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Anestesia Pediatrica PDF
Anestesia Pediatrica PDF
Pediátrica
© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda.
ANESTESIOLOGIA,
REANIMAÇÃO E Outros livros
TERAPIA INTENSIVA de interesse
Almeida – Bloqueadores Neuromusculares em Terapia Intensiva Jatene – Medicina, Saúde e Sociedade
Almiro – Anestesia Regional Intravenosa – Nova Alternativa para Anestesia Regional Knobel – Condutas no Paciente Grave 3a ed. (Vol. I com CD e Vol. II)
Almiro – Dessangramento e Garroteamento dos Membros Inferiores – Suas Aplicações em Cirurgia Knobel – Memórias Agudas e Crônicas de uma UTI
Segmentar e Ortopédica Lopes – Clínica Médica – Equilíbrio Ácido-base e Distúrbio Hidroeletrolítico 2a ed.
Alves – Dicionário Médico Ilustrado Inglês-Português Lopes Guimarães – Parada Cardiorrespiratória
AMIB (Ass. Med. Int. Bras.) – Série Clínicas Brasileiras de Medicina Intensiva de Adultos e Pediátrica Lottenberg – A Saúde Brasileira Pode Dar Certo
Vol. 2 Gomes do Amaral – Sedação, Analgesia e Bloqueio Neuromuscular em UTI Mantovani – Suporte Básico e Avançado de Vida no Trauma
Vol. 4 Timerman – Ressuscitação Cardiopulmonar Marcopito Santos – Um Guia para o Leitor de Artigos Científicos na Área da Saúde
Vol. 5 Terzi – Monitorização Respiratória em UTI Marlus – Hipnose na Prática Clínica
Vol. 14 Terzi – Monitorização Hemodinâmica em UTI (Vol. 1) Básico Massafuni Yamashita – Anestesia em Obstetrícia
Vol. 15 Terzi – Monitorização Hemodinâmica em UTI (Vol. 1I) Avançado Moraes Passos – Hipnose – Aspectos Atuais
Vol. 16 Terzi – Equilíbrio Hidroeletrolítico e Reposição Volêmica em UTI Morales – Terapias Avançadas – Células Tronco
AMIB/Cruz – Neurointensivismo Negreiros – Manual de Anestesia em Obstetrícia – Teoria, Prática, Ilustrações, Questões Comentadas
APM-SUS – O Que Você Precisa Saber sobre o Sistema Único de Saúde e Referências
APM-SUS – Por Dentro do SUS Lopes Palandrini – Doença Coronária
Bonaccorsi – Disfunção Sexual Masculina – Tudo o Que Você Precisa Saber Nitrini – A Neurologia Que Todo Médico Deve Saber 2a ed.
Bonassa e Carvalho – Atualização em Ventilação Pulmonar Mecânica Nocite – Anestesiologia – Revisão e Atualização de Conhecimentos
Brandão Neto – Prescrição de Medicamentos em Enfermaria Novais – Como Ter Sucesso na Profissão Médica – Manual de Sobrevivência 3a ed.
Canetti e Santos – Manual de Socorro de Emergência OMS – (Organização Mundial de Saúde) – Alívio da Dor do Câncer
Cangiani – Anestesia Ambulatorial Pena Guimarães – Ressuscitação Cardiopulmonar
Carvalho – Ventilação Mecânica (Vol. 1) Básico Perrotti-Garcia – Curso de Inglês Médico
Carvalho e Barbosa – Ventilação não Invasiva em Neonatologia e Pediatria – Série Terapia Intensiva Perrotti-Garcia – Dicionário Português-Inglês de Termos Médicos
Pediátrica e Neonatal (Vol. 1) Perrotti-Garcia – Grande Dicionário Ilustrado Inglês-Português de Termos Odontológicos e de
Carvalho e Jiménez – Ventilación Pulmonar Mecánica en Pediatria (edição em espanhol) Especialidades Médicas
Carvalho, Proença e Hirschheimer – Ventilação Pulmonar Mecânica em Neonatologia e Pediatria 2a ed. Protásio da Luz – Nem Só de Ciência se Faz a Cura 2a ed.
Carvalho, Troster e Bousso – Algoritmos em Terapia Intensiva Pediátrica, Neurologia e Emergências Rocha e Silva – Série Fisiopatologia Clínica
Pediátricas Vol. 3 Carvalho – Fisiopatologia Respiratória
Costa Auler – Manual Teórico de Anestesiologia para o Aluno de Graduação Rotellar – ABC das Alterações do Balanço Hidroeletrolítico e Ácido-Base – Texto Ilustrado com
Costa Auler – Monitorização da Mecânica Respiratória Cartoons para os Estudantes de Medicina, Enfermagem e Nutrição
Costa Orlando – AMIB Russel – Pressão Venosa Central na Prática Médica
Costa Orlando – UTI: Muito Além da Técnica SAESP (Soc. Anest. Est. SP)
Decourt – A Didática Humanista de um Professor de Medicina TSA – Curso de Atualização/92
Delfino – Controvérsias em Anestesiologia Anestesiologia 93/94
Delfino – Anestesia Peridural – Atualização e Perspectiva Anestesiologia 96
Dias Rego – Reanimação Neonatal Anestesiologia 2000/2001
Drummond – Dor – O Que Todo Médico Deve Saber SAESP – Anestesia para Pacientes com Obesidade Mórbida (Vol. 10)
Drummond – Dor Aguda – Fisiopatologia, Clínica e Terapêutica SAESP – Tratado de Anestesiologia (2 Vols.)
Drummond – Medicina Baseada em Evidências 2a ed. Segre – A Questão Ética e a Saúde Humana
Feldman – Princípios de Ressuscitação Soc. Bras. Clínica Médica – Série Clínica Médica Ciência e Arte
Figueiró – Dor e Saúde Mental Lopes – Equilíbrio Ácido-base e Hidroeletrolítico 2a ed. revista e atualizada
Figueiró e Bertuol – Depressão em Medicina Interna e em Outras Condições SPSP Souza – Atualizações em Terapia Intensiva Pediátria
Médicas – Depressões Secundárias Timerman – ABC da RCP – Salvando Vidas
Fortuna – O Pós-Operatório Imediato em Cirurgia Cardíaca – Guia para Intensivistas, Timerman – Desfibrilação Precoce – Reforçando a Corrente de Sobrevivência
Anestesiologistas e Enfermagem Especializada Vilela Ferraz – Dicionário de Ciências Biológicas e Biomédicas
Galvão – O Choque – Etiofisiopatogenia, Clínica e Terapêutica Vincent – Internet – Guia para Profissionais da Saúde 2a ed.
Goldenberg – Coluna: Ponto e Vírgula 7a ed. Walter Tavares – Antibióticos e Quimioterápicos para o Clínico (Livro Texto e Livro Tabelas)
Gomes do Amaral – Medicina Intensiva para Graduação – UNIFESP/EPM Xenon – Xenon 2008 – O Livro de Concursos Médicos (2 vols.)
Gomide do Amaral e Costa Auler – Assistência Ventilatória Mecânica Yamashita – Anestesia em Obstetrícia
Gottschal – Do Mito ao Pensamento Científico 2a ed. Zago Covas – Células-Tronco
Hospital Israelita Albert Einstein – Protocolos de Conduta do Hospital Israelita Albert Einstein
Ivan Lemos – Dor Crônica – Diagnóstico, Pesquisa e Tratamento
Anestesia pediátrica / Editores José Otávio Costa Auler Junior, Suzana Barbosa de
Miranda Teruya, Rosana dos Santos Machado Jacob, Emília Aparecida Valinetti.
– São Paulo: Atheneu, 2008.
556 p. ; 21 x 28 cm
ISBN 978-85-7379-989-7
Vários colaboradores
1. Pediatria. 2. Anestesiologia. I. Auler Junior, José Otávio Costa (ed.). II. Teruya,
Suzana Barbosa de Miranda (ed.). III. Jacob, Rosana dos Santos Machado
(ed.). IV. Valinetti, Emília Aparecida (ed.). V. Título.
CDD 618.9296
Adilson Hamaji
Médico Anestesiologista e Supervisor de Anestesia do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HC-FMUSP).
Coordenador do Núcleo de Bloqueios da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP).
Membro do Comitê de Subespecialidade de Bloqueio Regional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).
Armando Fortuna
Livre-docente em Anestesiologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos (FCM-Santos).
Ex-professor Titular de Anestesiologia da FCM-Santos.
Ex-chefe do Centro de Ensino e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET-SBA) do Hospital
da Beneficência Portuguesa de Santos.
Bacharel em Direito pela Faculdade Católica de Santos.
Charlize Kessin
Médica Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP) e do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (IC-HC-FMUSP).
Eliana Laurenti
Médica Anestesiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda.
Fernando Antoniali
Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
Hiroshi Ohira
Médico Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP) e do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Marcelo de Carvalho
Médico Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP).
Farmacêutico.
Mestre em Farmacologia pela Universidade de Campinas (Unicamp).
Massako Ishimura
Médica Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP).
Roberto Guarniero
Livre-docente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Chefe da Disciplina de Ortopedia Pediátrica do HC-FMUSP.
Wagner Kuriki
Médico Assistente da Equipe Médica de Anestesia do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT–HC-FMUSP).
Anestesiologista da Disciplina de Anestesiologia do HC-FMUSP.
A anestesia, e particularmente a anestesia pediátrica, apresentou grandes progressos nas últimas décadas,
podendo-se mesmo dizer que houve um divisor de águas na anestesia da criança.
O advento de novos agentes anestésicos, novos dispositivos para o manuseio da via aérea difícil,
incluindo a ventilação monopulmonar e equipamentos, que permitem a ventilação mecânica com
segurança no centro cirúrgico, foram fundamentais para o desenvolvimento da especialidade.
Paralelamente, o anestesiologista pediátrico acompanhou essa evolução aprofundando
seus conhecimentos técnico-científicos, que permitiram o manuseio com segurança
de crianças de diferentes graus de complexidade e gravidade.
A disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo alcança mais
um êxito na produção deste livro-texto dirigido aos anestesiologistas pediátricos e àqueles que pela arte
se empenham em realizar o melhor. Isto só foi possível pela dedicação desprendida dos colaboradores na
elaboração dos capítulos que compõem este livro.
Finalmente o sonho da equipe de anestesiologistas pediátricos do Instituto da Criança
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo tornou-se realidade.
Este sucesso, entretanto, deve ser compartilhado com vários outros especialistas que se empenharam
na construção desta obra.
Parabéns a todos os colaboradores e idealizadores que permitiram que essa publicação se tornasse possível; com
certeza o universo dos anestesiologistas ganhará mais um produto científico de grande valia.
4 Pré-anestésico em Pediatria, 35
Suzana Barbosa de Miranda Teruya
7 Coagulação e Hemocomponentes, 87
Carlos Roberto Jorge
André Luís Albiero
8 Agentes Inalatórios, 97
Miriam Nóbrega Rodrigues Pereira
Princípios
da anestesia
pediátrica
Muitos cirurgiões pediátricos consideram o fa- niente de Nova York, aguardava oportunidade para
tídico episódio ocorrido no porto de Halifax, na seguir para Bordeaux, na França. Durante a 1a
Nova Escócia, o marco histórico que deu origem Guerra Mundial, o porto de Halifax tinha posição
à especialidade da Cirurgia Pediátrica. Vale a pena estratégica para reforço de guerra, pois nele passa-
discorrer sobre esse evento, embora, como foi vam tropas, armamentos e grande quantidade de
posteriormente comprovado, o referido episódio material bélico provenientes dos Estados Unidos
apenas tenha permitido mostrar ao mundo, com com destino à Europa.
bastante dramaticidade, uma nova especialidade O navio francês, que desenvolvia pequena ve-
que estava nascendo no coração do seu mais im- locidade de navegação, estava à espera de um
portante protagonista, o Dr. William Ladd, jovem comboio de apoio para atravessar com seguran-
cirurgião de Boston. ça o Atlântico Norte. O S.S. Mont Blanc estava
No dia 6 de dezembro de 1917, ainda no curso carregado com 200 toneladas de TNT, 2.300 to-
da 1a Guerra Mundial, ocorreu um terrível aciden- neladas de ácido pícrico e 3,5 toneladas de ben-
te no porto de Halifax que vitimou milhares de zol, combustível de alta octanagem. Em tempo de
pessoas. Nesse dia, duas embarcações colidiram, paz, jamais teria sido permitida a ancoragem, em
um navio francês – o S.S. Mont Blanc – e o navio qualquer porto, de navio com carga tão perigosa.
S.S. Imo, de bandeira norueguesa. O S.S. Mont O S.S. Imo, que fazia escala técnica em Halifax,
Blanc, ancorado no porto de Halifax e transpor- era proveniente da Holanda e tinha como destino
tando pesada carga de munição, foi abalroado pelo final o porto de Nova York, onde deveria receber
o S.S. Imo, o que desencadeou uma catástrofe de suprimentos para serem transportados para a Euro-
enormes proporções. O S.S. Mont Blanc, prove- pa. Esse navio, em manobra até hoje desconhecida,
4 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a C i r u r g i a P e d i á t r i c a 5
6 An e s t e s ia Pe diátrica
Armando Fortuna
Valéria Baraldi Melhado
8 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a A n e s t e s i a P e d i á t r i c a 9
10 An e s t e s ia Pe diátrica
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34 An e s t e s ia Pe diátrica
Encontrando a família e
diminuindo sua ansiedade
A ansiedade e o medo exagerados estão freqüen-
temente associados a uma indução anestésica agita-
da e prolongada1. Fig. 4.1 – Indução anestésica inalatória.
35
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Vasoconstrição
Vasodilatação ativa
Termogênese sem tremor Sudorese
Tremor
33 35 37 39 41
Fig. 5.1 – Limiares termorreguladores em lactentes e crianças em estado de vigília. O eixo das ordenadas representa a intensidade máxima
das respostas efetoras. Adaptado de Bissonette70.
Vasoconstrição
recém-nascidos
Crianças
Vasodilatação ativa
Termogênese sem tremor
Tremor > 6 anos Sudorese
33 35 37 39 41
Fig. 5.2 – Limiares termorreguladores em lactentes e crianças sob anestesia. O eixo das ordenadas representa a intensidade máxima das
respostas efetoras. Adaptado de Bissonette70.
A resposta inicial ao frio é a vasoconstrição e que se liga aos receptores alfa-1 adrenérgicos.
cutânea. O fluxo sangüíneo digital total pode ser Embora o controle seja de origem central, o tô-
dividido em nutricional (capilar) e termorregula- nus vascular é modulado pela temperatura local.
dor (conexões arteriovenosas). A exposição ao frio Os receptores são sensibilizados pelo esfriamento
quase não altera o fluxo capilar, enquanto o das co- local e inibidos em temperaturas maiores ou iguais
nexões arteriovenosas das mãos, pés, lábios, nariz, a 37ºC70,120.
orelhas etc. diminui em até 100 vezes128. O tremor, atividade muscular involuntária que
O fluxo para curto-circuitos arteriovenosos é aumenta a produção metabólica de calor e o con-
mediado primariamente pela norepinefrina libe- sumo de oxigênio, somente ocorre após o desenca-
rada pelas terminações adrenérgicas pré-sinápticas deamento da vasoconstrição máxima, da termogê-
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70 An e s t e s ia Pe diátrica
71
Água em % ACT
em torno de 0,88, criando a assim chamada pressão 60 SNC
coloidosmótica intravascular, onde a albumina é o
50
maior contribuinte, em torno de 80%. A presença Pele
40
de uma membrana celular pressupõe a existência subcutânea
de dois compartimentos líquidos. Assim, as célu- 30
las estão suspensas, sustentadas e individualizadas 20
Músculo
pelo fluido extracelular. As interfaces extracelular e 10
celular estão em equilíbrio osmótico e elétrico. O
equilíbrio elétrico é mantido pela bomba de sódio-
10
potássio, que permite ao potássio ser o principal
% Gordura
20 Neonato
cátion intracelular e ao sódio predominar no espa- Adulto
ço extracelular9. 30
90 Água total
Líquido extracelular Água extracelular
80 Água intracelular
O compartimento líquido extracelular é funcio- 70
nalmente constituído pelos volumes intravascular
% peso corpóreo
60
(volume plasmático ou sangüíneo) e intersticial
50
(extravascular), que são anatomicamente separados
pelo endotélio capilar. O sódio e outros ânions são 40
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74 An e s t e s ia Pe diátrica
3.000
Gasto estimado total 2.000
com atividade normal Atividade normal
2.500 2.600 Holliday e Segar,
2.300 1957
2.100
2.000 1.500 Necessidade energética para
Necessidade computada
Quilocalorias/dia
1.000 1.000
Ritmo metabólico basal BMR durante anestesia com
halotano
500 500
0
10 20 30 40 50 60 70 0
Peso (kg) 0 10 20 30
Peso corpóreo/kg
As linhas superior e inferior foram extraídas do estudo de Fig. 6.5 – Consumo de energia diária de acordo com o peso cor-
Talbot. Pesos no percentil 50 foram selecionados para converter póreo em crianças em atividade normal, em regime de internação
calorias em várias idades para as calorias relacionadas ao peso. hospitalar e em crianças anestesiadas.
A linha computada foi derivada das seguintes equações:
1. 0-10 kg: 100 kcal/kg
2. 10-20 kg: 1.000 kcal/kg + 50 kcal/seg para cada kg acima a 12% para cada grau acima de 37ºC, o volume
de 10 kg necessário para repor o consumo de energia com
3. Acima de 20 kg: 1.500 Kcal + 20 kcal/kg para cada kg a manutenção do metabolismo em repouso estão
acima de 20 kg
descritas nas Tabelas 6.2 e 6.3. É importante sa-
Fig. 6.4 – Gasto energético com o metabolismo basal em crianças lientar que esse volume não repõe as perdas pré-
com atividade normal e em crianças internadas no hospital16. operatórias, as perdas de translocação de líquido
(denominado 3o espaço) e as perdas transoperató-
Como 100 ml de água são normalmente perdi- rias (porte cirúrgico e sangüínea), de maneira que
dos para cada 100 kcal gastos e a presença de febre o volume para essas correções deve ser calculado e
aumenta o consumo energético em torno de 10% reposto adicionalmente.
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Solução Glicose (g/l) Sódio (mEq/l) Potássio Cálcio (mEq/l) Lactato Cloro (mEq/l) Osmolari-
(mEq/l) (mEq/l) dade (mOsm/l)
SG 5% 50 – – – – – 253
lactato infundido sofre metabolização via gliconeo- Tabela 6.6– Esquema reposiçãp hidroeletrolítica
gênese, produzindo glicose. O restante (30%) desse per-operatória24, 25
lactato se transforma, por oxidação, em bicarbona- Solução SRL SRL
to de sódio. Portanto, a solução de Ringer lactato
Idade ≤ 3 anos ≥ 4 anos
pode ser considerada uma fonte de glicose e bicar-
bonato a partir do seu metabolismo, sendo benéfica 1 hora
a
25 ml/kg 15 ml/kg
a sua infusão em pacientes nos quais se sabe com Horas seguintes Holliday e Segar+ reposição de acordo
antecedência que irão desenvolver acidose metabó- porte trauma
lica28. A infusão de solução, como Ringer lactato, é Trauma leve Holliday e Segar + 2 ml/kg/h
vantajosa em procedimentos de grande porte, como Trauma moderado Holliday e Segar + 4 ml/kg/h
transplante hepático (Tx hepático), por exemplo,
Trauma severo Holliday e Segar + 6 ml/kg/h
pois antecipa o tratamento da acidose metabólica
que ocorre após a reperfusão do enxerto. E se por Adaptado de Berry 24,25
.
algum infortúnio esse enxerto apresentar disfunção
primária, o lactato presente na solução do Ringer O autor lembra que a reposição de perdas san-
não será mais deletério do que as outras drogas ou güíneas com cristalóides deve obedecer a proporção
agentes anestésicos que estão sendo utilizadas du- de 3:1, como a sugerida para trauma pelo PALS
rante o procedimento*. A reposição da volemia – Pediatric Advanced Life Support (Atendimento
com solução contendo potássio, como o Ringer ou Suporte Vida em Pediatria).
Ringer lactato, está contra-indicada em pacientes
portadores de insuficiência renal crônica. E, nessa Colóides
situação, a alternativa é a utilização de solução fi-
siológica 0,9%, que não contém potássio em sua Existe muita controvérsia sobre a superioridade dos
composição química. colóides, como albumina, colóides derivado do ami-
Berry25, em 1997, propõe um esquema útil du- do e gelatina modificada e de baixo peso molecular
rante a primeira hora do procedimento cirúrgico em relação à reposição de volume com cristalóides26.
visando atenuar a liberação de HAD e, nas horas Uma meta-análise29 publicada em 1989 compa-
subseqüentes, a reposição é realizada de acordo com rou a mortalidade observada pelos autores e con-
Holliday e Segar16, acrescida da reposição de acor- cluiu que a reposição com cristalóide é a melhor
do com o porte e perdas cirúrgicas (Tabela 6.6). escolha para trauma e ressuscitação, enquanto para
∗
Gregory B. Hammer, 2002, em comunicação pessoal por e-mail. Ph.D., MD. Pediatric Anesthesia/Critical Care-Stanford
University Medical Center, Stanford, Califórnia, Estados Unidos.
78 An e s t e s ia Pe diátrica
*GFM (não contém potássio na composição); Dextran 40 (10%) e **Dextran 40 (3,5%) em glicose; HES 6% (diferente peso molecular/dife-
rente grau de substituição molecular). Adaptado de Pediatric Anesthesia23.
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88 An e s t e s ia Pe diátrica
F-X F-VII
IXa Intrínseca Extrínseca
Fator tecido
F-VIIIc Ca2+
Ca2+
FP3
Complexo
Complexo
F-Xa
Proteína C V
FP3
Ca2+ Trombina
Fibrinogênio Fibrina
Efeito inibidor
Hb/HT. Um hemograma completo é sempre de- aberto e cirurgias ortopédicas que requerem aplica-
sejável, porque, diante da presença de anemia, já se ção de torniquete por períodos prolongados.
pode saber, antes de transfundir, seu padrão (hipo- Em virtude da alta osmolaridade dos contrastes,
micro, normonormo ou macrocítica) e sua relação a angiografia requer uma diluição maior da Hb S,
com alterações em outros elementos figurados do para menos de 20%.
sangue. Caso seja encontrada alguma anormalidade na
O teste de falcização é um teste fácil e rápido história, no exame físico ou nos testes de triagem,
que pode indicar a presença de hemoglobina S. Em a cirurgia deve ser adiada até que seja esclarecido o
caso de teste positivo, a eletroforese de hemoglobi- problema e a melhor conduta seja adotada.
na é altamente recomendável para se ter uma no- Para os anestesiologistas pediátricos é interessan-
ção da porcentagem em que se encontra presente. te o conhecimento da composição das soluções em-
Nesses casos, cuidados devem ser redobrados: evi- pregadas na anticoagulação e conservação do san-
tar hipoxemia, desidratação, acidose e hipotermia. gue/hemocomponentes5. As soluções ACD e CPD
Para anestesia geral4 prolongada, transfusão prévia estão atualmente em desuso, restando somente um
de hemácias é recomendada. Tal recomendação pouco de controvérsia sobre a segurança do uso das
inclui tonsilectomia/adenoidectomia. Não é neces- soluções aditivas para transfusões maciças e exsan-
sário para miringotomia e procedimentos odonto- güineotransfusão em Pediatria (Tabela 7.2).
lógicos. O nível sérico de Hb pré-operatório reco- Como qualquer outra medida terapêutica, a
mendado para essas crianças é entre 10 e 13 g/dl, prescrição de uma transfusão envolve riscos e bene-
com não mais que 30% a 40% de hemoglobina S. fícios que devem ser considerados com muita cau-
Os portadores de traço falciforme requerem tela, sempre priorizando a clínica da criança, com o
tais cuidados adicionais em cirurgia cardíaca a céu auxílio de exames laboratoriais complementares.
C oa g ul a çã o e H e m o c o mp o n e n t e s 89
A atividade metabólica das hemácias continua 2,3-DPG (% do inicial) 100% < 10%
mesmo à temperatura de 4 ± 2°C, e a dextrose K+ plasmático (mmoI/l) 4,2 78,5
serve-lhes como fonte de energia. O tampão áci-
Hb plasmático (mg/l) 82 658
do cítrico/citrato bloqueia a cascata de coagulação,
quelando o íon cálcio. O excesso de fosfato e ade- Adaptado de Vengelen Tyler5
nina procura garantir os substratos necessários ao As indicações de sangue total (ST) são muito
metabolismo das hemácias. limitadas atualmente, restringindo-se a choque
As hemácias armazenadas sofrem alterações bio- hipovolêmico e exsangüineotransfusão. Mesmo as-
químicas chamadas de lesões de estocagem (Tabela sim, o ST pode ser substituído pela composição
7.3). As lesões de estocagem, que raramente têm sig- de concentrado de hemácias (CH)(Tabela 7.4) e
nificado clínico em adultos, podem trazer algumas plasma fresco congelado (PFC).
implicações em crianças. O excesso de K+ presente A maioria das experiências cirúrgicas sob ane-
nas unidades estocadas por longo período, que cos- mia grave ocorreu em testemunhas de Jeová. Assim,
tumava ser uma das maiores preocupações anos atrás, constatou-se que o transporte deficiente de oxigê-
nio afetou a mortalidade perioperatória7. Confor-
tem-se mostrado cada vez mais improcedente pelo
me dados do Congresso de Anestesiologia em San
fato de mesmo as quantidades mais elevadas serem
Diego, realizado em 1997, uma criança classificada
bem inferiores às necessidades diárias das crianças. como ASA-1 com Hb < 6,0 g/dl provavelmente re-
A transfusão de componentes eritrocitários é o ceberá transfusão. Esta raramente estará justificada
recurso mais freqüentemente utilizado para oferecer se a Hb ≥ 10,0 g/dl.
oxigênio aos tecidos6. O 2,3-DPG (difosfo-glicerato) O volume a ser transfundido varia de 10 a 20
é o metabólito responsável pela curva normal de dis- ml/kg de peso, conforme a solução anticoagulante/
sociação da oxiemoglobina, e sua presença em quan- conservante utilizada. Como os CH estocados em
tidades normais promove a oferta de O2 para os teci- soluções aditivas têm menos partículas em suspen-
dos. Sua falta, crítica a partir do 5o dia de estocagem, são que os estocados em soluções não-aditivas, re-
faz com que a hemoglobina perca suas propriedades comendam-se volumes maiores dos primeiros para
oxifóricas, prejudicando a hematose e favorecendo a obter rendimentos semelhantes aos dos últimos.
90 An e s t e s ia Pe diátrica
C oa g ul a çã o e H e m o c o mp o n e n t e s 91
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98 An e s t e s ia Pe diátrica
Tabela 8.2 – Farmacologia, solubilidade e concentração alveolar mínima (CAM) de cinco anestésicos inalatórios
Solubilidade
λs/g, adultos 2,4 1,9 1,4 0,66 0,42
λs/g, neonatos 2,1 1,8 1,2 0,66 —
λg/s, adultos 51 — 45 48 27
CAM (%)
Adultos 0,75 1,7 1,2 2,05 7,0
Recém-nascidos 0,87 — 1,60 3,3 9,2
Adaptado de Lerman12.
s/g =sangue/gás; g/s=gordura/sangue
A g entes I na l a t ó r i o s 99
Halotano
3 30
1,0
0,9
Crianças de 1 a 5 anos
0,8 2 20
Metoxiflurano
0,7 Enflurano
Adultos isoflurano
0,6
0,5
1 10
0,4 Halotano 0 20 40 60 80
Idade (anos)
0,3
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
100 An e s t e s ia Pe diátrica
Reproduzido e Eger13.
A g entes I na l a t ó r i o s 101
102 An e s t e s ia Pe diátrica
Adaptado de Taylor et al. , Gregory et al. , Lerman et al. , Cameron et al. , e Inomata et al. .
23 27 28 29 30
A g entes I na l a t ó r i o s 103
0.7
2.0 0.6
.3 .5 1 3 5 10 30 50 100
1.8 Idade – anos
CAM (% Isoflurano)
32-37 semanas
1.4
de gestação CAM do sevoflurano
< 32 semanas
de gestação
Estudos prévios em crianças mostraram que a
1.2
CAM do halotano, isoflurano e desflurano aumen-
ta quando a idade diminui, alcançando um valor
1.0
0.5 1.0 5 10 50 100 máximo nos lactentes (1 a 6 meses de idade) e di-
Idade pós-conceptual (anos)
minui nos recém-nascidos. No estudo de Lerman
Fig. 8.4 – Efeito da idade sobre a concentração alveolar mínima do et al.36, a CAM dos sevoflurano foi semelhante em
isoflurano. A CAM aumenta quando a idade diminui, alcançando o recém-nascidos (3,3 ± 0,2%) e em lactentes de 1 a
valor máximo em lactentes de 1 a 6 meses de idade e reduzindo 6 meses de idade (3,2 ± 0,1%). A CAM em crianças
a partir daí quando a idade diminui até 24 semanas de gestação.
A idade pós-conceptual é a soma da idade gestacional e a idade mais velhas (6 a 12 meses) e crianças de 12 meses
pós-nascimento. a 12 anos foi constante, 2,5% (Fig. 8.6). Katoh et
104 An e s t e s ia Pe diátrica
A g entes I na l a t ó r i o s 105
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114 An e s t e s ia Pe diátrica
116 An e s t e s ia Pe diátrica
dea, transdérmica, transmucosa e oral. Por esta úl- Convulsões Suspensão do opióide
Benzodiazepínicos
tima são empregados alguns opióides, como a oxi- Controle da via aérea
codona, a codeína, a metadona e mesmo a morfi-
na. A via oral, entretanto, tem desvantagens como Os pacientes com maior risco de efeitos adver-
demora no tempo de ação e necessidade de doses sos de opióides são:
mais elevadas. Apesar de disponíveis para uso oral, • crianças menores de 6 meses e prematuras;
118 An e s t e s ia Pe diátrica
120 An e s t e s ia Pe diátrica
121
122 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 123
Fig 10.2 – Utilizando a succinilcolina como relaxante muscular, as quatro respostas do TOF têm a mesma altura.
Prematuros com menos de 32 semanas apresen- A capacidade de elevar as duas pernas da mesa
tam valores de TOF menores que recém-nascidos, nos lactentes é comparável à capacidade de man-
mais maduros em crianças com menos de 1 mês de ter a cabeça elevada, que no adulto corresponde a
idade e altura da quarta resposta do TOF é cerca de T4/T1 0,8. A dificuldade de deglutição desaparece
95% mesmo na ausência de BNM. Essas diferen- com T4/T1 0,9.
ças de valores no primeiro mês de vida indicam a O TOF tem como vantagem não necessitar de
maturação da função neuromuscular. valores pré-bloqueio e diferencia o tipo de blo-
A grande utilidade do TOF é guiar a dosagem queio. Não é doloroso.
do relaxante muscular no intra-operatório. E no fi- Quando utilizamos a succinilcolina como rela-
nal da cirurgia, se o bloqueio está muito intenso e xante muscular, as quatro respostas do TOF têm a
difícil de ser antagonizado. mesma altura, ao contrário do bloqueio não-des-
O grau de relaxamento muscular determina a polarizante. O TOF é a monitorização mais utili-
altura da resposta do segundo, terceiro e quarto es- zada, tendo como vantagem não necessitar de va-
lores pré-bloqueio, uma vez que utiliza a primeira
tímulos da seqüência de quatro estímulos. O grau
resposta para comparar com as demais.
de bloqueio é determinado entre a amplitude da
quarta e da primeira resposta da seqüência T4/T1.
Estimulação tetânica
A ausência de qualquer resposta significa blo-
queio total. A presença de apenas uma contração Estimulação tetânica é a estimulação seriada de alta
muscular significa 90% de bloqueio; de duas, 80% freqüência que determina ativação repetida do nervo
de bloqueio; e de três, 75% de bloqueio. e produção de vários potenciais de ação no músculo.
124 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 125
MÚSCULO SENSIBILIDADE
Cordas vocais Mais resistentes
Diafragma
Orbicular
Retos abdominais
Masseter
Faringeal
Extraoculares Mais sensíveis
Fig 10.6 – Os diversos grupos musculares apresentam sensibilidade
Fig 10.4 – Estimulação do nervo tibial posterior. diferente e quanto à ação dos relaxantes musculares.
126 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 127
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R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 133
Tabela 10.1 – DE95 doses de relaxante muscular durante anestesia com opióide e óxido nitroso em neonato, crianças e adultos
Cisatracúrio - 55 48
Doxacúrio 25 ± 7 53 ± 10 41 ± 8
Pancurônio 66 ± 11 96 ± 19 67
Pipecurônio 48 ± 11 75 ± 30 59 ± 17
Vecurônio 47 ± 10 81 ± 12 43
134 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 135
136 An e s t e s ia Pe diátrica
introdução
O controle da via aérea, na população pediátri-
ca, é procedimento amplamente utilizado durante
o ato anestésico. O surgimento de dispositivos e
métodos para esse controle, de maneira geral, deri-
va-se daqueles aplicados em pacientes adultos, com
variedade crescente desses aparatos. No mesmo sen-
tido, a ventilação mecânica em anestesia pediátrica
se desenvolve e merece, gradativamente, atenção
cada vez maior para sua correta e segura aplicação Fig. 11.1 – Comparação de máscara com amortecimento (esquer-
na prática clínica. Este capítulo objetiva revisar os da) e máscara de Rendell-Baker-Soucek (direita). O menor espaço
dispositivos para controle da via aérea e utilização morto da máscara de Rendell-Baker-Soucek é uma vantagem para
lactentes e crianças pequenas que estão em respiração espontâ-
de ventilação mecânica na anestesia pediátrica. nea, enquanto uma melhor vedação é obtida com a máscara com
amortecimento. Durante a indução inalatória da anestesia, o melhor
Máscaras Faciais Pediátricas ajuste tem prioridade maior que o tamanho do espaço morto. Além
disso, máscaras com amortecimento são as mais freqüentemente
Os dois tipos mais comuns de máscaras faciais utilizadas para a indução da anestesia.
137
CÂNULA OROFARÍNGEA
Os dispositivos de cânula orofaríngea são utili-
zados para manter a permeabilidade da via aérea ou
prevenir a oclusão do tubo endotraqueal devido à Fig. 11.2 – Via aérea oral de tamanho apropriado mantém espaço
mordedura (Fig. 11.2). Eles são feitos de borracha entre a língua e outras estruturas das vias aéreas.
138 An e s t e s ia Pe diátrica
Fig. 11.3 – (A) A ponta da via aérea oral, que é muito grande, empurra a epiglote para dentro da abertura glótica ou ultrapassa a epiglote e
obstrui a abertura glótica. (B) A ponta de uma via aérea que é muito pequena pode empurrar a língua para trás e causar maior obstrução.
3 90 CÂNULA NASOFARÍNGEA
4 100 A cânula nasofaríngea promove um conduto
5 110 para o fluxo de gás entre a língua e a parede poste-
rior da faringe. A extremidade faríngea posiciona-
se acima da epiglote e abaixo da base da língua.
Com o objetivo de evitar laringoespasmo ou o É uma alternativa para a cânula orofaríngea e é mais
vômito, os reflexos laríngeo e faríngeo devem ser bem tolerada por pacientes despertos e sonolentos
deprimidos antes da inserção de uma das vias aé- (Fig. 11.4). A cânula nasofaríngea está disponível
reas orofaríngeas. Vários métodos de inserção têm nos tamanhos de 12 a 36 (diâmetro interno em
sido descritos. O método “clássico”, que consiste na milímetros). A borda de segurança ou o conector
inserção do dispositivo com a concavidade voltada do tubo inserido na extremidade nasal prevenirá a
para o pólo cefálico, para então realizar a rotação de migração para a nasofaringe. O diâmetro da cânu-
180o após a ponta passar a úvula, deve ser evitado la nasofaríngea deve ser o mesmo, ou até 0,5 mm
em crianças para prevenir trauma da mucosa oral. maior que o tamanho de tubo traqueal apropriado
Quando da utilização da cânula orofaríngea, deve- para a idade da criança. O comprimento adequa-
se tomar cuidado com trauma, queda de dentes ou do para esse dispositivo é estimado pela medida da
pinçamento dos lábios da criança entre o disposi- distância entre a ponta do nariz e o trago da orelha.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 139
TUBOS TRAQUEAIS-PADRÕES
O tubo traqueal (TT) é uma ferramenta essen-
cial para o manejo da via aérea. A compreensão de
seu formato e função é importante para seu uso
seguro.
Os TTs atuais são feitos de cloreto de polivinil
(PVC) e são descartáveis (Fig. 11.5). São numera-
dos de acordo com seu diâmetro interno, diâmetro
externo e comprimento em centímetros. Além dis-
so, são biselados em ± 40° para a esquerda quan-
Fig. 11.4 – Via aérea nasofaríngea de comprimento apropriado se
do vistos com sua curvatura voltada para cima.
extende da região externa da narina até a faringe posterior sem tocar A maioria dos TTs contém uma linha radiopaca
a epiglote ou a abertura glótica. e são concebidos com um orifício em sua parede,
no lado oposto ao biselado, próximo à extremida-
Entretanto, especialmente em casos de dismorfis-
de, com o objetivo de promover via alternativa ao
mo orofacial, o comprimento correto da cânula
fluxo de gás caso a ponta se torne ocluída ou este-
nasofaríngea é aquele que promove bom fluxo de
ja muito inserida na traquéia. O menor TT sem
ar sem estridor.
balonete disponível é o de diâmetro interno de 2
Esse dispositivo é utilizado para: (1) promover mm. O tipo de tubo descrito anteriormente é o
pressão contínua de via aérea no pós-operatório;
(2) manter a patência de via aérea em neonatos e
crianças com apnéia obstrutiva (Pierre-Robin, Trea-
cher-Collins, síndromes de apnéia do sono ou após
cirurgias para correção de fenda palatina, atresia de
coana ou cirurgias palatofaríngeas); e (3) permitir
insuflação de oxigênio e halogenados durante en-
doscopia (por exemplo, intubação com fibroscópio
e cirurgia a laser na laringe)4. Contra-indicações in-
cluem alterações da coagulação, fratura de base do
crânio e doenças do nariz e nasofaringe. A cânula
nasofaríngea pode ser lubrificada com água, anes-
tésico local ou spray de silicone. A inserção deve ser
feita de maneira delicada, através da narina, em di-
Fig. 11.5 – Tubos endotraqueais sem balonete de diversos tama-
reção posterior, perpendicular ao plano coronal ao nhos (à direita, número 2,5; à esquerda, número 7,0; com variação
longo do assoalho da nasofaringe. Durante a inser- de 0,5 entre cada dispositivo).
140 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 141
não apresentasse história de rouquidão e a dura- estar disponíveis antes da indução da anestesia: o
ção da cirurgia tenha sido inferior a duas horas. tamanho obtido pela fórmula, um tamanho maior
A duração da anestesia foi, de fato, estatisticamente e outro menor. A profundidade que o TT deve ser
maior em cinco crianças (4/109 com vazamento e inserido varia com o cumprimento da traquéia (e,
1/50 sem vazamento) que desenvolveram rouqui- conseqüentemente, com a idade da criança). Mui-
dão, sendo necessário tratamento com adrenalina tos TTs sem balonete apresentam uma área ou uma
racêmica (87 ± 15 minutos versus 62 ± 17 minu- linha negra próxima à extremidade traqueal. Geral-
tos no grupo sem ou com leve rouquidão). Entre-
mente, avançando o tubo através das cordas vocais
tanto, como apenas 50 crianças deste estudo não
até esta linha ou ao final da área negra garante que
apresentavam o vazamento, e todas as avaliações
o TT está aproximadamente na metade da traquéia
foram realizadas pelo mesmo anestesiologista, mais
estudos controlados são necessários para confirmar (Fig. 11.6). Entretanto, deve-se tomar cuidado
esses achados. para garantir que o comprimento dessa área negra
seja apropriado para o tamanho da criança antes de
Vários métodos estão disponíveis para ajudar na
seleção do TT apropriado. Contudo, a estimativa usá-lo como referência para a inserção. Por exem-
mais acurada pode geralmente ser obtida utilizan- plo, essa área se prolonga 2,5 cm quando se com-
do-se fórmula baseada na idade8 e resulta nas re- para as sondas Portex Ivory® 4,5 e 6,0. No entanto,
comendações mostradas na Tabela 11.39. Porém, muitas fórmulas estão disponíveis, mas são acura-
essas são meras estimativas que devem ser confir- das somente nas crianças cujas dimensões das vias
madas em cada paciente pelo teste de escape por aéreas não diferem significativamente das outras de
pressão. Na prática, três tamanhos de TT devem mesma idade e tamanho. O comprimento de tubo
Idade + 16
> 2 anos
4
Fig. 11.6 – Detalhe da área negra de tubo endotraqueal infantil.
142 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 143
1 >5 < 4 ml
2 10-20 < 10 ml
3 > 30 < 20 ml
4 Adulto < 30 ml
144 An e s t e s ia Pe diátrica
A B C
Fig 11.8 – A = A máscara laríngea (ML) é inserida com a região que contém o orifício ventilatório voltado para a orofaringe. A ML é, então,
empurrada para a faringe posterior. B = Enquanto a ML é impulsionada para a faringe posterior, deve-se girá-la 180o de maneira que sua
abertura se localize na abertura glótica. C = A ML pode ser usada para ventilação espontânea ou controlada.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 145
C D
Fig 11.9 – A = Após teste e desinsuflação do balonete, a ML é inserida na boca de criança anestesiada com sua abertura voltada para a en-
trada da via aérea. B = A ML é impulsionada com pressão constante para a faringe posterior e guiada com o dedo do anestesiologista. C = A ML
é avançada até a abertura glótica. D = Com a insuflação, o balonete selará a região acima da abertura glótica. A ML será elavada sutilmente
enquanto se acomoda durante a insuflação.
146 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 147
148 An e s t e s ia Pe diátrica
VENTILADOR
Válvula
de
fluxo CIRCUITO RESPIRATÓRIO
Ramo inspiratório
PACIENTE
Válvula
de Rte
exalação Ramo expiratório
Rva
Transdutor
de pressão Pva
Cp
CPU Fluxo
Transdutor
de fluxo Cct
PAINEL
MONITOR DE
CONTROLES
Fig. 11.12 – Representação esquemática de um ventilador conectado ao paciente. A partir dos controles efetuados através do painel de con-
troles e da monitorização realizada pelos transdutores de pressão e fluxo, é realizado o controle das válvulas de fluxo e exalação através do
circuito de controle do ventilador. O ventilador inicia a fase inspiratória abrindo a válvula de fluxo e fechando a válvula de exalação. O paciente
é representado através das vias aéreas, dos pulmões e da caixa torácica. Rte = resistência do tubo endotraqueal; Rva = resistência da via
aérea; Cp = complacência pulmonar; Cct = complacência da caixa torácica.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 149
PINÇA
CAME BOBINA
Articulação
SAÍDA SAÍDA
ENTRADA ENTRADA
CAME
D.
2 4 8 16 32 64
BOBINA l/min l/min l/min l/min l/min l/min
NÚCLEO
ENTRADA
SAÍDA
Fig. 11.13 – Representação esquemática de diversos modelos construtivos de válvula de fluxo: A = Um motor de passo atuando sobre uma
esfera controla a abertura da passagem do fluxo. B = O acionamento da esfera, nesse caso, é realizado por um solenóide proporcional. C =
Um mecanismo tipo pinça, acionado por motor de passo, atua sobre um tubo flexível, controlando a área de passagem do fluxo. D = Uma série
de solenóides, calibrados com fluxos discretos, obedecendo à relação 2n, ao serem acionados (abertos) na combinação apropriada, permitem
ajustar o fluxo requerido. Por exemplo: fluxo 6 l/min = solenóides 2 e 4 l/min acionados; 50l/min = solenóides 2, 16 e 32 l/min acionados.
150 An e s t e s ia Pe diátrica
SOLENÓIDE
CAME ÍMÃ
SAÍDA
Fluxo Fluxo
expiratório expiratório
D. Fluxo
expiratório
TUBO FLEXÍVEL PINÇA
ÍMÃ
BOBINA
Articulação
MOLA
Fig. 11.14 – Representação esquemática de diversos modelos construtivos de válvula de exalação: A = Um motor de passo atuando sobre
um diafragma flexível controla a abertura do ramo expiratório. B = O acionamento do diafragma é realizado por uma bobina eletromagnética.
C = Um solenóide comuta as pressões inspiratória e expiratória, provenientes de válvulas pneumáticas, que atuam sobre o diafragma. D =
Uma bobina eletromagnética aciona um mecanismo do tipo pinça, que controla a área de passagem de um tubo flexível.
A medição do fluxo pode ser realizada em di- o volume deslocado entre os instantes considera-
versos pontos do sistema. Existem ventiladores que dos. A integração do sinal de fluxo pelo micro-
realizam a medida de fluxo na saída da válvula de processador fornece o valor dos volumes inspira-
fluxo (fluxo inspiratório) e/ou na saída da válvula do e exalado.
de exalação (fluxo expiratório). Outros utilizam um A partir dos controles efetuados pelo painel
sensor no paciente, medindo tanto o fluxo inspira- de controles e pela monitorização realizada pelos
tório como expiratório. Os tipos de sensores mais transdutores de pressão e fluxo, é realizado o con-
utilizados para medição do fluxo são pneumota- trole das válvulas de fluxo e exalação pelo circuito
cógrafos, turbinas e anemômetros de fio aquecido de controle do ventilador.
(Fig. 11.15). O paciente é representado por meio das vias
A medida de volume é obtida através do si- aéreas, dos pulmões e da caixa torácica, cujas pro-
nal de fluxo. O fluxo representa a velocidade com priedades mecânicas serão discutidas ao longo des-
que um determinado volume de fluído está sen- te capítulo.
do movimentado. Realizando-se o somatório dos A ventilação mecânica é realizada por meio de
fluxos a cada instante, ou seja, calculando-se a ciclos ventilatórios, apresentando duas fases: ins-
integral do fluxo em relação ao tempo, obtém-se piratória e expiratória. De forma bastante simples,
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 151
∆P Fluxo
R
Fluxo Fluxo Fluxo
Fig. 11.15 – Representação esquemática de diversos tipos de sensores de fluxo: A = Nos pneumotacógrafos, a passagem do fluxo por uma
restrição calibrada ocasiona uma queda de pressão. Essa queda de pressão, proporcional ao fluxo, é medida por um transdutor de pressão
diferencial. Nos pneumotacógrafos tipo Fleisch, que utilizam um arranjo de tubos de pequeno diâmetro em paralelo, a relação entre o fluxo e
a queda de pressão P1-P2 é linear. B = Nos pneumotacógrafos que utilizam uma restrição fixa de maior diâmetro, a relação pressão x fluxo
aumenta com o fluxo e exige a linearização através de algoritmos e/ou circuitos eletrônicos. C = A utilização de uma lâmina flexível, resul-
tando em uma área variável, aumenta a sensibilidade do pneumotacógrafo para baixos fluxos. D = A passagem do gás através de pás fixas
direcionadoras de fluxo causa a rotação das pás rotativas da turbina. A rotação é proporcional ao fluxo e/ou volume deslocado. Os sensores
de turbina apresentam pouca sensibilidade para baixos fluxos, influenciados pelo atrito e inércia, sendo mais utilizados para espirometria. E. A
passagem do fluxo por um fio de platina aquecido promove uma troca de calor. Por meio de um circuito de controle, a corrente elétrica através
do fio é aumentada de forma a manter a temperatura constante. A corrente de realimentação é proporcional ao fluxo.
o ventilador inicia a fase inspiratória abrindo a Os sinais de pressão, fluxo e volume podem ser
válvula de fluxo e fechando a válvula de exalação. representados graficamente, permitindo uma análi-
Nessa fase ocorre o enchimento dos pulmões, se detalhada do funcionamento do ventilador (Fig.
com o ventilador exercendo a pressão necessária 11.16) com um exemplo numérico:
para vencer o atrito nas vias aéreas e expandir os a. fluxo (l/min) x tempo (s): a válvula de fluxo é
pulmões. O final da fase inspiratória irá coincidir aberta no instante 1 seg. – início da fase inspi-
com o início da fase expiratória, com o ventila- ratória – e o fluxo atinge o valor de 30 l/min.
dor fechando a válvula de fluxo e abrindo a válvula O valor positivo indica que o fluxo é inspirató-
de exalação. Nessa fase ocorre o esvaziamento dos rio. O fluxo é mantido constante em 30 l/min
pulmões, e a força motriz é a própria pressão no até o instante 2 seg. Nesse instante, a válvula de
interior dos pulmões, ou seja, geralmente, a exa- fluxo é fechada, e o fluxo cai a zero (eixo hori-
lação é passiva. zontal). Simultaneamente, a válvula de exalação
152 An e s t e s ia Pe diátrica
PFI
30
Fluxo (l/min)
Expiratório
-30
-60 PFE
0,50
Volume (l)
50
40
Ppico
Pressão (cmH2O)
30
20
10
PEEP
0
-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
T empo (s)
Ti nsp. Texp.
Freq. = 60s / Tciclo
Tc iclo I:E = 1: Texp. / Tinsp
Fig. 11.16 – Traçados das curvas de fluxo, volume e pressão indicando os principais parâmetros que podem ser extraídos da leitura gráfica.
Os instantes A e B correspondem ao início da fase inspiratória (abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação) e expiratória
(fechamento da válvula de fluxo e abertura da válvula de exalação) respectivamente.
é aberta – início da fase expiratória – e o gás o pulmão esvazia, diminui a pressão no seu in-
no interior dos pulmões é exalado pela própria terior e, conseqüentemente, o fluxo expiratório.
pressão no interior dos pulmões. O fluxo atinge O fluxo expiratório zero indica o esvaziamento
o valor máximo de -40 l/min, e o valor negativo total dos pulmões no instante 3 seg. No instante
indica que o fluxo é expiratório. À medida que 5 seg. é iniciado um novo ciclo;
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 153
154 An e s t e s ia Pe diátrica
Tubo
endotraqueal
120 B
PA Saídado
100 tubo
Fluxômetro 80 PB = Patm = 0
15
60 10 20
Pressão
40 5 25
0 30
20 cm H 2 O
Ar/oxigênio Manômetro
3,5 atm
Fig. 11.17 – Representação esquemática do arranjo para medida de resistência de um tubo endotraqueal. Para cada fluxo ajustado no fluxô-
metro, é realizada a medida de pressão na entrada do tubo endotraqueal (ponto A) utilizando-se um manômetro ou transdutor de pressão.
nesse mesmo ponto A, utilizando-se o transdutor de • as pressões medidas em dois pontos distintos do
pressão. A outra extremidade do tubo, ponto B, está tubo são diferentes quando existe um fluxo através
aberta, ou seja, a pressão no ponto B é a pressão at- do tubo. A pressão diminui no sentido do fluxo;
mosférica. O experimento é conduzido ajustando-se • a diferença de pressão entre dois pontos do tubo
diversos fluxos e medindo-se a diferença de pressão é maior para fluxos mais elevados.
entre os pontos A e B. Como a pressão no ponto B é A diferença de pressão entre os pontos A e B é
a pressão atmosférica (PB = 0), a diferença de pressão a força motriz que movimenta os gases pelo tubo,
entre os dois pontos (PA-PB) é a própria pressão me- vencendo as forças de atrito.
dida pelo transdutor no ponto A (PA). Foram obtidos
A relação entre a diferença de pressão entre dois
os seguintes valores experimentais (Tabela 11.5):
pontos de um tubo, ou via aérea, e o fluxo atra-
vés do mesmo representa a resistência da via aérea
Tabela 11.5 – Medida de pressão com diferentes fluxos (Rva) entre os dois pontos.
Fluxo (l/min) PA-PB (cmH2O)
Rva = (PA-PB)/Fluxo
20 0,5
PA: Pressão na entrada do tubo endotraqueal (cmH2O)
40 1,5 PB: Pressão na saída do tubo endotraqueal (cmH2O)
Fluxo: Fluxo (L/s)
60 3,0 Obs.: 60 l/min = 1 l/s
80 5,0
Para o tubo do experimento pode ser calculada
100 8,0 a resistência para cada fluxo ensaiado.
120 11
Rva = (PA-PB) /Fluxo
Para fluxo = 20 l/min; (PA-PB)= 0,5 cmH2O
Os dados obtidos com esse experimento reve- 20 l/min = 20/60 l/s = 1/3 l/s
lam que: Rva → 20 l/min = 0,5 cmH2O/0,33 l/s = 1,5 cmH2O/l/s
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 155
156 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 157
Cp Complacência:
Cs r = tg α = Palv-PEEP
Palv Volume
Vo lume
Cct
α
Palv - PEEP
0 10 20 30 40 50
PEEP Pressão
1/Csr=1/C p + 1/Cct alveolar
30
(cmH2O)
20 40
Pressão
10 50
0 60
cm H 2 O
Fig. 11.19 – Representação de um arranjo para determinação da relação entre o volume inspirado e a variação de pressão no interior dos
pulmões, definida como complacência do sistema respiratório. A medida da pressão deve ser realizada em condições estáticas (fluxo zero). A
curva pressão x volume representa a curva de complacência do sistema respiratório (pulmão e parede torácica). A inclinação da curva em um
determinado ponto determina a complacência para o volume considerado. Pelo traçado do exemplo, observa-se que, para volumes baixos, a
inclinação da curva, ou seja, a complacência, é menor.
158 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 159
160 An e s t e s ia Pe diátrica
30
Fluxo (l/min)
PFE2
Expiratório
-30
PFE1
-60
T1=R1.C1 T2=R2.C2
0,50
Volume (l)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Fig. 11.20 – Traçados das curvas de fluxo, volume e pressão para dois pacientes com mecânicas respiratórias distintas. No exemplo foram
utilizados fluxo inspiratório (30 l/min) e volume (0,5 l) constantes. Pode-se observar que, apesar de apresentarem o mesmo pico de pressão,
as pressões alveolares nos dois pacientes são diferentes. Além disso, no paciente 2, em virtude de uma constante de tempo maior, a exalação
ocorre de forma mais lenta, com o pico de fluxo expiratório menor.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 161
162 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 163
%
Pressão de pico inspiratória
63
60
40
Nos ventiladores ciclados a tempo e limitados a
20
pressão, a pressão de pico inspiratória é o fator pri-
0
mário utilizado para determinação do volume cor- 0 1 2 3 4 5 Tempo
rente. Na maioria dos ventiladores modernos, essa Constantes tempo
pressão pode ser selecionada de maneira direta pelo
médico, mas deve-se ter atenção, pois a pressão de Fig. 11.22 – Porcentagem de mudança na pressão em relação ao
pico inspiratória pode mudar se houver alterações tempo (em constantes tempo) para equilíbrio. Quanto mais tempo
é permitido para equilíbrio, porcentagem mais alta de mudança na
na taxa de fluxo ou na relação I:E. pressão ocorre. A mesma regra é válida para mudanças de volume.
Quando níveis iniciais da pressão de pico inspi-
ratória são selecionados, vários fatores fisiológicos
devem ser considerados: peso da criança, idade ges- vistos em pulmões saudáveis. Quando a constante
tacional e pós-natal, tipo e gravidade de doenças tempo do pulmão durante a inspiração ou expira-
associadas, complacência pulmonar, resistência de ção, entretanto, torna-se tão curta que o equilíbrio
vias aéreas e constante tempo do pulmão. A cons- de pressão não ocorre, pode haver a administração
tante tempo, a qual é o produto da complacência e de volumes não adequados ou retenção de ar com
resistência, refere-se à unidade de tempo necessária distensão pulmonar durante a expiração. Esse últi-
para a pressão alveolar alcançar 63% do total da mo fenômeno pode ser importante para o desen-
mudança de pressão na via aérea durante ventila- volvimento de síndromes de perda de ar durante a
ção com pressão positiva. A constante tempo pode ventilação neonatal49.
ser medida durante a inspiração e expiração. Se a Antes da conexão de qualquer paciente ao ven-
duração da inspiração for igual a uma constante tilador, a pressão inspiratória deve ser cuidadosa-
tempo, significa que 63% da variação de pressão mente checada para certificar-se de que ela não es-
da via aérea alcançou os alveólos, com entrada pro- teja insuficiente ou excessiva. O adaptador que se
porcional de volume de gás para os pulmões. Com conecta ao tubo endotraqueal deve ser ocluído, e a
tempo adicional de inspiração para maior equilí- pressão a ferida pelo ventilador observada, com rea
brio de pressão (2 constantes tempo), um adicio- lização de ajustes se necessário. Após a conexão do
nal de 63% da pressão restante se equilibra [total = paciente ao ventilador, o pico de pressão inspirató-
86% → 63% + 63% x 37% restante] e um volume ria deve ser novamente verificado para garantir que
adicional equivalente de gás se segue. Após 3 a 5 não houve mudanças significativas das que foram
constantes tempo, pequenas alterações de pressões observadas antes da conexão. Caso haja alterações
adicionais ocorrem, e então a entrega de volume de superiores a 2-3 cm/H2O, deve-se considerar a
gás está praticamente completa (Fig. 11.22). possibilidade de perda de ar ou oclusões no sistema
Com reduções da complacência, há diminui- respiratório.
ção da constante tempo, e então o equilíbrio de A Tabela 11.7 enumera vantagens e efeitos cola-
pressão ocorre durante curtas inspirações e expi- terais das diferentes faixas de pressão. Barotrauma
rações. Inspiração e expiração, com deslocamento pode ser reduzido com o uso dos menores picos de
de volumes de gás para dentro e fora dos pulmões, pressão inspiratória, e a incidência de perdas de ar
ocorrem em períodos de tempo menores do que os e doenças crônicas pulmonares pode ser diminuí-
164 An e s t e s ia Pe diátrica
• Poucos efeitos colaterais, • Ventilação insuficiente pode • Pode reexpandir atelectasias • Associado com DBP e EPA
especialmente DBP e EPA não controlar a PaCO2 • Aumenta a PaO2 • Pode impedir o retorno venoso
• Desenvolvimento normal do • Pode haver baixa PaO2 • Diminui a PaCO2 • Pode diminuir o débito
pulmão pode ocorrer mais • Atelectasia generalizada pode • Diminui a RVP cardíaco
rapidamente ocorrer
DBP = displasia broncopulmonar; EPA = escape pulmonar de ar; RVP = resistência vascular pulmonar.
da50. Desenvolvimento de pulmões saudáveis pode paciente, da fisiopatologia das doenças que podem
ser também beneficiado por baixos picos de pressão estar envolvidas e dos objetivos do tratamento. Na
inspiratória, entretanto evidências recentes sugerem maioria das situações clínicas, parece ser o PEEP
que mesmo a distribuição de gás pelo pulmão pode ideal a pressão que, abaixo os volumes pulmona-
ser mais importante que baixas pressões. Ventilação res não são bem mantidos, e acima, os pulmões se
com alta freqüência parece diminuir o barotrau- tornam demasiadamente distendidos53. O PEEP
ma em extensão pela mudança na distribuição do selecionado pode ser alterado por outras variáveis
gás51. Deve-se utilizar pressões de pico inspirató- ventilatórias. Por exemplo, se o tempo expiratório
rias adequadas para a geração de volumes correntes é muito curto ou se a resistência da via aérea está
apropriados. Baixo volume corrente conseqüente à aumentada, um grau inadvertido de PEEP pode
baixa pressão de pico inspiratória pode reduzir o ser gerado e adicionado ao nível selecionado54. Esse
volume minuto, ocasionando elevadas tensões de PEEP inadvertido em algumas situações pode con-
CO2 arterial (PaCO2) e hipoxemia. tribuir para a retenção de gás e aumento do poten-
Altas pressões de pico inspiratórias devem, ge- cial para escapes de ar.
ralmente, ser evitadas pelo risco de lesões, como O PEEP estabiliza e recruta volumes pulmona-
pneumotórax e enfisema intersticial pneumome- res, melhora a complacência (até determinado pon-
diastino52. Além disso, pressões intratorácicas ele- to, após o qual a complacência pode diminuir) e
vadas, quando transmitidas ao miocárdio, podem melhora a relação ventilação-perfusão pulmonar55.
reduzir o retorno venoso ao coração e diminuir o A Tabela 11.8 mostra os efeitos do PEEP em
débito cardíaco. Certas condições clínicas, entre- vários níveis. PEEP < 2 cmH2O não é recomenda-
tanto, podem autorizar o uso de pressões de pico do, exceto em raros casos, pois a presença de um
inspiratórias elevadas. Em pacientes com grande tubo endotraqueal anula a mecânica normal da
diminuição da complacência ou com a diminuição via aérea, que tipicamente promove baixo nível de
do volume pulmonar por atelectasia, altos picos pressão positiva ao final da expiração durante res-
de pressão inspiratória podem ser necessários para
piração espontânea56.
manter adequadas trocas gasosas ou reexpandir
áreas colapsadas pulmonares. Baixos níveis de PEEP (2-3 cmH2O) são geral-
mente usados durante fases de desmame da venti-
lação mecânica. Quando esses níveis são aplicados
Pressão positiva do final da expiração (PEEP)
em períodos precoces de uma doença pulmonar,
O uso de PEEP tem-se tornado técnica-padrão podem ocorrer atelectasias com retenção de CO2.
para o tratamento ventilatório do neonato. A sele- Na maioria das circunstâncias clínicas, a ventilação
ção do PEEP apropriado depende do tamanho do do PEEP de 4-7 cmH2O é apropriada. Essa faixa
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 165
• Usado em desma- • Pode ser muito • Estabiliza volume • Pode hiperdisten- • Previne colapso al- • EPA
me baixo para manter pulmonar der pulmões com veolar em estados • Diminui a Cl se
• Manutenção do volume pulmonar • Recruta volumes Cl normal de deficiência de pulmão está hiper-
volume pulmonar adequado pulmonares em surfactante com distendido
em neonatos pre- • Retenção de CO2 estados de defici- grave redução da • Pode impedir o
maturos com baixa ência de surfac- CL retorno venoso
CRF tante • Melhora a distri- • Pode aumentar
• Melhora a relação buição da ventila- RVP
ventilação/perfu- ção • Retenção de CO2
são
CRF = capacidade residual funcional; Cl = complacência; EPA = escape pulmonar de ar; RVP = resistência vascular pulmonar.
permite manutenção apropriada dos volumes pul- que estão sendo utilizados naquele momento. Por
monares, além de minimizar os potenciais efeitos exemplo, FR muito elevadas podem ser utilizadas
colaterais associados com elevado PEEP e hiper- com sucesso se a pressão de pico inspiratória (e
distensão pulmonar. Níveis acima de 8 cmH2O conseqüentemente o volume corrente) e o tempo
são raramente usados em ventilação mecânica con- inspiratório puderem ser reduzidos simultanea-
vencional pelo risco de escapes de ar e redução do mente. Sem essas reduções, altas freqüências po-
débito cardíaco. dem resultar em graves complicações.
Na maioria dos casos, independentemente da
Freqüência respiratória da ventilação seleção de altas ou baixas FRs, o objetivo da terapia
Freqüência respiratória (FR) (Tabela 11.9) é é a redução do barotrauma associado à diminui-
um dos determinantes primários da ventilação ção de perdas de ar e doença crônica pulmonar. As
minuto na ventilação mecânica (ventilação minu- freqüências respiratórias altas e baixas podem atin-
to = freqüência respiratória versus volume corren- gir esse objetivo se o manejo dos ventiladores for
te). Não há estudos conclusivos que demonstram realizado de maneira global. A maioria das com-
a FR ideal para o tratamento das doenças respira- plicações envolvendo a FR ocorre por falha em re-
tórias neonatais. Por exemplo, alguns estudos têm conhecer o impacto da mudança da FR em outros
indicado melhora da oxigenação em altas freqüên aspectos do ventilador. Por exemplo, se elevada FR
cias57(≥ 60 respirações por minuto), enquanto ou- for selecionada, um prolongado tempo inspirató-
tros estudos indicam maior sucesso com freqüên- rio e um inadequado tempo expiratório podem re-
cias menores58(≤ 40 respirações por minuto). As- sultar em diminuição da complacência e retenção
sim como outros controles do ventilador, a melhor de ar, se a constante tempo pulmonar não permite
FR em uma determinada situação depende de di- a adequada saída de gás.
versas variáveis, incluindo o tamanho da criança, Além disso, é essencial que a capacidade do ven-
tipo e estágios de doença pulmonares associadas, tilador em uso seja examinada para se certificar de
presença de complicações e resposta clínica. Além que o que foi selecionado para o paciente está, na
disso, com o surgimento dos ventiladores de alta verdade, sendo oferecido pelo aparelho. Boros et al.
freqüência, observa-se que a FR pode ser impor- mostraram que há uma grande variação entre os
tante somente como referência a outros controles ventiladores que trabalham nas modalidades con-
166 An e s t e s ia Pe diátrica
• Aumento da PaO2 • Pode aumentar a • Simula FR normal • Pode não pro- • Alto PaO2 (pode • Pode exceder a
com aumento da PPI para manter a • Trata efetivamente mover adequada ser resultado de constante tempo e
PMVA ventilação a maioria das ventilação em retenção de ar) levar à retenção de
• Útil em desmame • Aumento da PPI doenças neonatais alguns casos • Pode permitir ar
• Usado em venti- pode causar baro- • Geralmente não diminuição da PPI • Pode causar PEEP
lação com onda trauma excede a constante e VC inadvertido
quadrática • Pode requerer rela- tempo pulmonar, • Hiperventilação • Pode haver mu-
• Usado com rela- xamento muscular retenção de ar pode ser útil em danças na Cl
ção I-E invertida improvável HPPN • VC e ventilação
• Pode reduzir minuto inadequa-
atelectasias (por dos se somente
retenção de ar?) espaço morto é
ventilado
PMVA = Pressão média de vias aéreas; PPI = pressão de pico inspiratória; FR = freqüência respiratória; VC = volume corrente; PEEP =
pressão positiva no final da expiração; HPPN = hipertensão pulmonar persistente do neonato; Cl = complacência pulmonar.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 167
• Aumento da PMVA • Pode haver • Simula padrão de • Esvaziamento • Útil durante o • Baixo TI pode
• Aumento da PaO2 tempo expiratório respiração natural insuficiente em desmame, quando diminuir VC
na SDR insuficiente • Pode ser a melhor altas FR a oxigenação não • Pode ser
• Pode melhorar a (retenção de ar) relação em altas é problema necessário alto
distribuição da • Pode impedir o FR • Pode ser útil em fluxo, o que pode
ventilação em retorno venoso doenças como a não ser ideal para
pulmões com • Aumenta a RVP SAM, quando a a distribuição de
atelectasias e piora doenças retenção de ar é ventilação
como HPPN e DCC parte da doença • Pode ventilar mais
• Piora EPA espaço morto
PMVA = pressão média de vias aéreas; FR = freqüências respiratórias; TI = tempo inspiratóri; VC = volume corrente; SDR = síndrome do
desconforto respiratório; SAM = síndrome de aspiração de mecônio; RVP = resistência vascular pulmonar; HPPN = hipertensão pulmonar
persistente do neonato; DCC = doenças cardíacas congênitas; EPA = escapes pulmonares de ar.
• Lentifica tempo inspiratório • Hipercapnia, se o fluxo não é • Produz padrão ventilatório • Aumenta barotrauma
• Menos barotrauma às VAs adequado para remover o CO2 com curva quadrática • Em moderadas e graves
do sistema • Aumenta a PaO2 SDRs, pode produzir mais
• Em altas FRs, baixo fluxo pode • Necessário para manter alta lesões de VA
não permitir que a máquina PPI, com altas FRs
alcance PPI • Previne retenção de CO2
• Diminui a PaO2 em alguns
casos
FR = freqüência respiratória; PPI = pico de pressão inspiratória; SDR = síndrome do desconforto respiratório; VA = vias aéreas; PPI =
pressão de pico inspiratória.
168 An e s t e s ia Pe diátrica
PPI PPI
30 30
Pressão
20 20
10 10
Fig. 11.23 – Comparação entre as formas de curvas do ventilador. A = forma sinusóide. B = forma quadrada.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 169
• Aumento suave da pressão • Reduz a PMVA • Alta PMVA para equivalente • Com altos fluxos, a ventilação
• Mais parecido com padrão PPI pode estar aplicando altas
respiratório normal • Tempo maior em PPI pode pressões a VA normal e alvéo-
abrir áreas atelectasiadas e los
melhorar a distribuição da • Impede o retorno venoso se
ventilação longo TI é usado ou se a rela-
ção I-E está invertida
PMVA = pressão média de vias aéreas; PPI = pressão de pico inspiratória; VA = via aérea; TI = tempo inspiratório.
170 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 171
172 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 173
174 An e s t e s ia Pe diátrica
Idade (Anos) TET (DI em mm) BPB (Fr) Univent® TDV (Fr)
0.5-1 3.5-4.0 5
1-2 4.0-4.5 5
2-4 4.5-5.0 5
4-6 5.0-5.5 5
6-8 5.5-6.0 5 3.5
8-10 6.0 c/ balonete 5 3.5 26
10-12 6.5 c/ balonete 5 4.5 26-28
12-14 6.5-7.0 c/ balonete 5 4.5 32
14-16 7.0 c/ balonete 5 6.0 35
16-18 7.0-8.0 c/ balonete 5 ou 9 7.0 35
TET = tubo endotraqueal (Sheridan® Tracheal Tubes; Kendall Healthcare, Mansfield, MA, EUA); BPB = bloqueadores pulmonares por balo-
netes (Cook Critical Care, Inc., Bloomington, IN, EUA); TDV = tubo de duas vias (26 Fr = Rusch, Duluth, GA, EUA; 28-35 Fr = Mallinckrodt
Medical, Inc, St. Louis, MO, EUA); DI = diâmetro interno; Fr = numeração francesa; Univent = Fuji Systems Corporation, Japão.
priado para a técnica de assistência ventilatória lí- metem a essa modalidade ventilatória. Oclusões
quida escolhida. Por exemplo, a pressão de vapor do tubo endotraqueal por debris, interferindo com
dos fluidos influencia a taxa de evaporação nos as trocas gasosas e necessitando de aspirações vi-
pulmões, e a viscosidade, a distribuição e pressões gorosas, têm sido relatadas. Não está claro se esses
necessárias para as técnicas de assistência ventila- debris representam secreções alveolares e pulmona-
tória88,89. res profundas que não seriam mobilizadas ou uma
A combinação das propriedades físico-químicas resposta exsudativa ao líquido90. Doses e estratégias
dos líquidos PFCs e os efeitos biofísicos destes na de manejo ventilatório estão sendo refinadas para
mecânica pulmonar suportam as respostas fisioló- otimizar a resposta e melhorar o custo benefício do
gicas. Em virtude da relativamente baixa tensão su- tratamento91-93.
perficial, alta solubilidade dos gases respiratórios e Apesar dos resultados positivos de estudos recen-
altos coeficientes de dispersão, o líquido PFC subs- tes e da avidez dos pesquisadores em neonatologia
titui a interface gás-líquido pela líquido-líquido. em querer comparar a assistência ventilatória líqui-
Como a pressão transmural através da membrana da com outras intervenções terapêuticas, como te-
alvéolo-capilar é diminuída, o fluxo sangüíneo pul- rapia com surfactante exógeno, somente um estudo
monar é mais homogêneo nesse ambiente preen- com ventilação líquida em adultos está sendo feito
chido por líquido em comparação com o pulmão atualmente. Isso ocorre por causa dos requisitos da
preenchido por gás. indústria e das agências reguladoras para que a assis-
tência ventilatória líquida seja demonstrada como
As pesquisas têm conduzido o uso de líquidos
segura em grande número de adultos antes da pes-
PFCs em numerosas aplicações: assistência ventila-
quisa em crianças. Acredita-se que, uma vez provada
tória líquida parcial ou total, administração de dro-
a segurança e eficácia dessa modalidade ventilatória
gas, expansão e crescimento de pulmão hipoplási-
em adultos, estudos controlados em grande escala
co, estudos de imagem e citoproteção pulmonar.
serão iniciados em crianças e recém-nascidos.
Relatos do emprego clínico da assistência ven-
tilatória líquida têm descrito pouquíssimos efeitos Ventilação de alta freqüência
adversos. O preenchimento com líquido, e subse-
qüente ventilação, tem sido bem tolerado apesar Ventilação de alta freqüência (VAF) é uma for-
das condições instáveis dos pacientes que se sub- ma de ventilação mecânica que utiliza pequenos
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176 An e s t e s ia Pe diátrica
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178 An e s t e s ia Pe diátrica
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188 An e s t e s ia Pe diátrica
190 An e s t e s ia Pe diátrica
192 An e s t e s ia Pe diátrica
CO2 expirado
arterial; 4) por último, uma linha descendente cor-
respondente à inspiração. O valor mínimo de CO2
detectado ao final da inspiração corresponde à pres-
são parcial de CO2 no ar inspirado (PiCO2)31,32.
Em condições normais, a linha basal tem valor Tempo
zero. Nas condições que levam à reinalação de CO2,
como exaustão de cal sodada ou válvula expiratória 2
incompetente, ela se eleva (Fig. 12.4).
A linha ascendente que é normalmente verticali-
CO2 expirado
zada pode tornar-se inclinada nos capnogramas de
neonatos ou de crianças pequenas, que apresentam
freqüência respiratória alta. Essa inclinação é decor-
rente do tempo de resposta do capnógrafo em rela-
ção à freqüência respiratória elevada (Fig. 12.5). Tempo
A alteração do platô expiratório, normalmente Fig. 12.4 – Capnogramas indicativos de retenção de CO2. 1 = a
horizontal, pode ocorrer em situações de obstrução linha de base se mantém elevada entre as inspirações; 2 = traçado
do equipamento ou das vias aéreas. Nesses casos, os com as mesmas características e freqüência respiratória elevada.
Modificado de Steven e Cohen15.
valores de CO2 aproximam-se de zero rapidamen-
te. Níveis baixos de CO2 com traçado mostrando
platô expiratório de forma original preservada é
um achado indicativo de aumento súbito do es-
CO2 expirado
CO2 expirado
Tempo
Tempo
2
CO2 expirado
Tempo
3
CO2 expirado
CO2 expirado
Tempo
Tempo
Fig. 12.9 – Representação esquemática de capnograma representa-
Fig. 12.6 – 1 = Redução abrupta do CO2 expirado indicativa de obs- tivo de alteração provocada pelos batimentos cardíacos
trução mecânica, desconexão acidental, extubação orotraqueal; 2 =
traçado com platô expiratório reduzido, compatível com embolia pul- A inclinação da porção descendente, normal-
monar; 3 = traçado com redução progressiva do platô expiratório, mente verticalizada, pode ocorrer em condições de
compatível com parada cardíaca. Modificado de Steven e Cohen15.
obstrução inspiratória ou na presença de válvula ins-
piratória incompetente e ainda pode ser decorrente
1
do tempo lento de resposta do capnógrafo em rela-
CO2 expirado
Tempo
CO2 expirado
2
CO2 expirado
Tempo
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196 An e s t e s ia Pe diátrica
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202 An e s t e s ia Pe diátrica
204 An e s t e s ia Pe diátrica
Fisiologia e farmacologia
206 An e s t e s ia Pe diátrica
208 An e s t e s ia Pe diátrica
210 An e s t e s ia Pe diátrica
212 An e s t e s ia Pe diátrica
5
6
7
1- Subcutâneo
2- Espaço epidural
3- Intra-óssea
4- Transsacral
5- Subperiostal posterior
6- Intravascular
7- Subperiostal anterior
ção fisiológica ou substituída por outra e novamen- formação de abcesso ou meningite, nunca foram
te reposicionada. Nunca foram relatados na litera- relatadas após anestesia epidural por dose única.
tura hematomas epidurais pós-abordagem caudal. A ocorrência dessas complicações está relacionada
A perfuração da dura-máter é pouco freqüen- à permanência de cateter para analgesia pós-opera-
te quando a técnica é executada corretamente. A tória41,42.
maioria dos autores preconiza o abandono da téc- Para a punção com locação de cateter epidural,
nica pelo risco de passagem da solução anestésica o procedimento técnico é basicamente o mesmo
para o líquido cefalorraquidiano através da perfu- utilizado para a execução do bloqueio caudal sim-
ração na dura. A localização subperiostal ou nos li- ples. A punção pode ser feita com agulha de Tuohy
gamentos paravertebrais também pode ocorrer com 20 G ou com cateter venoso curto 20 G ou 18 G,
relativa freqüência e pode ser facilmente detectada através das quais possa ser introduzido um cateter
pela alta resistência a injeção da solução anestésica. de calibre adequado.
A punção intra-óssea também pode ocorrer, prin- A passagem de cateter pela via epidural caudal
cipalmente nas crianças mais jovens, nas quais o segue as mesmas normas de segurança preconizadas
processo de ossificação ainda é precário. A injeção para toda abordagem peridural, em qualquer nível,
da solução anestésica no interior da medula óssea como em adultos. Na abordagem caudal deve-se
leva ao risco de intoxicação, pois a distribuição sis- dar atenção especial a anti-sepsia pela proximidade
têmica do anestésico local equivale praticamente a com o orifício anal. Após a inserção da agulha ou
uma injeção intravenosa. Pode ser detectada por cateter venoso curto no espaço epidural, seu poci-
resíduos de sangue à aspiração e dificuldade para sionamento correto deve ser confirmado mediante
injeção da solução. Punção transfixante do sacro, a injeção de 1 a 2 ml de soro fisiológico. Duran-
com risco de lesão de vísceras intra-abdominais te a introdução do cateter, uma vez ultrapassado
ou estruturas vasculares pélvicas, constitui aciden- o bisel, este não deve ser tracionado isoladamente
te raro. Sua ocorrência possivelmente se relaciona para tentativa de reposicionamento. Isso pode oca-
a dificuldades técnicas, falta de perícia e material sionar a ruptura do cateter pela borda cortante do
inadequado. As complicações infecciosas, como a bisel, com permanência de corpo estranho no es-
214 An e s t e s ia Pe diátrica
A bupivacaína tem sido amplamente utilizada da analgesia intra ou pós-operatória e com menor
pela via caudal para inúmeros tipos de procedimen- risco de toxicidade sistêmica. Na prática diária
tos cirúrgicos ou para analgesia pós-operatória, seja pode-se observar que, em recém-nascidos, concen-
por doses intermitentes ou por infusão contínua. trações a 0,1% são eficazes em produzir analgesia
A extensa literatura publicada nas últimas déca- cirúrgica, mesmo quando o bloqueio epidural cau-
das documenta múltiplos aspectos relacionados a dal é utilizado como técnica única. A bupivacaína
sua utilização em crianças. A concentração ideal é, entre os anestésicos do grupo amino-amida, o
para utilização pediátrica foi pesquisada por vários agente que apresenta a maior toxicidade sistêmica.
autores, e os resultados obtidos sugerem que con- Em recém-nascidos deve ser usada com prudência,
centrações entre 0,125% e 0,25% proporcionam principalmente quando se trata de administração
maior segurança e menores efeitos colaterais, sem de doses suplementares ou infusão contínua. Nes-
comprometer a qualidade do bloqueio. Utilizando-se ses casos, em virtude da meia-vida de eliminação
concentrações de 0,125%, obtém-se um período prolongada, corre-se o risco de toxicidade sistêmi-
de analgesia pós-operatória similar ao obtido com ca pelo efeito cumulativo das doses adicionais ou
concentração a 0,25%, porém menor do que com a infusão contínua. As soluções a 0,5% geralmente
concentração a 0,5%45-47. Durante o período intra- são pouco utilizadas na prática diária para blo-
operatório também não há diferença significativa queio pela via caudal. Embora essa concentração
na diminuição da concentração do agente inalató- proporcione um período de analgésica mais longo,
rio quando se comparam concentrações de bupiva- a incidência de bloqueio motor prolongado é mais
caína a 0,125% e 0,25%48. A adição de adrenalina elevada e, muitas vezes, crianças ficam angustiadas
para prolongar a duração do bloqueio caudal é um com a impossibilidade de movimentar os membros
pouco controversa. Para alguns autores, a adição inferiores51. Além disso, um dos critérios para alta
de adrenalina tem pouca eficácia em prolongar hospitalar em cirurgias ambulatoriais é a deambu-
o tempo de bloqueio49. Porém, em crianças mais lação autônoma, que pode ser comprometida pelo
jovens, nas quais geralmente se utilizam soluções bloqueio motor, aumentando o período de perma-
com baixas concentrações de anestésico local, está nência hospitalar. Quando se pretende bloqueio
demonstrado que a adição de adrenalina prolonga mais extenso, o volume necessário pode atingir ou
significativamente a duração do bloqueio caudal50. ultrapassar a dose máxima recomendada se a con-
Deve-se lembrar também que a adrenalina retar- centração utilizada for a 0,5%.
da a absorção local, diminuindo o pico plasmáti- A ropivacaína é um novo anestésico do grupo
co e conseqüentemente a toxicidade sistêmica da amino-amidas introduzido na prática clínica em
bupivacaína. A diluição da bupivacaína permite 1996. Tem estrutura química e farmacocinética se-
a obtenção de volumes adequados ao número de melhantes à da bupivacaína54, porém, enquanto a
dermatomos que se deseja bloquear, sem prejuízo bupivacaína é uma mistura racêmica, a ropivacaí-
216 An e s t e s ia Pe diátrica
218 An e s t e s ia Pe diátrica
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222 An e s t e s ia Pe diátrica
224 An e s t e s ia Pe diátrica
1 9
2
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4 5
6
7
8
Fig. 13.10 – Ilustração do curso do 10o nervo toracoabdominal: A e B são as possíveis posições e caminhos do ramo cutâneo do 10o nervo
toraco-abdominal. 1 = Umbigo; 2 = Bainha do reto, parede posterior; 3 = Bainha do reto, parede anterior; 4 = Músculo reto abdominal; 5 =
Linha alba lateral; 6 = Músculo oblíquo interno; 7 = 10o nervo intercostal toraco-abdominal; 8 = Músculo transverso abdominal; 9 = Espaço
subcutâneo; A = injeção subcutânea alcança o ramo subcutâneo que se eleva antes da bainha; B = infiltração sob a bainha se espalha ao
redor do ramo cutâneo se este perfura a bainha.
Fig. 13.11 – Pontos de punção. 1 e 2 = Linha alba lateral; 3 = Indicações, contra-indicações e complicações
Umbigo; 4 = Ponto de punção à direita (o do lado esquerdo está
localizado simetricamente). O bloqueio dos nervos ilioinguinal e ilioipo
g������������������������������������������������
ástrico (e bloqueio do ramo genital do nervo ge-
ve alguma sedação por 1 a 2 horas, o que permite um nitofemoral) visa promover completa analgesia da
despertar tranqüilo da anestesia ao fim da cirurgia. A área inguinal ipsilateral. A técnica é recomendada
taxa de falha é extremamente baixa. para a maioria das operações da região inguinal
Essa técnica é muito segura desde que não seja (herniorrafia, orquidopexia, hidrocele), incluin-
utilizada agulha cortante e que não seja feita a in- do procedimentos de emergência88 (como hérnia
trodução perpendicular na parede abdominal (o encarcerada com obstrução intestinal). Por sua
que poderia resultar em penetração intraperitonial excelente relação risco-benefício, o bloqueio dos
226 An e s t e s ia Pe diátrica
Considerações anatômicas
O pênis é inervado principalmente pelos nervos
dorsais, um de cada lado, os quais são ramos ter-
minais do nervo pudendo. Logo após a emergência
desse nervo próximo à tuberosidade isquiádica, os
nervos dorsais passam sob o osso púbico, cruzam o
espaço subpúbico sagitalmente no sentido póstero-
anterior, entram no ligamento suspensor e no pê-
nis, onde caminham ao longo da superfície interna
da fáscia de Buck, acompanhados pelas artérias e
veias ipsilaterais. Durante seu curso, eles suprem a
Fig. 13.13 – Bloqueio ilioinguinal ilioipogástrico em criança de 18 inervação sensória do corpo cavernoso, a pele que
meses. reveste o pênis e o prepúcio, a glande e o frênulo,
228 An e s t e s ia Pe diátrica
230 An e s t e s ia Pe diátrica
233
234 An e s t e s ia Pe diátrica
R ecup er a çã o P ó s - a n e s t é s i c a e M a n u se io da Do r 235
236 An e s t e s ia Pe diátrica
R ecup er a çã o P ó s - a n e s t é s i c a e M a n u se io da Do r 237
Acordado 2 CONSCIÊNCIA
Acorda ao chamado 1
Irresponsivo 0
238 An e s t e s ia Pe diátrica
R ecup er a çã o P ó s - a n e s t é s i c a e M a n u se io da Do r 239
Pontos 0 1 2
PA 10% > pré-operatório 10% a 20% > pré-opearatporio 20% a 30% > pré-operatório
Choro Sem choro Chora, responde a carinho Chora, não responde a carinho
Avaliação verbal ou linguagem Dormindo ou sem dor Dor leve (não localiza) Dor moderada expressa
corporal verbalmente ou apontando
Adaptado de Broadman et al.16
240 An e s t e s ia Pe diátrica
R ecup er a çã o P ó s - a n e s t é s i c a e M a n u se io da Do r 241
Droga Dose única (mg/kg) Número de doses diárias Dose máxima (mg/kg/dia)
Naprosyn 7 2 15
IV ou IM 0,5 4 2
242 An e s t e s ia Pe diátrica
PCA:
Efeitos adversos dos opióides
Bolus 0,02 mg/kg a cada 15 minutos
Infusão contínua: 0,005 mg/kg/h Apesar de a depressão respiratória ser o efeito
adverso mais temido, os outros efeitos são mais co-
Administração via oral:
0,2 a 0,5 mg/kg/dose 4/6 horas
muns (Tabela 14.9). A depressão respiratória pode
acontecer com qualquer dos opióides e sua ocorrên-
cia está diretamente relacionada à potência da dro-
Quando administradas em crianças com menos ga. Fatores predisponentes à depressão respiratória
de 6 meses de idade, as doses da Tabela 14.8 de- incluem extremos de idade, doenças preexistentes,
vem ser reduzidas em 50% e deve-se monitorizar estado mental alterado e associação com outras me-
as funções cardiorrespiratórias. dicações depressoras, como barbitúricos, fenotiazí-
R ecup er a çã o P ó s - a n e s t é s i c a e M a n u se io da Do r 243
244 An e s t e s ia Pe diátrica
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246 An e s t e s ia Pe diátrica
R ecup er a çã o P ó s - a n e s t é s i c a e M a n u se io da Do r 247
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250 An e s t e s ia Pe diátrica
252 An e s t e s ia Pe diátrica
254 An e s t e s ia Pe diátrica
• atelectasia: acontece em virtude do colapso alve- Cirurgia para doença avançada: 10 a 18 anos
– Broncoscopia
olar, sendo necessária broncoscopia para o auxí-
– Gastrostomia
lio do tratamento31; – Passagem de cateter central
– Lobectomia ou toracoplastia
• falência respiratória: manifesta-se com hipoxe-
– Toracoscopia (para pneumotórax espontâneo)
mia progressiva e retenção de gás carbônico25; – Transplante de órgãos (pulmões, fígado e
pâncreas)
• cor pulmonale: seqüela tardia da FC, associada
– Cirurgia de urgência (drenagem de tórax)
a hipertensão vascular pulmonar e falência car-
díaca direita. Fonte: Katz26, Maxwell et al.27, Ozcan et al.32, Lilehei et al.33.
Disfunção pulmonar
Obstrução de vias aéreas Prolonga a indução com máscara
Desequilíbrio ventilação/perfusão
Secreção importante Laringobroncoespasmo
Vias aéreas hiperreativas
Pólipo nasal Obstrução de vias aéreas superiores
Secreção mucociliar viscosa Dificuldade de ventilação adequada
256 An e s t e s ia Pe diátrica
Craniópagos 2 Cérebro
Fig. 15.1A – Toracópagos (órgão em comum: pericárdio). Fig. 15.1B – Onfalópagos ou tóraco-onfalópagos (órgão comparti-
lhado é o fígado, em geral).
Fig 15.1C – Pigópagos (região anal única, em geral). Fig. 15.1D – Isquiópagos (trato geniturinário e intestino comparti-
lhados).
258 An e s t e s ia Pe diátrica
Toracópagos Radiografia de tórax, ECG, ECO, RMA, cateterização cardíaca, gases sangüíneos e diferencial de oximetria
Onfalópagos Radiografia tóraco-abdominal, função gastrointestinal superior, análise de função e anatomia hepática
Estudo gastrointestinal superior e inferior seriado, cistoscopia, cistografia, TC com contraste, pielografia,
estudo renal, vaginografia, RM de coluna, aortografia
Cirurgias eletivas de separação têm melhores re- rados, além das condições gerais dos gêmeos, deven-
sultados se realizadas entre o 9o e 12o mês de vida; do haver duas equipes cirúrgico-anestesiológicas.
antes do 6o mês, o prognóstico é reservado. Pelo risco de hemorragia e hipovolemia, deve-se
Condições de emergência podem forçar a an- ter à mão acesso venoso periférico e central de gros-
tecipação da cirurgia de separação, como a morte so calibre, além do acesso arterial, em ambos os gê-
de um dos gêmeos, obstrução intestinal, ruptura meos. A maior dificuldade para os anestesiologistas
de onfalocele, falência cardíaca ou respiratória e/ou envolvidos nessa operação é avaliar a extensão da
obstrução de vias urinárias37. circulação colateral entre os dois gêmeos.
É complexa a seqüência de indução e manuten-
Considerações anestesiológicas ção anestésica36-38.
No pré-operatório é necessário o estudo da ana- Um importante ponto relatado por Aird (1954) e
tomia e do funcionamento dos órgãos a serem sepa- Allen (1959) é a necessidade de administrar corticói-
260 An e s t e s ia Pe diátrica
Poliomielite
Polineuropatias Adquiridas
Congênitas
Miastenia gravis
Miopatias congênitas
Distrofia miotônica
Mitocondriais
Glicogenoses
Doenças musculares
Miopatias metabólicas Ligadas à anormalidade Hipocalemia secundária
do metabolismo do
potássio Paralisias periódicas Hipercalêmica
familiares
Hipocalêmica
Infecciosas
Miosites
Idiopática
Osteogênese imperfeita
Fonte: Reed44.
Fonte: Reed44.
262 An e s t e s ia Pe diátrica
Miopatia miotubular
Outras
Forma ocular
Forma oculofaríngea
Outras
Tipo II (Pompe)
Miopatias mitocondriais
Hipocalêmica
264 An e s t e s ia Pe diátrica
266 An e s t e s ia Pe diátrica
268 An e s t e s ia Pe diátrica
270 An e s t e s ia Pe diátrica
Considerações anestesiológicas
PSEUDOCOLINESTERASE ATÍPICA
Independentemente da utilização de succinilco-
O bloqueio neuromuscular prolongado após a lina ou mivacúrio em doente com pseudocolineste-
utilização de mivacúrio ou succinilcolina pode ad- rase atípica, a melhor conduta é aguardar o retorno
vir da deficiência da pseudocolinesterase140-143. da atividade muscular ao normal, fornecendo su-
A colinesterase plasmática ou pseudocolines- porte ventilatório143,144,147.
terase é uma proteína plasmática produzida pelo Uma alternativa terapêutica é a utilização de
fígado, que, na dependência da expressão gênica, plasma fresco congelado ou preparações de plasma
pode configurar indivíduos normais, heterozigotos humano contendo pseudocolinesterase normal, po-
que manifestam bloqueios neuromusculares com rém os riscos de contaminação por diferentes agen-
duração pouco acima do esperado (por volta de 20 tes praticamente invalida essa conduta143,144,148.
a 30 minutos após a utilização de succinilcolina)
e homozigotos atípicos, cuja pseudocolinesterase ASMA NA CRIANÇA
tem 1/100 da atividade da normal, proporcionan-
Asma é uma condição inflamatória crônica das
do bloqueios com duração de 6 a 8 horas, após a vias aéreas, resultando em episódios de obstrução
utilização da succinilcolina143,144. ao fluxo de ar. Essa inflamação crônica aumenta a
O anestésico local dibucaína inibe a atividade contratilidade e hiper-reatividade das vias aéreas,
da pseudocolinesterase normal em 80%, a do hete- desencadeadas pela exposição a alérgenos. Outras
rozigoto em 40% a 60% e a do homozigoto atípico anormalidades histopatológicas das vias aéreas in-
em 20%. A porcentagem de inibição da atividade cluem dano epitelial e deposição de colágeno su-
da pseudocolinesterase pela dibucaína é denomina- bepitelial, com espessamento da membrana basal,
272 An e s t e s ia Pe diátrica
274 An e s t e s ia Pe diátrica
276 An e s t e s ia Pe diátrica
278 An e s t e s ia Pe diátrica
280 An e s t e s ia Pe diátrica
282 An e s t e s ia Pe diátrica
Procedimentos
anestésicos
específicos
283
INTRODUÇÃO
PRÉ-NATAL Obstetrícia
Idealmente, a atuação do anestesiologista neo- Genética
Medicina fetal
natal deveria ocorrer dentro do contexto amplo e Laboratório
multidisciplinar da perinatologia, que reúne o con- Imagem
junto de ações dirigidas ao bem-estar do ser huma- ALTA
no desde sua concepção até o final do primeiro mês Obstetrícia
PARTO Anestesia
de vida (Fig. 16.1). Neonatologia
A morbimortalidade anestésico-cirúrgica é
maior em recém-nascidos (RN) que não receberam BERÇÁRIO UTI NEONATAL: Neonatologia
atendimento pré e pós-operatórios adequados. Os • Especialidades: cardiologia,
neurologia, oftalmologia
cuidados pré-natais com relação ao feto permitem etc.
prever a saúde e maturidade do concepto1. Gesta- • Enfermagem – Nutrição
ções com diagnóstico precoce de alterações gené- CIRURGIA
– Fisioterapia
• Laboratório – Imagem
ticas, malformações e patologias cirúrgicas devem ANESTESIA
• Hemoterapia
ser orientados para hospitais especializados2.
Nas unidades neonatais, as melhorias dos cuida- Fig. 16.1 – Ciclo de atendimento perinatal de excelência
285
286 An e s t e s ia Pe diátrica
288 An e s t e s ia Pe diátrica
290 An e s t e s ia Pe diátrica
RNPT 44 24 33
Nos RNPT podemos utilizar a regra PAM= IG em semanas. Por exemplo, PT com IG de 30 semanas: PAM = 30 mmHg.
admissão dos gases frescos, referindo valores muitos os valores de proteínas plasmáticas totais for menor
inferiores a PaCO2. Para maior fidelidade, são ne- que 5 g/dl ou a albuminemia menor que 2,5 g/dl,
cessárias sondas provistas de canal lateral como as pode-se cogitar administração de albumina a 5%
usadas para administração de surfactante, possibili- em SF na dose de 2 g/kg em 5 a 10 min.
tando amostras do ar da traquéia. Nessas condições, No extremo oposto da desidração, a hiperhidra-
o capnóqrafo, além de refletir o estado respiratório, tação de causa geralmente iatrogênica se manifesta
fornece valiosa informação hemodinâmica8,10,21,31. por veias proeminentes, pele ruborizada, aumento da
PA, diurese maior que 2 ml/kg/h, perda das dobras
PROGRAMANDO A FLUIDOTERAPIA palpebrais, edema de conjuntiva ocular e das alças in-
TRANSOPERATóRIA testinais visíveis durante as laparotomias e nos casos
extremos, sinais de ICC e edema agudo de pulmão.
A água corporal total (ACT) no feto com 25
Os parâmetros que orientam a fluidoterapia
semanas de idade gestacional representa 85% do
transoperatória são pressão arterial, diurese e micro-
peso corporal, em RNT, 80% a 78% e em lacten-
hematócrito mostrados na Tabela 16.3. Em casos
tes, 75%. Ao nascimento, a maior parte da ACT
mais complicados podem ser solicitadas a dosagem
está no compartimento extracelular. Quanto me-
de eletrólitos, a densidade plasmática e urinária,
nor o RN, mais facilmente perde água. As perdas
PVC e PAM invasiva.
insensíveis, principalmente por evaporação em
RNPT extremos, pode chegar a ser 15 vezes maior
Tabela 16.3 – Volemia e hematócrito no RN
que em RNT. Devemos procurar sinais de desi-
Volemia Ht Ht mínimo
dratação: mucosas secas, pele fria e pálida, olhos
aceitável
opacos e encovados, fontanelas deprimidas, oligú-
RNPT 90 a 100 ml/kg 45 (40-60) 35 a 40
ria e hipotensão. Mãos e antebraços frios com a
ausência do pulso radial indicam depleção volêmica RNT 80 a 90 ml/kg 54 (45-70) 30 a 35
de 5% a 10%, toda a extremidade fria e ausência 3 meses 75 ml/kg 35 (28-40) 25
de pulso braquial, déficit de 10% a 15%, tronco
frio e pulso femural impalpável indicam colapso Como referência, é bastante utilizada a padro-
vascular iminente. RN que chega ao CC nessas nização da reposição volêmica transoperatória ba-
condições não deve ser induzido. Precisam inicial- seada nas necessidades basais, no déficit de jejum,
mente de reanimação volêmica de 10 ml de Ringer nas perdas para o 3o espaço, na oferta calórica e na
lactato ou solução fisiológica em 5 a 10 minutos. reposição do sangue perdido.
Se o quadro persistir ou não apresentar uma me- A oferta calórica transoperatória em RN é con-
lhora consistente, a tentativa de expansão volêmica troversa. Os contrários ao fornecimento sistemático
pode ser repetida. Se houver anemia concomitante, de glicose argumentam que as respostas endocrino-
deve-se administrar concentrado de hemácias. Se metabólicas do estresse anestésico cirúrgico predis-
292 An e s t e s ia Pe diátrica
Pancurônio 0,1
MANUTENÇÃO DA ANESTESIA
Rocurônio 0,6- 1
Como regra geral, pode ser obtida com a asso-
Atracúrio 0,3-0,5
ciação balanceada de um agente inalatório entre 1
Cisatracúrio 0,1 a 0,5 CAM, mais pequenas doses intermitentes ou
Mivacúrio 0,2 contínuas de opióide ou de um bloqueio espinhal
preferencialmente epidoral, lombar ou sacral. O
Tabela 16.6 – Opióides uso de relaxantes musculares está indicado quan-
Drogas Infusão contínua EV (ug/kg-1/h-1) do um melhor relaxamento abdominal for neces-
Fentanil 1-4 1a3
sário ao bom andamento cirúrgico e a respiração
controlada mecânica.
Sufentanil 0,2-0,1 0,05
A indução inalatória é uma opção quando o RN
Alfentanil 5-15 0,016-0,05
está sem linha venosa estabelecida e a manutenção
Naloxona 0,01-0,1 3-5 da respiração espontânea seja indicada, como nas
deformidades craniofaciais ou situações semelhan-
Os RNPT constituem compartimentos farma- tes que façam prever intubação difícil. Valores da
cocinéticos em constante evolução e modificação. CAM e da concentração inspirada segura durante
Um RNPT de 1.000 g é muito diferente de outro a indução estão ilustradas na Tabela 16.7
de 2.500g e este, de um RNT de 3.200 g. Da mes- Para iniciar a indução, devemos posicionar o RN
ma forma, a maturação hepática e renal e, conse- corretamente e escolher a máscara facial adequada.
294 An e s t e s ia Pe diátrica
296 An e s t e s ia Pe diátrica
298 An e s t e s ia Pe diátrica
300 An e s t e s ia Pe diátrica
302 An e s t e s ia Pe diátrica
304 An e s t e s ia Pe diátrica
306 An e s t e s ia Pe diátrica
308 An e s t e s ia Pe diátrica
Nelson Mizumoto
“O intelecto, como o cérebro, que no sétimo ano de vida atinge seu ta-
manho completo, desenvolve-se cedo, embora ainda não esteja maduro, e
procura nutrir-se sem cessar de toda essa existência ainda nova, na qual
tudo, absolutamente tudo é revestido com um atrativo de novidade. Eis a
razão de nossa infância ser uma poesia ininterrupta...”
Arthur Schopenhauer106
311
Fig. 17.1 – Durante o terceiro trimestre de gestação, o córtex cere- Fig. 17.2 – A malformação de Arnold-Chiari, localizada na fossa
bral aumenta sua superfície, formando sulcos e fissuras, que geram posterior, desloca as estruturas para baixo, alongando o tronco,
circunvoluções no córtex para acomodar os novos neurônios que obstruindo a drenagem do LCR e causando hidrocefalia. Na medula,
serão formados. pode ocorrer seringomielia.
312 An e s t e s ia Pe diátrica
314 An e s t e s ia Pe diátrica
Fluxo
velocidade
Va
Vf
Ponto
de equilíbrio
4 PIC (mmHg)
316 An e s t e s ia Pe diátrica
150
ml/100 g/min
O2 liberado
6
e após esse tempo, alterações irreversíveis ocorrem
FSC
318 An e s t e s ia Pe diátrica
320 An e s t e s ia Pe diátrica
322 An e s t e s ia Pe diátrica
324 An e s t e s ia Pe diátrica
326 An e s t e s ia Pe diátrica
328 An e s t e s ia Pe diátrica
330 An e s t e s ia Pe diátrica
332 An e s t e s ia Pe diátrica
334 An e s t e s ia Pe diátrica
336 An e s t e s ia Pe diátrica
338 An e s t e s ia Pe diátrica
340 An e s t e s ia Pe diátrica
342 An e s t e s ia Pe diátrica
Eliana Laurenti
Suzana Barbosa de Miranda Teruya
Claudia Marquez Simões
343
344 An e s t e s ia Pe diátrica
Fig. 18.1– Classificação do tamanho das amígdalas com a porcen- Fig. 18.2 – Classificação de Mallampatti modificada. Mallampati SR,
tagem de área orofaríngea ocupada pelas amígdalas hipertrofiadas. Gatt SP, Gugino lD et aI. A clinical sign to predict difficult tracheal
Adapatado de Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK. Clinical anesthe- intubation: a prospective study. Can Anaesth Soc J 1985; 32:429.
sia, 4.ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2001.
346 An e s t e s ia Pe diátrica
efeito analgésico é comprovadamente equipotente acreditam que a infiltração facilita a dissecção local.
ao dos opióides e diminui a incidência de náuseas No entanto os pontos favoráveis à infiltração local
e vômitos pós-operatórios19. O uso dos novos ini- devem ser pesados contra as possíveis complicações,
bidores eletivos da COX 2 parecem atrativos nestes que apesar de raras podem ser sérias e até mesmo
casos, já que influenciam menos a função plaquetá- fatais como edema pulmonar agudo e hemorragia
ria. No Brasil já dispomos da droga mais utilizada intracraniana com paralisia bulbar22,23.
em estudos controlados em crianças – o ketorolac.
Utilizamos para analgesia pós-operatória a asso- Cirurgias do ouvido
ciação de várias drogas, desde opióides utilizados
em doses pequenas no intra-operatório (sufentanil Miringotomia e inserção de tubo de ventilação
0,5 a 1 mcg/kg ou fentanil 1-3 mcg/kg), combi- Indicada em crianças com otite serosa crônica,
nados com dipirona 30 mg/kg e cetoprofeno ou que pode levar à perda auditiva. A miringotomia
tenoxicam 1 mg/kg. Existem outras alternativas de possibilita a drenagem de líquido, porém a cicatri-
analgesia pouco empregadas em nosso meio, como zação pode fechar esta via de drenagem, por isso é
baixas doses de cetamina intravenosa – uma opção feita a colocação de um tubo plástico que funcio-
com pouca aplicação clínica, pois a cetamina mes- na como respiro e é eliminado naturalmente em 6
mo em baixas doses afeta a cognição, não podendo meses a 1 ano. Este é um procedimento rápido e
ser utilizada para cirurgias ambulatoriais, muito fre- a anestesia pode ser feita somente com oxigênio,
qüentes em otorrinolaringologia20. Outra alternati- N2O e um agente inalatório, não necessitando de
va baseada no princípio da analgesia preemptiva é intubação orotraqueal. As crianças com otite serosa
a infiltração periamigdaliana de anestésico local. O crônica freqüentemente apresentam infecções do
bloqueio do estímulo doloroso impede o estabele- trato respiratório superior não complicadas, mas
cimento de um estado de hiperexcitação e evita a podem ser submetidas ao procedimento, pois não
diminuição do limiar de dor, resultando assim em há diferença de complicações perioperatórias entre
maior analgesia não somente pelo efeito anestési- crianças assintomáticas e com infecções do trato
co local, mas também pelo bloqueio do estímulo respiratório superior quando não há necessidade de
doloroso antes da cirurgia21. O vasoconstritor adi- intubação orotraqueal. Os critérios de infecção de
cionado ao anestésico local pode diminuir a perda trato respiratório superior não complicada são pelo
sangüínea no intra-operatório, o que pode ser uma menos dois dos seguintes sintomas: dor de gargan-
grande vantagem em crianças muito pequenas, ten- ta, rinorréia, congestão nasal, tosse não produtiva,
do em vista sua pequena volemia. Alguns cirurgiões temperatura menor que 38,3oC, laringite24.
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0,5 – 1 3,5-4,0 5
1-2 4,0-4,5 5
2-4 4,5-5,0 5 3,5 26
4-6 5,0-5,5 5 3,5 26-28
6-8 5,5-6,0 6 4,5 32
8-10 6,0 c/ cuff 6 4,5 35
10-12 6,5 c/ cuff 6 6,0 35
12-14 6,5-7,0 c/ cuff 6 7,0
14-16 7,0 c/ cuff 7
16-18 7,0-8,0 c/ cuff 7
TT – tubo traqueal BB – bloqueador brônquico TDL – tubo de duplo lume
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Onfalocele Gastrosquise
Etiologia Não retorna das alças intestinais para a cavidade Provável oclusão da artéria onfalomesentérica
abdominal na 11a semana de gestação
Características Vísceras abdominais cobertas por membrana Vísceras abdominais expostas sem revestimento
amnioticoperitorineal membranoso
Intestino morfologicamente normal Intestino com função anormal (edema, inflamação)
Doenças associadas Presente em 80% dos pacientes, sendo Presente em 5% a 25% dos pacientes, sendo
25% a 30% deles prematuros 60% deles prematuros
a albumina a 5%. O débito urinário deve ser mo- pressão intra-abdominal, o que compromete o re-
nitorado (1 a 2 ml/kg), assim como os eletrólitos e torno venoso para a veia cava ou a movimentação
o estado ácido-básico. do diafragma. Isso pode ser medido pela pressão
intravesical ou pela pressão traqueal, e o cirurgião
Anestesia e cuidados peri-operatórios deve ser informado das modificações ocorridas.
Caso o fechamento primário não seja possível, uma
Os principais riscos perioperatórios são: a) a hi- correção em estágios é planejada, envolvendo-se as
povolemia decorrente das perdas líquidas no pré- vísceras herniadas com uma bolsa de silicone que
operatório, o que exige ressuscitação antes e durante é comprimida gradualmente, em um período de
a cirurgia; b) a hipotermia; c) a broncoaspiração; d) aproximadamente 7 a 10 dias, com o intuito de au-
o aumento da pressão intra-abdominal, que pode mentar a cavidade abdominal para comportar todo
causar restrição da movimentação diafragmática, o conteúdo herniado.
comprometimento da perfusão intestinal, renal e
hepática, diminuição do retorno venoso dos mem- Em geral, esses neonatos permanecem em ven-
bros inferiores resultando em congestão, cianose e tilação mecânica por períodos que variam de 24 a
alterações do débito cardíaco e da pressão arterial; 48 horas. Quando nenhuma outra anomalia está
e) a hipoglicemia1. presente, mais de 90% das crianças sobrevivem.
A monitorização metabólica, especialmente da
glicemia, é importante porque os neonatos com Estenose Hipertrófica do Piloro
onfalocele (mas não gastrosquise) podem ser por- (EHP)
tadores da síndrome de Beck-Wiedmann, doença É uma condição patológica em que ocorre hi-
que se caracteriza por macroglossia, gigantismo e pertrofia progressiva da musculatura do esfíncter
organomegalia25 e, esporadicamente, por hipogli- gastroduodenal a ponto de causar obstrução gradu-
cemia secundária à secreção inapropriada de in- al do canal pilórico, prejudicando o esvaziamento
sulina. É recomendável adicionar glicose a 5% ou gástrico. Sua incidência varia de 1:300 a 1:1.000
10% nos líquidos utilizados para a reposição das neonatos, sendo mais freqüente nos lactentes do
perdas básicas. sexo masculino. Por volta da 2a e 6a semanas de
O fechamento primário é o tratamento prefe- vida, o lactente passa a apresentar vômitos não bi-
rencial, mas ele somente é possível quando a re- liosos de caráter progressivo após as mamadas, o
dução do conteúdo abdominal não elevar muito a que leva a desidratação e perda de ácido clorídrico
Doenças intestinais
As malformações congênitas do trato digesti-
vo são afecções freqüentes e constituem um dos
mais importantes capítulos da patologia cirúrgica
Fig. 20.3 – Onfalocele (A) está freqüentemente associada com ou-
tras malformações congênitas. Gastrosquise (B) em geral é defeito
pediátrica. As doenças intestinais cirúrgicas mais
único. comuns na infância são o apendicite agudo, o pân-
creas anular, a estenose ou atresia do intestino, a
duplicação do intestino, o íleo meconial, a ente-
do suco gástrico. Pode causar, nos casos extremos, rocolite necrosante e o megacolon congênito26, a
desnutrição, desidratação hipoclorêmica, grave al- maioria delas cursando com obstrução intestinal.
calose metabólica e hiponatremia1. O atraso no diagnóstico e no tratamento pode au-
Como tentativa de compensar a queda da quan- mentar a morbimortalidade, ao comprometer o
tidade de íons hidrogênio no líquido extracelular, fluxo sangüíneo mesentérico, produzindo, com o
388 An e s t e s ia Pe diátrica
agravamento da distensão abdominal (que compri- operatória mais cuidadosa. O enema contrastado
me o diafragma, limita a ventilação e aumenta o pode auxiliar no diagnóstico diferencial.
risco de aspiração pulmonar), alterações hidroele- Embora as obstruções intestinais no neonato
trolíticas (por depleção do EEC devido ao edema tenham causas diferentes, o manuseio peri-opera-
de alças, à necrose intestinal e ao uso de enemas tório é similar. São prioridades as medidas para mi-
hiperosmolares para auxílio diagnóstico e terapêu- nimizar os riscos de broncoaspiração, os cuidados
tico), perfuração intestinal e septicemia27.
com a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e
O exame clínico é de extrema importância no os cuidados com o controle da temperatura.
diagnóstico das doenças congênitas. Na maioria
das vezes, observam-se síndromes obstrutivas iden-
Obstrução duodenal
tificáveis pelos seguintes sinais de alarme: vômitos
persistentes e biliosos, resíduo gástrico maior que As obstruções ou suboclusões duodenais no re-
20 ml e de aspecto bilioso, distensão abdominal, cém-nascido, podem ser causadas por atresia, este-
peristaltismo visível, ausência ou eliminação do re- nose, pâncreas anular e vícios de rotação intestinal
torno na eliminação do mecônio e tumoração ab- com compressão duodenal extrínseca. Freqüente-
dominal palpável. mente estão associadas a outras anomalias congê-
Os exames complementares, como a radio- nitas, como a trissomia do cromossomo 21, imper-
grafia simples de abdômen (que pode demonstrar furação anal, cardiopatias congênitas, síndrome de
níveis hidroaéreos, ar na parede intestinal e na ca- Down, fibrose cística, atresia de esôfago e anoma-
vidade peritoneal e sinais de calcificação), o estudo lias renais.
contrastado e a ultra-sonografia abdominal pré ou
As crianças com obstrução duodenal completa
pós-natal, podem auxiliar na identificação da causa
apresentam pouca distensão abdominal e vômitos
da obstrução intestinal.
biliosos ou não que se iniciam nas primeiras 24 a
As obstruções intestinais do neonato podem
48 horas de vida.
ser divididas em proximal e distal. As obstruções
proximais, causadas por atresia de duodeno ou O diagnóstico pode ser feito no período pré-
jejuno e má-rotação com volvulus, provocam, em natal, quando, à ultra-sonografia, identifica-se
geral, vômitos que podem ou não ser biliosos, na o duodeno muito dilatado e o restante das alças
dependência de a obstrução ser proximal ou distal intestinais de pequeno calibre. O sinal da dupla
à ampola de Vater e, em menor freqüência, disten- bolha à radiografia (ar no estômago e na porção
são abdominal. Já a obstrução distal provoca clí- proximal do duodeno) é patognomônico.
nica menos exuberante, com distensão abdominal O tratamento não é uma urgência cirúrgica e
que antecede os vômitos. Na maioria dos casos, o consiste, inicialmente, na colocação de sonda oro
intestino não se encontra em perigo de compro- ou nasogástrica e na correção do distúrbio hidroe-
metimento imediato, o que permite avaliação pré- letrolítico e metabólico.
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Total (terceiro grau) Epiderme e toda a derme Requer excisão e enxerto p/ retorno da
função. Cicatriz e limitação de função
Quarto grau Pele + músculo + fáscia + ossos Requer completa excisão. Grande limitação
de função.
O volume de líquido a ser reposto na criança Assim, alguns centros utilizam colóides ou soluções
pode ser determinado pelas fórmulas apresentadas cristalóides hipertônicas com o intuito de reduzir
na Tabela 21.3. Muitas dessas fórmulas subestimam o volume necessário para a ressuscitação e propi-
a quantidade de líquido necessária para a ressusci- ciar menor escape de líquido para o interstício,
tação, principalmente nas crianças com peso infe- mas essa conduta não tem se mostrado superior.
rior a 10 kg ou com superfície corporal queimada Quando a ressuscitação é feita exclusivamente com
acima de 40%. cristalóides, grandes volumes são necessários, pois
Devemos ter em mente que as fórmulas servem somente 30% do líquido administrado permanece
apenas como um guia para o cálculo do volume. no espaço vascular. O restante escapa para o inters-
O tratamento deve ser individualizado e ajustes tício, formando enorm edema na região queimada,
devem ser feitos, de acordo com a resposta he- que é comum à necessidade de escarotomia para a
modinâmica e débito urinário apresentado. Na profilaxia de síndrome de compartimento.
criança, o débito urinário deve ser de, pelo menos, Crianças requerem mais líquidos que os adultos
1 ml/Kg/h. para a reposição. No esquema de Parkland só crista-
Não existe consenso se a reposição deve ser feita lóides são utilizados e o volume calculado deve ser
só com soluções cristalóides ou com a associação de reposto em 24 horas, metade nas primeiras 8 horas
soluções coloidais. O grau de edema formado na e a outra metade nas 16 horas restantes.
região queimada e não queimada é dependente do O esquema de Brooke utiliza 0,5 ml de solu-
volume e da composição do líquido de reposição. ção cristalóide mais 1,5 ml de solução coloidal e a
404 An e s t e s ia Pe diátrica
Cálculo
Esquema Comentário
Cristalóide (RL) Colóide (albumina)
reposição é feita de forma semelhante ao esquema ca acarreta disfunção pulmonar e edema tecidual.
de Parkland. Quando a reposição não é iniciada Outros critérios podem guiar a reposição volêmica,
imediatamente após a queimadura, é aconselhável como a pressão venosa central, a pressão arterial e
infundir metade do volume nas primeiras 4 horas e até a pressão capilar pulmonar, mas nada suplanta
a outra metade nas 20 horas restantes. No segundo o acompanhamento clínico minuto a minuto.
dia de tratamento, a necessidade de líquidos é cerca
de metade da utilizada no primeiro dia. Cerca de Dor
72 horas após a queimadura, o edema é reabsorvi-
do e ocorre redução do hematócrito. A reposição As queimaduras de terceiro grau provocam ne-
de grande volume de cristalóide deve ser interrom- nhuma ou mínima intensidade de dor, pois ocor-
pida o mais precocemente possível, tão logo ocorra re destruição de nociceptores. Já as de primeiro e
controle da instabilidade hemodinâmica. segundo grau provocam dor intensa que deve ser
O estado geral do paciente e seu grau de consci- tratada imediatamente, tão logo as prioridades
ência fornecem informações importantes a respeito iniciais sejam cumpridas. De uma maneira geral,
da reposição volêmica, mas o débito urinário é o a intensidade da dor é diretamente proporcional
melhor guia. Apesar do débito urinário ser um guia à extensão da superfície corporal queimada, mes-
importante, a perseguição do valor 1 ml/kg/hora mo que a maioria desta área seja de terceiro grau.
pode acarretar super-hidratação, sobretudo naque- O estresse psicológico que acompanha a criança
las que sofreram algum retardo para o início da re- logo após a queimadura dificulta a perfeita avalia-
posição e já adquiriram algum grau de disfunção re- ção da intensidade da dor. Desta forma, não deve-
nal ou tiveram aumento importante da concentra- mos subestimar as queixas, com risco de acarretar
ção do hormônio antidiurético. Insuficiência renal subtratamento desse sintoma.
aguda após queimadura tem incidência bimodal. Como princípio geral, deve-se evitar a adminis-
A insuficiência renal que aparece de maneira preco- tração subcutânea ou intramuscular de analgésicos,
ce está claramente associada ao atraso da reposição pois a absorção pode ocorrer lentamente. A melhor
volêmica, enquanto aquela que aparece tardiamen- via de administração ainda é a venosa, e os opiói-
te está associada à sepse como um componente da des ainda são os melhores agentes. A administração
insuficiência de múltiplos órgãos. Independente- venosa contínua de morfina é eficiente no combate
mente do tipo, a insuficiência renal acarreta morta- à dor, mas apresenta latência de 6 a 10 minutos.
lidade de até 87%. O excesso de reposição volêmi- A dose recomendada é de 0,1 mg/kg e pode ser uti-
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Tetralogia de Fallot
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Truncus arteriosus
Fig. 22.8 – Representação diagramática do truncus arteriosus do
É cardiopatia pouco freqüente, responsável por tipo IV. Observa-se a presença do defeito do septo atrial (DSA), de-
menos de 1 % dos casos de cardiopatias congênitas feito do septo ventricular (DSV) e arco aórtico à esquerda.
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Paralisia cerebral
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Epidermólise bolhosa
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A B C D
Fig. 24.1 – A = Extrofia vesical em RN do sexo masculino; cranialmente, presença de cordão umbilical e haste peniana bem desenvolvida.
Testículos tópicos na bolsa escrotal. B = Extrofia vesical em RN sexo feminino; clítoris fendido. C = Placa vesical elástica e pulsátil. Ectopia
e bifidez de bolsa testicular. D = Extrofia vesical clássica. Fonte: Amílcar M. Giron, Tese de livre-docência, FMUSP.
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LAPAROSCOPIA EM UROLOGIA
PEDIÁTRICA
Fig 24.4 – Paciente do sexo feminino, 1 ano e 2 meses de idade,
com tumor de Wilms de rim direito; artéria e veia renal isoladas. A laparoscopia diagnóstica vem sendo usada em
Fonte: Amílcar M. Giron, Urologia Pediátrica. urologia por mais de 25 anos, inicialmente somente
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Mucosa oral e dentes Inflamação das mucosas Consulta e pré-tratamento dentário; enxaguar a boca com bicarbonato de sódio;
tratar com flúor; lidocaína gel e analgésicos orais para a dor; tratar candidíase
quando houver
Esôfago Esofagite Analgésicos sistêmicos; considerar diagnóstico de esofagite por cândida
Pulmões Pneumonite por radioterapia Observar em casos leves; predinisona em casos moderados a graves
Fígado Hepatite por radiação Sintomático
Intestino Cólicas, diarréia, náusea e Agentes constipantes; antieméticos e dietas com baixo resíduo
vômitos
Bexiga Alterações urinárias, disúria Analgésicos urinários (Pyridium)
Reto Tenesmo Sintomático
Hematopoiético Citopenia Transfusões; citocinas (por exemplo, eritropoetina); fatores de estimulação de
granulócitos estão sendo estudados
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Consciente
1
Inconsciente
Sem movimento ou resposta
Ligar 192/193, preparar DEA
2
1 SOCORRISTA: colapso súbito
Ligar 192/193, preparar DEA
3
Desobstruir Vias aéreas (A),
Avaliar Respiração (B)
• VER
• OUVIR
• SENTIR
4
Se não respira
Faça 2 ventilações de resgate – elevação do tórax
5
5A
Se não responder, verificar o pulso: Com pulso Faça uma respiração a cada 3 segundos
Pulso bem definido em 10 segundos? Verifique o pulso a cada 2 minutos
Sem pulso
6
1 SOCORRISTA: ciclos de 30 MCE e 2 respirações Obs: Notar que as atividades nas caixas
Comprimir forte e rápido (100/min) – liberar completamente o toráx
pontilhadas serão executadas por pessoal
Evitar interromper a MCE
treinado e não por socorristas leigos.
2 SOCORRISTA: ciclos de 15 MCE e 2 respirações
7
Sem resposta, ligar 192/193, preparar DEA
Criança < 1 ano: continuar RCP, até Equipe SAVC assumir ou resposta da vítima
Criança > 1 ano: continuar RCP; usar DEA após 5 ciclos de RCP
(Usar DEA tão logo disponível nos casos de colapso súbito não presenciados)
8
Criança < 1 ano:
Checar ritmo
Ritmo para desfibrilação?
9 10
Desfibrilar 1 vez Continuar RCP imediatamente por 5 ciclos
Cintinuar RCP imediatamente por 5 ciclos Verificar ritmo a cada 5 ciclos: continuar RCP até
Equipe SAVC assumir ou resposta da vítima
Fig. 28.1 – Algoritmo “Pediatric Healthcare Provider BLS” da American Heart Association.
478 An e s t e s ia Pe diátrica
Fig. 28.2 – Inclinação da cabeça e elevação do queixo (chin lift) em Fig. 28.5 – Ventilação boca-a-boca em crianças e adolescentes.
crianças e adolescentes. Adaptado de Chameides e Hazinski.
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 479
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
O atendimento inicial à criança traumatizada
deve ser integrado ao sistema pré-hospitalar, acio-
nado pelos telefones 192 ou 193 e constituído por
ambulâncias ou aeronaves que disponham de re-
cursos humanos especializados, como o médico e
o enfermeiro, além de outros profissionais também
treinados, pelo menos em primeiros socorros e
SBV. O equipamento disponível deve incluir más-
caras faciais, bolsas para ventilação (tipo AMBU),
Fig. 28.6 – Técnica de MCE em lactentes. Adaptado de Chameides cânulas oro e nasofaríngeas, oxigênio, aspirador e
e Hazinski.
sondas rígidas, estetoscópio, oxímetro de pulso,
monitor cardíaco, termômetro, esfigmomanôme-
tro, compressas, gazes, cobertores ou tecidos capa-
zes de evitar a hipotermia, pranchas e talas para
imobilização, colar cervical e desfibrilador externo
automático. Para a realização de eventuais proce-
dimentos invasivos é necessário material para in-
tubação traqueal e cricotireoidostomia, capnógra-
fo, cânulas para acesso intravenoso e intra-ósseo,
seringas e agulhas, soluções cristalóides, coloidais
e glicosadas, e drogas para situações emergenciais,
como relaxantes musculares de ação periférica,
atropina, sedativos e analgésicos. A distribuição
deste material na viatura deverá obedecer aos cri-
Fig. 28.7 – Massagem cardíaca com as mãos envolvendo o tórax.
térios definidos por seus responsáveis3. O trans-
Adaptado de Kattwinkel. porte por helicóptero é geralmente recomendado
480 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 481
2
Recomendada a Não recomendada
desfibrilação Avaliar ritmo a desfibrilação
Recomendada a desfribilação?
3 9
Fibrilação ventricular Assistolia
taquicardia ventricular Atividade elétrica sem pulso
4
Desfibriar 1 vez
• Manual: 2 J/kg 10
• DEA: criança>1 ano Continuar RCP imediantamente
(Usar sistema pediátrico em crianças Administrar epinefrina
de 1 a 8 anos) • IV:IO: 0,1 mg/kg
Continuar RCP imediatamente (1:10.000: 0,1 ml/kg)
Administrar epinefrina • Tubo traqueal: 0,1 ml/kg
• IV/IO: 0,01 mg/kg (1:1.000: 0,1 ml/kg)
(1:10.000: 0,1 ml/kg) Repetir a cada 3-5 minutos
• Tubo traqueal: 0,1 mg/kg
(1:1.000: 0,1 ml/kg)
Repetir a cada 3-5 minutos
RCP – 5 ciclos
7
Avaliar ritmo Não
Recomendada a desfribilação?
Durante RCP
Recomendada a • Comprimir forte e rápido (100/min) Identificar e tratar as causas
desfibrilação • Permitir retorno do tórax na exploração Hipovolêmia
8 • Evitar interrupções na MEC Hipoxemia
• 1 ciclo de RCP: 15 compressões para 2 Acidose
Continuar RCP – desfibrilador carregando respirações: 5 ciclos - 1-2 min Hipo/hipercalemia
Desfibrilar 1 vez • Evitar hiperventilação Hipoglicemia
• Manual: 2 J/kg • Garantir a via aérea e confirmar a Hipotermia
• DEA: criança >1 ano colocação do tubo Toxinas
Continuar RCP imediatamente • Fazer rodizio do socorrista a cada 2 Tamponamento cardiaco
Considerar antiarrítmicos minutos com avaliação do ritmo cardiaco Pneumotórax hipertensivo
• amiodarona 5 mg/kg IV/IO Trombose (coronanama/pulmular
• lidocaína 1 mg/kg Trauma)
*Após obtida a via aérea (IOT):
Conseiderar magnésio: 25 - 50 mg/kg IV/IO,
• Suspender os "ciclos" de RCP
máx. 2 g para torsades de pointes
(Realizar MCE sem pausa para a ventilação)
Após 5 ciclos de RCP* ir para Caixa 5
• Ventilar com 8-10 incursões/min.
• Avaliar ritmo a cada 2 minutos
Fig. 28.9 – Algoritmo de Parada Cardíaca sem Pulso do PALS – Pediatric Advanced Life Support do American College of Surgeons.
482 An e s t e s ia Pe diátrica
2
• Algoritmo BLS: avaliar/realizar
ABC
• Oxigênio 100%
• Monitor/Desfibrilador
3
Não Bradicardia ainda causa Sim
comprometimento cardiorrespiratório?
4
RCP
Apesar de O2/Ventilação se FC < 60/min com má perfusão
5A
• Algoritmo BLS: realizar ABC; O2 se necessário 5
• Observar Não Bradicardia sintomática persiste?
• Considerar consulta ao especialista
6
• Epinefria
IV/10: 0,01 mg/kg
Recomendações Tubo traqueal: 0,1 ml/kg
Repetir a cada 3-5 minutos
• Durante RCP - Comprimir a forte e Identificar e tratar as causas de: • Se tônus vagal aumentado ou
rápida 100/min Hipovolêmia bloqueio AV 1° grau:
Permitir retorno do tórax na expiração Hipoxia ou problemas ventilatórios Atropina
Evitar interrupções na MCE Acidose 1ª dose: 0,02 mg/kg, repetir S/N
• Algoritimo BLS: realizar ABC Hipo/hipercalemia (Dose máx.: 0,1 mg)
• 1 ciclo de RCP: 15 compressões para Hipoglicemia Dose máx. total para cças: 1 mg
2 respirações: 5 ciclos - 1-2 min Hipotermia • Considerar MPTC ou Transesofágico
• Evitar hiperventilação Toxinas
• Garantir a via aérea e confirmar a Tamponamento cardíaco
colocação do tubo Pneumotórax hipertensivo 7
• Fazer rodízio do socorrista a cada 2 Trombose (coronanma/pulmonar)
minutos com avaliação do ritmo Trauma (hipovolemia) Se evoluir para Assistolia/Atividade Elétrica sem Pulso ir para
cardíaco ALGORITMO DE PARADA CARDÍACA SEM PULSO
Fig. 28.10 – Algoritmo de Bradicardia com Pulso do PALS – Pediatric Advanced Life Support do American College of Surgeons.
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 483
4 5 10
Provável tarquicardia sinusal Provável tarquicardia supraventricular • Cardioversão sincronizada: 0,5 - 1J/kg
• História compativel consistente com causa • História compativel (vaga, não especifica) Se não efetiva: aumentar para 2 J/kg
conhecida • Onda P – ausente/normal Sedar se possivel, mas não retardar
• Onda P – presente/normal • FC fixa cardioversão
• R-R variável; P-R constante • História de variações abruptas da FC • Tentar adenosina se não retardar
• Lactentes: FC geralmente < 220 bpm • Lactentes: FC >220 bpm cardioversão
• Crianças: FC geralmente < 180 bpm • Crianças: FC > 180 bpm
7
6
Considerar manobras
Avaliar e tratar a causa vagais (não retardar)
8
11
• Acesso IV já disponivel:
Adenosina 0,1 ml/kg (dose máx. inicial = 6 mg) – bolus rápido Recomendada consulta a especialista
Pode duplicar 1ª dose e administrar 1 vez (máx 2ª doses = 12 mg) • Amiodarona 5 mg/kg IV por 20-60 minutos
ou ou
• Cardioversão sincronizada: 0,5 - 1 J/kg • Procainamida 15 mg/Kg IV por 30-60 minutos
Se não efetiva: aumentar para 2 J/Kg * Não administrar rotineiramente amiodarona e procainamida juntas
Sedar se possivel, mas não retardar cardioversão
Fig. 28.11 – Algoritmo de Taquicardia com Pulso e Baixa Perfusão do PALS – Pediatric Advanced Life Support do American College of Sur-
geons.
484 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 485
486 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 487
488 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 489
490 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 491
RN Adulto
Medula espinhal
Saco dural
Espaço peridural
492 An e s t e s ia Pe diátrica
peridurais em crianças estão listados na Tabela 28.3. British Oxygen Company com o nome de Ento-
nox® (Fig. 28.19) e consiste em cilindros que con-
Tabela 28.3 – Anestésicos locais usados em bloqueio peridural
em crianças
tém mistura de óxido nitroso (N O) e oxigênio 2
Anestésicos locais Concentração sob pressão que é controlada por uma válvula que
Ropivacaína 0,1-0,2% regula a pressão de abertura que oferece os gases
Bupivacaína 0,0625-0,125% a serem inalados pelo paciente quando este respi-
ra. Desta forma, o esforço respiratório da criança,
A Tabela 28.4 exemplifica alguns aditivos opiói- transmitido através da máscara facial, máscara na-
des e suas doses. sal ou dispositivo bucal, permite a abertura da vál-
Tabela 28.4 – Aditivos opióides usados em bloqueio peridural vula para a liberação da mistura a ser inalada. Este
em crianças método apresenta importante função de segurança
Bloqueio peridural por que mantém a criança consciente e permite o
Opióides Dosagem contato verbal da equipe com o paciente. Assim
Morfina 30-100 µg/kg sendo, não é recomendado para pacientes com
Fentanil 1 - 2 µg/kg
menos de 3 anos de idade e funciona melhor em
Sufentanil 0,75 µg/kg
Tramadol 2 mg/kg
crianças cooperativas com mais de 5 anos.
As contra-indicações absolutas ao seu uso in-
Outros aditivos também usados no espaço peri- cluem: pneumotórax, obstrução intestinal, anor-
dural, como a clonidina, um agonista alfa-2-adrenér- malidade nas vias aéreas, traumatismo craniano
gico, na dosagem de 1-2 µg/kg e a cetamina (S+), recente (especialmente com pneumoencéfalo), do-
um antagonista do receptor NMDA e agonista do ença respiratória crônica com enfisema e algumas
receptor opióide sigma σ, na dosagem de 0,5 – 1 doenças congênitas do coração não corrigidas (com
mg/kg, podem aumentar o período de analgesia. hipertensão pulmonar associada).
ÓXIDO NITROSO (N O) 2
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 493
494 An e s t e s ia Pe diátrica
ANALGIZER
Embocadura
Orifício de diluição
15,6 cm
Faixa de polipropileno
Entrada de ar
Orifício de reposição 2,5 cm
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 495
O metoxifluorano está autorizado para uso pelos Serviços de Transporte de Pacientes fora de Emergência (NEPT) nas seguintes situações:
3 – Iniciar o transporte
* Assumir o transporte para o destino
* Reavaliar continuamente o paciente durante o transporte e modificar o tratamento se necessário
* Se a dor piorar, avise o Serviço de Ambulância de Emergência e proceda como orientado
Notas
* Paciente com dor lombar por menos de 6 horas (idade < 60 anos) ou dor lombar superior a 24 horas (idade > 59 anos)
deverão ser encaminhados para o transporte na ambulância de emergência, a menos que um médico tenha descartado a
possibilidade de ameaças à vida.
* Para os pacientes com dor de trauma ocorridos em eventos públicos, metoxiflurano pode ser administrado enquanto
aguardam a chegada do médico ou da ambulância de emergência
* Metoxiflurano não deverá ser administrado a nenhuma dor fora deste protocolo, como dor de cabeça ou dor abdominal
* A dose máxima de metoxifluorano para cada paciente é de 6 ml em 24 horas. Em nenhuma circunstância ela deverá ser
excedida.
Fig. 28.21 – Protocolo do controle de dor no trauma utilizado pelos Serviços de Transporte de Pacientes fora de Emergência de Melbourne, em
Victoria, na Austrália. Fonte: “Clinical Practice Protocols Manual – Non-emergency patient transport services” – February 2006 – Melbourne,
Victoria – Austrália.
496 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 497
498 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 499
500 An e s t e s ia Pe diátrica
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502 An e s t e s ia Pe diátrica
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504 An e s t e s ia Pe diátrica
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506 An e s t e s ia Pe diátrica
Tra um a ti s m o e m P e d i a t r i a 507
508 An e s t e s ia Pe diátrica
INTRODUÇÃO
Pré-carga
Choque consiste em um estado fisiopatológico Débito cardíaco
Volume
Contratilidade
agudo e complexo de disfunção circulatória, que sistólico
Pressão Pós-carga
resulta em incapacidade do organismo em fornecer arterial Resistência
quantidades suficientes de oxigênio e outros nu- vascular
trientes para suprir as demandas metabólicas dos sistêmica
tecidos. Como conseqüência, ocorrem alterações
no metabolismo celular que resultam em disfun- Fig. 29.1 – Componentes do débito cardíaco.
509
510 An e s t e s ia Pe diátrica
VO2 (ml O2 min) = DaO2 – DvO2 = DC X (CaO2 – CvO2) X 10a No paciente adulto a paralisia vasomotora é a
a
o fator de conversão de ml de O2 / 100 ml para ml de O2 /l
principal causa de morte. Pacientes adultos têm
disfunção miocárdica manifestada pela diminui-
ção da fração de ejeção, mas o débito cardíaco é
Esta é a equação conhecida como equação de Fick. geralmente mantido ou aumentado mediante dois
A extração de oxigênio (EO2) é a relação entre mecanismos:
consumo e disponibilidade arterial de oxigênio: 1) taquicardia;
2) dilatação ventricular;
EO2 (%) = VO2/ DO2 = (CaO2 – CvO2)/ CaO2 = (SaO2 – SvO2 ) /
Sa02 Pacientes que não desenvolvem este processo
adaptativo têm pior prognóstico.3
A perfusão inadequada dos tecidos, observada
no choque, resulta em déficits de oxigênio tecidual, Crianças
por um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de Nas crianças geralmente o choque está associa-
oxigênio. do à severa hipovolemia e elas respondem bem a
uma agressiva ressuscitação fluídica.
Ao contrário dos pacientes adultos, a dimi-
Demanda de oxigênio Consumo de oxigênio nuição do débito cardíaco, e não a diminuição da
resistência vascular sistêmica, está associada com
Oferta de oxigênio
uma maior mortalidade. Então, uma terapêutica
que vise a manutenção do índice cardíaco (IC)
3,3-6,0 l/min/m2 pode resultar em aumento da
Fig. 29.2 – Demanda de O2 consumo O2.
sobrevida.
Também diferente de pacientes adultos, nas
Caso ocorra uma redução na oferta de oxigênio, crianças o transporte de O2, e não a extração de
o seu consumo pode ser mantido à custa do au- O2, é o fator determinante do consumo de O2.3
mento da extração tecidual de oxigênio. O ponto
no qual a disponibilidade de oxigênio reduzida tor- Récem-nascidos
na o seu consumo dependente da oferta denomina-
se DO2 crítico. Também neste ponto identificamos Choque é complicado pela transição da circula-
a extração de oxigênio crítica. Ocorre então uma ção fetal para a neonatal.
queda no consumo de oxigênio e se instala na cé- No útero 85% da circulação fetal passa direta-
lula uma situação de anaerobiose, que não produz mente para a aorta através do ducto arterioso em
suficiente substrato energético para a manutenção virtude da alta resistência pulmonar. Ao inalar
das múltiplas funções celulares. Os diversos meca- oxigênio temos a diminuição da pressão da artéria
nismos homeostáticos que são ativados no choque pulmonar e os fechamentos do ducto arterioso e do
procuram preservar, preferencialmente, a oferta e o forâmen oval.
Bas es d o T r a ta me n t o In t e n s i v o e Ch o q u e 511
512 An e s t e s ia Pe diátrica
Bas es d o T r a ta me n t o In t e n s i v o e Ch o q u e 513
514 An e s t e s ia Pe diátrica
Bas es d o T r a ta me n t o In t e n s i v o e Ch o q u e 515
Fig. 29.4 – Recomendações para o manejo do suporte hemodinâmico em crianças com choque séptico – ACCM/2002. UTIP: Unidade de
Terapia Intensiva Pediátrica; PALS = Pediatric Advanced Life Support - American Heart Association”; PAMI = pressão arterial média invasiva;
PA = pressão arterial; MAP = pressão arterial média; SVC O2 SAT = saturação de oxigênio venoso central.
516 An e s t e s ia Pe diátrica
Bas es d o T r a ta me n t o In t e n s i v o e Ch o q u e 517
519
520 An e s t e s ia Pe diátrica
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 521
522 An e s t e s ia Pe diátrica
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 523
524 An e s t e s ia Pe diátrica
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 525
526 An e s t e s ia Pe diátrica
2
Chocável Não chocável
Cheque
Chequeooritmo
ritmo
Ritmo
Ritmochocável?
chocável?
3 9
FV/TV
FV/TV Assistolia/AESP
Assistolia/AESP
4
10
Dê
Dê11choque
choque
•• Manual: Reinicie
ReinicieaaRCPRCPimediatamente
imediatamente
Manual:22J/kg
J/kg Dê
•• DEA:
DEA:> >11ano
>1 ano
ano Dêepinefrina
epinefrina
Use •• IV/IO:
IV/IO:0,01
0,01mg/kg
mg/kg
Usesistema
sistemapediátrico,
pediátrico,se
se (1:10.000:
disponível,
disponível,para
para11aa88anos
anos (1:10.000:0,1
0,1ml/kg)
mL/kg)
mL/kg)
Reinicie •• Tubo
Tuboendotraqueal:
endotraqueal:0,1
0,1mg/kg
mg/kg
ReinicieaaRCPRCPimediatamente
imediatamente (1:1.000:
(1:1.000:0,1
0,1ml/kg)
mL/kg)
mL/kg)
Faça 5 ciclos Repita
Repitacada
cada33aa55min
min
5 de RCP
Cheque
Chequeooritmo
ritmo Não Faça 5 ciclos
Ritmo
Ritmochocável?
chocável? de RCP
11
6 Chocável Cheque
12 Chequeooritmo
ritmo
Ritmo
Ritmochocável?
chocável?
Continue
ContinueaaRCP RCPenquanto
enquantooo
desfibrilador
desfibriladorcarrega
carrega •• Se
Seassistolia,
assistolia,vá
vápara
para
Aplique
Aplique11choque
choque aaCaixa
Caixa1010
•• Manual: Não 13
Manual:44J/kg
J/kg •• Se
Seatividade
atividadeelétrica,
elétrica, Chocável Chocável
•• DEA:
DEA:> >11ano
ano cheque
chequeoopulso.
pulso.Se
Senão Vá
>1 ano não Vápara
paraaa
Reinicie
ReinicieaaRCPRCPimediatamente
imediatamente houver
houverpulso,
pulso,vávápara
para Caixa
Caixa44
Dê
Dêepinefrina
epinefrina aaCaixa 10
Caixa 10
•• IV/IO:
IV/IO:0,01
0,01mg/kg
mg/kg •• Se
Sehouver
houverpulso,
pulso,inicie
inicie
(1:10.000:
(1:10.000:0,1
0,1ml/kg)
mL/kg)
mL/kg) cuidados
cuidadospós-ressuscitação
pós-ressuscitação
•• Tubo
Tuboendotraqueal:
endotraqueal:0,1
0,1mg/kg
mg/kg
(1:1.000:
(1:1.000:0,1
0,1ml/kg)
mL/kg)
mL/kg)
Repita
Repitacada
cada33aa55minmin
Faça 5 ciclos
7 de RCP
Durante
DuranteaaRCP
RCP
Cheque
Chequeooritmo
ritmo Não
Ritmo •• Comprima forte e rápido (100/min)
Comprima forte e rápido (100/min) •• Rodizie
Rodizieoocompressor
compressoraacada
cada
Ritmochocável?
chocável? 22min,
min,nanachecagem
checagemdodoritmo
ritmo
•• Garanta o retorno completo do tórax
Garanta o retorno completo do tórax
Chocável
8
•• Minimize
Minimizeas
asinterrupções
interrupçõesnas
nas •• Procure
Procureeetrate
tratepossíveis
possíveis
Continue
ContinueaaRCP RCPenquanto
enquantooo compressões
compressõestorácicas
torácicas causas
causasassociadas:
associadas:
desfibrilador
desfibriladorcarrega
carrega - -Hipovolemia
Hipovolemia
Aplique
Aplique11choque
choque •• Um
Umciclo
ciclode
deRCP:
RCP:3030compressões
compressões - -Hipóxia
Hipóxia
•• Manual: ee22ventilações; 5 ciclos ˜ 2 min - - Hidrogênio(acidose)
Hidrogênio
Manual:44J/kg
J/kg ventilações; 5 ciclos˜ ˜ 2 min (acidose)
•• DEA: - -Hipo/hipercalemia
DEA:>>1 1ano
>1 ano
ano Hipo/hipercalemia
Reinicie •• Evite
Evitehiperventilação - -Hipoglicemia
ReinicieaaRCP RCPimediatamente
imediatamente hiperventilação Hipoglicemia
- -Hipotermia
Considereantiarritmicos
Considere antiarritmicos Hipotermia
•• Assegure a via aérea e confirme a posição
Assegure a via aérea e confirme a posição - Tóxicos- Tóxicos
(p.ex.,amiodarona
(p.ex., amiodarona55mg/kgmg/kgIV/IO
IV/IO - -Tamponamento
Tamponamentocardíaco
cardíaco
oulidocaína
ou lidocaína11mg/kg
mg/kgIV/IO)
IV/IO) ** Após
Apósassegurar
asseguraraaviaviaaérea,
aérea,osossocorristas
socorristas - -Tensão
Tensãononotórax
tórax(pneumotórax)
(pneumotórax)
Consideremagnésio
Considere magnésio25 25aa5050 não
mg/kg nãomais
maisrealizam
realizam“ciclos”
“ciclos”dedeRCP.
RCP.Faça
Faça - -Trombose
Trombose(coronária
(coronáriaouou
mg/kgIV/IO,
IV/IO,máx.
máx
máx222g,
g,
g,para
para
para compressões
compressõestorácicas
torácicascontínuas,
contínuas,semsem pulmonar)
pulmonar)
torsades
torsadesde depointes
pointes pausas para ventilar. Faça 8 a 10 - Trauma
pausas para ventilar. Faça 8 a 10 - Trauma
Após
Após55ciclos
ciclosdedeRCP*,
RCP*,vá vápara ventilações
para ventilaçõesporporminuto.
minuto.Cheque
Chequeooritmo
ritmo
aaCaixa
Caixa55acima
acima aacada
cada22minutos.
minutos.
Fig. 30.1 – Parada Cardíaca sem Pulso. Fonte: Circulation 2005;102(supl):167-87. American Heart Association.
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 527
•• Garanta
GarantaABCs,
ABCs,conforme
conformenecessário
necessário
Dêoxigênio
•• Dê oxigênio
•• Conecte
Conectemonitor/desfibrilador
monitor/desfibrilador
Não Bradicardia
Bradicardiaainda
aindacausando
causando Sim
comprometimento
comprometimentocardiorrespiratório?
cardiorrespiratório?
Faça
FaçaRCP
RCPse,
se,aadespeito
despeitodede
oxigenação
oxigenaçãoeeventilação,
ventilação,
FC<60/min
FC < 60/mincom
FC<60/min comperfusão
com perfusãoinadequada
perfusão inadequada
inadequada
•• Garanta
GarantaABCs;
ABCs;dêdêoxigênio,
oxigênio,se
se
necessário Não
necessário Bradicardia
•• Observe Bradicardiasintomática
sintomáticapersistente?
persistente?
Observe
•• Considere
Considereconsulta
consultacom
comespecialista
especialista
Sim
•• Dê
Dêepinefrina
epinefrina
--IV/IO:
IV/IO:0,01
0,01mg/kg
mg/kg
(1:10.000:
(1:10.000:0,1
0,1ml/kg)
mL/kg)
mL/kg)
--Tubo
Tuboendotraqueal
endotraqueal
0,1
0,1mg/kg
mg/kg
(1:1.000:
(1:1.000:0,1
0,1ml/kg)
mL/kg)
mL/kg)
Repita
Repitacada
cada33aa55minutos
minutos
•• Se
Setônus
tônusvagal
vagalaumentado
aumentado
ou
oubloqueio
bloqueioAVAVprimário:
primário:
Lembretes
Lembretes Dêatropina,
Dê atropina,primeira
primeiradose:
dose:
•• Durante 0,02
0,02mg/kg,
mg/kg,pode
poderepetir.
repetir.
DuranteaaRCP,
RCP,comprima
comprimaforte
forte •• Procure
Procureeetrate
tratepossíveis
possíveis (Dose
eerápido
rápido(100/min)
(100/min) causas
causasassociadas
associadas (Dosemínima:
mínima:0,1
0,1mg;
mg;
•Garanta
Garantaoooretorno
retornocompleto
completodo dotórax
tórax---Hipovolemia dose
dosemáxima
máximatotal
totalpara
para
Garanta retorno completo do tórax Hipovolemia criança:
•Minimize
Minimizeas
Minimize asinterrupções
as interrupçõesnas
interrupções nas
nas --Hipóxia
Hipóxia criança:11mg)
mg)
compressões
compressõestorácicas
compressões torácicas
torácicas --Hidrogênio
Hidrogênio(acidose)
(acidose)
•• Garanta •• Considere
Consideremarcapasso
marcapasso
Garantaos
osABCs
ABCs --Hipo/hipercalemia
Hipo/hipercalemia
•• Assegure
Assegureaaviaviaaérea;
aérea;confirme
confirme --Hipoglicemia
Hipoglicemia
aaposição
posição --Hipotermia
Hipotermia
--Tóxicos
Tóxicos
--Tamponamento
Tamponamentocardíaco
cardíaco
--Tensão
Tensãononotórax
tórax(pneumotórax)
(pneumotórax) Se
Seocorrer
ocorrerparada
paradasem
sempulso,
pulso,
--Trombose
Trombose(coronária
(coronáriaou
oupulmonar)
pulmonar) vá
vápara
paraooAlgoritmo
Algoritmode
deParada
Parada
--Trauma
Trauma(hipovolemia,
(hipovolemia,aumento
aumentodadaPIC)
PIC) sem
sempulso
pulso
Fig. 30.2 – Bradicardia. Fonte: Circulation. 2000;102 (supl):290-342. American Heart Association.
528 An e s t e s ia Pe diátrica
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 529
530 An e s t e s ia Pe diátrica
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 531
532 An e s t e s ia Pe diátrica
Re s s u s c i t a ç ã o C a r d i o p u l m o n a r e m P e diatria 533
534 An e s t e s ia Pe diátrica
A Acetilcolina, 121
receptor de, com cinco subunidades, 122
Abscesso(s), 344 Acetominofeno, 435
cerebral, 414 Ácido, 90
e empiema pulmonar, 371 cítrico, 90
periamigdaliano, 344 fólico, deficiência de, 252
Acesso(s), 181, 196 Acidúria paradoxal, 309
vascular, 514 Adenina, 90
obtenção de, 523 Adenoamigdalectomias, complicações das, 348
venosos para anestesia neonatal, 181-198 Adrenalina, 516
asculta torácica, 186 Afecções musculares na infância, 264
capnografia, 192 Agentes
cateterização da artéria pulmonar, 195 endovenosos, 113-120
central, 183 aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos nas, 113
débito urinário, 189 benzodiazepínicos, 118
dissecção venosa, 184 cetamina, 114
eletrocardiograma, 186 diazepam, 119
monitorização, 185 etomidato, 118
clínica, 185 midazolam, 119
da saturação de oxigênio do sangue venoso misto, 196 opióides, 115
do débito cardíaco, 196 propofol, 115
na emergência, 185 tiopental, 118
oximetria, 190 inalatórios, 97-111
pela veia femoral, 184 características, 99
percutaneous central venous catheters, 184 especiais dos pacientes pediátricos e relação com os, 102
periféricos, 182 farmacocinéticas, 99
pressão, 186 concentração alveolar mínima dos, 102
arterial, 186 desflurano, 105
venosa central, 188 halotano, 104
temperatura, 188 isoflurano, 103
venoso de veias tributárias, 183 sevoflurano, 104
535
536 An e s t e s ia Pe diátrica
Índ i ce R em i s s i v o 537
538 An e s t e s ia Pe diátrica
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