizados na altura.

Mais recentemente, os achados arqueológicos da Dinastia Shang (1.000 a.C)


incluem ossos e carapaça de tartaruga, nos quais estavam gravadas discussões sobre
patologia médica e sobre a prática da acupunctura com agulhas feitas em bronze.

Na Dinastia Han (206 a.C. a 220 a.C.), as bases teóricas e práticas da Medicina
Chinesa estavam estabelecidas, salientando-se os conceitos do Yin e do Yang, dos
Cinco Movimentos, a Teoria dos Jing Luo, vários métodos de inserção de agulha, bem
como a Farmacopeia.

A mais importante obra da Medicina Tradicional Chinesa é o Tratado de


Medicina do Imperador Amarelo, escrito à mais de 4500 anos, que é escrito em forma
de diálogo entre o lendário soberano, o Imperador Amarelo – Huang Di, e o seu
Primeiro-ministro Qi Bo sobre assuntos de Medicina. “Huang Di NeiJing” tornou-se um
marco na história da civilização chinesa, sendo o maior tratado de medicina existente.
As duas partes que compõem o livro são diferentes no seu conteúdo e perfazem dois
volumes. A primeira, Su Wen (Questões Simples) discute sobre os aspectos teóricos
gerais, enquanto a segunda, Ling Shu (Portão Misterioso), (Fig. 1) fala mais sobre a
Acupuntura. Estes são os livros mais antigos existentes sobre a Medicina Tradicional
Chinesa e são frequentemente citados por todos os livros que são escritos nos tempos
de hoje. O “ Huang Di Nei Jing” (Tratado da Medicina Interna do Imperador Amarelo),
descreve que a acupunctura teve a sua origem numa região de pescadores da costa
oriental da China, e a moxabustão no Norte, numa região onde as populações viviam
da caça, e utilizavam o fogo para se protegerem do frio.
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Durante as dinastias Jin do Norte e Jin do Sul, nos anos 215-581 a.D (Era Cristã),
enquanto o país era assolado por guerras sem fim e se encontrava no caos económico
e político, a acupunctura continuou o seu progresso e evolução, quer pela sua
utilização no tratamento de várias patologias, quer através da publicação de
numerosas obras, tanto originais como de compilação e revisão bibliográfica. Entre os
anos 256 e 260 da Era Cristã, Huangfu Mi escreveu "Zhenjiu Dacheng" (Compêndio de
Acupunctura e Moxibustão), (Fig. 2), constituído por doze volumes formados de
estratos de livros anteriores, como "Huang Di Neijing" e "Mintang Kongxue Zhenjiu
Zhiyao", fazendo referência a mais de trezentos pontos de acupunctura.

Fig. 1

Ling Shu também é conhecido como o “Canon da Acupunctura” e faz parte do Huangdi
NeiJing, o livro mais antigo de Medicina Chinesa.

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O livro com mais informação sobre a acupuntura é o “Grande Compêndio de


Acupuntura e da Moxa” que permaneceu como um livro popular até hoje e contém
uma panóplia de material no que diz respeito à história e à aplicação clínica da
acupuntura. (Fig. 2)

Fig.2
O Zheng Jiu Da Cheng (Compêndio de Acupuntura e Moxabustão) foi
compilado em 1601. Descreve os 9 tipos de agulhas.

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1.1. As 9 Agulhas Antigas

As nove agulhas são referidas no NEI JING como agulhas metálicas, sendo as
primeiras que foram gravadas como agulha com cabeça em seta, agulha com ponta, de
ponta afiada, em forma de espada, agulha filiforme, agulha longa e agulha larga. (Fig.3)

Nos tempos de hoje as agulhas são feitas de aço inoxidável, mas algumas podem ser
feitas também em ouro ou em prata.

Chan Yuan Di Feng Pi Yuan Li Hao Chang Da

Fig. 3 – 9 Tipos de agulhas antigas.

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1.2. Estrutura da agulha


A agulha é composta por 5 partes: Cabeça, Cabo, Base ou Raiz, Corpo e Ponta, (Fig. 4).

1) Cabeça: corresponde ao fim do cabo, cuja moxa pode ser fixada.


2) Cabo: corresponde à zona onde os dedos seguram na agulha.
3) Raiz: é a parte entre o corpo e o cabo.
4) Corpo: é a parte entre a ponta e a raiz, e deve ser flexível e direito.
5) Ponta: refere-se à zona afiada que penetra na superfície da pele nos
pontos de acupunctura.

Fig. 4 - Estrutura da agulha.

1.3. Tipos de Agulhas


As agulhas utilizadas hoje na acupunctura são um aperfeiçoamento da agulha Hao,
sendo a sétima agulha das 9 agulhas antigas. As 9 agulhas antigas são:

1. Agulha Chan (flecha) – 1.6cun


Tem a ponta em flecha. Utilizada para as perturbações externas que penetram
no corpo. Utilizada ao nível da pele.
2. Agulha Yuan (cilíndrica) – 1.6cun
Tem a ponta arredondada. Utilizada em massagens superficiais.
3. Agulha Di (obtusa) – 3.5 cun comprimento
Tem a ponta obtusa que não atravessa a pele. Utilizada superficialmente.
4. Agulha Feng (pontiaguda) – 1.6cun
Tem a ponta afiada. Utilizada em sangrias nos pontos de acupunctura.
5. Agulha Pi (cortante) – 4cun (0.25cun de espessura)

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Tem a ponta aguda em forma de espada. Utilizada para abrir a pele e fazer
purgar.
6. Agulha Yuan Li (cilíndrica, afilada) – 1.6cun
Tem a ponta pontuda, espessa e arredondada. Utilizada no tratamento das
doenças agudas.
7. Agulha Hao (fina como um cabelo longo e fino) – 3.6cun
É muito fina. Utilizada nos casos de obstruções, dores articulares e paralisias.
Pode permanecer no corpo.
8. Agulha Chang (longa) – 7cun
É longa, fina e muito pontiaguda. Utilizada nos casos de paralisias e obstruções.
9. Agulha Da (grande e grossa) – 4 cun
É cilíndrica, espessa e sua extremidade é pontiaguda. Utilizada nos inchaços
articulares, permitindo drenar os líquidos das articulações.

1.4. Comprimento e diâmetro do corpo das agulhas


As agulhas filiformes são as mais usadas na prática clinica. São feitas de aço
inoxidável a sua maioria. Podem variar de tamanho em comprimento e diâmetro. O
tamanho da agulha é definido em milímetros pela relação calibre e comprimento do
corpo ou seja, conforme a largura e o comprimento da lâmina. A ponta é sempre igual
e o formato do cabo é secundário, variando conforme o uso.

O calibre das agulhas é indicado em milímetros. O usual é dividir as agulhas em finas,


médias e grossas.

• Finas até 0,20 mm de largura

• Médias em torno de 0,25 mm de largura

• Grossas acima de 30 mm de largura

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As agulhas podem ser curtas, médias, longas e extra-longas, conforme o comprimento


da lâmina (indicado em milímetros)

• Curtas - a lâmina mede até 15 mm ou 20 mm;

• Médias - cerca de 25 mm a 30 mm;

• Longas - 40 mm a 50 mm;

• Extra-longas - 60 mm a 70 mm.

É usual indicar primeiro o calibre e a seguir o comprimento. A referência 0,25 x 40


mm, por exemplo, indica uma agulha de calibre 0.25 mm e comprimento 40 mm . É
uma agulha longa de calibre médio. Nesse comprimento é usual haver também os
calibres fino (0,20x40mm) e grosso (0,30x40mm).

Há acupuntores que trabalham com apenas um modelo de agulha, mas o melhor é


possuir um conjunto variado que permita escolher a agulha mais adequada caso a
caso. Para a face, por exemplo, é melhor usar agulhas finas (de comprimento curto ou
médio); para a inserção profunda em músculos, escolhem-se as agulhas de calibre
médio ou grosso e de comprimento longo (ou extra-longo para músculos volumosos),
etc.

As agulhas com maior calibre são mais usadas quando se quer obter uma maior
estimulação do Qi. As agulhas mais curtas e finas são usadas em zonas mais sensíveis
do corpo e com uma menor massa muscular como a face e a cabeça.

As agulhas devem ser cuidadosamente examinadas antes de serem utilizadas e


inseridas. Se o corpo da agulha estiver enferrujado, torto, se a área que une o corpo ao
cabo estiver solto, ou se a ponta da agulha estiver partida ou em forma de gancho, irá
afetar a inserção da agulha, causando dor ou podendo mesmo partir-se. Estas agulhas
não devem ser usadas.

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2. Prática da inserção da agulha

A inserção da agulha depende de componentes como a força exercida pelos


dedos, a agilidade do pulso do terapeuta e a forma como se apresenta a agulha na
altura da punctura.

2.1. Prática
Na prática a mão que pressiona o ponto é a esquerda e a que insere a agulha é
a direita, ou vice-versa caso a pessoa seja canhota.

O Treino será útil para a iniciação e aumentará a firmeza da mão, do pulso e dos
dedos permitindo aprender a técnica da inserção de agulha.

a) Treino sobre o papel dobrado: dobra-se em bloco folhas de guardanapos de


forma a perfazer um rectângulo. Tamanho: comprimento de 6 cm para 2cm de
espessura. Prende-se com fios á volta. A inserção deverá ser feita segurando o
bloco dobrado com a mão esquerda sem enrugar. Com a mão direita segura-se
a agulha entre o polegar, o indicador e o dedo médio. Este método consiste em
empurrar a agulha, com um movimento de pressão dos dedos e do pulso
direito. Pode-se acompanhar a pressão, imprimindo à agulha um movimento de
rotação de 180° num sentido, e depois num outro. Repetir novamente
mudando de local. (Fig. 5)

Fig. 5 – Treino no papel dobrado.

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b) Treino sobre a bola de algodão: depois de se adquirir força na técnica anterior,


pega-se em algodão e faz-se uma bola de 7/8 cm de Ø envolvendo-a em linha
para a apertar. De seguida envolve-se essa bola em tecido fino bem apertada
para fazer uma bola rija. Treina-se conforme a técnica anterior (Fig. 6).

Fig. 6 - Treino na bola de algodão.

Nota: Para treinar a agilidade, a força e a resistência das mãos, pode-se treinar em
casa com as bolas chinesas – Jian Sheng Qi.

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3. Método de Inserção da agulha

3.1. Segurar com três dedos:


Segurar a agulha entre as polpas do polegar e do dedo indicador, sobre a borda
externa dos dedos. O polegar deve estar esticado. A articulação inter-falângica
proximal do dedo indicador está fletida e a polpa do dedo médio está apoiado no
corpo da agulha, dando-lhe uma leve curvatura. A ponta da agulha deve ultrapassar o
dedo médio aproximadamente 1cun (+/-2cm). A mão deverá estar relaxada, firme e
nunca tensa ou trémula (Fig. 7).

Fig. 7 – Segurar com três dedos.

3.2. Segurar com dois dedos:


Outras obras clássicas referem que existe uma forma de pegar na agulha pelo
cabo, com os dedos polegar e indicador da mão direita. Esta técnica exige um bom
Treino e apenas se usa com agulhas pequenas, (Fig. 8).

Fig. 8 - Segurar com dois dedos.

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3.3 - Inserção com duas mãos:


As polpas dos dedos indicador e polegar, seguram a parte inferior da agulha com
algodão para não tocar no corpo da agulha. A ponta não deve ultrapassar os dedos
mais que 1 cm. Este método é usado em agulhas que são introduzidas muito
rapidamente mas também é usado para a inserção de agulhas longas de 3 cun, (Fig. 9).

Fig. 9 - Inserção com duas mãos.

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4. Técnicas de Inserção

Existem diferentes técnicas que são usadas com a mão esquerda para auxiliar a
inserção da agulha com a mão direita.

(A) Técnica de pressionar.


O dedo polegar ou indicador da mão esquerda mostra a localização do ponto,
anestesia e afunda o mesmo. Esta técnica usa-se em pontos como o 36E.
(Fig. 10 e 11).

Fig. 10 - Fig. 11 -Técnica de pressionar.

(B) Técnica de afastar:


Afastar a pele com os dedos indicador e médio da mão esquerda, ou polegar e
indicador, permite inserir a agulha em zonas onde há flacidez e a pele é mole,
como no abdómen no ponto 12VC, (Fig. 12 e 13).

Fig. 12 - Fig. 13 - Técnica de afastar.

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(C) Técnica de pinçar:


Pinçar ou beliscar a pele com os dedos polegar e indicador da mão esquerda,
permite segurar a pele ao qual vamos introduzir a agulha. Esta inserção é
horizontal ou oblíqua. Esta técnica é muito usada em zonas da face como no
ponto yintang, (Fig. 14).

Fig. 14 - Técnica de pinçar.

4.1 - Parâmetros de inserção da agulha

Existem procedimentos a ter em conta durante a punctura, como o ângulo de inserção,


a profundidade e a direção da agulha. São parâmetros chave que permitem reforçar
uma boa acupunctura. Dizem os antigos, que só através do cumprimento destes
parâmetros, que a acupunctura poderá ser exercida. Assim, de acordo com a
localização anatómica, deve-se escolher o ângulo de inserção mais adequado, a
profundidade e também o sentido de direcção de inserção da agulha, para a
propagação da sensação de Qi.

Ângulo de inserção

90° Inserção Perpendicular

45° Inserção Oblíqua

15° Inserção Horizontal

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a) Inserção perpendicular:
O corpo da agulha faz um ângulo de 90° com a superfície da epiderme. É
adequado em quase todas as zonas do corpo nomeadamente em músculos
grandes como o glúteo, pernas e braços e em pontos como 30VB, 9BP, 4IG,
11IG, 6BP.

b) Inserção oblíqua:
O corpo da agulha faz um ângulo de 45° com a superfície da epiderme. É
melhor para promover a sensação de qi para uma região do corpo. Para
direcionar a sensação de Qi na direcção da ponta da agulha será no sentido da
localização da doença. Este tipo de puntura serve para regiões que recobrem
órgãos importantes como por ex: pontos shu das costas da região torácica bem
como em pontos do tórax como 12VC, 17VC.

c) Inserção horizontal
O corpo da agulha faz um ângulo de 15° com a superfície da epiderme. Este
tipo de puntura é usado em zonas com menos músculos, na parte superior das
costas, cabeça, esterno, espaços intercostais, região cefálica como por ex:
20VG, 23VG.

Cervicais – 15°
Dorsais - 45°
Costas Lombar – 45° ou 90°
Região abdominal - 45 ou 90°

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Profundidade de inserção

A profundidade de inserção depende da escolha de pontos. Deve-se ter em atenção a


profundidade a que se insere a agulha, de forma a não causar nenhum dano nos
órgãos, articulações, ossos e tendões. É por isso necessário ter em conta:

a) Idade do paciente: a profundidade recomendada nos livros deve-se aos


adultos. Para crianças e idosos em que o qi e o sangue são fracos a
profundidade de inserção é menor.
b) Constituição física: nas pessoas com uma musculatura forte a
profundidade é maior, ao passo que nas pessoas mais magras e de
musculatura fraca a inserção é mais superficial.
c) Quadro Clínico: Doentes com síndromes Yang, dores agudas e de
origem externa a punctura deverá ser mais superficial. Doentes com
síndromes Yin, dores crónicas e de origem interna a punctura deverá ser
mais profunda.
d) Grau de intensidade da reacção: se o paciente for nervoso, ansioso ou
medroso a estimulação deve ser menos intensa e mais suave. Quando
há fraca intensidade e sensibilidade a inserção pode ser mais profunda e
forte.
e) Estação do ano: no Verão e na Primavera o Qi circula mais à superfície e
a punctura deve ser mais superficial. No Outono e no Inverno, a
circulação do Qi é mais profunda e a punctura deve ser mais profunda.
f) Localização da doença: a inserção deve ser superficial quando a doença
está na superfície e deve ser mais profunda quando a doença é mais
interna.

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Direcção da agulha

A direcção da agulha refere-se à direcção da ponta da agulha em direcção ao ponto, e


ao sentido do meridiano. Normalmente a ponta da agulha deve ser dirigida para o local
da afeção. O sentido em que se insere a agulha está relacionado com o efeito
desejável. Para tonificar insere-se no sentido do meridiano, para dispersar insere-se no
sentido contrário, (Fig. 15).

Fig. 15 - Direcção da agulha.

Nota: Ordem de inserção dos pontos: A ordem de punctura deve-se normalmente de


cima para baixo, ou seja começa na cabeça e termina nos pés. Em puntura bilateral,
puntura-se um ponto e de seguida o ponto simétrico do lado oposto. A remoção das
agulhas deve ser feita de acordo com a inserção.

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5. Posturas

A correta postura do paciente é importante durante a prática clínica, bem como


definir a localização correta dos pontos de acupunctura. Também é importante
durante a retenção prolongada da agulha, a prevenção da dobra e quebra da agulha,
bem como na ocorrência de um desmaio durante a acupunctura.

Antes da puntura o paciente deve estar relaxado e acomodado. Deve


permanecer numa posição confortável e natural para que se mantenha nesta postura
durante um período de tempo.

5.1- Tipos de posturas:

5.1.1 - Deitada

Mais frequentemente usada, especialmente devido à idade das pessoas e à debilidade.


Usa-se em pacientes com constituição fraca, doenças graves ou pessoas nervosas.
Importante para prevenir a fadiga e o desmaio.

a) Deitado em supinação: adequado para a inserção de agulhas em pontos da


cabeça, face, peito, região abdominal e região anterior dos membros inferiores,
(Fig. 16).

Fig. 16 – Deitada em supinação.

b) Deitado em pronação ou na lateral: adequado à inserção de agulhas em


pontos localizados na região posterior da cabeça, pescoço, costas, lombar,
nádegas e região posterior dos membros inferiores, (Fig. 17 e Fig. 18).

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Fig. 17 – Deitada em pronação. Fig. 18 – Deitada na lateral.

5.1.2 - Sentada

Adequada para a inserção em pontos localizados na cabeça, pescoço, extremidades


superiores e costas, cujos pacientes têm doenças de grau moderado.

a) Em pronação: aplica-se em pontos localizados na região posterior da cabeça,


pescoço e costas, (Fig. 19).

Fig. 19 – Sentada em pronação.

b) Em supinação: aplica-se em pontos localizados na cabeça, face, bem como na


região do peito superior, (Fig. 20).

Fig. 20 – Sentada em supinação.

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6. Desinfecção e outros cuidados

1) A área a ser puncturada deve ser esterilizada com álcool 75% e algodão.
2) Durante a inserção da agulha a concentração mental do terapeuta deve estar
nos dedos e na ponta da agulha.
3) Nunca se deve tocar no corpo da agulha com os dedos.
4) Se após a remoção da agulha o ponto sangrar, deve-se pressionar com algodão.
5) Depois da punctura, o acupunctor deverá lavar as suas mãos com sabão ou
esterilizar com álcool e algodão.

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7. Acidentes durante a Puntura

A má puntura pode resultar em acidentes:

Se o paciente manifestar sintomas como: tonturas, vertigens, arrepios, face pálida,


indisposição, suores frios, convulsões e perda de consciência, a causa podem estar
relacionada com uma estimulação muito forte, tratamento inadequado, ansiedade do
paciente, cansaço e constituição frágil.

Para prevenir estas situações, o terapeuta deve:

• Instalar o paciente confortavelmente

• Indicar técnicas de relaxamento

• Evitar manipulações fortes na agulha

• Evitar uma puntura muito tarde, ao anoitecer

• Evitar punturar em pessoas muito frágeis, com fome, em processo de digestão,


ansiosas e fatigadas.

O tratamento adequado será remover as agulhas rapidamente, deitar o paciente de


cabeça para baixo e massajar fortemente alguns pontos como; 1R, 26VG, 9C, 20VG,
36E.

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Outros acidentes

É muito doloroso e dá uma sensação de queimação. Não


pode ser confundido com a sensação de Qi.
Puntura numa veia
Deve-se remover a agulha. Se provocar sangramento ou
hematoma, pressiona-se firmemente com algodão durante
1-3 min.

Acontece quando a agulha não pode ser manipulada após a


sua inserção, não se pode girá-la, manipulá-la e removê-la.

Causas:

Agulha presa e • A pele e os tecidos estão muito contraídos na região;

bloqueada • As rotações num único sentido provocam uma


contracção das fibras musculares em redor da agulha;

• A agulha foi deixada muito tempo e o paciente mudou


de lugar.

Dá-se pancadinhas na pele à volta da agulha até a mesma ser


removida.

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O corpo da agulha está dobrado ou mesmo em forma de


Agulha torta
anzol.

Não se consegue mais manipular a agulha e o paciente


sente uma dor forte.

Causa: manipulação forte; contração muscular forte;


mudança de posição do doente.

Girar a agulha cuidadosamente e remover.

Quando a agulha se quebra, a sua extremidade pode


aparecer na superfície ou ficar invisível.

Agulha quebrada Causas: agulha de má qualidade; mal manipulada;


utilizada muito tempo; contracção muscular forte.

Remover com uma pinça, pressionando a pele em volta


da agulha.

Se não ficar visível, evitar mover o paciente e


reencaminhá-lo para uma remoção cirúrgica.

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Puntura em órgãos

A puntura na fossa supra clavicular, costas, ou região anterior do


peito pode provocar pneumotórax (perfuração que resulta na
Pulmão
existência de ar na cavidade pleural).

Sintomas: dor; dispneia; opressão torácica; suor espontâneo;


cianose (coloração violácea escura na pele produzida por uma má
oxigenação do sangue).

Prevenção: nunca ultrapassar 1 cm de profundidade e punturar


apenas com ângulo de inserção obliquo ou horizontal.

Utilizar apenas o método de rotação para estimular após a


inserção.

Tratamento: Instalar o paciente em posição semi-sentado e caso


os sintomas não desaparecerem levar o paciente ao hospital.

Fígado, Baço e Rins Uma punctura nestes órgãos pode provocar hemorragias,
com dor na região do órgão atingido, associado a um estado
de choque.

Vesicula Biliar, Estômago, Uma punctura nestes órgãos pode provocar uma
reação peritoneal. (dor, inchaço abdominal)
Intestinos e Bexiga

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8. Proibições da Punctura

Antes do tratamento não se puntura pessoas:

• Embriagadas
• Assustadas
• Famintas
• Com raiva e cólera
• No percurso da digestão
• Cansadas

Depois do tratamento:

• Evitar ter relações sexuais


• Não ingerir álcool
• Relaxar
• Não comer muito
• Não jejuar depois da sessão

Outros cuidados a ter:

• Não se punturam os pontos 4IG e 6BP em mulheres grávidas.


• Ter especial cuidado quando se punturam os pontos que podem provocar
síncopes como: 2P, 15VC; 12E e 21VB.
• Pontos estritamente proibidos: 8VC, 17E.

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9. Obtenção do QI

Depois de se inserir corretamente a agulha dá-se a obtenção do Qi. Esta sensação


manifesta-se por algo em particular, sentido pelo paciente e pelo terapeuta.

Ling Shu, no capitulo 1 diz:


“ O essencial na acupunctura é a chegada do Qi.”
Torna-se aqui importante saber como manipular o Qi e estimular a sua circulação.

Existem diversas sensações de Qi que podem evoluir durante o seu curso da


manipulação e passar por diferentes estágios que podem ser mais leves e mais
intensos, podendo ser até doloroso ou haver uma combinação destas sensações, (Fig.
21).

Fig. 21 – Obtenção do Qi ao longo do meridiano.

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9.1 - Sensações de Qi:


1) Comichão.
2) Sensação de peso.
3) O terapeuta pode sentir aperto muscular em redor da agulha que a
prende. Aqui não se deve girar a agulha a não ser que a sensação de
aperto seja leve.
4) Sensação de frio.
5) Sensação de calor.
6) Tremor do ponto até uma região.
7) Dormência.
8) Choque eléctrico. Pode ser sentido a longo do meridiano.

Para o paciente: todas estas sensações aparecem durante a inserção da agulha, mas a
sensação pode-se propagar, subindo ou descendo no trajecto do meridiano, ou ainda
em volta do ponto.

Para o terapeuta: a sensação do Qi manifesta-se por uma sensação de aperto sob a


agulha. O terapeuta deve perceber isto antes que o paciente se manifeste. Por outro
lado, durante a inserção o terapeuta poderá sentir uma sensação de atracção da
agulha, ou tremor muscular em redor da agulha.

9.2 - A Obtenção do Qi compreende:


9.2.1 - Atingir o Qi
9.2.2 - Fazer circular o Qi
9.2.3 - Conservar o Qi

9.2.1 - Atingir o Qi (Hou Qi)


Para atigir o Qi, será necessário ao terapeuta, utilizar diferentes técnicas, até se atingir
a sensação de Qi para o paciente.

1) Procurar o Qi (Sou):
Utiliza-se quando a agulha já foi inserida até a uma certa profundidade e ainda
não se obteve o Qi. Deve-se retirar a agulha até ao nivel abaixo da epiderme,
mudar a sua direcção e empurra-la novamente. Se mesmo assim não se obtiver
o Qi, realiza-se o mesmo procedimento.

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2) Masajar sobre o trajecto do Meridiano (Xun An):


Depois da inserção, se o Qi não chegar, massaja-se com o polegar, ou dá-se
pancadinhas ao longo do trajecto do meridiano, ou na região circundante ao
ponto, (Fig. 22 e Fig. 23).

Fig. 22 - Fig. 23 – Massajar ao longo do meridiano.

3) Dar um piparote (Tan Zhen):


O dedo médio ou o dedo indicador dão um piparote no cabo da agulha,
fazendo agitar o cabo. Isso estimula o qi do meridiano e aumenta a sensação de
Qi, (Fig. 24).

Fig. 24 – Dar um piparote.

4) Bicada de pássaro (Que Zhuo):


Esta técnica aumenta fortemente a sensação de Qi, e é realizada com um
movimento de puxar-inserir de pequena amplitude, mas realizada com uma
grande rapidez.

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5) Tremer (Chan):
Este método requer muito treino. Implica tremer a agulha em simultâneo com
a técnica empurrar-inserir com uma amplitude muito pequena, promovendo
uma sensação forte. (Fig. 25)

Fig. 25 - Tremer.

6) Mudar de lugar (Yi Wei):


É necessário remover a agulha quando o ponto escolhido não foi bem
localizado, e reorientá-la para proceder novamente ás sensações de Qi.

A ter em conta:

a) De acordo com a localização da doença esta pode-se encontrar a um nivel


mais superficial ou mais profundo.
Em MTC designa-se: Na superficie (Biao); em profundidade (Li).

• Nos casos em que a doença está na superficie, devemos atingir o Qi na


altura “Céu” e fazer circular o Qi. Por exemplo, doenças de origem
externa e provocadas por factores patogénicos externos como o frio e o
calor.

• Se a doença reside nos músculos, deve-se atingir o Qi na altura


“Homem”.

• Se a doença reside nos órgãos Zang Fu, ossos, medula e no caso de


dores, devemos atingir a altura “Terra”.

b) De acordo com a natureza da doença:


Deve-se decidir entre tonificar ou dispersar.

• Doenças do tipo Vazio ou Deficiência, tonifica-se.

• Doenças do tipo Excesso ou Plenitude, dispersa-se.

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9.2.2 - Fazer circular o Qi (Xing Qi)


Depois de se obter a sensação de Qi, o terapeuta deve utilizar algumas técnicas para
aumentar e propagar a mesma sensação ao longo do meridiano ou da região á volta.

1) Puxar-Inserir (Ti-Cha):
(Ti) Implica puxar a agulha até à superficie, e (Cha) voltar a inserir a agulha em
profundidade. Deve-se ter em conta os diferentes estados de doença para
aplicar os vários graus de Ti-Cha. Leve ou forte, rápido ou lento. Também
podemos usar esta técnica para chamar o Qi, como é o caso da bicada de
pássaro. Durante a técnica não se remove a agulha, (Fig. 26).

Fig. 26 – Puxar-Inserir.

2) Rotação (Cuo Nian):


“Cuo” é girar com força, fazendo um ângulo de rotação superior a 180°. “Nian”
é girar delicadamente, com um ângulo de rotação mais pequeno, inferior a 45°.
A rotação não deve ser feita em demasia pois pode enrolar as fibras musculares
e ocasionar dores. Esta técnica permite difundir o Qi após a obtenção do Qi,
(Fig. 27).

Fig. 27 – Rotação.

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3) Balançar-Arranhar (Bo Gua):


“Bo” significa balancear a agulha com o polegar e o indicador da mão direita,
realizando um movimento de balanço de 45° da esquerda para a direita.
“Gua” indica arranhar o cabo da agulha, para cima ou para baixo, com a unha
do indicador, da mão direita. O movimento de arranhar para baixo é usado
para tonificar, o movimento de arranhar para cima é usado para dispersar.
Isso permite aumentar a reação.

4) Girar-Agitar (Pan Yao):


“Pan” é inserir a gulha até ao nivel “TERRA” que é a profundidade máxima,
entre os músculos e os ossos. Após a obtenção do Qi puxar a agulha até ao
nivel “HOMEM” que é a profundidade média do ponto, entre os músculos, ou
até ao nivel “CÉU” sob a pele. De seguida inclina-se a agulha a 45° em relação
ao plano da pele e gira-se lentamente, como se gira-se um pilão. Não se
ultrapassa as 3 voltas. “Yao” significa que após a obtenção do Qi deve-se agitar
a agulha da esquerda para a direita como se agita um sino, com um amplitude
de 90°. É uma técnica usada para dispersar o Qi porque abre o ponto, (Fig. 28,
Fig. 29).

Fig. 28 – Girar a agulha. Fig. 29 – Agitar a agulha.

Nível Céu
Nível Homem
Nível Terra

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5) Obstrução (Guan Bi):


Após a obtenção do Qi deve-se pressionar com o dedo polegar ou com o dedo
indicador da mão esquerda para obstruir a região oposta à sensação do Qi. Se
queremos que a sensação de Qi flua numa direcção pressiona-se o lado oposto
e dirige-se a ponta da agulha no sentido para onde o Qi deve circular. As duas
mãos trabalham juntas, pressionam e dirigem.

6) Voar-Curvar (Fei Tui):


A manobra “Fei” (voar) é semelhante á “Nian” (girar), mas não se deve girar
mais que uma vez. O polegar e o indicador soltam o cabo da agulha como um
pássaro que abre as suas asas para voar. Gira-se uma vez e solta-se o cabo uma
vez. “Tui” (curvar) significa que o polegar e o indicador curvam o corpo da
agulha para a frente. Esta técnica permite propagar e prolongar a sensação da
agulha, (Fig. 30 e Fig. 31)

Fig. 30 – Girar. Fig. 31 - Voar e Curvar.

9.2.3 - Consevar o Qi (Shou Qi)


Como aconselha Ling Shu e Su Wen: “O bom médico deve saber conservar o Qi” e
“deve-se saber conservar o Qi depois de ele chegar”.

1) Curvar o cabo (Tui Nu):


A agulha fica apoiada sobre a zona onde há sensação. Segura-se firmemente
no cabo da agulha entre o polegar, o indicador e o médio e curva-se a agulha,
(Fig. 32).

Fig. 32 – Curvar o cabo.

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10. Métodos de Tonificação, Dispersão e Harmonização

De cordo com a natureza:

• Em plenitudes e em excessos dispersa-se.


• Em vazios e deficiências tonifica-se.
• Em caso de insuficiência de Qi correcto, tonifica-se.
• Em casos de Plenitude de Qi perverso, dispersa-se.

1) Lento-Rápido (Xu Ji):


Neste método a tonificação e a dispersão dependem da rapidez ou da lentidão
da inserção e retirada da agulha. Para tonificar insere-se lentamente a agulha e
retira-se rapidamente, (Fig.33) e para dispersar, insere-se rapidamente e retira-
se lentamente, (Fig. 34).

Fig. 33 – Tonificar. Fig. 34 – Dispersar.

2) Retirar-Inserir (Ti Cha):


O Nei Jing diz: “puxar a agulha é dispersar, inseri-la é tonificar.” Retirar-inserir
depende do movimento de baixo para cima e de cima para baixo, depois desta
penetrar na pele. Assim, a força e a intenção durante a inserção é a chave para
tonificar ou dispersar. Para tonificar, insere-se a agulha com força. A finalidade
é fazer penetrar o yang Qi. Para dipersar, retira-se a agulha com força com o
fim de atrair a energia perversa para fora, (Fig. 35).

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Fig. 35 – Retirar- Inserir.

3) Penetrar-retirar 3 x (Jin Tui):


A profundidade do ponto é dividida em 3 etapas iguais, Céu, Homem, Terra.
Para tonificar deve-se penetrar a agulha em 3 etapas e retirá-la de uma vez só,
(Fig. 36). Para dispersar, insere-se de uma só vez e retira-se em 3 etapas, (Fig.
37).

Fig. 36 – Tonificar. Fig. 37 – Dispersar.

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4) Ir-Contra-Seguir (Ying Sui):


“Se o médico puntura no sentido do curso do meridiano, reforça a energia, e é
uma tonificação. Se puntura em contracorrente, enfraquece a energia, e é uma
dipersão. Para tonificar, a agulha é inserida obliquamente no sentido da
circulação do Qi. Para dispersar, a agulha é inserida obliquamente no sentido
contrário, (Fig. 38).

Fig. 38 – Ir-Contra-Seguir.

5) Rotação (Nian Zhuan):


(Nian) significa girar a agulha sobre o seu eixo 45º-90º no sentido horário para
tonificar. (Zhuan) significa girar a agulha 180º até 360º, girando no sentido anti-
horário para dispersar. A rotação centrípeta é tonificante, a centrífuga é
dispersante.

6) Respiração (Hu Xi):


Su Wen (cap. 62) diz: “para tonificar um vazio, insere-se a agulha no momento
da expiração e remove-se rapidamente na altura de uma inspiração. Para
dispersar uma plenitude, insere-se a agulha onde o Qi existe em abundância e
remove-se no momento da expiração”. Assim, a dispersão ou a tonificação são
feitas no momento em que o paciente expira ou inpira, (Fig. 39 e Fig. 40).

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Fig. 39 – Em tonificação. Fig. 40 – Em dispersão.

7) Abrir-Fechar (Kai He):


Tonificação: Retirar a agulha rapidamente até ao nível céu, fazer uma pausa,
retirar e massajar o ponto. Dispersar: Retirar a agulha lentamente com um
movimento de balanço ou espiral para aumentar o orifício de saída. Uma vez
extraída a agulha não mexer mais no ponto, (Fig. 41).

Fig. 41 – Abrir-Fechar.

8) Nove-Seis (Jiu Liu):


Tonificação: Fazer a rotação 9 vezes no sentido dos ponteiros do relógio.
Dispersar: Fazer a rotação 6 vezes no sentido contrário ao dos ponteiros do
relógio. Estabelece uma relação entre o yin e os números pares e o yang e os
números impares, (Fig. 42).

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Fig. 42 – Nove-Seis.

9) Deixar a agulha num ponto (Liu Zhen):


Após 20 minutos no ponto, a agulha começa a dispersar o Qi. Até 15 a 20 min,
não dispersa, tonifica.

10) Harmonização: Dispersão e Tonificação iguais (Ping Bu Ping Xie):


As manipulações são feitas de modo a que haja um equilibrio entre as técnicas
de dispersão e harmonização. Depois de se ter inserido a agulha, deve-se
efetuar movimentos de Puxar - inserir e / ou movimentos de rotação.
Entretanto a amplitude da rotação deve ser mediana e a força exercida no
Puxar – inserir deve ser igual na subida e na descida da agulha. Este método é
usado principalmente no casos em que o Vazio e a Plenitude não são muito
evidentes, ou mesmo em certas afecções que comportam, ao mesmo tempo,
sinais de vazio e de plenitude, (Fig. 43).

Fig. 43 – Puxar-Inserir.

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Bibliografia

Yan, Liu. Diagrams of Acupuncture – Manipulations. Shanghai Scientific & Technical


Publishers. 2003.

Zhao Jingsheng - Chinese Acupuncture and Moxibustion. Publishing House of Shanghai


University of Traditional Chinese Medicine. 2002.

B. Auterroche / M. Auterroche - Guia Prático de Acupunctura e Moxabustão. São


Paulo, Organização Andrei Editora Ltda. 1996.

Yan, Jie - Skills With Ilustrations of Chinese Acupuncture and Moxibustion. Huan
Science & Technology Press. 1991.

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