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THEATRO COMICO
PORTUGUEZ,
C O LL E CC Ã O
DAS OPERAS
, P O R T U GU E ZA s,
Que fe reprefentáráo na Cafa do Theatro pú
blico do Bairro Alto de Lisboa,
O F F E R E C I D A S
A? MUITO NOBRE SENHORA
PE CUNIA ARGENTINA
- *
Por 米米米
~
Quarta Inprefsão.
TOM O SEG UNDO
Labyrintho de Creta. , -
L I S. B O A:
Na Ofic. de SinÄo Τελοοεο FERREIRA. 1788.
com Licença da Real Meza da commi/São Gerat fokre
o Exame, e Cenfuri dos Livros.
- -
-
2
L A B Y R IN T H o
D Е.
A R G U M E N T O.
* I N T E R L OC U TO R. E. S.
Tezeo, Principe de Athenas, amante de Aria
N - * dna. -- -
SCENAS DA I. PARTE.
I. Bofgue, e Marinha.
II. L- Templum de Venus , e Yupido.
III. Camera. *".. ~
IV. Gabinete. -
V. Sala Regia.
-
* * -
- - N , . - / .
PAR
・>養素ぐ->業姿。<・業・>素養ぐう-業巻ぐ下 ** *
PARTE I. w
S-C E N A --I.
TO Lahyrintho
Tezeo. Que variedade de afectos ao mefmo
tempo admiro neta que julguei barbara , e
tofca montanha! Que te parece ifto ?
Esfuz. Se o nofo navio aportafe em Creta,
para donde levava direito o rumo , difera,
- Senhor , que etavamos em o Labyrintho de
Creta. ' .
- - A. º - Ef.
| de Cret4. I i.
Oh quanto te enganas.
No mal, com que abrazas;
Se amor, que tem azas
Te fabe feguir? Wai-ſe,
Sahem Tezeo, e Esfuziote da gruta.
Tezeo. Oh quanto me arrependo, Esfuziote»
de não haver fahido da gruta , para admirar
de mais perto aquella foberana beleza, e caf
tigar a temeridade daquelle atrevido Faetonte :
qüe intentou dominar' as luzes de tanto Sol!
Esfuz. Tudo quanto os Deozes fazem he por
melhor. * ; : ,
- Ésf#Z.
de Creta. 15
Esfuz. Nem eu tão pouco.
Tezeo. Que extaſis vos ſuſpende os alentos ?
Ainda não credes que fou quem vos defen
de , e náo quem vos ofende ?
Ariad. Como ignoro o modo de agradecer tão
generofa acção, que muito me faltem as vo
zes, e me ſobrem as admiraçóes !
Tezeo. Huma caualidade náo he digna de agra
decimento ; más já que o detino me conci
liou a fortuna de fer eu o ditofo inftrumento
da vofia vida, quizera vos compadecefieis da
- minha , que em parocifmos já quafi falece ás
mãos de huma doce violencia.
Ariad. Eu vos prometto defender a vofa vida,
já que tanto me encareceis o feu perigo ; e
affim dizei-me , qual he o deliċto que vos
obriga a viver foragido entre efias brenhas ?
Que gentil prefença! " , ' á parte.
Tezeo. Senhora, fendo vós a culpada, eu he
ue fou o delinquente.
Ariad. Náo entendo efe novo modo de criminar.
Tezeo. Dai-me licença que me explique. ,
Ariad. Dizei. - ºf ,
Esfuz. Eilo ahi meu amo namorado! Eftamos
aviados ! ú parte.
-
\
de Creta: 17
meu amor, deixai ao menos voar a minha
eſperança. : *.
Ariad. Eu vo fo digo. - , ,
Se he amor, cu piedade, . .
.*
- Sahe Dedalo. ,
Dedal. Valha-me o Ceo
Tezco. Que foi ifto, Esfuziote ? Levantate. Mas
que novo efpeétaculo fe offerece á minha ad
miração ! Quem és, efpantofo aborto defa
penha ? …, a , , --- - -
Æsføz. ို႔ႏွစ္တ
'agora o com que {e defearts
eſte ba O» - º *::
de hum Touro.
fisfuz. De hum Touro º Teye muito bom ‘go-િ
to a Senhora Patife. v . - ; — «…
24 . . . . 14byrinthoº - . .
J)edal. Defte nefando amor nafceo hum monf
tro de duas efpecies , pois era meio Ho
º mem, e meio Touro, por cuja caufa o cha
máráo Minotauro. " . ºr º:
# - O. : -
Defles montros ha muitos no Mua
-- - - !", º -
. tauro. . . . -
гз", на в Со к о.
蠶
س- به مری
ºهای مشتاقهای,دهmora dores de Creta , chegai - * * - º
º
::* Ao .Temp lo divitio de Venus, e Añor.
חc * . . -ג 、い . . . . *s ○。、 ... -
* . - º
. . . - …
de Creta. " วิธ
canta º oratulo º fºguinte.
Quando defe biforme montro horréndo
Vires fer alimento combuftivo -
Те с
3: " 'Labyrintho
Tezeo. Senhor, a teus pés fe oferece quem
já nem be fenhor da fua vida para dedicar
ta ; porém eftes, breves infantes , que o
alento fe me dilata , defcjára diminuillos ,
para que mais deprefia fe fatisfaça a tua von
, rade. *- ajoelh4.
Rei. Levantai-vos , efclarecido Tezeo , qüe fup
:pofto vos conduzifle a fortuna a táo infeliz
, etado , fetcis entre tanto refpeitado como
Principe , e não como réo.
Esfuz, 黑 muito boa confolação! Aquillo he o
me{mo que engordar para matar. -
- Te
de Cretá, 33
Tezeo. Esfuziote , aquella náo he a Ninfa
que eu tive em meus braços defmaiada ? ..
Esfuz. Sim, Senhor, ela he a me{ma, e ve
體o que tem crefcido! Ah Senhor, e tam
em a outra he aquelloutra.
Rei. Dizei-me , Embaixador : e todos os fete
mancebos do tributo vem com o Principe
Tczeo ?
Licas. Como houve , Senhor, huma grande
tempetade , , em que o baixel naufragou ,
muita parte da gente pereceo , e dos tribu
tarios ſo ſe achäo ſeis com o Principe.
Rei. Eu não,heiº de receber menos numero.
e o de fete ; pois nem ainda todo efe
fangue he baftante para illidir as manchas de
voffas aleivofias. · · -
ノ
36 Labyrintho
foraßeiro , reprehcndi o voffo- atrevimento ;
e agora que vos reconheço Principe , eſtra
nho muito o voflo delicto ; e pois quando.
me déftes a vida, prometti defender a vof
fa, etou prompta a cumprir a minha pala
avra. Ai amor, quem pudera declarar-fe ? á p.
Tezeo. Não peço recompenfa de huma acção,
que ao priñcipio náo foi executada a voíIo
refpeito , por fer cafual aquelle arrojo: do
meu valor, e natural obrigação. de hum ge
nerofo peito : fó defejára que não defprezafieis
efte bem nafcido affecto de meu amor.
Ariad. Principe , acceitai por ora a minhá recom
penfa, que quem vos ampara a vida, talvez
que a faça venturofa. - i
- - .. . " -
de Creta: 4f.
" Venus me diffe , que havia fer meu marido
hum vivo morto , e Vofa Alteza não he - *
-
...
- - - -- -
is "… i
morto vivo. · . . . . . . . . . -
so N в то. , :
!Eu fou , ô Taramella , o vivi morto , ` ` ` `.
器 por ti me imagino morto, e vivo, º
as não cuides, que vivo, porque vivo,
Pois ainda que vivo, vivo morto: i -> \º.
Na cova de hum defcem me enterras morto,
No aceno de hum favor me alentas vivo »
Se me affagas, deperto como vivo ,
Se te agatas, esfrio como morto : : -
Neta batalha, pois, de morto, e vivo , , , , ,
Na vida de hum favor me alentas morto,
Na morte de hum, deídem me matas vivo. º
Sou em fim morto vivo, e vivo , morto,
Se qual Fenix nas cinzas, quando vivo, º
Maripofa nas chammas, quando morto.
Taram. Já fei que Vofa Alteza he, o vivo,
e morto que me diffe a Deofa; mas como
cafa por voto, e não por amor, ferá o feu
matrimonio mais por força que por vontade.
ತ್ಗ Taramella, no amor toda a vontade he
orçada pois quem por feu goto ha de ap
petecer os fopapos de Cupido , e os pontapés
de Venus, que para adorno do feu rigor 'fa
zem galla da tyrannia , e gallacé do mar
пуrio : . … . . . . .”
- T4→
4? Labyrintho
Taram. Para que focegue a minha defconfian
2 ça » e acredite o ſeu amor, meta Voſſa Al
teza a mão naquelle fogo de Amor, no qual
fe experimenta dos amantes a contancia; fe
a chamma o não abrazar , reconhecerei que
me quer bem , e quando não, he certo
que quem fe queima alhos come , que efia
he a virtude éfpecial daquelle fogó.
Esfaz. E que o tern amor com os ahos º
Taram. Não vê que o alho defroe a virtude
do Iman, que he o fymbolo do amor?
Esfuz. Ifo he coufa de Poetas; mas fe queres
<que pelo meu amor meta a mão neffe fogo, ed
º farei , que "feelle não abraza a quem ama,
feguro eftou de offender-me o feu “incendio.
Taram. Ora vá, e não trema. ::
Cantão Esfuziote, e Taramella 4 feguinte º
onv: A R I A A D U O. 7
Taram. Meta a mão na chamma ardente, ,
: E verei, o feu amor." " * : *
Esfuz. Tu verás como valente
•t Náo me abraza o ſeu ardor ; '
… v. --, Mas ai, que me abrazo Mete, a mo.
La Mas ai, que me queimo ! * *
Taram. Aſſopra. . c. . . . . . .
üz-» Eu iaff9pro... … … … . … ***
T aram. Vá-ſe : ahi }*, *: . e'. Esfuz. quan
* -
„w viftas. Wāoſe. • *,
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SCE
, de Creta: 剛覺
, s c E N A III.
cոաւ ..ŷabe Fedra.
, , ,__
… Não
AN3 bufce mais gloria, e º
• *, * * tº: , Não quero outro amor.
- -
് - - - . . . . . .34:
de Creta. 49
/ Sahe Lidoro ao baftidor.
I.id. Impaciente em nenhuma parte focego. Mas
que vejo ! Tebandro com Ariadna ? Obferva
rei o feu intento. ;
Teband. Quem vio, Ariadna, o feu amor em
maior confuzão ! Já não quero amar a hu
ma ingrara, que me ofende; e pois fei que
para o teu agrado prefere á minha fortuna
a de Lidoro, quero feguir as luzes de teu ef
plendor , já que propicios allumião a esféra
de meu peito, e afim.... -
D E C I M A.
Diz hum pobre Esfuziote
Condemnado a não ter vida
certa morte atrevida
Lhe quer
-
P་ཏཱ་ཧྲུ་༑ bun
• U 11
calôte :
52 Labyrintha -
* . . - - Ariad.
de · Creta. 53
Ariad. Que coufa póde haver, que finta mais,
que o morrer ? - . .
Esfuz. Segundo o que lhe ouvi dizer hum dia,
parece que hum menino cégo, e nú, pef
pegou-lhe com huma fetta no coração , que
o partio de meio a meio; e efte golpe , por
lhe ter chegado ao vivo, o tem quafi morto.
Ariad. Pelo que dizes, Tezeo, padece o mal de
armor. -
-- - - - -
* ش -Czht
56 - Labyriniho * ,
Se eu falfo te for. * - - -
Jang. O matrimonio. - - - -
s c E N A iv. t
$abe Fedra. . , . -
/
- de Creta, A 。分乡,
Tezeo. Quem víra efte amor em Ariadna , ou
a fua belleza em Fedra! -
- Sabe Ariadna. a
s C E N A v.
4Sala Regia. Sabe ElRei.
Pei Gora fim, refpire alegre o meu co
ração , , , pois que hum Principe de
Athenas he hoje o tributo do Minotauro :
finta Athenas a pena de Taliáo, que fe alei
vofamente confpirou contra a vida de meu
filho Androgeo , bem he que Creta fe arme
vingativa contra Tezeo. v,
3'ahe Fedra. * -
Sahe Tezeo. -
j
- .”
Z -
e Creta. 65
Ariad. Parece realidadc o feu fingimento. á p.
JLicas. Rei, e Senhor, fe o motivo defeim
placavel rigor he o epartido fangue de An
-, drogeo , vede, que o não refufcitais com a
morte de Tezeo ; e mais quando a clemen
- cia nos, Principes he attributo infeparavel da
-- fua grandeza : perdoa, §.
Tezeo, que
tambem o perdão he hum generofo modo de
- caftigar. . . ** * * *
-º-º: , , , :
: : : : ..
-
de Creta. *67
Canta Tezro, º fºguinte Recitado, e depois can
tão as duas Damas, e os dous Principes
- · com ?Ieze0 -4. Aria.
a sº- , , -- 。
R. E. C I T A D O.
Barbaro Rei, eu vou ao Labyrintho, as º
Mas fabe que não finto ….……. … : - - :
Effa tyranna morte, que me efpera; … …
Que a fer poffivel , defcerei, á esféra
Defe fulfureo, e rápido Cocito , , , ; ;;
E do trifauce monltro a furia inçito , sº C.
Porque vejáo, que nada me intimída
Perder a cara. vida.: - * * * - -
ふ* “、最
Em meu peito ^ **" - º
. Chega amor hoje a incender!
Teband. Se nem da Parca o golpe s
s Te intimida, J & J -
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* * * Wai-ſ:
de Cret4. • 71
Fai-fe Sanguixuga pela parte donde efá Fedra, e
… efia a fegue, depois que difer o feguinte.
Fedra. Vou a declarar-me coin Sanguixuga pa
-
ra que me guarde fegredo.
** Sabe Ariadna.
紫
Ariad. Já que Taramella fabe que Tezeo etá
- vivo, não ha mais remedio, que fazer do la
dráo fiel. - - -
O ſuſpirar. -
s c E N A II. º
-- - - - - - - tº . . " : ºf . . . . .. . .. "
Esfuz. Vamos por aqui, faia o que fahir. ,
H/conde fé Dedalo : põem-feTezco a traz do
"batidor, por onde fabirá. Esfuziote com a ca
ºra para o povo; e ao fibir, Tezºo o inveíte ! :ºx,’ ‘,
repentinamente,R e luta com elle. "+i .tº
- *** * *, -**''. f: ::: gº ºf: -; Q
Tezeo. Morrerás, ó montro, depedaçado em
meus braços. :::, :::, :::: , , , º . ذبة
Psfuz. Ai de mim, que cahi nas garras do Mir
notauro! Quem me acode! Te
78 Zabyrintho
Tezeo. Efte he. Esfuziote : ora mui eficazº he
huma fantafia! . .. ; á part
Esfuz. Ai de mim, que me metteo a garra em
cheio pelo vazio; eu me finto molhado, não
feife he fangue, fuor ou outra coufa mais in
ferior. * -
O fio me adminiftra, .
Que tecido farol neftes horrores… . . .
Me guia o pafo em tanto Labyrintho.… . . .
Mas ai, bella Ariadna. Se piedola . .
Me dás a liberdade , . . . as arri ... . .
Inuteis confidero ,0s teus,favores ; . :
-
Porque em tanta afpereza,
iiiii'aiiio me icö ëïã'belleza. . . --.
газ об л в 1 л. 3
Vem; 6 monfiro , a acerar-me,
Vem, cruel, a devotar-me; "º
Porém não ofendas " * ". º
Com furia inhumana ,
Abela Ariadna , , ,
5 " Que dentro em meu peito
Se oftanta feliz. . . . .
“-Seº morto* me *vires', -
t
, Te
de Creta.. - 8;
Tezeo. O” tu vivo fepulchro de Athenienes,
hoje pagarás com a vida os miles que tens
º caufado. … ്. , - • ºr
de Creta. - 8;
Esfuz. Taramella , já fei que o labyrintho.
da rua faudade te trouxe por teu pé a efte,
aonde por ti duas vezes me confidero per
dido. - !, -
Esfuz. Eu a me
Ariadna?
cahio Apello eu! He mulher
que nunca em graça. …• **
86 Labyrintho,
Taram. Nada difo me entra cá, pois eu conhe
.go o genio de Ariadna, efei, que fem a
requetar lhe não havia mandar efta banda,
para com ella hir ao faráo, que fe faz em Pa
. . lacio efta noite. . . . . Dá a bandaar
Tezeo. Tomára já faber que banda, ferá eta
de Ariadna ? , á part
-
tº . -
º Sabem Tezeo, e Dedalo. "
" ... -* * **~ * - - 2 وی ﺍز "ر -
Tezeo. Larga ela banda, infolente. . . . . . .
Esfuz. Por todas as bandas me vejo combatido,
<ahi eftá a banda. …… Dá a banda.
Tezeo. Que dizia de Ariadna efia mulher ? "
Esfuz. Foi galante cafo! Supponho que en
tendeo que eu era Tezeo , pelo circunfpecto:
da minha perfonagem, e da parte da Senhora
Ariadna deo-me eta banda, para que com
.clla foffe ao farão , que fe faz º cíta noite -
em Palacio. : ; 3്വ
Tezeo. Afim ferá ; porém fe cuidava que tu
eras Tezco , como te dava ciumes, e º indi
gnada contra ti foi pedindo juftiça. , ,
Esfuz, Ilo mefmo etava eu para te perguntar
- ... . . . ago
de Creta.', 87
agora. Dar-fe-ha cafo, Senhor, que Vofia
Alteza algum. dia bichancreafé efta criada?
Tezeo. Efás louco ? Mas tu para que lhe davas,
* *
- fatisfações ? "
Asfaz. Porque entendendo , que Vofía Alteza
tinha tinha de amor com efta rabujenta cria
da , não quiz deixaffe de comer por mal co
zinhado; e afim lhe fui refpondendo a tro
xe mOXe. - - , ' ..․" ، ". -
sc E
88. - Labyrinthe
*
* -
-
-
/
de Creta. 89
JZão fabindo Ariadna , Fedra, Sanguixaga, e
- Taramella com mafcarilhas; põem Tebandro
a fua , fahe El Rei fem ella , , que fe affen
tará ; e em quanto vão fabindo, cantar-fe
ba o fºguinte.
Ο Ο R Ο.
Numa alma inflammada
De amor abrazada
Cruel labyrintho
Fabríca o Amor. -
Porém quem efpera
O bem de huma féra,
Acertos de hum cégo,
De hum montro favor ?
Rei. He tal o prazer , que tenho de ver vín
gada a morte de Androģeo com a de Tezeo,
que não cabendo em meu coração, o inten
to publicar neta exterior alegria.
Fedra. Já alli divifo a Tezeo pela fenha da ban
da branca ; defejára me tirafle a dançar... á p.
Ariad. Aínda não vejo a Tezeo aqui; fem du
vida fe quebraria o fio no Labyrintho, Oh
quantos fuftos padece quem ama ! , á part.
Sang. Quem pudéra conhecer ao Embaixador,
que o havia de facar a paffeio. - 4 part.
2Taram. Se Tezeo me fofIe amante leal, para
bem não havia de vir ao faráo, º á part. *
Jabe Tezeo com -mafcara.
Tezeo. A bom tempo chego: quem pudéra co
nhecer a Ariadna ! á part.
Ariad. Alli vejo Tezeo;. .já. . defcançará
.
o meu
C0Ia?áo. - á part. *
** -
*- - - - Ta
90 : Labyrintho
Taram. Aquelle da banda azul he Tezeo , que, 等,
... ( ) * 望な*
92. Labyrintho
Tezeo. Serás amante ? . .
Ariad. Serás conftante 2 - -
- Firme fera. a
s
Arial. Na sala dos enganos cipera-me á má
i nhá a etas horas." á part. para Tezeo...
Tezeo. Ao meu defejo, e ao teu preceito obe
gecerci. ~
~
-*
-
" de Creta, 35
· Que horrenda cara!* - 9
Quem lhe cafcára , o , 7 * :* ~:
Para me erguer. , ,
Taram, Vá-fe dahi , . . .. . . . ..
-Quem he voſé 2. ‘. . . .. º.
Queres tu ver?,
Ora lá vai, , , … -
& Babyèinto . . .
Lidor.
cº-
Senhor, que diz-Vofa Magetade", ՇԵfe
96 Labyrintho
eu ainda agora, entro, fem que em nenhum
tempo fole inobediente a teu preceito ?-4,
- - -- . . . Tira a meſcara. :
Rei. He boa defculpa eta., Lidoro , querer
contradizer huma occular, evidencia. . . 7 - %.
Lidor. Hum Principe de Epyro nåo fabe men
tir ; e para que me acredites, pergunta-o a
:
elles Soldados , que comigo vieráo.''' , ..
Sold. I. Aflim he, Senhor, que o Principe Li
doro comnofco entrou. , … v ºs i v s%
Esfuz. Ifo etá muito bem, mas o caldoá part.
rá de neve.
eta -
- ** * * º - هنر •** *
so N E T o. - - º
* Do peito
Sómente , donde
caberá feu finto
mal hum vivo lume : · · ·
eterno, • **
*
* -
"Qu na língua do fogo do ciume, . . ...
*Ou na boca voraz do mefmo inferno. " :
Ésfuz. 照 d deú o motc , cá vai a glofa.
** *
Comendo.
3ʼahe, Taramella.
Taram. Já que o falfo Tezco correfponde a Ária-.
dna, pois com a banda, que lhe dei em feu
nome, veio ao faráo, e com ella donçou
com notorio defprezo de minha ºpofoa, que
*
epero, que me náo vingo etorvando
tentos do feu amor ? " * , * : *
ostº:*in
Esfuz. Lá vem Taramella, fe me não engano:
e como vem comifinha! .. . *
--
164 zabrinho
disfargado ? E fe hum Principe como Tezeo
he o teu emprego, em que fe póde offen
der o teu decoro ? º - "
Ariad. Que mais claro o ha de dizer? Louco 靴
-
... .
- - - -
s C E N A. IV. -
- - º --
§
" ſº s
Lidor. Attende. . . . . . .. .. . . . .
cantão Lidoro, Ariadna, e Tezco a feguinte
Eidor. Se o tentas no pintado . . . . . .
- Contante o teu agrado, - , - a
l
de Creta." 鲁曹覆
de Creta. 113
S C E N A V.
.5ahe Esfuziote..
s
Esfuz. A. que a boca da noite vai en
golindo o manjar branco do dia :
não digo bem ; agora que a lingua do Sol
fe vai encolhendo na boca da noite, a quem .
o cadeado do filencio lhe fura os beiços da
efcuridade, venho fegunda vez ao Labyrintho;
que fe a primeira vim , porque nelle me
perdi , agora venho porque_ fóra delle me
querem deitar a perder. Fiai-vos lá em
mulheres , que em tendo zelos são peiores
que cães damnados! Tomára perguntar a Ta
ramella , para que foi dizer a Lidoro pá pé,
tudo quanto lhe diffe, e por hum triz, que
me não apanha com o rabo na ratoeira: não
lhe perdo-o o máo cozimento, que me cau
fou com os futos; porém para me livrar del
les , e della , hirei buſcar a Tezeo ; que an -
tes quero viver no Labyritnho, que morrer
em Palacio; que póde fer, que fe lhes met
ta em cabeça, que eu fou Tezeo de verda
de , e me torção o pefcoço afim como quem
náo 體 a coufa ; pois çafáo daqui fóra. Oh ,
efta fem duvida hé a Vaca, que diffe Deda
lo fabricára para Pazife! Cá efiá a ecotilha,
... Tom. II. H. por
114 Labyrintho
por onde a tal Rainha vio os touros de pa
lanque! Mas eu , fe me não engano, aqui
vem gente ; feja quem for, efcotilha aberta,
juto pecca ; eu me efcondo dentro da Va
quinha feito Rainho , até que paffe quem
quer que he.
Eſconde ſe è sfuziote ոձ Vaca, e fahe Taramella
Tarant. Outro recado temos de Ariadna para
Tezeo. He para ver fe fe namorao a chu
cha callada ! Bem fiz eu em dizello a Lido
ro. Efta he a fala dos enganos para onde
hei de dizer a Tezeo, que venha : mas ifto
he quafi noite, para hir ao centro do Laby
rintho, e temo que me anoiteça no cami
nho ; o melhor ferá hirme embora, que af
fim como afim já não tenho mais que faber,
que certos sáo ós touros.
Esfuz. Mais certa he a vaca : eta he Tara
mella; não fei fe lhe falle, pois quando a
fua falfidade me e{conde , a fua belleza me
eſcancarea
Taram. Ai! Ainda aqui etá eta negra Vaca ?
Não fei como fe confente efte trate em fer!
Esfuz. Bom trafte és tu.
Taram. Só de a ver me tremem as carnes.
Esfuz. A rapariga tem tremendas, carnaças.
Taram. Oh maldito feja Dedalo , que tal fez
para occafiáo de tanta ruina! -
*
de Creta.' 117
- : vo. Dize , tyranna, affim defempenhas a ca
tarata do teu nome? Se és Tarâmella, por
que te não fechas? Mas fe , és Taramella de
vafa, por io te abrite, defenterrando mor
tos , para enterrar vivos : que dizes agora ?
Taram. Digo, que fiz muito bem; pois já que
eu o não hei de lograr , não quero que me
logre tambem; já que eu choro o feu def
vio , finta Ariadna o que eu padeço; mas
diga-me: por ventura quando fe metteo de
baixo da meza, já fabia o que eu havia de
dizer a Lidoro ? . -: -
w
i zo Labyrintho
\ Esfuz. Inda mais efia temos? Venha, tia, effa
joia muito deprefa.
Sang. Ai! A minha joia? Para que ?
Esfuz. Para que fim, fenáo à fortiori lha vou
tirando. Arre lá, a tia vindoura de hum Prin
cipe de Athenas ha de trazer joias do Prin
cipe de Chifre! Ifo não ; não Senhora, em
quanto eu tiver o olho aberto. Já temos duas
joias. º - à parte.
Sang. De-me a minha joia, Senhor.
Esfiz. Nada, nada, não tem que fe ançar.
Que dirá o Embaixador , que "he zeloo co
mo os diabos , fe lhe vir efa joia ? Não
queira pelo pouco perder muito.
.Sang. Eu entendo que º iffo do Embaixdor
he palhada, pois ha muito que o não vejo:
Esfuz. Como recufava o teu matrimonio, mn
ei- o degredado para a fua Patria ; mas l
' go virá deitar-fe a teus pés. -
122 - Eabyrintho
eſte confuſo abyſmo de enleios, facilitando
me o caminho a eta fala dos enganos hum
., prático dete - Labyrintho.
Á4he Ariadna pela parte de Tebandro, e Fedra
** - pela de Tezeo. v,
^
de Creta. 123
Fedra. Vê que te enganas. º
para Ariadna.
Ariad. Tezeo cuida que fou Fedra : ah cruel ,
due mal pagas hum conftante amor ! á part.
Esfuz. Que diabo de fufurro ouço aqui! Sem -
duvida ito he algum viveiro de cochichos :
Fedra. Não fei, que motivos tenhas, para fa
bricar effe penfamento contra a lealdade com
que te adoro ?
Tezeo. Se tu fouberas o como te vi com Li
doro, talvez que o não negafes; porém mal
poderáó as tuas vozes contradizer aos meus
olhos ? --- -
- Ruido dentro. .
可
-
/
de Creta. 125
Eſconde-ſe Tezeo, e Dedalo. Sahe Lidoro com
e/pada na mão, e Taramella. -
126 Labyrintho
Esfuz. Nefta arrenegada da confusão fahio o
trunfo de efpadas: ainda bem, que etando o
meu Sol em Tauro, etou metido em hum fino
Taram. Ai, mofina de mim, que eu tive a cul
pa, difto! Hirei chamar quem acuda. Acudão
todos , acudão a etorvar a maior defgraça,
que já mais fe vio: acudão, acudão. Vai-fe
Tezeo. Debalde refiftes ao vigoro(o impulfo de
meu braço. *
de Creta. 129
de Cretá. 135
ao mefmo tempo que me deixas agradecido,
te aufentes queixofa. Já fei o extremo do teu
amor ; não te perfuadas que º Fedra, fendo
capaz para a minha veneração , o pofia fer
Para a minha fineza; tu fó, belifima Aria
, dna , occupas ditofamente todo o meu cora
ção; de forte, que nelle não ha lugar que
poſſa accommodar outro objećto.
Ariad. Mal te pofio, acreditar, quando eta noi
te te ouvi differentes expreſsões. Deixa-me ,
ingrato, que efles afectos fó são para Fedra
Tezeo. Farás com que defefpere na incredulida
de de meus extremos.
Cantão Tezeo , e Ariadna a feguinte,
A R I A A D U O.
Tezeo. Tanto te adoro , tanto,
Que em ondas de meu pranto
Fluétua o meu amor.
Ariad. Tu dizes que me adoras,
Que gemes, e que choras,
Eu não te creio, não.
Tezeo. Pois, cruel, para que me creas,
Rompe o peito , abre efta alma ,
Verás nelle o meu ardor.
Ariad. Na tua alma, e no teu peito,
Que de enganos acharei ?
Tezeo. Sómente firmezas ,
Ariad. Nenhumas finezas
Ambos. Nefte peito cncontrarás.
Tezeo. Oh quem motrar pudera!
Ariad. Oh quem te conhecera !
Ambos. Ingrat; , mas talvez
Que
- *
136 Labyrintho
Que as chammas, que defprezas
Em cinzas acharás. Quer irfe Ariad.
Tezeo. Ariadna , não augmentes a minha def
graça com a tua femrazão.
Ariad. Ai que lá vem Fedra! Confidera, in
grato , fe_ha motivos para a minha queixa.
Tezeo. Se Fedra vem, não ferá, pois eu...
Ariad. Não he agora tempo de ouvir defculpas,
{ó tomára efconder-me, para que me não vife.
Tezeo. No concavo defla columna ha hum li
mirado gabinete, em que apenas cabem duas
pefoas , efconde-te , já que afim o queres.
Ariad. Obfervarei as tuas falfidades. E/conde-fe.
Tezeo. Qual ferá o intento de Fedra? Queira
amor náo fe encontre com o de Ariadna.
3'ahe Fedra.
Fedra. Tezeo, parece que querem os fados fe
ja eu fempre tutelar de tuas infelicidades , a
pezar de tuas ingratidões; e porque huma vez
empenhada a defender a tua vida não era juf
to defiftiffe defte nobre intento ; [abe que
já em Palacio ha claros indicios de que etás
vivo; e afim , antes que ElRei o chegue a
faber, trata de aufentarte com a brevidade
pofivel. *
á parte e vai-fe.
Tezco. Tu verás a minha conftancia. áp. para Fed.
Ariad. Em fim me levas a mim, e a Fedra ?
Já fei que vou experimentar, ingrato.», as
tuas incontancias. -
Wai-ſe.
2'ezeo. Não temas variedades no meu amor. Oh
. Deofes foberanos, fe for ingrato a Fedra , não
1 me cremineis; pois náo podendo fer efpofo de
- апа
-
- aº de Creta. 147
ambas, e a ambas devendo iguaes finezas, ra
"
zão ferá que fique ifenta a vontade para
ferir a Ariadna.: a
pre
Pai-ſe,
, s c E N A vir.
Boque, e marinha, como no principio, e a mef
... ma gruta, mas desfeita; e dizem dentro
o feguinte.
Rei. Bಚ್ಡ todos as Infantas, não fique
penha, ou tronco, por mais inculto,
que o nofo cuidado não inveftigue. Dentro,
Lidor. Ariadna, aondej te: *e{condem os teus def
vios ? - * Dentro.
Teband. Querida Fedra-, quem te aparta dos
- "meus olhos? *: * - - Dentro.
Todos. Bufquemos as Infantas, que não appa
recemi. ് "; , , , , Dentro.
- $ahemʻ.yanguixtiga , e Taramella.
Sang. Ai defgraçada", que Fedra amolou as pa
langanas!
Taram. Que ferá de V. m. minha tia ?
Sang. Quc ferá de ti , minha fobrinha ? '
Ambas. Que ferá de nós º . . . .
Zaram. E o peior he que o Senhor Tezeo en
tendo fugiria com Ariadna, e hirá cazar com el
la. Ah cruel Tezeo, que me deixate burlada !
Sang. Antes cuido que hirá cafar com Fedra,
que por mim em certa occafião lhe mandou
huma banda. - - -
*: *. *
К іі Sangº
148 Labyrinthd
Sang. E eu fem Embaixador, por:meus peccados !
Taram. E fobre não cafar comigo, levar-me a
joia , que me deo Lidoro , que nella tinha o
meu dote !
,Sang. E a mim a joia , que me deo Tebandro !
, Taram. Oh Principe de huma balla , os diabos
te levem. - -
º
Deixando-me em pelle, ..…...
E depois de chuchado, roido, e lambido,
Me prega hum gataſio: " * -
Infantas. . . . . . . .
*- *- *
- - -
-
-
- - -
. *
-
.
-
.
Ari
--
#52 Labyrintho
Ariad. Ai de mim, que Esfuziote nOS êntre º
gou ! - - á part
Pedra. Fujamos outra vez. ' ' '
JDedal. Oh que degraça
Esfuz. Deta ninguem fe livra. " á part.
Aei. Traidoras, aleivofas, viboras mal nafcidas ,
como atropelando a minha authoridade , e o
vofo decoro deta forte.... Porém a minha
vingança fuprirá as minhas vozes.
* - - Pai para ambas.
Fedra. e Ariad. Não ha quem me ampare ?
Teband. Senhor, Vofa Magetade advirta.
Tezeo. Anda , Ariadna, defvia-te da boca da
mina; deixa-me fahir. - --
… de Cretá. . . ‘I 55
Lidor. Ah cruel Ariadna, que para ver a tua
falfidade futentate de enganos a minha ef
|ို့ Logra tu ee Hymenèo
herei fentir a minha forte infeliz.
, que eu
.
Cruel labyrintho -
F I M.
º GUER
º * - ... I 57
GUERRAS
A. L E C R I M,
M A N G ER O N A,
OPERA JOCOSERIA, `
Que fe reprefentou no Theatro do Bairro Alto
de Lisboa, no Calnaval de 1737.
INTER Lo c UT OREs.
ID. Gilvaz. , , ... tº .
D. Tiburcio.
D. Lanferote, Pelho- «rt;. . º,. . º,.
•.
, ſ. . .
1II.
នុ៎ះ
Camera. Vi. មុំា
: '… WII. 3āla.
IV, , Prags. PAR-.
138 Gaerra: do Aletrim ;
***そテ**<登→**そう**そ
PARTE I.
S. C. E. N. A. I. : • ‘- -
• ". • * - * *
• * Sahe Simicupio.
* . . .
Simic. Já fica afinalada na carta de marear to
. da a Cofta de Lefte a Ocite , com feus ca
D.chopos , e moráo
G. Aonde baixos. ? -
• *
|
Simic. São as nofas vifinhas, fobrinhas de D.
Lanferote, aquelle mineiro velho, que veio
das minas o anno paflado.
D. F. Bata que sáo ellas Por io ellas cobrí
ráo o rofto. - -
* , e e- Afangerona,yo 163
anteswsáo tão fizudas , , que nunca encarárão
….… para ninguem, gºº e o 28o… .…… 2 |
D.G, Huma dellas fei eu que fe chama D. Cloris.
| Simic. E a outra D. Nize, ifo fabia eu ha mui
to tempo. - ! * ºf -
è :AMamgerona. • … Y 167”,
que eu não fou defmancha prazeres: eta noi
fe o efpero debáixo º da janella" da cofinha ;
fabe aonde he ? ou º " ..."." (# ….…. nº es?
D. F. Bem fei. - -
Se chego a vencer ‘. . . . .. . .
De Nize o rigor, . . . . . . .. .
༈ཨོཾ:ཧྥུ༠fi་མ་ morret . . . . .
Vofé me verá. -
, sc E
168° Guerras - do Alecrim , .
. s c £ N A II. ' '.
camera. Sabem D. Nize, D. Cloris, e Sevadilha.
Sevad. A I Senhora , que ainda não creio
que etamos em cafa, pois fe vimos
mais tarde, não nos acha o Senhor velho ! …"
</
D. Clor. Em boa nos mettemos! . . . ..
-
D. T. Vamos, que tenho huma
v. * ' s fome ' ' horrenda.
i Waif-e.
D. Niz.He galante figura o tal meu primo, Kaife.
D. Clor. Fagundes, agazalha eſſe alecrim.
Fag, Tanto me importa; fe fora Mangerona,
ainda, ainda. : , Pai-ſe.
Jevad. Só ifto. me faltava, ficar cu guardando
a eſte defunto ! " . . . . ''. i. (3.
\
* !
e Mangeroná. 177
nho! Bonito eras tu para aturar vinte annos
de defprezos, como ha muitos que aturão,
levando com as janellas nos narizes, dor
mindo pelas efcadas, aturando calmas, fof.
frendo geadas, apurando-fe em Romances,
dando défcantes , feitos eftatuas de amor no
templo de Venus, e com tudo etáo mui
contentes da fua vida; e afim para que me
bufcas ? * , - . . . .
º
*
霄 em azar. Tem fentido, Sevadilha: amor,
-
-
**
*- *
Propicio me refponde
-
* *
- -
-
--
. *. :. * * *. ,. . . .
* . * Nas ancias defte ardorº º . . .º.º.º.
Bem me queres, mal me, queres ,
. Bem me queres, mal me queres, º
~ Mal me qüeres, diffe a flor. · · · ~
Ai de mim, que me quer mal " "; º
*:
Teu ingrato mil me quer ! " ... ." sº
* "Acabou-fe o meu cuidado, * * *
- Que mais tenho que, efperar ? "
- ' ' Vou-me agora a regalar $ ... : . . .
** ** Levar boa vida, comer, e beber.
** :)'; ' _ '. Sabe IX. Cloris. … ... … , . _
". Clor.E tão
Simic. Ohbom,
quanto
quefolgo, que nunca
parece que já etejas bom!
tive nada.
D. Clor. Com que farate? . ..
Simic. Com o mefmo mal; porque tambẹm hà
ID.males
Clor. que
Quevem por que
dizes, bem.te não
. enténdo-?
. -
Ef
tás louco? " " . - -
Extremos farei.
Pai-ſº. . . . . .
D. L. O meu. * . . . ..
Sevad. Qual meu? . . . . .
JD. L. O meu de Garagoça: º
Sevad. Ah,fim, o capote do homem do Alecrim ?
D. L. Qual homem ? * * * ,
&evad. O do accidente. -
D. L. Tu zombas ?
Sevad. Zombaria fóra, ohomem levou o capote;
D. L. O meu capote ? ' … …" -
|
e ÆMangeronæ. 18;
"… ee e meu intincto pelos efluvios odoriferos,
que exhala a Pancava daquella Fenix.
D. G. Simicupio, hum homem ao pé da janella
de D. Cloris ? ifto não me cheira bem.
*Simic. Como lhe ha de cheirar bem , feito
aqui he hum monturo?
í Apparece Fegundes á janella.
Fºg. Cé, he vofa mercê me{mo ?
HD. F. Sou eu me{mo, e não outro que impa
ciente efpero novas de meu bem. ,"
tº __ Já que a fortuna … … - …
- Hoje me abana a “ . . .. . .
“ A Mangeroña •.: a , joe .** *
Quero exaltar. . .. . . . . ..
No feu triunfo l.
Oue a fama entoa ,
· Palma , e coroa , **:::: · · · · · ··
Ha de levar. . . . . . . … :: ::
_ Ha de por certo, º . - *.
Oue a fua rama · ¿ · · · ·
Na voz da fama … · · · · ·
Sempre andara.
p. o EEEel. fenha di Mang: româ .
is86 Guerras do Alecrim ,
rona: , que te parece, Simicupio, o quanto
tem adientado o feu amor ? *
*
እ88 'Guerras do Alecrín
- Sahe D. Nize. !
Supponha, Senhor, -
-
*
196 Guerras do Alecrín ;
to da Senhora D. Cloris : ora faça-me o fa
vor de a hir chamar,
Pag. Que diz ? A Senhora D. Cloris? Olha tu
lá D. Cloris não te enganes ; fim a outra,
que anda cuberta de cilícios , jejuando apão,
e agua; tire dahi o fentido, meu Senhor.
D. G. Se a não fores chamar, a hirei eu bufcar.
Pag. Ai Senhor, vofa mercê tem alguma le
giáo de diabos no corpo ? E que reñedio te
nho fenão chamalla, antes que o homem
faça alguma afneira, que ele tem cara de ar
remeter. *... . “. . . . Wai-ſe.
ID. G. Venha logo, que eu não pofo efperar
muito tempo. À velha queria corretaje: bata
que lha dê D. Fuas. t * * *
º Sahe D. Cloris.
ID.com
Clor.tantos
Senhor , vofia
excefos? A mercê" que pertende
quem procura ? •
f
… 'e Mangeroma. ……. · 1pt;
dos os meus affectos, como depois de admi
rar o maior portento de perfeição , poderia
haver em mim outro cuidado mais que o
de adorar-vos com táo immovel conftancia »
que primeiro , fe moveráõ as eftrellas fixas,
que fejão errantes as minhas adorações ?
ID. Clor. Iflo he de veras, Senhor D. Gil?
D. G. Se eu morro de veras, como hei de fal
lar zombando ? f.º. t ". . . . ºf ...' . .
. . . . ." tº iº E “. . . . . . .”
S O N E.T. O. , ,
Tanto e quero, ó Clori, tanto, tanto;
E tenho nefte tanto tanto tento, - ;
Que em cuidar que te perco, me e pavento;
E em cuidar que me deixas, me ataranto.
Se não fabes (ai Clori! ) o quanto o quanto
Te idolatra rendido o penfamento , . ,
Digão-to os meus fufpiros cento a cento, º
Soletra-o nos meus olhos pranto a pranto.
Oh quem pudera agora encarecerte | . . .
Os exquifito modos de adorarte
Que amorfoube inventar para quererte -
Ouve, Clori; mas não, que hei de afluftarte;
Porque he tal o meu incendio, que ao dizcrte.
-Ficarás no perigo de abrazarte. 1 · ···· … *
-- - 2て . ſ: G;? * '
D. Clor. Senhor D. Gil, as fuas finezas por.
encarecidas perdem a etimação de verdadei
ras; que quem tem a lingua tão folta para
os encarecimentos, terá preza a vontade pa-
_ ra os extremos. º - -
º
292; 'Guerras do Alecrin ,
- nha confiancia , feráo os fucccfos de minhas
finezas os chronitas de meu amor.
: .
Canta p. Gil a feguinte
- * * * л к і А. . . . . ;
JMa
....... e AMangerona. ~ 193
Mofina de mim, -
D. G. Ha horas minguadas ! • .
D. T. Ai o meu alforje ! - -
r - . - , PAR
198 Guerr4gs do Alecrim ,
*
-
-- * > ... " ... tº : ty -
>##<>##ఈ#>##ఈ ># ఈ
: P ARTE II.
. . . . . sº E N A I. . .
t ... -" " - אלא, -
.
Praça." Sabem D. Gil,。 e simieuplo.
・ア ſ、A
D. G. A Inda não fei cabalmente applau
-
...'. … ',
Canta sºsevadilha a feguinte
: " .. . . . . . . . . . . . -
. ::
* * * * * *--
. . . . . . : ARIA۰ . . . . . مناه
Que hum tonto jarreta ,
: - "… Que hum. neício pateta º , º
.… Me falle em amor ,
… . Ou he… para rir, º
. . Ou para chorar.
… . .. Não cuide em amores,
se Que nees ardores,
Se póde fregir , ' . . . * . -
Se póde abrazar. - ' … Xai-fe.
Simic. Regalou-me eta Aria: vou dizer a Se
vadilha , diga a Dona Cloris que alli, etá
meu amo, e finjo que me vou. Senhor, adeos:
eu virei n'outra occafião. ... Wai-ſe.
Sahe D. Lanferote com hum cºfiçal, e vela ace
za, e a porá em cima da caixa , donde
ao depois fe affentaráõ.….…
D. L. sobr: o, º, # #e hum hof.
, P*de , paffados os tres dias logo fede , como
cavallo morto; ifto não he dizer que fedeis,
masºvos afirmo, que me não cheira bem ef.
fa G irrefolução, vendo que indecifo 蠶
» à .'.' . - - 2.
•. e Mangerona, . 2oş
da não elegetes qual vofas primas ha de fer
voſſa conſorte.
D. T. Senhor, as perfeições de cada huma são
táo peregrinas , que vācilla a vontade! naºelei
ção dos fujeitos; pois quando me vejo entre
Cloris, e Nize, me parece que efiou entre
Scylla , e Caribdis.* £ ' ' * * ** * *
D. L. Pois, Sobrinho, refolver, refolve logo,e já.
D. T. Pois Senhor, fe a hum enforcado fe dão
tres dias , eu qúe no cazar noto a meftha
… propriedade, pois bem fe enforca quem mal
fecafa, peço tres dias tambem para me refolver.
D. L. Tres dias peremprorios concedo ; e para -
» .من
zල6 Guerras do Alerin s
2D. L. Não vedes, a caixa a faltár? … …
D. T. He verdade; ferá de contente. -
- - 4
208 Guerras do Alecrim ,
.…,\; … Sabe D. Fuas da caixa. O ***";
JD. F. Porém o teu º engano, falfa, inimiga,
-- fegunda vez fe repete para meu defengano,
- e tua affronta. : -** . . .
D.، G. . Se л к і л л 3.
- não fora por não fei que,
: Y → ,. .k.
21 2 - Guerras, do Alecrim ,
fallemos claro: como etamos nós daquillo,
que chamamos amor?
Sevad. E como etamos nós do malmequer,
que efe he o ponto ? -
.Simic. He aqui.….
.Sevad. Aqui, aonde ? .. "
JimirDo
tu
sh Perdoe, que era huma luz a
* * * * . - toe
e Mangerona. 21;
todas as luzes boa; mas eu quero Çafar-me
da lui, e temo marrar denarizes com alguem ;
ni༡༤:ཤཱ་༔ remedio ? * . - -
-
-
-
º,
*...* , ; - -* *
SCE
3.16. - Guerras, do Alecrim , .
s & E N A III. I, '
Camera. Sabem D. Gil , e 2 wize: º
JD. G. S㺠Dona Nize , fe acafor em vof
fa piedade póde achar amparo hum
defgraçado, peço-vos que me oculteis; pois
já a rubicunda Aurora em rifonhas vozes nos
avifa da chegada do Sol, aflim a vofla Man
gerona fe veja coroada de louro no Capi-,
tolio do amor. * , 4- , —: ~ r k ye º s º …ʻ.v° ü.
JD Niz Já o Alecrim pede favores á Mangerona ?
JD. G. Se D9na, Cloris náo apparece, que que
reis que faça ? . . .. ..
JD. Niz. Pois cícondei-vos nefa alcova, em quan
to a vou chamar..., # * ,
218 Guerrardos)Alearim ;,
º Que he fo? Quer enxertar o méu Alecrim
~ : còm• a:Mangeronà', de-Doña5Nize. í •'' ^'
D. G. Ha cafo femelhante !
iD. F. Falfó, traidor º amigo, como fabendo
que eu pretendo a D. Nize, te expões a em
baraçar o mcu empreğo? tit : -
D. G. E). Cloris, D. Fuas, para 蔥 “ef{es
extremos, quando a Senhora D. Nize nem a
vós vos ofende, nem a mim me correponde?
p. F. Ninguem fé efconde fem delicto?' : '\
ip Glor. Ninguettiº ſe occulta ſemi motivo. A
D. Niz. Ora…agora não quero dar "fitisfações,
nem a huma loúča, nëm a "hum temerario :
ºethe Ymuita verdade ; efcondi a D. Gil, porque
: lhe quero bem; pois que temos?" " ..." .
| Ap.1 F. ¡ Queiifio -föffta á miinhá paciencia! Ah!
...ingrata ! # ###go " " " " " " % .* *
#D. Clor. *Que ifto tolerem os meus zelos ! Ah
-- falfo amênte : · * ** * * * *
JD. G. A Senhora D. Nize eftá zombando, e
eo aquillo nella he galantaria. - *
3D. Niz. Não he fenão realidade, e tenho dito.
. . .. . . . . . . . . . . . . . Wai-ſe.
D. F. Não fe vie mais defcarado rigor! Efpéra
º cruel, e verás com os teus olhos os ultrajes,
que faço á tua Mangerona. " " … Kaife.
D.
.** Alecrim. . D.
Clor. Senhor Gil,". venha
I
deprefa o meu
. ; ;3 it': : ..",
D. G. O teu Ateerim he inſeparaveFđe meu peito. -
D. Clor. Deixemos graças, que eu não zombo.
- P.°“G, Póis éntenáêsí que “D.''Nize falla de
verás? " of ó
. -, * ---
--
-- - - I). Clor.
, ve Mangeronesas:S 219
D. Clor. Quer fallafe: de veras, quer não, ve
nha, venha o meu Alecrim. , , , ....…
D. G. De que forte queress que - te fatisfaga?
: Ignoras açafo as firmezas de meu amor : **,
D. T. Na carne aliás. : 1 : 7
ID. L. Aqui não ha outro tremedio mais que
-çafares logo, e já, e levares vofa mulher com-º
vofco…, que eu ponho efcritos has cafas, e º
muda-mc ás carreiras... . . … o ºs fiº º_º
• *-*. - D. T.
- \ , we Mangerona, es: 32;
Z. Τ. ITo hê. odycrdadeiro. o n};#t; らー . . …
D. L. Sevadilha, vai chamar as raparigas, que
. venhão. cá .depreffa, oia avi >;iii;r : … . . . .*}
Sevad. Genro, e fogo não os vi mais betas!
... - … .….!, ¿, ¿ß. ..!-, e á parte, e vai-fea
D. T. Para que manda vofia mercê chamar a
minhas primas tão deprefa?" - , , …,
D. L. Logo vereis. . . . . . . . . . . .
- - -- - ன்ே.ே
Cloris, e D. Wize. .. . .
Ambas. Que nos ordenas, Senhor? . * . * *
D. L. Sobrinhos, ellas ahi etáo, recolhei huma
das duas para vota efPofa… . … " " A v
D. Clor. Eu fiz, voto de fer freira, e afim não
...poffo cazar.', ' .....
.. :' );:) :) :) :
JD. L. Pois: cazς D. Nize.ºss tº: . . . "
ID. Niz. Eu pegos, quero fer donzella.,
D. L. Ifio já não póde fer, que dei a minha
palavra, que val mais que, tudo. 2.a e
D. T. Eu já me refolvêra a aturar a rifpida con
dição de Dona Nize, mas fem receber o do
te , não me recebo, , , , , , , , , , , , , ,
D. L. Andai, que fois hum, impolitico : algum
homem que tem brio fala em dote? ”.
ID. T. E algum homem, que quer dote, atten
,ta em brio 84㎝。 : 。い* m 、V. 。
: '
224. Guerras do Alecrim ;
D. F. Até nifto moftra o amorº que he cobar,
- de. ':ெ . . . . . . ...' ' á part.
D. L. Que mulheres são efas, que fahem da
: nofIa alcova o o . . . . - - -
D. Clor. Etou tremendo não fe defcubra a tra
- mola. ,--:- *' " * -* ^.^ f i á part.
Simic. Senhor D. Tiburcio, as mulheres hónra
das, como eu, (e não tratão deta forte, º
D. T. Senhora , vofla - mercè vèm enganada. .
D. L. Que helifto , fobrinho??ºº . " ' ' '
D. T. Eu o não #fei em "minha confciencia. *
D. L. Senhoras, como entrates neta cafa?"
Simic. Eftea Senhof: fobrinho-de vöfla mercê rhe
1ecia que lhe defem duas facadas, pois fem
alma, nem confciencia, depois de o intro
duzir na minha cafa, para cazar com huma
de minhas filhas, que vofia mercê aqui vê,
teve taes ardis, que enganou a ambas, e de
ambas triunfou ; e para mais penas fentir,
- eta madrugada nos mandou vieffemos a eta
cafa , que diffe era fua , e no cabo fei que
náo he, en efá para cazar com huma fobrinha
de vofla mercê. Ah traidor, ladrão, não fei co
mote não efgadanho, e te arranco e I goellas--
D. L. He notavel cafo ! Sobrinho defalmado,
que he o que fizetes? , - . . *
* - -
º
ra mulher !
Tº, G. Ah telfo D. Tiburcio , o Ceo me vin- .
gue de ruas talfidades. " - -
' P ii Sevad.
228 Guerras do Alecrim ,
'8evad. Náo poffo, que D. Tiburcio eftá mor
rendo por inftantes.
*Simic. Não te cantes, que já o achas morto:
ande cá , tenha feição, e faça paleftra com
os amigos. -
AD. G.
-
23o Guerras do Alecrim ,
D. G. Pois para que vejais que o fatisfazer-vos
náo he temer vos. . . . -
-
e Magerona. 231.
D. F. Pois efa ingrata de Dona Nize ainda....
Fag. Não eftou para ouvir nada.
D. F. E{pere, tome lá effes vintens pelo trabalho.
Pag. Moftre cá deprefia.
D. F. Ora diga-me , pois Dona- Nize. . . . . .
Pag. N'outra occafião fallaremos , venha ifo
depresta. - -
D. T. Alguma coufa. -
* ് - - - so
240 Guerras do Alecrim ,
S. O N E T O.
º
- - - - - - - - - CŞ.
Sevad. Viva, e reviva o Senhor Doutor, e já
que he tão bom Medico, peço lhe me cure de
humas dores tão grandes, que parecem feitiços.
Simic. Dá cá as pulfeiras. Ah perra que ago
a rate agarrei Tu etás maramodica, e im
piamatica. Ah! Senhor, logo, logo, antes que
fe pcrpetue huma febre pôdre , The neceffario
· que efta rapariga tome Thuns Simicupios.. :
Тот. II. Q 36
242 Guerr4s.de.4iearim, ,
####r$iMieyP'Sá ea? He ceuſarque abomino.
Simic. F.: defencarcgoa, minh#confciencia, c
7 ao fou mais obrigado.… ….", : ; …,
D. L. Ela não rem, querer, ha de fazer o que
a voffa mercè mandar. . . . . ::--: , , , , , ,
Evg. Eu tambem fou de carne, tenho annos,
e tenho achaques. , , , ………q , , , ,,..…
Simic. Pois cure-fe primeiro dos annos, lógo
fe curará dos achaques. . -
º
D. Niz. E eu os da Mangerona. - - -
Simic. Não feja efia a duvida, ainda que não fou
defe voto , com tudo cada hum he fenhsk
º da fua vida, e fe póde curar comº quizer ;
lá vai a receita. - . . . د. ٤;- •
* , e - e. همادا مع...
, , Canta Simicupio a fºguinte , , ***
* A . .. . А в 1 A• ". . . . . ! …, : ;
Si in midicinis v , , ... ,
. .: , Te vifiramus , - - " " " ، ، ، ، ، ، ماس
- Non aſniamus s
* --- Sed de Alecrinis, A CA
----- Et Mangeronis · · · · · · · · ·
Recipe quantum º
*Satis anâ. . . . . .
. . . .. . ; º º \
_ _ Credite mihi, . . . . . . . . . .. ;
… s Qui fum , peritus , . . :
“ Non mediouitus .
De cacaracá ,
ID. L. Efperem, Senhores, vofas mercês per
"doem, lá repartão efa ninharia entre todos,
que eu não etou aparelhado fenão para hum.
Jimic. Venha embora, que fó efte he o ver
dadeiro fimptoma da Medicina. Wai-ſe.
, Q ii Д), G.
#44. Guerras do Alecrim ,
D. G. Ai Cloris, que quando o malhe de amor,
- fó 9 morrer he remedio ! . . . . Wai-ſe.
D, F. Finjo, que me vou , por ver fe pofio apu
rar a falfidade de Dºnal Nize.. Vai fe.
D. T. Mande-me cerrar efte miombo, que vou
º entrando em hum fuor copiofo, abafem-me bem,
D. L. Aqui fervia o meu capote : paciencia !
vamo-nos , e deixemo-lo fuar, ninguem lhe
í falle á máo. Vai fe.
HA. Clor. Vainos , Nize , a moralizar os extre
; -mos deftes annantes. · - Ôai fe.
ib. Niz. Tanto me importa, vamos a regar os -
sc E N A vi. "
Fifta de quintal, em que haveráõ alguns alegre:
tes, e huma capoeira, e vem D. Gil, e fí
micupio defcendo por buma corda. . . º
IX. G. S Imicupio, deixa-me defcer eu primei
\D ro, para que fe não quebre a corda
com o pezo de ambos. . 3 Defcé.
Simic. Agarre-fe bem á corda , e daixe-fe, cf.
corregar. » . . . -
ºf Sahe Fagundes. , ºr . ‘. . .
Como, he galantinho a
Que lindo , que etá!... . . .
Simic. …Minha bella -
* *** *
#2
* *
"ہﻤ س
*
ء ﺍلله
-
- * -
. . . . . Malfazeja ,
Cahi na efparella,
Liberta-me já. -
Jevad. , Coitada da pila, . . .., ',
Pila, pila, pila , . . . . . . ,
Que te háo de pilar.
350 Guerras do Alecrim , s
... , ſº He o cacatejar: . . . . .
Sevadº. Mas não te agates, º "? …
$器 eue vou-te a ſoltar. -
-
، هننم ډ.، То
* * \
, we, Mangeroná. º. . 253
Todos. … e Mas, ó cégo amor tyranno,
Como pofo em tanto damno…
… , º cza. Teu ceftrago idolatrar ? . . . . .
a
354 Guerras do Alecrim , -
* Mangeroná. . 259
\
P. L. Pois Senhor Bacharel Petrus in cunflis,
faiba voffa mercê de caminho, que tambem
me furtárão hum capote de Qaragoça em mui
to bom ufo. - * - -
S C E N A VII.
Sala , em que haverá hum bofete, tinteiro, pa
pel , penna , e cadeiras , e fahem D. Gil , e Si
micupio veftido ainda de 3uiz, -
- 3ahe Fagundes.
Pag. Muito bons dias , meu Senhor.
.Simic. Chegue-fe para cá; olhe para mim, vof
fa mercê a meu ver tem cara de teftemunha
, falfa., on eu me enganarei.
Fag. Serei o que vofá mercê quizer.
.Sinic. Como fe chama ? . - > . .
'3ia e_Gregotil.
simii. Ifo são nomes, ou alcunhas ? "
Egg: Será o que vota mercê for fervido. "
-#inic. ತ್ವ , ou folteira ? -
*.
264 Guerr4s do Alecrín ;
Sevad. Etou para cazar com hum criado da
qui do feu vifinho D. Gil, que ainda que feio,
he mui carinhofo. -
2D. F.
\
e Mangerona. 267 .
D. F. Tende mão, que não he juto, que rou
beis á Mangeronà a parte que lhe toca no
applaufo , que merece ; pois á fombra de fuas fo
lhas confeguiftes muita parte da dita,que pofluis.
Pag. Ifo he verdade;fenão diga-o a efcada,e a caixa.
D. T. Foi boa caixa.
D. G. Que importa que a Mangerona abrie
os caminhos aos favores, fe o Alecrim fere
nava as tempeftades na tormenta dos enleios?
Simic. E fenão diga o tambem o fogo falvaje,
a Medicina, a Miniftrice, e a mái de duas filhas.
D.T. Pois que vai,Senhor tio? He bico,ou cabeça?
D. L. Paciencia por força. .
_ே. . .
268 Guerras do Alecrim
ra que, fe acabem eas guerras do Alecrim ,
e Mangerona , mando , que os dous ranchos
fação as pazes, e fe ponha perpétuo filencio
' . nefta materia fobpena de ferêm affumptos de
minuetes, e andarem por boca de Poetas, que
he peior que pelas bocas do mundo.
Todos. Pois viva o Alecrim, e viva a Mangerona.
Simic. E viva todo o bicho vivo.
D. L. Vivamos todos, meu Sobrinho.
ID. T. Effa he a verdade.
*Simic. E como não ha triunfo fem acclamação;
em quanto o Coro não principia a feftejar ef
te applaufo, coroemos eta obra com as ra
, mas da Mangerona,
-
º Alecrim.
с о к о.
D. Niz. e D. F. Viva a Mangerona
Perpétua no durar.
ZD. Clor. e D. G. Viva o Alecrim
Feliz no florecer.
Todos. Viva a Mangerona
- Viva o Alecrim ,
Pois que hum foube vencer,
E a outra triunfar.
20. Niz. e D. F. No templo de Cupido
Troféo de amor fcrá.
ID. Clor. e D. F. Nas aras da fineza
- - . Em chammas arderá.
Todos. Viva a Mangerona ,
- Viva o Alecrim ,
* , Pois que hum foube vencer ,
- E a óutra triunfar.
- -
- . F I. M. AS
269
AS VA RIE D A DES
D E
P R O TE O,
o PER A QUE SE REPRESENTOU
no Theatro do Bairro Alto de Lisbao,
no mez de maio de 1737.
A R G U M E N T O.
S Endo Polibio cabeça de huma parcialidade,
que em Egypto fe fulminou fobre a depofição
de hum AMonarca daquella Coroa ; prevalecendo o
poder contrario , foi precifo a Polibio retirar-fe
com buma filha unica chamada Cyrene; e chegan
do a Beocia », por caminhar mais occulto, deixou
em huma ruftica Aldea daquelle Paiz a Cyrene,
até que achaffe feguro porto a fua errante fortu
ma. Chegando: 4 Flegra , Cidade do Archipelago.
foi recebido delRei Ponto, com diftinção nas ef
timaçôes ; mandando-o outra vez a Beocia para
conductor da filha daquelle Monarca , tambem
chamada Cyrene, para Efpofa de Nereo feu filho.
Em Beocia foube Polibio fer fallecida de pouco
aquella Princeza, por cujo motivo , incitado Po
libio da ambição de ver coroada fua filha, dif>
fimulando a embaixada, a conduzio a Flegra pa- .
ra efpofa de Nereo , afirmando fer a filha del
JRei de Biocia.
No me/mo tempo chegou Dorida, ou Doris,
filha delRei de Egnido, para e/pofa de Proteo,
$4M
-
27o
tambem filho delRei Ponto ; porém inflamma
do Proteo excellivamente na formofura de Cyre
ne, valendo-fe das variedades da fua fórma (pri
vilegio, que lhe concederão os Deofes) intentou
com extremos perfuadir-lbe o feu amor, que im
pedindo-lhe Polibio na brevidade, que intentava
do Hymenêo de fua filha, Proteo o quiz matar,
cujo golpe cafualmente recebeo Cyrene, procuram
do impedillo ; e fendo achado o punhal na mão
de Polibio , foi condemnado ao facrificio de
Afirêa; e para mo/trar a fua innocencia, e evi
tar a vištima da fua vida , foi precifo a Gyre
ne declarar , que Polibio era. pai. Vendoே
Nereo o engano, levado da altivez do fem ge
mio, Pa Cyrene, a quem recebeo Proteo ,
eſtiman o como fortuna o mefmo engano ; fican
do Dorida para efpofa de Nereo, e ambos fa
tisfeitos na mudança das e/pofas.
Servem de Epifedio a eta obra as Varieda
des, e trasformaçóes de Proteo, para confeguir
os favores de Cyrene. - -
* . . . -
** *
+ax+= 米,
兴 ><><><>ఁ
* ノ。 ప ><>< §§: *
tº."
注ナX 《 米 ºʻw …
'?
-
- - - - - * -
- н N.
- 27, ,
曹
INTER Lo cU T o RE s.
Cyrene, Reputada Princeza de Beoria ;
- deftinada # e/pofa de Nereo.
Dorida, Princeza de Egnido, deftinada ef
pofa de Proteo.
鰲} Filhos delRei Ponto.
Ponto, 449narca de todo o Archipelago.
Polibig , Pai encuberto de Qyrene.
Mareſia , Criada de Dorida.
Caranguejo, Criado de Proteo.
sCENAs Do I. Acro.
!. - 4elya , e mar com ponte.
II. Y Gabinéte. -
I.
-
II. Gabinete. -
II. 3'ala.
III. Templo de Afiria.
PᎪᎡ
?צל - .As
Variedades
->養素ぐテ業業<た姿。->孝雄を#<・>蒸素-ぐ
P A R T E I.
s C E N A I. -
с о к о.
. . . . Jęei.
w
- Ας Proteo. 273,
Àei. Huma, e muitas vezes repitão as Naiades
idos bofques , e as Ninfas do mar o fuave
| Melibeo'de alternados vivas , para que fe eter
. . nizem os applaufos no mar , c nã terra , ao,
me{mo ཌྷ་ཎ།:
-que fe multipliçáo as felicida
= des, em ambos os elementos. Em hora feti
va, e ditofa, tornem a repiter, que fejão bem
vindas á minha Corte de Flegra as illutres
, Princezas de Egnido, e Beocia 3 para que nas,
regias nupcias de meus filhos. Próteo, e Ne
...;rco, [e perpetue a femidea eftirpe das mari
„timás Deidades. . .... . . . . . .
Cyrºn já que a forte me definou, ó excelo
onto Monarca do Archipelago , ás fortunas
de epoa, de ನಿ , com a gloria de filha
tua, não invejo o throno de Juno, nem os
. . dominios de Thetis...
º - a -
* * *
S ii C4
,
276 As Wariedades
Carang. Não são máos, pelo que são em vof>
fa mercê, mas fim pelo que finto em mim.
A4aref. Pois que fente ? , ! -
Canta o Coro.
S C E N A II. . . . .
g
r
Gabinete. Sabem Proteo, e Caranguejo. .
--། ། º
… . rQ•
178 As Variedades -
g
-
-*Y
،، ، ، :این ر نان را به
- - 4'á
, de 'Protè6. «º 28r:
| &abe Cyrene…; e Proteo voltado com as
- toftas para ella.
Cyren. Principe ? . * . ... . . . :
Proteo. Que ordenas, ó Princeza ? .
Cyren... Cuidei que era Nereo. -
Em ti me{ma confidero • * *
. . . .
- ". . . *. .
* * * *
* *
: *... …
*
º
v de Proteo.« 285
*"": " “ Canta Dorida a feguinte º . ..
• . . .. . .. . ; A R A. . . . )
… .. … Não tenhas por delirios &
* Meus temores, … - . :
. .. .. Que em amores … - - -
* , Em duvida he melhor , " "; " |
* Temer, que confiar. " ":" " …i's *
* * Oh credula náo fejas . . .. .
* De amor no cégo engano, º
º Que em tal damno … tº
…+ y
e º Dos males o peior, º " : "__":
* - -
º •
Devemos efperar… …,
*
.* z”
-
-
a Fai-fe.
tº gº :
- م8 | A
' * Na onda repetida
- 'Po Zefiro itºpcliida
'Falvez a dura periha.
Ama". -
288. As Pariedades
ao 2 Amante não-defdenha : …. ' ….. :
se -1.-:
adair Seu liquido, criítal. . . . . . . . . .
25 o , … Se pois a clara efpuma .. … º -:
- -
** *** -- .
. ... . Do genio feu fatal. ::: : * : , , Pai-ſe.
- Sahe A4arefia. :) - -
Ataref: Dorida, te refpera , Sénhota , para irem á
- montaria. . .. . . “…" . . .” -\!
Cyren. Eu vou. Oh louca ambição, a quantos
- precipitas' *・? - を 22さ* 。 Pai-ſe.
AMaref. Tomára que, Caranguejo me acabaffe
-- des explicar aquella arenga do, Sacrificio , que
adhe, não pude perceber com a bulha das can
rºtatollas ; : fe tal he, antes hei de dar hum
…olho ao demo, que huma máo ao amor.
† : , Sábe: Caranguejo. .
Garang. Eu afim como tollo dei a entender, a
Cyrene o intento de Proteo , , c ella, a meu
…ver me não deixaria de entender, que tem
… olhos de grande tubercula. - …;
Maref. Senhor Caranguejo. ……….
Carang. Senhora Marefa minha. Senhora.
A4aref. Ha muito que nos não vemos.
Carang. Que ha de 醬 Eta occupação de So
ta-Miniftro de Venus náo me deixa huma ho
ra livre para ter o meu regabofe.
A4aref. Bom oficio deve elle fer.
Carang. Bom he; mas para o meu genio nãº
he muito coufa; eta tarde facrificámos qua
trº mºças, como quatro torres, por não que
-
- rç
- de Proieo. 289.
rerem cafar ; e confefo-te , que quando le
vantei a machadinha para defcarregar o golpe,
que me fugio o fangue do corpo. - -
Se não, ou fe fim?
…. . Porém que verdade
- Me podem dizer,
**. Se eu hei de morrer .
Aflim como affim?. . , Yai fe.
s c E N A III.
Bofgue. Haverá bum Monte matizado de flores,
e ao fom de huma Sinfonia de trompas birão
Jahindo varios monteiros com intrumentos ve
matorios, e Je veräo cruzar o Theatro varios
animaes filvetres, e fahirão encontrados Cy
rene , e Nere0.
Nereo. Yrene, não te empenhes tanto no
—a feguimento defas féras , nem por
hum divertimento aventures a tua vida : eſ
- -
T ii - pe
!
29? As Variedades - -
-
Rei. Dorida , eftimarei aches alivio no diverti
mento da caça. -
…
294 As Pariedades ~ |
-
296 24: Pariedades
em efquálida fórma quiz comer a bolota de
tua formofura. Mas ai de mim a que ella já
etá fria ! Se eftará morta? Mas não, que el
la me{ma he huma neve: porém ella não ref
pira, morta etá: mas não , que importa que
não refpire , fe ella he o meu alento ? Mas
, ai que agora me defengano que eftá mor
ta de todó, que já me fede o feu defdem !
Anda cá para os meus braços, que te quero
receber á hora da morte. (Toma 4 nos braços.)
Oh nunca tornes em ti cadaverica Deidade,
pois fendo tu a defunta, eu fou o que tenho
o jazigo quando te tenho? / - -
Afaref. Ai de mim ! - -
*…
a de Profeo...”. * 299
-"e Gh deliciofa habitação dos "bofques, ditofa
quem iogra a tranquilidade de tua delicia ,* on
= … de mais fegura vive a innocencia nas pelles dos
paftores , que nas purpuras dos Principes!
Vai fe infenfivelmente desfazendo o monte, em
… que efiava: Proteo transformado,, em cujos bra
ços fica Cyrene reclinada como de antes, fem
-- ver a Proteo. : - - \ ºn v \
- Aqui as fertas do amor, tendo mais por on
2 de voar, não ferem com tanta violencia,
Proteo. Te enganas, Cyrene, pois até efte mon
$ te fe, fentes abrazar em amorofas chammas.)
Cyren. Quem he o que me refponde ? Levanta-fe,
Proteo. Quem eternamente fora monte, a não
ficar em duvida, fe as penhas fabem amar.
Gyren. Proteo , que arrojo he ete ? Mas aon
de eftá o monte aonde me reclinei? …»
*Preteo. Não te admires, que defappareça hum
monte de flores, quando em feu.lugar eftás
vendo hum vefuvio de fogo., donde fe fra
“guão, não as armas de Marte, mas fim as
fettas.de Cupido. . . ..
- .
Cyren.
ſulto.
Ainda não pofo comprehender
- • .
o teu in
ー、ヘ.…. "
Proteo. Amar-te. (. . . . *
P, 0
de · Proteo. 301
Proteo. Huma inclinação, que nem he amor,
nem deixa de o fer. - -- -
. - A R iſ A.
%ož As Wariedades
А в 1 л л о u o: . .
.*
.
* *
- * ..", * ; :*
Lembrar-te faberá. . . . . . .
} .
-
º
. <!!ు
• * * PA R
-
w --
de Porteo. ' 333.
「 ?” z
*
・>巻*ぐテ*着そ寮・>恭着ぐう。恭金。
is C E N A I. . . .
º
*
304 - As Pariedades. ·
---
• *
-
*, *,
S.*, * -
'Canta ElRei a feguinte :
---> ": A ﻭR I A. . . . . . .
º- . . .. . . . . s -
*
, ,
-- . . .
:... . . . tº *
A , 9ue contra o meu imperig '. " ,
* r* : * --
mal não tem podeº"."
--- J* “* *・上* -
• ﻭ،،
- -
، ،
- **
.
-
*
ſ - \ * .
f 3o6 | As Pariedades
Cyren. Em Proteo ferá refpeito efe defwio; pois
me conta he extremofo amante.
Dorid. Sabes mais do que eu. * * * * *
- Ca
**de, Proteo.º , 307
Girang. Mui doidinha eflas : Vai-te dahi; não
vez que etás diante das pefoas Reaes ? .
A4aref. Pois eu aqui não hei de dar a ofada,
iflo não. . . . . . Kaife.
Cyren. E a ti louco, quem te ha de reprehender?
Garang. Eu louco? He mui boa cata de lou
…co efte ! Louco feria eu, fe por amor de meu
irmão me cafafe contra vontade : ifo não; ain
º da que meus pai me lançaffe a maldição com
º a mão direita. ; ; , . . .. f
Polib. Dize. , ,
Cyren. Proteo me adora tão excefivamente, que
chegou a publicar entre varias exprefsöes do
feu amor , que ainda a não fer eu Princeza,
como fuppõe, me faria efpofa fua, e reva
lidou com taes juramentos, que me fez pre
fuadir a fua realidades,
Polib. Saberá acafo que tu és minha filha ?
Cyren. Náo, Senhor : e parecia-me, que fe pu
deffe eu fer de Proteo , e... -
-
ாத .*
**
316. t A. rafiedade,
fe transforma em Caranguejo" em quem fi.
º cará apentada Marefa #ಟ್ಟಂ' qiee eftá
}} ۔4-7? ! د..․, ,C 4 ھ
na cadeira. * -------
ாே
-tº
:Air - - - - - -
*
Jabe'ſ Gyrene, º, . . . . . . . .
Cyren. Louco que fazes ahi ?… . . , , , , , .
Carang. Eftava'vendo, efte relogio , que he hu-;
ma galante pefa; e me diferão que, dava ho
ras por minuetes, que parece gente, que cantas,
Gyrºn. Começa com as tuas loucuras. . . . . .
Carang. Não , Senhora, agora ão tenho o relo
:sia defconcerrado: mas e pere, que ele come
9a,a darihotas.a , : , ego . . . . .
***** * Chiia Proteổó f gainie” ... "
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M I. Nºtſ' E. T. E. 9 º' -- * *
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Fofe eta-hora … º T
Hora de amar ! гэг. rг улс “
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Cyrén.c Ifio
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artificio '_ي9 Con
humano!
: fufaa:Estouchp o oỆsib . gr. ;'. 2 : * } ***** }
Carang. Eºu vendo que ha de vir tempº, em
; quq os relegios comão, e cafem, tenhão, filhos
Cyren. Quem me dera que tornaffe a repetir ef
ta fuaviffima confonancia. ' *
- * 7. - Cat
--Carang. O relogio he de repetição; fe o quer,
tornar a ouvir, toque-lhe naquelle ferrinhos
e verá. . . .. . .” . . s 2
Cyren. Tu parece que fabes o fegredo defte relogio.
Carang. Sim, Senhora, o fegredo dete relogio.
ſó eu, e elle o ſabemos. -i o . º
Cyren. Pois faze com que repita. . . . .*
*
*** A reitadº
Qyren. Para, que, fe, tu amasº independente do.
. premio? ¿por: 2 ' 'pº: - … --> -º
Cyren. Ai de mim !
Proteo. Hoje me{mo?
Polib. He vontade delRei.: w
ír não póde.
Polib. Eu fem ella náo hei de ir.
Proteo. E eu mando que vás fem ella.
Polib. Cyrene não he Dorida. - -
-
3:6 As Variedades
Nereo. Em vão negas, quando vemos em ti o
punhal, e em Cyrene o golpe. .
** *- : * : * ~, ºr tº -
-
| 23 de Proteo... 327.
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Polib.
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culpa aº fupplicio
Me : leva Fhum tigof.', . .
Rei. Infame, traidor,
Sem ºculpa não he."
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Nereo. Não he; porque a culpa
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. Por a eftejinfeliz?… .. f
Dor. Rei. Ner. Não ha , porque a culpa … : -
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328 As Pariedades W
•థ *చై-శతి!@#® - *శి:
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S C E N A I. -
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- Sahe Cyrene.
Cyren. Senhor, a teus pés. ... -
* - Су
de · Proteo. 333
Cyren. A tua fineza na liberdade de Polibio,
a pezar dos empenhos de Proteo.
Nereo. Ah tyranna, que bem percebo a tua in
duftria ! f Á parte.
Cyren. E afim, Nereo, e pero da tua genero
fidade, que libertcs a Polibio ; que com ef
te premio lhe fatisfago o fer ditofo intrumen
to de eu pofluir a felicidade de efpofa tua ,
na condução de Beocia para Flegra.
Nereo. Parece que algum futo, ou perplexi
dade te fez mudar a intenção de tua fuppli
ca. . . . Ah tyranna : a part.
Cyren. A ancia que tenho de libertar a Poli
bio, quando me aflige o coração, não me
perturba o acordo para pedir-te a fua liberdade.
Nereo. Para te otentares generofa , bata faber
fe, que intercedete por Polibio; mas eu co
mo duas vezes ofendido na fua vida, vinga
rei as minhas ofenfas. Wai-ſe.
Cyren. Que fe falte ao refpeito a huma efpofa
e a huma Princeza ! D6rida , intercede tam
bem por Polibio, que talvez feja mais ven
turoſa a tua ſupplica.
Dorid. Pede a Proteo, que não deixará de fa
tisfazer ao teu empenho; que eu me embarco
para Egnido fem dilação, pois já conheço
a caufa , donde nacem os devios de Proteo
Cyren. Donde, Dorida ? . ...
Dorid. Donde não imaginava, Cyrene. Vai-fe.
Cyren. Ai infeliz, que Proteo me intenta pre
cipitar com feus extremos, pois do femblan
te de Nereo, e das palavras de Dorida infi
ΚΟ
334 As Pariedades -
º AMa
“de Proteo. - 335
Mare. Es tu? Deixa-me negro mofino.
Carang. Mofina és tu, que nenhum favor me dás.
A4áref. Larga-me, fe não hei de chamar á que
delRei. -
- a de Porteo. 3, $37
Carang. Lá, vai o . meu bem» e, * --
" و. " كافة، " : - سنة 3 . . س -----' " :çe ;
Gyren, H E polivel Nerⓥo, tº os rogs
{} de huma efpefa não tenhão vali
i mento na tua attengão?
Nereo. Por ifo me{mó que para que fe faiba
§ .
o quanto etimo a minha e pola, 醬 de moí
trar o quanto feivingar a fua ofenfa. ..
Cyren. Se eu demitto de mim efa ofenfa, já te
não fica ឆែ្ក"
- َمَھ º : -
caftigâr, … ,
AÑerea, As, o enfas, da efpofa são recipro as
º
~~
$42: As Wariedades
Rei. Não póde, não val, não feattende: le
vai-os. - : z: Wai-fe.
Carang. Aquillo he:ponto final. ... . . . . .
Cyren. Cruel efpofo, porque não tejaótes que
triunfas de minhas lagrimas, não has de ter
o prazer de quê eu veja a execução de tu
civingança; pois defe{perada bufcarei quem m
_ vingue deta injuria. .. …;; # 1 Vai-fe.
Polib. Os Ceos motraráó a minha innocencia.
-: ". . et - # Vai com os guardas.
Nereo. Vá tambem efe tyranno irmão perturba
…dor do focego de meus fentidos. . .
Proteo. Não ha de ter efia jactancia.… á part.
Dorid. Vê, Nereo, que contra hum irmão he
indigno efe procedimento.
Nereo. Se fouberas, Dorida, o que eu não igno
~º:ro , náo , intercedèras.per elle. … …, ` ` ` ,
Dorid. Quem nunca o foubera! - á part.
Carang. São boa cata de irmãos eftes ! Por el
les Te pδde dizer: quando fratres funt boni ,
funt bonifrates. . . . . . . -
: ; ; , ;, ; ; ; ; ... . . . . . . . . . .
• Selvàtica -féra * * ... ". . . . . . . tº rº
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35o As Variedades -
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P. R. E. CIPICI O
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в А в то N тв,
'O PER A QUE SE REPRESENTO U:
no Theatro do Bairro Alto de Lisboa ,
no mez de Janeiro
***:
de 。1738. ... . . .
AR GUME NTo.
Т Ages, irmão, .de Tirreno, Rei de Italia ,
ufurpa efte Reino, o qual pertence a Ege
ria, Ninfa do Eridano, e filha de Tirreno. Fae
tonte, filho do Sol, e reputado por filho de hum
Paftor de The[/alia , vendo o retrato de Egeria ,
rendido lhe tributa orfeu amor; e para melhor
o dar a conhecer a Egeria, fabe de Thefalia,
e fe occupa na Italia em acções do agrado deta
Ninfa; por cuja caufa fabê de Thafalia o Ma
gico. Fiton em feguimento de Faetonte, para o
defwiar defe amor; por quanto ainda nefte tem
po ignorava Faetonte o feu verdadeiro pai, e
Fiton lhe receava a ruina, quando o chegafe a
conhecer. Eftabelecido Faetonte nos agrados de
Egeria. efia para reftaurar o Reino pelas ac
ções daquelles, que a pretendião , para efte fim
afa occultamente prometter a mão de efpofa a Me
cenas, e a Faetonte, em que confiftem os maio
res lances defla Hifioria. Albano, Principe de
Liguria, pretende fer epofo de finene,
º :: *.*
*: e
-:
357
de Tages. Efte, quando Faetonte fe declara fi
lho do Sol, o pretende para efpofo de Ifnene",
e para o de Egeria a Albano, os quaes fingida
mente fe decláräo amantes com a # dos ze
los. Apparece Apóllo, e declára a Faetonte por
feu filho: efe lhe pede faculdade para gyrar na
caroça do Sol. Reffie Apollo; porém inftando
Faetónte , lho concede , e efle depois, á vifta de
Egeria fe vê precipitado no Eridano. O mais fe
verá no contexto da Hifloria. . . . "
-º-'. -
I N T E R Loc U T O REs. “
tº ºrº " . . .. º... . . . . .
Faetonte, Filho do ſol. . ; , , . . . ... :
Albano, Principe de Liguria.
Mecenas.: · ¿ ¿ . ” ' ' ' . . ., …
Tages, Rei. -
º
! - . . “A - - - - SCE
$48 -
. . .. . . . * : *, * * ** * * : * ~ * º *
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II. Selva.a @ r -- c, ( , : ;: i : , , , * * *
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IV. Templo de
-
Hymeneo. º
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" .. : $ ) tº- º
v
Precipicios de Faetonte. & 359.
; ㎝・・ ・ …e g s、()
* **త్రికఃఖ-ఢీ:®: º, ſº tº r + i tº ºt,
Galhardo Paftar , . . . . º
Pois vês, que a teu: ************ สรุงโ*
-Partido. ੰ டி. * ് ." 2"。
Se abrazáo as aguas, es ecºs º
Em fogo de amor..……. º , º cºm 4
tº - . …? stººl . . . . . . . . cº º A.
Faet. Se da Italica esféra : : s ...
Tutellar Divindade te appellidas ,
Ampara hum peregrino,
- f * * Que
\
. 360 .: Precipieiosi: i
Que a teu facro Eridano facrifica
# 3 Outro rio em feu pranto : oh quanto temo,
' Que unido o facrificio á Divindade,
Se inunde o Obe em liquida impiedade!
* 3. , : co в o. . º:
Alenta , refpira,
Galhardo Paftor , &c.
Faet. Outra vez, e mil vezes º s㺠º
Te bufco ſimpaçiente, . **
… * . Por ver fe rigorofo meu defino
Nos influxos brilhantes de teus raiosº
Acha feguro afylo, e o pafo errante
De humanimo contante -
Alenta, reſpira, i si
2 · 3.tr Gadhardo Paftor ,, &c... * * * * *
; :*
، يذة. د:: . . . .. . . . . -----,
." * \ -
canta a do
ria , eclaufula
A efta ultima figuinte Aria , e Ege
Coro, defembarca ſ
RE c t r Ai Dio
Hum peregrino affe&to : egg . *{
Me occupa o coração, quando cinquiéto;
Nem as águas do mar, ou meus fufpiros,
Surcando em dous mil gyros e, -: * *
de Faetonte. : 361
, , , ' A R -1 م. . . ; : , , ,.*
-- i > … Não fei que novo afecto * * * *
Sinto no amante peito; …… …
x …Só fei; que o feu efteito i ' ' ...º '.
Me obriga a te adorar. , ,
. . .. . … º Do, teu doce attractivo …" * ".
… , . Já º fente o amante peito ; "> ..… º
E á vida não compéte ‘. . . . . .
Goto mais fingular. * * * .* .
- - - • * -
- • F4¢t.
de Faetonte. - 365
Faet. Que mal, cntendes aonde fe dirigem os ,
meus fufpiros! á part. Mas tambem adverte
que has de fer homicida de Albano. . . .
# Eger. Para que me ratificas o que eu fei?
Paet. . Náo fei o para que ; fó fei que Alba-,
no he Principe,, e podcrofo ; e tu defvalida ,
e fem amparo. . . . .- -
А в л л о w o. ', ' • *
。“ノー”。ざ 。 * .4: * ~ **
r: . , . . . .. . .. -
- ***.*. ; : :: ** :
… ','º
rr: : : : : : : : : : . . . . . . . . .. . .
tº . . . . - .* . . . .. . . . . ;
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* * … ." *: . . .. " . - - اد، º! º
?Tom. II. A4 SC E
?סל ,Frecipicio
. من جهة .
" , " s C E NA II. . ..
• " .
º५’, sala. Sabe Albano." "
‘ '``: '' या २:` ९• • • • • • •: .' ; ; ;
-
de Faetonte. ?על
… has de dizer, aliàs fe acabará com a tua vi
# da a tua ſciencia. Wai-ſe.
Alban. Homem, vê lá em que te metes; trata
de fazer a vontade a ElRei. . . Vaife.
Chich. Ha femelhante, entaladura ! Querer Sua
Mageftade á força que eu feja feiticeiro! E
º dado cafo que: o fora , eu por ventura fou
... cá á roda dos engetados para feber dos filhos
alheios? Ah Senhor, Vofia Senhoria defenga
… ne a ElRei, que eu ifto de Magica não fei
por onde ela corre. . . . .. ..
Mecen, Fiton, acho que efa repetida negá
:ção he já imprudencia : todos fabemos quem
« és ; e pois a fórte te conduzio: a efte Paiz ,
a atua fciencia ha de fer o meio da nofa tran
uillidade; porque Egeria , efta Princeza que
. . vès , vive efpoliada - do throno de feu pai pë
las violencias delRei, que intenta \enthronizar
… 2, filha, cafando-a com Albano Principe de
Liguria; mas iftohe efcufado dizer-to, pois
tu como Magico o náo has de ignorar.
Chich. Não me diga nada , então verá fe eu
fei alguma coufa. .* * -
* - * * * *,
t
*
de Faetonte. 372
mofa por força ha de fer prefumida; da pre
fumpção fegue-fe o fer tolla , da tollice o fa
zer afneiras; das afneiras o dar couces; quem dá
couces, tem matadaras: com que Senhor »
quem albardar huma formofura, ha de aturar
o fer raivofa , zelofa , comichofa , pedincho
na , defvanecida ; pois fe tiver accidentes da
madre, ainda são outros quinhentos.
Faet. Se tudo iflo são efeitos da formofura,
nada temo , tendo tão foberana caufa; dize
me, não me tenhas fuípenfo. ~ -
Faet. Dize. . . . .
. Fo
48ο Precipicio
... « ه ﻭ ﺑه مدتی ﺑه، « و - :* ~ *: * ~*
Fabiando Chihiko º livro, tantº a feguinte
**, *, *, :
" -
- - -
; :- . - A R As . . . .. . v;
• * : … A bella Fregona,
--sv: "Seu pai, feu avô, , , º
Quem he, quem ferá ?
:º, s. Que a furia fomente
Do abyfmo fervente
' De huma mulher *. - -
Saber poderá. … - *
tº ; ; - ... . -
|
38? Precipieio
Chich. Com tudo ifo não he pofivel adevinhar
quem he hum filho do Sol, que em Italia
habita; e diz ElRei que lho hei de dizer,
porque elle o fonhou, e que fenáo, me ha
de feparar a alma do corpo.
Paet. Filho do Sol?
Fiton. Como fe altera Faetonte! á part.
Faet. Chichisbeo , em todo o cafo tu has de
º dizer a ElRei que eu fou o filho do Sol,
para com efe pretexto completar as minhas
= idéas. " - -
ளே,
N ੰ fäberg 露ப.
Chich. Não pofo, que etá Jub, fgillo magicali.
Faet. ಳo bel>
lo original dete retrato, pois quanto intento,
he para ver fe defcubro cfte encanto de amor.
' : Canta Faetonte a feguinte . . . . ..
* . a R ! A. ' '' …
* . Nas pupillas de meus olhos . . .
" . O meu bem hei de bufcar, º
E, verei {e pofìo achar **, * * * * * *
3ahe Chirinola. , ,.
Chirin. Venho pé antepé a ver efte Magico, que
tem alvoraçado, todo ete palacio, e he cou
fa que nunca vi em minha vida. ..
Chich. Que etará epreitando aquella moça º O”
- menina, procura alguma coufa ? :
Chirin. Vinha a ver hum Magico, que etá em
palacio. , *** * *, * : .
Chich. E para que? ' ' ' ' --> *
Chirin.Só por ver como he a cara de hum feiticeiro.
Chic. He como eta que vofia mercê etá vendo.
Chirin. Pois vofa mercê me{mo he o feiticeiro?
Chich. Para fervir ao diabo, e a vofa mercê,
que tudo he hum. -
Se quer adorar-me,
Da Magica fuja;
* Se quer defprezar-me ,
Fará o que quizer:
- . Que he muito fenhor
Do Senhor feu nariz.
Bem fabe não goto
. De feitiçarias,
º Que são rapazias, - *
-
- -
- . - - -
- - -
- - - : * , , ſ: . .. . . ii. . . . . .. ..
de Faetonfé, -
39;
A R I A A ه3۰
&
Alban. Na minha vingaça,
Imene verás
Meu fino querer.
Eger. Efpera, fuipende,
Cruel, que a mudança
Me chega, a offender.
- Jmen. Valente, caftiga
A mão, que meu fangue
Intentava verter.
Εger, Firmeza
Jmen. Vingança } is pego.
Alban. Firmeza, é vingança
Eger. Firmeza * -
º ". . . . . . . . . .. **
" . . . .
*. !!, . . . . • *,
* - - - * *
- - - - " " i C. * ** * * -
*
394 Precipicio
*窓*楽姿-冬恐判蒸蒸判恐き-さ***登*
P A R T E II.
S C E N A I. º
Sala. sabe Alban. .
Alban. Ậo he poilivct apparecer o trai.
dor, fem que tenha omitrido o
nseur cuidado toda a diligencia,
como poderia entrar ete, inimigo, e fahir,
ſem ſer viſto de ningueni.
3ahe Chichisbeo.” “ -
de Faetonte. 395
chich. Fazia luar, ou efcuro º r
Alban. Náo · reparei. * : -, * *, *
Օbi
398 Pricipicio
Chich. Tambem fe não fallarmos importa pouco.
. Mas eu quero efpreitar o que ifto he. á part.
- - Efconde fe.
Mecen. Qie ha de novo, Chirinola ? "
Chirin. Egeria te avifa , que Albano, e Ifme
ne fe achão divertindo em huma caçada nas
-, ribeiras do Eridano ; que obferves os feus mo
: vimentos , que póde fer aches alguma occa
fiáo para o intento.
Mecen. Dize-lhe, que a repota he a obedien
_cia com que executo os feus preceitos. Vai fe.
Chich. Temos a Chirinola feita alcoviteira !
Chirin. Eu não fei quando fe aquietaráó eftes
. Senhores. . -
SC E
de Faetonte. 401
s c E N A II.
selva. sabem Egeria, e Faetonte.
Eger. Uanto, Faetonte, ſinto ſe |ಂಜ್ಞal
+ fe tão bem premeditada acção !
Fitet. Bem vês, Egeria, como obedeço aos
teus, preceitos, e como defempenho a minha
palavra; falta cumprires da tua parte com a
morte de Albano.
Eger. Ainda não falta o tempo: cuidemos pri
meiro em falvar a tua vida, pois he certo,
que de Ifmene fofte vito, e fe fazem dili
gencias para te prenderem; e alim ferá 醬
cifo, que feja outra vez efte bofque do Eri
dano verde afylo de tua pefoa.
Faet. Ai de mim, que mais finto o cruel def
terro, que perder a propria vida, pois qui
zera que Ifmene me viffe mil vezes traidor !
Eger. Para que he tão inutil acção ?
Faet. Para executar a minha fineza nos conti
nuos ſacrificios a tua formofura. * :
Se me defejas sº, º
Da morte izeñto , ' * ''' *'''
Não te retires; -
Pois fó me alento .
Verdesºlouros , do Eridano , - . . .
Só affim no folio ufano
- Deffe famgue matizadös
-3. Vós” me haveis de coroar.
-- Mas ó tu ditofo amante,
Que por mim penando vas,
A teu peito fiel confiante
… Eu prometro libertar. . . . Wai-ſe.
., , , , „ S G E N A III.
Gabinete bem adornado. Sabem Faetonte,
* : *. e Chichisbeo. ' “ -
Chich, O Ra Senhør filho de Sol, feja-lhe mui
to parabem a vofa femideidade, pois
que fe vê palaciego, venerado dos grandes ,
ado
408 Precipieio , -
- de Ftetonte, 409.
tremos que fiz por Ifmene , quando pinta
da: pois quem tão finamente adorou as fuas
. fombras, como deixará de idolatrar o claro
de fuas luzes? -º « ' » … … -
A R H A. -
,- -'-º'ſ * . . . . . .. . .
... : Ditofa Paflorinha ,
ue alegre em verde prado,
§ 蠶 no feu gado
· · ·· Ao fom' da melodía , “
. . . . . . Que infpira a rude frauta
'. . . . v. Do amante feu Paftor.? . ' s -
. . . Politicas não ufa, º * #
. .. . . Nem maximas inventa , * * * *
... - , * Ufana fe contenta c ***»*
… -- lDas flores, que tributa -- a
Cbirím. Dize-o. - -
ania,
de Faetonte. 419
º - Canta Chirinola a feguinte ... º.
- - 3 - A R J A. " -
42O Pricipicio
Chich. E elle que te queria que te efteve fa
lando com braços, olhos, e nariz, mui af
froflurado ? …?
Fiton. Vofia mercê como he Magico não necef
fita que lho diga. .
}70
de Faetonte. 421.
/
-Faet. Diga Fiton. . . ; e … * .
C". Sou chamado a confelho. e o . . .
... " ……" Al
de Faetonte. #23
Alban. Da tua fentença pende a minha vida.
vºs: * . á part. para Chichisbeo.
rei. Dize , Fiton , porque motivo fe apagaria -
aquella luz? , , , . º, . .* . . . .
* *
.
424 * Precipieio º
Oh Jupiter piedofo , defa esférar ”,
O trifulco furor de teu incendio
Contra hum peito infeliz fulmina ingente » :
Que para provocar os teus furores
Incentivo não ha mais *ိုႏိုင္ၾ 2 - )
Que nafcer infeliz hum defgraçado. º
sºs
A R I A.
**.
Irada , elanguente , -
Frenetico, e amante,
O” injufta Deidade,
Da tua impiedade
A Jove fupremo
Me quero queixar.
Se a luz me ufurpate
Do facro Hymenèo ,
º r Cruel te enganafte,
- Que em chamma mais pura
-- Minha alma confiante -
Na tea luzente , ,. . .. .
Do, facro Hymenéo º
Se acenda brilhante
- O raio flammante
Do filho do Sol.
4. - * * ... .
ఇ.,
ᏱᏉᏫ?
>క్షXష్ణోXXక్ష<
贰部 - *
w 7±: R *
,本 **
".
. |
2
º PAR
#26 Precipieios
*穏3恐輩登-冬登登蒸窓登塗-受蒸*登号を
PARTE III.
Camera. Sahem Faetonte , e Fiton.
/
428 Precipicio
… no de meus pais; mas não fei em quere
poffa offender a fua piedade.
Faet. Em fer piedade; pois he certo que eta
_fó refide, em hum coração puramente fino.
Eger. Se da fua parte eftá o amor, da minha
- etará a contancia, com que te adoro; porém
cuido, Faetonte, que effe aftectado ciume fe
origina de algum motivo occulto.
Faet. Occulto motivo, he ; , pois fe eu difera
- que tambem refervas a vida de Albano, não
fei para que fim, talvez não acharás affecta
" … do o meu ciume.
Eger. Para que vejas que não etimo a vida
de Albano, mudemos de fyftema, como ao
principio pretendias: fè tu homicida de Alba
no, que eu o ferei de Ifmene, para que na
igualdade dos fexos fique fem perigo a refolução;
e defia fórte, nem a formofura de Ifmene te fuf
penderá o golpe , nem a vida de Albano a
i zelos te incitará. -
J'4
-
de Faetonie. 429
Sahem El Rei , e Chichisbeo. " : " ' **
Rei. Bafta , que effa foi a caufa porque fe ex
- tinguio a luz do Hymenêo ?
* Chich. Sim, Senhor, que he vontade de Apollo,
** que feu filho Faetonte feja genro de Vofia
! Magetade, e a Senhora Ifimene nora, e Vof
'' • fe Mageftada fogro de Faetonte , e efte ma
º rido da dita Senhora. . }. < * , ºf
| Rei. Faetonte , como o obedecer aos : Deofes
he primaria obrigaçáo de hum Monarca, mal
º . poderei refitir aos mudos preceitos de Apol
º lo teu pai ; pois he fua vontade que If
mene feja tua efpofa, e não de Albano, por
º cuja caufa ufurpou a luz no feu Hymenêo.
* Chich. Do que não ha a menor dúvida, atten
* . to fecreto magicali. . á part.
# Eger. Ai infeliz, que ouço ! .. . . . .. .
# Faet. Ai feliz, que ouvi! " …..… … ;
Rei. E pois tu, como filho de Apollo, etás
mais obrigado a obedecer-lhe, entendo te fu
- 醬 ao feu imperio : bem conheço que em
fmene faltáo meritos para fer epofa de hum
: filho do Sol ; porém huma céga obediencia
não repára em qualidades. .. .
* Azei.
de Faetonte. 431
Rei. Quando o não vença a razão, o convencerá
a violencia: vem, Fiton, que importa comº
municar.te materias de importancia. Vai-fe.
Chich. Valha-me Deos Tomára fer privado de
fer privado. . .. . . . .. Wai-ſe.
Faet. Egeria , a que mais póde afpirar o teu
defejo ? Já confeguifte o Hymenêo de Alba
no : ferás Princeza de Liguria, e comas ar
mas de teu efpofo poderás reftaurar a tua Coroa.
Eger. Sendo tu o Monarqa , c e auxiliado dos
raios de Apollo, que exercito te refiftirá ? Pois
s para ficar vencido bafta ter por contrario ao Sol.
Faet. Se afim foffe, eu me deixára vencer, fó.
para que tu triunfafes. . . . . ヘ'〉 *
º
* і л к і л. - -
. . Serèa encantadora o . . .. . . .
. Affaga o navegante, " . ./
º Que intrepido, se nadante , ,
Fugindo do feu canto : is tº
Intenta triunfar.
Repára que a belleza s.
- Contém tal harmonia, º - -, .
Que em doce melodia * , a
i.
Eger. Que affectadas finezas! Ah tyranno aman
te, que o teu genio ambicioamente elevado
te fará efquecer do meu amor.
-
~,
". . s - - Ꮽ4
432 Precipicio
Sahe Alb4no.
Alban. Quem me dera faber o que terá reve
lado Fiton ácerca da extinção daquella luz de
meu infeliz Hymenêo ; pois pendente o co
ração da fua repota, nem bem vivo , nem
bem morto etá. - -
ſ
motrarrte, que aquella ferta, com que me
atraveffafte o peito, te deu amor para ferir
me, cuja cicatriz ferá o mais vivo figillo,
ue eterno acredite a eficacia de meu querer.
Alban. Eu defefpero. á parte. Porém , Faeton
te, para reconheceres o meu afecto...
Faet. Deixa-me, Albano, que etás importuno.
Alban. Pois cala-te, Faetonie, que cftás infup
portavel.
Faet. Se te peza de ouvir me, retira-te , e dei
xa-me ſignificar á minha bella Iſmene , os ex
tremos, com que a idolatro.
Alban. Nem poffo deixar-te, nem pofo ouvir
te: bem fei, que hum fupremo Numen te
detinou eta fortuna ; mas náo ignoras, que
adorei a Ifmene com attenções de efpofo, e
o ciume hc hum monftro infofrivel.
Ee ii - JFaet.
436 Precipicio
Faet. Pois, Albano , que remedio , fenáo facri
ficar a vontade ao imperio dos Deofes? Bem
fei, que te fobráo motivos para a tua mágoa ;
porém fentirás agora o mefmo mal, que eu
padeci. -
- 5'ahe Chichisbeo.. ; - -
Can
448 Precipicio
Canta Albano a feguinte
Imene querida,
Meu bello portento,
Não mudes de intento;
Pois mágoa feria,
Que chegue a morrer ,
Quem morre de amor. -
Na tua lembranga
Só viva a memoria
Da célebre ಳ್ಗ 9 -
de Faetonte. 449
º penas que me dás; não voes tão alto, que
… logo a minha deígraça abaterá as ázas com,
que, ligeira corre , para difficultar as minhas
3. felicidades.…. | '''' - - .
Faet. Náo te entendo , Ifmene. . . . .
عسكستئص
de Paetonte, 45;
º da no dia,
`s ne efpera.
2
em que perco a Hímene !
. . ;* :
Ifme.
*.si:
- - - -
'g'' . . . º.
Jfmén..Que queres, Faetonte ? … º . . * ''''
y Paet. Que te lembres de minha amorofa cont;
º tantiá, para que afim mitigue com a confi>
duro golpe ...de . desfa
***ဂ္ယီဖွံ့ဖ္ရစ္သစ္လူ႕ႏိုင္ဆိုႏိုင္ဆိုႏိုင္ငံမ္ဟ
. . ;
ုဖ္ရ
3
454 Rtstipicig, -
e. * . . . . . .
Fortuna, que inconſtante i
, . Te oftentas rigorofag . .. , , ;.
… Quando terei ditofa? , ,, ,, …
: - Quando fetsi feliz: "… .
-- - -
de Fuetoots. 4திர
Sufpende por hum pouco
Teu moto accelerado, -
& “
- *…. . .. . ºf . . .
- - Carl
ദ്ര - - Precipieio's -
N « . , - -
º Canta Faetonte a feguinte :
---
. . .. . . . . .. . . . .
…५ • • • • • • * १ १; , ,
O” tu luzida antorcha , , , ,, ,
Que nea etherea Sala predominas
A brilhante cáterva .….….….… . . .
De "todos os 'Planetas, … ,
Ouve os écos, as vozes, os clamores
De hum mizero infeliz, a quem a fórte
Dá na origor då mefina förte.
4'ala Imperial do Sol, em que apparecerá 然
* ló, que defeerá em huma nuvem, a qual tra.
a rá na parte e/querda outro afento para Fae
. tonte , " e cantão ambos alternativamente o
ifeguinte * * * * * ... ºr -
! * ** * * R E є і т5 л го о- . . ..
* *
Apol. Quem he que ternamente . . .
* #*# … Remette ao Deos Apolfo a fua queixa º
Faet. Faetonte te bufca, ó Deos luzente,
** * Para que a tua piedade - . |
" ... Lhe dê honra, nobreza, e Magefiade:
es º Hum humilde Pator todos me chamáo, • * * *
. , Honrado, e etinobrecido , £ 5
Como filho do Sol reconhecido.
Apol. Vença, pois, hoje, a indufris
A violencia áos fados, a … :: ::
Que inftruido primeiro :: :: ::
Girará com venturą g r, p k
º Effe globo celete.…... .. …..
F4et. ue refpondes, Apollo ? * *
Appl. Sóbe comigº, e vem ao Firmamento
Deffa gelefte esféra, ºf A *
Comigo.- , . . .ir…
. . .". ".
. . … \
.ºvº a
, d 14. ஆ
* స్ట్రో ! Mas, aqui vem Chichi{
º
Ερο: είito me,
y៣ºs…
pan obίωνει ο εμι πιο.
.,.{_‘‘ یہ: "it; ; : ‘‘‘ ’؟، ‘‘ ’’ 'ყ•:
alt Dρι εν 畿
"to , 醬 hum ನಿ! 鷺 ":
* ຊໍ້.
* …
・「、、、。 /
*_ Ghirin.
de, Faetontº. 461
Chirin. De Egeria não fei nada; fó. fei, que
impaciente fe aufentou para as aguas do Eri
dano , aonde habita como Ninfa, ...
Chich. Hiria tomar banhos de paciencia para re
frigerio do calor da defefperaçáo, eni que á
pozerão as chammas dos zelos; mas tem tu
mão que fe me não ီ|ိ'ံီ" ella an
da pafleando a pé enxuro as aguas de Erida
- no : cheguemos nós para lá pé ante pé, pa-,
rapefcarmos alguma coufa do que ela diz. -
Defcobre-fº a marinha, e apparece Egeria nº
"tarro como ao prinčipio ; e canta a feguin-*
-. r - "
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. . ...
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482: "νεfριείο"
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- ** … Aos Deofesºłupreinos', '' '' ·· ··
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- in Contra effe inlimigo y
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aquiff, he "ံို႕မွီဒီး’
para efa, e apara-lhe os fopa
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Appdete Faetonte'cénte
いー・こてい
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