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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
O QUE É TRANSTORNO MENTAL............................................................................................................ 11
CAPÍTULO 1
SOBRE TRANSTORNO MENTAL.................................................................................................. 11
UNIDADE II
POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS................................................... 21
CAPÍTULO 1
FATORES BIOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS E AMBIENTAIS ............................................................ 21
CAPÍTULO 2
ESTRESSE................................................................................................................................. 26
UNIDADE III
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS............................................................ 37
CAPÍTULO 1
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO – HIPERATIVIDADE – TDAH............................................ 37
CAPÍTULO 2
TRANSTORNOS DE HUMOR BIPOLAR........................................................................................ 49
CAPÍTULO 3
TRANSTORNOS ALIMENTARES................................................................................................... 54
CAPÍTULO 4
TRANSTORNOS DE CONDUTA ................................................................................................. 63
CAPÍTULO 5
TRANSTORNOS DA ANSIEDADE................................................................................................ 71
CAPÍTULO 6
TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO........................................................................... 103
UNIDADE IV
O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS............................. 116
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Nas últimas décadas o assunto criança teve um destaque maior no mundo inteiro.
É sabido que a criança não tem maturidade emocional para resolver seus problemas
sozinha e com o passar dos tempos mais profissionais têm se especializado em assuntos
que dizem respeito ao universo infantil a fim de ajudar a solucionar problemas que
aparecem nessa fase inicial da vida.
Os adultos muitas vezes ignoram ou até mesmo se esquecem que crianças são apenas
crianças e que as reflexões e pensamentos sobre determinado assunto ou fato jamais
serão os mesmos que os deles. Devido ao estágio de desenvolvimento em que estão a
reflexão que possuem do mundo é de acordo com o que veem e ouvem.
Um bom início para a formação e aceitação do “eu” de uma criança é fazer a criança
sentir-se profundamente amada, mostrá-la que é importante para os demais, ser
considerada um membro valioso da família e ter adultos por perto que expliquem que
o que os outros comentam sobre ela não refletem necessariamente a verdade sobre seu
valor.
Vale ressaltar que as crianças são expostas a situações de riscos múltiplos e cumulativos,
com frequência e, possivelmente, a combinação ou o excesso de fatores de risco seja
uma possível explicação para o desenvolvimento de transtornos mentais na infância.
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Com o passar dos anos as pesquisas científicas foram evoluindo na área infantil.
Observando, assim, as evidências que relacionam o estado de saúde mental da criança
ao desenvolvimento infantil em seus diferentes domínios. Tornou-se mais fácil
compreender que dificuldades emocionais e comportamentais na primeira infância
nem sempre são fases transitórias do desenvolvimento normal e podem representar
risco para psicopatologia no decorrer da vida.
É relevante destacar que a saúde mental infantil é um tema dito como transversal
a diferentes áreas, não somente da saúde, mas também, das ciências sociais e das
educacionais – além de conter inúmeras disciplinas com diferentes enfoques. Apesar
da importância do assunto, é frequente a subvalorização dos sintomas em crianças,
acarretando o agravamento do prognóstico e causando grandes prejuízos, muitas
vezes, irrecuperáveis no desenvolvimento psíquico, cognitivo e social das crianças em
formação para a vida adulta.
Alguns autores compartilham da mesma opinião quando afirmam que uma criança é
considerada em situação de risco quando seu desenvolvimento e comportamento não
acontecem de acordo com o esperado para sua faixa etária e parâmetros de sua cultura.
A avaliação do desempenho de uma criança requer um tempo de avaliação e certa dose
de intuição pessoal, potencializada, principalmente, pela experiência profissional.
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Mesmo havendo dois tipos de situações – uma mais amena e a outra mais grave, não
significa que não tenhamos que dar a devida atenção a todos os sinais emitidos pelas
crianças. Quando uma criança fica mais quieta e calada, sem querer brincar, sem
motivação para passear com os coleguinhas, pode ter certeza que esse comportamento
não está dentro do considerado normal e adequado. Infelizmente alguns pais e
cuidadores acham bom o fato da criança estar quieta sem “perturbar”. É justamente
na omissão que os problemas são agravados e dependendo do quadro, pode haver uma
piora considerável do comportamento.
Digamos que a fase inicial da vida de um indivíduo seja a mais importante para o seu
desenvolvimento e crescimento. A fase em que o indivíduo está se reconhecendo no
mundo. É um momento onde as incertezas e inseguranças aparecem a todo instante.
Porém elas não devem ser alimentadas e sim eliminadas. A forma mais correta de
eliminar tais incertezas e inseguranças é mostrar sinais positivos e cada atitude da
criança deve ser percebida e valorizada com afeto, atenção e amor.
Objetivos
»» Analisar as causas e consequências dos transtornos mentais para a
criança.
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O QUE É
TRANSTORNO UNIDADE I
MENTAL
CAPÍTULO 1
Sobre transtorno mental
11
UNIDADE I │O QUE É TRANSTORNO MENTAL
Segundo os autores Morris e Maisto (2004), vale ressaltar que a linha que separa o
comportamento normal do anormal é um tanto arbitrária e é mais fácil julgar quando
os casos encontram-se no extremo de uma dimensão do que quando estão situados
próximo à “linha divisória”. Como assim? Bem, nos casos extremos de transtornos,
cujas patologias mentais são perceptíveis e evidentes, o delineamento das fronteiras
entre o normal e o patológico é facilmente percebido. Porém, a Psiquiatria não se
resume somente nos casos onde existem riquezas sintomatológicas; há casos, em sua
grande maioria, onde os limites de normalidade e patológico se tornam difíceis de ser
identificados ou fáceis de serem confundidos.
Vamos fazer uma breve especulação de como os transtornos mentais eram tratados há
milhares de anos. Quando uma criança tinha comportamentos anormais ou misteriosos,
provavelmente, tais fenômenos eram atribuídos a poderes sobrenaturais, e a loucura
era um sinal de que os espíritos tinham na possuído. Muitos consideravam essas
crianças como “crianças sagradas” e acreditavam que suas visões eram mensagens dos
deuses. Bem como, algumas vezes, seu comportamento indicava que estava possuída
por espíritos do mal.
Historicamente, o indivíduo com transtorno mental tem sido encarado como aquele
que foge às regras de seu grupo, transformando-se em uma ameaça que causa a
desestruturação da ordem social.
Diante da complexidade do caso, no ano de 2004 foi lançado um manual para orientação
de programas de conscientização para a identificação de transtornos mentais em crianças,
intitulado de “Expanding awareness of in adolescence – Awareness program manual”
(Expansão da Consciência em Saúde Mental na Infância e Adolescência – Manual para
um Programa de Conscientização), auxiliando assim os profissionais a dar o diagnóstico
para seus pacientes.
12
O QUE É TRANSTORNO MENTAL│ UNIDADE I
13
UNIDADE I │O QUE É TRANSTORNO MENTAL
Figura 1.
Fonte: <http://www.vocesabia.net/saude/doenca-mental-em-criancas-11-sinais-de-alerta/>
Acredita-se que “os vínculos emocionais da primeira infância são parte essencial da
natureza humana” (COLLIN et al., 2012, p.270). Possivelmente grande parte dos
transtornos poderiam ser evitados caso os vínculos tivessem sido mais sólidos.
14
O QUE É TRANSTORNO MENTAL│ UNIDADE I
Figura 2.
Em alguns casos, a mãe quebra o vínculo inconscientemente. Por exemplo: o bebê está
com poucos meses de vida e logo em seguida a mãe engravida. Porém a gravidez é de
risco, havendo a necessidade de a mãe ficar de repouso absoluto e não mais carregar
peso. O bebê que estava acostumado com a presença da mãe começa a ficar com a
babá. O choro aumenta, a falta de afeto cresce, a sensação de abandono surge. Podemos
afirmar que essa criança terá algum tipo de transtorno mental? Não. Porém as chances
aumentam.
Vale ressaltar uma diferença bastante relevante para o nosso estudo. Dois termos
desempenham assim um papel de destaque, são eles:
15
UNIDADE I │O QUE É TRANSTORNO MENTAL
O suicídio
Suicídio ou autocídio é o ato intencional de tirar a própria vida, matar a si mesmo.
A causa mais comum é o transtorno mental. Dentro dos considerados transtornos
mentais, o que tem mais relação com o suicídio é o transtorno de humor (depressão
e transtorno bipolar). De acordo com Tavares e Prieto (2005), os transtornos mentais
estão associados a 90 por cento dos casos de suicídio. Pouco falado, o suicídio na
infância e adolescência tem crescido nos últimos anos.
Segundo Tavares e Prieto (2005), “a morte por suicídio ocupa a terceira posição entre
as causas mais frequentes na população de 14 a 44 anos em alguns países. Estima-se
que as tentativas sejam 20 vezes mais frequentes que os suicídios consumados”.
Existe suicídio infantil? Será que realmente é possível pensar em suicídio infantil
como ato autolesivo, autoinfligido e intencional? As crianças realmente têm noção
que ao cometerem determinado ato tirarão a própria vida e que depois disso nunca
mais estarão com seus pais? A criança sabe das consequências de ingerir uma grande
quantidade de medicamentos? A criança sabe que aquela ação será irreversível? O
comportamento suicida na infância é raro, mas não excepcional. Este é um assunto
pouco estudado e questionado, havendo um subregistro, em decorrência de uma série
de fatores. Entre os principais fatores que levam a criança a tentar tirar a própria vida
ou se ferir são apontados a depressão, a privação emocional, a falta de afeto, o abuso
físico, entre outros, destacando a característica multidimensionada do suicídio.
Figura 3.
Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=YZBMlGHpns4>
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O QUE É TRANSTORNO MENTAL│ UNIDADE I
Mediante revisão de literatura sobre o tema, foi possível perceber que a concepção
de que uma criança é incapaz de atentar intencionalmente contra a própria vida está,
gradualmente, sendo desfeita, propiciando o questionamento do mito da inocência
infantil e alertando pais, educadores e profissionais da saúde ao fato de que as crianças
têm condições para planejar e realizar um suicídio com sucesso.
“Mas você tem tudo o que quer. Por que fez isso? Seja em um choro dolorido ou aos
gritos de raiva dos pais, a frase é comum no pronto socorro de psiquiatria para onde
são encaminhadas as crianças e adolescentes que tentam se matar.” <saúde.ig.com.br>
Acesso: dez. 2015.
O suicídio está se tornando algo recorrente. Existem vários sites, blogs e páginas nas
redes sociais que ensinam as melhores técnicas e ferramentas para que a criança consiga
tirar a própria vida.
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UNIDADE I │O QUE É TRANSTORNO MENTAL
Figura 4.
Fonte: <http://magazine.ucla.edu/>
Infelizmente não podemos afirmar que pais que têm um filho que tentou se matar sejam
pais omissos ou que houve descaso por parte deles. O que existe é a falta de informação e
também o fato do tema suicídio ainda ser um tabu na sociedade. Quando o assunto está
voltado para crianças parece que ninguém quer conversar sobre. Porém, existem vários
casos em que as crianças vivem em um ambiente altamente perturbador e violento,
onde há brigas frequentemente. Nessas situações a tentativa da criança fugir, sumir ou
até mesmo tirar a sua própria vida aumenta.
É preciso termos muito cuidado com o que é feito ou falado na frente de uma criança.
Muitos adultos acham que as crianças não entendem ou não estão prestando atenção.
Ledo engano. As crianças estão atentas, somatizando tudo o que é visto. Essas ações
ficarão gravadas em sua memória podendo causar sérios problemas no futuro.
Figura 5.
Fonte: <http://www.ufmbb.org.br/>
“Existe o mito de que o suicídio se concentra nos países nórdicos. Essas nações
realmente lideravam o ranking, mas tomaram atitudes e conseguiram reverter o quadro.
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O QUE É TRANSTORNO MENTAL│ UNIDADE I
Enquanto isso, a gente aqui no Brasil continua sem falar nisso e vê os números crescendo”,
alerta Carlos Correia, voluntário há mais de 20 anos do Centro de Valorização da Vida,
o CVV. <saúde.ig.com.br> acesso: dez. 2015.
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostraram que
o Brasil é o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número
de suicídios entre 2000 e 2012 e o oitavo do mundo em números absolutos de
pessoas que tiram a própria vida. Foram 11.821 suicídios no período, aumento
de 10% em relação à década anterior.
Como podemos fazer para prevenir o suicídio? Alguns países possuem um programa de
prevenção ao suicídio. O importante é identificar os fatores risco, investir em serviços
especializados, realizar um mapeamento de quais populações são mais vulneráveis,
observar e encaminhar para tratamento as crianças que tentaram se matar a fim de
evitar que o fato se consuma.
Quando uma criança tenta se matar e não consegue provavelmente ela tentará
novamente. Após o atendimento em que a criança apareceu machucada e a liberação
pelo clínico geral, os pais devem procurar ajuda e tratamento médico e psicológico.
Nem sempre é o que acontece. Nosso país não possui serviços gratuitos especializados
para dar todo apoio, suporte e tratamento necessários para a criança e para a família.
Quando uma criança chega machucada, o hospital convencional cuida do ferimento e
libera em seguida.
O correto seria internar a criança, caso o médico perceba que ela continua com a vontade
de tirar a própria vida. Caso não haja a vontade e sim o arrependimento, a criança ainda
assim, precisa receber um acompanhamento ambulatorial.
“A primeira coisa a fazer é considerar que há um risco. Não pode achar que é bobagem,
coisa momentânea ou feita para chamar atenção. O suicídio tem um aspecto importante,
que é a comunicação. Se a pessoa está dizendo que tem um tipo de sofrimento e que não
encontra saída, é preciso ficar atento e procurar um serviço de saúde mental”, afirma
D’Oliveira, da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio. <saúde.ig.com.br>
FATORES DE RISCO PARA O SUICÍDIO
- Depressão
- Histórico familiar de suicídio
- Uso de álcool e drogas na família ou pelo jovem
- Abuso
- Acesso ao instrumento (faca, remédios, armas)
- Bullying
- Estresse
- Pressão interna
- Dificuldade de interação social
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UNIDADE I │O QUE É TRANSTORNO MENTAL
Os fatores de risco são indicativos que a criança precisa de uma atenção e cuidados
especiais, porém não significa que por existir algum fator de risco que a criança tentará
o suicídio. A depressão como já foi falado lidera o topo da lista.
Vídeo sugerido para esse capítulo que trata sobre suicídio infantil:
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POSSÍVEIS
FATORES QUE
DESENCADEIAM UNIDADE II
OS TRANSTORNOS
MENTAIS
Diferentemente de determinadas doenças físicas, não existe um motivo exato para o
surgimento dos transtornos mentais e comportamentais. Porém, suas causas podem
ser formadas pela união de fatores biológicos, psicológicos e ambientais.
CAPÍTULO 1
Fatores biológicos, psicológicos e
ambientais
Fatores biológicos
Se pensarmos nos fatores biológicos, é possível que a predisposição genética contribua
para o desenvolvimento de certos transtornos, desde que somados a certos estressores
que possam desencadear a doença. Além disso, podem ocorrer também alterações
das conexões sinápticas, devido ao resultado da ação das drogas, causando alterações
de longo prazo na emoção, no pensamento e comportamento do indivíduo. Questões
hormonais também podem contribuir para o surgimento de algum transtorno, como o
excesso do cortisol ou a falta de serotonina.
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UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
Figura 6.
Fonte: <http://unisite.com.br/imprimir.php?xid=30703>
Estudos afirmam que grande parte dos transtornos mentais está associada a um
significativo componente de risco genético. Porém, mesmo que haja uma predisposição
genética, na maioria das vezes, o gatilho só é puxado caso exista a interação de múltiplos
genes de risco com fatores ambientais podendo, assim, desencadear a patologia.
Fatores psicológicos
Segundo Morris e Maisto (2004), os fatores psicológicos podem estar relacionados
como o comportamento humano se interage com o meio ambiente natural ou social,
resultando em consequências desejáveis ou indesejáveis. Assim, alguns transtornos
podem ser considerados como comportamento mal adaptativo aprendido – seja pela
observação dos outros ou diretamente. Além disso, outros transtornos podem acontecer
em consequência da incapacidade de se adaptar a alguma ocorrência estressante que
tenha marcado o indivíduo, como é o caso da depressão ou ansiedade. Muitos psicólogos
inclusive sugerem que há maior predisposição em desenvolver tais transtornos aqueles
que não discutem seus problemas ou não o encaram, do que aqueles que externalizam
de alguma forma tais fatores estressantes.
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POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
Figura 7.
Fonte: <http://revistaculturacidadania.blogspot.com.br/2013/01/artigos-psicologia-infantil_21.html>
A criança que fora afastada dos pais por motivos variados (pobreza, guerra etc.) ou a
criança que carece de atenção por não haver serviços sociais disponíveis no local onde
reside, em outras palavras a criança privada de afeto por parte de seus cuidadores,
tem mais probabilidades de manifestar transtornos mentais, seja durante a infância ou
numa fase posterior da vida.
Três sistemas no corpo humano devem ser observados nos casos de transtornos mentais,
são eles:
Fatores ambientais
Ainda sob a ótica dos autores, quando falamos em ambiente, temos que nos lembrar,
inclusive, do ambiente intrauterino. Antes do nascimento e por toda a vida, os genes
e o meio ambiente estão envolvidos numa série de complexas interações. Essas
interações são cruciais para o desenvolvimento e evolução dos transtornos mentais e
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UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
Figura 8.
Fonte: <http://cafepedagogic.com/2015/09/03/la-fortaleza-de-un-bebe/>
A base da criação e educação de uma criança é o ambiente familiar. O local onde a criança
vive. Mesmo tendo atualmente diferentes tipos de estrutura familiar (pós-moderno), o
ambiente saudável é o mais importante. A família deve atender às necessidades básicas
de um bebê, as quais podemos definir como sendo de natureza física, social e afetiva.
Sabemos do grande valor que um lar saudavelmente constituído tem na vida de uma
criança, porém cada dia que passa essa realidade fica mais distante e as nossas crianças
sofrem cada vez mais. E em algum momento de seu desenvolvimento algum sintoma
será revelado, alguma pista de que algo não vai perfeitamente bem. Na maioria dos
casos, quem aponta esse sintoma é a escola. Esse é o momento da família ajudar a
criança. Nos casos onde existe a omissão, seja por vontade própria ou por condição
financeira, a evolução dessa criança estará comprometida.
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POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
Vejamos alguns exemplos de fatores ambientais que podem causar transtornos mentais
na criança:
»» desnutrição;
»» infecção;
»» abandono;
»» isolamento;
»» trauma.
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CAPÍTULO 2
Estresse
Vale ressaltar que a psicologia da saúde volta seus estudos para a interação entre o corpo
e a mente. Os psicólogos da saúde buscam compreender como os fatores psicológicos
influenciam o bem-estar e a doença. Vários estudos descobriram que as pessoas com
estresse agudo ou crônico são mais vulneráveis a tudo, de um simples resfriado ao
câncer.
O estresse é uma reação do organismo que tem componentes físicos e/ou psicológicos,
causados pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta
com uma situação que, de um modo ou de outro, irrite-a (não ganhar o brinquedo que
deseja), amedronte-a (perder-se em um shopping), excite-a (uma festa de aniversário),
confunda-a (mudança de escola) ou mesmo que a faça muito feliz (uma viagem).
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POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
Figura 9.
Com base em pesquisas, a revista Isto É afirmou que críticas e desaprovação dos pais é
o primeiro estressor de uma criança. Vejamos a seguir alguns estressores de crianças:
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UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
Crianças:
2. Excesso de atividade.
3. Bullyng.
Adolescentes:
3. Sobrecarga emocional.
Segundo Lipp (2014, p.125), o estresse tem as mesmas características nos adultos e
nas crianças e se desenvolve através do Modelo Quadrifásico: alerta, resistência,
quase-exaustão e exaustão.
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POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
Podemos observar com um exemplo simples que ocorre no cotidiano de muitas crianças.
A criança que tem uma rotina planejada, ao fazer uma viagem, provavelmente, não
dormirá bem nesse novo lugar. Acordará algumas vezes na madrugada, não comerá
direito etc. É muito comum pais se queixarem que após uma viagem a criança passou a
dormir mal. Mesmo com a volta da rotina. Nesse caso houve uma mudança de rotina e
o sinal de alerta foi acionado. Isso não significa que a criança possa chegar à exaustão.
Mas é preciso sempre estar atentos aos sinais que são emitidos pelas crianças.
O diagnóstico de estresse para uma criança é difícil de ser aceito pelos pais. Como um
ser tão pequeno pode apresentar sinais de estresse? O sentimento de culpa, a confusão
mental dos pais é grande. Como o ambiente explorado pela criança no início da vida
é pequeno, os pais, naturalmente se questionam onde está o problema. O problema
costuma estar relacionado ao ambiente escolar ou ao ambiente familiar.
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UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
Para Morris e Maisto (2004), independente da fonte de estresse é necessário que haja
o enfrentamento, ou seja, a realização de esforços cognitivos e comportamentais para
lidar com ele. Os psicólogos distinguem dois tipos de enfrentamento, são eles:
Portanto, vale ressaltar, que determinadas crianças criam problemas para si mesmas
bem além dos fatores estressantes do ambiente em que vivem. Elas criam crenças
irracionais difíceis de serem realizadas, aumentando, assim, de maneira desnecessária
os estressores da vida. Por exemplo: acredita que precisa ser adorada e receber a
aprovação de todas as crianças por tudo que ela faz. Outras acreditam que é preciso
vencer sempre quando existe uma competição. Crianças assim sentem-se muito infelizes
quando as coisas não saem como elas desejavam (MORRIS; MAISTO, 2004).
30
POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
É sempre bom relembrar que o papel dos pais é muito importante para o
desenvolvimento da criança. Pais muito permissivos que estão sempre servindo aos
filhos, pais que abdicam da autoridade intrínseca e acabam se esquecendo que pai é pai
e não somente um amigo. Fazem com que essas crianças e jovens, sejam violentados
em sua constituição emocional básica, legitimam essa violência contra si próprios, em
virtude dos ganhos do hedonismo imediato que acabam tendo e, assim, reivindicam
mais e mais independência e poder. Esses pobres indivíduos (pais e filhos) não sabem
ainda o preço que pagam por viver uma vida de adultos em corpo e mente de crianças
e adolescentes. Muitas vezes a relação pai e filho se torna objetal, não havendo a
sacralidade da figura paterna, onde o pai é visto como uma fonte de segurança financeira,
com obrigação de salvar os filhos das dificuldades que criam e atravessam.
Figura 10.
Fonte: <http://www.istoe.com.br/reportagens/195990_ESTRESSE+INFANTIL>
Importante: Não existe medicação para tratar estresse. Alguns médicos prescrevem
complexos vitamínicos. Se o estresse for crônico e evoluir para um estado depressivo
ou ansioso, é necessário que o psicólogo encaminhe a criança para uma avaliação de um
psiquiatra.
É importante entender que nem sempre está ao alcance do poder dos pais proteger e
defender os filhos de todos os elementos estressores que ocorrem na vida. Doenças,
31
UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
Ainda sob a ótica de Lipp (2014), a ocorrência de estresse na população infantil não é
conhecida e nem comentada, contudo, é sabido que toda criança, mais cedo ou mais
tarde, enfrentará inúmeras situações de estresse ainda nos primeiros anos de vida.
O elemento principal para o seu desencadeamento é a necessidade de adaptação a
algum acontecimento ou mudança.
Lipp (2014), afirma que as mudanças na vida da criança faz com que ela use uma energia
extra para conseguir superá-las e isso resulta em um desgaste físico que pode resultar
em sérias doenças até mesmo desencadear alguns transtornos mentais. Quanto mais
mudanças há no período de um ano, maior a probabilidade de a criança apresentar
algum problema de saúde. Existe, inclusive, uma escala que nos permite medir,
conforme os acontecimentos na vida da criança, a quantidade de estresse ao qual ela
está submetida e suas chances de adoecer.
Vejamos o quadro a seguir. Para a utilização desta escala, é necessário somar o total dos
pontos de todos os acontecimentos da vida da criança nos últimos 12 meses.
Quando a soma não passar de 150 significa que a carga atingiu seu nível médio. Se a soma
de pontos ficar entre 150 e 300, significa que a criança tem uma probabilidade acima da
média de mostrar alguns sintomas de mal-estar. Portanto, se a soma ultrapassar os 300
pontos, há uma forte probabilidade da criança sofrer uma forte mudança de saúde e/ou
comportamento devido ao elevado nível de estresse a que está submetida no momento.
32
POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
Quadro 1.
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UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
Para Lipp (2014), não podemos apenas observar a escala acima de maneira isolada.
Outros acontecimentos podem desencadear o estresse nas crianças. São eles:
Isso não quer dizer que as atividades complementares não sejam importantes para
o desenvolvimento psicomotor e social da criança, estamos falando no excesso de
atividades. Tirando, inclusive, o tempo de descanso tornando-se, então, estressada,
cansada e desmotivada. Algumas vezes o cansaço desencadeia a angústia e a dificuldade
em ter uma boa noite de sono, podendo desenvolver transtornos de humor, como por
exemplo a depressão.
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POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS│UNIDADE II
Figura 11.
Fonte: <http://natelinha.uol.com.br/espelhomeu/saude/2015/10/07/saiba-como-fazer-para-as-criancas-seguirem-uma-
alimentacao-saudavel-268.php>
Falemos agora sobre o ambiente escolar. O ambiente escolar para algumas crianças é
um ambiente que lhes causam desconforto, medo e pânico devido ao fato de ser algo
novo e diferente de tudo aquilo que a criança estava acostumada. Não é a toa que existe
um período de adaptação. Essa adaptação é tanto para os pais como para as crianças.
Muitas vezes os pais passam a ansiedade e insegurança para os filhos o que pode
desencadear algum transtorno caso não seja trabalhado o quanto antes.
Com o reforço da rotina escolar esse sentimento acabará e o ambiente escolar se tornará
um local agradável para todos. Porém os pais ou cuidadores devem estar sempre
atentos aos sinais da criança. Nem sempre a escola escolhida é a melhor opção para a
criança. Cada criança tem o seu temperamento e seu ritmo. O ambiente escolar muito
rígido pode acarretar um transtorno mental nas crianças mais sensíveis. O pânico é o
principal deles.
Vamos a um exemplo real: uma menina estudava em uma escola que tinha um
ambiente um tanto quanto familiar. Todos a conheciam pelo nome e a tratavam com
muita atenção e carinho. Determinado ano a mãe resolveu colocá-la em outra escola
que era conhecida por ter um melhor ensino. A escola exigia notas altas, encaminhava
35
UNIDADE II │POSSÍVEIS FATORES QUE DESENCADEIAM OS TRANSTORNOS MENTAIS
muitos deveres por dia, tratava os alunos como números, não davam importância aos
sentimentos. Resultado, a menina de aproximadamente 8 anos desenvolveu a síndrome
do pânico. Depois de alguns meses de acompanhamento psicológico, alguns remédios e
o retorno à antiga escola, ela voltou a ser uma criança como as outras.
A escolha de onde a criança passará grande parte do seu dia é importantíssima. A melhor
escola é a perto de casa, com o valor mais acessível, a mais indicada, a mais popular.
Infelizmente não é tão simples assim. Não é a criança que escolhe, quem escolhe são
os pais ou cuidadores com base na personalidade e temperamento dos pequenos. Um
pouco de sensibilidade ajudará bastante nessa decisão.
O importante é estarmos sempre atentos aos sinais que os pequenos nos mostram a
todo minuto. Não menosprezando nenhum sinal, por mais bobo que possa parecer no
início.
Finalizamos o assunto sobre “estresse” com o quadro a seguir o qual foi retirado da
página da revista Isto é, edição 2211 de março de 2012 que fala sobre o estresse em
várias fases da vida. Reforçando tudo aquilo que falamos anteriormente.
Fonte: <http://www.istoe.com.br/reportagens/195990_ESTRESSE+INFANTIL>
36
PRINCIPAIS
TRANSTORNOS
MENTAIS QUE UNIDADE III
AFETAM AS
CRIANÇAS
CAPÍTULO 1
Transtorno de Déficit de Atenção –
Hiperatividade – TDAH
Segundo, Lipp (2014), o TDAH atinge 5 a 6% da população mundial. Ele é visto como
um dos principais transtornos neuropsicológicos da infância. Sua prevalência é de
3% a 5% entre crianças em idade escolar no Brasil. De cada 5 crianças hiperativas,
4 são meninos e 1 menina. Já em déficit de atenção são 4 meninas para 1 menino.
O TDAH já era conhecido pelos psiquiatras há mais tempo e dava-se o nome de Disfunção
Cerebral Mínima – DCM. Caracterizava-se pela presença simultânea de irritabilidade,
impulsividade e agressividade. Infelizmente, o tratamento era sempre medicamentoso.
Muitas vezes insatisfatórios.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Figura 12.
Fonte: <http://www.maisequilibrio.com.br>
Um exame feito na época para buscar sua origem orgânica era o EEG
(eletroencefalograma). Havia uma tendência a justificar este DCM pelas alterações
eletroencefalográficas nem sempre encontradas nas regiões temporais. Este exame
era muito impreciso e só tinha valia quando tais alterações eram encontradas. O não
encontrar estas alterações não afastava o diagnóstico de DCM. A medicação usada
também tinha uma baixa eficácia. Assim, muitos DCMs não eram tratados e tinham
que aprender a conviver com o seu transtorno. Na década de 1970, usava-se tratar
os deprimidos com psicoestimulantes. Um destes era o cloridrato de metilfenidato,
o comercial Ritalina. Os pesquisadores notaram que os deprimidos com DCM
melhoravam do DCM, e nem sempre da depressão. Foi nesta época que o metilfenidato
passou a ser usado especificamente para DCM que passou a ser chamada de TDAH
<www.bigmundoinfantil.com.br>
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
ABDA: existem pelo menos 100 artigos científicos (inclusive com fotografias comparando
o cérebro de portadores de TDAH e de indivíduos normais) disponíveis na literatura
científica.
Paulo Mattos
Fonte: <www.tdah.org.br>
É fácil para o especialista perceber quando uma criança tem hiperatividade física.
As crianças portadoras de hiperatividade se mostram agitadas, movendo-se sem parar e
dificilmente ficam muito tempo concentradas em uma atividade. Algumas vezes chegam
a “andar correndo” como se seus passos fossem devagar demais para acompanhar sua
vontade imediata de fazer algo. Em ambientes fechados, costumam mexer em vários
objetos ao mesmo tempo, derrubando grande parte deles no ímpeto de checá-los
simultaneamente. São crianças que costumam receber designações pejorativas como:
”elétricas”, ”desastradas”, ”desajeitadas”, entre outros. Nos adultos, essa hiperatividade
costuma se apresentar de forma mais branda, o que levou alguns estudiosos no passado
pensarem que tal alteração costumava desaparecer com o fim da adolescência. Hoje é
sabido que isso não é verdade, o que ocorre é uma adequação formal da hiperatividade
à fase adulta.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Essa agitação psíquica é parcialmente responsável pela inaptidão social que muitas
crianças com hiperatividade apresentam. Essas crianças têm muita dificuldade em
criar e manter amizades.
Os pais tendem a perceber quando veem que o filho é diferente das crianças da mesma
idade e escolaridade e, assim, buscam ajuda de um profissional. Na maioria dos casos,
crianças com TDAH precisam de uma professora em sala somente para auxiliá-la
nas tarefas, acompanhá-la todas as vezes que ela não quer ficar em sala de aula, criar
atividades extras antes, uma vez que ela ao consegue ficar concentrada muito tempo
em uma atividade, controlar o impulso de querer conversar com os colegas durante as
atividades. Caso contrário os demais colegas serão prejudicados e a aula não renderá.
O DSM-5 (AP 2013) define esse transtorno como um problema de saúde mental,
considerando-o um distúrbio mental (transtorno mental), que envolve a atenção e a
hiperatividade, porém mais frequente e severo do que aquela tipicamente observada em
crianças da mesma idade que estão no nível equivalente de desenvolvimento. O DSM é
um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para
definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.
Ainda sob a ótica do mesmo autor, a atenção possui uma natureza multidimensional.
Para as crianças com TDAH, as maiores dificuldades estão nos aspectos da atenção
relacionados à persistência do esforço e à vigilância. A capacidade de manter atenção nas
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Figura 13.
Fonte: <http://vivomaissaudavel.com.br/saude/crianca/descubra-o-que-e-tdah-e-como-ele-afeta-a-rotina-infantil/>
A hiperatividade
As crianças de hoje são, na maioria dos casos, agitadas. As de hoje? Pode-se dizer que
sempre foram. Criança saudável é criança que não para. Criança quieta é criança doente.
O certo é isso. Entretanto com a falta de limites e disciplina, passaram a ser “agitadas
sem controle”. Assim, muitas são confundidas por portadoras de TDAH, dando a falsa
impressão de que aumentou muito o número de crianças com tais transtornos. Não
é à toa que o Serviço Sanitário Local exige do psiquiatra a Notificação de Receita – a
numerada, de cor amarela – e controla as vendas de medicamentos nas farmácias, pois
seu uso abusivo pode provocar tolerância e dependência psicológica com alterações
comportamentais.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Figura 14.
Fonte: <http://dicasmulheres.com/como-identificar-a-hiperatividade-de-uma-crianca>
É possível que o TDAH não seja algo tão desfavorável como parece, haja vista que,
entre suas implicações, estão a capacidade de melhorar o processo de criatividade e a
desinibição comportamental. A impulsividade, o hiperfoco e a hiperatividade
presentes no processo criativo são fatores positivos (LIPP, 2014, p. 128-129).
Vejamos um pouco sobre esses fatores positivos citados por Lipp, 2014.
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Para que uma criança com TDAH seja bem assistida e amparada os pais devem saber
como lidar com ela e qual a maneira mais adequada de educá-la. Lipp (2014, p. 132))
cita algumas práticas educativas que os pais ou cuidadores devem se basear para que
o convívio não se torne estressante para as duas partes. A autora chama de práticas
educativas positivas.
A autora cita, também, as práticas educativas negativas. Para que os pais ou cuidadores
tenham conhecimento do que não pode ser feito com as crianças portadoras do TDAH.
Na verdade, essas práticas negativas não podem ser feitas com nenhuma criança.
Vejamos:
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Diante dessas práticas educativas temos os estilo parental de risco e o estilo parental
ótimo. A primeira utiliza muitas práticas negativas e a segunda, muitas práticas
positivas.
De acordo com pesquisas científicas realizadas na área, Lipp (2014) afirma que:
»» O modo de tratar os filhos com TDAH é afetado pelo nível de estresse dos
pais. Pais estressados costumam utilizar muitas estratégias coercitivas
e punitivas. O uso de disciplina errática pode levar ao surgimento ou à
exacerbação de comportamentos agressivos ou de oposição nos filhos.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Infere-se que pais de crianças com TDAH possuem grandes dificuldades em aceitar
o comportamento da criança, interpretando a incapacidade como desobediência,
potencializando, assim, o próprio estresse e também o da criança. É sabido que grande
parte do mau comportamento da criança com TDAH ocorre devido a limitações
decorrentes do transtorno e não por teimosia. No momento em que os pais ou cuidadores
aceitam e compreendem essa realidade, conseguem reduzir consideravelmente as
punições inadequadas e orientar a criança para comportamentos mais assertivos,
fazendo com que um desenvolvimento favorável seja potencializado.
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CAPÍTULO 2
Transtornos de Humor Bipolar
Grande parte das crianças apresenta ampla variação emocional até mesmo no decorrer
de um dia: elas podem estar alegres ou tristes, animadas ou quietas, entusiasmadas ou
desanimadas. Algumas situações ou pessoas podem transformar o humor da criança de
maneira muito rápida.
Muitos adultos falam a seguinte frase: “Hoje nada tira o meu bom humor”. “Hoje nada
vai estragar o meu dia”. Realmente existem dias que acordamos mais permissivos,
alegres e tolerantes. Por exemplo: uma fechada no trânsito, uma chamada do chefe, seu
subordinado não foi trabalhar e não deu satisfação são situações que tiram o humor de
qualquer pessoa. Não se você estiver naquele dia que nada irá lhe aborrecer.
Será que as crianças também conseguem vivenciar isso? Devido à falta de maturidade,
a criança acaba tendo seus sentimentos e emoções mais vulneráveis, onde uma simples
briguinha com um colega pode lhe deixar profundamente triste, e essa tristeza só vai
embora quando esse colega voltar a falar com ela. Até o sumiço de um lápis preferido
pode tirar a sua alegria. Algumas choram e ficam realmente tristes com pequenas coisas
que para elas é realmente relevante.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Já no século 5 a.C., para Hipócrates, a melancolia era “o delírio com tristeza”; ou seja,
a desrazão com depressão do humor, com redução do engajamento em atividades
usuais, redução de atividades físicas e sociais”. Ele atribuía os sintomas melancólicos
a um excesso de “bílis negra”, em comparação com os três outros humores restantes
(o sangue, a fleuma e a “bílis amarela”). Hipócrates foi o primeiro a atribuir doenças
psíquicas aos distúrbios no cérebro e o primeiro a descrever os fenômenos da mania e
da depressão. (MORAES et al., 2003).
Embora, a depressão, seja um transtorno dito como antigo, até a década de 1970
acreditava-se que a depressão em crianças fosse rara ou até inexistente. Segundo Bahls
(2002), o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIMH) reconheceu oficialmente
a existência da depressão em crianças e adolescentes a partir de 1975, e os estudos sobre
esse assunto têm atraído um crescente interesse nessas duas última décadas.
Nesse período, a criança não consegue realizar tarefas com sucesso. Seu desempenho
tende a declinar. Sua concentração e interesse não são mais os mesmos. É comum a
criança falar que não tem amigos, que ninguém gosta dela, além de se rotular como boba,
estúpida ou impopular. Esse comportamento está relacionado à queda da autoestima
causada pela depressão.
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
»» aparência triste;
»» choro fácil;
»» fadiga;
»» baixa autoestima;
»» ansiedade de separação;
»» fobias;
De acordo com Bahls (1996), o principal fator de risco para uma criança ter depressão é a
presença de depressão no pai ou na mãe, sendo que a existência de depressão em algum
ente da família aumenta o risco em pelo menos três vezes, seguidos por estressores
ambientais, como abuso físico e sexual e perda de um dos pais, irmão ou amigo íntimo.
Tipos de depressão
Para Mackinnon e Michel (1992) a depressão pode ser diagnosticada como:
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
»» Depressão menor ou distimia: falta de humor crônico, que dura pelo menos
dois anos nos adultos e se manifesta pela síndrome depressiva, onde o
paciente consegue funcionar socialmente, mas sem experimentar prazer.
Ainda sob a ótica dos autores, outro fator desencadeante da depressão é a redução
da autoconfiança e da autoestima. Pais e educadores possuem papel fundamental na
criação desses conceitos e valores na vida de seus filhos.
Quanto maior a autoestima de uma criança, mais alegria ela terá pelo simples fato
de ser, de despertar pela manhã, de viver dentro de seu próprio corpo. São essas as
recompensas que a autoconfiança e o autorrespeito oferecem.
Muitos usam o termo “estou deprimido” para expressar uma tristeza, um problema,
uma desfeita. Embora seja usado como sinônimo de tristeza, pouco tem a ver com esse
sentimento.
A criança fica triste quando seu brinquedo quebra, quando seus pais não compram um
brinquedo que ela quer muito, quando seu bichinho de estimação morre, quando seus
pais se separam etc. Agora, se a tristeza não passa, e surgem sentimentos como apatia,
indiferença, desesperança, falta de prazer pela vida, o quadro muda de figura. Esses
sintomas são típicos de depressão.
A depressão nos adultos é mais fácil de ser percebida e diagnosticada. Suas atitudes
mudam, reclamam com frequência, seu comportamento revela que algo não está bem
e a família acaba percebendo que algo está errado. Já com as crianças é diferente. Pelo
fato de não lidarem muito bem com seus sentimentos, elas aceitam a depressão como
fato natural, próprio do jeito de ser. Mesmo havendo o sofrimento, elas não sabem
que aquilo que estão sentindo é uma doença que precisa ser tratada. Costumam ficar
quietas, caladas e os pais, de modo geral, demoram a perceber que o filho precisa de
ajuda.
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CAPÍTULO 3
Transtornos alimentares
»» Grupo 1: são aqueles que aparecem nos seis primeiros anos de vida.
O transtorno de ruminação (episódios de regurgitação repetidos que não
podem ser explicados por nenhuma condição médica) e a pica (ingestão
de substâncias inadequadas, como terra, barro e cabelo).
O transtorno alimentar na primeira infância (antes dos seis anos) se trata se uma
dificuldade em se alimentar de forma adequada levando a uma perda ponderal ou a
uma falha em ganhar peso. Os sintomas aparentemente não estão relacionados a
nenhuma condição médica geral ou a um transtorno psiquiátrico. Vejamos a seguir os
transtornos do grupo 1:
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
e que não fazem parte de uma prática aceita culturalmente. Para que tais hábitos sejam
considerados pica, é preciso que essa prática persista pelo menos um mês.
“As substâncias mais frequentemente consumidas são: terra, barro, cabelo, alimentos
crus, cinzas de cigarro e fezes de animais. Atrasos no desenvolvimento, retardo mental
e história familiar de pica são condições que podem estar associadas.” (APPOLINÁRIO;
CLAUDINO, 2000). Podem ocorrer diversas complicações, as mais comuns estão
relacionadas ao sistema digestivo e com intoxicações ocasionais, dependendo do
agente ingerido. Segundo os autores, “Medicamentos e vitaminas podem reverter a pica
mas em muitos casos o tratamento exige considerações psicológicas, ambientais etc.
Em alguns casos uma leve terapia de aversão tem servido para modificar o quadro de
pacientes sofrendo dessa condição”.
Embora deficiências de vitaminas e minerais (ex.:, zinco, ferro) tenham sido descritas
em alguns casos, frequentemente nenhuma outra anormalidade biológica é encontrada.
Em algumas ocasiões, a pica chega à atenção clínica somente acompanhando
complicações médicas gerais (problemas intestinais mecânicos; obstrução intestinal,
como a que resulta de um bezoar; perfuração intestinal; infecções como toxoplasmose
e toxocaríase em decorrência da ingestão de fezes ou sujeira; intoxicação, como
pela ingestão de tinta à base de chumbo). (DSM – 5, p. 330)
Transtorno de ruminação
Inclui episódios de regurgitação (ou remastigação) repetidos que não podem ser
explicados por nenhuma condição médica. As principais complicações médicas podem
ser desnutrição, perda de peso, alterações do equilíbrio hidroeletrolítico, desidratação e
morte. O tratamento envolve o acompanhamento clínico das complicações e tratamento
comportamental.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
A anorexia é um transtorno alimentar que provoca uma perda de peso acima do que é
considerado saudável para a idade e altura. Pessoas com anorexia costumam ter muito
medo de ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Dessa forma, fazem
dietas malucas, ficam sem comer, tomam remédios ou utilizam outros métodos para
emagrecer.
Cada vez mais precoce, a anorexia tem sido diagnosticada em meninas de apenas 10
anos. Essa doença costuma se manifestar com mais frequência na adolescência, porém
podemos associar a aparição em crianças devido à antecipação da puberdade. O padrão
de beleza dos últimos tempos é ser magra. A ingestão de baixa caloria é falada sempre
que alguém vai ingerir algo. As informações calóricas nos rótulos são acompanhadas
com frequência.
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Figura 15.
Fonte: <http://www.ufjf.br/>
Um dos motivos de uma criança desenvolver anorexia é o meio em que ela vive.
Pais muito focados em dietas, perda de peso, estética, “cultura do corpo” tendem a
influenciar os filhos a serem assim também, podendo desencadear comportamentos
anoréxicos. Da mesma forma que pais com alimentação desregrada, que consomem
muita “porcaria”, doces, refrigerantes etc. tendem a ter filhos que seguem o mesmo
modelo, podendo, assim, desenvolver obesidade. Não falaremos de obesidade aqui
porque não está na lista dos transtornos alimentares, foi apenas um exemplo de hábito
alimentar.
A busca por uma única causa para a anorexia nervosa já foi abandonada.
Acredita-se atualmente que características biológicas, psicológicas,
familiares e socioculturais são fatores que interagem na determinação
da manifestação de anorexia nervosa. (FLEITLICH et al., 2000).
Sob a ótica dos autores Appolinário e Claudino (2000), “na sua forma típica, a AN se
inicia geralmente na infância ou na adolescência. O início é marcado por uma restrição
dietética progressiva com a eliminação de alimentos considerados ‘engordantes’, como
os carboidratos.”
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
O momento da refeição torna-se desconfortável para quem tem AN. Não se sentem
mais à vontade em sentar-se a mesa e querem ficar sozinhas, longe dos olhares e
julgamentos dos pais e das pessoas. O comportamento alimentar vai se tornando cada
vez mais secreto, e muitas vezes até assumindo características ritualizadas e estranhas.
Ainda sob a ótica dos autores, a prática de exercícios físicos é frequente, sendo que as
pacientes chegam a realizar exercícios físicos extenuantes com o objetivo de queimar
calorias e perder peso. Há uma ausência completa de inquietação com sua condição
física com negação dos riscos.
»» Sintomas
›› medo de engordar;
›› restrição alimentar;
›› falta de apetite;
›› anemia;
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
›› alterações endócrinas;
›› danos nos rins;
›› danos intestinais;
›› osteoporose;
›› alterações hidroeletrolíticas (especialmente hipocalemia, que pode
levar a arritmia cardíaca e morte súbita).
É bastante frequente termos a associação dos transtornos alimentares
com outros quadros psiquiátricos, especialmente com transtornos do
humor, transtornos de ansiedade e/ou transtorno de personalidade,
mesclando os seus sintomas com os da condição básica e complicando
a evolução clínica. (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
Tratamento
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Segundo Appolinário e Claudinho (2000), 90% dos casos ocorre o vômito autoinduzido,
sendo assim o principal meio compensatório utilizado. O efeito imediato provocado pelo
vômito é o alívio do desconforto físico secundário à hiperalimentação e principalmente
a redução do medo de ganhar peso A pessoas que tem a bulimia nervosa mais agravada
pode forçar o vômito 10 ou mais vezes por dia. No começo, a paciente necessita
de manobras para induzir o vômito, como a introdução do dedo ou algum objeto na
garganta. “Algumas bulímicas mais graves, com vários episódios de vômitos por dia,
podem apresentar até ulcerações no dorso da mão pelo uso da mesma para induzir a
emese, o que se chama de sinal de Russell. Com a evolução do transtorno, a paciente
aprende a vomitar sem necessitar mais de estimulação.”
Figura 16.
Fonte: <http://www.family.ie/life-challenges/when-food-begins-to-rule-your-life/>
61
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Assim como a anorexia, os médicos não sabem ao certo a causa desse transtorno alimentar,
apostam, então, na combinação de fatores sociais, biológicos e comportamentais. Não
é normal uma criança ficar excessivamente preocupada com o próprio peso. Caso
aconteça, é preciso verificar a causa. O importante é que os pais eduquem seus filhos
para serem crianças seguras sobre si mesmas.
O diagnóstico de bulimia nervosa é feito após a criança ter apresentado dois ou mais
episódios por semana, em um período de pelo menos três meses.
Devido aos ácidos eliminados durante os vômitos podem causar algumas complicações
como:
»» inflamação no esôfago;
»» arritmia;
»» irritação na garganta.
62
CAPÍTULO 4
Transtornos de conduta
Alguns comportamentos como matar aula ou mentir que não tem tarefa para casa
quando na verdade tem são mentiras aceitáveis no curso de desenvolvimento normal
da criança. Porém é importante observar se esses eventos acontecem esporadicamente
ou se fazem parte do cotidiano da criança, tornando-se uma possível síndrome.
»» já usou armas que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de
vidro, faca, revólver);
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
»» fugiu de casa pelo menos duas vezes, passando a noite fora, enquanto
morava com os pais ou pais substitutos (ou fugiu de casa uma vez,
ausentando-se por um longo período);
Figura 17.
Fonte: <http://raquelfreirepsicologa.blogspot.com.br/2012/08/transtorno-de-conduta.html>
64
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Normalmente, os primeiros sinais de transtorno de conduta são mais leves (por exemplo,
mentir, enganar, matar aulas, furtar objetos dos colegas, dissimular etc.) em seguida
os comportamentos antissociais mais graves aparecem (por exemplo, brigas com uso
de armas, arrombamentos, assaltos) e, ao longo do tempo, caso não seja controlado
do início costuma ocorrer o abuso de álcool/drogas, principalmente em meninos e os
quadros de ansiedade e depressão, principalmente nas meninas.
Existe uma relação direta entre transtorno da conduta, baixo rendimento escolar e
problemas de relacionamento com colegas. Isso acaba trazendo limitações acadêmicas
e sociais ao indivíduo. São frequentes os comportamentos de risco envolvendo
atividades sexuais, uso de drogas e até mesmo tentativas de suicídio. O envolvimento
com drogas e gangues pode iniciar o jovem na criminalidade. Na fase adulta, notam-se
sérias consequências do comportamento antissocial, como discórdia conjugal, perda
de empregos, criminalidade, prisão e morte prematura violenta (BORDIN; OFFORD,
2000).
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Murta (2007) entende que, “em vista da diversidade de riscos e da gravidade dos efeitos
dos transtornos emocionais e comportamentais na infância e adolescência”, programas
preventivos para os problemas de transtornos de conduta são imprescindíveis, citando,
como exemplo, os avanços alcançados nas últimas três décadas a partir de pesquisas
em prevenção, a exemplo do trabalho divulgado por Durlak e Wells (1997), uma
meta-análise que compreendeu “177 diferentes programas de prevenção primária de
problemas sociais e emocionais publicados até 1991”, a partir da qual restou evidenciado
que o alvo desses programas dirigiu-se à realização de alterações no ambiente escolar,
nas estratégias específicas de enfrentamento e habilidades para atravessar transições
de alto nível de estresse no transcurso da vida de crianças e adolescentes.
Bordin e Offord (2000) lembram que não se deve confundir “transtorno de conduta”
com “distúrbio de conduta”, termo utilizado no Brasil de forma ampla e não especificada,
para designar alguns problemas de saúde mental que trazem desconforto para o
ambiente familiar e/ou escolar, como, por exemplo, a dificuldade de assimilar e cumprir
regras e respeitar limites, o desafio da autoridade paterna ou de seus professores, sem,
contudo, que tais comportamentos representem, de fato, o enquadramento na categoria
“transtorno de conduta”.
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
»» ausências escolares não justificadas, iniciando tal prática por volta dos 15
anos.
Curso e prognóstico
De acordo com Bordin e Offord (2000), é entre o início da infância e a puberdade que
surgem os primeiros sintomas do transtorno de conduta, podendo permanecer até o
atingimento da idade adulta. Iniciando-se os sintomas antes de 10 anos, o que mais se
observa é:
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Tratamento
69
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Já no que diz respeito aos adolescentes que já cometeram delitos, de acordo com
Bordin e Offord (2000), há uma notável resistência a tratamentos psicoterápicos,
mostrando-se mais eficiente, nesses casos, a utilização de tratamentos alternativos,
tais como a utilização de oficinas de artes, música e esportes, atividades essas em que
os jovens receberão novas oportunidades de estabelecer algum vínculo afetivo com
seus instrutores, possivelmente tomando-os como modelo, ou talvez descobrirem suas
capacidades de criação, favorecendo, assim, o desenvolvimento de sua autoestima.
A participação da família, se for possível, é muito importante no tratamento, desde que
os pais também não necessitem de tratamento psiquiátrico, como nos casos de abuso
de drogas.
70
CAPÍTULO 5
Transtornos da ansiedade
A ansiedade é um sentimento que a todo ser humano tem, já teve ou terá em determinado
momento da vida. É uma reação a situações que podem provocar medo, dúvida ou
expectativa. Quando nos deparamos com o desconhecido tendemos a ficar ansiosos.
Até mesmo um cachorro fica ansioso à espera de seu dono. Uma criança pode ficar
ansiosa com o início das aulas, com a chegada das férias, com a festa de aniversário.
A ansiedade em si é algo absolutamente normal. O que temos que observar é o momento
em que a ansiedade se torna patológica.
É comum que haja comorbidade e assim uma pessoa pode apresentar sintomas de
mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e destes com outros
problemas como depressão. “As fobias são aprendidas, frequentemente após um único
acontecimento que provocou medo, é extremamente difícil superá-lo e há uma variedade
limitada e previsível de objetos fóbicos.” (MORRIS; MAISTO, 2004, p. 412). Digamos
que uma criança foi atacada brutalmente por um cão, provavelmente ela terá medo
de todos os tipos de cachorro. Outras crianças que ouviram a história ou viram a cena
podem vir a desenvolver um medo semelhante. Desse modo, um medo realista pode
ser transformado em fobia. Porém, nem todos os tipos de transtornos de ansiedade
possuem uma relação com a hereditariedade.
71
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
pessoas redirecionam os sentimentos fortes daquilo que os despertou para outra coisa.
(MORRIS; MAISTO, 2004, p. 413).
Sob a ótica dos autores, os psicólogos que trabalham com base em uma perspectiva
biológica acreditam que a hereditariedade tenha relação com a ansiedade. Pais ansiosos
têm uma probabilidade maior de terem filhos ansiosos.
Figura 18.
Fonte:<http://delas.ig.com.br/filhos/ajude-seu-filho-a-superar-a-ansiedade/n1238152078274.html>
72
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
A criança com esse transtorno está sempre prevendo coisas ruins e devido a esses
pensamentos encontra-se sempre preparada para fugir. Dessa forma, seu corpo está
sempre esperando a ação, gerando, assim, tensão e dores musculares nos ombros e
pescoço, além de tremores. Não podemos esquecer também que o coração sofre
palpitações. A causa dos transtornos ansiosos infantis é muitas vezes desconhecida e
provavelmente multifatorial, incluindo fatores hereditários e ambientais diversos.
»» falta de ar;
»» alterações de memória;
»» baixa autoestima.
Fonte: <topmed.com.br>
73
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Ainda sob a ótica da autora Castillo et al. (2000), “de modo geral, o tratamento é
constituído por uma abordagem multimodal, que inclui orientação aos pais e à criança,
terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia dinâmica, uso de psicofármacos e
intervenções familiares.”
»» Fobias Específicas.
»» Fobia Social.
74
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Medo é uma reação natural do organismo a coisas que nos ameaçam. Faz parte
do nosso instinto de sobrevivência e pode ser relacionado inclusive ao instinto
de agressividade. Geralmente, diante de ameaças ou nós atacamos ou fugimos,
ou somos agressivos ou temos medo. <pablo.deassis.net.br>
“Fobia é o nome dado a uma série de ‘medos’ específicos com características irracionais.
Muitos pesquisadores apontam que várias das nossas fobias tem base evolutiva, como
por exemplo, o medo de altura (acrofobia) nos deixaria longe de lugares altos, ou ainda
o medo de lugares apertados (claustrofobia)”. <pablo.deassis.net.br> acesso: dez. 2015.
Tem as pessoas que tem fobia a determinados bichos. Não podem nem ver na televisão
que se desesperam.
O pânico
75
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Figura 19.
Fonte: <http://mundodapsi.com/sindrome-ansiedade-panico/>
Uma dúvida surge nos profissionais que vem acompanhando a história e evolução da
Síndrome do Pânico: O que ocasionou o “surgimento” desse quadro, com tamanha
incidência e constância no tempo? Por mais que muitos acreditem ser algo novo, há
mais de quinze anos ouvimos falar em síndrome do pânico. Algumas pessoas defendem
a hipótese de que este quadro foi praticamente criado e patrocinado pela indústria
farmacêutica. Essa hipótese não é a mais apropriada para ser divulgada e tampouco
acreditada, não quando a vítima é uma criança.
O diagnóstico do transtorno do pânico em crianças pode ser um pouco mais difícil do que
o de um adulto. Crianças com sintomas de ataques de pânico precisam primeiramente
de uma avaliação médica, de preferência um de família ou um pediatra. Se nenhuma
doença física ou condição for detectada como uma causa para os sintomas, uma
avaliação abrangente por um psiquiatra deve ser obtida.
76
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
reduzir o stresse ou conflito que poderia causar um ataque de pânico. Com as técnicas
ensinadas em “terapia cognitivo-comportamental”, a criança pode também aprender
novas formas de controlar a ansiedade ou ataques de pânico quando eles ocorrem.
A criança que tem essa síndrome vive na constante expectativa e ansiedade de ter
uma nova crise. Denominado de ansiedade antecipatória faz com que a criança deixe
de fazer algumas atividades com receio de ter um novo surto. O nome dessa fobia é
agorafobia, como foi citado no parágrafo anterior (do grego ágora – que denomina a
praça do mercado, as primeiras observações desses sintomas referiam-se a pacientes
que temiam percorrer longas distâncias, como praças ou ruas vazias), é o medo de estar
em lugares de onde a fuga possa ser complicada ou difícil no caso de um ataque do
pânico. Por exemplo, dentro de um avião ou até mesmo na escola. Essa fobia decorrente
da Síndrome do Pânico pode limitar não só a vida da criança como também de seus pais
ou cuidadores. Muitas não querem nem mesmo sair de suas próprias casas. Digamos
que eles preferem ficar em sua zona de conforto.
»» taquicardia (fisiológico);
»» formigamento (fisiológico);
»» vertigem (fisiológico);
»» tontura (fisiológico);
77
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
»» sudorese (fisiológico);
»» despersonalização (cognitivo);
Há basicamente três tipos e ataques do pânico no que se refere a sua ligação com as
situações. Há os disparos por uma situação com ocorrência imediata após a exposição;
há os situacionalmente predispostos, que tendem a ocorrer diante de determinada
situação; e há ainda os inesperados, que ocorrem sem que haja nenhuma situação
específica que os dispare ou torne mais prováveis. Para que o transtorno do pânico seja
diagnosticado, é necessária a presença de ataques do pânico inesperados e recorrentes,
bem como uma ansiedade significativa relativa à possibilidade de vir a apresentar outros
ataques ou uma alteração comportamental significativa derivada deles. Esse detalhe é
particularmente importante para que seja feito o diagnóstico diferencial, pois ataques
de pânico podem ocorrer em qualquer transtorno de ansiedade, particularmente os
disparados por situações fóbicas. (ANGELOTTI, 2007, p. 20)
78
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
As crianças quando estão longe dos pais sentem-se inseguras e temem que algo de
ruim possa acontecer com seus pais, tais como acidentes, sequestro etc. Essas crianças
apresentam um comportamento de apego excessivo a seus cuidadores, dificultando ao
máximo a saída deles até mesmo para trabalhar. Não gostam de serem deixados na escola
porque começam a imaginar situações ruins e muitas vezes só se tranquilizam depois
que conseguem falar com eles pelo telefone. A criança possui o desejo de frequentar
a escola, demonstra animação e uma certa confiança, mas na hora apresenta intenso
sofrimento quando precisa afastar-se de casa e de seus pais.
Figura 20.
Fonte: <http://www.espaconelsonpires.com.br/noticias/criterios-para-diagnostico-do-transtorno-de-ansiedade-de-separacao/>
Na hora do sono, elas necessitam da companhia dos pais e tendem a resistir ao sono
porque veem o sono como a perda do controle, a separação.
Quando os pais realmente se afastam (para o trabalho, uma festa à noite, uma viagem),
algumas reações comuns que a criança pode apresentar são: dor abdominal, náusea,
dor de cabeça e vômito. Crianças maiores podem apresentar sintomas cardiovasculares
como palpitações, tontura e sensação de desmaio. A autonomia da criança fica bastante
prejudicada com esses sintomas, restringindo a sua vida de relacionamentos e de
interesses, acarretando um grande estresse pessoal e familiar. Sentem-se humilhadas
e medrosas, resultando em baixa autoestima e podendo evoluir para um transtorno do
humor (CASTILLO et al., 2000).
79
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Tratamento
Basicamente quatro “ajudantes” são necessários nessa fase: a escola, os pais, o médico
e o psicólogo. O trabalho deve ser conjunto.
Caso a criança se negue a ir à escola, uma medida deve ser tomada o mais rápido possível
para evitar um trauma maior e a evasão escolar. É fundamental que haja uma sintonia
entre os pais, a escola e o terapeuta com relação aos objetivos, conduta e maneira de
lidar com a criança. O retorno deve ser gradativo, pois se trata de uma readaptação,
onde as limitações da criança e seu grau de sofrimento devem ser respeitados sempre.
O objetivo é aumentar a sua autonomia e competência, reforçando, assim, suas
conquistas.
Crianças assim estão constantemente tensas na eminência de que algo possa acontecer.
Com isso elas têm muita dificuldade de relaxar e curtir o momento. São crianças que se
preocupam com a opinião de terceiros e necessitam que a sua confiança em si mesma
80
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
»» palidez;
»» sudorese;
»» taquipneia;
»» tensão muscular;
»» vigilância aumentada.
O caso de uma menina de sete anos de idade que pergunta aos pais constantemente se o
que eles dizem é verdade, se recusa aos prantos a iniciar qualquer atividade nova, pede
para sua mãe verificar se ela fez a lição corretamente a cada trecho de lição terminada,
mostra-se muito aborrecida e angustiada quando sua coleguinha de escola achou
que ela havia mentido. Todo ou quase todo o tempo há algo que a preocupe, não são
pensamentos repetitivos sobre o mesmo tema, mas são preocupações constantes que
mudam de tema e geram ansiedade.
Uma criança pode herdar a ansiedade dos pais, não significa que irá herdar. Digamos
que filhos de pais ansiosos são mais propensos a desenvolver a ansiedade. Entretanto, a
ansiedade e o medo também podem ser “aprendidos” com os familiares e outras pessoas
que exibem comportamento ansioso em torno da criança com frequência. Por exemplo:
uma criança tem uma mãe que tem medo de tempestades podem aprender a temer
trovoadas. Uma avó que tem medo de ratos e quando os vê, até mesmo na televisão, fica
apavorada. A criança ao ver a avó apavorada com a imagem de um rato ficará também
porque vai achar que o rato é um ser que lhe causa medo. A experiência traumática
também pode desencadear a ansiedade.
81
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Tratamento
A maneira de tratar a ansiedade é mediante uma abordagem psicoterápica, não há
estudos que comprovem que a abordagem “X” é melhor que a abordagem “Y”. A terapia
cognitivo-comportamental, por exemplo, consiste em provocar uma mudança na
maneira de perceber e raciocinar a situação e diante dela perceber os fatores causadores
da ansiedade.
Figura 21.
Fonte: <http://www.acasacuca.com.br/motivos-ansiedade-criancas/>
82
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Importante destacar que cada criança pode experimentar sintomas de forma diferente.
»» recusa de a ir à escola;
»» perturbação do sono;
»» irritabilidade;
»» incapacidade de relaxar.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
De acordo com Lipp (2014), o estudo do TEPT em crianças é considerado atual. Teve
início por volta dos anos 1990, antigamente não era considerado um transtorno infantil.
Devido à imaturidade psicológica e cognitiva, as crianças podem desenvolver um
estresse maior do que um adulto frente a exposições traumáticas. Mesmo tendo suas
bases etiológicas compreendidas, principalmente, na manifestação clínica em adultos,
existem importantes achados de sintomas diagnósticos específicos em crianças.
Crianças podem desenvolver severas sequelas emocionais, tais como o TEPT, após
passarem por experiências traumáticas. Podemos citar: maus-tratos, abuso sexual,
guerra, acidentes de carro, desastres naturais e sérias condições médicas. No entanto,
uma heterogeneidade de respostas emocionais, cognitivas e comportamentais é vista em
crianças expostas a tais eventos, sendo que algumas desenvolvem sequelas emocionais
agudas, outras crônicas e outras sobrevivem ao trauma e apresentam uma adaptação
positiva. (BORGES et al., 2010).
Figura 22.
Fonte: <http://noticias.psicologado.com/>
84
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Alguns sintomas que podem ocorrer em crianças portadoras do TEPT são a automutilação
ou a autolesão. A autolesão é um comportamento que pode estar relacionado a estados
emocionais gravemente ruins; acredita-se que a dor física seria buscada para o alívio
da dor emocional. Esse comportamento não se configura em outro diagnóstico, mas
frequentemente está associado a quadros de traumas com uma forte associação com
abuso sexual (LANG; SHARMA-PATEL, 2011).
Kristensen, Caminha e Silveira (2007) apud Lipp (2014), sugeriram critérios os quais
possuem manifestações cognitivas e comportamentais mais específicas da infância, com
a finalidade de auxiliar na formulação do diagnóstico do TEPT em crianças. Vejamos a
seguir:
›› terror noturno;
›› hipervigilância.
85
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Os sintomas do TEPT costumam aparecer nos três primeiros meses após o evento
traumático. A duração e a gravidade do evento e a proximidade da criança em relação a
ele são fatores que influenciarão o desenvolvimento do transtorno.
Alteração na excitação.
Comportamento irritadiço ou surtos de raiva.
Hipervigilância.
D
Resposta de sobressalto exagerada.
Problemas de concentração.
Perturbações de sono.
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Segundo Lipp (2014), por ser algo relativamente novo, seu tratamento apresenta
desafios e peculiaridades. É necessária uma adaptação específica do trabalho na clínica
infantil com a finalidade de compreender todas as suas apresentações sintomáticas.
Caminha (2015), com o objetivo de diminuir esse elevado índice de abandono propôs
um modelo integrado de tratamento, adaptando elementos lúdicos. Vejamos no que
esse modelo consiste:
87
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Sessões iniciais Foco na aliança terapêutica mediante o uso de técnicas de entrevista motivacional;
avaliação de sintomas; utilização de registros de pensamentos disfuncionais e
“afetivogramas”, visando integrar os elementos de memória relacionados.
Sessões intermediárias Reestruturação cognitiva; abordagem de culpa e raiva; elaboração de um mapa de
memória referente aos elementos relacionados ao evento traumático; relaxamento e
respiração; exposição narrativa associada à dessensibilização mediante o uso do software
“Caixa de Memória”; treino de habilidades sociais.
Sessões finais Generalização e hiperaprendizagem; aumento do amparo social; técnicas de prevenção à
recaída.
Segundo Lipp (2014), uma das práticas mais traumáticas e devastadoras que as nossas
crianças podem ser submetidas são os maus-tratos. Os maus-tratos abastecem um
ambiente altamente patológico, que costuma iniciar no contexto familiar, com drásticos
efeitos na configuração social mais ampla. Diante dessas informações, pode-se inferir
que a violência urbana é fruto de uma manifestação secundária da violência primária
de famílias altamente disfuncionais.
Fobias específicas
“A fobia específica é um medo intenso, paralisante, de alguma coisa. nesse caso, o medo
é excessivo e irracional. De fato, o medo em uma fobia específica é tão grande que leva
a criança a evitar atividades rotineiras e, assim, interfere no funcionamento da vida”.
(MORRIS; MAISTO, 2004, p. 411).
“O termo fobia oriundo da palavra de origem grega Phobos, cujo significado está
relacionado à deusa helênica do medo, pode ser definido como temor persistente e
irracional, que faz com que o sujeito evite conscientemente atividades, situações ou
objetos específicos temidos” (VARGAS, 2008 apud LEMOS; MUSSOI, 2010).
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
»» Nos primeiros meses de vida o bebê sente medo perante ruídos fortes e
inesperados.
»» Por volta dos 4 anos tem medo do escuro, de estar sozinho, de seres
imaginários, de animais, de elementos da natureza etc.
Figura 23.
Fonte: <http://www.jovemcrente.net/>
Temos que observar se os tipos de medos estão condizentes com a idade da criança
e observar a quantidade de tempo que esse medo irá durar. Mesmo que o medo seja
próprio da idade, não devemos ignorá-lo nem ridicularizar a criança. Importante,
também, não supervalorizar o medo nem tampouco superproteger a criança, pois essa
atitude pode levá-la a acreditar que realmente existe um perigo real que ela precise se
preocupar. Os medos mais frequentes nas crianças são:
»» Medo dos animais: tanto dos maiores (cães) como dos mais pequenos
(insetos).
»» Medo do escuro.
89
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Para Winnicott (1971), a função dos pais e cuidadores, junto a outras condições
ambientais adequadas, é relevante para que a criança cresça e se desenvolva de
maneira saudável física e psiquicamente. Nos primeiros meses de vida, a presença da
mãe, ministrada de forma constante e nos momentos oportunos, dá ao bebê a ilusão
de que a satisfação das suas necessidades ocorre por sua única e exclusiva vontade.
Ele ainda é incapaz de se diferenciar do mundo externo; por isso, a satisfação das suas
necessidades traz a crença de que pode controlar o mundo (LEMOS; MUSSOI, 2010).
Aos poucos a mãe mostrará a realidade e o bebê perceberá que a mãe e ele são pessoas
diferentes.
A fobia pode ser dividida em dois grupos conforme a natureza do objeto temido:
A fobia em crianças, atualmente, aparece como um dos principais motivos pela busca dos
pais por atendimento psicológico para os seus filhos. Como já foi falado anteriormente,
alguns fatores podem aumentar a sensação de medo e fobia nas crianças. Temos os
fatores externos, como a crescente violência e a insegurança da vida pós-moderna além
da constante manifestação da mídia sobre essas questões. A fobia é o temor incontrolável
que tem como elementos principais o medo e a angústia.
Inúmeros tipos de medo podem surgir durante a infância, como o de lugar escuro, dormir
sozinha, o de determinados bichos, entre outros e, na medida em que a criança vai
crescendo e amadurecendo, estes temores tendem a desaparecer. O problema é quando
o temor torna-se incontrolável e as fobias começam a prejudicar o desenvolvimento
saudável de uma criança bem como sua autoconfiança e autoestima.
Como podemos perceber que a criança está com medo ou desenvolvendo uma fobia
específica? Vamos ao exemplo de um quarto escuro: a criança chora, fica agitada e não
consegue dormir mesmo os pais falando que tudo está bem. A questão é que, para ela,
90
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
não está. A diferença dos adultos para as crianças é que os primeiros têm ferramentas
racionais e emocionais para compreender e combater o medo e as crianças ainda não.
Porém, mesmo os adultos tendo essa ferramenta isso não faz com que eles também não
sintam medo. A criança tem uma imaginação fértil que dificulta ainda mais a percepção
da realidade, além do que é à noite que os sentimentos menos positivos parecem crescer.
Nesse caso a melhor coisa a fazer é deixar uma luz de presença acesa no quarto.
Ou esquadrinhar todos os armários gavetas e cantos e garantir que não há monstros
nenhuns e que tudo o que está no interior são roupas, sapatos e brinquedos. Quando o
medo vira fobia, a família da criança fóbica também fica abalada, pois essa situação gera
desconforto e angústia principalmente nos pais que acompanham de perto o sofrimento
do filho. (LEMOS; MUSSOI, 2010, p. 25).
A maioria das crianças sente um pouco de temor ou incerteza com relação a determinadas
coisas ou situações sociais, porém a partir do momento que esses medos passam a
interferir de maneira significativa no funcionamento da vida são considerados fobias
sociais, a qual veremos a seguir.
Fobia social
A fobia social ou também conhecida como transtorno de ansiedade social (TAS) é um
transtorno de ansiedade que tem como característica principal o medo acentuado e
persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, nas quais a criança
é exposta a pessoas desconhecidas. Dessa forma, a criança tem medo de agir de um
modo que lhe seja humilhante ou embaraçoso e as situações fóbicas são evitadas ou
enfrentadas com intensa ansiedade e sofrimento. (APA, 2000).
91
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
daquilo que se considera dentro da normalidade para aquela faixa etária, interferindo
na qualidade de vida, no bem-estar emocional e na performance no dia a dia da criança.
Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro (2000) esclarecem, ainda, que o tempo de reação
ansiosa da criança é determinante para se identificar o grau de ansiedade (normal ou
patológico), a depender se a reação for de curta duração, autolimitada e relacionar-se
ou não ao estímulo momentâneo.
Algumas das características específicas da fobia social relatadas por crianças, conforme
Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro (2000), são a manifestação de desconforto em
diversas atividades:
Em todas essas situações, pode se identificar sintomas físicos de fobia social tais como:
calafrios, palpitações, tremedeiras, calores repentinos, sudorese excessiva e náuseas.
92
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Figura 24.
Fonte: <http://viviandenny.blogspot.com.br/2012/02/fobia-social-o-inferno-sao-os-outros.html>
Tratamento
Continuando, Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro (2000) afirmam que o foco inicial
do tratamento cognitivo da fobia social é a alteração de alguns pensamentos que não
foram bem adaptados e que aparentemente contribuem para um comportamento de
afastamento social. Algumas autoanálises negativas são usuais em crianças com essa
fobia (“todos estarão me olhando”; “e se eu cometer algum erro?”). Sendo assim, o
tratamento comportamental tem de ser baseado na exposição gradativa a cada situação
temida (uma criança com medo de comer na lanchonete da escola, por não se sentir
bem e passar mal próxima a outros colegas, deve iniciar o tratamento expondo-se a essa
situação por pequenos períodos, mesmo sem comer nada, aumentando essa exposição
aos poucos, até conseguir comprar um lanche e comer próximo aos demais).
Assim como nos tratamentos de adultos, segundo Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro
(2000), as crianças e adolescentes devem passar por experiências semelhantes a fim de
debelar e/ou controlar a sua fobia social, exceto pela exposição gradativamente maior
aos estímulos temidos, que, no caso dos menores, deve ser realizada em um número
maior de etapas.
Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro (2000) esclarecem que, até o presente momento,
ainda não foram apresentados quaisquer estudos de tratamento livre de medicação
controlada para crianças com fobia social. Nesse sentido, alguns relatos iniciais apontam
que o benzodiazepínico alprazolam pode se mostrar bastante útil na minoração dos
afastamentos de situações sociais em crianças e jovens diagnosticados com fobia social.
93
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
O primeiro passo para o tratamento, de acordo com Ito, Roso, Tiwari, Kendall e
Asbahr (2000), é a avaliação do paciente, procedimento esse que consiste na coleta de
informações sobre o histórico da doença, na forma a seguir descrita:
A partir dos dados coletados, segundo Ito et al. (2000), passa-se ao planejamento
do tratamento propriamente dito, que deve dar maior ênfase àqueles sintomas que
provoquem maior desconforto no paciente. A depender da gravidade da fobia social, do
94
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Na parte inicial do tratamento, de acordo com Ito et al. (2000), é imprescindível que
seja incluída uma sessão inicial para esclarecimento de todas as informações relevantes
para que o paciente tenha uma compreensão mais precisa acerca do seu transtorno e
do próprio tratamento a que será submetido. Se houver necessidade de uso de fármacos
e da participação familiar, o paciente deve ser informado na etapa inicial, cabendo
esclarecer que a orientação dos membros da família deve transmitir diretrizes sobre
como agir em determinadas situações de desconforto na interação com o paciente.
Tudo isso deve ser avaliado durante e após o tratamento, destacando-se que, em
crianças e adolescentes, os resultados devem ir além, buscando também a melhora
da autoestima, visando a que o jovem possa adquirir autoconfiança suficiente para se
comunicar em situações sociais.
Desse modo, o objetivo final da terapia, que deve contar em suas etapas com a colaboração
ativa de pais e responsáveis, consiste no incremento da capacidade de exposição
do jovem a diferentes situações sociais, com muitas pessoas e atividades distintas,
almejando a um aumento da sua percepção de comando sobre as circunstâncias sociais
em que se encontrar.
95
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
»» Manejo de estresse e relaxamento, que tem por objetivo: “fazer com que o
paciente aprenda a ter maior controle das respostas fisiológicas próprias
da ansiedade.”
96
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Figura 25.
Fonte: <http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/5-informacoes-sobre-o-toc/4832/>
97
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
De acordo com Gabbard (2009, p.60), “estudos epidemiológicos sugerem que o TOC
infantil afeta cerca de 1 a cada 200 crianças”. Ainda sob a ótica da autora, mesmo
trazendo sérias consequências para a vida escolar e familiar da criança, esse transtorno
é pouco diagnosticado e tratado.
Vejamos a seguir alguns sintomas de crianças portadoras de TOC. Caso a criança tenha
um ou mais sintomas e que se manifestem de maneira persistente, o ideal é buscar
ajuda de um psicólogo ou psicopedagogo.
»» Medos sexuais ou religiosos.
Figura 26.
Fonte: <http://www.casulepsicologia.com.br/>
98
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Uma das técnicas do TCC consiste na técnica de exposição com prevenção de respostas,
na qual o paciente se coloca em exposição relativamente à situação temida, de maneira
a buscar a prevenção de uma resposta de comportamento de evitação ou um ritual,
almejando a redução de sua ansiedade. Como exemplo, pode-se solicitar a uma criança
com medo de se contaminar ou com rituais de higienização que toque em alguns objetos
da lixeira, não a permitindo que lave as mãos ao final. Com essa técnica, os pacientes
acabam paulatinamente diminuindo a resposta ansiosa, compreendendo também
que, com o passar do tempo, é possível diminuir o grau de ansiedade sem praticar
comportamentos compulsivos.
O incremento da exposição, via de regra, deve se dar de forma gradativa, conforme uma
hierarquia sintomática de estímulos que culminam em cada vez mais respostas ansiosas.
Desse modo, paciente e terapeuta devem trabalhar em conjunto nas sessões iniciais,
criando situações conforme a hierarquia (relacionando os sintomas) e classificando a
severidade da resposta ansiosa em uma escala preestabelecida. Com essa colaboração,
reduz-se o medo da criança em relação ao desconhecido, ajudando-lhe a adquirir
controle sobre as situações sociais diversas. Ainda que diferentes situações sejam
adicionadas à hierarquia e as classificações da resposta ansiosa sejam modificadas, tal
lista indica, de forma ideal, o quadro da sintomatologia TOC do indivíduo, oferecendo
um paradigma para o sentido que a terapia alcançará no decurso do tratamento.
99
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Já quanto à reversão de hábitos, Gabbard (2009) esclarece que pode ter um papel
muito importante nos casos de indivíduos que têm “tiques comórbidos, sintomas de
tricotilomania ou rituais complexos com tiques (MARCH, 1995)”.
Gabbard (2009) assevera que, de modo geral, as pesquisas efetuadas até os dias atuais
alicerçam a eficácia de metodologias baseadas na exposição com prevenção de respostas
ansiosas para o TOC em crianças. Nesse sentido, afirma também que o progresso tende
a ser contínuo durante o tratamento, mas fazem-se necessários mais dados e avaliações
de prazos mais extensos. Também carecem de estudos mais aprofundados os resultados
do tratamento psicofarmacológico combinado com o cognitivo-comportamental. Ocorre
que, como recaídas são usuais quando descontinuada a medicação, “(Leonard et al.,
100
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Contudo, pouco se sabe sobre a eficácia de modelos de tratamento familiar que não
sejam baseados em TCC. Mesmo assim, esses modelos merecem ser estudados,
principalmente na área do TOC de início precoce, na primeira infância. Em particular, a
terapia familiar pode ser usada para identificar e abordar os obstáculos ao tratamento,
como problemas na família, dificuldades conjugais e papéis e limites inadequados entre
os pais e seus filhos portadores de TOC.
Acrescenta Gabbard (2009), no que diz respeito à farmacoterapia, que alguns estudos
sistemáticos apontam para que os IRSs são eficazes para o tratamento de sintomas de TOC
em crianças e adolescentes, destacando que, nos dias atuais, os medicamentos aprovados
pela Food and Drug Administration (FDA) são: (i) clomipramina – para crianças com
mais de 10 anos; (ii) fluoxetina e fluvoxamina – para crianças com mais de 8 anos; (iii)
sertralina – para crianças com mais de 6 anos; (iv) paroxetina – para adultos.
101
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Defende, ainda, que os ISRS são mais adequados do que a clomipramina, já que não
têm tantos efeitos colaterais anticolinérgicos.
Para a escolha da medicação mais adequada, contudo, Gabbard (2009) afirma que, de
modo geral, os ISRSs devem ser considerados como de primeira linha no tratamento de
TOC pediátrico, sendo que a escolha do agente específico deve recair sobre os resultados
dos estudos sistemáticos realizados até então, sem esquecer a relação risco-benefício e
os efeitos colaterais esperados, assim como os diagnósticos comórbidos e a utilização
de medicação simultânea.
Enfim, segundo Gabbard (2009), “o TOC pode ser um transtorno debilitante e crônico,
mesmo com os tratamentos apresentados”. Todavia, alguns estudos de continuidade
apontam para progressos reais em tratamentos existentes, destacando-se que a maior
parte dos pacientes com TOC necessita de uma ou mais terapias combinadas, de
comportamento ou farmacológicas, sendo certo que a escolha acertada do tratamento
só será alcançada caso se encontre um equilíbrio entre o momento mais adequado e o
foco de qualquer terapia no decurso do tempo.
102
CAPÍTULO 6
Transtornos do espectro do autismo
Figura 27.
.
Fonte: <http://hypescience.com/os-10-disturbios-psiquiatricos-mais-controversos/>
É de se observar que, segundo Klin, embora os TIDs apresentem, entre si, uma
heterogeneidade bastante ampla quanto às variáveis clínicas que os caracterizam, há
103
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
uma característica comum que faz com que esses transtornos sejam estudados de forma
agrupada, qual seja, a interrupção precoce dos processos de sociabilização.
Este capítulo tem por objeto o estudo do paradigma dos TIDs, inclusive quanto à
sindrome de Asperger, uma variante próxima. Isso porque, no caso do autismo, o
diagnóstico é, como regra, incontroverso, ao passo que o diagnóstico da síndrome de
Asperger pode, muitas vezes, ser confundido com o de autismo desacompanhado de
retardo mental, ou mesmo com o autismo com alto grau de funcionamento (AAGF).
Autismo
Klin (2007) sustenta que o autismo, “também conhecido como transtorno autístico,
autismo da infância, autismo infantil e autismo infantil precoce, é o TID mais
conhecido”, é o TID mais amplamente conhecido, tendo por características marcantes
um continuado déficit na interação social, deficiências na habilidade de se comunicar
e a opção por linhas comportamentais bastante restritas a determinados interesses.
Klin registra, também, que os casos de autismo com retardo mental representam
cerca de 60 a 70% dos diagnósticos de autismo, percentual esse que vem mostrando
104
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Figura 28.
Fonte: <http://hnsf.com.br/o-que-e-autismo/>
»» interação social;
»» comunicação limitada;
Klin (2007) defende que há quatro critérios que permitem identificar um “prejuízo
qualitativo nas interações sociais”, quais sejam, (i) “prejuízo marcado no uso de formas
não verbais de comunicação e interação social”; (ii) ausência de relacionamentos com
colegas; (iii) desinteresse em compartilhar experiências e comunicação; e (iv) não
reciprocidade nos aspectos social ou emocional.
105
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Noutro passo, Klin (2007) assevera que as crianças com maior grau de funcionamento
e que são mais velhas têm um diferente estilo de vida em sociedade, de um modo tal
que até podem se interessar por alguma interação, mas não demonstram nenhuma
habilidade para dar início a um relacionamento ou a mantê-lo de uma forma usual. São
indivíduos normalmente rotulados de “ativos, mas estranhos”, por não disporem de
habilidade para regular as interações sociais após o seu início.
106
PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Klin (2007) sustenta que as primeiras manifestações do autismo ocorrem nos três
primeiros anos de vida, sendo que a preocupação dos pais com essa condição acontece
normalmente entre 12 e 18 meses de vida, conforme observam as dificuldades
apresentadas pela criança no que se refere ao desenvolvimento da linguagem. Nesse
ponto, Klin destaca que as crianças com autismo não respondem a abordagens verbais,
mas respondem a estímulos sonoros oriundos de objetos inanimados (aspiradores de
pó, pacotes de biscoitos, gotejamento de água), denotando mesmo um desenvolvimento
anormal no que se refere à expressão verbal.
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
Bebês e crianças com diagnóstico de autismo não se se sentem atraídas pelo rosto
humano, ainda que veja um sorriso, demonstram pouco ou nenhum interesse por
jogos infantis, como o pega-pega, e costuma empregar grande parte de seu tempo na
exploração de ambientes inanimados mesmo quando se encontra num ambiente de
interação social, com crianças conversando em seu redor. As atividades lúdicas ou a
utilização dos sentidos para explorar um determinado brinquedo são habilidades
ausentes nas crianças com autismo.
Mesmo assim, Klin sustenta que o interesse por interações sociais pode se incrementar
com o tempo, havendo, de uma maneira geral, certo avanço no desenvolvimento do
aspecto social, em uma medida proporcional ao grau de funcionalidade do indivíduo
com autismo – quanto maior a capacidade funcional da criança, mais interesse ela irá
demonstrar em atividades sociais, apesar de sempre carregarem consigo uma grande
dificuldade de manter a estabilidade de relacionamentos.
Figura 29.
Fonte: <http://saude.ig.com.br/minhasaude/autismo-ganha-contornos-de-epidemia-nos-eua/n1597727229144.html>
Segundo Klin (2007), como as crianças jovens e bebês com autismo não se expressam
verbalmente, costumam levar as mãos de seus pais para alcançar objetos de seu interesse,
sem mesmo precisar fazer contato visual, demonstrando, assim, que essa interação
social estaria ocorrendo com a mão da pessoa, e não com a pessoa propriamente dita.
Vale dizer, nesse ponto, que não se trata de um simples transtorno de desenvolvimento
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
da linguagem, pois as crianças com autismo não demonstram motivação nem mesmo
para estabelecer outras formas de comunicação não verbais.
O autor afirma ainda que, quando se expressam verbalmente, as crianças com autismo
costumam apenas repetir aquilo que lhes é dito (ecolalia imediata) ou então algo que
ouviram em determinado ambiente, como numa TV (ecolalia tardia), expressando-se
de forma rígida, sem avaliar as eventuais mudanças de perspectiva ou de mudança de
interlocutor, resultando até mesmo em inversões pronominais. Continua afirmando que
a linguagem dos indivíduos com autismo tem características de não reciprocidade por
natureza, observando que essas crianças acabam produzindo algum tipo de linguagem
sem qualquer intenção de comunicação, de maneira que, mesmo sem apresentar erros
de sintaxe e morfologia na expressão verbal, os indivíduos com autismo têm grande
dificuldade quanto ao desenvolvimento do vocabulário e de habilidades semânticas,
prejudicando severamente a sua compreensão quanto a diversos aspectos sociais na
utilização da linguagem.
Desse modo, um determinado diálogo que tenha características tais como humor e
sarcasmo podem gerar uma grande confusão por parte do indivíduo com autismo, que,
por não consegue perceber qual a real intenção de seu interlocutor, acaba por fazer
interpretações absolutamente literais de tudo o que escuta, ao passo que sua própria
voz tem entonação apagada ou monótona, bem como outros aspectos comunicativos da
voz se apresentam de forma idiossincrática e com pouca modulação.
Nesse sentido, o autor defende que esse déficit nas habilidades de brincar e interagir
podem abranger, também, baixo desenvolvimento de alguns padrões usuais como
aqueles que se esperam em brincadeiras lúdicas como o faz de conta e outras de natureza
similar, de maneira que a criança com autismo acaba se interessando por determinados
aspectos não funcionais de um brinquedo (textura, peso, gosto, cheiro), ou mesmo
utilizar partes ou pedaços dos brinquedos e objetos para se autoestimular (ficar abrindo
e fechando a porta de um carrinho de brinquedo).
O autor esclarece, também, que as crianças com autismo podem desenvolver interesses
específicos por determinadas atividades repetitivas, como colecionar determinados
objetos para utilizar em autoestimulação, praticar a memorização de números sem
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Ao discorrer sobre o curso e prognóstico do autismo, Klin (2007, p. 09) asseverou que:
111
UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
um bom desfecho (ter capacidade de exercer atividade profissional com eficiência e ter
vida independente). (KLIN, 2007, p. 13)
Síndrome de Asperger
No caso da SA, segundo Klin (2007), os indivíduos acometidos pela síndrome não se
abstêm e nem se incomodam em conviver socialmente, mas usam de uma abordagem
junto a outras pessoas de uma maneira não apropriada e, muitas vezes, excêntrica, de
forma que o resultado dessas interações normalmente não é bem-sucedido, porquanto,
mesmo tendo interesse em fazer amizades e encontrar pessoas, não conseguem entender
as reais intenções de seus interlocutores ou tampouco transmitir seus pensamentos de
forma concatenada e com sentido lógico. Com isso, muitos indivíduos com SA terminam
por desenvolver transtornos de ansiedade ou de humor, muitas vezes necessitando de
tratamento médico para reverter esse quadro.
Muitas vezes, podem até mesmo ser capazes de descrever as emoções das pessoas com
quem interagem, só que não conseguem agir conforme as informações obtidas com
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
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UNIDADE III │PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS
mudança de foco nesses interesses com o avançar da idade, para assuntos usualmente
mais estranhos e restritos.
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PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM AS CRIANÇAS│ UNIDADE III
Como conclusão, o autor destaca que as síndromes de autismo e de Asperger têm origem
em “alterações precoces e fundamentais no processo de socialização”, resultando em
uma série de consequências no desenvolvimento do indivíduo com SA, em diversos
aspectos relacionados à atividade e adaptação, comunicação e imaginação sociais,
dentre outros. Destaca, ainda, que diversas áreas do funcionamento cognitivo mantêm-se
usualmente preservadas, destacando-se alguns desses indivíduos com habilidades por
demais surpreendentes e inesperadas, muitas vezes prodigiosas.
115
O PAPEL DO
PSICÓLOGO
INFANTIL NO UNIDADE IV
TRATAMENTO DOS
TRANSTORNOS
MENTAIS
O psicólogo infantil, além de sua vocação para lidar com crianças, trabalha no sentido
de oferecer um ambiente onde ela se sinta segura e acolhida. A forma de falar, o tom,
as palavras que ele usa são todas elaboradas para criar um ambiente de confiança onde
a informação sobre o que se passa com a criança seja colhida da melhor forma possível.
Por exemplo, se você perguntar se ele está chorando porque o coleguinha bateu nele é
possível que ele responda que sim, mesmo que não seja esse o motivo, pois se alguma
vez algum coleguinha já deu algo parecido com tapinha e, ao ouvir esta pergunta, ele
poderá lembrar deste episódio e pode responderá que chora devido ao coleguinha,
mesmo que este tapinha não tenha a nada a ver com o choro atual. (<marisapsicologa.
com.br>).
Figura 30.
Fonte: <http://www.clinicaestevaoferreira.pt/>
116
O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS │ UNIDADE IV
»» chorar em demasia;
»» xixi na cama;
»» pesadelos;
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UNIDADE IV │ O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS
Figura 31.
Fonte: <http://www.anacarolinapsicologa.com/>
Na maioria das vezes as crianças não são compreendidas da maneira mais adequada
pelos pais, porém os pais percebem que algo de diferente pode haver com elas. Os pais
na tentativa de ajudar ou tentar obter uma resposta perguntam para seus filhos “qual
o problema?”, “o que está acontecendo?”, a resposta não aparece e olham para baixo,
desviando o olhar, saem correndo ou simplesmente fica olhando para você sem dizer
uma só palavra. Isso preocupa a maioria dos pais, a mãe se sente impotente diante
dessa situação, pois em sua cabeça ela deveria ajudar o filho sempre que algo de errado
acontecesse. Infelizmente nem sempre os filhos compartilham seus problemas com os
119
UNIDADE IV │ O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS
pais, além do que muitas vezes nem a própria criança sabe de fato o que está sentindo
ou o que está acontecendo de diferente com ela, simplesmente sente um desconforto.
Santos (2006, p. 316): “Por vezes o termo saúde mental fica restrito ao atendimento
psiquiátrico, desconsiderando-se sua abrangência e a contribuição de várias disciplinas
no atendimento de crianças com problemas emocionais e comportamentais”.
Quanto à procura de atendimento, ela foi maior para crianças entre 6 e 11 anos de idade,
o que vai ao encontro de outros dados da literatura (GRAMINHA; MARTINS, 1993).
É provável que até esta idade alguns problemas sejam vistos como “coisa de criança” e
melhor tolerados pelos pais. Além disso, a busca de atendimento coincide com a entrada
na escola e conseqüente aumento de exigências quanto à produção, comportamento e
sociabilidade da criança. Também se deve considerar que dificuldade de aprendizagem,
a segunda queixa mais frequente, começa a ser percebida na maioria das vezes com o
ingresso na 1a série (SANTOS, 2006, p. 320).
120
O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS │ UNIDADE IV
Ludoterapia
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UNIDADE IV │ O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS
sublimatório; forma que ajuda a criança a colocar suas emoções à mostra, expostas via
objetos socialmente valorizados ou não.
Para Axline (1972) apud Castelo Branco (2001), a ludoterapia é um método de facilitar
às crianças a se ajudarem e afirma que esta abordagem baseia-se no fato de que o lúdico é
a forma natural de expressão delas. Por meio do brinquedo e de um ambiente facilitador
a criança se liberta de seus sentimentos e problemas, descobre o seu caminho, testa a si
própria, revela sua personalidade, toma a responsabilidade por seus próprios atos e vai
ao encontro do seu verdadeiro eu.
Figura 32.
Fonte: <http://www.differenza.psc.br/differenza/servicos.htm>
De acordo com Guerrelhas, Bueno e Silvares (2000), “As disciplinas psicodinâmicas que
derivaram das ideias freudianas têm como importante ingrediente de desenvolvimento
122
O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS │ UNIDADE IV
As brincadeiras utilizadas pelos psicólogos são as mais variadas possíveis, ele irá analisar
conforme o perfil da criança. Podendo utilizar contos de fadas, de heróis, brincadeiras
de casinha, jogo o rabisco, desenho, pintura, modelagem, dentre outras atividades. Ao
brincar, a criança tem “consciência” que está se expondo e, ao confiar no psicólogo, ela
acaba expondo mediante representações as situações que a afligem.
123
UNIDADE IV │ O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS
A criança consegue se expressar melhor por meio das brincadeiras do que por palavras
e assim acredita que ao representar o psicólogo está compreendendo tudo o que ela
está querendo repassar a ele. A brincadeira é uma forma de linguagem tão clara para
as crianças que ela acredita que seu significado seja também compreensível para os
outros. É bastante comum, ao terminar a sessão a criança pedir ao psicólogo que não
mostre o desenho aos pais. Vejamos a seguir um exemplo de desenho onde o pai se
torna violento ao ingerir bebida alcoólica e acaba abusando da criança:
Figura 33.
Fonte: <http://conselhotutelardeitapetinga.blogspot.com.br>
A maioria das crianças aceita bem a ludoterapia e acabam criando um vínculo com
o terapeuta facilitando o surgimento da confiança e tendem a brincar livremente. Há
criança que prefere os jogos, justamente por não precisar se expor muito devido ao fato
das regras e comportamento já serem previamente definidas. O psicólogo precisa saber
o momento de avançar para outra técnica, caso não consiga por resistência da criança,
as consultas se tornarão ineficazes e frustrantes uma vez que não haverá atividade
projetiva nem verbalização do conflito e o psicólogo não conseguirá ajudar a criança a
lidar com a dificuldade que a trouxe ali.
Pode-se afirmar que somente depois de meados da década de 1980 é que as comunicações
sobre o brincar com a criança em terapia comportamental tiveram maior impacto no
cenário científico, fazendo com que a referência à ludoterapia comportamental infantil,
124
O PAPEL DO PSICÓLOGO INFANTIL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS │ UNIDADE IV
na década de 1990, não causasse estranheza aos clínicos infantis da área (GUERRELHAS;
BUENO; SILVARES, 2000).
Segundo os autores, a necessidade de um papel ativo da criança para que ela seja a
responsável principal pela mudança, através do controle do ambiente é fundamental
para o sucesso da terapia. O manejo de contingências pela própria criança parece ser mais
durável e eficiente mesmo quando os pais são envolvidos no tratamento. A partir deste
pressuposto, são enumerados os principais pontos do atendimento comportamental
infantil:
Em suma, um conselho que o psicólogo infantil pode dar aos pais, cuidadores,
professores etc. é para jamais interferir nos desenhos das crianças. É comum as
pessoas podarem as crianças quando elas desenham coisas inesperadas como: árvores
com peixes ou casas suspensas no céu. Melhor aguardar a explicação do desenho e
esperar a criança revelar o porquê sua árvore é diferente das demais ou o motivo de
sua casa ficar suspensa no ar. A sua resposta mostrará que ao invés de ser uma criança
distante da realidade, mostrará apenas a sua originalidade e que a sua capacidade de
afirmar as próprias opiniões está em desenvolvimento.
O psicólogo não agirá sozinho com o paciente portador de transtornos mentais. Como
foi dito anteriormente é fundamental a presença de uma equipe multidisciplinar para
que o tratamento obtenha resultados positivos.
125
Para (não) Finalizar
Cada criança tem seu tempo certo, cada criança tem a sua personalidade, cada criança
tem um jeitinho único, porém existe o que se espera de determinada faixa etária e também
o que se espera de um comportamento dentro da normalidade. Por isso, qualquer sinal
deve ser percebido, analisado e precisa, sim, receber a devida importância. Ouve-se
muito as pessoas falarem a seguinte frase para justificar um mau comportamento ou
uma má criação: “É fase!” ou “É coisa de criança”. Sim, pode até ser. Mas é preciso
observar até quando essa “fase ou comportamento” irão durar. E verificar se isso está
afetando o desenvolvimento da criança ou afetando o convívio familiar.
Como foi visto é muito importante abordarmos esse assunto junto aos profissionais
da saúde mental uma vez que, caso haja algum transtorno mental, o impacto positivo
que um diagnóstico correto pode ter sobre o futuro de pacientes que estão em tenra
fase do seu desenvolvimento é fundamental para que o tratamento seja um sucesso.
A equipe multidisciplinar vem melhorando a cada dia com pesquisas e instrumentos
para atender com mais precisão esses pacientes.
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Referências
CASTILLO, Ana Regina et al. Transtornos de ansiedade. Rev. Bras. Psiquiatr. Vol.22.
São Paulo, Dec. 2000
DREZETT, J.; et al. Estudo de mecanismos e fatores relacionados com o abuso sexual em
crianças e adolescentes do sexo feminino. Jornal de Pediatria do Rio de Janeiro.
pp. 413-419, 2011.
127
REFERÊNCIAS
KLIN, Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Yale Child Study
Center, Yale University School of Medicine, New Haven, 2007.
MORAES, Helena et al. Depressão e suicídio no filme “As Horas”. Rev Psiquiatr RS
jan/abr 2006; pp. 83-92
MORRIS, Charles G.; MAISTO, Albert A. Introdução à psicologia. 6.ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
128
REFERÊNCIAS
WINNICOTT, D.W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.
Sites:
<www.psiqweb.med.br> acesso: dez 2015.
<www.bigmundoinfantil.com.br>
<topmed.com.br>
<pablo.deassis.net.br>
<o.canbler.com>
<ronaldopsicanalista.blogspot.com.br>
<marisapsicologa.com.br>
129