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PARA SE APRENDER A ESCREVER
OS CAR ACTER ES DAS I, E TRAS

INGLE2A, PORTUGUE3A, ALDINA,


ROMANA, GOTICA-ITALICA,
E Go TICA-G E R MA NIca,
ACOM PA N HADAs
DE HUM TRATADO COMPLETO
DE

ARTEHMERICA. --
O FFERECIDAS

AO AUGUSTISSIMO SENHOR

H). PEDRO
PRINCIPE REAL DO REINO UNIDO
DE

PORTUGAL, BRAZIL, E ALGARVES.


COMPOSTAS

PoR JOAQUIM JOZÉ VENTURA DA SILVA,


Professor de Escrita, e Arithmetica.
Terceira Edição, accrescentada, correcta, e augmentada
-•- de novas regras, e Estampas.

L IS BOA

tia 3mprensa tiacional.


1841.
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SENHOR:
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.A Pública, e geral estimação, que tem


tido a minha Arte, e méthodo de éSC?'ever o Cará
ºter da Letra Ingleza, debaixo do Soberano, Au
gºtº, º Poderozo Amparo de Po%"| ALTE2.4
REAL me reanimou a fazer esta nova Edição
*rescentada, e augmentada de ,~~ melho
dos e estampas, P?" ºe aprender a escrever
2° Caracteres das Letras Portu ueza, Aldina,
{ Grifa, ou Italica, Romana, e % abrindo
assim caminho á Vação para se instruir 72OS
# Caracteres das Letras mais uzadas.
Muitas, e Poderozas razões me obrigão a
dedicar novamente a POSS] ALTE3A REAL
?","linha Compozição, sendo as maiores a
lealdade, e afecto Tºº Sempre tive, e tenho á
Real Familia Portugueza, de quem tenho a dita
ser fiel Subdito Portugues.
Digne-se pois V%s', ALTE3A REAL
de r# benignamente mais estu minha hu

"ilde Oferta, e de continuar a amparar seu


1 +
Author com os soberanos, e favoraveis influxos
da sua Real, e Augusta Protecção; cuja pode
roza eficacia contribuirá para o progresso das
Artes, esperando achar o bom acolhimento do
Público com tão Alta, e Poderoza Protecção,
por cuja graça beijo a Regia Mão, ep…"
com o maior respeito, e fidelidade ser de

POSSA ALTE3A REAL

O mais humilde, afectuozo, e fiel Subdito

Joaquim Jozé Pentura da Silva.


INTRODUCÇÃO.

Sasso a Educação da Mocidade hum


dos maiores, e mais importante objecto, e em
que mais se deve interessar a Nação, particu
larmente os Pais de familias, pois della resul
tão bens incalculaveis, não so ao Estado; mas
tambem a cada hum em particular: vêmos que
ella tém sido em todos os tempos de tanta
consideração, que entre as Nações cultas se
tém neste ramo occupado os maiores Filoso
fos, e sábios Legisladores, e chamado sobre
si a attenção dos Governos. , :

º . E pois a Educação a Arte de formar


homens, e a Instrucção de fazellos sábios. Na
primeira se considerão com respeito á Reli
gião, á Humanidade, e á Patria, que é o obje
cto da Moral. Na segunda se olhão com relação
ás Artes, ás Linguas, e ás Sciencias ao que
se dirige a Didáctica. Porêm ainda se póde
dar á Educação maior extensão em seu signi
ficado, e definir-se Arte de fazer a Mocidade
mais robusta, virtuoza, e instruida; e conside
rada com esta extensão, vêmos que ella é a
origem do repouzo, não só das familias; mas
tambem dos Estados, e dos Impérios. *

E com efeito ella contribue eficazmente,


a que os homens se constituão em estado de
desempenhar dignamente suas obrigações. E
como dos Adolescentes se fórmão depois os
Pais, de familias, os Magistrados, e todos
quantos sobem a dignidades, póde-se dizer
com fundamento, que aquelle reino, que pro

1994534
6 INTRODUcção.
porcionar á Mocidade a boa educação será o
mais florecente, e ditozo.
Se lêrmos as histórias observaremos, que
os Athenienses não alcançárão tanta reputa
ção, e gloria por occuparem na Grecia grande
número de Póvos, e extensão de território;
mas sim porque velárão cuidadozamente na
Educação da Mocidade, elevando as Sciencias,
e as Artes ao maior gráo de perfeição. De
suas Escolas não so sahírão grandes Orado
res, famozos Capitães, sábios Legisladores, e
habeis Politicos; mas tambem como de hum
fertil Tronco brotárão génios fecundos, que
enriquecêrão as boas Artes da Musica, Pin
tura, Escultura, e Architectura; cujas Scien
cias, e Artes tém entre si hum tão estreito
parentesco, como se fossem íntimas em san
guinidade. (a) __ • …
Foi por tanto a boa Educação, que alli
se recebia, quem fez plantar, ennobrecer, e
aperfeiçoar as Artes, e como se sahissem de
huma mesma raiz, e se alimentassem de huma
própria substancia, fez que florecessem todas
ao mesmo tempo. * - -- ** , !

Entre os Romanos não havia coiza mais


sagrada, que a Educação de seus filhos, e por
isso forão temidos de todo o Universo, sábios
em todas as Artes, e Sciencias, e senhores de
huma grande parte do Mundo. . .
A Africa em outro tempo tão fertil em
homens de bons engenhos, e grandes luzes,
hoje a vêmos submergida por falta de Edu
cação na maior rudeza,
——
esterilidade, e barba
• –

(a) Cic. Pro Archia Poet. - "


INTRoD Ucção. 7.

ridade, pois logo que negárão á Juventude a


doce, e estimavel instrucção dos pensamen
tos, no decurso de muitos séculos não tém
produzido hum so homem, que se tenha dis
tinguido em algum ramo de Sciencia, ou ta
lento, e que despertasse o mérito de seus an
tepassados.… : • • |- * - -

E se quizermos comprovar, quanto é pre


judicial a falta de Educação, olhêmos para os
Egypcios, Nação que em outros séculos foi a
fonte donde nascêrão todas as Artes, e Sciem
cias, presentemente a vêmos reduzida á maior
Fusticidade.
O inverso observamos nos Russos; cujos
póvos erão antigamente grosseiros, e barba
ros, hoje á medida que a boa Educação se
estende pelos seus vastos Dominios, tém e
vão produzindo homens, sábios em diversas
matérias, amadores, e auxiliadores das Artes,
e Sciencias, e inclinados a bons costumes.
Seu governo, que algum dia lhes era do
carácter da Nação, tambem se acha mudado,
estabelecendo leis suaves, e humanas, auxi
liando as Sciencias, e as Artes que tudo se
achava em pura obscuridade até o tempo, em
que o grande Pedro empunhou o Sceptro,
devendo aquella Nação a este famôzo Prin
cipe o principio da Educação racionavel, e
por conseguin
Sciencias, te as luzes necessárias para as
e Artes. • • • • -

A Nação Portugueza, huma das mais cul


tas da Europa, se glorifica tambem de ter em
todos os tempos velado cuidadozamente na
Educação da Mocidade, e particularmente
nos Reinados dos Senhores Reis D. João II,
3 INTRoDUcçÁo.
D. Manoel, e D. João III, como se vê pelas
eruditissimas Obras dos sábios nacionaes do
século de quinhentos, e com mais especiali
dade desde o feliz Reinado do Senhor Rei
D. Jozé I, o que tudo se conhece, e se prova
pelos monumentos, e factos memoraveis da
nossa Historia, e pelo grande número de ho—
mens singularissimos, que tém tido, e tém
Portugal: huns enriquecendo a republica das
letras com os seus doutissimos escritos, e ou
tros pelo seu valor, grandes descobrimentos,
e heroicas acções militares, deixando, seus
Nomes eternizados nas quatro partes do Mun
do, como Padrão indelevel. 4.

Finalmente os fructos da boa Educação


já mais se perdem, e acompanhão a todas as
partes seu possuidor, servindo-lhe para a sua
felicidade, e muitas vezes para reparar as in
commodidades da sua sorte, pois o que na
tenra infancia se aprende, imprime-se natu
ralmente no animo, e deixa raizes tão entra
nhaveis, que quazi nunca se desentranhão.
Foi portanto a minha intenção pelo amor,
que conservo á Patria o concorrer para a Edu
cação da Mocidade, (não obstante o incansa
vel, e penôzo trabalho de ensinar, que pouco,
ou nenhum tempo me deixa livre) e para este
fim compuz a presente Arte de Escrita acom
panhada de hum tratado completo de Ari
thmética, por ser Sciencia que commummente
anda annexa á Calygraphia, e a intitulei na
minha primeira Edição, publicada, em 1804,
Regras Methódicas para se aprender a escrever
o Carácter da Letra Ingleza: agora porêm
nesta terceira Edição acerescentada, e au
INTRODUcção. 9

gmentada de nóvos méthodos, e Estampas, a


intitulo Regras Methodicas para se aprender
a escrever os Caracteres das Letras Ingleza,
Portugueza, Aldina, Grifa, ou Italica, Romana,
e Gótica; porque com incansavel trabalho,
fôrça de gôsto, e amor pátrio descubri mé
thodos, e assignei regras, pelas quaes com
muita facilidade, e pela abundancia de Exem
plares de que é ornada, se aprenda a escrever
os sobreditos Caractéres das Letras mais uza
das na Europa, abrindo assim caminho á Na
ção para se instruir perfeitamente na Arte
Calygraphica, e ao mesmo tempo lhe ofereço
hum perfeito Carácter de Letra Nacional."
Na primeira Edição não tive por onde
me guiasse, pois é de notar, que havendo en
tre a Nação Britannica tantas Collecções de
Originaes para se aprender a escrever, e huma
em Portugal, de que adiante fallo, não ha
huma so, que methódica, e praticamente sem
confuzão ensine a escrever o referido Carácter
da Letra Ingleza, hoje geralmente seguido no
Reino Unido de Portugal, Brazil, e Algarves,
como tambem por algumas partes da Europa,
por ser o mais agradavel Carácter, de Letra,
que até os nossos dias setém composto, e o
que º mais facilita, ou expediente, particular
mente, do Commércio;# por ser o Carácter
mais cursivo. … º< s eº …i... … loietil
… Porêm nesta terceira Edição como trato
dos Caractéres, primitivos, ou derivados huns
de outros, me conformo em: algumas coizas
com os Authores, que delles primeiro tratá
rão: assim na Letra Portugueza, quanto ao
Carácter, sigo em parte ao nosso Andrade:
10 INTR o DUcção.
mas Letra Aldina, e Romana a João Fran
s
cisco Cresci, (b) além do exame, que fiz sobre
as letras Maiúsculas Romanas das medalhas,
e cunhos do reinado de Octaviano Augusto, e
na Letra Gótica a João Vanden-Welde, e a
Jorge Shelly, segundo as obras, que conservo
destes Authores.
Mas os méthodos, as regras, a ordem das
lições, a reforma, e melhoramento dos Cara
ctéres, particularmente do Portuguez, e as
pautas, (que servem de grande auxilio) que
tenho delineado, e mandado gravar com grande
dispendio a favor da pública Instrucção, é
tudo de minha própria invenção.
. Estou pois persuadido, que o Público re
ceberá benignamente mais esta prova de pa
triotismo, e fôrça de meu génio, que são os
motivos maiores, que me reanimárão para o
saudavel, e interessante fim de continuar a
concorrer para a Educação da Mocidade, e
conhecendo assim a minha recta intenção dis
simulará os defeitos, que esta Obra # conte
nha. •

Tambem me persuado, que os Zoilos mor


dazes acharáô lugar para praticarem a sua
maledicencia; porêm eu dezejára, que estes
se empenhassem em produzir outras Obras
desta, ou diferente natureza, que fossem de
maior utilidade para a Nação, ainda que o
censurar é mais facil, que o compôr, e me
nos dispendiozo, e não é com a maledicencia,
ou com a crítica, (que sempre procede da in
veja) que a Mocidade se ha de instruir. —

(b) Perf. Escrit, public. em Rom. 1570. ,,, " "


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iretro:A PRÉvrA.

Da Utilidade, Origem, e Invenção


da Escrita.

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CAPITULO I. . . .

Utilidade da Escrita. " |-

E sEM dúvida esta Arte a mais provei


.toza, a mais util; e a mais necessária, que os
homens descubrírão, e inventárão em grandis
sima utilidade de toda a sociedade humana.
Tem ella servido, e serve ás Pessoas de
espirito para acharem todas as outras Artes,
e Sciencias: aos Soberanos para estabelece
rem Leis: aos Ministros para regularem a
Justiça, e aos Póvos para se instruirem de
seus deveres. E pois por esta Arte, que os
contractos vém a serem authenticos; que os
Particulares assegurão seus interesses; que
os Negociantes fazem valer seu Commércio,
e que os Homens sábios tornão a realçar nos
seus estudos. E a memória das Pessoas de dis
tincção, é quem nos dá o conhecimento do
passado, e que fará conhecer o presente aos
séculos vindouros; é quem nos instrue, do que
12 NOTICIA PRÉVIA.

se passa sobre a terra, e sobre o mar, e que


fará passar nossas resoluções até ás extremi
dades do Mundo: é quem entretém as alliam
ças entre os Reis pela segurança da*# e das
correspondencias dos Póvos mais afastados.
Em fim é pela Escrita, que a Religião,
e a pureza da Fé se tém divulgado, e por isso
mesmo tomado maior auge de subsistencia;
e é de que os Santos Padres se servírão para
nos deixarem mais claras as luzes para a nossa
Salvação.
Ha certamente na Escrita alguma coiza
de si sobre o natural conhecimento muito mais
admiravel, pois as palavras ligadas ao papel
por diferentes modos da penna reprezentão
ao natural os pensamentos, a vontade, e a
alma inteira,

CAPITULO II. ** *

.
Origem, e Invenção da Escrita ,… »
• *

** * * *
|-

* **
- ;

• * *
• •

i . "
|-

A oRIGEM desta Arte involve em si


muita obscuridade, e confuzão, e não é facil
descubri-la verdadeiramente com as escassas
luzes, que restárão aos Authores. * * #2:

Os Encyclopedistas Francezes em o Ar
tigo, que trata da Escrita, nos dizem ter a
sua origem dos Jeroglyphicos, e Signaes Sym
bólicos, de que uzavão os Egypcios, e outros
Póvos do Oriente; pois quando querião repre
zentar seus vastos exercitos póstos em batalha,
pintavão duas mãos, huma com hum escudo,
ou broquel, e outra com hum arco: para mos
NoTICIA PRÉVIA. 13

trar hum Monarca desenhavão hum Sceptro


com hum olho aberto: para expressar o go
verno do Universo pintavão hum navio: para
darem a conhecer huma mulher iracunda fi
guravão huma vibora: em fim quando querião
significar o Mundo, formalizavão huma Ser
pente enroscada em fórma de círculo, cuja pelle
com a variedade de córes indicava as estrellas.
Se os que inventárão os Jeroglyphicos, e
Signaes Symbólicos, pensárão, como é natu
ral, em conservarem a memória dos aconteci
mentos, e fazer conhecer a Religião, as Leis,
os Regulamentos, e tudo quanto é relativo
ás Matérias civís, se deixa vêr a impossibili
dade de continuar por muito tempo similhante
género de Escrita sem incorrerem em mil ana
chronismos, e cahirem na maior ignorancia,
e confuzão: pois suppondo que os Egypcios
escrevessem, e entendessem perfeitamente os
Jeroglyphicos, e Signaes Symbólicos, como
podião saber pela pintura das mãos os exer
citos, de que fallavão, nem a que Reinado
correspondião, se elles contavão (1) desde o
seu primeiro Rei até Sethom 341, igual nú
mero de Pontifices, e outras muitas gerações?
Logo é evidente, que por aquella pintura em
blemática, e arbitrária dos exercitos, tanto
podiamos entender os exercitos de Sethon,
como por exemplo, os de Sesostris, que viveo
alguns séculos antes da guerra de Troia.
E precizo pois conformar-nos com a ra
zão, e vêrmos que este género de Escrita
Symbólica, ou Jeroglyphica admitte tantas ap
(1) Millot. Elementos de Historia Universal, tom I. cap. 1.
14 NOTICIA PRÉVIA.

plicações, que é impossivel, que o sentimento


se informe de suas interpretações. |-

Por estas, e outras razões se prova a im


possibilidade de seguir por muito tempo esta
babylónica Escritura, ainda que é innegavel
sua existencia.
Os Egypcios que dão huma antiguidade
fabuloza a todas as suas coizas, e querem pas
sar pelos inventores de tudo, attribuem a si
a invenção da Escritura Alphabetica, e tém
por seu primeiro inventor Thot, que viveo
segundo alguns 1600 annos antes de Jesu
Christo. E de suppor pois, que os Egypcios.
áquelle tempo estivessem já desenganados do
inutil trabalho da Enigmatica, que dão como
primitiva; porêm daqui não podemos colligir,
que fossem os Egypcios os inventores da Es
critura Alphabetica; pois que huma Arte tão
util não é presumivel fosse desconhecida até
o tempo do decantado Thot. (2)
E certo que as Letras, principalmente
Sagradas, e Jeroglyphicas alcançárão no Egy
pto grande perfeição; mas o aperfeiçoar não
é o mesmo, que inventar.
Os Phenicios tão conhecidos na antigui
dade por seu commércio, tambem se chamá
rão os inventores da Escrita (3), dizendo que
elles a communicárão aos Hebreos, de quem
erão vizinhos, e provando isto com a simi
lhança que tém os caracteres Hebraicos com
(2) Mr. Warburthon, diz em o tom. I. de seu Ensaio
sobre os Jeroglyphicos, que não foi Thot o inventor da Escri
tura Alphabetica, senão hum homem, que aperfeiçoou os Je
roglyphicos.
(3) Plinio l. 6. cap. 12.
NoTICIA PRÉVIA. 15

os Phenicios; mas se nos não mostrão mais


provas que estas, tanto podemos attribuir a
invenção da Escrita a huns, como aos outros;
porque se os Phenicios dizem, que do seu ca
rácter de letra é, que os Hebreos compozerão
o seu pela analogia que conservão, tambem .
os Hebreos pódem dizer o mesmo. Isto se co
lhe de Diodoro Siculo, e Eusebio, afirmando
que Moyses ensinára primeiro, as letras aos
Judeos: destes passárão aos Phenicios, e de
pois aos Gregos. (4)
Nada concluem tambem estes, e outros
Authores, quando pelo sobredito ensino, que
rem, que Moyses fosse o primeiro inventor
das letras: elles não nos pódem assegurar
mais, do que Moyses ensinára as letras aos
Hebreos, porêm quanto dista o ensinar de in
ventar? Ensinou aquilo que talvez estivesse
esquecido, pelo rigorozo cativeiro, que ante
cedentemente tinhão supportado no Egypto,
e daqui não se collige, não terem sido muito
antes inventadas.
Outros Authores, e entre elles Herodoto
l: 5. c. 58 attribuem commummente a gloria
da invenção das letras a Cadmo, filho de Age
nor Rei dos Phenicios, e afirmão que este
Principe foi desde Phenicia á Grecia ao prin
cipio do governo de Josué (5), e levou o uzo
das letras, que era ali desconhecido: conve
nho, (por ser facto, que na antiguidade passa
por certo) que Cadmo o uzo das letras á Grecia
levasse; porêm com isto nada mais nos pó
(4) Diodoro Siculo l. 6. cap. 18.
Eusebio de praep. Evang. l. 10. cap, 1,
(5) Anno antes de Jesu Christo 1451.
16 NOTICIA PRÉVIA.

dem asseverar, do que estarem os Gregos até


áquelle tempo ainda pouco civilizados, e que
ignoravão huma Arte, que é o fructo, e união
da sociedade.
Assentando mais concludentemente ou
tros Authores, ser muito mais antigo o in
vento das letras, lhe chamão , o uzo dellas
eterno; isto é, que são coévas ao mundo, e
coetaneas ao homem; e por consequencia con
cedem a Adam nosso primeiro Pai a origem
das letras, e dizem que fallando Adam a lin
gua Hebrea, e com ella dado o nome a todas
as coizas creadas pelo Altissimo, não é pre
sumivel deixasse de saber esta arte maravi
lhoza da Escrita, pois se lhe fazia necessária
para deixar á sua posteridade a memória de
todas as coizas denominadas por elle. Deste
sentimento foi tambem o Summo Pontifice
Sixto V, que na sua bibliotheca Vaticana na
segunda columna, em que está a Imagem de
Adam, fez lavrar huma inscripção, que verti
da em Portuguez diz: Adam divinamente en
sinado
detras.
foi o primeiro inventor das Sciencias, , e!
|- • |-

Em fim seja pois qual fosse o primeiro


inventor das letras, é certo, que não podemos
abraçar abertamente este partido, sem que
nos questionem o contrário; pois que de huns
tempos tão remotos, como os da existencia
de Adam, não temos a este respeito noticia
alguma, para lhe concedermos a invenção des
ta Arte, mais do que a probabilidade de se
fazer necessária
do género na reciproca communicação
humano. > •

Pelas razões, que ficão expostas, e por


NOTICIA PRÉVIA. 17

outras, que deixo de expôr, por não ser ex


tenso, no que dezejo ser breve: sou de pare
cer, que as primeiras letras forão as Hebreas
(por cuja memória as escrevi na penultima
estampa desta Arte) das quaes se originárão
as Caldaicas, destas as Assyrias, ou Babylóni
cas, Syríacas, ou Aramcas (6), e destas as Ara
bicas (de que actualmente uzão os Turcos)
como as antigas Gregas, e Góticas; cujo Al
phabeto nos presentão hoje afectadamente os
Alemães.
As Latinas procedem das modernas Gre
gas; cuja maior parte das Maiúsculas são as
mesmas do Alphabeto Maiúsculo Romano, ou
Latino; porêm as Egypcias, e Etiópicas não
procedêrão das Hebreas, mas sim dos Jerogly
phicos, ou Emblemas com que reprezentavão
as coizas de maior memória; mas com tudo é
evidente serem mais modernas, que as He
breas,

CAPITULO III.

Das materias em que se gravárão, e escreverão


as Letras antes do descobrimento do Papel
da invenção deste, e do Pergaminho.

|-

/
Devos………
• •
as diferentes, e mais
* No •

verídicas opiniões, que ha sobre a origem, e


invenção das letras, parece acertado dar no

, (6) Abraham depois do diluvio foi o inventor das referi


das letras Syriacas, ou Aramcas, segundo huma inscripção
da bibliotheca Vaticana.
2
18 NOTICIA PRÉVIA.

ticia das matérias em que primeiro se gra


várão, e escrevêrão as letras antes de haver
papel, e pergaminho, e de que estes dois gé
neros se compozerão; cujo descobrimento, e
invenção tém sido tão util, como necessário
aos homens. •

Temos visto, que a singularissima Arte


de Escrita era de absoluta necessidade, tanto
pelas infinitas circumstancias da sociedade em
geral, como pela precizão indispensavel de
conservar a memória dos successos mais no
taveis: por tanto é de crer, que os homens
antes de descobrirem a invenção do papel, ti
vessem diferentes matérias, em que gravas
sem, e escrevessem as letras.
Combinando as noticias que ha a este
respeito, acho que divulgadas as letras, se co
meçárão a gravar primeiro em bronze, e már
more; e depois entrárão a escrever em folhas
de arvores, como ainda hoje o fazem nas da
palmeira os Gentios de algumas partes do
Oriente. As Sibyllas nellas escrevêrão suas
Profecias, e assim chamárão a seus escritos
folhas Sibyllinas; por cuja antiguidade dizem
em linguagem Portugueza folhas de papel, sem
O # ter folhas, mas so por lembrança das
primeiras, que se uzárão para se escrever.
Depois escreveo-se em huma casca tenra de
arvores, que é o entreforro de cortiça, e por
que á dita casca lhe chamavão livro, conser
vão ainda elles o nome; e a divizão de livro
primeiro, segundo, terceiro, &c., que os Es
critores agora fazem, vém da norma com que
antigamente contavão aquellas cascas. Além
disto escreveo-se tambem em o miolo de hu
NOTICIA PRÉVIA, 19

ma certa especie de junco chamado Papyro


(7), de que as margens do rio Nilo abundão;
de cujo Papyro vém o nome Portuguez Pa
pel. Tambem se escreveo em taboinhas de
madeira mui delgadas, e lizas, sobre as quaes
depois de cobertas de cêra se escrevia com
hum instrumento de ferro, de cobre, ou de
aço, a que chamavão estylo, o qual instru
mento tinha hum extremo agudo, com que
escrevião, e outro plano para apagar, o que
tinhão escrito. * . .. * * *

Os Romanos escrevião em folhas de mar


fim suas cartas missivas, e muitas vezes seus
assumptos domésticos: nas columnas de seus
famózos Templos costumavão tambem escre
ver, ou gravar as coizas de maior memória, a
que erão derivados os mesmos Templos.
Nestas diversas matérias continuou-se a
escrever, e a gravar as letras até o século IX,
quando os Egypcios, ou outros Póvos do Orien
te inventárão o papel; que primeiro o fabri
cárão de várias hervas, entre as quaes entrava
o miolo do Papyro onde antigamente escre
vião, até que passando o grande Alexandre
áquelle Paiz, e vêndo-se obrigado pelas suas
grandes victórias, e notaveis acontecimentos
a formar sua bibliotheca em Alexandria, fez
aperfeiçoar aquelle grande invento do papel:
este depois se fabricou de algodão; cujo des
cubrimento se attribue aos Chinas, e fez di

(7) Na célebre, e grandioza livraria do nosso insigne


Portuguez Manoel Severim de Faria se achárão alguns volu
mes escritos no Papyro do Egypto, e outros em folhas de pal
mas, escritos com penna de ferro. -

2 +

20 NoTICIA PRÉVIA.

minuir em grande parte o valor, e estimação


do papel do Egypto.
A industria activa dos Europêos fez des
cobrir outras matérias, com que tém fabricado
o papel, e hoje o fazem de trapos.
O Pergaminho foi inventado em Pergamo
(donde se deriva o seu nome) no tempo, em
que Ptolomeu inimigo da sciencia, e da gloria
de seus predecessores arruinou todos os pa
peis, e cartas que havia no Egypto. Os anti
gos o fabricárão de diferentes pelles de ani
maes, de que abundava o Paiz onde foi in
ventado, e de que seus habitantes andavão
vestidos; hoje porêm o fazem de bezerro re
prensado, ou de pelles de carneiro.
CAPITULO IV.

Dos Caracteres de Letras, que em Portugal


se tem uzado desde a sua maior antiguidade
até os nossos dias.

Se o descobrir a origem, e invenção das


Letras é como coiza impossivel, pelas diver
sidades de opiniões, que ha a este respeito,
como temos visto; quazi que o é tambem em
descobrir verdadeiramente os Caractéres de
Letras, que em Portugal tém havido de sé
culo em século até ao presente desde sua an
quissima Povoação; porêm como o meu in
tento não é fazer hum Tratado confuzo; mas
sim hum Compendio relativo á Escrita, me
persuado que huma pequena noção, que dê
sobre esta matéria, será estimada dos curiózos
da Arte Paleographica. - **--**
NOTICIA PRÉVIA. 21

Portugal, a Luzitania dos Antigos, simi


lhante a outras muitas Provincias se glorifica
da sua grande antiguidade, e conforme os Es
critores Portuguezes, ella foi primeiro povoa
da por Tubal, neto de Noé, sua Familia, e
Descendentes, o qual se estabeleceo em Por
tugal, e edificou huma Cidade, que foi cha
mada do seu nome Tubal, hoje Setubal.
Isto supposto, como Tubal fallasse a lin
gua Caldaica, e as Letras áquelle tempo, co
mo temos visto, já erão inventadas, é de crer,
que ele traria comsigo as Letras Caldaicas (8),
e que por conseguinte farião uzo dellas os
primeiros povoadores deste Terreno, como
tambem do Idioma, como diz o grande histo
riador Fr. Bernardo de Brito na sua Monar
chia Luzitana.
Pela continuação do tempo vierão á Hes
panha, e a várias partes da Luzitania (9) di
versos Póvos, entre os quaes se contão os Ty
rios, os Phenicios, e os Hebreos, e como estas
gentes davão Nome, e Linguagem aos luga
res, que edificavão, ou occupavão, assim tam
bem lhes darião os Caractéres de Letras, de
que uzavão, e com muita probabilidade pode
mos crer, que os nossos Turdetanos, Trans
guadianos, e Alemtejões uzárão de letras (10),

(8) As Letras Caldaicas erão derivadas das Hebraicas,


que presento na penultima Estampa desta Arte.
(9) O sobredito nome Luzitania foi dado a este Paiz
(conforme os mais verídicos Authores) pelos Luzos, Póvos
que depois da primeira fundação vierão aqui habitar.
(10) Estrabão no 1. 3. da sua Geogr., diz que já antes
da era Christãa se gabavão os nossos Turdetanos de terem leis
escritas havia 6000 annos,
22 NoticIA PRÉVIA.
principalmente das Phenicias, que conforme
Plinio erão as mais geraes naquelles remotos
tempos, pois que se tém achado várias inscri
pções (11) em pedra, e em metal, como tam
bem algumas moedas anteriores á vinda dos
Romanos, as quaes existem nos Monetarios
de Suas Magestades, Fidelissima, e Catho
lica. º, , ,

Pelas sobreditas inscripções, e moedas se


sabe que havia nas Terras, que inclue o Rei
no de Portugal, tres diferentes Caractéres de
Letras, que hum era bem similhante ao Gre
go antigo (12), que outro era Latino, e o ou
tro desconhecido.
Além disto sabe-se tambem, que na Be
tica, e na Turdetania (nome do Paiz, onde ha
bitavão os Turdetanos, que é hoje o Reino
dos Algarves, e parte d'Andaluzia) em que
os Carthaginezes tantos annos dominárão, se
fallava a lingua Punica, e que uzavão das Le
tras Punicas, ou Carthaginezas.
A isto se reduz a noticia, que pude in
vestigar dos nossos Caractéres mais antiquis
simos; cujo período abraça até 24, ou 25 an
nos antes da era vulgar: agora porêm darei
noticia das Letras, que se tém uzado em Por
tugal desde o tempo dos Romanos até os nos
sos dias; cuja empreza é mais segura, e me
nos ardua, que a antecedente. • "

Todos sabem, e é coiza assentada entre


os sábios, e historiadores, que 25 annos antes
(11) Argote Historia de Brag., Cardozo Diccion. Hist. e
Geogr., e Brito Mon. Luz.
(12) Que Cadmo introduzio na Grecia, e por consequen
cia era o mesmo carácter de Letra Phenicia.
NoTICIA PRÉVIA. 23

do Sagrado "Nascimento de Jesu Christo, e


aos 729 da fundação de Roma, imperando
Octaviano Augusto, acabárão os Romanos de
se apoderarem da Hespanha, e da Luzitania
á custa de huma cruelissima guerra, que du
rou não menos, que o espaço de quazi duzen
tos annos com successos variaveis, como o
assegura
no. (13) Kelleio Patérculo, historiador Roma
• • • |- *

Senhores pois os Romanos deste. Paiz.


forão com as suas costumadas politicas fazem
do, com que fosse geral o seu Carácter de
Letra, e Lingua Latina, e o primeiro passo
que derão para este fim, foi (como é constan
te) não admittirem no Senado, e mais Tribu
naes reprezentação alguma, que não fosse es
crita em linguagem Latina, e com o seu Ca
rácter de Letra.
Os Romanos, como fica advertido na ori
gem das Letras, tomárão dos Gregos seus Ca
ractéres Maiúsculos, dos quaes, e não de ou
tros uzárão até o século de Augusto (14).
Destes mesmos Caractéres, que com toda a
propriedade lhes podemos chamar Greco-Ro
manos, se servírão então, e ainda muito depois
nos paizes sujeitos ao Imperio Romano, e
delles é que se derivão todos os Caractéres
de Letras, que desde aquelle tempo até ao
presente se uzárão, e se uzão em Portugal, e
por outras muitas Nações da Europa.
(13) Lib, 2. cap. 90. -

, (14) No reinado de Augusto é que o Idioma, e Letra


Latina chegou ao maior auge de perfeição, como se prova
pelas inscripções, e cunhos correspondentes ao tempo do seu
reinado. • + · · · * * * *
24 NOTICIA PRÉVIA.

Porêm como ao principio do século IV


foi invadido o Imperio Romano pelas Nações
barbaras do Norte, forão estas a cauza da
corrupção das Letras, das Sciencias, e da Lin
gua Latina.
Os Godos huma das referidas Nações bar
baras, debaixo de cuja sujeição passou alguns
tempos Portugal, introduzírão hum Carácter
de Letra, de que se uzou infinito tempo com
o nome de Gótica; mas segundo tenho obser
vado em alguns Fragmentos, que ainda hoje
existem, e que a curiozidade me tém movido
a examinar, sou de parecer, que os Godos não
tinhão até áquelles tempos Carácter algum de
Letra propriamente sua, e a que escrevião
era a mesma Romana; porêm tão mal formada,
que em breve tempo a transformárão; e como
elles erão huns póvos pouco instruidos, e ci
vilizados, nunca souberão extinguir de todo,
entre os seus Caractéres de Letras a Roma
na, escrevendo assim huma letra mista, que
com propriedade se lhe deve chamar Romana
Gótica, a qual se fez geral por toda a Europa.
Com tudo assegura João Magno, histo
riador dos paizes septentrionaes, em que ha
bitavão os Godos, que estes já antes de virem
a Italia, como auxiliadores dos Romanos, ti
nhão, e uzavão da sobredita Letra Gótica, ou
Monacal (como alguns lhe chamão), a qual
lhes havia ensinado Ulfilas, Bispo Ariano; por
cujo motivo tambem outros as denominão Le
tras Ulfilanas. Em fim tivessem, ou não os
Godos Letras antes de virem á Italia, é certo
que fazendo-se hum simples cotejo com as
referidas Letras, Gótica antiga, e Romana, se
NoTICIA PRÉvIA. 25

observa huma pequena diferença, e esta póde


proceder, como é provavel, de elles não a sa
berem escrever.
Os Arabes Africanos, que invadírão a
Hespanha, e a maior parte da Luzitania ao
principio do oitavo século, fizerão que fosse
uazi geral o seu Idioma nas terras, que por
élles forão conquistadas; porêm nunca podé
rão introduzir o seu Carácter de Letra Ara
bica, de que ainda hoje uzão.
Os Monumentos, ou Inscripções que se
tém encontrado de seus tempos, como erão
gravados, não podemos dizer que nos deixá
rão seus Caractéres, como alguns querem.
Em quanto ás Medalhas, ou Moedas por
elles cunhadas na serie de seus governos, é
propriedade de todos os Conquistadores; por
tanto a Lingua Arabica não ha questão, que
foi quazi *# porêm os Caractéres, isto é,
o uzo delles nunca teve introducção.
Expulsos os Arabes da Luzitania, pelas
incomparaveis victorias, que os bravos Luzi
tanos, defensores da Fé Catholica ganhárão,
se continuou a escrever o referido Carácter
de Letra Gótica; porêm com sua mescla de
Letra Franceza (15), como provão os Escri
tos do século XII; mas como então entre os

(15) Esta Letra Franceza assim chamada; porque na


França se uzava, e de que ElRei D. Afonso VI de Hespa
nha, depois da tomada de Toledo mandou uzar nos Oficios
dos Escrivães, é a mesma Letra Romana Gótica, a qual como
fica dito, se tinha feito quazi geral; mas com alguns gráos
de augmento, e de variação; porêm este augmento não forão
os Francezes quem lho deo; mas sim os Alemães, que le
várão esta lerra ao maior auge de perfeição.
26 NOTICIA PRÉVIA.

Calygraphicos succedia o mesmo, que agora


succede, pois que os havia excellentes, me
dianos, e infimos, e que finalmente cada hum
escrevia a seu modo, forão (á excepção dos
primeiros) desfigurando a Letra, e confundin
do-a com rasgos, e breves arbitrários em hu
ma, Linguagem então sem concordancia, de
maneira que fizerão, com que fosse dificil o
lêrem-se seus Escritos. • •

Todavia como Portugal sempre abundou


em famózos Artistas, e homens scientificos em
todas as Sciencias, e Artes tambem se elevou
na Calygraphia, e no século de quinhentos
para seiscentos chegou ao seu maior auge de
perfeição, escrevendo-se, e esculpindo-se pri
morozamente o Carácter de Letra Gótica-Ger
manica (16), como se prova pelos manuscri
tos existentes na Magestoza Bibliotheca Pú
blica, e por infinitos disticos esculpidos em
pedras. * * * *

A esta casta de Letra Gótica-Germanic


seguio-se a invenção da imprensa; a qual se
gundo a opinião mais bem recebida se attri
bue ao famozo Artista de Estrasburgo João
Guttemberg, e fez escurecer em # parte
a sobredita Letra Gótica-Germanica. ,
Logo depois se entrou a uzar para os ma
nuscritos da Letra appellidada Bastarda, que
pela Italia se uzava, e de que Manoel Barata
(16) Chamo Letra Gótica-Germanica á que se escrevia
na era de quinhentos para seiscentos, por ser a Nação Germa
nica, a que mais aperfeiçoou a célebre Letra Romana-Gótica,
manifestando ás mais Nações hum Carácter de Letra formoza,
elegante, e facil de se lêr , de sorte que mais se lhe deve
chamar Letra Alemã, do que Gótica.
NoTICIA PRÉVIA. 27

deo ao Público em Lisboa, no anno de 1572,


huma Arte, vindo assim a ser este Calygra
phico o primeiro, que nas Hespanhas appare
ceo com Originaes de Letras abertas em cha
pas; mas as desgraças que sobrevierão a Por
tugal, pela injusta posse de Filippe II, foi
cauza da decadencia das Artes, Sciencias, e
Commércio; porêm logo que foi restaurado
pelo seu legitimo possuidor, o Serenissimo Du
que de Bragança, e acabadas as guerras, que
os Portuguezes sustentárão com heroico ani
mo, pela conservação de seu legitimo Mo
narca, e liberdade da sua Patria, entrárão a
reverdecer as Artes, e Sciencias.
Em 1719 deo á luz Andrade a sua Arte
de Escrita, que enriqueceo de elegantes abe
cedarios ornados de engraçadas laçarias: este
author, e os seus contemporaneos compozerão
hum formozissimo Carácter de Letra, que de
nominárão Portuguez, do qual se uzou até ao
principio do Reinado do Senhor Rei D. Jozé I:
este Sapientissimo Rei creando várias Aulas,
auxiliando, e premiando as Sciencias, e as
Artes fez florecer igualmente a da Calygra
phia; começando-se a uzar, e a ensinar-se os
Caractéres modernos das Letras Ingleza, e
Franceza: desta ultima forão Leonardo Jozé
Pimenta, e Francisco Gonçalves Neri os Pro
fessores mais habeis, e que produzírão me
Ihores Discipulos. Da Letra Ingleza foi Fi
lippe Neri o primeiro Professor; por cuja pri
mazia, e merecimento adquirio grandes cre
ditos da Nação.
Em 1784 deo ao Público em Coimbra Ma
noel Dias de Souza Presbytero Secular hum
28 NOTICIA PRÉVIA.

livro de 4.", que intitulou Escóla Nova, onde


aprezentou huns originaeszinhos de Letras, se
guindo em parte a Andrade.
Em 1794 deo á luz Antonio Jacinto de
Araujo a sua Arte de Escrita, que impropria
mente a intitulou: Nova Arte de Escrita In
gleza. A minha asserção é verdadeira, porque
o Carácter de Letra, que Araujo aprezenta
em seus Originaes nunca foi Ingleza, nem ao
menos se parece com ella, nem com outro
qualquer Carácter definitivo de Letra, o que
se prova cotejando seus Originaes, com os
que nesta Arte mostro, ou com outros aber
tos em Inglaterra, e sobre tudo as desuzadas
Letras Maiúsculas das Estampas 10, 12, e 13,
do que se infere ser a sua Letra de curiozi
dade inventativa, e não imitativa: logo seria
mais proprio a intitulasse: Nova Arte de Es
crita Araujentica, derivada assim do seu Ap
pellido Araujo.
CAPITULO V.

Advertencias geraes aos Pais, Mestres,


- e Discipulos.
Devos de ter mostrado o importante
objecto da Educação da Mocidade, e as in
# vantagens, que della resulta á Na
ção, aos Pais de Familias, e a cada hum em
particular, a utilidade da Escrita, a origem, e
invenção das Letras, as matérias em que pri
meiro se gravárão, e escrevêrão, a invenção
do papel, e pergaminho, e as Letras que em
Portugal se tém uzado desde sua maior anti
A DVERTENCIAS GERAES. 29

guidade: pede a boa ordem, que antes de


propormos as regras, e méthodos de começar
a aprender a escrever, façamos algumas adver
tencias aos Pais, Mestres, e Discipulos. Assim
advertirei primeiro aos Pais o summo cuida
do, que devem ter na eleição dos Mestres
para seus filhos, de cujo acerto (como diz
Aristoteles) pende todo o bem da Juventude:
aos Mestres a dignidade de seu oficio, as obri
gações, e circumstancias que lhe incumbem;
e aos Discipulos o seu comportamento nas
Aulas, o respeito, e veneração que devem
tributar a seus Mestres, e activa applicação
ás lições, para assim poderem tirar fructo de
seus estudos, e chegarem a ser uteis a si, a
seus maiores, e á Pátria.
Primeiro. É sem dúvida grande a utili
dade, que resulta á Juventude do acerto de
bons Mestres, e muito importante o cuidado,
que os Pais devem ter na sua eleição, porque
della pende o bom regulamento da conducta,
e progresso de seus filhos.
As historias tanto Sagradas, como profa
nas nos oferecem muitos exemplos. Lot (co
mo reflecte S. João Chrysostomo) foi tão justo,
porque na sua puericia tivera por Mestre a
Abrão. Josué foi tão grande entre os de Israel,
porque foi discipulo de Moysés.
Os antigos reis da Persia, assim que ti
nhão algum filho, era o seu maior cuidado
procurar-lhes bons, e scientificos Mestres.
Esta verdade reconheceo o rei Filippe Ma
cedonio, quando teve seu filho Alexandre, por
que escrevendo a Aristoteles, mostrava maior
gosto em ter hum filho para ser discipulo de
30 ADVERTENCIAS GERAES.

tal Mestre, do que para herdeiro de seu


TG II1O. • •

Destes, e de outros muitos exemplos, que


por brevidade deixo de referir, se comprova
a necessidade, e cuidado que os pais devem
ter de procurar para seus filhos mestres vir
tuézos, sábios, e honrados- •

Devem ser virtuozos, para que com sua


doutrina, e bom exemplo edifiquem os disci
pulos, e os instruão no máximo, e verdadeiro
principio da Sabedoria, que é o temor de Deos,
porque a boa doutrina emenda a má natureza,
como adverte Cicero. ,
Devem ser sábios, porque so com estes
pódem os discipulos tirar bom fructo de seus
estudos, e empregar bem o seu tempo, e os
pais o que com elles despendem.
Devem ser honrados, isto é, de conheci
da, e pública probidade, para segundo ella
conduzirem a seus discipulos; porque sendo
a honra, e probidade, o que mais caracteriza
o homem, e a demonstração exterior, pela
qual se faz conhecer a veneração, o respeito,
e a estima que se tém pela dignidade, ou pelo
merecimento d'alguem, e por ella adquirir a
boa reputação: so a taes mestres, é que os
pais devem entregar seus filhos, para que es
tes tambem o sejão, e se prezem de serem
discipulos de honrados Mestres.
Segundo. E o exercicio de ensinar o mais
nobre, e de que muito se devem prezar os
Mestres, pois neste ministério se tém empre
gado os maiores, e sábios homens do mundo.
* E com efeito a prerogativa de Mestre,
em quanto á sua dignidade, é a mais honori
ADVERTENCIAS GERAES, 31

fica, pois basta vêr, que o mesmo Deos a teve,


e exerceo na terra: logo tambem é grande o
cuidado, que o Mestre deve pôr em desem
penhar suas obrigações. • -

O primeiro, e maior cuidado de hum Mes


tre, é instruir os seus discipulos nos bons
costumes, conforme as maximas da Religião
Christãa, para cujo desempenho se encami
nhão a servi-la todas as Artes, e Sciencias,
persuadindo-lhes o temor de Deos, o amor ás
virtudes, e aborrecimento aos vicios, para que
deste modo, ao mesmo tempo, que crescerem
nos annos, cresção tambem nas virtudes, e
bons costumes, pois o que nos primeiros se
aprende, dura tambem nos outros.
Deve o Mestre reprehender, castigar, e
premiar: deve reprehender, quando o cazo
não pede castigo, e deve castigar quando o
pede, porque o castigo não se encontra com
o amor, e o mesmo Deos castiga aos que ama.
O castigo
ziado proporcionado é remédio, se dema
é tyrannia. •

Assim é conveniente que os mestres, ou


directores regulem o modo mais suave do cas
tigo dos meninos, tomando sempre em consi
deração a sua tenra idade, e curta compre
hensão, de sorte que não pareção tyrannos,
nem lizongeiros, porque todo o extremo é
viciozo, e hum Mestre aspero, mais escanda
liza, que ensina, pois como diz S. Jeronymo:
Não ha coiza mais torpe, que o Mestre vio
Jento. •

Ha diferentes modos de castigar os me


º ninos: a dôr, a privação dos divertimentos,
do comer que appetecem, os actos de humi
32 ADVERTENCIAS GERAES,

liação, e o quebrantamento da propria von


tade, que talvez é o castigo mais util.
Deverão pois os mestres, ou directores
elegerem sempre com prudencia aquelles cas
tigos mais convenientes, segundo o delicto,
indole, ou repugnancia dos meninos, valendo
se primeiro dos meios mais suaves para os
estimular, e obrigar ao cumprimento das suas
obrigações, não sendo conveniente dar-lhes o
castigo, logo que comettem a falta, e desta
sorte conheceráõ os meninos, que os mestres
quando lhes dão a correcção, ou o castigo,
não é por lhes quererem mal; mas sim o seu
bem.
Igualmente devem os mestres tambem
premiar os meninos, para os animar, e suavi
zar, pois a esperança do prémio suaviza o tra
balho. A emulação é boa industria para este
fim, porque os estimula a honra, e gloria do
triunfo, sendo este o meio mais eficaz, para
que os meninos cumprão com suas obrigações.
Para este fim é conveniente haver nas Aulas
lugares de preferencia, que occupem os que
mais se distinguem em bons costumes, e adian
tamento, e os mestres distribuiráõ aos desta
classe alguns prémios mensalmente, e farão
notório o seu aproveitamento, e boa conducta,
para assim estimular os mais.
Em fim, quem ensina deve ser dotado de
muita prudencia, e virtude, porque estas são
as circumstancias,
tuem além do saber, que consti
hum mestre perfeito. •

Parecendo-me ter tratado do necessário


sobre os dois primeiros pontos deste Capitulo,
passo em fim a tratar do terceiro, isto é, do
ADVERTENCIAS GERAES. 33

comportamento
e applicação ás dos discipulos,
Lições. . . seus deveres,

Este terceiro ponto é fundado particu


larmente sobre a Urbanidade, que é a Scien
cia que ensina a collocar em seu devido lugar,
o que temos de fazer, ou dizer, e reduz-se á
verdadeira modestia, e honestidade que de
vem acompanhar todas as nossas acções, e
palavras, não se podendo possuir estas quali
dades sem a estimavel prenda da humildade,
que deve ser o fundamento de todas as nossas
operações, e sentimentos.
Por tanto todo o menino se deve com
portar na sua Aula (e em qualquer outro lu
gar) com modestia, honestidade, e humildade,
isto é, com gravidade, sizudeza, circumspec
ção, decencia, &c., amando, e estimando muito
os seus condiscipulos, como nos ensina a Re
ligião Christãa.
Igualmente deve hum menino tributar o
mesmo respeito, subordinação, e veneração a
seus mestres, que tributa a seus pais; por
que se a estes deve o ser, áquelles que são
segundos pais, deve o uzo delle pela boa edu
cação, sabedoria, e virtudes.
E do dever de hum menino bem criado, as
sim que entra na Aula saudar a seu Mestre, e
condiscipulos, e cumprir vigilante, e com exa
ctidão tudo quanto para o bom ensino, e provei
tozo estudo elle lhe ordenar, contribuindo quan
to estiver da sua parte, para o socego, e quie
tação de todos, segundo as regulações estabe
lecidas para o bom governo, tratando os seus
condiscipulos com cortezia, não dando nunca
motivo, a que o censurem de falta de criação.
3
34 ADVERTENCIAS GERAES.

Finalmente deve hum menino applicar


se cuidadozamente aos seus estudos, encom
mendando-se primeiro, que comesse a estu
dar, a Maria Santissima, pedindo-lhe luz, e
acerto a fim de tirar aproveitamento, e che
gar a ser util a si, a seus maiores, e á Pátria.
—=>->@S)<<<>$-@<><

REGRAS METEODIGAS.

Para se aprender a Escrever o Carácter da


Letra Ingleza.
--…@@@=-

CAPITULO I.

§ 1.

Definição, e Divizão da Arte de Escrever.

A EscFITA é a Arte, que ensina a for


mar, unir, e colocar conforme as regras suf
ficientes, e seguras das Letras, as palavras,
e linhas de cada diferente modo de escrever.
Divide-se em Especulativa, e Prática. A
Especulativa manifesta as regras, e meios ne
cessários para uzar com segurança de todas
as linhas, e traços que se fórmão com a pen
na, o que é facil conseguir, mediante os pre
ceitos de bons Mestres. A Prática ensina a
formar as letras, supposto o conhecimento da
Especulativa, pois o entendimento deve pri
meiro estar informado das regras da Arte,
… para as exemplificar com a correspondente
direcção.
3 %
36 REGRAS METHOD ICAS

§ II.

Das linhas, que se uzão na Escrita.

As linhas com que se fórmão todas as


Letras, são a recta, e a curva, a recta fórma
se sobre huma superficie plana, e não tém
parte alguma curva, taes são as da primeira
lição Est. 3.°
A curva tém algum dos seus extremos,
ou ambos curvados: participa da recta, quan
do hum so extremo é curvo, como se mostra
na lição 4.° n.° 1.° Est. 5." (17).
Entre as linhas rectas se incluem tambem
as parallelas: assim dizemos, que duas linhas
são parallelas, quando traçadas em hum mes
mo plano, estão em todos os seus pontos em
igual distancia: logo as linhas rectas da 1."
lição Est. 3." são parallelas, pois estão forma
das sobre hum mesmo plano, e achão-se em
igual distancia humas das outras, e daqui in
ferimos que as linhas parallelas, ainda quan
do se prolonguem ao infinito, não se pódem
encontrar.
Estas mesmas linhas se chamão tambem
obliquas, porque estão inclinadas da direita
para a esquerda, e se estivessem ao contrário
tambem o serião, porque huma linha é obli

(17) A linha que tém hum so extremo curvo, e outro


recto, chama-se linha mista: assim linha mista, é a que
tém parte curva, e parte recta, isto é, que participa das duas
linhas, da recta, e da curva.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 37

qua, quando não cahe perpendicular sobre


Outra.
Linha perpendicular é quando huma re
cta cahe, ou se levanta sobre outra recta, e
não se inclina mais para hum, que para outro
lado: assim a linha CD Figura 2.° Est. 3." é
perpendicular, pois está levantada sobre a re
cta AB, e não se inclina mais para hum, que
para outro lado. -

Em as linhas curvas devemos tambem


considerar a circumferencia do círculo: logo
a linha ACB, que fórma a circumferencia do
meio círculo Fig. 2.° Est. 3." é curva.
§ III.

Dos Traços da Escrita. \,

Os Traços essenciaes, que se uzão na


Arte de Escrever se reduzem a tres, a saber:
traço, ou grosso perfeito, meio grosso, e traço
fino.
Grosso perfeito é o maior, que se fórma
quando ambos os bicos da penna dirigida pela
mão fazem tal fôrça sobre o papel, que obri
gão á maior abertura, que a penna permitte.
Meio {" (que commummente se faz
ao travez da esquerda para a direita) é o que
atravessa alguma letra, haste, ou rama desta,
como se observa na maior parte das Maiúscu
las, colocadas nesta Arte.
Fórma-se ladeando a penna com fôrça
mediana, de maneira que não obrigue abri
rem-se os bicos
- Traço fino é o mais delgado, que a pen

38 REGRAS METHODICAS

na descreve, quando guiada pela mão sóbe


subtilmente.
§. IV.

Dos Espaços, e Intervallos. .


Topas as Letras Minúsculas, que se
compõem sómente de córpos primitivos (18),
COmO a, C, e, l, m, n, O, r, S, u, v, x, 2, Occu
pão simplesmente hum espaço: este fórma-se
entre duas linhas parallelas, que dizem res
peito á sua altura, como se mostra na 3."li
ção Estampa 4."
Porêm as outas letras, que fóra dos cór
pos primitivos prolongão suas hastes como
b, d, f, g, h, j, k, l, p, q, /, y não so occupão
o espaço das antecedentes; mas tambem hu
ma altura, e hum quarto, ou huma altura e
meia do mesmo espaço, como adiante mais
claramente mostrarei.
Entre letra, e letra ha dois diferentes
intervallos: o primeiro, é a distancia compre
hendida entre huma, e outra letra; cuja liga
ção, ou traço fino da primeira se encosta á se
gunda, sem formar curvo na extremidade su
perior, comprehendendo assim huma largura
igual á da letra antecedente, como se vê na
formação das letras da 3.", e 4.º lições: o se
undo intervallo comprehende largura e meia
{ ás vezes duas, como mostrarei na 5."lição)
da letra antecedente: fórma-se entre duas le
tras, quando o fino da primeira, curva na ex
(18). Entende-se por corpo primitivo a altura, da letra
comprehendida entre as linhas superior, e inferior da regra.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 39

tremidade superior, ou inferior da segunda,


como se observa nos números 5, e 6 da 3."
lição.
§. V.
- **

Dos instrumentos necessários a hum Professor


de Calygraphia.
Nesse… Artifice póde executar com
primor as manufacturas da sua Arte, sem
bons, e proprios instrumentos, e particular
mente nesta por ser a principal de todas,
pois sem ella mal se poderão executar, e
aprender as outras. * * * *

Pelo que sendo a Calygraphia fundada


sobre regras geométricas, é necessário para
se executar com perfeição d'alguns instru
mentos Mathematicos. * * * * * *

Assim hum Professor Calygraphico ne


cessita de hum Semicirculo graduado, como
reprezenta a Fig. 2.° Es, 3.° Este instrumento
serve para por meio delle se achar a obliqui
dade, ou inclinação de qualquer letra, segun
do os gráos, que lhe determina o seu Cará
cter: o modo de uzar deste instrumento adian
te o explico. . . . …
Preciza de huma regra exacta, e bem
desempenada, que deve ser de madeira pe
zada, e rija para que as linhas, que houver
de tirar com ella fiquem direitas: este instru
mento póde ter dois, ou tres palmos de com
primento, e pollegada e meia de largo: as
melhores
latão, regras são as de metal, isto é, de
ou aço. - • • -

Preciza tambem de hum. Esquadro, e

*
40 REGRAS METHODICAS

ainda que este instrumento é mais proprio


para certos oficios, com tudo tambem nesta
arte se preciza delle, porque para se iguala
rem os angulos de hum quadrado, ou de hum
paralelogramo, para depois se traçarem as
paralelas, ou outras linhas, e ficarem com
exactidão, não ha outro meio de o fazer per
feitamente senão com o Esquadro, e os me
lhores são os de metal.
Tambem preciza de hum bom Compasso,
eujas extremidades das suas pontas se ajus
tem, e sejão iguaes, e delgadas a fim de que
os pontos, que se assignarem com ellas, fi
quem ao mesmo tempo perceptiveis, e mini
mos: disto se tira a vantagem de poder col
locar a regra com exactidão, e tirar parallelas
quantas linhas se ofereção.
Os melhores compassos são os fixos, pela
razão de conservarem a medida, que se toma,
o que não succede, com os que não são fixos,
pois estes são susceptiveis de a perderem,
pela facilidade de abrirem, ou fecharem, e
custão muito a governar.
Necessita tambem de hum Tiralinhas, que
tenha os extremos exactos, e alguma coiza
curvados, ou boliados. Com este instrumento
se tirão facilmente as linhas mais grossas, e
ficão com igualdade em toda a sua extensão,
o que não succede tirando-as com a penna.
Carece tambem de hum bom Canivete
para aparar as pennas, o qual para melhor
commodidade deve ter huma unica folha, e
esta delgada, e que acabe da parte do fio di
reita: o cabo deste instrumenio convém seja
plano, por se acommodar melhor na mão.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 41

§. VI.
Da Penna.

A PENNA é o instrumento, de que re


gularmente nos servimos para escrever, quan
to se nos oferece. A experiencia, e a com
mum opinião dos Authores nos diz ser prefe
rivel a da aza direita, o que se conhece pondo
a penna em acção de escrever, e ficando a
rama mais larga de fóra, e a mais estreita da
parte do peito, pois se accommoda melhor en
tre os dedos.
A Penna deve ser clara, sem samago
principalmente pela parte do lombo, que é
onde se faz o corte, e abertura dos bicos:
quanto á sua grossura, deve ser em propor
ção da altura da letra, que quizermos formar,
pois com huma Penna grossa não podemos
executar com primor hum cursivo, assim co
mo com huma Penna delgada não se póde
fazer hum bom bastardo: isto se observa nas
pennas figuradas na Est. 2.", pois a do bas
tardo é mais grossa, que a de bastardinho, e
esta mais grossa, que a de cursivo. |-

§. VII.

Do Papel, e Pergaminho,
H, diversas qualidades de Papel, das
quaes o melhor é o mais claro, lizo, todo
igual, e bem collado. A igualdade se conhece
pelo transparente, pondo-o contra a luz, e o
42 REGRAS METHODICAS

bem collado, escrevendo-se nelle, e não fi


cando a letra com mais grossura, do que der
a penna.
O Pergaminho melhor é o de bezerro:
elle deve ser mais sobre o branco, que sobre
o amarello, lizo, sem cal, nem nódoas; estas
se conhecem pondo-o contra a luz.

§. VIII.
Da Tinta.

A TINTA com que se escrever, deve ser


bem negra, e líquida; isto se conseguirá, fa
zendo-se d'algum dos modos, que abaixo en
sino.
Tome-se huma canada de vinho branco,
e lancem-se-lhe dentro seis onças de galha da
mais crespa, e denegrida, quebrada em pe
quenos bocados, duas onças de caparroza da
mais verde bem moida, huma onça de gom
ma arabia (que se dissolverá á parte em pou
ca agua, pela razão do vinho não a dissolver
tão bem) oitava e meia de anil de Castella
bem azul, algumas cascas de româa feitas em
bocadinhos, e meia onça de pedra hume. Tu
do estará de infuzão em boião vidrado (que
não tenha ainda servido) por dez, ou doze
dias, mexendo-se a miudo com páo de Fi
gueira brava, rachado na ponta em cruz, con
servando-se sempre dentro na mesma infuzão.
Findo o referido tempo, coar-se-ha a tinta por
panno pouco transparente, e nas fezes que, fi
carem na vazilha, se lançará mais meia ca
nada de vinho, que estando outro tanto tem
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 43

po, e mexendo-se da mesma sorte, misturar


se-ha
para acom a primeira, que juntamente serve
liquidar. • • >

Esta tinta se póde tambem fazer em agua


de cisterna; mas não fica tão boa, e tém o
defeito de crear bolor (19). º * * *

Alguns costumão ajuntar-lhe huma onça,


ou mais de açucar candi, talvez para lhe dar
mais lustro; mas eu sou de parecer, que se
lhe não ajunte, pela razão do tempo a fazer
humedecer, e para a tinta ter lustro basta a
gomma arabia. •

Outro modo de fazer tinta.


A ExPERIENCIA me tém mostrado ser
a tinta acima declarada muito sujeita á cor
rupção do tempo, pelo motivo da muita ca
parroza, que se lhe faz precizo ajuntar para
melhor se dissolverem as outras matérias, de
que é composta, vindo por esta cauza a fazer
se pelo decurso do tempo amarella, e até a
romper o papel. Querendo pois ser util á Na
ção, donde tenho a dita de ser Nacional, em
tudo quanto a seu beneficio as minhas fôrças
chegarem, discorri outro modo de fazer tinta
preta para escrever, a qual fosse permanente,
e não estivesse sujeita á corrupção do tempo,
COmO a Outra. • •

Fazendo pois diferentes experiencias a


este respeito, tenho conseguido fazer huma
| s | — —

(19) Na Venda sêcca em a quinta do Pimenta ha huma


agua ferrea excellente para se fazer esta tinta, e não pre
cizo deitar-lhe caparroza, pois a tém dissolvida pela natureza.
44 REGRAS METHODICAS

tinta para escrever, que jámais mudará da


sua côr natural, nem queimará o papel; e não
querendo fazer mysterio desta minha inven
ção, nem occultar (o que muitos fazem de
coizas menos uteis) o que se faz geralmente
proveitozo, e necessário, a manifesto nesta
obra, e é a seguinte.
Em quarenta e oito onças de vinho branco
mui delgado, e sem a menor confeição se lan
çará onça e meia de páo de cambéche feito
em miudas raspas, quatro onças de galha bem
negra, feita em pequenos bocados: isto se
porá a ferver em vazilha de cobre por esta
nhar, até ficar em trinta e duas onças; em
cujo ponto se lhe ajuntará immediatamente
meia onça de caparroza da mais verde, bem
moida, duas onças de gomma arabia (que já
estará dissolvida á parte em agua quanto bas
te) e demorando-se depois muito pouco tempo
ao lume, para que não chegue a receber mais,
que huma curta fervura, se lhe deitarão duas
oitavas de pós de sapatos desfeitos em pó
subtil, e amaçados em huma onça d'agua ar
dente da primeira sorte: feito isto, tirar-se-ha
logo para fóra do lume, e se deixará esfriar,
para ao depois se coar por panno, não muito
ralo, para que não passe o pó dos ingredien
tes,
para de
esteque
fim alambicar
tinta é pelo
composta
panno.deixando-a

Tanto esta tinta, como a outra se deve


guardar tapada, para que lhe não entre pó,
pois a prejudica; e esta mesma precaução
deve haver com o tinteiro, o qual póde ser
de diferentes qualidades, porêm os melhores.
são os de vidro, •
PARA se APRENDER A EscrevER. 45

CAPITULO II.

§. IX

Methodo de aparar a Penna.


How dos attendiveis objectos da Arte
de Escrever é o saber aparar as pennas com
os aparos proprios, e indispensaveis para os
diferentes tamanhos de letras, que tivermos
de formar; pois sem isto ficaria infructuozo,
e de nenhum proveito todo o mais ensino da
Arte: por tanto é necessário, que o Mestre
cuide em ensinar amiudadas vezes ao Disci
pulo o aparo da penna, não permittindo por
sua omissão, que elle saia da Aula, sem saber
esta parte essencial da Arte.
Para se aparar huma penna toma-se esta
com a mão esquerda, e com a direita (sendo
a primeira vez, que se aparar) tira-se-lhe a
terça parte inferior da rama de hum, e outro
lado, para que a penna fique liberta entre os
dedos; depois corta-se com o canivete na ex
tremidade superior da rama o final desta para
que não embarace no hombro : desta fórma
tiramos á penna a rama, que póde estorvar,
e conserva-se-lhe a outra para seu ornamento.
Feito isto, pega-se na penna virada da parte
do lombo, com os tres dedos pollegar, indice,
e maior da mão esquerda, e com o canivete,
o qual deve estar bem afiado, corta-se-lhe o
maior brando na extremidade inferior, e vi
rando depois a penna pela frente, perfilando-a
bem, para que o aparo não fique inclinado
46 : - REGRAS METHODICAS

para algum dos lados, mas sim á frente da


penna, dá-se-lhe o primeiro talho; cuja altura
deve ser em proporção da grossura da penna,
como se mostra, nas que se achão figuradas
na Estampa 2": este talho, que figura o ca
nal do aparo da penna, desbasta-se até o meio
da sua grossura mirando-se dos lados, para
que não fique mais alta de huma, que da ou
tra parte: concluida esta operação, imagina-se
o referido canal como dividido em tres altu
ras iguaes, o que se observa pelas linhas de
pontinhos, que atravessão as pennas da refe
rida estampa, e da terça parte inferior, dei
xando o dobro para a superior (20), talha-se
o primeiro lado do aparo, e medindo pela
frente a outra parte opposta da penna, para
que ambas fiquem da mesma altura, corta-se
o segundo lado : este desbasta-se obliqua
mente tanto como o primeiro, até se formar
na extremidade inferior do aparo hum bico,
que deve corresponder ao meio da largura da
penna: finalizado isto, dá-se a racha para se
formarem os bicos; a qual deve ser dada em
cima de madeira rija, e liza. pois do contrário
ficará falhado o corte: para este fim firma-se
a penna da parte do lombo sobre a madeira,
e dá-se-lhe o corte (21) com a ponta do ca
(20) Observa-se na Estampa 5, da Arte de Araujo, não
dar este Author medida regular ao aparo da penna, pois
quazi, que tém tanta altura para cima dos lados, como a
que estes tém, formando assim hum aparo irregular, desai
rozo, e sujeito a vários inconvenientes, sendo os maiores a
falta de conservação da tinta, e do mesmo aparo,
(21) Se a penna for para bastardo, ou para letra cor
rente, como é a penna a Est. 2. deve a racha ter a terça
parte do aparo; porêm se for para bastardinho como a penna
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 47

nivete de huma so vez, conservando a este


tempo a penna firme (22): afinão-se depois
os bicos, ficando o da direita mais grosso, que
o da esquerda (posta a penna em acção de
escrever) e cortão-se sobre a unha do dedo
pollegar, ou em cima de huma penna mettida
dentro da outra: para isto atravessa-se o ca
nivete, mirando a ponta deste a parte do pei
to; em cuja acção se cortão transversalmente
os bicos de maneira, que o mais grosso fique
maior, e o mais delgado menor (23). …;

b Est. 2. deve ter tres quartos da altura dos lados; e se for


para cursivo como a penna c da mesma Est. 2. terá sómente
metade, o que tudo claramente se mostra pelas linhas, de
monstradas pelos algarismos 1. e 2., que atravessão as pennas
da referida Est. 2. na extremidade superior das rachas: donde
inferimos, que em proporção da altura da letra, para que a
penna se aparar assim deve ser o seu corte, como tambem a
grossura da penna, a qual sendo para bastardo deve ser de
n.° 5, ou 6, para bastardinho de n.° 3, ou 4, e para cursivo
de n.° 1, ou 2; tirando-se desta regra sómente a penna para
a letra corrente, a qual ainda que é do tamanho da cursiva,
sempre se deve escrever com a penna de bastardo, por esta
aturar mais escrita, que as outras; porêm é necessário afinar
os bicos até ficarem quazi agudos, e cortão-se iguaes. Este é
o melhor aparo para a letra corrente.
(22) O melhor modo de dar a racha á penna, para ficar
perfeita, é obrigando-a com outra penna nova a abrir. Para
este fim dá-se primeiro com o canivete huma pequena racha,
e depois com a outra penna obriga-se a abrir mais, º tendo
cuidado de pôr o dedo pollegar em cima do lombo da penna
junto á primeira fenda, para que não abra demaziadamente.
(23) A linha obliqua onde descanção as pennas Est. 2.
mostra a inclinação dos bicos, a qual é de 15 gráos, como se
acha demonstrado.
Advirta-se que sendo a penna grossa, ou dura devem-se
chanfrar os bicos na extremidade inferior, pela parte de fóra:
para este fim deita-se o canivete sobre o lombo da penna,
quazi no fim dos bicos, e quando a apara do chanfro estiver
48 REGRAS METHODICAS

§. X.

Postura do Corpo, Assento, e Carteira, ou


P Meza para Escrever.
E EsTE hum ponto dos mais essenciaes,
que hum Mestre deve fazer observar exacta
mente a hum Discipulo, pois da má pozição
do corpo, nasce muitas vezes não se aprender
perfeitamente a escrever, e a ruina da saude,
principalmente a falta de vista; por cujos mo
tivos deve o Mestre, logo que o Discipulo
entrar a exercer a Arte, ensinar-lhe a postura
regular do corpo, declarando-lhe o quanto pre
judicial lhe virá a ser o contrário.
Hum Discipulo deve estar sentado so,
em assento proporcionado á sua altura, e da
carteira, ou meza onde estiver escrevendo,
de sorte que afastados os braços algum tanto
do corpo cheguem os cotovelos acima da car
teira (24).
O corpo deve estar direito, sem tocar
com o peito na carteira (25), em cima da
proxima a sahir, sustenta-se o canivete, põe-se quazi perpen
dicular sobre a penna, e cortão-se os bicos junto com o corte
do chanfro. Quando esta operação se faz de huma vez, fica
a penna perfeitamente aparada.
Araujo não segue isto, pois dá a todas as pennas huma
mesma altura de racha, como se vê da referida Est. 5. da
sua Arte, sendo assim o unico Author, que até ao prezente
tal coiza observa, e a razão nos mostra o contrário.
(24) A carteira, ou meza para se escrever deve ter os
prumos exactos, para que esteja firme. •

(25) Sou eu o unico Mestre até ao prezente, que nesta


Capital tém a sua Aula estabelecida ao uzo das de Londres,
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 49

qual estará assente o braço direito ficando de


fóra a distancia de quatro dedos, como tam
bem o esquerdo para conservar a postura do
corpo, e não deixar chegar o peito á carteira,
ou meza, porque prejudica a saude. => "
… A cabeça igualmente deve estar prefilada
com o corpo, e o papel seguro pela mão es
querda, e alguma coiza inclinado para a es
querda.… - - , , ,º
- §. XI. :
* * * * * * * * * ** * * * * *

º Methodo de pegar na Penna. …, , ,

Esr, circumstancia é das mais attendi


veis, pois sem a qual fica como impossivel o
executar-se primorozamente a Arte de Escre
ver: sobre este assumpto todos os Authores
tém feito grande recommendação, e declarado
diversos méthodos, e do seguinte fiz eleição
por ser o mais liberal, firme, e facil de uzar.
"A Penna se deve tomar com a mão di
reita sustendo-a com os tres dedos, pollegar,
indice, e maior: este deve estar encostado ao
lado direito da penna, logo acima da extre
midade superior do aparo, para que a penna
fique liberta a operar suas funções, como
tambem para aceio do dedo, pois andando
este mais baixo se suja de tinta: o indice
unido ao maior descançará sobre o lombo da
penna, e o pollegar alguma coiza curvado
—--+=—----

vindo assim a ter cada Discipulo sua carteira separada para


escrever; cujo uzo é proveitozo, necessário, e preferível 2O
da meza. Ainda ultimamente renovei a minha Aula, e a
elevei á maior perfeição: de sorte que neste particular, não
sei que mais se possa fazer. - - * - - - - *: ***
4
50 # : ; REGRAS METHOBICAs.
(como tambem o indice, e o maior) se con
servará sustendo a penna do lado esquerdo:
os dedos annular, e minimo estarão firmesso
bre o papel, e quazi recolhidos para a palma
da mão de maneira, que fazendo-se os maior
movimento com a penna, até onde permittem
os dedos que a sustem, não toquem estes nos
dois, que estão curvados para dentro. -

O pulso deve estar assente da parte di


reita, e levantado alguma coiza da parte es
querda, de sorte que a rama da penna fique
direita ao hombro; além disto deve o pulso
conservar-se firme, ao tempo que se manobrar
a penna, para que o traço saia recto; pois do
contrário sahirá tremido... # … - {
-
, , , ,,, , , , " "; ; ; , , ", - ; , ' ' '' º
# | §. XII. •
| …, …" * **
…. . ,?

Da colecção das Paula… …" ***

Tesº sido sempre o meu intento, des


de que exercito o emprêgo de ensinar, pro
curar meios faceis, e seguros para queios
meus discipulos aprendão a escrever com bre
vidade, e perfeição; e conhecendo pela exper
riencia, que as pautas deliniadas com a incli
nação da letra facilita muito, e serve de gran
de auxilio a quem aprende a escrever, tenho
para este fim completado huma collecção de
pautas para todos os Caractéres de letras, que
nesta Arte ensino, as quaes se acharáõ á
venda junto com esta Obra. * #: " … , ,,, , ? "

… . A pauta n.° 1 serve para se formar as


duas primeiras lições da Letra Ingleza, como,
adiante ensino, e tambem se deve uzar no
#
PARA SE APRENDER A ESCREVER, 51

principio de todas as lições até á de Bas


tardinho, escrevendo por ella algum tempo,
pondo-a debaixo da escrita, para deste modo
adquirir a inclinação da letra, que é o seu
primeiro, e principal preceito, sem o qual ne
nhuma letra póde ser boa, º " ' ": **

- A pauta n.° 2 é para se escrever a pri


meira lição de Cursivo da Letra Ingleza. No
seu uzo se observará com exactidão a incli
dação da letra, guiando-se para este fim pelo
parallelismo obliquo, que demonstra a pauta,
e chegando as hastes simplices tanto superio
res, como inferiores á linha média, que divide
os espaços das regras; e as hastes compostas,
isto é, as que tém rama; e as letras maiúscu
las excederáõ a dita linha média até ao meio
do espaço, que vai desta linha á regra imme
diata, tanto superior, como inferiormente." "
**A pauta n.° 3, é para se formar a segunda
lição de Cursivo. No seu uzo se observará o
mesmo, que acima deixo dito, advertindo, que
as hastes compostas, e letras maiúsculas de
vem chegar á linha, que divide o meio espaço,
que ha entre regra, e regra, e o p, t, e ponto
do i devem tocar a primeira Kinha da parte
superior da regra.”****** * * * * *
A pauta nº 4 é para se escrever o Cur
sivo geral da Letra Ingleza, isto é a letra de
que se deve fazer uzo na prática, por ser a
mais proporcionada para o expediente, e assim
esta pauta serve geralmente para todos. No
seu uzo se observará, que as hastes simpliees
cheguem á linha média do espaço, que ha
entre regra, e regra; as hastes compostas, e
letras maiúsculas á linha, que divide o meio
4 ºk
32 ..….; * REGRAS METHODICAS- e , , ,

espaço, e o p, t, e ponto do i, que toquem a


primeira linha da parte superior, e deste modo
ficaráõ as hastes simplices com duás alturas
do corpo primitivo da letra; as compostas, e
letras maiúsculas com tres, e o p, t, e ponto
do i com huma da parte superior. … " …
A pauta n.° 5 é para se aprender a es
crever os Caractéres das letras # Gº

Aldina: está deliniada com vinte gráos de


obliquidade, que é o que determinei dar ás
referidas letras, como adiante ensino. Fórmão
se pela dita pauta tres diferentes alturas de
cursivo de ambos os Caractéres, isto é, maior,
menor, e minimo: o maior escreve-se pelas
regras mais largas, que estão divididas em
tres partes, chegando as maiúsculas, e as has
tes superiores, e inferiores da Letra Aldina,
á primeira linha demonstrada nas extremida
des pela letra A; e as maiúsculas, e hastes
da Letra Portugueza á linha demonstrada nas
extremidades pela letra P. O cursivo menor
escreve-se pelas regras mais grossas, que les
tão do meio da pauta para baixo, chegando
as maiúsculas, e as hastes da Letra Aldina á
linha accuzada por A; e as maiúculas, e as
hastes da Letra Portugueza á linha accuzada
por P. O minimo escreve-se sobre as linhas
grossas, que estão no meio das regras mais
largas, e as hastes da Letra Aldina, e maiús
culas correspondentes, chegão ás linhas finas
da regra; e as maiúsculas, e hastes da Letra
Portugueza,
Aldina. . . devem
. ter o dobro das
• • * da
#;" Letra
.……… >

< - Desta pauta se deve, tambem uzar, por

algum tempo no principio de todas as lições


* *
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 53

de ambos
rir ós-Caractéres,
a obliquidade preciza.para assim se adqui
• • * *

* Aº pauta n.° 6 é para se aprender a es


crever os caractéres das Letras Romana, e
Gótica: como estes caractéres se fórmão per
pendicularmente, deliniei a pauta para este
fim com o parallelismo tambem perpendicu
lar, e por elle se deve guiar toda a letra. As
regras desta pauta, que estão divididas em
tres partes oferecem caminho para se escre
ver diferentes alturas de Letras: póde-se es
crever as letras, que na Typographia se cha
mão Breviario maior, ou Pandecta, Leitura,
Tanazia, Parangona, óc. A Pandecta escreve
se no claro do centro da regra, isto é, entre
as linhas grossas, e as suas hastes, e maiús
culas correspondentes, tomão a altura das li
nhas grossas da mesma regra. A Tanazia es
creve-se nos dois terços da regra, e a Paran
gona nos tres, e as hastes, e letras maiúsculas
correspondentes chegão á primeira linha fina
horizontal, tanto superior, como inferiormen
te. A Leitura póde-se escrever entre as duas
linhas finas, que fazem separação das hastes
da Parangona. ……… , º º -

…Além disto póde-se formar pela referida


pauta as letras maiúsculas de muitos diferem
tes tamanhos, porque como estas letras são
formadas dentro de hum quadrado, como se
vê na Est. 39, e o deliniamento da pauta,
fórma huma serie de quadrados, quem souber
tirar partido della, achará as proporções para
todas as letras maiúsculas, e tambem para as
minúsculas, guiando-se pelos preceitos, e pró
porções que mostrão as Est. 38, e 39. * * *
#4 REGRAS METHQDICAS , , , ,

Este especulativo ácerca das letras ror


manas, que se pódem fazer pela pauta n.° 6,
se entenderá tambem a respeito das letras
góticas, as quaes se pódem escrever pela dita
pauta dos mesmos tamanhos das romanas.… .
Julgo ter explicado o necessário para se
poder fazer uzo das referidas pautas; cujo
invento é propriamente meu: pelo que me
fica a honra, e gloria de primeiro. -

CAPITULO III
. * . - - **** * **. * ** e º

S. XIII, º
Noticia da Letra Ingleza, de suas principaes
variações, e Authores. * _, * . . * *

- ? * * *

N……… das Nações da Europa tar


dou mais, que a Ingleza em formar hum ca
rácter cursivo, que dominasse geralmente em
o ensino de todo o Reino, pois até que pu
blicárão suas obras Lucas Materot, natural
de Borgonha em 1604, o insigne João Vandel
}Yelde, natural de Roterdão em 1605, e o far
mozo Luiz de Barbedor, natural de París
(o melhor entre os Francezes) em 1647, não
sahio entre os Inglezes obra alguma a este
respeito, nem se desviárão do seu Carácter
antigo de Letra; cujos Alphabetos Maiúsculo,
e Minúsculo presento na Estampa 8.° desta
Arte, que era derivado do Gótico-Romano, e
lhe dão o nome de Chancellaresca. #… ;
PARA se APRENDER A EsèREvER. 55
Do primeiro dos Authores citados se apro
veitárão para formar a Letra Italiana, de que
fazem grande uzo em seus escritos: do se
gundo para a Letra Aldina, ou Grifa; e do
terceiro em fim, para a sua letra cursiva, se
gundo claramente se deixa perceber pelo co
tejo de humas com outras letras,, pois êm
meu poder conservo as obras dos ditos Au
thores. … " º : : : : : : :

- Deste modo regularão os Inglezes, àinda


que hum tanto tarde, todos os Caractéres, e
fizerão vêr com a penna, que tinhão tão deli
eado gôsto em a Calygraphia, como em as
obras das mais artes. • . ** **

º Elles não so imitárão os Caractéres dos


outros Authores Estrangeiros; mas tambem
os excedêrão, aperfeiçoando os mesmos Ca
ractéres; e destes extrahindo outro, que de
nominárão Carácter Inglez. . .
º Declarado já o Carácter da Letra pri
mária, que os Inglezes escrevião, antes de
compôrem, o que hoje geralmente escrevem,
os Authores de que se valêrão para este fim,
e as vantagens que alcançarão sobre os mes
mos, passarei a dar noticia de seus Authores,
ainda que poucos, porque não sendo Carlos
Snell, João Clark, e Jorge Shelly, unicos entre
os Inglezes, que até ao presente tém tratado
seientificamente da Escrita, todos os mais só
mente se tém reduzido á Prática da parte
Imitativa publicando excellentes collecções
de originaes, e guardando hum profundo si
lencio, no que diz respeito á Theórica das
regras da Arte Calygraphica. …
O primeiro Author, de quem temos no
S6 # REGRAS METHODICAS * *

ticia, foi Thomás Watson, que vivia em 1665


(26), de quem conservo algumas obras, das
quaes infiro ter sido Watson famozo Calygra
phico; mas seguindo em parte a Barbedor.
Cocker, contemporaneo de Watson es
creveo em 1666; mas não fez mais, do que
seguir o primeiro. -

Carlos Snell, o primeiro que em Ingla


terra ensinou a escrever com regras funda
mentaes, como se vê da sua obra, que publi
cou em 1710, na qual apresentou todos os
Caractéres, que naquelle tempo se uzavão,
demonstrando mathematicamente o modo de
os formar.
Aos referidos Authores, e a seus con
temporaneos seguio-se João Clark, que em
1714 publicou huma volumoza obra, na qual
excedeo a Carlos Snell, não so na velocidade,
que demonstrão seus Caractéres; mas tam
bem nas proporções, que deo á letra cur
SIV3. * *

A João Clark seguio-se Jorge Shelly, que


publicou sua obra em 1715, na qual mostrou
a delicadeza da sua penna, e deo hum novo
méthodo para o ensino da letra cursiva. Tanto
este Author, como os outros acima nomea
dos não derão regras algumas para as Letras
Maiúsculas, e as que derão sobre as Minús
culas, são tão cheias de mathemática, que
(26) . Este anno é memoravel em os annaes Inglezes, não
so por haverem estes já reconhecido a seu Rei Carlos II filho
do desgraçado Carlos I, como tambem pela completa victória,
que aquelle Monarca ganhou aos Hollandezes, com quem es
tava em guerra, tomando-lhes 22 navios, e obrigando-os
deste modo, a que ajustassem as pazes de Breda, º
PARA SE APRENDER_A ESCREVER. 57

póde dizer-se
adultos, teremque
e doutos, elles escrito
para mais para os
a mocidade. •

Além dos ditos Authores tém Inglaterra


abundado em outros muitos; mas nenhum es
creveo regras sobre esta matéria, á excepção
dos que acima ficão nomeados; porêm os mais
modernos, e particularmente Langford, tém
aperfeiçoado tanto o Carácter da Letra In
gleza com tão delicado gôsto, que deixão se
pultados aquelles, que os referidos Authores
antigos escrevêrão debaixo de confuzas regras
mathemáticas. * * * • • •• • • * * }

|-

* *

Descripção da 1." Estampa da Arte..." .


: - º .
• A PRIMEIRA Estampa, ou Frontispicio
da Arte, reprezenta hum Escudo oitavado, no
qual está escrito em diversos caractéres o
titulo da Obra, e o Augusto Nome do Sere
nissimo Principe D. Pedro, como poderoza
Egyde contra a malevolencia, que sempre pro
cura denegrir o merecimento daquelles, que
com assidua applicação so dezejão ser uteis á
Patria, e ao Soberano, a quem tém a gloria
de pertencer. - •

, ... Sobre o dito Escudo ha huma Coroa sus


tentada por dois Génios Jovens, que em atti
tudes symmétricas, parece fallarem aos Guer
reiros, que estão dos lados do Escudo vestidos
á Romana, os quaes tambem em attitudes
idênticas estão domando, e abatendo o orgu
lho, e a mordacidade, a inveja, e a ignorancia;
58 *# REGRAS METHODICAS

cujos vicios estão symbolizados nos Dragões,


e máscaras, que lhes servem de baze,
Toda esta allegoria é desenhada em fórma
de laçaria, e de huma so pennada, formando
huma tarja, que embelleza a Obra, e acre|-
dita o seu Author. - •

Prevenções geraes. *

A… de começar com os méthodos


de aprender a escrever os diferentes caracté
res, que nesta obra ensino, proponho as se
guintes precauções, que serviráõ de utilidade
tanto a quem ensina, como a quem aprende.
1." Todos sabem que o escrever é hum
ponto principal de educação, e muito estima
vel o escrever bem. Pelo que é necessário
não retardar o seu ensino; e como em hum
menino é menos repugnante a acção de es
crever, que o exercicio de lêr, não é mister
que elle saiba bem lêr, para começar a es -* * * * *
CreVer. - + . - - |-

2.° Será muito util, que o mestre instrua


primeiro o discipulo nas regras mais necessá
rias da Arte, segundo a sua idade, e particu
larmente no pegar da penna - , !

3." Ao principio o mestre deve guiar a


mão ao discipulo, fazendo-o escrever á sua
vista, e o fará observar exactamente todo o
correspondente á postura do corpo, papel, e
penna, como coizas indispensaveis." …

4." Para habilitar a mão ao discipulo, será


bom começar cobrindo linhas rectas, que te
nhão inclinação correspondente á letra, que
PARA SE APRENDER_A ESCREVER. 59

houver de aprender, e que guardem perfeita


igualdade entre si. , º
5.° Deve depois começar a imitar as li
nhas, e traços mais faceis, seguindo #*#
sivamente até chegar ao mais difficil. Este
méthodo a que chamão sinthetico, é o que se
deve preferir no ensino das sciencias, e artes.
6." Para o discipulos conseguir escrever
bem, é necessário exercitar muito a mão, for
mando com desembaraço todas as linhas re
ctas, circulares, aspiraes, mistas, e horizon
taes até estar capaz de imitar todos os cara
ctéres. * .

7." Ao principio de cada lição é conve


niente, que o discipulo cubra a letra com a
penna sêcca, para habituar a mão por meio do
movimento regular, e tomar a fórma da letra
8. O mestre deve corrigir as escritas, fa
zendo vêr ao discipulo os defeitos, que com
metteo contra as regras da arte, e a falta de
imitação do exemplar. … s… … ? - 1
9." Deverá o mestre não so ensinar ao
discipulo a formar as letras; mas tambem lhas
fará á sua vista, porque de vêr fazer as coizas
aprende-se mais, do que houvir dizer como
se fazem. … : : - {

10." Tambem deverá o mestre fazer co


nhecer ao discipulo os espaços, que deve ha
ver entre letra, e letra segundo as suas liga
ções, e de palavra a palavra, como adiante
melhor se verá.
11."… Não convém aos principiantes fazer
diferentes fórmas de letras. O melhor é que
elles aprendão primeiro huma so fórma, que
seja expedita, e singela. " * * * *

GO REGRAS METHODICAS ,

12." A altura da meza, ou carteira, e do


assento deve ser proporcionada á pessoa, que
GSCTCVCT.

13." O papel deve conservar-se alinhado


com o braço, e a costa da mão, que não es
teja deitada, para que a penna fique direita
com o hombro, como adiante melhor se verá:
14." … Tambem é conveniente que os exem
plares constem de sentenças uteis, e que a
letra seja de bom carácter, e bem formada,
porque as primeiras impressões decidem mui
to de qualquer ramo de educação. |-

15." A letra clara, e liberal é preferivel


para o ensino cummum, e assim é conve
niente, que o mestre faça escrever o disci
pulo letra de maior altura, para que os dedos
tomem movimento largo, sendo-lhe depois fa
cil passar ao pequeno. .

16." Deverá o mestre, inspirar ao disci


pulo o bom gôsto (que é o incentivo, que
nas Artes encaminha o entendimento) e aceio
em todas as suas escritas. … *

17." Ao escrever é necessário não apertar


de mais a penna, porque faz a mão pezada,
e o grosso da letra mais cheio, do que é mis
ter, para o que será util, que a penna tenha
aparo flexivel. :

18." É precizo que o discipulo aprenda


logo o aparo da penna segundo a letra, que
houver de escrever. # *

19." Em o discipulo chegando a escrever


cursivo, fará a diligencia por hir escrevendo
seguido, não levantando a penna, sem neces
sidade, até conseguir escrever palavras intei
ras sem erguer a penna, ainda que para isso
PARA SE APRENDER A ESCREVER, 61

faça algum movimento retrógrado, formando


de hum golpe todas as letras, que poder ser,
pois isto contribue muito para ao depois es
crever corrente. : , ; ; /, |-

e 20." O mestre deve vigiar o discipulo, e


evitar que elle faça vizagens com a bocca, e
olhos, nem incline a cabeça para algum dos
lados, porque todo o máo costume adquirido
na infancia, dura ao depois para ao diante.
a 21." Por ultimo aconselho ao discipulo to
me de memória todas as lições elementares
de Calygraphia, que nesta obra ensino, por
que sabendo-as, póde ao depois na prática dar
á penna a devida direcção. … … … … …, …

# A
Methodo de começar a aprender o Carácter
da Letra Ingleza.
". … , f … CAPITULorv. * #
* * *. * . * . ………, …
• • * * - - •

* **
* …" … e º # … :) . . …"; " .
o: ; # º priº. …a $. XV. - . ."

* #; - 1; * * * *r, *. :::

º * ** ** obliquidade da Letra Inglesa. #

- -- De todos os Caractéres de Letras, que


na Europa se tém seguido, é o Inglez o mais
obliquo; seus Authores lhe dão 35 gráos de
ºbliquidade: o mesmo sigo nesta Arte; cuja
####### 3° Fig. 2"; e
cujo méthodo de a procurar é o seguinte.
, Trace-se a linha recta AB. Est. 3. Fig.
2." sobre a qual levante-se a perpendicular
62. * REGRAS METHODICAS

(28) CD: tome-se hum semicirculo graduado,


como se mostra na mesma Fig. 2.° Est. 3",
e colocando-o sobre a linha recta AB, de
sorte que as extremidades inferiores se ajus
tem com a dita linha recta AB, e o centro
com a perpendicular CD: colocado o semi
eirculo desta fórma, se contaráõ do ponto C
para a direita pela graduação do semicirculo
35 gráos; cujo ponto se marcará no papel, e
determinará a obliquidade proposta, e por
conseguinte o Angulo de 35 gráos CDE: des
viando depois o semicirculo, se lançará a li
nha obliqua EDF, que se acha demonstrada
por pontinhos na referida Fig. 2.° Est. 3."
§. XVI.
* ** * * … v. · · · · · · · · ** **
Primeira Lição.
A PRIMEIRA, lição, que hum Mestre
deve applicar ao Discípulo no ensino da Ca
lygraphia é a das linhas rectas, Lição primeira
Est. 3º (29) estas se fórmão obliquamente
(28) Para se levantar huma linha perpendicular sobre
qualquer baze plana, toma-se huma medida arbitrária com o
compasso, por exemplo, do ponto a ao ponto D, e deste em
igual distancia ao ponto b Fig. 2. Est. 3., recebendo depois
no compasso a distancia comprehendida de a a b, coloca-se
huma ponta do compasso em a, e fazendo gyrar a outra,
traça-se o arco rc:: depois sem mudar de medida obra-se o
mesmo respeito a b, e desereve-se o arco zcs, o qual cortando
o primeiro arco em c, dará o ponto, que corresponda perpen
dicularmente a D. logo a linha que se lançar do ponto c ao
ponto D, será perpendiçular, pois não pende nem para a,
nem para b. - |- + - *

(29) Araujo sobre esta lição não fez mais, do que formar
linhas, pois nem lhe assignou a distancia, que se deve guar
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 63

com a penna de bastardo (30), carregando


sobre o bico direito, por este ser maior, que
o esquerdo, até ficar igual com o outro, e
trazendo-a com fôrça sempre constante, desde
a linha superior da regra até á inferior, para
que o traço saia com grossura igual, a qual
se deve executar em os mais traços desta li
ção, pois não devem ficar huns mais gróssos,
que outros, advertindo que ao começar estas
linhas, ou outras de maior extensão, os dedos
que tomão a penna devem estar pouco cur
vos; porêm curvão-se mais em proporção, que
a penna, vai descendo formando a linha: além
disto deve-se guardar na formação das refe
ridas linhas, ou traços hum mesmo parallelis
mo, de maneira que dos espaços, que occupão
tres linhas, menos a grossura, de huma, se
forme o Rhomboide demonstrado na Fig. 1."
Est. 3", donde se infere, que o espaço que
deve haver entre linha, e linha é metade da
altura de huma, tomada na obliquidade da
mesma linha: logo os espaços, que ocou
pão tres linhas, devem formar a altura de
huma. • • |- … : . ,

1 & Achando o Mestre, que o Discipulo está


desembaraçado na formatura das linhas da
primeira lição, formando-as com os preceitos
acima declarados, o passará para a lição se
guinte: • -- - •

dar exactamente entre huma, e outra linha; preceito essen


cial que deve ser ensinado, • : * *** * *
. (30) , Da penna de bastardo se deve uzar até á lição de
cima, desta lição por diante até á primeira de cursivo da
Penha de bastardinho, e da primeira de cursivo até o fim
deste, da penna de cursivo. * ***** # - - :
64 REGRAS METHODICAS

- *

. *** * * **#
s. XVII. - • • • • • •

… " … º Segunda
* , :
* , -
Lição.
{,, , , , ' • •

• A MAIOR belleza da Escrita consiste na


regularidade dos curvos, donde resulta a igual
dade das Letras; por cujo motivo se faz in
dispensavel o exercicio da segunda lição, fa
zendo por conseguir executa-la perfeitamente,
pois como consta de linhas curvas em ambos
os extremos, pelo seu uzo se consegue a igual
dade, que se deve guardar em a formação das
Letras. "; , … - * * * - -- - - -

A segunda lição Est. 3." é o que vulgar


mente se chama ligação: suas linhas curvas
em ambas as extremidades, e successivamente
ligadas humas ás outras, formão-se subindo
com a penna (algum tanto inclinada sobre o
bico maior, com o qual se fórma o traço fino)
subtilmente até á linha superior da regra, e
gyrando a penna em fórma oval para o lado
direito, se fórma o curvo superior, donde des
cendo até á linha horizontal da mesma regra,
formando a linha magistral, se torna a fazer
o mesmo gyro com a penna, para se formar
o curvo inferior da dita linha magistral: su
bindo immediatamente sem levantar a penna
formar-se-ha outra linha como a primeira, vim
do assim a executar-se duas linhas de huma
vez, não parando com a penna, senão ao meio
da altura do traço fino, que continuar para a
terceira, quinta, e setima linha, &c. Depois
# haverá grande cuidado em
liga-las com o meio traço fino deixado, de
PARA SE APRENDER A ESCREVER, 65

sorte que não se perceba onde se suspendeo


a penna: além disto se advertirá, que as ex
tremidades curvas da linha não devem ter
tanta grossura, como tém a parte recta da
mesma linha, sendo necessário para este fim
alliviar a penna nos curvos, de fórma que che
gando a tocar nas linhas superior, e inferior
da regra, esteja extincto o grosso. Este pre
ceito bem executado dá á Letra Ingleza muita
graça; mas para se observar deve-se contem
plar as referidas linhas desta lição (e igual
mente todas as linhas curvas) como divididas
em seis partes iguaes, e notar tanto superior,
como inferiormente a sexta parte, para pro
porcionalmente diminuir a grossura dos cur
vos, os quaes devem ser uniformes.
Quanto á distancia, que deve haver entre
linha, e linha é a mesma, que fica declarada
a respeito das linhas da primeira lição, for
mando assim o espaço, que occupa tres linhas
menos a grossura de huma, o Rhomboide de
monstrado na mesma Est. 3." Fig. 3."; e o
mesmo se entenderá a respeito dos traços fi
nos, cujos devem ficar colocados ao meio do
claro, que ha entre linha, e linha relativo a
esta lição.
Tendo-me a experiencia mostrado pela
continuação de ensinar, que as duas primeiras
lições acima declaradas custão aos principian
tes grande trabalho, gastando muito tempo,
primeiro que cheguem a faze-las com a per
feição, que se requer, e é necessária: que
rendo pois facilitar-lhes a brevidade de as
executarem com os preceitos, que ficão espe
cificados, inventei huma pauta (que se vende
5
66 REGRAS METHODICAS

com a collecção das Estampas) delineada se


gundo os referidos preceitos, pela qual se fór
ma a primeira, e segunda lições; cujo méthodo
de a uzar é o seguinte.

Methodo de uzar da Pauta das duas primeiras


Lições.
N o exercicioda primeira lição das li
nhas rectas se uzará da referida pauta, collo
cando-a debaixo de papel branco, e delgado
(por se vêr melhor) e pela sombra das linhas
mais grossas se fórmão os traços obliquos,
desde a linha superior da regra, que a mesma
pauta mostra, até á inferior: isto se uzará
pelo espaço de 15 dias, findos os quaes, se
continuará no mesmo exercicio; mas sem a
pauta, regrando então a Escrita da mesma
fórma, que reprezenta a pauta, no que res
peita á altura, que os traços obliquos devem
ter.
Passando-se para a segunda lição, se tor
mará a uzar da pauta, colocando-a tambem
debaixo do mesmo papel, formando os traços
finos pela sombra das linhas mais delgadas, e
os traços gróssos pela sombra das linhas mais
gróssas, tudo conforme fica acima especifica
do no §. XVI, e isto pelo mesmo prazo de
tempo determinado para as linhas rectas,
- - - - -
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 67

CAPITULO V.

§. XVIII.

Terceira Lição.
Todas as letras de que esta terceira
lição trata, e as mais restantes do Alphabeto
Minúsculo, á excepção do x, se devem fazer
de huma vez sem levantar a penna; porêm
primeiro que explique o como se fórmão, no
tarei as situações da penna, e como esta se
deve levar na formação dos traços horizon
taes, e dos curvos, não obstante o que fica
dito sobre a segunda lição: preceitos estes,
que se devem sempre ter em ponto do vista.
As situações da penna, de que se faz maior
uzo no exercicio da Escrita, são tres: pri
meira quando desce, na qual se fórma a maior
grossura da Letra, carregando sobre o bico
direito, até ficar igual com o esquerdo; se
gunda quando sóbe, na qual se fórma o fino,
alliviando a penna, e inclinando-a hum pouco
sobre o bico direito: terceira quando ladêa,
com a qual se fórmão os traços horizontaes,
levando a penna hum pouco inclinada para a
palma da mão. Estas situações se tomaráô
como regra geral, exceptuando da primeira
sómente a haste da letra z, pois ainda que é
feita descendo com a penna, esta se deve le
var com tanta suavidade, que descreva hum
traço fino, como ella descreve na segunda si
tuação, para que a dita haste fique inteira
mente fina. Além disto teremos tambem como
5) *
68 REGRAS METHODICAS

regra geral, que os curvos das Letras, no Ca


rácter Inglez, devem ter o grosso diminuido
proporcionalmente, até que tocando na linha
superior, ou inferior da regra finalize o dito
grosso: para este fim é necessário levar a
penna com suavidade carregando progressi
vamente, quando o curvo for superior, e alli
viando, quando for inferior.
Comprehendidas as situações da penna,
e a norma de a manejar nos curvos, se pas
sará á formação das Letras Minúsculas, de
que a terceira lição Est. 4.° consta, devendo
o Mestre ensinar primeiro ao Discipulo a fór
ma de regrar a Escrita, conforme mostra a
Est., no que respeita á altura da letra, e do
espaço que ha entre huma, e outra regra, o
qual será igual á mesma altura da letra: de
pois lhe ensinará a forma-las, como abaixo
explico.
* A Letra c n.° 1 principia-se da sexta
parte superior da sua altura (como se mostra.
pelas linhas rectas, que dividem os dois cc
contornados em seis partes iguaes) formando
huma cabecinha de grossura média, e gyrando
a penna, curvando o traço para a esquerda,
até tocar no regrado superior, demonstrado
nas extremidades pela Letra d, se fórma o
primeiro curvo de metade da largura, da do
segundo, como se observa pelas linhas finas
obliquas traçadas nos ditos co contornados; e
descendo immediatamente até o regrado in
ferior, demonstrado nas extremidades pela Le
tra f, curvando a linha magistral para a di
reita, se fará o segundo curvo, terminando o
traço fino ao meio da altura da regra, onde
PARA sE APRENDER A Escr EvER. 69 |

deve ligar o seguinte c, como demonstra a li


nha média da mesma regra.
A Letra e n.° 2 começa-se do meio da
sua altura por huma linha fina (mais obliqua
que a primitiva) que prolongando-a até o re
grado superior se continúa como a letra c,
tendo cuidado, de que a dita linha fina fique
ligada ao meio da primitiva, para formar o
olho do para
no fino, e, noo qual se dá depois hum toque
fortificar. •

A Letra o n.º 3 é huma figura oval, que


deve ser começada do lado direito, na terça
parte superior da sua altura, e elevando o
traço até o regrado se fará o curvo superior
de igual largura, que o do inferior, e conti
nuando-se immediatamente o traço até se en
contrarem as suas extremidades, haverá cui
dado de as ligar de maneira, que não se co
nheça onde se principiou.
A Letra a n.° 4 é composta de hum o, e
de hum i : a sua união se fará de fórma, que
o ovado do o se conheça perfeitamente, isto
é, que não sobreponha.
A Letra i comprehendida no mesmo nú
mero 4, é huma linha mista, recta na extre
midade superior, e curva na inferior: logo
deve-se principiar como as linhas da 1." Li
ção, e acabar-se, como se acabão as da 2."
terminando o fino no meio da altura da regra,
onde se lhe unirmos outro i, resultará hum
u; de que se infere ser a Letra u composta
de dois ii, sem os signaes superiores, como
mostro nos números 20, e 21 da Lição 5."
Est. 6." - - • . *. * * •

A Letra m n.° 5 fórma-se de tres linhas:


70 REGRAS METHODICAS

as duas primeiras são curvas na extremidade


superior, e rectas na inferior: logo devem-se
começar como se começão as linhas da 2."
Lição, e acabarem-se como as da 1." A ter
ceira curva em ambas as extremidades fórma
se, como fica prescrito no §. XVII: estas li
nhas ligadas ao meio da sua altura, occupão
dois espaços, que devem ser paralelos.
A Letra n comprehendida no mesmo n.° 5
compõe-se das duas ultimas linhas de hum m,
occupando assim hum so espaço.
A Letra r n.° 5, começa-se formando hu
ma linha, como a primeira de hum n, na qual
ao meio da parte direita se liga hum fino,
que se eleva á linha superior da regra, donde
descendo até á quarta parte do regrado (co
mo se mostra
curvando-se dos odois
sobre ladorrdireito.
contornados) sóbe•

A Letras n.° 7 começa-se formando hum


traço fino recto (31), que se prolonga á linha
superior da regra, donde descendo pelo mes
mo fino brandamente sem o engrossar, até á
quarta parte superior, sahe-se com a penna
para o lado direito, formando huma linha cur
va em seus extremos, a qual se continúa até
á quarta parte inferior, onde sobre o traço
fino se finaliza a Letra com huma cabecinha
grossa, como tudo se mostra nos dois ss: : : con
tornados. " " • * * * : ::: :

A Letra v m.” 8 fórma-se da segunda


perma do n, elevando-se deste o traço final
até á linha superior da regra, donde se desce,
… …
(31)
quidade. O traço fino recto do s deve ter 50 gráos
• : #de obli
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 71

engrossando-se metade da grossura da linha


primitiva, e se diminue progressivamente até
ficar igual com o fino ao meio da altura da
Letra, depois na quarta parte superior, é que
deve ligar o seguinte v, como se observa nos
dois vv contornados. * * * *

A Letra a n.º 9 é composta á similhança


de dois co, ficando o primeiro inverso; cuja
união deve-se fazer de sorte, que a maior
grossura do a fique transversal da esquerda
para a direita, e os dois lados oppostos intei
ramente finos: isto para se fazer perfeitamen
te é necessário, que o primeiro c fique grosso
sómente até o meio da parte superior, e o
segundo do meio para baixo; então unindo o
meio grosso do primeiro, com o meio grosso
do segundo, se formará a dita grossura trans
versal (a qual não deve exceder da grossura
das mais letras) e ficaráõ os dois lados oppos
tos inteiramente finos. * * * * *

… A Letra 2 n.° 10 começa-se formando


hum traço horizontal de movimento curvo em
seus extremos, ao qual da parte direita se lhe
une huma linha fina, e recta (32) que se pro
longa até á linha inferior da regra, onde se
lhe ajuntará da parte direita outro traço ho
rizontal como o primeiro. •

- * , * * * * * * - *: . … º it * *. . .
á , • …is , , … "

... º

(32) A linha recta do z deve ser tão obliqua que divida


hum quadrado da grandeza do mesmo z em dois angulos re
ctos, e por conseguinte lhe chamaremos linha diagonal, como
se acha demonstrado no z contornado. > :
72 REGRAS METHODICAS

CAPITULO VI.

§ XIX.
Quarta Lição.
E» o Discipulo formando perfeitamente
as Letras da 3." Lição, cujas hastes não ex
cedem do corpo primitivo da Letra, passará
a formar as restantes do Alphabeto Minús
culo, de que a quarta Lição Est. 5.° consta;
nas quaes ha duas diferentes hastes, a saber:
haste simples, e haste composta. A simples oc
cupa para cima da linha superior da regra, ou
para baixo da inferior, conforme a sua cons
trucção, huma altura e hum quarto do corpo
primitivo da Letra; e a composta altura e
meia do mesmo corpo primitivo, tanto supe
rior como inferiormente (33).
Comprehendidas as alturas, que se de
vem dar ás hastes, se formaráõ as Letras, co
mo abaixo ensino. - - - -

* A Letra l n.° 1 não se diferença do corpo


primitivo do i em outra coiza, que em o du
plo, e hum quarto da sua altura: logo deve-se
formar, como fica dito no §. XVIII número 4;
quando porêm se formarem dois ll (como tam
bem dois bb, dois hh, e dois kk) o primeiro
(33) Araujo dá demaziada altura ás hastes, de maneira
que para não se encontrarem será precizo (por me explicar
assim) huma folha de papel para se escreverem duas regras,
e por esta cauza se achão algumas hastes embaraçadas com
outras (hum dos erros mais : crassos
e 18 da sua Arte. , , ; , ;*
na letra) nas Est. 14, 15,
• • •
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 73

será de haste simples; mas o segundo deve


ser de haste composta, e se fará da maneira
seguinte. “;

Hum quarto acima da linha superior da


regra, demonstrada nas extremidades pela Le
tra d, se começa hum traço fino (mais obli
quo que o magistral) que se eleva á linha
demonstrada nas extremidades pela Letra b,
onde gyrando a penna para o lado esquerdo,
se fórma o curvo superior, e descendo até á
linha inferior demonstrada nas extremidades
pela Letra f, se finaliza como o l de haste
simples.
A Letra b n.° 7 fórma-se de hum l, con
tinuando deste o traço final até á linha supe
rior da regra, donde se desce pelo mesmo
traço, engrossando-se levemente, como fica
dito a respeito da Letra v. Da quarta parte
superior deve sahir hum fino, com o qual liga
o seguinte b, em distancia igual á sua largura.
A Letra h n.° 2 começa-se formando hu
ma linha recta, como as da 1." Lição, e acaba
se, juntando-lhe outra da parte direita como
a da segunda perma de hum n, o que clara
mente se mostra no mesmo número 2, de que
se infere ser a Letra h composta de huma li
nha recta, e outra curva nas extremidades á
imitação da segunda perna do n. •

A Letra k n.º 8 se faz traçando huma li


nha como a primeira de hum h, á qual se lhe
une da parte direita hum c inverso, que acaba
sem grossura ao meio da altura da regra
(como demonstra a linha rs nos kk contorna
dos) do qual sahe para a direita huma linha
a exemplo da segunda perna de hum n, º
74 * REGRAS METHODICAS , ,

A Letra d n.° 3 é composta de hum o, e


de hum l: este se deve unir ao o, de maneira
que não encubra a menor parte do seu ovado,
isto é, que não sobreponha. Fórma-se como
a Letra a, pois esta não se diversifica do d
mais, do que na prolongação da sua haste,
como se vê no mesmo número 3.
A Letra p n.° 4 é de huma construcção
muito facil, e singela; porque formando huma
linha como as da 1.° Lição Est. 3", e unindo
lhe da parte direita outra linha á imitação da
segunda perna de hum m, nos resultará hum
p, cuja haste além de huma altura, e hum
quarto, que tém da parte inferior, ha de ex
ceder da linha superior da regra meia altura
do corpo primitivo, bem como se deve fazer
na Letra t, e ponto do i, o que tudo se acha
exemplificado no mesmo número 4. }

A Letra q n.º 9 fórma-se de hum o, e de


huma linha recta, como as da 1." Lição: co
meça-se como a Letra a, pois o corpo pri
mitivo desta é igual ao da referida Letra q,
e acaba-se como a citada linha da 1." Lição.
A Letra t n.° 5 faz-se como hum i sem
o ponto, com a diferença de se começar em
meia altura para cima da linha superior da
regra, onde se corta com hum traço fino, que
deve ser em dobro maior da parte direita,
que da esquerda. : •

A Letra fincluida no mesmo n.° 5 prin


cipia-se como hum l de haste composta, e
acaba-se como huma linha das da 1.° Lição;
mas quando se duplicarem os f, o primeiro
se fará á imitação de hum flongo (que vou
descrever) pois não se diversifica deste mais,
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 75

que no corte, o qual deve ser dado proximo


á linha superior da regra.
A Letra flongo n.° 10 começa-se como
a Letra f, e prolongando o traço magistral
até tocar na linha demonstrada nas extremi
dades pela letra e, gyra-se a penna sobre o
lado esquerdo, e fórma-se o curvo inferior
igual ao superior, e subindo formando o fino,
este se chega progressivamente para o dito
traço magistral, e o corta hum quarto antes
da linha inferior da regra, donde sem parar
se continúa o fino, e fórma-se outro s, como
os da 3.° Licão Est. 4.° n.° 7: este deve distar
do antecedente duas terças partes da sua lar
gura, e do consequente tres, como demons
trão as linhas traçadas nos fs contornados.
A Letra q n.° 6 é composta de hum o, e
da haste de hum j: este se deve umir ao o,
como fica dito relativo ao q: principia-se como
a Letra a, e finaliza-se como a Letra / longo,
que tenho descrito.
A Letra y n.° 11 compõe-se de huma li
nha como a segunda perna de hum n, e de
hum_j sem o ponto: por tanto deve-se come
çar formando a dita linha do n, e elevando o
fino da parte direita ao regrado superior se
desce formando o j, acabando-se assim a Le
tra y, como hum g. # + : : '#
Quanto á distancia, que deve haver de
huma a outra Letra nas ultimas Lições acima
referidas, veja-se o que fica dito no §. IV re
lativo aos intervallos das Letras, e faça-se
hum sério reparo sobre as Letras contorna
das, que estão colocadas no principio das re
gras das sobreditas Lições, pois as linhas finas
76 REGRAS METHODICAS

obliquas traçadas nas ditas Letras contorna


das demonstrão claramente as distancias.
CAPITULO VII.

§. XX

Quinta Lição.
N, 3.", e 4." Lições acima referidas
ensinei a formar as Letras Minúsculas, mas
não os intervallos, que ha em diversas liga
ções das mesmas Letras, nos quaes faz-se ás
vezes necessário afastarmo-nos dos preceitos,
que tenho descrito no §. IV para que as Le
tras, e cada huma per si fiquem com a sua
devida largura, que se lhe faz precizo para
não sahirem defeituozas. Querendo pois oc
correr ao sobredito, proponho a Lição 5." Est.
6.", onde demonstro diferentes ligações, como
tambem a grossura, largura, e obliquidade, que
se deve dar á Letra Ingleza, o que tudo abai
xo se acha declarado. •

Para acharmos a grossura, largura, e obli


quidade da Letra Ingleza, levante-se a linha
perpendicular a b Letra n n.° 1, e divida-se
em doze partes iguaes: destas tomaremos hu
ma para a grossura, seis para a largura, como
se mostra desde o ponto r até o ponto s, e
nove para a obliquidade, como demonstra o
triangulo a b c (34). * * * * * * *

(34) Este novo méthodo de achar a obliquidade da Le


tra Ingleza, se faz preferivel, ao que tenho proposto no
§. XV pela facilidade, com que a podemos procurar a qual
quer Letra. * , , , " " " .
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 77

Depois de ter ensinado o méthodo breve,


e claro de achar a grossura, largura, e obli
quidade da Letra Ingleza, passo a mostrar os
seus diferentes intervallos que é, ao que mais
se dirige a Lição 5.", por quanto o modo de
formarnaas3.°Letras
rado é o mesmo, que fica decla
e 4.° Lições. •

Nos números 2, 3, e 4 mostro, que li


gando a Letra e com as Letras m, n, s, r,
deverá haver precizamente duas distancias
iguaes, pois com huma e meia ficaria o e sem
a sua devida largura.
Nos números 5, 7, e 8 se vê, que de n
para s, de o para s, e de i para s, devem tam
bem haver duas distancias parallelas.
Nas mesmas distancias se achão compre
hendidas as ligações de a com s n.° 10, de d
com r n.° 13, de r com s n.° 21, e de a com
a, e este com r, ou m, ou n n.° 26, isto é,
incluzo hum espaço do x,
As ligações das Letras em os mais nú
meros desta Lição 5.° Est. 6.° ficão compre
hendidas na regra geral de distancia, e meia;
(§. IV) por cuja cauza aqui não as especifico.
CAPITULO VIII.

§. XXI.

Sexta Lição.
Is………º o Discipulo nas Lições an
tecedentes, passará a formar o Abecedario de
Bastardo, de que a Lição 6.° Est. 7° cons
ta, pois se lhe faz necessário para o com
78 REGRAS METHODICAS

plemento da união de todas as Letras Minús


culas.
Ensinando nas Lições antecedentes a for
marem-se as Letras, as alturas das hastes
simplices, e compostas, e os intervallos, que
ha em diferentes ligações de humas com ou
tras Letras: nesta Lição so advertirei (cin
gindo-me ao que fica exposto) que as Letras
devem ser feitas de huma so vez sem parar
com a penna, e o mesmo se fará, quando hou
ver alguma ligação continuada, como de l
para m, deste para n, &c.; que se guarde hu
ma perfeita igualdade nas hastes, segundo as
alturas, que lhes tenho assignado, e que os
intervallos sejão paralelos, á excepção dos
números 1, 2, e 7, que devem ter distancia e
meia, e dos números 3, e 6, que devem ter
duas distancias, incluindo nellas o s.
No Epilogo colocado na mesma Est. 7."
demonstro todo o Alphabeto Minúsculo, como
tambem a largura, que devemos dar ás Le
tras a, d, g, e q (35), as quaes por serem
compostas da Letra o, devem ter mais hum
grosso de largura, do que as mais Letras: a
razão é facil de perceber, advertindo-se, que
a Letra o deve ter seis gróssos de largura,
ou metade da sua altura, que vém a ser o
mesmo: logo as Letras a, d, g, e q devem
(35) As sobreditas Letras a, d, g, e q se demonstrão no
dito Epilogo no número 1, como tambem as Letras e, c, f,
o, t, f, b, que acaba no número 2: neste nº se demons
trão as Letras i, r, z, v, que acaba no número 3: neste n."
se demonstrão as Letras h, i, k, l, m (cuja primeira haste
começa no número 2) n, p, u, y, z, o que tudo se achará
verídico, examinando-se com attenção, -
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 79

ter de largura mais hum grosso, que é o da


haste, que unimos ao o da parte direita para
a formação das referidas Letras.
CAPITULO IX.
§. XXII.

Setima, e Oitava Lições.


Devos do Discipulo imitar perfeita
mente todo o Abecedario Minúsculo, forman
do as suas Letras com facilidade, conforme a
ordem, e regras fundamentaes, que tenho es
tabelecido, pouca difficuldade haverá em con
ceber as regras pertencentes ás Letras Maiús
culas, e o modo de as formar, o que tudo vou
descrever.
Na Lição 7.° Est. 8.° proponho os traços
principaes, donde se derivão mais de metade
das Letras Capitaes, e por isso aconselho ao
Discipulo, que escreva paginas inteiras, até
conseguir imita-los com desembaraço.
O traço n.° 1 Lição 7.° Est. 8." é simi
lhante ao traço primitivo de hum S. Começa
na parallela superior da regra no ponto a, for
mando-se da direita para a esquerda hum tra
ço fino, e curvo até o ponto b, onde principia
a ser recto, a receber a sua devida inclinação
de 35 gráos, como demonstra a linha fina rs,
e a engrossar-se proporcionalmente até o ponto
e, no qual acaba de ser recto, e por conse
# a dita inclinação, começando-se logo a
iminuir o grosso como no principio, e fazendo
gyrar a penna em figura oval, se conclue o
30 REGRAS METhonic.As
dito traço com a curva c, d, e, devendo esta
finalizar com cabeça.
O traço n.° 2 fórma-se inverso do traço
n.° 1, que tenho descrito; pois se começa
pela cabeça, em que o outro acaba, e fina
liza-se, como principiamos o primeiro (36).
O traço n.° 3 começa-se a exemplo do
traço n.° 1 diferençando-se deste sómente na
superioridade da curva inferior, a qual deve
acabar com meia grossura, e fina nas extre
midades.
O traço n.° 4, começa-se em o ponto a, .
donde descendo (formando hum traço curvo
de grossura média) até o ponto b, gyra-se a
penna sobre o lado esquerdo em fórma oval,
e descreve-se a curva c d e r s, a qual do
ponto r começa a ser grossa progressivamen
te, e acaba de o ser no ponto s; cuja gros
sura deve ser em dobro da do ponto a até o
ponto b. * *
Concebida a norma de formar os traços
mais geraes, de que se fórma a maior parte
das Letras Maiúsculas, e executados com
desembaraço, se passará á formação do Abe
cedario Maiúsculo, de que a Est. 9." Lição 8.°
consta; cujo méthodo de formar as Letras é
o seguinte.
A Letra A começa-se formando hum tra
ço á imitação dos do n.° 2 da Lição antece
dente, no qual se lhe une da parte direita na
(36) Este segundo traço deve ser construido hum pouco
mais obliquo, do que os outros, a razão é, porque so assim
o traço, que lhe houvermos de unir da parte direita, para a
formação de A, e de M, póde ficar como deve, com 35
gráos de inclinação. • • •
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 81

extremidade superior outro traço, que se prin


cipia como os do n.° 1, ou 3, e finaliza-se como
a inferior parte do z (37): depois para a com
pleta execução do A, corta-se este ao meio
da sua altura com huma linha recta fina.
A Letra B principia-se formando o traço
primitivo, que é como o do n.° 1. Lição 7.°;
ao qual se ajunta da parte superior o traço
n.° 4 da mesma Lição 7.", e com este huma
linha curva a exemplo de hum c inverso.
A Letra C se faz de hum so rasgo: co
meça-se por hum traço franco, que passa pelo
meio da altura da Letra, e curvando na extre
midade superior á imitação do e Lição 3.",
desce formando a linha magistral, que finaliza
dobrando para dentro com meia grossura. A
largura desta Letra corresponde amétade da
sua altura.
A Letra D tambem se faz de hum so
rasgo, e começa-se a exemplo do traço n.° 1,
com o qual (terminando sem cabeça) trava
na parte inferior huma linha circular, que dá
volta em tôrno do principio do traço primi
tivo, e acaba, curvando-se para o interior com
meia grossura.
A Letra E compõe-se de duas linhas cur
vas travadas: faz-se de huma so vez sem pa
rar com a penna, principiando-se pelo traço
interior da curva de cima, e finalizando-se
como a referida Letra C.

(37) A Letra A póde-se fazer com mais facilidade, ajun


tando da parte superior do dito traço número 2 Lição 7.° hu
ma linha igual a hum l, como se vê no A do Abecedario
Maiúsculo de Bastardinho Lição XI.
6
82 REGRAS METHóDICAs - -

A Letra F começa-se formando hum traço


igual ao do n.° 1 Lição 7.", o qual é coberto
da parte superior com outro traço de movi
mento curvo em seus extremos, que póde ser
principiado a exemplo do traço n.° 4 da citada
Lição 7.": depois para complemento desta
Letra se lhe deve dar hum corte na linha
primitiva ao meio da sua altura, pois que sem
elle se assemelha a hum T.
A Letra G começa-se como hum C ; e
sem finalmente curvar para o interior, como
o C, se lhe ajunta da parte direita huma linha
á imitação de hum j, a qual se prolonga para
baixo da paralela inferior.
A Letra H começa-se por hum traço, a
exemplo do primeiro de hum z, e sem parar
com a penna, se lhe une da parte direita ou
tro traço, que se principia como o do n.° 1
Lição 7.", e acaba com a figura de hum J
(sem com tudo rasgar a paralela inferior)
cujo traço fino liga diametralmente com o
traço fino superior da segunda linha do H, a
qual em substancia não é mais, que hum C,
e assim podemos dizer, que a referida Letra
H se compõe das Letras J (que abaixo des
creverei) e C ambas de igual altura, e liga
das diametralmente dentro das linhas paral
lelas.
A Letra I principia-se pela linha curva
superior, que póde ser começada a exemplo
do traço nº 4 Lição 7", a qual trava da parte
superior com a linha primitiva, que é igual
ao traço n.° 1 da dita Lição 7."
A Letra J. inicial começa-se como o I, e
finaliza-se como hum j pequeno, prolongando
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 83

se a linha primitiva para baixo da paralela


inferior da regra, como se vê no Abecedario
Maiúsculo de Bastardinho Lição XI.
A Letra K começa-se por hum traço
(como o primeiro de hum H) com o qual liga
da parte direita o traço primitivo n.° 1 Lição
7.": fórma-se depois ao lado direito do refe
rido traço huma linha delgada pela figura de
hum L. (que abaixo descrevo) a qual termina
ao meio da altura do dito traço primitivo,
donde volta, formando-se então huma linha
grossa como a segunda de hum n.
A Letra L começa-se formando huma li
nha curva á imitação da parte superior do E,
e fazendo seguidamente gyrar a penna sobre
o lado direito, e deste ao esquerdo em volta
oval se fórma a linha primitiva, que acaba a
exemplo da pirmitiva do D, supprimida a cir
cular deste na parte inferior.
A Letra M principia-se pelo traço n.° 2
Lição 7.", ao qual se une da parte superior
huma linha como a primeira do A sem o traço
final: depois liga-se na extremidade inferior
desta ultima linha hum traço fino, que se pro
longa a igual altura, e com a mesma obliqui
dade do primeiro, ligando-se ao mesmo traço
fino da parte superior outra linha primitiva,
que finaliza como hum l, ou curvando para
dentro. -

A Letra N começa-se pelo traço n.° 2


Lição 7.", rectamente aspirado do meio para
cima, com o qual liga na extremidade supe
rior a linha primitiva, e com esta na extre
midade inferior, outro traço inverso do pri
meiro, que póde finalizar-se arbitrariamente;
6 %
84 REGRAS METHODICAS

mas sempre excedendo o primeiro na altu


ra (38).
A Letra O principia-se pela linha curva
superior, e fazendo # a penna para a es
querda em volta oval, fórma-se a primitiva, a
qual curvando-se na extremidade inferior se
prolonga até junto da primeira, onde fazendo
outro gyro, se curva para o interior da Letra,
com meia grossura.
A Letra P executa-se formando o traço
n.° 1 Lição 7.", ao qual se coloca da parte
superior o traço n.° 4 da mesma Lição 7."
A Letra Q começa-se a exemplo do tra
ço n.° 4 Lição 7.° fazendo gyrar a penna em
volta oval até á parallela superior, donde de
clinando-se até á inferior, se fórma a linha
primitiva, que se finaliza como a primitiva do
L, acima prescrito.
A Letra R compõe-se da Letra P, que
fica prescrita, e da segunda haste de hum n,
a qual trava da parte direita com o traço n.°
4 Lição 7", ao meio da altura da Letra.
A Letra S fórma-se do traço n.° 1 Lição
7.", juntando-se-lhe ao meio hum rasgo curvo
delgado, que é por onde se principia a Le
tra S. •

- A Letra T faz-se sem o corte, como a


Letra F acima prescrita, ou variando nas cur
vas, como se acha exemplificado na Est. 9.°
A Letra U vogal Maiúsculo não se dif.
ferença do u vogal Minúsculo Lição 3.", mais

(38) Os dois traços finos da sobredita Letra N devem-se


dirigir na inclinação de 35 gráos; mas a linha primitiva, ou
a do centro, deve ficar aspirando a huma perpendicular.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 85

do que no tamanho, e na rama da primeira


linha primitiva, que se começa a exemplo do
traço n.° 4 Lição 7."
A Letra V consoante Maiúsculo, tam
bem não se diferença do v consoante Minús
culo Lição 3.°, mais do que no tamanho, e
na rama da linha primitiva, a qual deve ser
igual
crito. á do U vogal Maiúsculo acima pres •

A Letra X é composta á similhança de


dois CC (ficando o primeiro inverso) os quaes
se unem diametralmente, como fica dito a
respeito do x Lição 3."
A Letra V começa-se formando huma li
nha como a primeira do U vogal acima pres
crito, á qual da parte direita se lhe une hum
j, sem o signal superior; e assim desta fórma
o Y Maiúsculo não se diferença do y Minús
culo, mais do que no tamanho, e na rama da
primeira linha. •

Quanto á Letra 3 Maiúsculo, é quazi


pela mesma figura do 2 Minúsculo Lição 3.",
diferençando-se deste tão sómente no tama
nho, e em alguma variação dos traços hori
zontaes,
ção (39). o que tudo se executará pela imita •

Mas querendo em fim mostrar evidente


(39) A maior parte das Letras do Abecedario Maiúsculo
Est. 9.° se achão conformes, com o que tenho dito a seu
respeito, á excepção d'alguma variedade accidental, que se
observa em as Letras L, T, &c.; porêm esta variedade já
mais faz mudar a essencia das Letras, nem degenerar a sua
formação, antes mostra agilidade, e bom gosto do escritor.
Advirta-se que todas as Letras Maiúsculas se pódem fazer
de huma so pennada, como se vê do Abecedario Maiúsculo
collocado em tôrno da Est. 28,
86 REGRAS METHODICAS

mente os preceitos, ou as proporções ajus


tadas, com que devem formar-se as Letras
Maiúsculas, proponho a Est. 10, onde clara
mente demonstro todas as sobreditas Letras,
á excepção das irregulares, formadas cada hu
ma de per si dentro em seu Rhomboide, o
qual é assás regra geral, e methódica para se
conhecerem os preceitos, ou as proporções
de qualquer Letra Maiúscula regular, e di
vide-se em quatro partes iguaes de ambos os
lados, como mostra a Fig. 2.° da mesma Est.
10: a sua inclinação é de 35 gráos, o que se
observa pelo angulo Fig. 1.", certificando as
sim, que as Letras Maiúsculas devem ter a
mesma obliquidade das Minúsculas.
Como antecedentemente tenho ensinado
a formar todas as Letras, parece escuzado o
demorar-me mais na explicação desta regra,
como tambem pela clareza, com que as Letras
se achão formadas, e demonstradas nos seus
Rhomboides, ajustando-se humas com elles,
e outras tomando partes dos mesmos, o que
tudo se acha exemplificado na sobredita Est.
10: assim por esta regra, que satisfaz, e illu
mina o espirito, e que é de pura invenção
minha, julgo ficar-me a gloria de primeiro,
visto que até ao prezente nenhum Author
assignou regras para se formarem as Letras
Maiúsculas.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 87

CAPITULO X.
§ XXIII.
Das Lições Nona, e Decima.

D……………… o Discipulo nas Li


ções referidas, passará a imitar a Letra deno

minada
No Bastardo constante
seu exercicio de toda a Lição
se observará, que 9.°
as
Letras Maiúsculas tenhão altura e meia do
corpo primitivo da Letra, para cima da linha
superior da regra, ou para baixo da inferior
conforme a sua construcção; e que as Minús
culas sejão executadas com os preceitos refe
ridos na Lição 6.", fazendo em tudo o Disci
pulo por formar huma Letra copstante, pois
assim se habilitará para com maior vantagem
passar a imitar as mais Estampas desta Arte.
A Lição décima Est. 17 consta dos Al
garismos, ou Caractéres Arabicos, e Typo
graficos. Os Arabicos, colocados no meio da
sobredita Est. 17, são os de que nos servimos
para as operações dos cálculos Arithméticos,
e assim convém, que o Discipulo se exercite.
na sua formação, construindo-os com a mes
ma obliquidade de 35 gráos, conforme se achão
exemplificados na sobredita Est. 17. ,
Os Typograficos colocados em tôrno dos
Arabicos, são os de que se uza nas impren
sas: elles se combinão huns de outros, pois,
de hum 3 unidas as extremidades ao centro:
se fórma hum 8, e da curva superior do mes
mo 3 declinando-a em dobro, e unindo-lhe na
88 REGRAS METHODICAS

parte inferior á direita a linha superior do 7


fórma hum 2. De huma cifra se póde formar
hum 6 construindo-lhe da parte esquerda hu
ma linha curva, que deve exceder a cifra a
igual altura desta, e a mesma linha curva
colocada inversa á direita da cifra fórma hum
9: duas cifras unidas perpendicularmente fór
mão hum 8; e se á curva inferior do 3 lhe
unirmos da parte superior métade da linha
recta obliqua do 7 resultará hum 5, faltando
sómente para a sua completa execução huma
pequena linha curva, que se coloca da parte
direita no cume do sobredito número 5: e se
em lugar desta ultima curva lhe puzermos
da parte esquerda a linha recta horizontal do
7, resultará hum 3 : e finalmente da linha per
pendicular do 4 se fórma 1, e por conseguinte
do número 1 se fórma o 4, o que tudo está
demonstrado na referida Est. 17. Quanto á
grossura destes Caractéres deve ser a nona
parte da sua altura, como se observa nos qua
drados, onde se achão demonstrados.

§. XXIV.

Da imitação das mais Estampas do Carácter


Inglez.
Is……… perfeitamente o Discipulo em
os traços, que descreve a penna, em as Le
tras Maiúsculas, e Minúsculas, e em huma
palavra em todas as regras, que ficão referi
das (pois estou persuadido ter-me lembrado
de tudo o necessário para em breve tempo
formar hum excellente, e completo Calygra
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 89

fico no Carácter da Letra Ingleza) passará a


imitar as mais Estampas desta Arte pela or
dem, em que se achão estabelecidas, pois não
deve passar, por exemplo, a imitar a Estampa
19, sem ter imitado com facilidade, e perfei
ão a Estampa 18, e assim as mais; porque
# contrário não conseguirá os fins, a que se
propoz.
Assim não me restando mais, que expli
car ácerca do Carácter da Letra Ingleza, con
cluo com as seguintes regras geraes, que se
devem ter sempre em ponto de vista.

Regras geraes para Escrever.

1.° O………… que a Letra siga huma


mesma obliquidade, largura, e grossura, se
gundo o que a este respeito tenho descrito.
2. Que as hastes simplices do Bastardo
tenhão todas huma altura do corpo primitivo
da Letra, e as compostas huma e meia para
cima da linha superior da regra, ou para baixo
da inferior, conforme a sua construcção; e
que as do Bastardinho tenhão huma e meia
as simplices, e duas as compostas; e as do
Cursivo geral, tenhão duas as simplices, e tres
as compostas.
3." Que as sobreditas hastes, ou remates
das Letras, não se embaracem, ou cruzem
humas com outras; para o que é necessário,
que o espaço entre regra, e regra seja no
Bastardo de duas alturas do corpo primitivo
da Letra, no Bastardinho de tres, e no Cur
sivo geral de quatro alturas.
90 REGRAS METHODICAS
al

4." Que todas as Letras Maiúsculas te


nhão a mesma altura das hastes compostas
para cima da linha superior da regra, ou para
baixo da inferior, conforme a sua construc
ção; advertindo que as Letras G, e V grego
devem ter tanta altura para cima da parallela
superior, como para baixo da inferior; porêm
a Letra J para sua maior elegancia deve ser
mais longo da parte inferior, que da superior.
5." . Que escrevendo-se por pauta (ou sem
ella) deve haver todo o cuidado em formar a
Letra sempre de huma altura regular, para o
que é precizo prehencher exactamente a som
bra da regra, que demonstra a pauta, ou re
gular a Letra com a vista.
6." Que todas as Letras sejão similhantes
cada huma em sua especie, de modo que a
deve conformar-se com a, b com b, &c.
7." Que todos os enlaces, ou traços arbi
trários das Letras formados de cima abaixo,
ou ao contrário, ou ao travez, convém sejão
ligeiros; pois a boa letra não coniste em su
perfluidades; mas sim em hum Carácter claro,
liberal, e simples.

Fim do Tratado da Letra Inglesa


PARA SE APRENDER A ESCREVER. 91

CAPÍTULO XI.

Da Letra Portuqueza.

§. I.
C…… Letra Portugueza, a que se uzou
no século passado até ao principio do feliz
reinado do Senhor Rei D. Jozé I, por ser
hum Carácter de Letra propriamente Nacio
nal, e de que Manoel de Andrade de Figuei
redo compoz, e publicou em 1719 huma Arte.
Nella trata seu Author das regras, e precei
tos geraes para se aprender a escrever, e na
verdade algumas dellas digmas de serem sem
pre seguidas, e mostra em seus Originaes o
melhor Carácter de Letra, que até áquelle
tempo se tinha composto; porêm não está li
vre de defeitos, por quanto examinando eu
com attenção a sua Letra, lhe tenho achado
falta de parallelismo, de uniformidade, e de
proporção, preceitos essenciaes da Letra, e
que se devem observar com exacção.
Nota-se nos Originaes de Andrade falta
de parallelismo; porque os seus Abecedarios
maiúsculos, não tém a mesma obliquidade
dos minúsculos, achando-se algumas letras a
prumo, e outras até torcidas para a parte op
posta, o que é faltar ao parallelismo; porque
este consiste na igualdade, e constante direc
ção, que devem ter todas as linhas, assim re
ctas, como curvas. Além disto as letras maiús
culas são tão afectadas, que se póde dizer
92 REGRAS METHODICAS

serem inimitaveis, particularmente pelos prin


cipiantes.
Tém falta de uniformidade, porque achão
se nos seus Originaes letras da mesma espe
cie, e escritas na mesma regra com diferente
largura, altura, e até de carácter, o que é
faltar á uniformidade; porque esta consiste
na similhança, e conformidade de huma letra
com outra, quando são da mesma especie,
pois a deve-se conformar com a, b com b, &c.,
como fica dito, e variar muitas vezes a cons
trucção de huma mesma letra faz perder o
carácter, e até difficultar a leitura.
Tém falta de proporção, porque achão-se
nos seus Originaes letras da mesma especie
com desigualdade, augmentando-as, ou dimi
nuindo-as sem proporção em todas as suas
partes; porque para se augmentar, ou dimi
nuir, qualquer especie de letra, deve-se obser
var em todos os seus pontos a mesma dimi
nuição, ou augmento, que é, no que consiste
a proporção.

§ II.

Dos espaços, e intervallos das letras.

As letras minúsculas, cujos córpos pri


mitivos não excedem as paralelas da regra,
occupão sómente hum espaço; porêm as ou
tras, que além dos córpos primitivos, prolon
gão suas hastes, estas occupão mais hum es
paço, ou altura da regra, sendo haste simples,
e hum e meio sendo composta, como tudo se
PARA SE APRENDER A ESCREVER, 93.

vê exemplificado na 3.°, 4.", e 5." lições Est.


31, e 32.
Neste Carácter de Letra, como tambem
no Aldino, poucas vezes ha mais, que hum
intervallo, por serem as distancias quazi todas
parallelas (o que lhe dá muita formozura) por
que a largura da letra, é igual á distancia, ou
intervallo que ha de huma á outra, e o traço
fino aspirado ganhando na sua abertura mé
tade da altura da letra, sempre liga com a
immediata na terça parte inferior, ou supe
rior da regra, como está demonstrado nas so
breditas lições Est. 31, e 32.

§ III.

Do aparo da penna.
O APARo da penna para a letra Portu
gueza, é o inverso do aparo para a letra In
gleza Cap. 2.° § 8.”
Na Est. 32 mostro os aparos das tres
pennas de Bastardo, Bastardinho, e Cursivo:
nelles se vê, que o bico da esquerda (posta
a penna em acção de escrever) é mais largo,
e maior que o da direita (1). A penna a de
Bastardo o seu corte, ou abertura dos bicos
deve ter dois têrços da altura dos lados: o da
penna b de Bastardinho métade; e o da penna
c de Cursivo hum têrço, como tudo demons
trão as linhas horizontaes rs nos referidos
aparos.

(1) Andrade não tém regularidade no aparo das Pennas,


pois as que mostra na sua Arte todas tém aparo diferente.
94 REGRAS METHODICAS

A largura que contém os dois bicos da


penna, deve ser pouco menos, que a grossura
da letra, para que a penna se aparar; por
tanto é necessário, que as pennas sejão pro
porcionadas, isto é, que a de Bastardo seja
mais grossa, que a de Bastardinho, e esta
mais, que a de Cursivo: em tudo mais se
observará, o que deixo dito no Cap. 2.° § 8."
Na mesma Est. 32 mostro tambem o
aparo geral da penna, que serve para se es
crever as letras Grifa, Romana, e Gótica, o
qual deve ter os bicos iguaes tanto em lar
gura, como em altura, e o seu corte métade
da altura dos lados, o que tudo claramente se
vê no referido aparo letra d Est. 32: adver
tindo porêm, que a penna para se escrever
as sobreditas letras, e particularmente a Ro
mana, e Gótica, sempre deve ser mais grossa,
e a largura dos seus bicos proporcionada á
altura da letra, que se pertender escrever com
ella.

§ IV.
Do modo de tomar a penna.
1.° PARA se escrever a letra Portugueza,
e todas as mais, toma-se a penna com os tres
primeiros dedos da mão direita, de modo que
o extremo do dedo maior chegue justamente
á parte superior do corte da penna, e o lado
direito desta encosta-se ao dito dedo.
- 2." A extremidade do dedo indice descan
çando sobre o lombo da penna, deve chegar
justamente ao alto da unha do dedo maior.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 95

3." O dedo pollegar, hum pouco curvado,


e elevado á parte da preeminencia da unha
do dedo indice, sujeita a penna do lado es
querdo. • ••

4." O dedo annular dobrado para a palma


da mão, descançará sobre o dedo minimo, e
este sobre o papel.
5.” A palma da mão deve astar, quazi em
frente do papel, de modo que do lado esquerdo
caiba sómente hum dedo debaixo do pulso.
6." A penna no exercicio das letras Por
tugueza, e Aldina deve inclinar-se hum pouco
para a palma da mão; e no exercicio das le
tras Romana, e Gótica tém diferentes movi
mentos, como em seu lugar advertiremos. .
7." Os dedos que tomão a penna devem
estar pouco curvados ao começar as letras, e
particularmente as hastes, e linhas de maior
extensão; porêm curvão-se mais em propor
ção, que a penna vai descendo formando a
linha, de modo que ao escrever seja esten
dendo, e curdando os dedos. …
8." Os dedos, que tomão a penna, não de
vem aperta-la demaziadamente; mas sim quan
to for bastante para a segurar; porque do
contrário faz a mão pezada, a letra opprimi
da, e o grosso mais cheio, do que deve ser,
9." Ao escrever a mão faz a sua maior
firmeza sobre o pulso, e sobre o dedo minimo.
Estes preceitos que acabo de dar, e que
fórmão o verdadeiro méthodo de pegar na
penna, é tão necessária a sua observancia, que
sem ella, ainda que huma pessoa leve toda a
sua vida a escrever, nunca chegará a escre
Ver bem. •
96 REGRAS METHODICAS.

CAPITULO XII.

§ I.
Methodo de começar a aprender a escrever o
Carácter da Letra Portugueza.
A…» como as outras Nações tém ca
ractéres propriamente seus, ou compostos, e
derivados huns de outros; assim tambem a
Nação Portugueza, que em todos os tempos
tém progredido nas Sciencias, e Artes se
glorifica de ter seu Carácter de Letra Nacio
nal, de que por muitos tempos se uzou, o qual
eu agora reformando, e aperfeiçoando (1) lhe
dou hum novo aspecto, e augmento, e o apre
zento nesta Arte á Nação, dando-lhe o mé
thodo, e regras necessárias para o aprender,
e lhe certifico ter este nosso Carácter de Le
tra particularidades superiores aos das mais
Nações, sendo as mais attendiveis a duração,
e facilidade de o lêr, e de o aprender a es
crever (o que se póde conseguir em tres ve
zes) e a estabilidade, firmeza, e constancia
com que se escreve; porque escrevendo-se
com este Carácter de Letra, por exemplo hum
livro de cem folhas, vêr-se-ha constantemente
desde a primeira até á ultima a mesma letra,
o que não succede com o Carácter da Letra
Ingleza.
(1) Cotejem-se os originaes de Andrade, com os que apre
zento na minha Arte, e se conhecerá a diferença, e perfei
ção particularmente das Capitaes, que são todas de minha
invenção.
PARA SE APRENDER A EscFREVER. 97

§. II.

Obliquidade da Letra Portugueza.


As……… naº determina a obliquidade
da letra Portugueza; porêm examinando eu
os seus Originaes, achei que a letra que elles
contém anda de quinze, a dezeseis gráos de
obliquidade, a qual me pareceo pequena; pelo
que determinei dar-lhe vinte gráos, com que
fica a letra mais airoza, e facil de se exe
cutar. • •

. . Na Est. 31 Fig. 1.° proponho o paralle


logrammo donde se deriva a letra o, e desta
outras mais, de que adiante trato, e o trian
gulo a b c mostra a obliquidade de vinte gráos,
que deve ter a letra Portugueza. O méthodo
de a procurar é o mesmo, que deixo estabe
lecido no Cap. 4.° § 12, e com especialidade
no Cap.
letra 15.° §. 7, onde trato das Capitaes da
Aldina. • - * *

Esta mesma obliquidade de vinte gráos,


que dou á letra Portugueza, como tambem á
letra Aldina, de que adiante trato, se póde
achar com facilidade dividindo a altura da le
tra em dez partes iguaes, e dellas tomar qua
tro para 31.
2." Est. a obliquidade,
, como mostra a Fig.
• * •

* ** * * ** * • - .. . ! …
98 REGRAS METHODICAS

§ III.

Dos traços radicaes, ou primitivos donde se


derivão todas as letras.

N A Est. 31 proponho os traços radicaes,


isto é, as raizes, ou a origem de todas as le
tras, e os divido em quatro principios, os
quaes deve o Mestre ensinar primeiro ao Dis
cipulo; pois o seu conhecimento prévio ser
virá sem dúvida de grande utilidade, a quem
se propozer aprender o Carácter da letra Por
tugueza.
A raiz n.° 1 primeiro principio Est. 31,
é hum traço como a letra i, com o primeiro
extremo recto, e o segundo curvo. Começa-se
por huma pequena farpa fina, quazi horizon
tal da parte superior, e assentando os dois
bicos da penna no principio da sua grossura,
desce com igualdade até á linha inferior da
regra, onde gyrando a penna em volta oval,
se fórma o curvo aspirando o fino até á têrça
parte da regra, em cuja altura é que deve
ligar com outra letra. Desta raiz, ou traço,
que é a mais singela, e facil de se formar, se
derivão, e guardão huma perfeita uniformi
dade as letras i, v, t, u, l, y números 1, 2, e 3.
A raiz, ou traço n.° 4 segundo principio,
é pela imitação de hum r. Começa-se como
o traço n.° 1, isto é, por hum perfil na linha
superior da regra, e assentando os bicos da
penna no principio da sua grossura, vai se
guindo com igualdade, e recta até á linha in
ferior da regra: depois na terceira divizão
PARA se APRENDER A EscaEvER. 99
une-se-lhe hum traço fino, que vai até á linha
superior, e curvando-se para a direita, finaliza
com grossura na sexta parte superior da re
# esta raiz, e da curva da primeira se
erivão, e guardão perfeita uniformidade as
letras r, n, p, m, h, k, j números 4, 5, e 6.
A raiz, ou traço curvo em seus extremos
n.° 7 terceiro principio, fórma completamente
a letra c. Começa-se da direita para a esquer
da na sexta parte superior da regra, por huma
cabeça de grossura média, e gyrando a penna
em volta oval até á linha superior curvando
o traço, vai seguindo até á linha inferior, onde
fazendo o mesmo #"? para a direita, sóbe á
primeira divizão da regra. Desta raiz, e da
primeira se derivão, e guardão perfeita uni
formidade as letras c, e, o, a, d, g, b, q núme
ros 7, 8, e 9.
As letras f, e flongo número 10 são com
postas do traço recto da raiz n.° 4, e dos tra
ços curvos accessórios, que estão juntos á
mesma raiz, e so se diferença o f do flongo
no corte. • -

O quarto principio comprehende as le


tras s, x, z; dois diferentes vv em figura de
eoração, e desta figura hum diferente y gre
go; cujas letras chamo irregulares, por não
guardarem na sua formação a regularidade,
que se observa nas uniformes.
De todo o referido se conclue, que das
raizes, ou traços números 1, 4, e 7 Est. 31
se derivão todas as letras minúsculas. Assim
parecendo-me ter cumprido, com o que me
propuz mostrar, deixo de ser mais extenso a
este respeito, guardando para a terceira, e
7 xe
IOO REGRAS METHopicAs ,
quarta lições o ensino da formação das le
tras. * * * 2

§. IV.

|- • Primeira Lição. -- -

A PRIMEIRA lição é das linhas rectas


#-

Est. 31 : fórmão-se estas linhas com a penna


a (de que se deve uzar até á lição sexta de
Bastardo) assentando os bicos no principio
da linha, e trazendo-a pouco inclinada para a
palma da mão, e com fôrça constante até ao
fim, para que a linha fique com grossura igual
em toda a sua extensão. Estas linhas distão
humas das outras a quarta parte da sua altura
(2) obliqua, de modo que os espaços, que
occupão quatro linhas, menos a grossura de
huma, formem o Rhomboide a b c d Fig. 3.°
Est. 31.
Na construcção destas linhas, assim co
mo de todas as mais de maior extensão, se
observará exactamente o manejo dos dedos,
como ensino no modo de pegar na penna.
Para facilitar, e auxiliar o Discipulo nesta
lição, assim como nas que se seguem, se deve
uzar da pauta n.° 5 por algum tempo, collo
cando-a debaixo de papel branco, e delgado,
formando as linhas pela inclinação das da
pauta, e deste modo ganhará com facilidade
a certeza da obliquidade, que é o primeiro, e
essencial preceito da letra, e por este motivo,

- (2) Andrade não determina a distancia, que se deve


guardar entre linha e linha, preceito que deve ser ensinado,
e que muito contribue para a igualdade das distancias da letra.
PARA SE APRENDER A EscEEVER. 101

é que formei as primeiras lições com o pa


rallelismo traçado, como se vê na Est. 31.
§. V. 2

segunda Lição
A sEGUNDA lição é das linhas mistas
Est. 31, começão-se por huma pequena farpa,
ou perfil á esquerda na extremidade superior,
e assentando os bicos da penna no principio
da sua grossura, vai seguindo com igualdade
até ao curvo. Estas linhas são rectas, como
as da primeira lição, até á sexta parte infe
rior, onde deixão de o ser, e vão curvando-se
para a direita; cujo traço fino aspira á quarta
parte inferior, onde deve ligar (3) com a se
guinte, e assim as mais. O dito traço fino
deve ganhar na sua abertura a quarta parte
da altura da linha, que é a distancia, que ha
entre huma, e outra como as da primeira li
ção, de sorte que o espaço, que occupão qua
tro linhas, menos a grossura de huma, formem
o Rhomboide Fig. 4." Est. 31. . . .
"…

* *
* * * * * *

|- |-
º > - - - => > |-

- - |- " .. … .s … -

- * * • - - - º = - - --

* * *

- . — -
——— * * - -
#
- … —

(3) Andrade não, dá ligação a estas linhas, nem á maior


parte da sua letra: eu porêm sigo o contrário dando-lhe li
gação, o que muito contribue para a sua igualdade, e a torna
mais engraçada, e facil de se escrever. - ** - - - - - - - -
102 REGRAS METHODICAS : . . ,

|- - - * • #

§. VI. > . *"

Terceira Lição,
ATERCEIRA lição Est. 31 consta da
formação das letras minúsculas, que não ex
cedem as parallelas da regra: derivão-se, e
fórmão-se estas letras das raizes, ou traços
primitivos, que ficão descritos, e fazem-se da
maneira seguinte.
A letra c n.° 1 é em tudo conforme á
raiz n.° 7, que fica descrita.
A letra e n.° 2 começa-se no meio da re
gra, e aspirando o traço fino até á linha su
perior, curvando-o para a esquerda, fórma-se
o olho do e, e vai seguindo em tudo mais
como a letra c, pois esta fechada ao meio faz
hum e, como está demonstrado na raiz n.° 7.
A letra o n.° 3 é composta da raiz n. 7,
fechados os seus extremos na parte superior,
donde descendo com a penna, fórma-se da
direita huma grossura, quazi igual á da es
querda, como mostro na raiz n.° 7. *

A letra a n.° 5 é composta de hum o, e


da raiz n.° 1 sem a farpa, ou perfil horizontal.
Faz-se esta letra de huma vez, porque for
mando o o, sem levantar a penna, vai até á
linha superior da regra, de cujo ponto torna
para baixo formando a dita raiz n.° 1, que é
a haste do a: a demonstração desta letra se
vê com clareza no parallelogrammo Fig. 1."
A letra m, que nesta Hição, e na seguinte
acompanha todas as letras, para dar maior
exercicio aos dedos, supprindo assim a ligação,
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 103

é derivada das raizes números 1, e 4, como


tambem a letra n, porque continuando a cur
va da raiz n.° 4, e acabando como a raiz n.° 1,
fórma hum m ; e formando duas linhas como
a primeira, e juntando-lhe depois a segunda
perna
perior do n, travadas
fórma hum m. todas tres da parte su
- • *

A letra r n.° 4, é em tudo conforme a


raiz do mesmo n.”, que fica descrita. º
O o inverso n.° 7 é derivado da raiz n.° 7,
virada para baixo. Esta figura é a primeira
linha do x n.° 12, e a segunda do h n.° 20, e
do p n.° 24, e é tambem a fechante do b n."
15, e do o n.° 3, sem o ponto final. #
A letra s n.º 8 é huma das letras irre
gulares, que mostro no quarto principio. Co
meça-se a exemplo da raiz n.° 7, e formada a
curva superior, vai seguindo trocida, ou obli
qua para a direita, e acaba como o c inverso:
advertindo porêm, que a largura da curva su
perior deve ser menor que a inferior, como
está demonstrado no quarto principio n.° 11.
A letra u n.° 6 é composta da raiz, n. 1
repetida, isto é, compõe-se de duas linhas
mistas, á imitação da raiz n.° 1, travadas da
parte inferior, tendo a # menos, que a
primeira a farpa, ou perfil horizontal. …
A letra v n.º 9 é derivada da raiz n.° 1,
continuando o traço fino até á linha superior
da regra, curvando-o alguma coiza para o in
terior da letra, e tornando com a penna para
baixo pelo mesmo traço, se fórma a sua meia
grossura. Esta letra faz-se tambem em figura
de coração, como se vê no número 11 desta
lição, e no quarto principio números 14, e lá,
104 ** ** REGRAS METHODICAS , º

onde mostro o preceito destas letras, ou tam


bem da raiz n.° 1, primeiro principio, donde
resultão os vv n.° 10 lição terceira. …
e "A letra x n.° 12 é composta do o inverso
n.° 7, e da raiz do mesmo n.°, reunida esta ao
a inverso centralmente, de modo que fechadas
as extremidades de huma, e outra parte, fór
ma perfeitamente dois oo unidos, como está
demonstrado no quarto principio n.° 12.
A letra 2 n.° 13 é composta de tres li
nhas, duas das quaes são horizontaes de mo
vimento curvo em seus extremos, e huma
recta fina, e obliqua. Fórma-se esta letra den
tro de hum parallelogrammo, e a dita linha fina
o divide em dois angulos, e por isso lhe cha
maremos linha diagonal, como está demons
trado no quarto principio n.° 13.
§ VII.

Quarta Lição.
|- A LIção quarta Est. 31 consta da for
mação das letras; cujas hastes excedem o
corpo primitivo dellas, que é a altura da re
# Tém as referidas letras duas diferentes
astes, a saber: haste simples, ou sem cabe
ça, e haste composta, ou com cabeça. A pri
meira tém huma altura da regra para cima,
ou para baixo, conforme a sua construcção;
e a segunda tém altura, e meia tanto supe
rior, como inferiormente, excepto quando o
corpo primitivo da letra for em ponto grande,
porque então basta, que a haste composta
tenha mais dois gróssos, que a simples, como
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 105

mostro no Epilogo Est. 32: o modo de formar


as letras é da maneira seguinte: … -

A letra l n.° 14, tendo haste simples, é


em tudo similhante á linha mista lição se
gunda. Tendo porêm haste composta, ou com
cabeça, começa como a raiz n.° 7, e formada
a curva superior, vai seguindo, e acaba como
a dita linha mista. •

A letra b n.° 15 começa como hum l, e


aspirando o traço fino até á linha superior da
regra, e curvando-o para o interior da letra,
fecha com a haste na terceira divizão, donde
voltando a penna sobre a direita, e seguindo
pelo mesmo traço, se lhe dá a sua grossura,
bem como se executa em a letra o, pois unin
do-se a este á esquerda hum l, ficará humb
perfeito, como mostra a Fig. 1." Est. 31.
A letra d n.° 16 é composta de hum o, e
do l n.° 14. Começa-se esta letra como a raiz
n.° 7, e acaba como a raiz n.° 1.
A letra h n.° 17 é composta de huma li
nha recta, e da segunda de hum n, como
mostra a Fig. 2.° Começa-se esta letra por
hum perfil na parte superior, e assentando os
bicos da penna no principio da haste, vai se
guindo recta até á linha inferior da regra, e
tornando para cima com a penna, pela mes
ma linha, sahe-se á direita na terceira parte
superior, do
segunda e fórma-se
h. a linha mista, ou seja a
• -

Tambem se fórma o h, juntando da di


reita á primeira linha, ou haste hum o in
verso, como se vê exemplificado nos hh n.° 20.
A letra k n.° 18 deriva-se do h, como
mostro no segundo principio n.° 6. Começa-se
106 · · · 2 REGRAS METHODICAs

formando a primeira linha do h, e sahindo


com a penna na terceira parte á direira, cur
vando o traço, vai seguindo, e recolhendo-se
ao meio da regra, donde sahindo horizontal,
acaba-se como a segunda linha do n.
A letra k póde-se tambem formar, diver
sificando a haste, fazendo-a como se vê nos
dois kk n.° 19, cuja haste é pela imitação de
hum flongo.
A letra q n.° 2.1 é composta de hum o, e
de hum j sem o ponto. Começa-se como a
raiz n.° 7, e fechadas as extremidades, vai se
uindo a penna até á linha superior da regra,
onde descendo formando a magistral, isto é,
a haste, e curvando-a para a esquerda na
parte inferior, sóbe-se formando a rama: esta
vai-se chegando á magistral, e a corta hum
pouco antes de chegar á regra.
A letra y n.° 22 é composta da raiz n.° 1,
e da magistral do q, que tenho descrito.
O y grego n.° 23 diversifica-se do y gre
go n.° 22, por acabar com cabeça, ou hori
zontal, como os pp n.° 24.
A letra p n.° 23 é composta das duas li
nhas, de que se fórma o h, que tenho deserito,
poispozição
na este não
da se diferença do p, mais do que
haste. - •

O p n.° 24 diversifica-se do p n.° 23 na


segunda linha, por ser esta pela figura de
hum c inverso.
A letra q n.° 25 é composta de hum o, e
huma linha recta. Começa-se como a raiz n.°
7, e fechadas as extremidades, vai seguindo a
penna até á parte superior da regra, e dahi tor
na para baixo formando a recta, isto é, a haste.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 107

A letra t n.° 2 primeiro principio é com


posta da raiz n.° 1, excedida meia altura da
parallela superior da regra, onde se lhe dá o
corte, bem como no f n.° 10 terceiro prin
cipio.
As hastes compostas superiores das refe
ridas letras são uniformes. •

As hastes compostas inferiores diversifi


cão-se das superiores; porque humas acabão
com ponto, outras com travessa horizontal, e
outras rectas, á excepção do g, porque esta
deve acabar com rama, como no carácter in
glez, o que tudo se vê exemplificado Est. 31,
e 32.

§. VIII.

Da grossura, largura, e ligado da Letra.

Que…» especificar com evidencia es


tas circumstancias, não obstante o que a seu
respeito deixo dito, propuz a Fig. 2.° Est. 31,
na qual mostro claramente a grossura, largu … *******
ra, e ligado da letra: para este fim divido a
altura do corpo primitivo da letra em dez par
tes iguaes, e dellas tomo huma para a gros
sura, cinco para a largura, que é métade da
altura, e pouco mais de tres, ou seja hum
têrço, do corpo primitivo da letra, para o li
gado do fino, com o grosso tanto superior,
como inferiormente, o que tudo está demons
trado na Fig. 2.°
108 -- REGRAS METHODICAS : " +

* #: " - -. Quinta Lição. - |- • •

A LIÇÃo quinta Est. 32, e 33 consta


dos Abecedarios Maiúsculo, e Minúsculo. O
exercicio, e conhecimento do segundo faz-se
necessário para o complemento de todas as
letras minúsculas, e para continuar a adquirir
o assento da mão; pelo que, em quanto o
discipulo não obtiver esta suficiencia, não
deve passar a escrever as outras lições, por
que para se escrever bem, é necessário ven
cer a firmeza da mão, o que se não póde al
cançar sem muito exercicio, particularmente
das primeiras lições, que deixo estabelecidas.
No Epilogo colocado no meio da Est. 32
mostro reunido todo o Abecedario Minúsculo,
assim como as alturas das hastes compostas,
e simplices, os córpos de que se compõe as
letras, os círculos que se fórmão dos curvos,
quando estes estão perfeitos (o que lhe serve
de prova) e em fim todos os preceitos, que
ficão descritos estão reunidos, e evidentemen
te demonstrados no dito Epilogo, o que exa
minando-se com attenção, e trazendo á lem
brança todas as regras se achará verídico.
Vencida a perfeita fórma do Abecedario
Minúsculo, e concebidas todas as regras, e
preceitos que deixo estabelecidos, será facil
vencer a fórma do Abecedario Maiúsculo, e
conceber as suas regras, o que tudo vou des
CITGVG r.

Temos visto que para ensinar a formação


PARA SE APRENDER A ESCREVER. 109

das letras minúsculas, segundo o meu syste


ma, tenho proposto tres traços, ou raizes donde
se derivão todas as letras. Assim tambem para
ensinar a formação das maiúsculas com faci
lidade, e exactidão que permitte a variedade
das suas figuras, e rasgos, tenho buscado tres
traços primitivos, donde se derivão quazi to
das as letras maiúsculas; cujo méthodo de os
5rmar é o seguinte. - .
O traço n.° 16 Est. 31 quarto principio,
começa no ponto a com o traço mais delga
do, º que a penna descreve, e gyrando-a em
fórma oval da direita para a esquerda, vai se
guindo formando a curva, e sóbe até á linha
superior da regra, declinando o traço alguma
coiza para a direita. Este traço é o primeiro,
que fazemos na formação de A, M, N,
O traço n.° 17 Est. 31 quarto principio,
é o magistral, e principal de todos, porque
delle se fórmão a maior parte das maiúsculas.
Começa-se o dito traço no ponto b por huma
linha fina; porêm vai-se engrossando progres
sivamente até perto de dois têrços da sua al
tura, donde começa a diminuir o grosso, e a
curvar-se para a esquerda, concluindo-se com
a curva inferior, a qual tambem póde acabar
com cabeça. •

Este segundo traço, que se reduz a hum


traço misto, é o primeiro que fazemos para
formar as letras B, F, H, J, K, P, R.; além
de que tambem o empregamos na formação
de D, G, L, e J, ainda que nestas letras não
tém a curva inteira, isto é, não se manifesta
todo.
O traço n.° 1.8 Est. 31 quarto principio,
110 * REGRAS MET'HOTDICAS

começa no ponto c, e descendo com a penna


formando o traço de grossura média, e cur
vando sobre a esquerda, sóbe, e vai seguindo
fazendo o gyro oval para a direita até á parte
superior, donde tornando a descer com a pen
na, e engrossando a curva termina com ca
beça no ponto d.
* Este terceiro traço, é o segundo, que fa
zemos na formação de B, F, P, R, T, e tam
bem comecemos por elle as letras I, J, H, U,
JZ, X, Y, e 2.
Concebida, e entendida a fórma dos tres
referidos traços primitivos, donde se derivão
as letras maiúsculas, fica facil a intelligencia
da sua formação, como vou descrever.
A letra A Est. 23 Lição 6.", é composta
do traço n.° 1.6 Est. 31, e de hum l unido
com o primeiro traço na parte superior: de
pois para a sua completa execução, corta-se
ao meio da sua altura, com hum traço fino
horizontal.
A letra B é composta do traço n.° 17 cu
berto por cima com o traço n.° 18, travado
este ultimo com hum o inverso, logo acima
da linha média da regra.
… A letra C maiúsculo não se diferença do
c minúsculo, mais do que nas curvas supe
rior, e inferior: a primeira occupa a têrça
parte da altura da regra, e a segunda sóbe
até o meio, e ambas curvão para o interior
da letra.
A letra D começa com o traço n.° 17
supprimida a curva inferior, e substituindo
lhe a linha horizontal, que vai seguindo para
a direita, e subindo com a penna continuando
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 11 1

a linha, dá volta em tôrno do traço magistral,


e descendo do ponto superior da letra, até á
primeira divizão da regra, formando a circu
lar, vai seguindo, e acaba-se curvando-a para
dentro. • • • •

A letra E, que se compõe de duas linhas


curvas travadas, começa como hum C, e for
mada a curva superior trava com a inferior,
logo acima da linha média da regra, e acaba
se como a final do C: de modo que as extre
midades do E, são em tudo conformes com
as do C.
A letra F Lição 6.° fórma-se do traço n.°
17 curvado para dentro, e cuberto por cima
com hum rasgo, que principia a exemplo do
traço n.° 18, e segue horizontal: depois para
complemento da-se-lhe hum corte ao meio da
altura da letra.
A letra G quanto ao corpo primitivo, ou
caixa é conforme ao C, e sem a final cur
var para dentro, une-se-lhe á direita o meio
traço inferior do traço n.° 17, curvando para
dentro.
A letra H é composta do traço n.° 17, e
da raiz, ou traço n.° 7, ambos de igual altura,
e travados no meio por huma linha fina hori
zontal.
A letra Ivogal em substancia, não é ou
tra coiza, que o primeiro traço do H. Começa
por hum traço de movimento curvo em seus
extremos, que serve de capa, e trava com o
traço magistral na parte superior, que é como
se começa o H acima prescrito.
A letra J consoante começa como Ivo
gal, e acaba com hum rasgo curvo, que ex
112 REGRAS METHODICAS" : > -

cede hum têrço da sua altura, a parallela in


ferior da regra.
A letra K é composta do traço n.° 17, e
de dois meios traços curvos em seus extre
mos, e travados ao meio da altura da letra,
tendo o segundo o dobro da grossura do pri
meiro. #

A letra L começa como a curva supe


rior do C, e gyrando a penna para a esquerda
em fórma oval, vai seguindo para baixo for
mando a magistral, e ladeando a penna da es
querda á direita, acaba-se com hum traço
horizontal.
A letra M é composta dos dois traços pri
mitivos do A, e de hum terceiro a exemplo
de hum l, que liga na parte superior, com
ultimo traço fino aspirado do A. •

A letra N é composta dos dois primeiros


traços do M, ficando o segundo perpendicu
lar, e reunindo-lhe na extremidade inferior, o
primeiro traço inverso; mas mais elevado.
A letra O não muda a fórma do o pe
queno lição terceira, á excepção do rasgo in
terior, e da sua maior altura. #
A letra P é composta do traço n.° 17,
cuberto da parte superior com o traço n.° 18.
A letra Q a sua caixa, ou corpo primiti
vo, é similhante á raiz n.º 7, reunindo-lhe da
parte inferior á direita hum traço recto no
ponto de reunião, o qual acaba horizontal.
# A letra Q faz-se tambem a exemplo de
hum O, sahindo deste hum traço curvo, que
excede a parallela inferior da regra, como se
vê nos Abecedarios Est. 34, e 35.
A letra R é composta do traço n.° 17 2
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 113 .

cuberto da parte superior com o traço n.° 18,


continuando até o meio da altura da letra,
onde trava com hum terceiro traço, á imita
ção da segunda perna do n.
A letra S é composta do traço n.° 17,
travado com hum traço fino, e curvo, que vém
ao meio da altura da letra.
A letra T é conforme a letra F sem o
corte, que fica descrito, acabando a curva in
ferior horizontal.
A letra U vogal maiúsculo, começa como
o traço n.° 18, e tocando na parallela superior
da regra desce, e vai seguindo até á inferior,
onde voltando em figura oval sóbe a igual al
tura do primeiro traço, e curvando alguma
coiza para o interior # letra acaba com hum
traço curvo, que sahe algum tanto para fóra.
* A letra V consoante, começa como o U
vogal maiúsculo, e conforma-se em tudo mais
com o v minúsculo n.º 9 terceira lição.
A letra X é composta de dois CC trava
dos diametralmente, ficando o primeiro in
verso do segundo: esta letra conforma-se mui
to com o x minúsculo terceira lição.
A letra Y grego maiúsculo é conforme o
9 grego minúsculo n.° 23 terceira lição, que
fica descrito.
A letra 3 maiúsculo é conforme o 2 mi
núsculo n.° 13 terceira lição, á excepção dos
rasgos horizontaes; cujas curvas excedem, e
diversificão-se alguma coiza das do z pequeno.
Este especulativo das letras minúsculas,
está conforme as Figuras, e rasgos do Abece
dario Maiúsculo Est. 33, á excepção de algu
ma variedade accidental, que 8se observa em

1 14 REGRAS METHODICAS

algumas curvas, porêm estes accidentes não


mudão a essencia das letras, nem degenerão
a sua formação, antes lhe dá graça, e mostra
liberdade de penna do escritor.
Para facilitar ao Discicipulo o ensino das
letras maiúsculas, e mostrar-lhe com clareza
a sua formação, dividí a altura da regra em
tres divizões iguaes, e a do centro em duas
Est. 33, nas quaes terminão as curvas, e mais
rasgos das sobreditas letras, e mostrão perfei
tamente a sua exactidão. Pelo que deixo de
ser mais extenso a este respeito, confiando no
cuidado do zelozo Mestre, que conformando
se em tudo com as regras, e preceitos espe
cificados, fará ao Discipulo a demonstração
verbal.
. E precizo porêm advertir, que o maior
trabalho de hum Mestre consiste em pôr o
Discipulo na perfeita fórma de todas as letras,
para o que é necessário mostrar-lhe com mé
thodo claro, e singelo o seu especulativo, ao
tempo que o Discipulo começar a forma-las,
ensinando-lhe primeiro os traços principaes,
que descreve a penna, e os movimentos desta,
e assim porá o Discipulo em estado habil de
poder passar para as seguintes lições.

§. X.

Lição Sexta.
ALIÇÃo que o Mestre deve applicar
ao Discipulo, depois da formação de todas as
letras, é a da letra denominada Bastardo Est.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. | 15

33, que deve ser da altura do Abecedario


Minúsculo Est. 32; porque para se aprender
a escrever, qualquer carácter, deve-se prin
cipiar por letra de maior altura, para os de
dos se habituarem a hum movimento largo,
ficando-lhe ao depois facil o passar gradual
mente para o menor; porque do grande para
o pequeno vai-se melhor, que do pequeno
para o grande. No exercicio do Bastardo Est.
33 ensinará o Mestre, primeiro a fórma de
regrar a escrita, deixando entre regra, e regra
hum entrevallo de duas alturas e meia até
tres do corpo primitivo da letra: depois ensi
nará a guardar exactamente os espaços das
letras, e de nome a nome, que deve ter es
paço e meio até dois. * *

Logo que o Discipulo forme com des


embaraço,
para a lição eseguinte.
perfeição o Bastardo, passará •

§. XI.

Lição Setima.
{ A LIÇÃo sétima Est. 34, consta da le
tra, que se appellida Bastardinho. No seu
ensino advertirá o Mestre primeiro, que a le
tra siga toda a mesma obliquidade, para o
que é bom escrever por algum tempo com a
pauta n.° 5 por baixo do papel: segundo, que
o espaço entre letra, e letra seja igual á sua
largura, e que de nome a nome se deixem
dois espaços: terceiro, que as linhas, ou re
gras que se escreverem em cada escrita, de
8 %
116 |REGRAS METHODICAS

vem constar de huma so sentença, ou dito,


porque na sua repetição se alcança a certeza
dos espaços, e se chega mais facilmente á
perfeição, para poder passar a imitar os exem
plares de Cursivo, de que trata a lição se
guinte.
§. XII.

Lição Oitava.
A LIÇÃo oitava Est. 35, consta da letra
appellidada Cursivo liberal; cujo nome lhe
provêm do desembaraço, com que se escre
ve; porque como é de pequena altura, fazem
se duas, tres, e mais letras de huma vez, e
até algumas palavras inteiras, sem erguer a
penna, ainda que seja precizo algum movi
mento retrógrado, o que dá muita agilidade
á mão.
O seu exercicio se fará com o auxilio da
pauta n.° 5, pela qual se escrevem tres altu
ras de letra Cursiva liberal, isto é, maior, me
nor, e minima, sendo a média, ou a menor do
tamanho, em que deve ficar a letra para o
expediente: pelo que é necessário, que o Mes
tre cuide eficazmente, em que o discipulo
siga sempre hum carácter de letra liberal, e
perceptivel, o que não conseguirá, sem obser
var exactamente os cinco preceitos essenciaes
da letra, que são a obliquidade, altura regular,
largura proporcionada, grossura igual, é uni
formidade; porque qualquer falta destas é di
gna de censura, e faz-se logo reparavel, por
que estes preceitos são as circumstancias, ou
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 1 17

as qualidades principaes, que constituem hu


ma boa letra, seja de que Carácter fôr.
O Abecedario Maiúsculo, que proponho
na Est. 35, quanto ao Carácter é Portuguez;
porêm o seu ornato é de gôsto particular, e
os curiozos tiraráõ delle, e dos mais desta
Arte novas idéas.

Fim do Tratado da Letra Portugueza.


113 ° REGRAS METHODICAS

CAPITULO XIII.

§. I.
Da Letra Aldina, Grifa, ou Itálica.

A MAIoR parte dos Caractéres das le


tras, que as Nações da Europa úzão ha tres
séculos a esta parte, são derivados, ou tém
sua origem da Letra Aldina, assim chamada
por ser o seu inventor Aldo Pio Manuzio, que
nasceo em Basiano, território situado em o
Lacio Romano, e vivia no principio do século
XVI. Foi Aldo homem de muita erudição,
versado nas Linguas Orientaes, e Impressor
em Veneza, onde em 1501 publicou a formo
zissima Edição, que tém por titulo Le cose
volgari de Misser Francesco Petrarcha com
prefazione in fine. E em 1502 a excellente
Edição Le terge Rime di Dante: In Venezia
nelle case d'Aldo, e assim em outras mais edi
ções até o anno de 1515, todas feitas no apre
ciavel Carácter de letra, que ele mesmo in
inventou, e que depois foi conhecido com o
nome de Aldino.
Deste Carácter de letra se uzou, e se
uza nas imprensas de toda a Europa; ainda
que hoje é mais conhecido com o nome de
Grifo ; cuja denominação, creio provêm de
se ter vallido delle Sebastião Grifo impressor
em Leão de França, mas suas edições, que
publicou quinze annos depois da existencia
de Manuzio, e este o motivo porque os Fran
PARA SE APRENDER A ESCREVER. | 19

cezes quizerão de certo modo escurecer a


gloria de Aldo, a quem todos devemos hum
sem número de Obrigações, pois podemos af
firmar, que elle foi, o que desterrou com o
invento do seu preciozo Carácter de letra, as
barbaras impressões góticas, e mais manu
scritos, que todos puxavão para o gótico, e tão
confuzos, que havia grande difficuldade para
os lêr, e além disto foi Aldo o primeiro, que
deo huma nova fórma de letra facil, veloz, le
ivel, e susceptivel de regras sólidas, e fun
# por cujas conhecidas vantagens
todas as Nações da Europa a seguírão, fa
zendo-se depois geral com o nome de Chan
cellaresca, ou Bastarda (1), de que ainda hoje
uzão os Francezes, e a ensinão nas suas es
cólas, ainda que detriorada, e cheia de defei
tos, e erros crassos, porque os Francezes sem
pre tiverão negação para escrever, tanto com
a penna, como com o boril, e para prova desta
minha asserção vejão-se as obras de escrita
de seus authores, onde nem ha belleza do es
critor, nem do gravador, e vejão-se tambem
as suas cartas manuscritas de corresponden
cia commercial, cuja letra é a peior, que póde
ser: o que tudo serve de prova evidente á
minha asserção; porque se os mestres de Es
crita, e os empregados no ramo do commer
cio (que é onde se encontrão melhores letras)
não escrevem bem, o que farão os mais ?
Foi pois na Italia, que a letra Cursiva,
ou Arte de escrever corrente teve a sua ori

(1) Odechamar-se
clinação a esta letra Bastarda, provêm da de
seus principios, •
120 REGRAS METHODICAS

gem, e por isso os Italianos merecem neste


particular hum lugar de distincção, sendo elles
tambem os primeiros, que publicárão Obras
de Escrita, dando excellentes méthodos, e re
gras para se aprender a escrever, de sorte
que podemos dizer: se hoje se escreve per
feitamente, a elles devemos o principio.
É tambem conhecida a letra Aldina, pe
los impressores com o nome de Bastardilha
Italiana. As maiúsculas desta letra tomão a
fórma das Latinas, ou Romanas, e os gg, e os
ss minúsculos são similhantes aos da letra cur
siva redonda.
Aldo, e Grifo uzárão das maiúsculas sem
inclinação, e derão quinze gráos de obliqui
dade ás minúsculas; porêm Pablo Manuzio
filho do immortal Aldo, homem tambem de
muita erudição, o que bem mostrou nas suas
Obras, deo igual inclinação ás maiúsculas, re
gulando toda a letra por huma mesma obli
quidade, como claramente se vê da famoza
Edição, que publicou em 1533, que tém por
titulo Il Petrarcha con le annotazioni pro
messe prima da Aldo Padre di Paolo il quale
dedica il Libro á Geovanni Bonifacio %
chese D’Orie. In Venezia nelle case degli Eredi
d'Aldo Romano, e d'Andrea Asolano suo Suo
CC?"O.
PARA SE APRENDER A EscREVER. 121

§. II.

Principios methódicos para se aprender


a escrever a Letra Aldina.

Todos os Authores, que tenho visto, e


outros de quem tenho cabal noticia, assim
Estrangeiros, como Nacionaes, fallão da letra
Aldina, ou Grifa; mas nenhum tém ainda es
tabelecido hum méthodo debaixo de princi
pios, para se aprender a escreve-la, e o mes
mo succede a respeito das letras Romana, e
Gótica. Eu porêm não so dou noticia destas
letras; mas tambem as ensino a escrever com
méthodos fundados em principios theóricos, e
práticos pelos quaes se póde aprender as re
feridas letras, ou caractéres em breve espaço
de tempo, e assim julgo ficar-me a gloria de
ser o primeiro, que reduzio o seu ensino a
méthodo claro, facil, e breve.
A letra Aldina tém sofrido muitas mu
danças na sua inclinação, e até mesmo no
Carácter. Principiou-se a uzar na Itália com
quinze gráos de inclinação: alguns Authores
Hespanhóes a elevárão á vinte e cinco gráos,
e outros a trinta. Os Inglezes a estão hoje
uzando nos seus escritos, com a mesma obli
quidade da letra Ingleza, como se vê nas
obras de Champion, Smith, Thomson, e outros;
cuja obliquidade
o Carácter por demaziada
primitivo da letra. faz degenerar

. Pelo que dezejando occorrer a estes pre


juizos assentei dar á letra Aldina vinte gráos
de inclinação, como mostra o angulo Fig. 1."
122 REGRAS METHODICAS

Est. 36, com que fica mais airoza, facil de se


escrever, e lhe conserva o seu primitivo Ca
rácter.
Na Est. 36 mostro os principios práticos
para se aprender a escrever as letras Aldina,
e Romana, e os divido nas seguintes lições.

§ III.

Primeira lição da Letra Aldina.

A PRIMEIRA lição, que hum Mestre de


ve applicar ao Discipulo no ensino da letra
Aldina, é a das linhas rectas Est. 36 (que é
a baze fundamental de todas as letras) as
quaes começão por hum perfil, ou farpa, al
guma coiza obliqua da # para a direita
na extremidade superior da linha, e assentam
do os bicos da penna no principio da sua
grossura desce, e vai seguindo recta, e com
o grosso igual até á extremidade inferior, onde
ladeando a perma para a esquerda, e dahi
para a direita descreve-se huma pequena li
nha fina horizontal que serve de baze. Estas
linhas distão humas das outras a têrça parte
obliqua da sua altura. •
PARA SE APRENDER A EscREVER. 123

§ IV.

Segunda Lição.
A sEGUNDA lição da letra Aldina, é das
linhas mistas Est. 36. Começão-se como as da
primeira lição, e trazendo o grosso igual até
á extremidade inferior da linha, curva-se para
a direita, e aspirando o traço, acaba com a
final fina, ganhando na sua abertura métade
da distancia, que ha entre linha e linha, ou
seja a sexta parte da sua altura. Estas linhas
guardão a mesma distancia humas das outras,
que as da primeira lição.
No exercicio destas duas primeiras lições,
deve-se fazer uzo ao principio da pauta n.° 5,
o que sem dúvida servirá de grande utilidade;
porque sem o seu auxilio, é difficil adquirir a
devida inclinação. •

§. V.
Terceira Lição.
A TERCEIRA lição Est. 36, consta da
formação de todas as letras minúsculas, as
quaes devem ter de largura métade da sua
altura, e este é o espaço, que deve haver en
tre letra e letra, exceptuando as letras m, v,
a, 2, que occupão dois espaços, e o mesmo
se deixa entre nome e nome. As hastes tanto
superiores, como inferiores, tém menos hum
grosso do corpo primitivo da letra, e da mes
ma altura são as Capitaes correspondentes
124 REGRAS METHODICAS

das minúsculas, como mostro nos Abeceda


rios Est. 40.
A letra q n.° 1 tomando a fórma do g
cursivo da redonda, é composta de hum o,
que deve ter na altura a quarta parte de me
nos, que as outras letras; cuja diminuição se
faz da parte inferior, donde sahe huma linha
curva em figura de s, que dando volta da di
reita para a esquerda fecha junto ao ponto
donde principiou.
A letra q n.° 2. Est. 36 é composta de
hum o, e de huma linha recta na parte supe
rior onde se junta ao o, e curva na inferior.
O carácter deste g, ainda qne não é da pri
mitiva, com tudo póde-se uzar delle, porque
procede de raiz legitima, e além disto é uni
forme com as mais letras, faz melhor symme
tria na regra, fórma-se de huma vez, e é mais
cursiva, e estas vantagens não se devem des
prezar.
A letra flongo diferença-se do fsómente
no corte, pelo o não ter, e so se lhe une á
esquerda na linha superior da regra, hum pe
queno traço horizontal.
Quanto ao modo de formar as letras mi
núsculas do Carácter Aldino, é o mesmo, que
fica descrito da formação das minúsculas do
Carácter Portuguez, e escuzando por este mo
tivo ser mais extenso, deixo de as especificar,
e tambem por fazer a sua demonstração cla
ra, e distinctamente no Epilogo colocado na
Est. 37, onde se vê os córpos, de que se
compõe as letras constantes de todo o Abe
cedario Minúsculo, sendo-me so necessário
advertir a este respeito, que as hastes supe
PARA SE APRENDER A EsCREVER. 125

riores das letras b, d, h, k, l, t, começão por


hum perfil, ou farpa, como as linhas da pri
meira lição; e as hastes inferiores das letras
p, q acabão com a baze, horizontal das mes
mas linhas, e esta é sómente a diferença,
que ha na formação das letras minúsculas dos
dois Caractéres Portuguez, e Aldino.
A letra Aldina não tém ligação; todas as
letras são soltas humas das outras, e os finos
áspiraes, e dos travados sobem sómente hum
têrço da altura da regra, e abrem métade da
distancia, que ha entre letra e letra, á exce
pção dos travados, porque estes devem ga
nhar na sua abertura a distancia inteira, isto
é, métade da altura da letra, que é a sua lar
gura, como fica dito.

§. VI.

Quarta Lição.
A qUARTA lição da letra Aldina Est. 37,
consta do Abecedario Minúsculo, no qual de
ve o Mestre fazer exercitar o Discipulo, para
que tome a perfeita fórma de todas as letras,
e habituar os dedos ao maior movimento, para
ao depois passar com aptidão a executar o
Abecedario Maiúsculo, e depois o cursivo.
Na Est. 32 mostro o aparo da penna,
com que se escreve a letra Aldina, o qual
deve ter os bicos iguaes em altura, e largura,
Segundo fôr necessário, para o tamanho da
letra, que se quizer escrever.
No Epilogo colocado na Est. 37 está
reunido todo o Abecedario Minúsculo, e de
126 REGRAS METHODICAS

monstrado claramente todas as proporções,


preceitos, e regras necessárias para a sua for
mação; porêm não obstante a sua demonstra
ção, vou especificar as principaes.
1." Todas as linhas assim rectas, como cur
vas, e mistas das letras minúsculas, tém de
grossura a décima parte da altura do corpo
primitivo da letra, isto é, segundo o meu sys
tema. •

2." Todas as farpas, bazes, e travados das


curvas são finos.
3." Todos os finos áspiraes, e dos travados
das letras, chegão á têrça parte da altura da
regra, tanto superior, como inferiormente.
4." Todas as hastes superiores, e inferio
res tém hum grosso de menos, que a altura
do corpo primitivo da letra, excepto o t, que
excede a regra so tres gróssos.
5." Todas as letras minúsculas tém de lar
gura cinco gróssos, ou seja métade da sua al
tura, excepto m, ar, que tém o dobro; e o g
primitivo, e o z, que tém mais meia largura.
Estas são as regras geraes, que se devem
observar, e que estão exemplificadas no Epi
logo Est.para
adoptei 36,a segundo o meu systema, que
letra Aldina. •

§. VII.

' + Quinta Lição.


A LIÇÃo quinta Est. 37, consta do Abe
cedario Maiúsculo, Aldino, ou Italico, a sua
obliquidade é a mesma do Abecedario Mi
núsculo, porque consistindo a maior belleza
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 127

de qualquer carácter de letra obliqua na re


gularidade da sua inclinação (coiza inobser
vada por alguns authores) o que produz agra
davel efeito, devemos por tanto construir as
maiúsculas com a mesma obliquidade de 20
gráos, com que construimos as minúsculas, e
para este fim uzaremos do méthodo seguinte.
1.° Levante-se a linha perpendicular A B
sobre a recta horizontal B C Fig. 1." Est. 37:
descreva-se a circular A D C, e divida-se
esta em nove partes iguaes, e como cada
parte destas vale dez gráos tomaremos duas
de A para E, e descreveremos a linha obli
qua B E, a qual mostra a obliquidade de 20
gráos, e por esta se formaráõ todas as letras
maiúsculas. E para que se formem com as
devidas proporções, se construirá a quadricula
Fig. 2.° Est. 37, dividindo-a em oito partes
iguaes de ambos os lados, e se tiraráõ as pa
rallelas que mostra a mesma Fig. 2.°
2.° Todas as linhas gróssas de cada letra
terão de grossura a oitava parte da sua altura,
e as finas a sexta parte do grosso, segundo o
meu systema.
3." Todas as travessas, ou linhas horizon
taes, que se fórmão nas extremidade das le .
tras, sahem para os lados a oitava parte da
altura da letra.
4." . Todas as linhas assim gróssas, como
delgadas, quando não travão com outras, que
prosseguem rectas, são curvas nos lados das
extremidades.
5.". Todos os curvos das linhas são partes
do círculo.
/

Este especulativo, ou regras geraes, é


128 REGRAS METHODICAS

suficiente para guiar o Discipulo, e não sou


mais extenso a este respeito por julgar ter
dito o mecêssário, como tambem pela clareza,
com que as letras estão formadas dentro das
quadriculas, tomando humas toda a sua ex
tensão, como as letras A, D, H, K, M, N,
R, U, V, X, Y, que se ajustão com a qua
dricnla, e as outras tomão partes das mesmas,
o que tudo deve o Discipulo notar com atten
ção para seu conhecimento.

§. VIII.
Sexta Lição.
A LIÇÃo sexta Est. 37, e 40 consta dos
Abecedarios Maiúsculo, e Minúsculo de cur
sivo, e dois exemplares da mesma letra. O
seu exercicio é indispensavel ao Discipulo,
para tomar o conhecimento cabal das propor
ções de todas as letras, segundo as regras es
tabelecidas para a sua formação, e a este res
peito so advertirei mais, que as maiúsculas
correspondentes ao cursivo, que se metterem
pelo meio das regras, devem ser da mesma
altura das hastes das minúsculas, e a sua gro
sura será o dobro destas; porêm as Capitaes,
que se escreverem no principio dos paragra
phos, devem ser de maior altura, e se lhes
dará a grossura proporcionada.
As letras maiúsculas pódem ser plenarias,
vazias, ou ornatadas, segundo o gôsto, e ha
bilidade, de quem as escrever, no que se pó
de variar infinitamente, o que tudo dá muita
graça ás letras.
Já deixo dito, que pela pauta n.° 5 se
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 129

fórmão tres diferentes alturas de letra cursiva,


isto é, maior, menor, e minima.
Os originaes da letra cursiva, que mostro
na mesma Est. 40, é a letra média, ou o cur
sivo menor, o qual por ser de altura mais re
gular paranao prática.
fazer uzo expediente, é= de
. que devemos•

Como a letra Aldina não admitte adôr


nos, e as suas hastes são pequenas, não é ne
cessário deixar entre regra, e regra, mais que
tres córpos da letra, isto é, nos manuscritos,
porque nas impressões basta hum e meio até
dois.

Fim do tratado, e ensino da letra Aldina.


130 REGRAS METHODICAS.

CAPÍTULO XIV.

§ I.

Da letra Romana, ou Latina.

A NEcessIDADE de escrever com velo


cidade tém sido, é, e será preciza em todas
as idades, e tempos; porêm esta mesma pre
cizão, foi a cauza principal da corrupção dos
mais formózos caractéres. Os antigos Roma
nos haverião conservado os seus, com aquella
belleza, e perfeição, que ainda hoje admira
mos em suas inscripções, moedas, e outros mo
numentos existentes, se a barbara nação dos
Godos, não houvera abatido aquelle império,
e obscurecido com a sua invazão as Scien
cias, e as Artes.
São os Caractéres Romanos a fonte donde
dimanão todas as letras, que se tém uzado, e
se uzão em quazi todas as nações da Europa;
á excepção das maiúsculas, porque estas di
manão das antigas Gregas, donde os Romanos
extrahírão as suas, como fica advertido na
origem das letras.
Era a letra primitiva Romana de duas
especies, huma das maiúsculas iniciaes, cubi
taes, e grandes quadradas, como lhes chama
vão os antigos; e outra das letras menores,
que era o Carácter minúsculo, ou cursivo, de
que uzavão os Romanos: qual fosse a fórma
deste carácter minúsculo, e a sua origem se
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 131

ignora absolutamente, e so podemos dizer,


que Plauto em sua Bacchides lhes chama
litteras minutas : e Seneca na Epistola 95,
Scripturam minutissimam. Suetonio na vida
de Caligula cap. 41 diz: Proposuit quidem le
gem, sed minutissimis litteris, et angustissimo
loco: uti ne cui scribere liberet.
A este respeito convém pois alguns au
thores, que o sobredito carácter minúsculo
dos antigos Romanos, o tomarião dos Gregos,
do mesmo modo, que tomárão o maiúsculo;
ao que me não posso conformar, por quanto:
tendo maduramente raciocinado ácerca dos
referidos Caratéres, e feito hum prolixo exa
me sobre os fragmentos de letras antigas, e
de que tratão as Paleographias, que tenho
lido, sou de parecer, que os Romanos não
conhecêrão caractéres, ou letras minúsculas,
e que so uzarão das maiúsculas, fazendo-as
em ponto menor, e mais redondas, do que as
iniciaes, e nisto é, que consistiria o carácter
minúsculo: e com efeito reflectindo bem, vê
mos que isto mesmo ainda hoje uzamos, pois
que o Abecedario Minúsculo # tém le
tras, que so se diferenção das maiúsculas no
tamanho, como são i, o, s, v, nº, x, z, e o
grego, que o corpo primitivo é igual á letra
v. Além disto, não é crivel, que se os antigos
Romanos tivessem, e uzassem caractéres mi
núsculos de diferente fórma, não se achassem
alguns fragmentos delles, assim como se tém
achado dos maiúsculos; e tambem não é de
presumir, que os escritores não nos dessem
noticia da sua fórma, e origem.
O que podemos dizer sobre este particu
9 %
132 REGRAS METHODICAS

lar com verisimilhança, é que os antigos Ro


manos tinhão tres diferentes modos de es
crever. O primeiro com as letras Maiúsculas,
o segundo com o admiravel artificio das No
tas, e o terceiro com as Singulas.
Erão as Notas romanas huns signaes, ou
signos mui faceis de executar, e similhantes
aos Jerogliphicos dos Chinas, ou aos números,
que aprendemos dos Arabes, porêm de gran
de valor, e comprehensão no seu significado,
e com ellas notavão, ou escrevião velozmente.
Este artificio, a que os Gregos chamão Bra
chigraphia, ou Arte de escrever breve, se per
deo inteiramente, e so sabemos que existio,
e que os empregados nesta Arte se chama
vão Notarios; cujo oficio era da maior con
fiança, e honra, porque vinhão a ser os Secre
tários, que notavão tudo, quanto se fallava pe
los Padres Conscriptos, ou se recitava pelos
Causidicos, isto é, os Advogados do Senado, e
isto com tanta expedição do Estylo (que era
o instrumento com que escrevião) que não
obstante ser sciencia commum, entre os que
se applicavão a entende-las, e a escreve-las,
se admiravão os mesmos Romanos de tão pre
cioza, e util habilidade. A este respeito é di
no de se lêrem as obras poeticas de Ausonio
1), pela expressiva pintura, que este Poeta
faz de hum Notario na facilima acção de es
crever, ou notar, o que ouvia, ou lhe dicta
vão, e particularmente os seguintes versos,

(1) Este famozo Poeta era filho do célebre Médico J.


Bas, e chegou a ser Cons. Rom, no IV século.
Aus. de
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 133

que servem de prova, e que vém em o nú


mero 138 de seus Epigrammas, onde diz:
Puer notarum praepetum
Sollers minister advola
Bipatens pugillar expedi, &c.
Evolvo libros uberes,
Instarque densae grandinis
Torrente lingua perstrepo.
Tibi nec aures ambigunt,
Nec aucupatur pagina,
Et mota parcè dextera
Volat per aequor cercum.
Cum maximè nunc proloquor,
Circumloquentis ambitu:
Tu sensa mostri pectoris
Vix dicta, jam ceris tenes, &c.
Era com efeito habilidade estupenda !
Fallar velozmente o Advogado, e o Notario
sem se confundir notar tudo nas taboinhas
enceradas, de modo que o mesmo era pronun
ciar, que já notado estava! Que utilidades
não se seguirião, se hoje possuissemos tão
admiravel modo de escrever?
A origem das Notas é difficil averiguar,
porque huns as attribuem aos Egypcios, ou
tros aos Hebreos, e outros aos Romanos, afir
mando que Cicero, Seneca, e outros Sábios Ro
manos forão os seus inventores. -

Porêm seja quem quer, que fosse o in


ventor das Notas, o certo é que os Romanos
as uzárão, e erão de várias sortes, tomando
diferentes denominações, segundo o fim para
que servião. •
134 REGRAS METHODICAS

Humas se denominavão Servis, de que


cada hum uzava: outras Pecuniarias, para
marcar os interesses: outras Juridicas, de que
uzavão os Jurisconsultos: outras Judiciarias,
de que uzavão os Juizes: outras Censórias,
para notar a qualidade dos delictos, e a infa
mia: outras Sufragatórias, Thezourarias, Gram
maticaes, Numeraes, &c., que deixo de espe
cificar, por não ser mais extenso.
As Singulas, terceiro modo de escrever,
de que uzárão os antigos Romanos, para evitar
o trabalho, que necessariamente havia de occa
sionar huma escritura com caratéres maiúscu
los, reduzíão-se a escrever sómente as ini
ciaes das dicções separadas com hum ponto,
por exemplo: S. C. Senatus Consultum, em
que se supprimião quatorze letras. O Acordão
do Senado: S. P. Q. R. Senatus Populus Que
Romanus, em que se supprimião vinte letras.
M. A. T. Magnifica auctoritas tua. L. T. Lu
cios Titus. P. P. Pater Patriae, &c., e outras
muitas, que se encontrão em varias obras,
que por brevidade deixo de referir.
Estas letras assim divididas com hum
ponto se chamavão Syngulas, porque era hum
modo de escrever compendiozo, sem pôr mais
letras, que referidos.
plos acima as iniciaes, como se vê dos exem

Uzárão pois os antigos Romanos das Sin


gulas, pela precizão de escreverem expediti
vamente, o que occorria no Senado, antes da
espantoza invenção das Notas.
Deste modo se conservárão puros os ca
ractéres romanos, tendo chegado ao seu maior
auge de perfeição no século d’oiro, isto é, no
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 135

reinado de Augusto; porêm havendo os Go


dos inundado o Império Romano no principio
do século V, em tempo dos imperadores Ho
norio, e Arcadio, e do rei dos Visigodos Ala
rico, forão as Sciencias, e as Artes em deca
dencia, e com ellas a Calygraphia, escrevendo
se depois huma letra mista, e tão mal formada,
que nem era romana, nem gótica. *

Estabelecidos os Godos pelo império Ro


mano, forão aprendendo o Idioma, e Carácter
Latino; porêm sem aquella pureza, e elegan
cia com que os Nacionaes o possuião; e assim
compozerão hum Carácter de letra, que com
propriedade se póde chamar Romano-Gótico,
o qual degenerando de século em século, e
adquirindo novas alterações, resultárão delle
as letras minúsculas, que se fizerão geraes
por todas as Nações da Europa, debaixo da
denominação de letra Gótica, e sem outra
diferença, que a de certo habito nacional,
como se Nações.
mesmas observa hoje nas letras modernas das
• •

Esta noticia prévia, e histórica, que acabo


de dar dos caractéres romanos, e do uzo del
les, assim como tambem, as que dou ácerca
dos outros caractéres, julgo serão estimadas
dos amadores da Arte Calygraphica, pois acha
ráõ reunido nesta obra, o que eu mendigando
achei á custa de grandes fadigas em muitas,
e volumozas obras, revendo-as huma, e muitas
VegeS.
136 REGRAS METHODICAS

§ II.

Principios methódicos para se aprender


a escrever a letra Romana.

Que……… ensinar a escrever a letra Ro


mana por principios, e regras fundamentaes,
como tenho feito a respeito das outras letras,
proponho os principios práticos na Est. 36, e
os ensino segundo as regras, e lições seguin
tes. • : #

*,

Primeira Lição da letra Romana.

A LETRA Romana deve ser feita per


pendicularmente, e esta é a maior difficul
dade, que o Discipulo tém a vencer, pelo des
costume da mão, que sempre pende a inclinar
a letra: porêm esta difficuldade se vencerá
facilmente aprendendo-se a escreve-la pela
pauta n.° 6, de que se deve uzar em todas as
lições, até a mão estar acostumada a tirar as
linhas perpendiculares.
e A primeira lição, que o Mestre deve ap
plicar ao Discipulo no ensino da letra Ro
mana, é a das linhas rectas, e perpendicula
res Est. 36, as quaes começão por hum per
fil, ou farpa quazi horizontal, e terminão com
huma travessinha fina, que sahe para ambos
os lados a distancia de dois têrços da grossura
das mesmas linhas.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 137
O entrar a penna na factura destas linhas
rectas, deve ser com o aparo virado alguma
coiza para a palma da mão, para fazer a farpa
do principio, e sem a erguer assentão-se os
dois bicos, e puxa-se com firmeza, não carre
gando mais em hum ponto, que em outro,
nem a movendo para algum dos lados, para
que fique o grosso igual, em toda a extensão
da linha, e esta perpendicular. -

Estas linhas distão humas das outras a


têrça parte da sua altura perpendicular, de
modo que o espaço, que occupão quatro li
nhas, menos a grossura de huma, formem o
quadrado a b c d Fig. 1." Est. 36 principios
da letra Romana. . --

Ao escrever a letra Romana, como tam


bem a Gótica deve estar o papel de todo di
reito ao corpo, e rosto, e não inclinado, como
se põe para se escrever as letras, que tém in
clinação. • - " " …

--* * Segunda Lição.


* * *
-, , º f." • • r, : " "

A sEGUNDA lição Est. 36 consta tam


bem de linhas rectas perpendiculares, com
travessinhas em ambos os extremos, pela fi
gura de hum I maiúsculo. Começão-se estas
linhas formando primeiro a travessinha, ou
linha horizontal superior, que tenha de com
primento duas grossuras e meia, da grossura
da linha perpendicular, e assentando os bicos
da penna ao meio da travessinha, desce per
pendicularmente até á linha inferior da regra,
donde ladeando a penna para a esquerda, e
dahi para a direita, fórma-se a travessinha
inferior, ou bazeda linha, +
|38 REGRAS METHODICAS :

Estas linhas distão humas das outras, tam


bem a têrça parte perpendicular da sua altura,
como as da 1."lição, de modo que o espaço,
que occupão quatro linhas, menos a grossura
de huma, formem o quadrado Fig. 2.° Est. 36,
principios para a letra Romana.

Terceira Lição.
|- A TERCEIRA lição Est. 36, consta de
linhas curvas em ambos os extremos, pela fi
gura de hum C maiúsculo. Começão-se estas
linhas, formando á direita na parte superior
hum pequeno traço fino perpendicular, e su
bindo com a penna pelo mesmo traço até ao
meio, e gyrando-a para a esquerda em fórma
de círculo, descreve-se a curva, que termina
da parte inferior com outro traço fino, e per
pendicular igual ao primeiro. •

Estas linhas curvas convêm ao Discipulo


faze-las tambem ao contrário, isto é, da es
querda para a direita, como estão exemplifi
cadas na mesma Est. 36.
Com o exercicio das referidas linhas se
habilitará o Discipulo para formar todas as
letras minúsculas circulares, como são os ee,
CC, dd, bb, pp, qq, 4 c. +

Para a factura das linhas curvas, toma-se


a penna alguma coiza virada ao dedo pollegar,
e principia-se com o bico da direita formando
huma linha fina perpendicular, e voltando so
bre a esquerda fórma-se o curvo superior, e
seguindo para baixo assentão-se os dois bicos
da penna ao começar o grosso, o qual au
gmenta até o meio, e hum pouco mais abaixo
PARA SE APRENDER A EscREVER. 139

vai diminuindo, e virando então a penna co


mo, no principio, formando o curvo inferior
igual ao superior, acaba-se como se princi
piou.
Quarta Lição.
A qUARTA lição Est. 36, consta da for
mação das letras minúsculas, ou seja a letra
JRomanilha.
As proporções desta letra estão perfeita
mente exemplificadas no Epilogo colocado
na Est. 38, onde dentro de huma quadricula
dividida de ambos os lados em seis partes
iguaes, estão formadas as letras minúsculas,
segundo o meu systema, que tenho adoptado
para a letra Romandilha; porêm não obstante
isto, vou descreve-las por ordem, para maior
clareza do Discipulo, e de quem dellas se
quizer aproveitar.
1." A letra Romanilha deve ter de gros
sura a sexta parte da altura do corpo primi
tivo da letra, excepto os modelos, ou matrizes,
que se fizerem para a fundição da dita letra,
as quaes devem ter de grossura, menos algu
ma coiza da sexta parte; porque a imprensa
lha restitue, quando comprimindo a letra ao
papel humido, faz augmentar o grosso; e este
o motivo, porque aliviei alguma coiza a gros
sura das letras do Abecedario Minúsculo Est.
38, o qual por conseguinte póde servir de
governo para as matrizes ; e a mesma dimi
nuição do grosso se fará para as matrizes das
maiúsculas
Aldino Est. dos
36, edois
37. Caractéres Romano, e •

2." As letras, que se fórmão de linhas re


140 REGRAS METHODICAS

ctas, e mistas devem ter de largura entre li


nha, e linha dois gróssos, ou seja a têrça parte
da sua altura. Nesta regra estão comprehen
didas as letras h, m, n, u, r, e o vácuo do a ;
cuja curva superior occupa proximamente dois
gróssos, como se vê no Epilogo Est. 38.
Esta regra se observará nas letras de
maior altura, a que chamão Parangona, Peti
canon, Grãocamon, e dahi para cima, até á do
Abecedario Est. 38, e o mesmo se executará
mas letras correspondentes do Carácter Aldi
no; porêm nas letras de menor altura, como
as que chamão Texto, Tanazia, Leitura, In
terduo, Breviario grosso, e Breviario miudo,
devem ter de largura no claro entre linha, e
linha dois gróssos e meio, com que fica a le
tra mais airoza, e agradavel. A inteira obser
vancia destas regras faz-se ainda mais neces
sária na factura das matrizes.
3." A letra o no interior fórma a figura de
Ellipse, e no exterior a de hum círculo per
feito: nesta ultima figura estão comprehendi
das as letras, que se derivão, ou se fórmão do
o, como c, e, e as caixas das letras b, d, p, q
incluzo o grosso da haste, •

4." A cabeça do c, e o olho do e occupa


dois gróssos, ou seja a têrça parte da altura
da regra. |- -

5." Todas as hastes, que excedem o corpo


primitivo da letra, devem ter cinco gróssos
de altura, ou seja a sexta parte menos, que o
corpo da letra, exceptuando o t, que excede
a regra sómente hum grosso. Nesta regra es
tão comprehendidas as hastes das letras b, d,
f, h, j, k, l, p, q, flongo, e a curva inferior
PARA SE APRENDER A EscREVER. 141

do g, e a rama fina do y grego, a qual termina


com hum ponto.
6." As hastes das letras f, j, flongo, que
principião com cabeça, occupão dois gróssos
na curva circular. Os pontos do i, e do j, de
vem ser colocados na distancia de dois grós
sos, para cima do corpo da letra. ->

7." O o que fórma o corpo primitivo do g


deve ter sómente cinco gróssos de altura, isto
é, menos a sexta parte inferior da regra.
8." A letra g quando se dobrar, isto é,
quando se escreverem dois gg, para se evi
tar o maior espaço, que é necessário deixar
entre elles, será bom faze-los juntos, sobre
pondo as curvas inferiores, entrando huma
dentro da outra, como mostro nos Abeceda
rios Est. 36, cuja figura é engraçada, e sym
métrica, e seria bom haver nas imprensas esta
figura.
9." Todas as farpas das hastes posteriores,
pódem ser alguma coiza obliquas, como tam
bem as farpas inferiores do d, e do u, o que
torna estas letras mais engraçadas, do que fa
zendo-as horizontaes. A letra u vogal minús
culo póde-se tambem fazer com a segunda li
nha curva na parte inferior, como mostro nos
Abecedarios Est: 36, cujo u é mais engra
çado, e symmétrico. |-

10." Todas as farpas, e bazes das linhas


rectas, devem sahir para os lados, sómente
dois têrços do grosso da letra.
11." Todos os finos dos travados das le
tras, tanto superiores, como inferiores, devem
ligar na altura de hum grosso, ou seja na
sexta parte da altura da letra.
142 REGRAS METHODICAS

12.". O espaço entre letra, e letra será igual


á sua largura, sendo a letra composta de li
nhas rectas, como m, n, u, h ; porêm sendo
composta de linhas curvas, ou derivada do o,
deve haver no espaço menos meio grosso.
13." O espaço entre nome, e nome deve
ser de cinco gróssos, não havendo virgula, ou
outros signaes da Pontuação do Período; por
que havendo-os deixa-se o dobro, e os signaes
devem ficar colocados ao meio do espaço en
tre nome, e nome; excepto nos impressos,
que ficão mais chegados á palavra antece
dente.
14." O espaço entre regra, e regra nas
impressões deve ser de huma, e tres quartos,
até duas alturas da letra; porêm nos manu
scritos póde-se deixar tres alturas, e o mesmo
digo a respeito das letras Aldina, e Gótica.
Estas regras geraes, e proporções, que dou á
letra Romanilha, e que estão exemplificadas
no Epilogo Est. 38, me parece serem ajustadas
com a razão, e com ellas fica a letra na ver
dade mais elegante, symmétrica, liberal, e ai
roza: pelo que dezejava fossem seguidas nos
Caractéres Typographicos, e então teriamos
sem dúvida hum Typo Nacional (ou seja Ven
turense derivado do nome do seu Author) que
excederia na elegancia, symmetria, liberali
dade, e airozidade a esses decantados Typos
de Didot, e Bodoni; cujos caractéres, ainda
que hum pouco agradaveis á vista, com tudo
examinados por intelligentes se achão cheios
de defeitos, e particularmente as maiúsculas
de Didot, que na verdade são bem mal for
madas.
PARA SE APRENDER A EscREVER. 143

Quinta Lição.
Aa UINTA lição consta do Abecedario
Maiúsculo Romano, ou Latino; cuja demon
stração proponho methódicamente na Est. 39,
onde dentro de quadrados divididos de ambos
os lados em oito partes iguaes, estão forma
das todas as letras Capitaes, debaixo de pre
ceitos, e regras geométricas.
No quadrado, ou seja quadricula Fig. 1."
Est. 39 mostro, que a grossura das hastes
grossas das referidas letras, é a oitava parte
da sua altura, e que as hastes delgadas terão
hum quarto das gróssas. Sendo porêm estas
letras formadas em ponto menor, as hastes
delgadas terão sómente a décima parte das
grossas, ou se farão inteiramente finas.
Dentro da referida Fig. 1." Est. 39, que
serve como de huma escala, se desenhão to
das as letras maiúsculas, tomando della as
partes, ou proporções necessárias para a sua
formação; porque humas letras occupão todo
o quadrado, outras não o occupão todo, e
duas o excedem, que são M, Q, como tudo
está exemplificado na referida Est. 39; porêm
para mais clareza do Discipulo, vou especi
fica-las por ordem alphabética, propondo pri
meiro as regras fundamentaes para a sua for
mação, tudo segundo o meu systema.
1." A formação das letras Capitaes Roma
nas, compõem-se de linhas rectas, e curvas:
as rectas fazem-se com a parallela, e as curvas
com o compasso.
2. Todas as hastes gróssas das letras maiús
144 REGRAS METHODICAS

culas, ou Capitaes Romanas, devem ter de


grossura a oitava parte de hum lado do qua
drado. -

3." Todas as hastes delgadas das referidas


letras, terão a quarta parte das gróssas, e em
ponto pequeno a décima parte, ou finas, como
fica dito.
4." Todas as travessinhas, em que termi
não as hastes tanto superior, como inferior
mente devem sahir para os lados a oitava
parte do quadrado, e devem ter a face do ex
tremo plana, ou horizontal, e a outra proxima
a esta, curva; porêm sendo estas letras em
ponto pequeno pódem ter ambas as faces pla
nas, com que fica a letra mais airoza.
5." Todas as curvas de huma face das tra
vessinhas, ou finaes das letras, são quartos
do círculo, e fórmão-se perfeitamente com o
compasso, colocando huma ponta no pequeno
signal das duas linhas cruzadas, que mostrão
as secções do compasso Est. 39.
6." As curvas magistraes, de que se fór
mão as letras C, G, O, Q são círculos per
feitos, e a curva magistral do D é meio cír
culo exacto. • +

7." Todas as curvas das mais letras são


semicirculares, ou partes do círculo, e tanto
humas, como outras se fórmão perfeitamente
com o compasso, pondo huma ponta fixa em
distancia preciza, e fazendo gyrar a outra em
fórma de círculo, se descrevem as curvas, que
ha em todas as letras, o que tudo está per
feitamente exemplificado na Est. 39.
8." Na Typographia as letras maiúsculas,
que se mettem pelo meio das regras, devem
PARA SE APRENDER A EscrtEvER. 145

ter a altura das hastes das Minúsculas, e de


grossura o dobro das pequenas; e o mesmo
se observará nos manuscritos.
9." As Capitaes, ou Maiúsculas que se es
crevem no principio das Orações, Capitulos,
Titulos, &c. devem ser de maior altura, das
que se mettem pelo meio das regras, e devem
ter exactamente de grossura a oitava parte da
sua altura, como determina a segunda regra.
10." As primeiras letras maiúsculas, de que
trata a nona regra, pódem ter os fundos or
natados, no que se póde variar infinitamente,
segundo o gôsto, e habilidade de quem as
escrever, guardando sempre as proporções, e
preceitos que ficão descritos para a sua for
mação, como tambem o preceito do claro, e
GSCUTO,

Estas são as regras geraes, ou os precei


tos sólidos, e certos que se devem seguir na
formação das Maiúsculas Romanas, ou Lati
nas, e quem as formar segundo elles, e o mais
que a seu respeito vou descrever, produzirá
Perfeitamente o Abecedario seguinte.
A. Esta letra occupa todo o quadrado. A
travessa média, que prende as duas hastes
principaes do A, deve ser colocada logo aci
ma da terceira divizão, ou seja exactamente
no meio do vácuo do A.
B. Esta letra tém na sua maior largura
seis gróssos e meio, e na menor, menos meio
grosso. A curva superior tém de altura tres
gróssos e dois têrços de hum grosso, e a cur
va inferior tém quatro gróssos e hum têrço.
C. Esta letra na parte exterior é proxi
mamente hum círculo, isto é, menos a oitava
1O
146 |- REGRAS METHODICAS #

parte da sua largura, e na parte interior fórma


quazi a figura de Ellipse. . · · · --
D. Esta letra occupa todo o quadrado. A
curva magistral pela parte exterior, é hum se
micirculo perfeito, e pela interior, é elliptica.
. E. Esta letra na parte inferior tém de
largura seis gróssos e meio, e na superior
tém menos meio grosso. A travessa média
fica colocada ao meio da altura da letra, e
tém na sua extensão horizontal dois gróssos e
hum quarto, e na perpendicular dois gróssos
e dois têrços. . .
F. Esta letra é huma
nos a linha, ou travessa porção do E, me
inferior. •

G. Esta letra pela parte exterior tém o


mesmo círculo da letra C, e pela interior é
proximamente elliptica, e por isso está de
monstrada na mesma circumferencia do C Est.
39, para mostrar a identidade das duas letras.
Na parte inferior junta-se ao círculo huma pe
quena haste recta, que termina na terceira
divizão, guarnecida por cima com huma linha
delgada, ou travessá, que sahe de ambos os
lados a oitava parte, e prehenche o quadrado.
… H. Esta letra occupa todo o quadrado:
a travessa média, que prende as duas hastes
gróssas, que são realmente dois II, deve ficar
colocada ao meio da altura do quadrado. …
... I vogal. Esta letra é a mais singela do
Abecedario: fórma-se de huma unica linha
gróssa, guarnecidas nas extremidades com as
travessinhas, occupando com ellas tres oitavos
do quadrado, que é a sua maior largura. Esta
letra é a primeira, que fazemos na formação
das letras B, D, E, F, H, L. P, R, T, e é.
* - -
* #.
PARA sE APRENDER A EscREVER. 147

a ultima linha do M, e as duas magistraes do


H, e póde-se dizer em geral, que da letra I,
e da curva do C se fórmão todas as letras.
J consoante. Esta letra na parte supe
rior é como a letra I, e na inferior termina
curvando em fórma de círculo, e sóbe dois
gróssos, ou seja a quarta parte da altura da
letra. …} * *

… K. Esta letra tém de largura menos hum


oitavo da sua altura: a haste delgada reune-se
com a segunda gróssa ao meio da altura do
quadrado, junto á linha primitiva, ou magis
tral.
L. Esta letra é huma porção do E, isto
é, menos a linha superior, e a travessa média,
e por isso está demonstrada na mesma letra
E, como tambem está a letra F Est. 39; por
que estas tres letras procedem da mesma raiz,
e tém partes identicas. • +

M. Esta letra excede o quadrado na sua


largura hum grosso: as duas linhas do centro
fórmão a figura da letra V consoante.
. A letra M póde-se fazer tambem dentro
do quadrado, sem o exceder, e fica mais en
graçado, esbelto, e airozo.….… . *# : " -

N. Esta letra occupa todo o quadrado:


a haste gróssa, ou linha diagonal, occupa na
sua inclinação seis gróssos, e trava com as
hastes delgadas, de hum, e outro lado, na oi
tava parte do quadrado.
, … O. Esta letra pela parte exterior é hum
círculo perfeito, e por consequencia occupa
todo o quadrado, e pela parte interior, é huma
Ellipse, o que tudo se obra exactamente com
o compasso, : *-* .*** * : ,"" .
10 +
148 REGRAS METHODICAS #

A letra O ficará mais elegante fazendo-se


toda elliptica, istó é, diminuindo da sua lar
gura de hum, e outro lado meio grosso, vindo
assim a ter na sua maior largura, menos a oi
tava parte da altura, como está demonstrado
por pontinhos na mesma letra O Est. 39.
P. Esta letra occupa seis gróssos na sua
maior largura: a curva primitiva desta letra,
pela parte exterior, como tambem pela inte
rior é semicircular, e occupa quatro gróssos
tanto na altura, como na largura, e conse
quentemente termina no meio da altura da
letra. •

A letra P ficará mais engraçada termi


nando a curva primitiva meio grosso, logo
abaixo da parte média do quadrado.
Q. Esta letra é similhante ao O, jun
tando-lhe ao meio da parte inferior a cauda,
que é huma linha curva, e aguda nos extre
mos, e grossa no meio. Principia-se esta linha
dentro como
acaba do vácuo, e sahindo fóra do quadrado
principiou. •

R. Esta letra na parte superior, é como


o P, unindo-lhe á curva primitiva deste, pela
parte inferior, huma linha curva em seus ex
tremos, que termina aguda na décima quinta
parte do quadrado. •

S. Esta letra que é formada de huma li


nha curva em toda a sua extensão, e que o
centro della, passa pelo centro do quadrado,
tém da parte inferior na sua maior largura
cinco gróssos,
perior. e pouco menos da parte su

T. Esta letra é composta da haste do


I, colocando-lhe da parte superior huma tra

PARA se APRENDER A EscREvER. 149

vessa, que sahe para ambos os lados dois


# e meio, unindo-se-lhe nas extremida
es huma
grosso linha de
e meio alguma
altura.coiza obliqua, que tém

U vogal. Esta letra occupa todo o qua


drado: a haste grossa deixa de ser recta, e
começa-se a curvar na quarta parte inferior
da sua altura, donde tambem começa a di
minuir a grossura, até esta ficar igual com a
haste delgada, com a qual continúa, até igual
altura da primeira. … ;

V consoante. Esta letra occupa todo o


quadrado: a haste primitiva, e grossa faz a
sua reunião com a delgada ao meio do qua
drado na parte inferior, perto da segunda di
vizão da quadricula.
X. Esta letra occupa todo o quadrado:
a haste grossa cruza com a delgada ao centro
do quadrado, de modo que os dois vácuos su
perior, e inferior da letra são igualissimos.
Y grego. Esta letra da parte superior é
igual á parte superior do X, e da inferior é
meia parte inferior do I, como está demon
strado Est. 39. - -

Z. Esta letra occupa todo o quadrado: a


haste grossa, ou linha diagonal passa pelo
eentro do quadrado, e trava nas extremidades
com as delgadas, ou linhas horizontaes.
A letra 3 será mais elegante, e airoza
fazendo-a dentro de hum paralelogrammo, isto
é, diminuindo-lhe na largura, a oitava parte #
da sua altura. \

Este especulativo das letras Maiúsculas


Romanas está conforme a sua demonstração
JEst. 39, e deixo de ser mais extenso, por não
150 …, REGRAS METHODICAS … . -

ser demaziadamente prolixo, como tambem


pela clareza, com que todas as letras estão
demonstradas; cujas curvas tém a vantagem
de se fazerem exactamente com o compasso,
colocando huma ponta nas distancias accu
zadas com os signaes, que mostrão as secções
do compasso, e gyrando com a outra se fórmão
as curvas. * #: ; ;

Sexta Lição. ". . . , " ";

A
L1ção sexta Est. 36, e 40 consta do
cursivo, e dos Abecedarios Maiúsculo, e Mi
núsculo desta letra, os quaes deve o Disci
pulo imitar simultaneamente, para tomar in
teiro conhecimento do carácter da letra; e
depois poder passar com aptidão a escrever
diferentes alturas de letra cursiva, uzando
para este fim da pauta n.° 6, e começando
primeiro a escrever a letra maior, a que cha
mão Parangona, a qual se fórma pela pauta
na maior altura das suas regras: depois pas
sará a escrever a letra, que se denomina Ta
nazia, que se fórma pela pauta nos dois têr
ços da altura das regras; e depois escreverá
a letra, que chamão Leitura, da qual mostro
dois exemplares na Est. 40 lição sexta, tendo o
cuidado de fazer as Maiúsculas corresponden
tes da altura das hastes, excepto, como fica
dito, as primeiras dos Capitulos, &c., as quaes
pódem ser maiores, o que faz destacar mais
os paragraphos, como se vê nos ditos exem
plares. … .. … …",
º #, ; ; º , … . . -- - -• * - -
Fim do tratado do Letra Romana, ou Latina.
" " - . , • •• - - : -.*.
PARA SE APRENDER A ESCREVER. 15 L
+ , - + - - - - Y
CAPITULO XV.
§. I.
Da Letra Gótica.

- O CARÁCTER da letra Gótica, que di


mana da letra Romana, como fica advertido
no Cap. 4.° desta Obra, se começou a uzar
na antiga Luzitania a principio do século V,
pelo motivo da invazão dos Godos; cuja Na
ção depois de estabelecida pelo império Ro
mano, entrou a uzar da dita letra em suas
moedas, inscripções, e escritos.
Este carácter de letra se uzou em Por
tugal até o reinado do Senhor Rei D. João
III, com algumas mudanças adquiridas no de
curso dos tempos, sendo depois substituido
pelo carácter Aldino, Italico, ou Bastardo, e
este pelo Portuguez. ,
Como no Cap. 4.", e em outros lugares
desta Obra trato do Carácter Gótico, da sua
origem, e alterações que adquirio em dife
rentes épocas, parece-me por tanto escuzado
#" ito. .
neste lugar a repetir, o que deixo
… - " -, , - - - -- *

Muitos, e diferentes são os caractéres


góticos, que se tém uzado na Europa, pois
podemos afirmar serem mais, que as Nações,
que fizerão uzo delles, tendo todos a mesma
origem; porêm os mais legiveis, elegantes, e
susceptiveis de regras sólidas, e seguras, são
os caractéres Gótico-Germanico, e Gótico-Ita
lico: deste ultimo fazem os Inglezes grande
|

152 REGRAS METHODICAS

úzo em seus estritos, e o tém levado ao maior


auge de perfeição.
São por tanto os dois referidos caractéres
góticos, que me proponho ensinar por princi
pios, segundo o meu systema, além de que
tambem se póde fazer uzo dos mesmos prin
cipios, para o ensino do carácter gótico, que
mostro na penultima Estampa desta Arte, o
qual se uzou nas Hespanhas desde a primitiva,
e particularmente nas inscripções, e é o cará
cter gótico, que tém as maiúsculas mais si
milhantes ás maiúsculas Romanas, ou Latinas,

§. II.

Principios methódicos, e analyticos para se


aprender a escrever os caracteres Gótico
Germanico, e Gótico-Italico.

1.° Top, a letra gótica deve ser feita


perpendicularmente, e ao escreve-la deve es
tar o papel de todo direito com o corpo, para
que as linhas fiquem perpendiculares,
2.° A penna para se escrever esta letra,
deve ser hum pouco grossa, e rija, e o aparo
com os bicos iguaes em # e altura.
3." A largura dos bicos da penna deve ser
p…………# á grossura da letra, que se qui
Zer eSC reVer. + -

4.° O braço direito deve estar quazi che


ado ao corpo, e sahido fóra da meza quatro
# e o mesmo deve estar afastado o peito;
porque estando encostado prejudica a saude,
PARA SE APRENDER A EscFEVER. 153

5.” Na formação da letra gótica, a penna


tém dois, ou mais diferentes movimentos, ou
situações: hum na formação das linhas per
pendiculares, e outro na das linhas curvas, an
gulares, ou esquinadas, e nas horizontaes. Para
a formação das primeiras, traz-se a penna di
reita ao peito, sem a inclinar para algum dos
lados; e para a formação das curvas, e mais
linhas formadas ao travez, o movimento da
penna, é com o aparo virado para a palma
da mão, e ás vezes quazi de lado, quando a
linha é mais horizontal.
6." Todas as letras minúsculas dos cara
etéres góticos terão de grossura a sexta parte
do corpo primitivo da letra.
7.° Todas as linhas gróssas primitivas das
letras maiúsculas dos referidos caractéres gó
ticos terão de grossura o dobro das minúscu
las (1). •

8." Todas as hastes posteriores das minús


culas excederáõ a regra menos hum grosso
da altura da mesma, excepto a haste do t,
que excede so métade.
9." Todas as hastes inferiores das letras
minúsculas, excederáõ a regra sómente dois
têrços da sua altura.
10." Na formação das letras minúsculas a
largura, ou o claro entre linha, e linha recta,
ou curva deve ter dois gróssos e meio da le
tra, isto é, mais da têrça parte da sua altura.
11." As letras minúsculas do Gótico-Italico,
e algumas do Gótico-Germanico são angula
(1) A grossura que dou a estes caractéres é proporcionada,
emais
é aé que a penna póde formar de huma vez; e sendo de
afectação. - • •
154 | REGRAS METHODICAS" … --*-

res, ou esquinadas, isto é, os traços de que


se compõem as letras, travão huns com ou
tros de canto, ou em fórma de angulo.
12." O espaço - entre letra, e letra será
igual á sua largura, excepto entre duas cur
vas, que então o espaço deve ser menor, v.g.:
entre as letras o e; porêm esta excepção é so
no Gótico-Germanico. . - --

13." O espaço entre nome, e nome será


de quatro gróssos da letra, não havendo al
um signal da Pontuação do Período; porque
avendo-o será o espaço de seis gróssos, e o
signal deve ficar ao meio do espaço.
14." . O espaço entre regra, e regra será
de duas até tres alturas do corpo primitivo da
letra. - • ;

15." As letras maiúsculas, que se mette


rem no meio das regras, terão mais hum grosso
na altura, que as hastes posteriores; porêm as
maiúsculas, que se escreverem no principio
dos paragraphos, devem ser maiores.
16." As letras maiúsculas góticas, e tam
bem as minúsculas, são susceptiveis de terem
os fundos abertos, ou ornatados a arbitrio,
guardando porêm a regra do claro, e escuro,
isto é, fazendo o traço da direita grosso, e o
da esquerda fino. ...". "… #
17." Os finos áspiraes, ou finaes das letras
em geral, no carácter gótico devem sahir para
os lados das linhas, hum grosso, exceptuando
alguns finos accidentaes, que se fazem arbi
trariamente. …, … … , …; * * * #reis 3
18.° As maiúsculas do Gótico-Germanico;
quanto ao seu ornato, e mesmo alguns traços
primitivos de algumas letras, são arbitrários,
PARA SE APRENDER A EscIREVER. 155
A Est. 23 contém hum Abecedario Maiús=
culo do dito gótico; e o seu ornamento é o
mais singelo, que se póde fazer. . :
19." As pennadas, que ornão as maiúscu
las do Gótico-Germanico, não devem confun
dir os traços primitivos, que constituem as
letras; é necessário pois, que as pennadas se
jão finas, particularmente quando cruzarem
com algum traço grosso; porque até é erro
cortar huma linha grossa, com outra grossa. :
20." As maiúsculas do Gótico-Italico, são
mais singelas: os traços que fórmão as figuras
das letras, quazi todos travão huns com ou
tros em fórma de angulo; conservão união, e
não admittem traços estranhos, como as do
Gótico-Germanico. • -*

Estes são os principios, ou regras geraes,


que se devem seguir na formação das letras
dos referidos caractéres góticos: cuja analyse
proponho praticamente na Est. 41, onde com
clareza se vê os córpos, ou traços primitivos,
e mais porções, de que se compõem as letras
minúsculas dos sobreditos caractéres.
: *.***. * . .. "

… , "| $. III. . 1 o
#

Da formação das letras minúsculas dos dois


caracteres góticos. , ; " }

Tars coizas principaes ha, que exami


nar, ou analysar das referidas letras góticas."
1." Os traços curvos, e primitivos do Gó
tico-Germanico, de que se compõem as letras
d, c, d, e, g, o, q, cujos primeiros traços são
identicos; e os traços rectos, e angulares, ion
156 REGRAS METHODICAS

esquinados, de que se compõem as mesmas


letras do Gótico-Italico, os quaes travão, ou
fazem união em fórma de angulo.
2.° Os traços rectos, ou mistos, de que se
compõem as letras a, i, j, m, n, r, t, u, y dos
dois caractéres, cujos traços em substancia
são iguaes ao traço primitivo do i.
3." Os traços mistos, que excedem as re
gras, e de que se fórmão as hastes posterio
res, e inferiores das letras, que são quazi to
dos, como o traço primitivo do l.
Desta analyse se tira por concluzão, que
os traços, ou raizes, de que se fórmão todas
as letras minúsculas, consistem principalmente
em tres, a saber: o traço curvo do c, no Ca
rácter Germanico, o traço misto do i, e o traço
do l; e por consequencia as letras c, i, l são
a origem, e fundamento de todas as mais;
pelo que, em o Discipulo sabendo formar as
ditas tres letras, formará depois com facilidade
os Abecedarios Minúsculos dos dois caracté
res góticos.
Os mesmos sobreditos traços formados
em ponto maior, se emprégão tambem na fa
ctura de muitas letras maiúsculas de ambos
os caractéres.
Este especulativo, ou analyse da forma
ção das letras, junto com os principios, ou
regras geraes, persuado-me ser suficiente para
o ensino, e assim deixo de ser mais extenso,
por não complicar os méthodos, ou regras
estabelecidas, e por achar desnecessário dar
mais regras, visto a clareza, com que as letras
estão demonstradas, e analyzadas praticamen
te na Est. 41. * * * * * * ",
PARA sÉ APRENDER A EscREVER. 157

Pelo que deixo ao cuidado do sábio, e


zelozo Mestre a distribuição dos principios
práticos, que mostro na sobredita Est. 41, e
conformando-se com as regras acima especi
ficadas, fará verbalmente a sua explicação ao
Discipulo.
… Achando o Mestre, que o Discipulo, está
habil na formação dos Abecedarios Minúscu
los de ambos os caractéres, o passará para a
formação dos Maiúsculos Est. 23, 41, e 42, e
depois o poderá passar a escrever o cursivo,
uzando sempre em todas as lições da pauta
n.° 6, pela qual se escrevem tres, ou mais
diferentes alturas de letra cursiva, devendo
sempre começar primeiro pela maior, como
deixo dito a respeito da letra Romana. O
Abecedario Maiúsculo colocado em tôrno da
Est. 41 está feito com a sublimidade da Arte,
e persuado-me que se não póde exceder. ,
E todo o exposto o discurso desta Obra
(além d’Arithmética) a qual comprehende o
ensino theórico, e prático de seis caractéres
de letras, e de hum Typo Portuguez, ou Ven
turense, tudo por meio da imprensa, e da gra
vura, e não me alarguei mais, como dezejava
para melhor mostrar a sublimidade da Arte
(não obstante a grande collecção de Estam
pas, e a diversidade de engraçados, e custó
zos Abecedarios, que ellas contém) por mo
tivo da minha occupação, em cujo penozo, e
contínuo trabalho emprégo o meu tempo; co
mo tambem por coartar a grande despeza,
que faz a gravura das Estampas, em que te
nho com satisfação, e utilidade pública, gasto
huma grande somma; porêm fica-me o prazer
158 REGRAs METHoDICAs, &c.
de a ter distribuido por habeis gravadores, e
mais oficiaes Portuguezes, e que tudo tém
sido feito em Portugal, onde na verdade te
mos Artistas, e oficiaes em todo o género de
trabalho, que se estes não excedem aos es
trangeiros, ao menos os igualão, e por conse
quencia não precizamos destes ultimos. Pelo
que espero, que o Público, e a Posteridade
conhecendo as minhas boas intenções, que
todas se fundão no dezejo de ser util á Pátria,
me farão justiça.

Fim do tratado da Escrita.


4
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* * * *

CAPITULO I
* # :;
Definição, e Divisão d'Arithmetica

"" -, To», a Sciencia deve ter seu principio


pela definição, para que por meio desta se
perceba melhor, o de que se trata. Assim pri
meiro definirei, que coiza é Arithmética, e
em que partes se divide. … …

,_1. A Arithmetica é a Sciencia que trata dos


Números: ella considera a natureza, e pro
priedades destes, e ensina os meios, faceis,
tanto para expressa-los, como para os compôr,
e resolve-los, ao que chamamos calcular.
2 Divide-se a Arithmética, em Theórica,
e Prática: a Theórica trata da sciencia das.
propriedades, das razões, e demonstrações,
que comprehendem suas diferentes regras: a
Prática é a arte que uza dos números, segun
do as leis da Theórica. … . * - …… - º * **
160 Noções
Não se póde saber que coiza é número,
sem primeiro entendermos, que coiza é Uni
dade.
3 A Unidade é huma coiza indivizivel (pelo
menos assim a consideramos) tomada as mais
das vezes arbitrariamente, para servir de ter
mo de comparação, respeito a todas as quan
tidades da mesma especie: v. g. huma ar
roba, que tém 32 arrateis, o arratel é a Uni
dade, ou a quantidade com que comparamos
o número, das que compõe a arroba. Tam
bem podiamos tomar a onça para Unidade, e
então 512 expressaria o número, das que com
tém a arroba.
4 O número serve pois para expressar de
quantas unidades, ou partes da unidade se
compõe huma quantidade proposta. O número
se póde imaginar de diferentes maneiras. Ima
gina-se, e chama-se número inteiro, o que
consta de unidades inteiras, e exactas: por
exemplo 100 homens, 30 covados, &c.: chama
se número misto, ou fraccionario, o que consta
de
mo unidades
5 moedasinteiras, e partes
e }, 8 varas e 5,da&c.
unidade, co •

5 Entre as diferentes especies de núme


ros, de que nos servimos, chamamos núme
ro abstrato aquelle, que expressa unidades,
sem determinar a especie de que são: v. g.
5, ou 5 vezes, 4, ou 4 vezes, &c.; pelo con
trário chamamos número concreto ao que de
clara a especie das unidades, que expressa,
como 20 moios, 45 marcos, &c.
6 Se os números expréssão huma mesma
especie de unidades, assim como 100 solda
dos, 600 soldados, &c. chamão-se números Ho
DE ARITHMÉTICA. 161

mogéneos; porêm não sendo da mesma espe


cie, como 8 pipas, 7 alqueires, &c. chamão-se
números Heterogéneos. #

* 7 O número se chama Complexo, ou De


nominado, quando consta de partes, cada hu
ma das quaes é de diferente especie, por
exemplo 6 quintaes, 3 arrobas, e 6 arrateis,
E quando involve huma so especie de unida
des chama-se Incomplexo, v. g. 9 libras:
8 Chama-se número Par, a todo o número,
}, divizivel por 2, como 2, 4, 6, 8, &c.; e
rimo a todo aquelle, que não tém divizor
exacto, se não a si mesmo; ou a unidade, co
mo 3, 5, 7, 11, &c.
, 9 Em fim chamamos números Dígitos, ou
Simplices, a qualquer dos números, que não
chegão a dez, como de 1 até 9 incluzivamen
te; e números Compóstos, os que se determi
não por dois, ou mais algarismos, como 12,
152, &c.
10 Para expressarmos todos estes núme
ros, ou outros quaesquer possiveis não temos
mais, que dez caractéres, a que chamamos
Algarismos; cujos nomes dos números, que
elles reprezentão, são os seguintes (1).
Cifra, ou
zero. hum, dois. tres. quatro. cinco. seis.
O 1 2 . 3. 4 | 5 6
sette, oito, nove.
7 8 9

(1) Para lêrmos com facilidade os números se uza vul


garmente de hum carácter, que se appellida Cifrdo, o qual se
escreve deste modo 3. O seu lugar é entre os milhares, e as
centenas: v. g, em 243600 réis. Tambem este carácter serve
de abbreviatura, sendo os ultimos tres algarismos cifras, por
exemplo, 503000 réis, é o mesmo que 50,5 réis. * *

I l
162 • NoçõÉs
Para exprimir todos os números com es
tes algarismos, convierão os Arithméticos em
reduzir dez unidades a huma so, a que cha
mão Dezena: em contar as dezenas, como as
unidades, isto é, huma dezena, duas dezenas,
tres dezenas, &c. até nove, servindo-se dos
mesmos caractéres para expressar estas novas
unidades; porêm distinguindo-as pelo lugar,
que se lhes
unidades assignalou, que é á esquerda das
simplices. •

Para reprezentarmos pois quarenta e


sette, que comprehende quatro dezenas, e
sette unidades, se escreve 47; e para expres
sar setenta, que se compõe de sette dezenas,
sem nenhuma unidade, se escreve 70, pondo
cifra á direita do 7, não so para determinar a
letra 7 a significar dezenas; mas tambem para
se entender, que não ha unidades simplices.
Deste modo podemos contar até noventa e
nove inçluzivamente.
11 E necessário pois, antes que passemos
adiante advertir, que pela mesma convenção
se assentou, de que estando hum algarismo
posto ao lado esquerdo d’outro, ou seguido de
huma cifra, vale dez vezes mais, do que vale
ria se estivesse so. -

12 Seguindo-se pois este méthodo, pode


mos contar de 99 até novecentos e noventa
e nove; formando de dez dezenas outra nova
unidade, a que chamão Centena, porque dez
vezes dez fazem cem, e contaremos estas cem
tenas de huma até nove, reprezentando-as com
os mesmos algarismos colocados á esquerda
das dezenas. •

13 Por esta razão, para figurarmos sette


DE ARITHMÉTICA. 163

centos sessenta e quatro; cujo número con


tém sette centenas, seis dezenas, e quatro uni
dades escreveremos 764. Se quizessemos re
prezentar settecentos e quatro, que não com
prehende dezena alguma, o fariamos deste mo
do 704, pondo cifra na caza das dezenas por
que não as ha, e se tambem não houvessem
unidades simplices, poriamos duas cifras, e
escreveriamos desta sorte 700, do que inferi
mos: Que se qualquer algarismo significativo
fór seguido de outros dois, ou de duas cifras,
mostrará hum número cem vezes maior, do
que mostraria, se estivesse so.
Seguindo este systema, contaremos de
999, até nove mil novecentos noventa e nove,
formando de dez centenas huma nova unidade,
que se appellida Milhar, porque cem vezes
cem fazem mil: contando pois estas novas
unidades, como as antecedentes, e figuran
do-as com os mesmos algarismos, as coloca
remos á esquerda das centenas,
14 Assim se tivermos v. g. para assentar
cinco mil quatrocentos setenta e tres escre
veremos 5473: para cinco mil e tres, poremos
5003, e para cinco mil escreva-se 5000 : por
onde se vê: Que hum algarismo seguido de
outros tres, ou de tres cifras, reprezenta hum
número mil vezes maior, do que reprezentaria,
se estivesse so.
Por tanto seguindo-se constantemente
este méthodo, formando sempre de dez uni
dades de qualquer ordem huma so, e collo
cando as novas unidades, que daqui se origi
narem, em lugares tanto mais para a esquerda,
quanto maior fôr sua ordem, se pódem ex
l ] *
164 Noções
pressar, como com efeito expressamos, todos
os numeros imaginaveis.
Applicando-se pois o raciocinio, ao que
fica dito, não será difficil o lêr, ou declarar o
valor de qualquer número composto de mui
tos algarismos; mas para facilitar mais a sua
leitura, proponho a seguinte Taboada Nume
ratoria, a qual deve todo o princiciante tomar
de memória.
DE ARITHMÉTICA. 165

TABOADA NUMERATORIA»

1.º Período.

*Unidade vale............ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1
Pezena............ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10
Centena ........... - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 100

2.º Período.

Unidade de Milhar.............................. 1000


Dezena de Milhar ............................. 10000
Centena de Milhar............................ 100000

3.° Período.

Unidade de Conto........................... 1000000


Dezena de Conto........................…. 10000000
Centena de Conto ............. ............ 100000000

4.º Período.

Unidade de Milhar de conto............... 1000000000


*

Dezena de Milhar de Conto............... 10000000000


Centena de Milhar de Conto ............. 100000000000

, 5.° Período.
Unidade de Contos de Contos ........... 1000000000000
Dezena de Contos de Contos ........... 10000000000000
Centena de Contos de Contos.......... 100000000000000

6.° Período,
Unidade de Milhar de Contos
de Contos.............. ......... 1000000000000000
Dezena de Milhar de Contos
dº Contos............... ....... 10000000000000000
Qentena de Milhar de Contos •

de Contos.................. ... 100000000000000000


166 Noções
Decorada a presente Taboada, e enten
dida a sua explicação, se poderá lêr com fa
cilidade os números, como o exemplificamos,
mostrando o valor do número seguinte,

i | || { {
4:|

Para lêr, ou declarar o valor do presente


número, ou de outros quaesquer, que tenhão
mais de tres letras, primeiramente o dividi
remos em porções, ou períodos de tres letras
da direita para a esquerda, exceptuando a ul
tima porção da parte esquerda, que conforme
a quantidade dos algarismos, de que o número
constar, poderá ser tambem de duas, ou de
huma so letra; porêm sempre conserva o no
me de período. *;

Feito, isto, lêremos o dito número, prin


cipiando da esquerda para a direita, dizendo:
ontenta e nove contos quatrocentos cincoenta e
quatro mil quinhentas e quatro unidades.
DE ARITHMÉTICA. 167

CAPÍTULO II.

Das principaes Regras d'Arithmetica.

#- - O oBJEcro d'Arithmética é, como fica


dito, dar regras para calcular com facilidade
os números, procurando reduzir o calculo dos
mais complicados aos mais simplices, que se
exprimem pelo menor número de letras, que
é possivel. As operações, com que isto se
consegue, são duas, Sommar, e Diminuir; po
rêm commummente se contão quatro, Som
mar, Diminuir, Multiplicar, e Repartir, ou
por outros nomes, Addição, Subtracção, Mul
tiplicação, e Divizão. Como com estas quatro
operações operamos todas as questões dos nú
meros, é necessário fazer pelas executar com
promptidão, procurando alcançar a razão, em
que ellas se fundão; porêm primeiro que ex
pliquemos o como se praticão tanto em nú
meros Inteiros, como em Quebrados, convém
saber os signaes, com que os Arithméticos as
costumão indicar. -º
15 O signal da Addição é este (+), que se
pronuncia mais. O da Subtracção é (—), que
quer dizer menos. O da Multiplicação é (X),
eu simplesmente (…), que significão multipli
cado por. Em fim para a Divizão se uza d'ou
tros signaes, que são (+, :, ou —), e se pro
nuncião dividido por: e para se entenderem
os resultados, se uza de duas linhas parallelas
168 Noções: #

deste modo (=), que se lê e igual a, o que


tudo se vê nas seguintes expressões.
• |-

5 mais 4 é igual a 9....................... 5--4=9


7 menos 5 é igual a 2 ..................... 7—5=2
4 multiplicados por 3 é igual a 12 ........... 4X3=12
6 divididos por 3 é igual a 2 ............... 6 + 3=2
* *

… 16 , E quando queremos indicar, que huma


quantidade é maior, que outra se uza deste
signal > que se lê maior que, pondo a maior
á esquerda, e a menor á direita; e o mesmo
signal inverso desta sorte < que se lê menor
que, indica que a quantidade da esquerda é
pressõesque
menor a da direita como se vê nas ex
seguintes. •

C>A A<C
A primeira das quaes indica, que a quan
tidade reprezentada por C é maior, que a quan
tidade reprezentada por A, e a segunda o con
trário, -

Addição dos Números Inteiros.

I7 ommar, ou Addição é huma operação,


pela qual reunimos dois, ou mais números em
hum so, que seja igual a todos juntos.
18 Os números que se reunem, appellidão
se addições, ou parcellas, e o número que re
sulta da operação appellida-se somma, aggre
gado, ou total. , -

19 Os números que se sommão devem ser


da mesma natureza, pois é evidentemente im
DE ARITHMÉTICA. 169

possivel de reunir em hum so número, núme


ros de diferente natureza, por exemplo, moe
das, cruzados, arrateis, &c., pelo que a addição
não se póde praticar senão sobre quantidades
homogéneas, isto é, da mesma especie.
ara que os principiantes aprendão com
promptidão a addicionarem, ou a reunirem os
números, proponho a seguinte Taboada, a
qual devem saber de memória,

** * {
* .** * , , ,
!±

boada dos números Dígitos, se poderáõ som


Sabendo-se de memória a presente Ta
- (
,

Digitos,

• • • • • • • •
• • • • • • • •
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Das Sommas dos Números
TABOADA

№ co tº, co cº c - SR cr> | <o № co cº <> → GR ºn ºff || ~ co cº <> ). Sº ºº <ă „º


y + y + ſ + p {y + y + + + y + y +r-+ +-+ +-+ +-+ +-+ +-+
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Noções

ąº • • • • • • • •„º • • • • • • • •aº • • • • • • • •
up • • • • • • • •uò • • • • • • • •quº • • • • • • • •
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170

• • • • • • • • • • • •• • • •
• • • • • • • •
•* •+ → + w + p + x + y + ſ=ł º 4 S? Så så si si Sì så så sä cº cºś cº e, cº cº cºſì cô cô
DE ARITHMÉTICA. 171

mar com facilidade outros números maiores,


que elles observando-se as seguintes

Regras.

2o 1.° Escrevão-se as addições de modo,


que as unidades correspondão verticalmente
a unidades, dezenas a dezenas, centenas a cen
temas, &c., e tire-se huma risca por baixo da
ultima addição, para distincção da somma.
21 2.° Reunem-se os números de todas as
columnas, começando pela das unidades da
direita para a esquerda, e se a somma dellas
constar de huma so letra, escreva-se por baixo
da risca em seguimento da columna som
mada; e se constar de mais letras, que então
mostra dezenas, levão-se para se juntar com
as dezenas
querda, da columna
e assim immediata para a es
por diante. •

22 3." Se a columna constar sómente de


cifras escreva-se huma por baixo, quando não
se leve nada da somma antecedente; porque
levando-se, deve-se escrever o que se levar.

Exemplo 1.°

Se
pertendermos sommar os números
754, e 435, os assentaremos da maneira se
guinte.
• 754 º eº

435
••••••••••
}Andições. * *** * * *

| 1189 Somma.
172 Noções
E tendo escrito os números, como se vê,
começaremos da direita para a esquerda a
sommar os algarismos da columna das unida
des, dizendo 4 e 5 são 9; e porque esta som
ma tém so hum algarismo, o escreveremos
or baixo da linha em frente da columna.
F## ás dezenas diremos 5 e 3 são 8, e o
assentaremos por baixo. Na columna das cen
tenas diremos finalmente 7 e 4 são 11, que
escreveremos por inteiro, e teremos concluido
a operação; e por conseguinte o número acha
do 1189 é a Somma, que pertendiamos dos
números propostos, pois se compõe das uni
dades, dezenas, centenas, e milhar de ambos
elles juntamente. Logo 754-1-435=1189.

Exemplo 2.°

Se quizermos saber o Aggregado dos


números 5745, 7040, 515, e 316, os escreve
remos, como abaixo se mostra,

5745
7040
Parcellas.
5l5
… . 3] 6

136 16 Aggregado

Começando como no exemplo antece


dente, achamos que os algarismos significati
DE ARITHMÉTICA. 173

vos da primeira columna som mão 16; e por


que em 16 ha dóis algarismos, escreveremos
sómente o 6 debaixo da linha, e levaremos 1,
que é huma dezena, para o reunir com os da
columna seguinte, onde diremos: 1, que vém
das unidades, e 4 são 5, e 4 são 9, e 1 são 10,
e 1 são 11; de que escrevemos 1 no seu de
vido lugar, e o outro guardaremos para o
ajuntar com os números 7, 5, e 3 da terceira
columna, os quaes reunidos fazem 15, que
junto ao 1 faz 16, e desta somma escrevere
mos 6, e levaremos 1 para a quarta columna,
onde diremos: 1 que vém da operação ante
cedente, e 5 são 6, e 7 são 13, que escreve
remos por inteiro; porque não ha mais que
addicionar; e finalizada a operação, teremos
o número 13616 por aggregado das parcellas,
ou números propóstos; do que inferimos ser
5745-1-7040-4-5 I 5--316=136 1 6.
Se forem muitos os números, que hou
vermos de reunir, para que nos não equivo
quemos, uzaremos do méthodo seguinte.
23 Dividão-se os números em duas, tres,
ou mais porções, e escreva-se a hum lado a
somma de cada divizão; e depois reunão-se
todas as sommas, como se mostra no seguinte.
174 NoçõÉs

Exemplo 3.°
74.54
1794 +

979 | •

794 •

— 19833 Somma da 1.° divizão.


3] O O |-

790
|470 #
7]O •

— 607o dita da segunda.


1 406
7 16
9 794
1406 13322 dita da terceira.

39225 dita total.

Deste modo podemos reunir facilmente


quantos números se nos oferecerem.

Subtracção dos Números Inteiros,


*

24 iminuir, ou Subtracção é huma ope


ração, pela qual subtrahimos, hum número de
outro, para conhecermos a diferença que ha
entre elles, isto é, de quanto hum excede o
Outro.
25 O número, que queremos subtrahir,
appellida-se subtrahendo: o outro de quem se
subtrahe, appellida-se minuendo: e o que re
DE ARITHMÉTICA. 175

sulta da operação, denomina-se resto, excesso,


ou differença. *

26 Tanto o minuendo como o subtrahendo


são essencialmente números da mesma natu
reza; e por consequencia não podemos nunca
praticar a subtracção sobre quantidades hete
rogéneas.
Para que com mais facilidade se aprenda
esta operação, proponho a seguinte Taboada;
à }" convém aos principiantes saber de me
I]] OF12.
Dos restos de hum Nümero Digito memor, de

<> ). Są tº <ſ : «o № co º c -& 6\ c^ <ř. „rº eo tº co º <> + + 6\ ^^^ <ł tº «o nº. Co os


• • • • • • • • • •
••
- - - - - -
outro maior, e de outro, que nao passa

- - - - - - - - - -
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! co cº o - Sº cº ºří vº soco ob o r-w. Są © <H lae) ºo ^~os o -1 & c^ <# ^ < o \! op
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de 18 Unidad62S
TABOADA

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Noções

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176

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q}�<li>
- C C2à
DE ARITHMÉTICA, 177

Regras.
27 1." Para subtrahir hum número de ou
tro, escreve-se o menor debaixo do maior,
como fica dito a respeito da addição, e passa
se huma linha por baixo do dito número me
I]OI", • • {

28 2.° Principia-se a operação da direita


para a esquerda, tirando cada número inferior
do superior correspondente, isto é, as unida
des das unidades, as dezenas das dezenas, &c.,
e escreve-se o resto debaixo da linha em
frente do número respectivo, pondo cifra,
quando não houver diferença de hum número
a Outro.
29 3." Se o algarismo inferior for maior,
que o superior, este se augmentará com dez
unidades, tirando para isso mentalmente huma
unidade do algarismo vizindo da esquerda, e
feita a Subtracção, ajuntaremos hum ao al
garismo inferior, que se for diminuir.
30 4.° Se o algarismo donde havemos de
tirar a unidade mentalmente for cifra, não a
tiraremos da cifra, porque não a tém; mas do
primeiro algarismo significativo, que estiver
huma, duas, &c. cazas para a esquerda; e
então ainda que tiramos 100, 1000, &c. se
gundo as cifras que houverem, nunca por isso
se ajunta mais, que 10 ao algarismo necessi
tado.
31 5." Se o algarismo inferior for cifra, e
não houver que lhe ajuntar da operação ante
cedente, escreve-se o algarismo superior de
baixo da linha.
12
178 Noções
32 6." Finalmente se á esquerda do nú
mero superior, ficar hum, ou mais algarismos,
dos quaes não haja nada, que subtrahir, es
crevem-se debaixo da linha.

Exemplo 1.°
Davos os números 8647, e 5435 para
subtrahir o segundo do primeiro, escrevão-se
da maneira seguinte.
8647 Minuendo.
5435 Subtrahendo.

3212 Resto.

E começando pelas unidades, digo: 5 ti


rados de 7 resta 2, que escrevo por baixo:
passo depois ás dezenas, e digo: 3 tirados de
4 resta 1, que ponho debaixo das mesmas de
zenas. Chegando á terceira columna, digo: 4
tirados de 6 resta 2, que assento igualmente
debaixo. E passando em fim á ultima columna,
digo: 5 tirados de 8 resta 3, que escrevo de
baixo dos milhares; e deste modo acho, que
depois de subtrahir 5435 de 8647 resta 3212,
e por conseguinte 8647—5435=3212.
- DE ARITHMÉTICA. - . 179

Exemplo 2.°
Se nos pedirem a diferença entre os
números 71476, e 9082, escrevão-se como
abaixo se mostra.

71476 Minuendo.
9082 Subtrahendo.

62394 Differença.
Principiando a operação como no exem
plo antecedente, tirando as unidades das uni
dades, passa-se ás dezenas; e como 8 não se
póde tirar de 7, ajunta-se a este 10 unidades,
que se formaráõ de huma unidade tirada men
talmente ao 4, que está para a esquerda, e
diz-se 8 tirados de 17 ficão 9, que se escreve
debaixo das dezenas, e guarda-se de memória
hum para o ajuntar ao seguinte algarismo in
ferior para a esquerda. Passando á terceira
columna diz-se: o, e 1, que se guardou, é 1,
que subtrahido de 4 resta 3, que se escreve
por baixo. Continuando a operação, diz-se: 9
tirados de 1 não póde ser; mas obrando da
mesma sorte, que na segunda columna, tirar
se-ha 9 de 11, e a diferença 2 escreve-se por
baixo no seu competente lugar; e porque de
11 vai 1, e não ha letra inferior, com quem
se ajunte, subtrahir-se-ha do número superior
7, e o excesso 6 assenta-se por baixo da linha
em frente do mesmo 7. Finalizada a opera
ção, achamos ser a diferença entre os núme
|l2 +
180 Noções
ros propóstos 62394; pelo que se manifesta
Ser 7 1476—9082=62394.

Exemplo 3.°
P………………… diminuir 480662 de
760042 disporemos os números da maneira
seguinte.
760042 Minuendo.
480662 Subtrahendo.

279380 Excesso.

Começando a operação tirando as unida


des de unidades escreveremos cifra por baixo,
e passando ás dezenas obraremos, como fica
advertido na quarta regra, e o excesso 8 o
assentaremos por baixo em lugar correspon
dente. Finalmente praticando como nos exem
plos antecedentes, e fazendo applicação, do
que fica prescrito nas regras, acharemos o
excesso 279380; por onde conhecemos ser
760042—480662=279380.

Prova da Addição, e Subtracção.

33 Prova de huma operação Arithmética


é huma segunda operação, pela qual nos as
seguramos do resultado da primeira. A Addi
ção prova-se pela Subtracção, e a Subtracção
pela Addição: a razão é; porque estas duas
regras são oppostas entre si, e o que huma
faz, desfaz a outra.
34 Prova-se por tanto a Addição, somman
do outra vez todas as addições pela ordem in
DE ARITHMÉTICA. 181

versa; isto é, da esquerda para a direita. O


que sommar a primeira columna subtrahir-se
ha da somma total, que lhe corresponder, e o
resto, se o houver, se assentará por baixo;
para junto do qual se abaixaráõ as mais letras
da somma total. Passando depois á segunda
columna, e a todas as mais, se procederá da
mesma sorte, que na primeira; e se a final
não restar nada, entenderemos, que a primeira
operação está bem feita: o que se vê verifi
cado no seguinte exemplo.
5745
7040
5l5 Addições.
316

136 16 Somma total.

"m
" Prova.
}
E começando a sommar os algarismos da
primeira columna da esquerda, diremos: 5
+7=12, que tirados de 13 (que é o que lhe
corresponde da somma total) resta 1: junto a
este resto, que o escreveremos por baixo do
3, se abaixão as mais letras da somma total,
e passa-se a sommar a segunda columna, di
zendo: 7--5=12-1-3=15, os quaes tirados de
16, resta 1, que o assentaremos debaixo do 6;
e tendo abaixado para junto do dito resto 1
as mais letras da somma total, passaremos a
182 Noções
sommar a terceira columna, dizendo: 4-1-4=8
--1=9--1=10, que diminuidos de 11 resta 1,
ao pé do qual escreveremos a ultima letra da
somma total; e passando finalmente á quarta
columna, diremos: 5-Há=10-1-6=16, que aba
tidos de 16 não resta nada; donde inferi
mos, que a primeira operação da addição está
exacta. •

35 A razão porque pela prova antecedente


conhecemos estar certa a operação, é porque
vimos efectivamente a tirar todas as partes,
que contém a somma, e por este motivo ne
cessariamente não deve restar nada.
36 Para se provar a subtracção somma-se
o subtrahendo com o resto achado, e desta ope
ração resultará o minuendo, se a subtracção
estiver bem feita.
Assim observamos, v.g. no primeiro exem
plo, que subtrahindo 5435 de 8647 achámos
o resto 3212, o qual sommado com o subtra
hendo 5435 reproduz o minuendo 8647; donde
inferimos, que a primeira operação foi exacta,
como abaixo se vê exemplificado.
8647 Minuendo.
5435 Subtrahendo,
•••••••

3212 Resto.

8647 Prova.

E isto é por ser 8647—5435=3212, assim


como 3212-+-5435=8647. -
DE ARITHMÉTICA. 183

Multiplicação dos Números Inteiros.

37 Multiplicar hum número por outro,


é huma operação, pela qual se toma o pri
meiro tantas vezes, quantas são as unidades,
ou partes da unidade do segundo. O número
que se multiplica, chama-se multiplicando; o
outro, por quem se multiplica chama-se mul
tiplicador: e o que resulta da multiplicação,
chama-se producto.
38 Póde fazer-se indiferentemente do mul
tiplicando o multiplicador, e deste o multi
plicando; porque o producto será sempre o
mesmo: v. g. 7x5, ou 5x7, que de ambas
as maneiras o producto é 35: assim pode
mos tambem chamar factores, ou producentes
ao multiplicando, e multiplicador, como facto,
ou producto, ao que resulta da multiplicação.
Logo 7, e 5 são os factores, ou producentes do
facto, ou producto 35; e isto é por ser 7 vezes
5, o mesmo que 5 vezes 7. •

39 Explicado já, o que é multiplicar hum


número por outro, faremos comprehender fa
cilmente, que esta operação se poderia prati
car escrevendo tantas vezes o multiplicando,
quantas unidades haja no multiplicador, e som
mando ao depois. Assim v. g. para multipli
car 5 por 4 se poderia escrever em huma co
lumna 4 vezes o número 5, e a somma 20
desta addição seria o producto da multiplica
ção de 5 por 4; do que se segue, que quanto
maior fôr o multiplicador, tanto maior, e mais
custozo será este modo de multiplicar ; e co
184 Noções
mo pela multiplicação achamos o mesmo re
sultado por hum caminho mais curto está
claro, que a "###" é hum méthodo
breve de fazer a addição.
40 Como o oficio do multiplicador é as
signar as vezes, que se ha de repetir o multi
plicando, sempre se deverá considerar como
número abstracto, ainda que seja concreto. Se
houvesse, por exemplo, de multiplicar hum
número concreto por outro tambem concreto,
como 24 arrateis de arroz a 50 reis o arra
tel, é claro, que não multiplicaremos 24 ar
rateis por 50 reis; mas sim 24 arrateis por
50, tomando este número com abstracção ;
pois o que importa saber é, que os 24 arra
teis de arroz se hão de tomar 50 vezes, para
saber o valor de todos elles a razão de 50 reis
cada hum.
4.1 A Multiplicação de hum número, por
outro se reduz a tres cazos: primeiro a mul
tiplicar hum número dígito por outro: segun
do, a multiplicar hum número composto de
unidades, dezenas, centenas, &c. por hum nú
mero dígito, ou ao contrário: terceiro, a mul
tiplicar hum número composto de unidades,
dezenas, centenas, &c. por outro tambem
composto de unidades, dezenas, centenas, &c.
A principal de todas estas multiplicações é a
primeira; pois com ella se executão com fa
cilidade, quantas operações occorrem em os
outros dois cazos: a sua intelligencia consiste
em aprender de memória a Taboada seguinte,
DE ARITHMÉTICA. |135

TABOADA.

Dos Productos de hum Número Dígito


por outro.

1 vez 1 é 1 || 4 vez. 1 são 4 || 7 vez. 1 são 7


1. . . . . 2. ... . 2 || 4..... 2. . . . . 8 | 7..... 2..... 14
1. . . . . 3... . . 3 || 4..... 3.....12 | 7..... 3.....21
1. . . . . 4. . . . . 4 | 4..... 4. . . . . 16 | 7..... 4.....28
1. . . . . 6. .... 5 || 4,. 5. . . . .20 | 7..... 5. . . . . 35
1. .... 6..... 6 l 4. . . . . 6.....24 | 7..... 6.....42
1. . . . . 7. . . . . 7 || 4..... 7..... 28 | 7..... 7..... 49
1. . . . . 8..... 8 || 4..... 8. . . . . 32 | 7..... 8. . . . .56
1. . . . . 9..... 9 | 4..... 9..... 36 | 7..... 9..... 63
1. . . . . 10..... 10 || 4..... 10.....40 | 7..... 10. ....70

2 vez. 1 são 2 | ó vez. 1 são 5 | 8 vez. 1 são 8


2.. 2. . . . . 4 | 5..... 2..... 10 l 8..... 2. . . . . 16
2. 3. . . . . 6 || 5..... 3. . . . . 15 | 8. - 3. . . . .24
2.. 4. . . . . 8 || 5..... 4. . . . . 20 | 8..... 4. . . . . 3
2.. 5.....10 | 5..... 5. . . . .25 | 8..... 5. . . . .40
2. . . . . 6..... 12 | 5..... 6. ... .30 || 8..... 6. . . . . 48
2. . . . . 7..... 14 | 5..... 7. . . . . 35 l 8..... 7. . . . . 56
2. …... 8. . . . . 16 | ó..... 8. . . . . 40 | 8..... 8. . . . .64
2. . . . . 9. . . . . 18 || 5..... 9. . . . .45 | 8 ... 9. . . . . 72
2. . . . . 10. .... 20 | 5..... 10.....50 | 8..... 10.....30

3 vez. 1 são 3 || 6 vez. 1 são 6 | 9 vez. 1 são


3. . . . . 2. .. . . 6 | 6..... 2. . . . . 12 || 9. .... 2..... 18
3. - - - - 3. - 9 | 6..... 3. . . . . 18 | 9..... 3..... Q7
3. . . . . 4. . . . . 12 | 6..... 4. . . . . 24 || 9. . . 4. 36
3. . . . . 5. . . . . 15 | 6 . 5. . . . .30 || 9..... 5. . . . .45
3. . . . . 6..... 18 | 6..... 6. . . . . 36 | 9..... 6. . . . . 54
3. . . . . 7. . . . . 21 || 6..... 7. . . . .42 || 9..... 7.....63
3 .: 8.....24 | 6..... 8. . . . . 48 | 9..... 8.....72
3--... 9.....27 | 6..... 9. . . . . 54 | 9..... 9..... 81
186 2 Noções

Multiplicação de hum número composto


por hum número simples.

A………» de memória a Taboada an


tecedente, que comprehende as multiplicações
do primeiro cazo, será facil fazer com brevi
dade as multiplicações do segundo, conforme
as seguintes
Regras.

42. 1.". Para fazer esta operação escreve-se


o multiplicador (que segundo suppomos não
tém mais de hum algarismo) debaixo do mul
tiplicando em o lugar das unidades simplices,
e passa-se huma linha por baixo, para servir
de separação entre os factores, e o facto.
43 2.° Multiplique-se o algarismo das uni
dades simplices do multiplicando pelo multi
plicador, e se o producto constar sómente de
hum algarismo, escreva-se este debaixo; po
rêm se constar de dois, escreva-se o primeiro
como antes, e o outro guarde-se de memória
para se ajuntar com o producto seguinte, não
sendo o ultimo, pois então se escreve no lu
gar mais adiante para a esquerda. , !
44 3." Havendo no multiplicando alguma
cifra, em se chegando a multiplica-la, se es
creverá cifra, não hindo nada da operação
antecedente; porque hindo deve-se escrever,
os que forem. Com a prática dos exemplos
seguintes se verão exemplificadas estas re
gras. - -
DE ARITHMÉTICA. 187

Exemplo 1.°
Que………… o producto do número
7805 multiplicado por 5, escreveremos os fa
ctores da maneira seguinte.

7805 Multiplicando y Producentes, ou Facto


5 Multiplicador.R. res, donde se diz
39025 ............. Producto, ou Facto.

E começando a operação pelas unidades


do multiplicando, diremos: 5 vezes 5 são 25;
e como em 25 ha 2 dezenas, e 5 unidades,
escreveremos as 5 unidades debaixo das uni
dades dos factores, e guardaremos as 2 deze
nas para as ajuntarmos ao producto das de
zenas. Passando ao número seguinte, diremos:
5 vezes 0 é 0, e 2, que guardámos, são 2, que
escreveremos por baixo. Continuando dire
mos: 5 vezes 8 são 40; e como este número
não tém nenhuma unidade actual, poremos 0,
e guardaremos 4 para o addicionar ao produ
cto do número seguinte, onde diremos: 5 ve
zes 7 são 36, e 4, que guardámos, são 39, que
escreveremos por inteiro, porque não ha mais
que multiplicar; e por conseguinte o número
39025 é o producto total, que se queria, pois
se compõe de todas as partes do número
7805 tomadas 5 vezes, e por conseguinte 5
vezes todo o número.
188 Noções

Exemplo 2.°
y

Tesº de multiplicar 70045 por 8, as


sentaremos os números pela fórma seguinte.

7004 } Producentes.
560360 Producto.

E principiando pelas unidades simplices,


diremos: 8x5=40, de que escreveremos o nas
unidades, por não as haver no producto, e le
varemos 4 para as dezenas, onde diremos:
8x4=32--4=36, de que assentaremos 6, e guar
daremos 3. Passando depois ao algarismo se
guinte, diremos: 8x0=0+-3=3, que poremos
por baixo; e continuando a operação, dizen
do: 8xo=o, escreveremos o por não haver ne
nhuma unidade daquella ordem. Finalmente
passando ao ultimo algarismo, multiplicaremos
8 por 7, e o producto 56 o escreveremos por
inteiro, por não haver mais que multiplicar;
e tendo assim concluido a operação, achamos
ser o producto total 560360; e por consequen
cia diremos, que 70045x8=560360.
DE ARITHMÉTICA. 189

Multiplicação de hum número composto por


outro tambem composto.

Regras.
45 1.° Sendo os producentes ambos com
póstos, os escreveremos do mesmo modo, que
nos exemplos antecedentes, e passada huma
linha por baixo do multiplicador, multiplica
remos cada algarismo do número inferior por
todos os do superior, como se estivera so, co
meçando a escrever cada producto da direita
para a esquerda, de sorte que a primeira le
tra corresponda ao algarismo do multiplica
dor, que multiplica.
46 2.° Quando algum dos producentes, ou
ambos acabarem em cifras, estas não se mul
tiplicaráõ; porque não produzem nada; mas
ajuntão-se depois de feita a multiplicação ao
producto total da parte direita, para que o
dito producto corresponda ao valor de ambos
os producentes.
47 3." Se houver huma, ou mais cifras en
tre os algarismos significativos do multipli
cador, tambem não as multiplicaremos pela
mesma razão de não produzirem nada, obser
vando escrever sempre o primeiro algarismo
de cada producto parcial debaixo do algaris
mo multiplicador.
48 4.° Concluidas todas as multiplicações,
sommão-se os productos parciaes, e a somma
expressará o producto total, ou facto.
190 Noções

Exemplo 1.°
Que……… multiplicar o número 43746
por 4392, os escreveremos do modo seguinte.
43746
439 }Producentes, ou Factores.

87.492
3937 14
13 1238 Productos parciaes.
I 74984

192132432 Producto total, ou Facto.

Primeiramente multiplico 43746 pelo al


garismo 2 do producente inferior, que ex
pressa unidades simplices, e escrevo o pro
ducto 87492 por baixo da linha. Depois mul
tiplico o mesmo número 43746 pelo algarismo
9, e assento seu producto debaixo do pri
meiro; mas como o 9 expressa dezenas, po
nho o primeiro algarismo do segundo produ
cto debaixo das dezenas do primeiro. Con
cluida esta operação pelo 9, passo a multipli
car o mesmo número 43746 por 3 do produ
cente inferior, pondo seu producto, 131238
debaixo do segundo; porêm escrevendo o seu
primeiro algarismo 8 na columna das cente
nas; porque o multiplicador 3 expressa cem
tenas.
Finalmente multiplico 43746 pelo ultimo
algarismo 4 do producente inferior, e o seu
producto 174984 escrevo debaixo do antece
DE ARITHMÉTICA. 191

dente, adiantando huma columna para a es


querda, para que o seu primeiro algarismo 4
fique correspondendo aos milhares; porque o
4 do producente inferior expressa milhares;
e sommando ao depois todos os productos
parciaes, acho 192132432, producto verdadeiro
de 43746 multiplicado por 4392: de modo que
43746x4392=192132432, valor total de 43746
tomado 4392 vezes.

Exemplo 2.°
Se quizermos multiplicar 4600 Producentes.
por. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400

1840000 Producto.

Neste cazo multiplico sómente 46 por 4,


e ao producto 184 ajunto as quatro cifras,
que ha nos producentes; pela razão prescrita
na regra segunda.

Exemplo 3.°
Querendo-se o Producto de
multiplicado por ......... 42042
2004 } Producentes.
8 * }P……… parciaes.
68

84252168 Producto total.

Feita a multiplicação por 4, e escrito


seu producto 168168, multiplico immediata
mente por 2, e começo a escrever o producto
de modo, que expresse milhares como corres
192 Noções
ponde; por cujo motivo o adianto tres co
lumnas para a esquerda; porque ha duas ci
fras entremédias dos algarismos significativos
do producente inferior, e escrevo o primeiro
producto 4 debaixo do 8, que está na caza dos
milhares: achado o segundo producto 84084,
e sommado com o antecedente dá 84252168;
cujo número expressa o producto total, ou
facto da multiplicação de 42042 por 2004; e
por conseguinte direi, 42042x2004=84242168.

Uzo da Multiplicação.

49 Es… os diferentes uzos da Multi


plicação, serve ella para reduzir quantidades
maiores de qualquer especie, em outras me
nores de diferente especie, por exemplo: le
goas a milhas; quintaes em arrobas, estas em
arrateis ; libras a soldos, estes a dinheiros;
toezas a pes, estes a pollegadas; horas a mi
nutos, &c. Para se fazerem estas conversões,
é necessário multiplicar as especies maiores
por hum número, que exprima quantas vezes
a menor se contém na maior; e como estas
reducções muitas vezes são necessárias, pro
ponho os seguintes exemplos, que serviráõ
para encaminhar os principiantes, para todos
OS II]3. IS.

1.” Querendo reduzir 45 legoas a milhas,


como a legoa tém 3 milhas, multiplicaremos
45 por 3, e teremos 45x3=135 milhas.
2.° Se quizermos converter em arrateis o
número complexo (n.° 7) 9 quintaes, 3 arro
bas, e 6 arrateis, converteremos primeiro os
DE ARITIIMÉTICA. 193

quintaes em arrobas; e depois estas em arra


teis, ajuntando em cada conversão as unidades
da mesma especie; e como o quintal tém 4
arrobas; e cada arroba 32 arrateis, praticare
mos como se segue: 9x4=36--3=39 arrobas,
depois multiplicaremos 39 por 32, e teremos
39X32=1248--6=1254 arrateis, que é o valor
de 9 quintaes 3 arrobas e 6 arrateis conver
tido na infima especie, isto é, em arrateis.
3.° Dando-se o número complexo (n.° 7)
6 libras 13 soldos e 5 dinheiros para reduzi-lo
á infima especie, multiplicaremos 6 por 20
(n.° 45) porque a libra tém 20 soldos, e o pro
ducto por 12, porque o soldo tém 12 dinhei
ros, ajuntando em cada reducção as unidades
da mesma especie, e teremos 6"x20'=120"
--13"=133"x12"=1596"--5°=1601", que é o va
lor do número proposto reduzido a dinheiros.
4." Queremos saber quantas pollegadas tém
64 toezas. Como a toeza consta de 6 pés, e o
pe de 12 pollegadas, multiplicaremos 64 por 6,
e o producto por 12, e teremos 64x6=384x12
=4608 pollegadas, que tém 64 toezas.
5.” Querendo reduzir 24 horas a minutos,
multiplicaremos 24 por 60 (n.° 46) que são os
minutos, que tém cada hora, e teremos 24x60
=1440 minutos, que tém hum dia, ou 24 horas.
50 Finalmente a Multiplicação serve para
achar o valor total de muitas unidades, co
nhecido o valor de huma. Por exemplo que
rendo saber o custo de 36 arrobas a razão de
2500 réis cada huma, multiplicaremos 36 por
2500, ou (n.° 38) 2500 por 36, e teremos
2500x36=90000 réis custo das 36 arrobas, e
assim obraremos em outros cazos similhantes,
13
194 • Noções
na certeza de que multiplicar hum número
por outro, sempre é tomar hum delles tantas
vezes, quantas são as unidades, ou partes da
unidade do outro.

Divizão dos Números Inteiros.

51 Divisão ou regra de dividir é huma


operação, pela qual se busca quantas vezes
hum número é conteúdo em outro.
52 O número, que se divide chama-se di
videndo, o outro pelo qual se divide, appelli
da-se divizor, e o que expressa as vezes, que
o divizor é conteúdo no dividendo, denomina
se quociente. Por exemplo, querendo dividir
24 por 4, é o mesmo que buscar quantas ve
zes o número 4 se contém em 24, que acha
mos ser 6 vezes: assim neste cazo 24 é o
dividendo, 4 o divizor, e 6 o quociente.
53 De que se segue, que o dividendo in
clue o divizor tantas vezes, quantas o quo
ciente a unidade: assim no exemplo acima, o
dividendo 24 inclue o divizor 4 tantas vezes,
como o quociente tém de unidades, porque o
quociente que expressa sempre as vezes, que
o dividendo inclue o divizor, sendo aqui 6, o
dividendo 24 inclue seis vezes o divizor 4,
assim como o quociente 6 inclue seis vezes 1.
54. Donde se infere, que mostrando o quo
ciente as vezes, que o divizor é contido
no dividendo, multiplicando-se o divizor pelo
quociente, ou ao contrário, o producto será
igual ao dividendo; porque isto é tomar ca
DE ARITHMÉTICA. 195

balmente o divizor tantas vezes, quantas cabe


em o dividendo, já seja o quociente hum nú
mero inteiro, já fraccionario.
55 Quanto á especie das unidades do quo
ciente, não se póde determinar, nem pelas
que expressa o dividendo, nem pelas que ex
pressa o divizor. O quociente que sempre será
hum mesmo número, poderá expressar unida
des de mui distincta especie, conforme a per
gunta que der motivo á operação.
56 Por exemplo: se tratarmos de saber
quantas vezes 4 moedas são contidas em 16,
o quociente será hum número abstracto, que
expressará 4 vezes; porêm se nos pergunta
rem, quantas braças de obra se poderáõ fazer
por 16 moedas, a razão de 4 moedas a braça,
o quociente 4 braças será hum número con
creto; cujas unidades não tém nenhuma rela
ção com as do dividendo, nem com as do di
vizor. Daqui inferimos a verdade, de que so
a pergunta, que dá motivo á divizão, é que
determina por si so a natureza das unidades
do quociente.
57 Pelo que fica dito ácerca da divizão se
entenderá facilmente, que ella equivale a hu
ma repetida subtracção, ou (que é o mesmo)
a subtrahir tantas vezes o divizor do divi
dendo, quantas for possivel; assim póde-se di
zer em geral, que a divizão é huma especie
de subtracção, que serve para achar, quantas
vezes hum número póde ser incluido em outro.
58. Querendo v. g. dividir 18 por 6, equi
valerá esta operação a subtrahir o divizor 6
do dividendo 18 tres vezes, pois tantas cabe
6 em 18, como adiante se mostra.
]3 %
196 Noções
|8
6

|2 1.° Resto.
6

6 2.° Resto.
6

o 3.° Resto.

Está manifesto, que de 6 a 18 vão 12:


de 6 a 12 vão 6; e de 6 a 6 não vai nada.
Logo é evidente, que o divizor 6 cabe 3 ve
zes exactamente em o dividendo 18; e por
consequencia este número de vezes é o quo
ciente de 18 dividos por 6.
Porêm como este méthodo seria tanto
mais comprido, e laboriozo, quanto maior
fosse o quociente, pela regra particular da
divizão, que vou relatar, alcançamos com mais
brevidade o mesmo resultado.
Mas attendendo primeiro, que para se
aprender com facilidade esta operação da di
vizão, se faz necessário saber dividir de me
mória todo o número menor, que 90 por qual
quer dos números dígitos; proponho a Ta
boada seguinte, a qual devem os principiantes
decorar.
DE ARITHMÉTICA. • 197

TABOADA

Das divizões de hum número que tem huma,


ou duas letras, por outro de huma
letra sómente.

Directa. Indirecta.

1 .. em ... 1 cabe vezes 1 | 1 .. em ... I cabe vezes 1


1 . . . ... . 2 . . . . . . . . . 2 1 2 ....... 2 - . . . . . . . . I
1 .. . .... 3 - - - - - - - - - 3 || 3 ....... 3 - . . . . . . . . I
1 . . .... . 4 - . . . . . . . . 4 || 4 ....... 4 . . . . . . . . . }
1 .. . .. .. 5 . . . . . . . . . 5 || 5 ....... 5 . . . . . . . . . }
1 . . ..... 6 . . . . . . . . . 6 | 6 ....... 6 . . . . . . . . . L
1 . . . . ... 7 . . . . . . . . . 7 || 7 ....... 7 . . . . . . . . . I
1 .. .. ... 8 . . . . . . . . . 8 | 8 ....... 8 . . . . . . . . . }
1 .. .... . 9 . . . . . . . . . 9 | 9 ....... 9 . . . . . . . . . !

2 ... em ... 4 cabe vezes 2 | 2 ... em ... 4 cabe vezes 2


2 - . . . . . . 6 . . . . . . . . . 3 || 3 . 6 ......... 2
2 . . . . . . . 8 . . . . . . . . . 4 || 4 ....... 8 ...... . . . 2
2 . . . . . . . 10 ......... 5 || 5 .......10 ......... 2
2 . . . . . . . 12 . . . . . . . . 6 | 6 ....... 12 ......... 2
2 . . . . . . . 14 - - - - - - - - - 7 || 7 ....... 14 . .. .. . 2
2 . . . . . . . 16 . . . . . . . . . 8 | 8 ....... 16 ...... ... 2
2 . . . . . . . 18 . . . . . . . . . 9 19 . . . . . . . 18 . . . ...... Q

3 ... em .. 9 cabe vezes 3 || 3 ... em... 9 cabe vezes 3


3 - . . . . . . 12 - ........ 4 || 4 .......12 - . . . . . . . . 3
3 . . . . . . . 15 ......... 5 || 5 .......15 ... .. 3
3 ...18 . . . . . . . . . 6 | 6 ....... 18 . . . . . . ... 3
3 . . . . . . .21 . . . . . . . . . 7 || 7 .......21 . . . . . . . . 3
3 . . . . . . .24 ......... 8 | 8 .......24 . . . . . . . . . 3
3 . . . . . . . 27 ......... 9 | 9 .......27 . . . . . . . . . 3
198 Noções
4 ... em.. 16 cabe vezes 4 || 4 ... em ... 16 cabe vezes 4
4 - . . . . . . 20 . . . . 5 || 5 ....... 20 . ... . 4
4 . . . . . . . 24 . . . . . . . . 6 || 6 ....... 24 . . . ..... 4
4 - - - - - - - 28 . . . . . . . . 7 || 7 ....... 28 . ....... 4
4 .... 32 . . . . . . . . 8 | 8 . . ..... 32 . ... 4
4 ....... 36 • • 9 | 9 . . .... . 36 . . . ..... 4

5 ... em.. 25 cabe vezes 5 || 5 ... em.. 25 cabe vezes 5


5 .. .... . 30. ....... 6 || 6 ....... 30 . ....... 5
5 .. . . .. . 35 - ...... - 7 17 ....... 35 - ....... 5
5 . . .. . .. 40 ........ 8 | 8 ....... 40 . . . ..... 5
5 .. . . .. . 45 . . . . 9 | 9 ....... 45 . . . . . ... 5

6 ... em .. 36 cabe vezes 6 || 6 ... em... 36 cabe vezes 6


6 . . . . . . . 42. ....... 7 l 7 ....... 42 . . . . . . . . 6
6 - . . . ... 48 . . . . . . . . 8 | 8 ....... 48 . . . . . . . . 6
6 - . . . . . . 54 . . . . . . . . 9 | 9 ....... 54 - ....... 6

7 ... em... 49 cabe vezes 7 || 7 ... em ... 49 cabe vezes 7


7 ....... 56 ........ 8 | 8 ....... 56. ....... 7
7 ....... 63 . . . . . . . . 9 | 9 ....... 63 - ....... 7

8 ... em... 64 cabe vezes 8 | 8 ... em... 64 cabe vezes 8


8 . . . . . . . 72 . . . . . . . . 9 | 9 ....... 72 . ....... 8

9 . . em ... 81 cabe vezes 9 | 9 . . em... 81 cabe vezes 9

Divizão de hum número composto por hum


número simples.

Decorada a Taboada antecedente, a qual


nos reprezenta as vezes, que cabe exacta
mente hum número menor em outro maior,
v. g. 6 em 48, que entra 8 vezes; 5 em 45,
que entra 9 vezes, &c.; porêm como nem to
das as divizões são desta natureza, pois se
nos oferecem com frequencia outras de mú
DE ARITHMÉTICA. 199

meros maiores, darei por tanto as regras ne


cessárias para facilitar sua execução. -

Regras.
59 1.° Escreva-se o divizor ao lado direito
do dividendo com o signal de divizão (Cap. 2.”)
entremédio, e tire-se huma risca por baixo do
divizor, para separação do quociente.
60 2." Procure-se quantas vezes o divizor
cabe no primeiro algarismo da esquerda do
dividendo, ou nos dois primeiros, quando o
primeiro for menor, que o divizor, e tendo
achado o número das vezes, que o divizor
cabe no dividendo, se assentará no lugar des
tinado para o quociente, e multiplicando por
elle o divizor, poremos o producto debaixo
do dividendo parcial, que é o primeiro, ou os
dois primeiros algarismos da esquerda do di
videndo total. •

61 3.º Tire-se huma linha por baixo do


producto, e depois diminua-se este do divi
dendo parcial, que lhe corresponder, e o resto,
se o houver, escreva-se por baixo da linha.
Ao lado direito do dito resto ponha-se o al
garismo seguinte do dividendo principal, e
constituir-se-ha outro dividendo parcial, com
o qual se praticará da mesma sorte, e assim
se proseguirá até o ultimo algarismo incluzivo
do dividendo total, escrevendo sempre os nú
meros, que se forem achando para o quociente,
á direita dos que estiverem já escritos.
62 4.° Se algum dos dividendos parciaes
for menor, que o divizor, se escreverá cifra
no quociente, e abaixaremos o algarismo se
200 Noções
guinte do dividendo total, se não for a ultima
divizão. •

63 5.° Se depois de concluida a operação,


ficar algum resto, este se escreverá por cima
de huma linha ao lado direito do quociente,
pondo-lhe por baixo o divizor. Com a prática
dos exemplos se perceberá melhor, o que fica
prescrito.

Exemplo 1.°

Sesso dado o número 7397 para se di


vidir por 6, primeiramente assentaremos os
números, como abaixo se mostra.

Dividendo ... 7397 ; 6 ... Divizor.


• 6

• 1232? ... Quociente.


|3
12

|9
18

}7
12

. E começando a operação pelo primeiro


algarismo da esquerda do dividendo, digo em
7 que vezes ha 6? ha 1 vez, que escrevo no
lugar do quociente, e multiplicando-o pelo di
DE ARITHMÉTICA. 20 |

vizor, escrevo o producto 6 debaixo do divi


dendo parcial 7, e fazendo a subtracção fica
o resto 1, á direita do qual ponho o algarismo
immediato 3 (tendo-o marcado primeiro com
hum ponto para não haver engano, e assim
por diante) e teremos outro dividendo par
cial 13.
Continuando a operação, digo em 13 quan
tas vezes cabe 6 ? cabe 2 vezes, e assento 2
ao lado direito do quociente 1, e multiplicando
pelo divizor escrevo o producto 12 debaixo
do dividendo parcial 13, e feita a diminuição
temos o resto 1, á direita do qual assento a
letra seguinte 9, e teremos o terceiro divi
dendo parcial 19.
Proseguindo a divizão, digo em 19 que
vezes ha 6 ? ha 3, que assento no quociente,
e fazendo a multiplicação, e subtracção temos
o resto 1, para junto do qual escrevo o ul
timo algarismo 7 do dividendo, e com elle
constituimos o quarto dividendo parcial 17, e
indagando finalmente, quantas vezes cabe 6
em 17, acho que são 2 vezes, que escrevo no
quociente.
Depois multiplico 2 pelo divizor 6, e tiro
o seu producto 12 do dividendo 17, e ficará o
ultimo resto 5, que escrevo em fórma de que
brado á direita das unidades do quociente,
(n.° 63) como se mostra no exemplo.
Tendo concluido a operação vêmos com
bastante evidencia, que dividindo 7397 por 6
companheiros (como os nossos Arithméticos
antigos dizião, quando o divizor tinha huma
so letra) cabe a cada hum 1232?.
202 Noções

Exemplo 2.°
Que………… dividir o número 57463
por 7, os assentaremos do modo seguinte.

Dividendo ... 57463 + 7... Divizor.


56 -

- 8209 ... Quociente.


14
|4

O 63
63
••=-=-

Nesta operação tomaremos as duas pri


meiras figuras 57 da esquerda do dividendo
total para primeiro dividendo parcial, pela pri
meira ser menor, que a do divizor.
Então dividindo 57 por 7, cabe 8, que
assentaremos no quociente, e praticando con
forme as regras 2", e 3.° teremos o resto 1.
para junto do qual abaixaremos a letra se
guinte 4 do dividendo total, e constituiremos
o segundo dividendo parcial 14.
Repartindo pois 14 por 7, cabem 2, que
poremos no quociente ao lado direito do 8, e
obrando como no primeiro cazo, achamos não
restar nada; pelo que assentaremos cifra por
baixo da linha, e para junto della poremos o
algarismo seguinte 6 do dividendo: e como º
6, terceiro dividendo parcial, não contém vez
DE ARITHMÉTICA. 203

nenhuma o divizor 7, escreveremos cifra no


quociente conforme a 4.° regra, e praticando
em tudo como nella se contém, teremos o
ultimo dividendo parcial 63, o qual dividido
por 7 cabem 9, que escreveremos no lugar do
quociente; e fazendo a multiplicação, e sub
tracção, achamos não ficar resto algum. Tendo
em fim acabada a operação, conhecemos, que
dividindo-se 57463 por 7, o quociente é 8209
exactamente.

Divizão de hum número composto por outro


tambem composto.

Regras.
64 1.° Sendo tambem o divizor número
composto (que é quando se costuma dar o
nome de partir por inteiro) tomão-se tantos
algarismos da esquerda do dividendo, quantos
forem precizos para ao menos caber huma
vez o divizor. • . •

65 2." Busca-se quantas vezes a primeira


letra da esquerda do divizor se contém na
primeira, ou nas duas primeiras do dividendo
parcial, conforme este constar de tantas le
tras, ou de mais huma, das que tiver o divi
zor, e o quociente que se achar se assentará
no seu competente lugar.
66 3." Quando a segunda letra do divizor
for 8, ou 9, em tal cazo ajuntaremos 1 á pri
meira letra do divizor, e examinaremos quan
tas vezes assim augmentado se contém no
dividendo, evitando deste modo fazermos ten
tativas inuteis; advertindo, que na multipli
204 Noções
cação do quociente pelo divizor, não se faz
menção da unidade, que mentalmente ajun
tamos á primeira letra do divizor; porque isto
serve sómente para fazermos hum juizo mais
seguro das vezes; que o dividendo contém o
divizor, ou as vezes que este se contém na
quelle.
Quanto ao mais seguiremos, o que pres
crevem as regras da divizão de hum número
composto por outro simples, e com a prática
dos exemplos seguintes se verá tudo exem
plificado.

Exemplo 1.°

R……………… o quociente de 77845


dividido por 36, escreveremos os números da
fórma seguinte.

Dividendo ... 77845 # 36 ... Divizor.


72 -

• — 2162# ... Quociente.


38
36

224
2] 6

85
72

13
DE ARITHMÉTICA. 205

E tomando para primeiro dividendo par


cial os dois primeiros algarismos da esquerda
do dividendo (tendo antes marcado o segundo
com hum ponto para governo, e assim por
diante) diremos em 7 que vezes ha 3? ha 2,
que assentaremos no quociente; e multipli
cando 2 pelo divizor, escreveremos o produ
cto 72 debaixo do dividendo parcial 77, do
qual feita a subtracção fica o resto 5, e ajun
tando-lhe a letra seguinte 8 do dividendo prin
cipal, teremos o segundo dividendo parcial 58.
Proseguindo a operação diremos em 5
que vezes ha 3? ha 1, que poremos no quo
ciente, e fazendo a multiplicação, e subtracção
ficará a diferença 22, junto á qual abaixare
mos a letra immediata 4 do dividendo princi
pal, e constituiremos o terceiro dividendo par
cial 224. Neste dividendo como ha mais huma
letra, das que tém o divizor, diremos em 22
que vezes ha 3? ha 6, que assentaremos no
quociente, e multiplicando 6 pelo divizor, es
creveremos o seu producto 216 debaixo do di
videndo respectivo 224, e feita a diminuição
teremos o excesso 8, e á sua direita poremos
a ultima letra 5 do dividendo, com que for
mamos o ultimo dividendo parcial 85. Partindo
finalmente 85 por 36, cabem 2, que assenta
remos no quociente, e praticando como ante
cedentemente, temos o ultimo resto 13, que
poremos á continuação do quociente em fór
ma de quebrado, como está exemplificado.
67. No exemplo precedente, e nos seguin
tes, podiamos buscar quantas vezes cada hum
dos dividendos parciaes continha o divizor:
mas para isso requer-se muitos conhecimen
206 • Noções •

tos, e grande attenção, o que não é natural


haver em principiantes; e assim contentamo
nos em indigar as vezes, que a primeira le
tra da esquerda do divizor se contém na pri
meira, ou nas duas primeiras da esquerda de
cada dividendo parcial. E ainda que por este
modo muitas vezes se não acha o verdadeiro
quociente; com tudo achamos hum número
approximado, que depois pela multiplicação,
ou pela subtracção conhecemos o defeito, que
é facil de emendar. Porque se o producto do
quociente pelo divizor é maior, que o respe
ctivo dividendo, já se deixa vêr, que o divizor
não cabe tantas vezes no dividendo, quantas
tinhamos julgado; e se depois de feita a sub
tracção, o resto não for menor, que o divizor,
tambem se deixa vêr, que o quociente é me
nor, do que deve ser. •

Exemplo 2.°

Pertende-se dividir 289045 por 453.

Dividendo ... 289045 # 453 ... Divizor.


• 27 | 8 *-*=

638733 ... Quociente.


1724
1359

3655
3624

31
DE ARITHMÉTICA. 207

Tendo tomado para primeiro dividendo


parcial os quatro algarismos 2890, pois nos
tres primeiros não cabe vez nenhuma o divi
zor, diremos em 28 que vezes ha 4? ha 7;
porêm como o producto de 7 pelo divizor 453
é maior que o dividendo parcial 2890, se
deixa vêr, que o quociente deve ser menor
que 7, e com efeito é 6, que assentaremos
no quociente; e feita a multiplicação, e sub
tracção, segundo as regras prescritas, teremos
o resto 172, para junto do qual poremos a le
tra seguinte 4 do dividendo, e constituiremos
o novo dividendo parcial 1724.
Dividindo pois 17 por 4 teriamos o quo
ciente 4, que são as vezes que 17 inclue 4;
porêm pelo mesmo motivo manifesto na di
vizão anterior, escreveremos sómente 3 no
quociente; e finalizada a operação, teremos o
resto 365, para junto do qual escreveremos o
algarismo 5 do dividendo principal, e resul
tará o ultimo dividendo parcial 3655.
Proseguindo finalmente a operação, divi
diremos 36 por 4; e pela razão já exposta te
remos o quociente 8, que multiplicado pelo
divizor, produz 3624, que subtrahido de 3655
resulta a diferença 31, que escreveremos á
continuação do quociente pela fórma, que se
vê no exemplo.
Modo de abbreviar o methodo declarado
da Divizão.

PARA facilitar aos principiantes a intel


ligencia das regras da Divizão, determinamos,
que se pozesse debaixo de cada dividendo
208 Noções
parcial o producto da Multiplicação do divi
zor pelo quociente, e debaixo a diferença,
que houvesse depois de subtrahir o dito pro
ducto do dividendo parcial. Porêm attendendo
ue este méthodo é hum tanto extenso, e
trabalhozo, podemos para mais facilidade dei
xar de escrever o producto, e faremos a sub
tracção do dividendo parcial, á medida de
como formos praticando a Multiplicação, e
escrevendo a diferença por baixo. Com o
exemplo seguinte se mostrará este novo mé
thodo exemplificado.

Exemplo.
Pede-se o quociente do número 8404565
dividido por 6452.
Dividendo ... 8404565 # 6452 ... Divizor,
1952 5
16965 1302??# Quociente,
406 ]

Separados os primeiros quatro algarismos


8404, os quaes fórmão o primeiro dividendo
parcial, diremos: em 8 que vezes ha 6 ? ha 1,
que escreveremos no quociente: depois mul
tiplicaremos 1 por todo o divizor, e segundo
se for tirando seu producto, o hiremos dimi
nuindo do dividendo parcial, de que nos re
sultará o resto 1952, para junto do qual es
creveremos o algarismo seguinte 5 do divi
dendo principal, e constituiremos o segundo
dividendo parcial 19525. -

Continuando pois a operação, diremos:


DE ARITHMÉTICA. 209

em 19, que vezes ha 6 ? ha 3, que escrevere


mos no lugar do quociente, e praticando da
mesma sorte, que na operação anterior, nos
resultará a diferença 169, á qual ajuntaremos
o algarismo 6, do dividendo, e teremos o ter
ceiro dividendo parcial 1696, porêm como este
fórma hum membro menor, que o divizor, es
creveremos cifra no quociente, e abaixaremos
o ultimo algarismo 5 do dividendo principal,
para constituirmos hum novo membro, onde
possa caber o divizor. Finalmente tendo o ul
timo dividendo parcial 16965, e proseguindo
a operação, diremos: em 16 quantas vezes ha
6 ? ha 2, que poremos no quociente, e fazendo
a multiplicação, e subtracção juntamente, te
remos o ultimo resto 4061, que escreveremos
adiante das unidades do quociente, como até
agora temos feito, e se vê no exemplo.
69 Para praticar a divizão conforme a ter
ceira regra acima prescrita, resolveremos o
seguinte
Exemplo.

Dividendo ... 194600 + 198 ... Divizor.


1 640
- 560 982## ... Quociente.
| 64

Tomaremos as quatro primeiras letras


1964 do dividendo, e em vez de dizermos em
19 que vezes ha 1; diremos em 19 que vezes
ha 2, e assim acharemos que ha 9, que mul
tiplicado pelo divizor 198, e tirando o produ
cto da parte, que tomamos do dividendo, te
14
21 () • Noções
mos o resto 164, junto ao qual poremos a
cifra seguinte do dividendo principal, e tere
mos para repartir 1640 por 198.
Continuando a operação do mesmo modo,
diremos em 16 que vezes ha 2? ha 8, que as
sentaremos no lugar do quociente á direita do
9, e fazendo a multiplicação, e subtracção si
multaneamente fica o resto 56, e ajuntando
lhe a ultima cifra do dividendo, repartiremos
660 por 198, e diremos em 5 que vezes ha 2 ?
ha 2, e praticando como antecedentemente
temos o ultimo resto 164, e o quociente 982###.
A razão desta pratica, é porque o divizor 198
approxima-se mais a 200, que a 100, porque
para 200 falta-lhe sómente 2, e de 100 excede
98, então neste cazo, e em outros similhantes,
em vez de calcular o quociente sobre 100,
calcularemos sobre 200, e assim acharemos
facilmente as vezes, que o divizor se contém
no dividendo; e d’outra sorte fariamos muitos
calculos inuteis.
70 Se pelo decurso das divizões parciaes
se verificar, como póde succeder, que o divi
zor se inclua no dividendo mais de 9 vezes,
nos servirá de prova, de que o algarismo do
quociente da operação antecedente se julgou
menor, do que devia ser.
71. Se á continuação do dividendo, e divi
zor houverem cifras, se tiraráõ (para maior
brevidade da operação) a ambos os números
tantas cifras, quantas haja, no que tiver me
nos. Se v.g. nos dessem pára dividir 4000 por
200, dividiremos sómente 40 por 2; porque
em 40 centenas cabem tantas vezes 2 cente
mas, como em 40 unidades cabem 2 unidades.
DE ARITHMÉTICA. 211

Prova da Multiplicação, e Divizão.


72 Pelo que temos expressado ácerca des
tas operações se tira o méthodo de prova-las.
Assim para tirar a prova real á multiplicação
o faremos por meio da divizão, dividindo o
producto por hum dos producentes; e se o
quociente mostrar o outro, entenderemos que
a multiplicação está certa. Se por exemplo
multiplicassemos 742 por 5, teriamos o pro
ducto 3710, o qual dividido por 742 sahirá no
quociente 5; e se o dividissemos por 5, sahi
ria 742; o que por qualquer das operações
entendemos, que a multiplicação está exacta.
73 Consequentemente para provar a divi
zão o faremos por meio da multiplicação, mul
tiplicando o divizor pelo quociente, ou ao
contrário, e no producto deve sahir o divi
dendo, no cazo de que não ficasse resto al
gum da divizão; e ainda quando fique, sahirá
sempre o dividendo, addieionando-se ao pro
ducto o resto da divizão. Assim v. g. tendo
achado acima no penultimo exemplo, que di
vidindo-se 8404565 por 6452 resulta o quo
ciente 1302, e a diferença 406 1. Para provar
pois esta operação multiplicaremos 6452 por
1302, ou (n.° 37) o que é o mesmo, 1302 por
6452, e resultará o producto 8400504, ao qual
addicionando-se a diferença 4061, teremos
8404565 igual ao dividendo principal. Do dito
inferimos, que as duas operações de Multipli
car, e Dividir provão-se reciprocamente.
< }

14 #
212 Noções

Prova pela regra dos noves, e dos onzes.


74. A prova dos noves fóra é applicavel a
todas as quatro operações, pela facilidade com
que se pódem tirar a qualquer número; mas
não é infallivel, pois póde succeder sahir cer
ta, e estar a operação errada; ainda que isto
so póde acontecer commettendo-se na opera
ção algum erro de nove, ou d'algum dos mul
tiplos de nove, e o mesmo digo a respeito da
prova dos onzes.
Para se applicar pois esta prova é neces
sário primeiro saber extrahir os noves a qual
quer número, que não seja menor, que nove,
o que se pratica da maneira seguinte.
75 Sommão-se todos os algarismos (menos
os noves, porque esses desprezão-se logo) que
tiver o número, como se estivessem todos na
caza das unidades, e á medida que na somma
se achar algum nove se lançará fóra, e o resto,
se o houver, ajunta-se com o algarismo seguin
te, e o ultimo resto será o que se procura.
Assim querendo v. g. extrahir os noves
do número 7859482, diremos 7--8=15—9=6
—+5=11—9=2+4= (porque desprezamos logo
o 9) 6--8=14—9=5--2=7, que é o resto final
tirados os noves do número proposto. Isto
supposto sabido vamos fazer applicação da
prova dos noves a cada huma das quatro ope
rações.
76 Prova-se o Sommar tirando primeiro
os noves a todas as parcellas, e escreve-se o
ultimo resto a hum lado; depois obra-se o
mesmo com o resultado da somma, e se esta
DE ARITHMÉTICA. 213

estiver certa, deve o resto ser igual ao resto


das parcellas, o que prova a sua exactidão;
salvo havendo-se commettido algum erro de
nove, ou d'algum dos seus multiplos.
77. A razão desta pratica é facil de per
ceber. Como a somma mostra o valor de todas
as addições, o resto destas, tirados os noves,
deve ser igual ao resto daquella, bem como
se tirassemos os noves a dois números iguaes,
que necessariamente os restos tambem serião
iguaes.
78 Do mesmo modo se quizermos provar
pelos noves fóra a Subtracção, tiraremos pri
meiro os noves ao número maior, e assenta
remos a hum lado o resto; depois tiraremos
os noves ao menor, e tambem ao que mostra
a differença, e se esta estiver exacta deve fi
car hum resto igual ao do número maior;
porque este é igual á somma da differença,
com o número menor. Porêm nesta operação
a prova real (n.° 36) é sempre preferivel a
qualquer outra.
79 A Multiplicação se prova tambem pe
los noves fóra, tirando primeiro os noves ao
multiplicando, e assenta-se o resto á parte;
depois tirão-se ao multiplicador, e o resto deste
multiplica-se pelo daquelle, e do producto se
tirão tambem os noves, se os tiver, e põe-se
o resto a hum lado, e cifra não restando nada:
por ultimo tirão-se os noves ao producto total,
e se este estiver exacto, é necessário que o
resto (lançados fóra os noves de todos os al
garismos, que nelle houver) seja igual ao pe
nultimo, como observamos no seguinte exem
plo.
214 Noções
Tendo v. g. multiplicado 54968 por 645,
e achado o producto 35454360, se quizermos
provar esta operação pela regra dos noves, ti
raremos primeiro os noves ao multiplicando
54968, e assentaremos o resto 5 á parte; de
pois faremos o mesmo ao multiplicador 645,
e o resto 6 multiplicaremos pelo resto 5, e
do seu producto 30 tiraremos os noves, e ficará
o resto 3. Ultimamente lançando fóra os noves
do producto total 35454360, temos o ultimo
resto 3, igual ao penultimo, por onde se veri
fica estar o dito producto total exacto, ou ao
menos provavel, que o esteja.
80 Igualmente se prova a Divizão pela re
#" dos noves, tirando-os primeiro ao divizor;
epois ao quociente, e multiplicando os dois
restos hum pelo outro se tirão do seu produ
cto tambem os noves, se os tiver, e o que fi
car somma-se com o resto final da Divizão,
se o houver, e da somma tirão-se os noves,
havendo-os, e o resto deve ser igual ao que
restar lançados os noves fóra ao dividendo.
Fazendo pois applicação do precedente
méthodo, v. g. á divizão do número 634982
por 763; cujo quociente é 832, e o resto 166,
tiraremos primeiro os noves ao divizor 763, e
assentaremos á parte o resto 7; depois ao
quociente 832, e o resto 4 multiplicaremos
pelo resto anterior 7, e do seu producto 28,
tiraremos os noves, e o resto 1 sommaremos
com o da divizão 166, e lançando os noves
fóra da sua somma 167, temos o resto 5 igual
ao resto do dividendo 634982, depois dê tira
dos os noves, e assim julgamos com probabi
lidade estar a operação certa.
DE ARITHMÉTICA. 215

81. Quanto á prova dos onzes, ella se póde


igualmente applicar a todas as quatro opera
ções, seguindo em cada huma o mesmo mé
thodo, que temos seguido na prova dos no
ves; mas é necessário primeiro saber como se
tirão os onzes a qualquer número, que não
seja menor que onze, e para isso uzaremos do
seguinte méthodo.
82 Tirão-se os onzes a hum número, som
mando da direita para a esquerda todos os al
garismos das cazas impares, isto é, o primeiro,
o terceiro, &c., tirando da somma onze, quando
nella se incluir, e assenta-se á parte o resto fi
nal. Depois som mão-se do mesmo modo todos
os algarismos das cazas pares, isto é, o segundo,
o quarto, &c., e o resto se diminuirá do ante
rior das cazas impares; e quando não se possa
fazer a subtracção lhe ajuntaremos onze, e o que
ficar, e o resto do número proposto, tirados os
onzes, que nelle se incluia.
Querendo pois tirar os onzes ao número
27582963, segundo o méthodo precedente,
diremos 3--9=12—11=1--8=9--7=16—11=5,
que é o resto das cazas impares. Depois di
remos 6-2=8-1-5=13-11=2-1-2=4, que é o
resto das cazas pares, e tirando este segundo
resto 4 do primeiro 5 fica I, que é o resto fi
nal, tirados todos os onzes incluidos no nú
mero proposto.
Do mesmo modo se quizermos tirar os
onzes do número 617489, começaremos da di
reita para a esquerda, dizendo 9-1-4=13—11
=2--1=3 resto das cazas impares; depois di
remos 8--7=15—11=4--6=10 resto das cazas
pares; e como este ultimo resto não se póde
216 . Noções
diminuir do primeiro 3, lhe ajuntaremos 11, e
da sua somma 14, tirando o segundo resto 10,
ficão 4, que é o resto final tirados os onzes
do número 617489.

Uzo da Divizão.

83 A Divizão em geral serve sempre para


achar quantas vezes hum número contém ou
tro; mas além deste uzo, tém outros particu
lares. Ella serve para se tomar de hum nú
mero huma parte menor, por exemplo tomar
métade de 48, é o mesmo que dividir este
número por 2; tomar a têrça parte, é dividi-lo
por 3; tomar a quarta parte, é dividi-lo por
4, &c., e isto a fim de se tomar huma das
ditas partes.
84 Serve tambem a Divizão para reduzir
hum número de unidades de especie menor,
em outros de especie maior. Por exemplo re
duzir hum número de reis em moedas; ou hum
número de arrateis em arrobas; e estas em
quintaes; ou hum número de dinheiros em sol
dos; e depois estes em libras; ou hum nú
mero de pollegadas em pe$; e estes em toezas,
&c., para o que proponho os seguintes exem
plos.
1.° Quantas moedas de 4800 contém 960000
reis? Dividiremos 960000 por 4800, ou (n.° 71)
9600 por 48, e o quociente 200, são as moedas
que o dito número de reis contém.
2.° Quantas arrobas ha em 1920 arateis?
Como o arratel é # de huma arroba, dividi
remos 1920 por 32, e o quociente 60 são as
arrobas, as quaes divididas por 4, o quociente
DE ARITHMÉTICA. 217

mostrará 15 quintaes; e assim vêremos, que


em 1920 arrateis ha 60 arrobas, ou 15 quintaes.
3.° Quantos soldos contém 6424 dinheiros?
Como 12 dinheiros fazem hum soldo, dividire
mos 6424 por 12, e teremos 535 soldos, e 4
dinheiros; e querendo tambem saber quantas
libras ha em 535", os dividiremos por 20", que
fazem huma libra, e teremos 26 libras, e o
resto 15": pelo que os 6424" se reduzem a
26"º I 5° e 4º.
4. Quantos pés ha em 1728 pollegadas?
Como cada petém 12 pollegadas, dividiremos
1728 por 12, e teremos o quociente 144 pes;
e querendo reduzir estes a toezas, os dividire
mos por 6 pes, que tém huma toeza, e tere
mos 24 toezas; e assim o número proposto
1728 pes será convertido em 144 pes, ou em
24 toezas.

CAPITULO III.

Da Dizima, ou Fracções Decimaes

85 A dizima, ou fracções decimaes são


partes successivamente menores, que a uni
dade, na razão décupla.
São as fracções decimaes, as que nas sciem
cias Mathemáticas, é mui frequente o seu
uzo, e tém a vantagem que a sua numeração,
e o modo de operar com ellas, é o mesmo
que a dos números ordinários, e inteiros.
Assim de todas as divizões, e subdivizões,
que se pódem fazer da unidade, a que merece
preferencia, é sem dúvida a Divizão Decimal,
218 Noções
por ser a mais analoga ao systema da nume
ração.
86 Consiste pois a Divizão Decimal em
considerar a unidade primitiva como dividida
em dez partes, a que se dá o nome de deci
mas; cada decima em outras dez partes, a
que se dá o nome de centesimas, porque são
precizas cem para constituir huma unidade
inteira; cada centesima em outras dez partes,
a que se dá o nome de millesimas, porque são
necessárias mil para formarem huma unidade
inteira, e assim por diante subdividindo do
mesmo modo na razão décupla, formando no
vas unidades consecutivas, ás quaes proce
dendo na sua denominação por huma ordem
contrária á dos números inteiros, lhe daremos
os nomes de decimas, centesimas, millesimas,
decimas millessimas, centesimas millesimas, mil
lionesimas, decimas millionesimas, centesimas
millionesimas, bimillionesimas, &c., indicando
por cada huma destas denominações unidades
dez vezes menores, do que, as que indica a
sua precedente.
87. Ora como o systema da nossa numera
ção (n.° 11), é fundado, em que o algarismo,
que está á direita d'outro, reprezente unida
des dez vezes menores, que as do algarismo,
que lhe fica á esquerda; está claro que para
seguir huma analogia constante entre os nú
meros inteiros, e as fracções decimaes, de
vem-se escrever as decimas á direita das uni
dades inteiras, e separa-las com huma virgula
para distincção; as centesimas á direita das
decimas; as millesimas á direita das centesi
mas, e assim successivamente.
DE ARITHMÉTICA. 219

Querendo pois assentar v. g. doze unida


des, e sette decimas, escreveremos 12,7 pondo
huma virgula entre as unidades, e as decimas,
para se não confundirem.
Do mesmo modo para assentarmos, v. g.
trinta e quatro unidades cinco decimas e oito
centesimas, poremos 34,58, e para quarenta e
cinco unidades e oito centesimas escreveremos
45,08 pondo huma cifra no lugar das deci
mas, para denotar, que neste número não as
ha, e tambem para o algarismo 8 significar
centesimas.
88 Quando o número, que se pertende re
prezentar constar sómente de decimaes, pore
mos primeiro huma cifra, para marcar a caza
das unidades, e á direita della a virgula para
evitar confuzão, e depois os decimaes.
Assim v. g. para reprezentar oito decimas
quatro centesimas e seis millesimas, escrevere
mos 0,846; e para assentarmos cinco millesi
mas escreveremos 0,005, enchendo com cifras
as duas cazas antecedentes, para o algarismo
á reprezentar millesimas, e assim se procederá
em outros números.
89 As fracções decimaes tambem se pódem
reprezentar como quebrados ordinários, pas
sando huma risca por baixo da fracção, e
dando-lhe por denominador a unidade seguida
de tantas cifras, quantas forem as cazas deci
maes, que tiver a fracção, e supprimindo-lhe
a virgula.
Assim v. g. 0,4 é o mesmo que #: 0,49
é o mesmo que fºs: 2,654 é o mesmo que
###, porque duas mil seiscentas e cincoenta
e quatro millessimas, é o mesmo que duas mil
220 Noções
seiscentas e cincoenta e quatro partes, das
quaes mil fazem huma unidade. Logo 2,654 =
####, &c.
90 Para se pronunciar, ou lêr as fracções
decimaes ha dois modos de o fazer. Hum á
maneira de números inteiros, applicando-lhe
no fim a denominação da ultima caza á di
reita; e outro lêndo da esquerda para a di
reita cada algarismo significativo de per si, e
dando-lhe a denominação respectiva. Assim
para lêrmos, ou pronunciarmos, v.g.: a frac
ção 0,63 podemos dizer indiferentemente ses
senta e tres centesimas, ou seis decimas, e tres
centesimas; porque valendo cada decima dez
centesimas, tanto valem seis decimas, como
sessenta centesimas.
Quando o número constar juntamente de
inteiro, e decimaes, lêremos primeiro o inteiro,
como se estivesse so, e depois os decimaes.
Assim para lêrmos, v. g.: o número 124,356,
diremos cento e vinte e quatro inteiros, ou uni
dades, e trezentas e cincoenta e seis millesimas.
Comprehendidos os principios preceden
tes fica facil praticar com as fracções deci
maes as mesmas operações, que se praticão
com os números inteiros, isto é, sommar, di
minuir, multiplicar, e repartir; porêm primeiro
que as ensine, farei algumas reflexões sobre
as quantidades decimaes.
91 1." Huma fracção decimal não muda
de valor accrescentando-lhe á direita quantas
cifras quizermos; porque como as cifras não
significão por si coiza alguma, é evidente,
que postas á direita de huma fracção deci
mal, não lhe faz mais, do que mudar-lhe a
DE ARITHMÉTICA. 22 |

denominação. Assim v. g.: 0,45 é o mesmo


que o,450, ou 0,4500, ou 0,45000, &c.
92 2." Huma fracção decimal se fará dez,
cem, mil vezes, &c., maior mudando-lhe a
virgula hum, dois, tres, &c. lugares para a di
reita; e pelo contrário mudando-lhe a virgula
hum, dois, tres, &c., lugares para a esquerda
se fará dez, cem, mil vezes, &c., menor.
Querendo pois fazer dez vezes maior, v.
g.: o número 25,6789, mudaremos a virgula
hum lugar para a direita, e ficará 256,789, que
é dez vezes maior, que o antecedente, pois é
evidente que deste modo o algarismo 2, que
antes reprezentava dezenas, reprezenta agora
centenas, e o algarismo 5, que occupava a
caza das unidades, agora occupa a das deze
nas, e o 6 que era decimas, agora são unida
des; cujo valor é dez vezes maior, que as de
cimas, e do mesmo modo os outros algarismos.
Pelo contrário se ao mesmo número mudar
mos a virgula hum lugar para a esquerda o
faremos dez vezes menor, e ficará 2,56789,
pela razão inversa.
93 . 3." Do mesmo modo se o número cons
tar sómente de decimaes, e o quizermos fazer
dez, cem, mil vezes, &c. menor lhe accres
centaremos á esquerda tantas cifras, quantas
para isso bastar. Assim v.g.: a fracção o,345
ficará cem vezes menor, pondo-lhe duas ci
fras á esquerda entre a virgula, e o algarismo
3 desta sorte 0,00345; porque o algarismo 3,
que antes occupava a caza das decimas, agora
occupa a das millesimas, que é cem vezes
II]GI1OT.
+
222 Noções

Addição das Fracções Decimaes.

94 Se as fracções não estiverem reduzi


das a huma mesma denominação, isto é, se
não tiverem todas igual número de cazas de
cimaes, para evitar confuzão, podemos ajuntar
á direita tantas cifras, áquellas que menos ti
ver, quantas forem precizas, para que todas
fiquem com igual número de letras, prepa
ração, que lhe não altera o valor (n.° 91).
Feito isto escrevem-se as addições, ou par
cellas de modo, que as decimas fiquem de
baixo das decimas, as centesimas debaixo das
centesimas, as millesimas debaixo das mille
simas, e assim por diante, de modo que as
unidades da mesma ordem, se ajustem todas
em huma mesma columna vertical, e depois
procede-se á operação da mesma sorte, que
nos números inteiros.

Exemplo 1.°
>{
Se quizermos addicionar as fracções 0,5
--0,43--0,342--0,0176 as escreveremos da maº
neira seguinte.
0,5000
0,4300
0,3420
0,0176

1,2896 Somma.
DE ARITHMÉTICA. 223

• E concluida a operação acharemos, que


as fracções propóstas som mão 1 unidade, e
2896 decimas-millesimas.
Se as fracções forem precedidas de in
teiros, procederemos do mesmo modo, como
se vê no seguinte

Exemplo 2.°

P………………… a somma dos núme


ros 4,7--15, 18--28,074--1 12,00765, os escre
veremos do modo seguinte.
4,70000
15, 18000
… ? 28,07400
1 12,00765

159,96165 Somma.

E praticando como no exemplo prece


dente, acharemos que os números propóstos
som mão cento e cincoenta e nove unidades,
e 96165 centesimas-millesimas.

Subtracção das Fracções Decimaes.

95 Não tendo as fracções igual número


de letras decimaes, ajuntaremos as cifras ne
cessárias, á que menos tiver, para que ambas
fiquem com igual número de letras decimaes,
evitando deste modo, qualquer embaraço, que
224 Noções
possa haver na operação, a qual se pratica,
como a dos números inteiros.

Exemplo 1.°

P…………… de 0,763 subtrahir 0,00345.


Preparem-se as fracções propóstas, como fica
dito, e pratique-se depois a operação, como
tudo se segue.
0,76300
0,00345

0,75955 Resto.

E feita a operação acharemos o resto


0,75955 centesimas-millesimas.
Sendo as fracções acompanhadas de in
teiros se procederá da mesma sorte.

Exemplo 2.°

Que………… do número 15,23 subtra


hir 6,2457 os escreveremos do modo seguinte.
15,2300
6,2457

8,9843 Resto.

E assim o resto achado é º unidades, e


9843 decimas-millesimas.
DE ARITHMÉTICA. 225

Multiplicação das Fracções Decimaes.

96 PAR, multiplicar dois números, dos


quaes, ou ambos juntamente contenhão partes
decimaes, a multiplicação se fará como se os
taes números fossem inteiros, e depois de achar
o producto, delle se separaráõ por meio da
virgula, contando da direita para a esquerda,
tantas letras de dizima, quantas houverem em
o multiplicando, e multiplicador juntamente.
As letras, que ficarem á esquerda da virgula
indicaráõ os inteiros, e as que ficarem á di
reita serão os decimaes.

Exemplo 1.°

Querendo-se multiplicar 36,28 .


DOI • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 5,3 , : ,; º
* #
| 0884 -_-
18 140 . , ,
•- * *

192,284 Producto.

Havendo feito a multiplicação de 3628


por 53, como se não houvessem decimaes,
acharemos o producto 192284; porêm como
no multiplicando ha duas letras decimaes, e
no multiplicador huma, separaremos no dito
producto com a virgula tres letras para a di
reita e ficará 192,284, isto é, 192 unidades, e
284 millesimas.
Na multiplicação da dizima póde occorrer
|5
226 Noções
o cazo, em que no producto haja menos letras
decimaes, das que tém ambos os factores to
mados juntamente; então mette-se entre a
virgula, e a ultima letra á esquerda do pro
ducto, tantas cifras, quantas sejão precizas,
para completar o número dos decimaes; que
tém os factores juntamente. e º ; ;; ; : {
* *** * * * * * . ** * ** * * * ! _* * * * * 1; i *, * * * *.

…", … … … Exemplo 2." " . } ::: ::

se ti… dº multiplicar º
por . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0,4 . " …

Multiplicaremos 18 por 4, e sahirá o pro


ducto 72; porêm como elle contém so duas
letras significativas, e os factores tém tres, e
outras tantas se devem separar no producto
por meio da virgula para a dizima, está claro,
que se deve pôr huma cifra entre a virgula,
e 72, e assim 0,072 millesimas, é o verdadeiro
producto de o, 18 multiplicado por 0,4.
A razão é facil de conceber advertindo
se, que se multiplicassemos 0, 18 por 4 uni
dades, o producto devia ser 0,72 centesimas,
que é dez vezes maior, que o,072 millesimas.
Assim multiplicando por 0,4 decimas, que é
dez vezes menor, que 4 unidades, tambem o
producto deve ser dez vezes menor, que 0,72
centesimas: logo deve-se metter huma cifra
entre a virgula, e 72 para que o producto seja
o verdadeiro, e tambem para haver nelle tam
tas cazas de dizima, quantas tém os factores
juntamente, como determina a regra (n.° 96).
DE ARITHMÉTICA. 227.

Divizão das Fracções Decimaes.


+

97 PAR, se dividir hum número decimal


por outro, reduzir-se-hão primeiro á mesma
denominação, quando não a tenhão, ajuntando
para este fim tantas cifras, ao que tiver me
nos letras decimaes, quantas forem necessá
rias, para que ambos os números fiquem com
igual número de cazas de dizima, o que por
isso não muda de valor. Depois, como a gran
deza das unidades do dividendo, e do divizor
não influe de maneira alguma na grandeza do
quociente, se supprimiráõ as virgulas, e a
operação se reduzirá a dividir hum número
inteiro por outro, e o quociente será o que
se busca, sem haver nelle algarismos deci
II]3 GS. *. * . *.*

Exemplo 1.°
Havessº de repartir 326,35 por 5,6 es
creveremos os números, como se segue.
- * ** * * * * . . … … …; * * * * , e º "…
…pf, # … --1 * #32635 + 560 … … º ** * * =

"" " " o 1635 58 # Quociente. "


* ** * 0155 , , , * # ' "
••

* Como o divizor 5,6 tém huma so letra


decimal, e o dividendo 326,35 tém duas, ajun
taremos huma cifra ao divizor, e ficará 5,60, e
supprimindo depois as virgulas de hum, e ou
tro número, a operação se reduzirá a dividir
} 5 +
228 - Noções
32635 por 560, como se fossem inteiros, e o
quociente 58#, é o que se procurava.
98 Porêm como o fim principal do uzo da
dizima, é evitar as fracções ordinárias, po
demos approximar o quebrado do quociente
achado, ajuntando ao resto da divizão tantas
cifras, quantas forem as cazas decimaes, que
nos bastar, para a approximação, tendo a
advertencia de pôr a virgula depois das uni
dades inteiras do quociente, para as separar
dos decimaes, como tudo se vê no seguinte
'#: , • Exemplo 2.°
4. .. …" • * #

32635 # 560 , ,
O4635 — . .. .

O 1550 58,2767, &c., …


O4300
O 3800
O4400
0480

Deste modo temos achado, que o quo


ciente do número 326,35 dividido por 5,6, ou
5,60 é 58,2767 exacto até á quarta caza de
cimal; de modo que o defeito do resultado,
não chega a ser huma decima-millesima parte
da unidade.
99 Donde inferimos, que ainda quando não
possamos achar o quociente exacto de huma
divizão decimal, com tudo podemos approxi
ma-lo de maneira, que o defeito seja menor,
que #" quantidade assignavel.
a mesma sorte podemos tambem prati
car nas divizões dos números inteiros, quando
DE ARITHMÉTICA. 229

neles houver restos, porque estes se pódem


reduzir a decimaes, do mesmo modo, que aca
bamos de fazer no exemplo precedente.
Reduzir qualquer fracção ordinária, a fracção
decimal.
-,
|100 PARA se reduzir huma fracção, ou
quebrado ordinário, a fracção decimal, a re
gra é da maneira seguinte: ajuntem-se á di
reita do numerador do quebrado tantas cifras,
quantas forem as cazas decimaes, que quizer
mos, e divida-se o numerador assim augmentado
pelo denominador. -

Exemplo.
PERTENDE-sE reduzir a fracção ; a de
cimaes, de modo que não defira a millesima
parte da unidade.
Para resolver esta propósta, ajuntaremos
tres cifras ao numerador 5, e ficará 5000, e
repartiremos este número pelo denominador
7, marcando primeiro a caza das unidades
com huma cifra, como se segue.

$000 + 7
O lO

o30 o,714
02

E feita a divizão ao modo ordinário re


sulta
ção #.o,714 millesimas, valor proximo da frac
• |-
230 , , , Noções,
4 ·
… …", … * --> > -, - • 1: , " " … …"… … " - *- *- *- --
, ;- -- |-

* * ! #

.……… CAPITULO IV. ""


* Dos Quebrados, ou Fracções.….… "

IO I Queirado, ou Fracção, é o número,


que expressa huma, ou mais partes da uni
dade, supposta esta dividida em partes iguaes.
. 102 A idéa mais clara, que se póde fazer
de hum quebrado, é considera-lo como o quo
ciente de huma divizão, que se não póde efe
ctuar, por ser o dividendo menor que o divizor,
Assim querendo dividir v. g.: 3 por 4, o quo
ciente deve ser menor que o divizor 4, isto é,
deve ser o quebrado 2. … "
103 Para reprezentar hum quebrado são
necessários dois números, os quaes se escre
vem hum sobre outro, e separão-se com huma
risca, que indica divizão, v.g.: #; }, &c.
104, Os dois números que reprezentão hum
quebrado chamão-se termos delle; porêm cada
hum tém seu nome particular. O número que
se escreve por cima da risca chama-se nume
rador, e mostra quantas partes se tomão da
unidade; e o que se escreve por baixo da risca
chama-se denominador, e determina quantas
dessas partes fórmão a unidade, dando-lhe jun
tamente o nome dellas, e por isso se chama
denominador. * #

105 Os numeradores de dois quebrados, ou


ambos os denominadores considerados simul
taneamente, chamão-se termos homogeneos; e
o numerador de hum comparado com o de
DE ARITHMÉTICA. 231
nominador do outro chamão-se termos hetero
geneos. __ - * * * * *
* # :;

... 106 Para se lêr, ou dizer o valor dos que


brados, lê-se primeiro o numerador, e depois
o denominador: se este é número simples, isto
é, se tém huma so letra, dão-se-lhes os nomes
de meios, térços, quartos, quintos, sextos, seti
mos, oitavos, e nonos, ou ametades, térças, quar
tas partes, &c. Assim para lêrmos, v. g. estes
quebrados à , 3, *, *, *, , ; , ; , diremos hum
meio, dois térços, tres quartos, quatro quintos,
cinco sextos, seis Sétimos, Sette oitavos, oito
nonos. Porêm se o denominador é número com
posto ajunta-se-lhe a palavra ávos, que quer
dizer partes iguaes. Assim para lêrmos por
exemplo os quebrados #, e #, diremos treze
oitenta ávos, e vinte e quatro trinta e sette ávos.
107. Temos tambem outro modo de repre
zentar hum quebrado, e vém a ser á maneira
de número inteiro, o que tém lugar nos nú
meros complexos. Assim v. g., se quizermos
mostrar tres partes, das quaes quatro fazem
hum quintal, damos primeiramente ás ditas
partes o nome d'arrobas, e escreveremos 3
arrobas, que é o mesmo que º do quintal; e
se quizermos mostrar quinze partes, das quaes
vinte (a que chamão soldos) fazem huma li
bra, escreveremos 16", os quaes não é outra
coiza, que huma fracção da libra, isto é, #,
ou 2, e assim se pratica em todas as divizões,
e subdivizões dos diferentes números com
plexos, como adiante se verá, quando tratar
BlOS delles. … .. . < * ** ** * *# : ; … …, … :
: 108 - Os quebrados são próprios, quando o
numerador é menor, que o denominador, v. g.
232 * Noções
É, #; e improprios quando o numerador é igual,
ou maior que o denominador, v. g. É, *.
109 Quando o numerador é igual ao deno
minador é igual á unidade ; e quando o nume
rador é maior, que o denominador, é maior
que a unidade. Assim o quebrado # é igual á
unidade;
dade. e o quebrado * é maior que a uni
• ".

110 Para extrahir as unidades incluidas


nos quebrados improprios, divide-se o nume
rador pelo denominador, e o quociente mos
trará as unidades ; e o resto, se o houver, serve
de numerador de hum quebrado próprio, que
se assenta adiante das unidades ficando-lhe o
mesmo denominador. Assim v. g. o quebrado
* se reduz a 3 unidades, e 2 da unidade.
A razão desta prática é facil de conce
ber, porque como o denominador de hum que
brado mostra em quantas partes se suppõe
dividida a unidade (n.° 104) segue-se, que
quantas vezes o denominador se inclua no nu
merador, outras tantas unidades haverá no
valor do quebrado. } -

111. O valor dos quebrados augmenta, quan


to maior é o numerador, ou quanto menor é
o denominador, porque quanto mais hum que
brado se chega á unidade maior é seu valor.
Assim entre quebrados, que tenhão hum mes
mo denominador será maior, o que tiver maior
numerador, v. g. 2, 4, o segundo destes que
brados é maior, porque É se chega mais á
unidade que 2. Pelo contrário entre que
brados, que tenhão iguaes numeradores será
maior, o que tiver menor denominador, v.g.:
*, *, o ultimo destes quebrados é maior, por
DE ARITHMÉTICA. 233

que o denominador é menor, e consequente


mente se chega mais á unidade, que o pri
meiro, pois como o denominador determina
em quantas partes a unidade está dividida
(n.° 104) quanto menor for o número das di
tas partes, quanto mais o quebrado se chega
ávalor.
unidade, e por conseguinte maior é seu
• •

112 · Para reduzir hum inteiro á fórma de


quebrado basta dar-lhe por denominador a
unidade, v.g.: querendo reduzir o inteiro 5
á fórma de quebrado lhe daremos por deno
minador 1, e teremos ?. Porêm se o inteiro,
se houver de reduzir a hum denominador de
terminado, é necessário multiplicar o inteiro
pelo denominador, que lhe queremos dar, e o
producto será o numerador, v.g.: se quizer
mos reduzir o número 6 a quebrado, que te
nha por denominador 4, multiplicaremos 6
por 4, e ao producto 24 daremos o dito deno
minador 4, e teremos *= 6. A razão se tira
facilmente da mesma operação, advertindo-se,
que havendo de reduzir o número 6 a quartos,
cada unidade se considera composta de qua
tro partes: logo as 6 unidades contém vinte
e quatro das ditas partes. Da mesma sorte
para reduzir hum número misto a quebrado
simples multiplica-se o inteiro pelo denomi
nador do quebrado, ajunta-se-lhe o numera
dor, e á somma dá-se-lhe o mesmo denomi
nador, v.g.: para reduzir o número misto 53
a quebrado, multiplicaremos 5 por 3, e ao
producto 15 ajuntaremos 2, e á somma 17
daremos o mesmo denominador 3, e vêremos
que 5$=#.
234 , , Noções, a ,
- *: *" ** * * * } * * *
|-
* ** • ** **
- •

*: * ** ** * ** *
## - , *,
º "* **
* * *
, ,

… Modo de simplificar os Quebrados, ** * * * -


a
*. * . * ** * * * * * * * ** * , , ,, , , :

.: 113 "Como todo o quebrado não é outra


coiza, que o quociente indicado de huma divi
zão (n.° 102) que não tém sido efectuada, se
deixa vêr, que subsistirá o mesmo quociente,
ainda que se augmente, ou diminua o divi
dendo, e o divizor; com tanto que seja na
mesma proporção, e assim diremos em geral:
Que hum quebrado não muda de valor, ainda
que se multipliquem, ou se dividão ambos os
seus termos por hum mesmo número. : ,!

- … Assim v. g. o quebrado ?, se multipli


carmos os seus termos por 3, se transformará
em #1 do mesmo valor que ?, pois o mesmo
é tomar 9 partes de 15, que tomar 3 de 5;
porque de ambos
quintas partes os modos se tomão tres
da unidade. • |-

114 Consequentemente se dividirmos am"


bos os termos do mesmo quebrado: #; por 3,
se reduzirá á sua anterior expressão 2. Logo
em ambos os cazos hum quebrado, muda sim
de expressão; mas não de valor. E como mui
tas vezes é possivel reduzir hum quebrado a
menores termos, quando elles tém algum di
vizor commum, é huma operação que se não
deve omittir, pois não sómente contribue para
a sua elegancia, e para se fazer melhor idéa
do seu valor; mas tambem para maior facili
dade das operações, em que elle possa entrar.
… Para simplificarmos pois os quebrados
observaremos as seguintes regras. ….…… #
115 - 1." Acabando ambos os termos de hum
quebrado em número par, são diviziveis por
DE ARITHMÉTICA. 235

2, e como esta divizão é a mais simples, se


continuará, até que se possa fazer exacta
mente. -

116 2." Se cada hum dos termos do que


brado acabar em 5, ou hum em cifra, e outro
em 5, são diviziveis por 5; e se acabarem
ambos em cifra, o serão por 10, ou para mais
facilidade, cortão-se tantas cifras em ambos
os termos, quantas forem as daquelle, que
menos tiver, e -

: 117, 3.° Se os algarismos de cada hum dos


termos do quebrado, fizerem huma somma de
3, ou multiplo de 3, são diviziveis por 3; e
se fizerem 9, ou multiplo de 9, são diviziveis
por 9. - - - - - •

*_* *

1 18 4." Se os termos do quebrado, cada


hum delles constar sómente de dois algaris
mos iguaes são diviziveis por 11.… * * **
- 119, 5." Do mesmo modo serão diviziveis
por 11, se a somma dos algarismos das cazas
impares da direita para a esquerda, for igual
á somma das cazas pares de cada hum dos
termos do quebrado. *, ; * * * *

Com os exemplos seguintes se vêrão pra


ticadas as precedentes regras. …
1.". Querendo v. g. abbreviar o quebrado
#, dividiremos ambos os termos por 2, por
que acabão em números pares, e ficará redu
zido a #i, e tornando a repetir a mesma ope
ração ficará finalmente reduzido a #; cujo re
sultado o teriamos mais breve, se fizessemos
logo a divizão por 4, como seu maior divizor
COl}} mul]]. . , , , ! *#:; " -… º ..." -, º _* * *1

;22.". Se quizermos simplificar a fracção #,


dividiremos os seus termos por 5, e se con
236 Noções
verterá em #; e querendo abbreviar a frac
ção #, faremos tambem a divizão por 5, e
ficará reduzida a #.
3." Para simplificar a fracção #, corta
remos no numerador duas cifras, e outras duas
no denominador, e ficará reduzida a #.
4." . Querendo v. g. simplificar o quebrado
#, dividiremos os seus termos por 3, e fi
cará 2. * *

5.° Havendo de reduzir a fracção #, divi


diremos os seus termos por 9, e ficará redu
zida a 2.
6.° Se quizermos reduzir a fracção #
menor expressão, dividiremos ambos os ter
mos por 11, e ficará # do mesmo valor que #3;
e se quizermos reduzir #á, advertiremos,
que a somma das cazas impares da direita
para a esquerda, é igual á somma das cazas
pares em ambos os termos, e por consequen
cia são diviziveis por 11, e feita a divizão re
sulta a fracção #4, a qual ficará ainda mais
simples dividindo os seus termos por 3, e fi
cará reduzida finalmente a ###.
Porêm de todos os méthodos, que se pó
dem propôr para abbreviar os quebrados, o
mais directo, e seguro é o seguinte.

Methodo para achar o maior Divizor commum


dos termos de hum Quebrado. *

120 Divida-se o denominador pelo mume


rador, e se não restar nada, o numerador será
o maior divizor commum de ambos os ter
mos; porêm se ficar algum resto, dividir-se-ha
DE ARITHMÉTICA. 237

o divizor anterior por elle, e se nesta divizão


ainda houver resto, se seguirá o mesmo mé
thodo, até que não fique resto algum; em
cujo cazo o ultimo divizor será, o que se per
tendia.
Póde succeder, que depois de efectuar
muitas divizões, tenhamos por divizor a uni
dade,
não se então conheceremos que o quebrado
póde simplificar. • •

121 Achado pois o maior divizor commum


pelo méthodo precedente, dividiremos ambos
os termos do quebrado pelo dito divizor: o
quociente da divizão do numerador mostrará
hum novo numerador simplificado, e o quo
ciente da divizão do denominador reprezentará
hum novo denominador tambem simplificado.
Assim se quizermos por exemplo simplifi
car o quebrado ###. Primeiramente dividire
moso denominadores#4 pelo numerador 3666;
de cuja operação resultará o quociente 2, e o
resto 1222. Depois dividiremos o divizor 3666
pelo resto 1222, e como feita a divizão não
fica resto algum, conheceremos, que o maior
divizor commum dos termos do quebrado pro
posto é 1222. - -

Dividindo pois os termos do quebrado


## por 1222, ficará reduzido a ?, quebrado
que tém o mesmo valor, que o anterior, e
está reduzido aos termos mais simplices que
é possivel.
Este méthodo se faz preferivel a todos
os mais, e é por tanto, de que se deve uzar,
principalmente com quebrados; cujos termos
se compõe de muitos algarismos.
238 ... , Noções

Reducção dos Quebrados a hum commum


Denominador. , º

122 1.° Havendo dois quebrados para re


duzir ao mesmo denominador, o faremos con
forme a regra seguinte. Multipliquem-se ambos
os termos do primeiro quebrado pelo denomina
dor do segundo,
nominador e os dois termos deste,# pelo
daquelle.…… de
: : :: • +

- Assim v.g. se quizermos reduzir a hum


commum denominador os quebrados 3X3
-
$, e $,
9 ? •

observando a regra acima teremos <>


-
==?
8X3 # 24
Q - • " +

e #=# Pelo, que os quebrados propos


tos?, e à, ficaráõ transformados em #, e #,
do mesmo valor que à, e # .
123 2.° Sendo mais de dois quebrados para
se reduzirem a hum mesmo denominador, o
faremos segundo a regra seguinte. Multipli
quem-se tanto o numerador como o denomina
dor de cada quebrado, pelos denominadores de
todos os outros. + f

Por exemplo, se houver para reduzir a


hum commum denominador os quebrados ?,
$, e $, praticaremos segundo a regra prece
8x9x8_ 216, 4x4x8_128
dente, e teremos 4X9X8 =——»
288 · —
•9X4X8 = 288
— ?, e

5X9X4 |80 • •

8X9X34
=> > e assim - 1os- --quebrados
2288 | -- …
propostos 1 - 3 -
5 C «as … • • - -

216 · 128.
$, !, e º ficaráô convertidos em #; #, e J3º
<3 4
###.
… Por este méthodo podemos reduzir a hum
commum denominador quaesquer quebrados,
na idéa, de que por esta operação não muda
DE ARITHMÉTICA. 239

seu valor, como fica dito: assim é evidente,


que subsistiráô sempre os mesmos quebrados,
Exposto já tudo, o que ha relativo aos
quebrados em geral, trataremos das quatro
operações fundamentaes, que se fazem com
elles, a saber Addição, Sil%"|
Multipli
cação, e Divizão. -
** * * ** *

Addição dos Quebrados."


124 'Havendo para addicionar quebrados,
que tenhão hum mesmo denominador, não
é necessário mais, do que reunir os numera
dores, e á sua somma dar-lhe o mesmo denomi
nador. -** * -

Assim para addicionar os quebrados; + {


--}, reuniremos os numeradores 4, 7, 8, e á
somma 19 daremos o commum denominador
9; e assim a somma buscada é **, que se re
duz a 24 (n.° 1.10).
125 Quando porêm os quebrados não fo
rem da mesma denominação, é precizo pri
meiro reduzi-los a hum commum denominador,
e depois som mão-se como antecedentemente.
-o. A razão desta prática, é porque como
toda a somma deve reprezentar hum aggre
gado de quantidades homogéneas, não pódem
ser partes suas os quebrados, sem que se re
firão á mesma unidade fraccionaria dividida
em hum mesmo número de partes; isto é,
que todos sejão homogéneos; e por consequen
cia, que tenhão hum mesmo denominador.…"
# Se tivermos v. g. de sommar os quebra
dos # +3+4, os converteremos em #+ #
+'# (n.° 123); cuja somma dos numeradores
240 Noções
é 265, á qual escrevendo-lhe por baixo o
commum denominador 168 resulta a somma
#=1## (n.° 1.10). •

126 Havendo, que sommar números mis


tos, isto é, inteiros acompanhados de quebra
dos, para mais facilidade da operação somma
remos primeiro os quebrados; e depois os intei
ros, e reunindo as duas sommas, teremos a
somma total.
Assim v. g. tendo que sommar os núme
ros mistos 43 +-11; +17#: primeiramente som
maremos os quebrados $, !, e # os quaes re
duzidos a hum commum denominador se trans
formão em # --*#--}á; cuja somma é ##
=1###: depois reunindo os inteiros 4, 11, e
17, resulta-nos a somma 32, a qual reunida á
dos quebrados 1# faz 33###; pelo que dire
mos, que os números propóstos 4# --11}--17#
=33#, somma total. . . * * ** }
*;; º

Subtracção dos Quebrados.


• • , ! , ,\' •

127 1." Para subtrahir hum quebrado de


outro, que tenhão ambos hum, mesmo deno
minador, tira-se o numerador menor do maior,
e ao resto dá-se-lhe o mesmo denominador.
Assim querendo v. g. subtrahir # de #;,
como ambos tém o mesmo denominador, tira
remos o numerador 4 do numerador 7, e ao
resto 3 daremos o commum denominador 13.
Logo 5 —#=# resto. • …
#28 "2."Tenão porêm os quebrados dife
rentes denominadores, é necessário primeiro
reduzi-los, a hum commum denominador (n.”
DE ARITHMÉTICA. 241

122), porque não se póde jámais fazer a sub


tracção sobre quantidades heterogéneas.
Assim para diminuir v. g. É de 4, reduzi
remos estes dois quebrados a #, e #2, e pra
• • • 35 ?

ticando como no primeiro cazo (n. 127) temos


2 — 22 — 14 — —É rest
#, pelo que *; —
o resto -*- —?=#=#=#, resto.
129 3." Havendo que diminuir números
mistos, reduziremos primeiro os inteiros á de
nominação dos quebrados (n. 112), e a operação
se reduzirá ao cazo precedente. ".

Querendo pois diminuir, v. g. 3 # de 53,


converteremos primeiro estes
I I 23 • 69
44 números em
*4 - - • •

#, e Y, e depois em #, º #2 e feita a dimi


nuição resultará o resto #, que se reduz a
• 2 = (n.
3 110),
-o 2 — 23 II — 69 44 — 25 — o vêremos
e consequentemente I

que 5#— 35=* —#=#—#=#=2# resto.


130 4.° Se tivermos que diminuir quebra
do de inteiro, tomaremos mentalmente huma
unidade do inteiro, e a reduziremos á denomi
nação do mesmo quebrado.
Por exemplo querendo diminuir 3 de 4,
tomaremos huma unidade do inteiro 4, e a
reduziremos a quintos, e assim vêremos que
4=33 — 3 = 19/é o resto, que buscamos.
modo podemos praticar
na subtrac números mistos, sendo os
quebrados da píesma denominação, como por
exemplo, querendo diminuir 33 de 8+, adver
tiremos # se pódem tirar de #; e as
sim tomaremos do inteiro 8 huma unidade,
que reduzida a quartos são 4, e juntos a }
#
fazem #, donde tirando 3 ficão #== (n. 115);
depois tirando 3 de 7 (porque se tirou 1 de 8)
ficão 4, e assim o resto total é 43 : e com
efeito 82 = 7;-+-+= 72 — 33 = 4; =4; resto,
- 16
242 Noções
132 Finalmente se de 3 + 3 quizermos di
minuir ? -- ?, é necessário primeiro sommar
É com á; depois : com $, e deste modo fica
ráõ os quatro quebrados propóstos reduzidos
a dois, sobre os quaes praticaremos a sub
tracção (n. 128) como tudo se segue:
# --> == --> = # 1" somma.
2.° somma.

Agora diminuindo estas duas sommas con


forme o enunciado teremos
5 22
27 — 33 — 2 lº. — 326 — 522
-
— 58 — 29
12 " 54 " 648 648 " 648 - 72 - &é

Multiplicação dos Quebrados.

133 Para multiplicar hum quebrado por


outro, multiplicão-se entre si os seus termos
homogéneos; o producto dos numeradores será
o numerador, e o dos denominadores, será o
denominador do producto que se busca.
Querendo pois multiplicar v.g.: ; por 3,
multiplicaremos primeiro os numeradores 3
por 2, e teremos 6 para numerador; depois
multiplicaremos os denominadores 4 por 3, e
o producto 12 daremos por denominador ao
numerador achado 6, e por conseguinte será o
producto que buscamos É, que se reduz a #:
- ., 3 2 3X2 6
e com efeito ZX5=775=T== # producto.
A razão desta regra funda-se na idéa ge
ral da Multiplicação, e como multiplicar hum
número por outro é tomar o primeiro tantas
DE ARITHMÉTICA. 243
vezes, quantas a unidade se contém no se
gundo: segue-se, que multiplicar º por 3, é
3
tomar ; duas têrças partes da unidade, ou
(o que é o mesmo) tomar a têrça parte de
duas unidades. Ora elle é evidente, que mul
tiplicando o denominador 4 por 3, se mudão
os quartos de 3 em 12 ávos, isto é, em partes
tres vezes menores; e multiplicando o nume
rador 3 por 2, se tomão essas novas partes
duas vezes. Logo multiplicando à por á con
forme a regra (n. 133) se toma duas têrças
partes da unidade o quebrado ?.
134 Havendo de multiplicar quebrado por
inteiro, ou ao contrário, reduziremos o inteiro
a fórma de quebrado, dando-lhe a unidade, por
denominador, e a operação se fará, como no
cazo precedente.
Assim querendo v. g. multiplicar 7 por
#, reduziremos o inteiro 7 á fórma de que
brado dando-lhe a unidade por denominador,
e teremos {x} =#=4à producto (n. 110). . .
Daqui se vê, que para multiplicar in
teiro por quebrado, ou ao contrário, não ha
mais que multiplicar o inteiro pelo numera
dor,
nadore do
ao quebrado.
producto dar-lhe o mesmo denomi

135 Tendo de multiplicar números mis


tos, reduziremos os inteiros á denominação do
seu quebrado (n. 112), e a operação se redu
zirá a multiplicar hum quebrado por outro co
mo no primeiro cazo (n. 133).
Querendo v. g. multiplicar 83 por 42 re
duziremos estes números a * e * (n. 112) e
fazendo depois a multiplicação conforme a re
gra geral teremos *#x*= ****=42; producto.
16 %
244 Noções
136 Tendo-se de multiplicar inteiro por
número misto, ou ao contrário: reduziremos
o número misto a quebrado (n. 112) e a ope
ração se limitará a multiplicar o inteiro pelo
numerador do novo quebrado, e a dividir o
producto pelo denominador.
Assim v. g. se quizermos multiplicar 5
por 2 3, reduziremos primeiro este número
misto a #, depois multiplicaremos o inteiro 5
pelo numerador 16 do novo quebrado, e di
vidiremos o producto pelo denominador 7, e
16 5X16 80 3
teremos 5x}=**= *= 1; producto.
137 Havendo de multiplicar quebrados de
uebrados, isto é, havendo mais de dois quebra
{ successivos para se multiplicarem, a ope
ração se resolverá multiplicando todos os nu
meradores huns pelos outros, e da mesma sorte
todos os denominadores ; e assim ficaráõ os
quebrados reduzidos a hum so, o qual se re
porta unicamente á unidade principal.
138 Porêm antes de fazermos applicação
da precedente regra, é necessário primeiro
saber, o que se entende por quebrados de que
brados. Assim por esta denominação entende
mos huma serie de quebrados separados huns
dos outros pela particula de, como por exem
plo # de #; ou à de 3 de $, &c. Porque hum
quebrado não sómente se póde referir á uni
dade; mas tambem a outro quebrado.
Segue-se pois, que todas as vezes, que
hum quebrado, em vez de se referir á uni
dade, se refere a outro quebrado, como os
referidos quebrados à de #, &c., o seu valor
se póde manifestar por hum so quebrado, que
DE ARITHMÉTICA. 245

se refira á unidade principal, o que se con


segue multiplicando (n. 133) entre si os que:
brados propóstos. Assim os quebrados à de ?
=#, pois à x2 == producto, que se refere á
unidade.
. E da mesma sorte, assim como hum que
brado se póde referir a outro, o qual se re
porte immediatamente á unidade; tambem
se póde reportar a hum quebrado de que
brado, como v. g. 3 de 4 de #; cujo valor se
póde reprezentar por hum so quebrado, que
se refira á unidade principal. E com efeito
praticando conforme a regra (n. 133) teremos
3x4=#xé=#=4 producto, que se refere á
unidade principal.
Na multiplicação dos quebrados ha cazos,
onde se póde achar o producto de huma ma
neira expeditiva, e já reduzido á expressão
mais simples, como se vê nos seguintes.
139 1.” Tendo-se de multiplicar hum nú
mero inteiro por quebrado, que o seu deno
minador seja igual ao inteiro, teremos por
producto o numerador do mesmo quebrado.
Assim querendo v. g, multiplicar 6 por 3,
ou 2 por 6, conheceremos sem fazer operação
alguma, que o producto é 5. A razão é, por
que o denominador do quebrado, e o inteiro
ambos tém o divizor commum 6, e sendo por"
elle divididos ficão reduzidos a 1, que multi
plicado pelo numerador 5, o produz igual
mente, pois 5x1=5, que é o mesmo produ
cto, que teriamos se multiplicassemos 6 por

#, ou º por 6; e com efeito 6x4=***= *?=
6 - 6

producto.
246 Noções
14o 2.° Do mesmo modo se tivermos de
multiplicar 9, por # , ou # por 9, em vez de
fazer a multiplicação, podemos dividir o de
nominador 18 por 9, e o quociente 2, que
resulta, daremos por denominador ao nume
rador do quebrado, e teremos ==2? (n. 112);
cuja operação feita pelo méthodo ordinário
nos seria mais custozo, pois
5 9X5 45 9 ]
9x15="#=#=215=25
141 3.° Se os quebrados tiverem algum
divizor commum entre os seus termos hetero
géneos, estes se dividiráõ pelo dito divizor,
ou pelo maior, quando forem mais; e os que
brados que resultarem se multiplicaráô hum
pelo outro, e teremos hum producto reduzido
aos menores termos possiveis.
Querendo pois multiplicar v.g.: ; por },
como o numerador do primeiro é igual ao de
nominador do segundo, conhecemos sem fa
zer operação
• # mesmaalguma, que o producto
sorte querendo é? #
multiplicar
por #, reflectindo vêremos, que o numerador
do primeiro quebrado se contém no denomi
nador do segundo quatro vezes, pelo que
ambos tém o divizor commum 13, e sendo
, por elle divididos ficão reduzidos a 1, e 4, e
supprimindo os outros dois termos, por serem
iguaes, conhecemos que o producto, que se
busca é ; ; e se fizessemos a operação d’outro
modo nos resultaria o producto ???, que para
o reduzir á simplicidade de ; nos daria grande
trabalho.
142 4." Finalmente se os quebrados não
estiverem reduzidos aos menores termos pos
DE ARITHMÉTICA. 247

siveis, os reduziremos antes de os multi


plicar. - -

Assim querendo v. g. multiplicar 4 por


#, reduziremos primeiro estes quebrados a 4,
e ; (n. 117) e multiplicando estes ultimos,
teremos o producto ; , que é o que se busca,
e já reduzido á expressão mais simples; e do
outro modo nos resultaria o producto #%, que
para o reduzir a 2, é precizo primeiro dividir
os seus termos por 9, e depois por 4.

Divizão dos Quebrados.

143 Para se dividir hum quebrado por ou


tro, invertem-se os termos ao divizor, passando
o numerador para denominador, e o denomi
nador para numerador; e multiplica-se o divi
dendo pelo divizor assim ##%. isto é, pra
tica-se a regra da multiplicação (n. 133).
Assim querendo dividir v. g. , por $, pri
meiro inverteremos os termos ao divizor, e
ficará 3, depois multiplicaremos 4 por # (n.
133) e o producto #, ou 2 ° (n. 112), é
o quociente, que buscamos; e com efeito
###=#x#=#=2#
# quociente.
Pára se conhecer a razão desta regra
deve-se reflectir, que dividir º por 2, nada
mais é, do que buscar quantas vezes o que
brado divizor ? se contém no quebrado divi
dendo 4. Ora é evidente que º se deve conter
em é cinco vezes mais, que 2 unidades; e
com efeito se dividissemos # por 2, o quo
ciente seria # , que é cinco vezes menor, do
que se o dividissemos pelo quinto de 2, isto é,
248 Noções
por 3. Logo para se dividir ; por # deve-se
primeiro dividir é por 2, e depois multipli
car-se por 5; mas isto é o que fazemos mul
tiplicando por á quebrado inverso de 3.
144 A divizão de hum quebrado por ou
tro, póde-se fazer mais breve, multiplicando
em cruz, isto é, multiplicando o numerador
do dividendo pelo denominador do divizor, e o
numerador deste, pelo denominador daquelle.
Querendo pois dividir v. g. 3 por 3: mul
tiplicaremos, conforme a regra precedente;
3 por 3, e teremos o producto 9; depois mul
tiplicaremos 2 por 4, e o producto 8 daremos
por denominador ao 9, e assim teremos $, ou
1# (n. 112) pelo quociente que buscamos,
pois que ###=* === 1# quociente.
145 Havendo que dividir inteiro por que
brado, ou ao contrário, reduziremos primeiro
o inteiro á fórma de quebrado, dando-lhe a
unidade por denominador, e pratica-se con
forme a regra geral (n. 143).
Por exemplo tendo que repartir 8 por 3,
daremos 1 por denominador ao inteiro 8, e
teremos ? ? ? =#x2 = *?= 10 quociente. •

Do mesmo modo para dividir v. g. , por


6, a operação se reduzirá a dividir à por É,
ou a multiplicar º por 2, e o productô # que
resulta, é o quociente que buscamos: e com
efeito #4=#x}=#, quociente. Por esta re
solução se vê claramente, que a divizão de
quebrado por inteiro se reduz a multiplicar
o inteiro pelo denominador do quebrado.
146 Querendo dividir hum número misto
por outro, reduziremos primeiro os inteiros á
DE ARITHMÉTICA. 249

denominação do quebrado, que os acompa


nha, e a operação se reduzirá a dividir hum
quebrado por outro, como no primeiro cazo
(n. 143). •

Assim v. g. se quizermos dividir 143


por 3#, reduziremos primeiro estes dois nú
meros a #,
2 2 e * (n. 112) e praticando co
no no primeirº cazo, teremos que ###=
#X # =#=4#= 4 é , quociente que bus
Ca II] OS.

147 Tendo que partir inteiro por número


misto, ou ao contrário, o inteiro se reduzirá
á fórma de quebrado dando-lhe a unidade por
denominador, e o número misto á denomina
ção do seu quebrado (m. 112) e a operação
se praticará como no primeiro cazo.
Assim v. g. querendo partir 12 por 33,
praticaremos como determina a precedente re
gra, e teremos 12:33="###=#x#=#=3#
quociente.
- Da mesma sorte, querendo v. g. dividir
72 por 2, reduziremos o dividendo a +, e o
divizor a ?, e a operação se reduzirá a dividir
hum quebrado por outro como no primeiro
cazo, e com efeito * ##=#x+= += 3; quo
ciente que se busca.
Na divizão dos quebrados occorrem ca
zos, em que se póde achar o quociente de
hum modo expeditivo, e já reduzido aos me
nores termos possiveis. Eis-aqui alguns desta
natureza, -

148 1.° Se os quebrados propóstos não es


tiverem reduzidos á mais simples expressão;
os reduziremos primeiro que façamos a divi
zão, pois esta se fará com mais promptidão,
250 | Noções
e assim teremos hum quociente já reduzido
aos menores termos.

Se tivermos v. g. para dividir # por #,


advertiremos que estes quebrados se pódem
reduzir a menores termos, pois os do primeiro
tém o divizor commum 5, e os do segundo
o divizor 13, e sendo por elles divididos fica
ráô reduzidos a 5, e #, sobre os quaes prati
caremos a divizão com mais facilidade; e te
remos # : ;=#x*= *?= 1} = 1; quociente; o
qual se acharia em termos muito mais com
postos, se não simplificassemos primeiro os
quebrados propóstos.
149 2.° Se os numeradores, e os denomi
nadores dos quebrados propóstos tiverem al
gum divizor commum; por elle os dividire
mos, antes de fazermos a divizão, e assim
teremos outros dois quebrados para dividir;
cujo quociente virá nos menores termos pos
SIVEIS.

Querendo pois repartir v. g. # por 4, vê


remos que os numeradores tém o divizor 7,
e se reduzem a 5, e 1, e que os denominado
res são diviziveis por 9, e que ficão reduzidos
a 6, e 1, e assim sem fazermos mais nenhuma
operação, conhecemos ser o quociente 2; re
sultado que procurado pelo méthodo ordiná
rio, isto é, sem a prévia reducção, que fize
mos, nos daria mais trabalho, e viria em ter
mos muito duplicados. •

Do mesmo modo, se quizermos dividir


v. g. 4 por ?, como os numeradores tém o
divizor commum 3, e sendo por elle divididos
se reduzem a 2, e 1; teremos para dividir
# por 4, e será o quociente, que se busca
DE ARITHMÉTICA. 25 |

# = 2;, que é o mesmo que teriamos pela


maneira ordinária; porêm com muito mais
trabalho, pois 4:#=#x;=#=2#=2; quo
CIente.
150 3.° Finalmente havendo que repartir
inteiro por quebrado; cujo numerador seja
igual ao inteiro, teremos por quociente o de
nominador do mesmo quebrado, sem fazer
operação alguma. •

Querendo pois repartir v. g., 5 por #,


como o numerador 5 é igual ao inteiro, o
quociente será o denominador; porque se di
vidissemos o inteiro, e o numerador do que
brado pelo seu divizor commum 5, ficarião
ambos reduzidos a 1, que multiplicado pelo
denominador 8, o produz. Logo sem fazer
operação alguma conhecemos, que, º que:
ciente é 8. E com efeito 5;#=#x?= *?= 8
quociente. ";

Exemplos sobre o uzo dos Quebrados.


151 Pelas noções que temos dado da mul
tiplicação de inteiros, e de quebrados (n. 49
e 133), se conhece facilmente como se póde
achar o valor de huma fracção, reduzindo-a
segundo as divizões, e subdivizões vulgares
da unidade, a que a fracção se reporta. "
1.° Pergunta-se o valor de 3 de huma ar
roba, na divizão vulgar da mesma ? |-

º Como a arroba se divide em 32 arrateis,


multiplicaremos este número pelo quebrado,
e teremos *x;=+;º= 20 arrateis, que é o
valor do québrado proposto # - {
2.° e Pertende-se saber, qual é o valor da
252 Noções
fracção
mesmas?
# de 1.6 libras, na divizão vulgar das

Como a fracção se reporta a mais de hu


ma unidade, multiplicaremos primeiro as 16
libras por #, e teremos *x #=#=9#=95.
Depois reduziremos este ultimo quebrado ;
da libra em soldos (n. 49) e teremos *?x==
*?= 63, isto é, 6 soldos e 3 de 1 soldo. De
pois como o soldo tém 12 dinheiros, multi
plicaremos 12 por $, e teremos 8"; e conse
quentemente o valor da fracção # de 16" é
9liº 6° e 8 d.
3."_ Pergunta-se finalmente quanto é 3 de
6?? Esta questão reduz-se a tomar à do nú
mero misto 62; pelo que multiplicaremos 6?
por 3 (n. 135) e o producto 43 que resulta,
mostra o que se pergunta no exemplo.
152 Querendo-se reduzir huma fracção de
cimal ás partes menores da unidade, estabe
lecidas pelo uzo ordinário, não tém mais, que
multiplicar a fracção (n. 96) pelo número
dessas partes, como observamos no seguinte
exemplo. ; •

Pergunta-se quanto valem 0,486 millesi


mas de huma braça na divizão vulgar da
mesma? Ora como a braça tém 10 palmos
multiplicaremos 0,486 por 10, e teremos 4,86,
isto é, 4 palmos, e 0,66 de 1 palmo. Depois
como o palmo tém 8 pollegadas, multiplica
remos 0,86 por 8, e teremos 6,88, que são 6
pollegadas, e o,88 centesimas de 1 pollegada.
Depois como a pollegada tém 12 linhas, mul
tiplicaremos 0,88 por 12, e o producto 10,56
mostrará 10 linhas, 0,56 de 1 linha. Final
mente como a linha tém 10 pontos, multipli
DE ARITHMÉTICA. 253

caremos 0,56 por 10, e teremos 5 pontos, e


0,6 decimas de 1 ponto. Tendo assim con
cluido a reducção, achamos que o valor da
fracção proposta 0,486 millesimas de 1 braça,
é 4 palmos, 6 pollegadas, 10 linhas, 5 pontos
e 0,6 decimas de 1 ponto, e do mesmo modo
se praticará em outros exemplos similhantes.

CAPITULO V.

Dos números Complexos, ou Denominados.

1 53 Os números Complexos, ou Denomi


nados (n. 7) são todos aquelles, que referem
diferentes especies de unidades do mesmo
género, como v. g. o número 6 marcos 7 on
ços e 3 oitavas; o qual consta de tres partes,
cada huma das quaes se refere a diferente
especie de unidades; mas todas são do mesmo
género, porque todas significão pezos, e so dif
ferem em grandeza, ou em especie.
A grande variedade, que se observa em
os números Complexos, e que pódem occorrer
nos calculos, provém das diferentes divizões,
e subdivizões, que fazemos da unidade, em
os vários systemas particulares de medidas,
pezos, moedas, &c.
Esta variedade de systemas acabaria se
nos convencionassemos em hum systema ge
ral; e sendo isto possivel pôr-se em pratica,
devia-se preferir o systema décuplo, por ser
o que mais facilita o calculo; e então o dos
254 - Noções |-

números Complexos, se reduziria, ao que te


mos explicado sobre os inteiros, e decimaes,
Porêm conformando-nos com os diferentes mo
dos estabelecidos até hoje, é necessário para
o seu calculo, ter conhecimento das diferen
tes divizões, e subdivizões da unidade prin
cipal, segundo o cazo de que se tratar, e dos
nomes, e signaes com que se costumão re
prezentar, o que tudo proponho no fim desta
Arithmética.

Addições dos números Complexos.


154. Para sommar os números Complexos,
primeiro se escrevem huns debaixo dos ou
tros, de sorte que as unidades homogéneas
fiquem dispostas em huma columna vertical;
e passando huma linha por baixo do ultimo,
começa-se depois a sommar da direita para
a esquerda pelas unidades da infima especie,
e escreve-se a somma por baixo da columna
respectiva; quando não chegue a fazer huma,
ou mais unidades da especie immediatamente
superior; porque então so se escreve, o que
ficar extrahidas essas unidades, ou cifra não
ficando nada, e levão-se as que se extrahirão
para a columna seguinte, e assim se procede
até á ultima da esquerda, por baixo da qual
se escreve por inteiro, o que ela sommar.
A regra precedente tém muita analogia
com a dos números inteiros (n. 21) porque
estes principião-se a sommar pela columna
das unidades; destas extrahem-se as dezenas,
quando as tenha, as quaes se ajuntão com
as da columna das dezenas, e assim se chega
DE ARITHMÉTICA. 255

até á ultima columna da esquerda, por baixo


da qual se escreve por inteiro a sua somma.

Exemplo 1.°

Pergunta-se qual é a somma dos seguin


tes números Complexos.
48 Q. ] A." 7 A. 8 Onç.

50 3 O 5 Addições.
79 () 18 12

1789. O A-" 26 * 9 ººº Somma.

Dispóstos os números, como se observa


no exemplo, começaremos a sommar pelas
onças, que são as unidades de menor valor,
e acharemos que som mão 25 onças, as quaes
divididas por 16, resulta 1 arratel, e 9 onças:
escreveremos o resto 9 onças debaixo da linha
em lugar correspondente, e o arratel levare
mos para a columna da sua especie. Nesta
acharemos, que os arrateis sommão 26, os
quaes como não contém nenhuma unidade
das precedentes, os assentaremos por inteiro
debaixo da columna respectiva: passando de
pois ás arrobas, achamos que som mão 4, que
fazem 1 quintal; por cujo motivo escrevere
mos cifra debaixo da columna competente, e
levaremos 1 para os quintaes: estes somma
dos fazem 178, que poremos por inteiro de
baixo da columna respectiva, e tendo final
256 Noções
mente concluida a operação, acharemos, que
os números propóstos, som mão 178 quintaes,
26 arrateis, e 9 onças.

Exemplo 2.°

Pertende-se saber, qual é a somma das


seguintes addições.
84." 1 P. 15 A. 9 C: 3 Q.
27 O 9 8 1 X Addições.
56 | O I | 2

168 * 1* 1 A, 5º 29: Somma.

Principiaremos a operação sommando os


quartilhos, os quaes som mão 6, que é huma
canada, e 2 quartilhos: escreveremos 2 por
baixo da linha, e levaremos 1, que ajuntare
mos ás unidades da columna precedente. Som
mando as canadas dão 29, as quaes divididas
por 12, resultão 2 almudes, e 5 canadas: es
creveremos 5 debaixo da columna respectiva,
e levaremos 2 para os ajuntar com as unida
des da classe precedente, as quaes sommão
26 almudes, que é huma pipa, e I almude,
o qual poremos por baixo da linha no seu
competente lugar, e levaremos I, que som
maremos com as pipas; estas som mão tres,
que é hum tonel, e huma pipa: escreveremos
1 por baixo da columna respectiva, e levare
mos huma unidade para os toneis, os quaes

DE ARITHMÉTICA. 257

finalmente sommão 168, que escreveremos por


inteiro. Desta fórma tendo finalizado a ope
ração, achamos o resultado 168 toneis, 1 pipa,
1 almude, 5 canadas, e 2 quartilhos, por som
ma das tres addições propóstas.
Exemplo 3.°
Pertende-se a somma das quatro seguin
tes addições.
457 º 14° 10 º
348 15 7
254 13 5 Addições.
75 9 8

1: 136 º 13 * * 6* Somma.

Principiaremos a operação sommando os


dinheiros, que acharemos sommão 30", e por
que 12" fazem hum soldo, dividiremos 30 por
12, e teremos 2", e o resto 6º. Assentaremos
os 6" por baixo da columna respectiva, e le
varemos os 2" para a columna dos soldos;
cujas unidades som mão 23, de que escreve
remos logo 3 no lugar respectivo, e levare
mos as duas dezenas para as ajuntar com as
dezenas dos mesmos soldos, as quaes som
mão 5, que dividiremos mentalmente por 2,
e teremos 2", e resta 1 dezena de soldos, que
assentaremos á esquerda das 3 unidades, e
as 2" ajuntaremos com as da columna prece
dente, e assim tendo concluido a operação,
achamos a somma total 1136° 13' e 6°, 22
17
258 … - Noções -

Subtracção dos números Complexos.


155 - Para subtrahir hum número Complexo
de outro, escrevem-se como fica dito no som
mar, tendo porêm o cuidado de pôr o menor
debaixo do maior, porque assim facilita mais
a operação, e passando huma risca por baixo,
se principia a diminuir pelas unidades da in
fima especie, da direita para a esquerda. Se
o total de cada classe do número inferior, se
poder tirar da parte homogénea correspon
dente do número superior, feita a subtracção,
o resto se escreve por baixo da risca, e cifra
não restando nada; e quando não se possa
tirar, augmentaremos o número superior com
huma unidade immediatamente maior, redu
zida na especie das unidades da classe neces
sitada. Depois faz-se a subtracção, e assenta
se o resto por baixo, e o número donde mem
talmente tiramos a unidade, se tratará sem
ella, na operação precedente, onde pratica
remos da mesma sorte, e assim por diante,
- - **

|-
* ** * Exemplo 1.° •

|- -

Se de ...... 184" eº 7º oº eº
subtrahirmos 89 9 5 7 5 - - , -; º
• * _> • • # -

. -- … … … 94 º 7° lº 5" - 3". Resto.


-
*
* * * * +- ! -- { •
* ** ** * — — … . . …
> - • - ** …… # , ' ' , - ** ** * * * * * *--*
* * * **

º Principiando a operação pelas unidades


de infima especie, tiraremos 5", de 8", e as
sentaremos o resto 3" por baixo, da risca no
* *.
DE ARITHMÉTICA. 259

seu competente lugar. Passando á columna


das linhas, como o número superior não as
tém, uzaremos de hum regresso analogo ao
dos números inteiros, e pediremos mental
mente ás 7" huma, que reduzida a linhas são
12", donde tirando 7º, que ha no número infe
rior ficão 5, as quaes poremos por baixo. Na
columna das pollegadas trataremos o número
superior 7° como 6°, attendendo á unidade,
que lhe pedimos; e tirando o número infe
rior 5º do superior 6º, resta lº, que escreve
remos por baixo no seu competente lugar. De
pois na columna dos palmos como 9° não se
pódem tirar de 6", recorreremos ás braças, e
tomaremos mentalmente huma que são 10 pal
mos, e juntos com os 6° do número superior
fazem 16°, donde subtrahindo 9°, restão 7°,
que assentaremos no seu respectivo lugar,
Chegando finalmente ás braças, tiraremos 89°
de 183", porque na operação anterior pedimos
huma unidade ao 4, e fazendo a subtracção
restão 94", que poremos por baixo da co
lumna respectiva. Concluida a operação acha
remos, que o resto total é 94° 7° lº 5° e 3",
Exemplo 2.° - - … ** * * *

Querendo de 27 º 7° 01' 25" 14"


diminuir.... 9 o 24 35 6

18 º 6° 35' 50" 8" Resto.

Começando a diminuição da direita para


a esquerda, tiraremos 6" de 14", e escrevere
|17 %
260 Noções
II/
mos por baixo o resto 8". Depois como no
prezente exemplo temos 35". para subtrahir
de 25", e neste cazo é necessário recorrer aos
minutos, que os não ha no número superior,
recorreremos por tanto ás horas, e tomaremos
huma, que reduzida a minutos são 60', e des
tes tiraremos huma unidade, e deixaremos
mentalmente 591 no lugar vazio, e reduzindo
a segundos a unidade, que tiramos, temos 60",
que juntos aos 25" que ha no número supe
rior fazem 85", donde tirando 35", restão 50",
ue assentaremos por baixo da sua columna.
&### a operação diminuiremos 24 de
59", que temos deixado mentalmente no seu
lugar, e escreveremos o resto 35 por baixo
da columna dos minutos. Passando a diminuir
as horas, como no número inferior não ha que
tirar, escreveremos 6" por baixo, porque do
número superior 7°, já tinhamos tirado hu
ma, para a subtracção anterior. Por ultimo
diminuiremos 9" de 27°, e assentaremos por
baixo da columna respectiva 18°, que é a dif
ferença entre 9 e 27: e tendo assim completa
do a subtracção dos dois números propóstos
no precedente exemplo, conhecemos ser o
resto total 18º 6° 35' 50" e 8".
DE ARITHMÉTICA. 26 |

Exemplo 3.° , º,

Se do número 240 " 5 ºs 0 * 1 ** 12"


tirarmos .... 184 4 6- 2 8

56 II]» O onç, ] oit. 2 CSCº 4 grº Resto.

Primeiramente tiraremos 8° de 128", e


escreveremos o resto 4º por baixo; depois
para diminuir es escropulos, é necessário to
mar huma unidade da columna das oitavas,
que não as tém, e por isso tomaremos das 5
onças huma, que são 8 oitavas, de que dei
xaremos 7 mentalmente no seu competente
lugar, e reduziremos sómente 1 oitava em
escropulos, que são 3, e juntos a 1", que ha
no número superior fazem 4", donde tirando
2", que ha no número inferior, ficão outros
2", que assentaremos por baixo da mesma
columna. Passando ás oitavas, tiraremos 6 de
7, que deixamos mentalmente, e o resto 1",
poremos por baixo. Na columna das onças ti
raremos 4" de 4", attendendo á unidade
que tomamos das 5", e como não resta nada,
escreveremos cifra por baixo da respectiva
columna. Finalmente tiraremos 184" de 240",
e assentaremos o resto 56" em frente da co
lumna. Acabada assim a diminuição, temos
o resto total 56 marcos 1 oitava 2 escropulos
e 4 grãos.
262 Noções

Prova da Addição, e Subtracção dos números


Complexos.
157 A Addição dos números Complexos
prova-se, sommando denovamente todas as
addições da esquerda para a direita, e subtra
hindó, o que sommar cada columna da parte
correspondente da somma total. Se de alguma
subtracção restar huma, ou mais unidades, se
reduziráõ á classe seguinte, e se sommaráô
com as que houver; de cuja somma se sub
trahirá, o que sommar a mesma classe, e se a
final não restar nada, entenderemos, que a
operação está certa.
Exemplo.
Y == # V
9 7 3 }}
4 8 O 4% Addições.
3 9 } 2

J8 } } 2 Somma total.

2 25 5 7
1 l O

Tendo achado a somma total 18 moedas,


I cruzado, 1 tostão, e 2 vintens; para a exa
minarmos, começaremos pelas unidades de
maior valor, da esquerda para a direita, di
zendo 9 e 4=13 e 3=16, que subtrahidas de
18 restão 2 moedas, as quaes reduzidas a cru
zados, e sommados estes com 1, que ha na
DE ARITHMÉTICA. 263

somma total, fazem 25: passando depois a


sommar os cruzados, diremos 7 e 8=15 e 9=
24, que tirados de 25, resta 1 cruzado, o qual
convertido em tostões, e juntos estes comº 1
da somma total fazem 5. Continuando a oper
ração sommando os tostões, diremos 3 e 1=4,
que subtrahidos de 5 fica 1 tostão, que redu
zido a vintens, e sommados com 2 da somma
total fazem 7, que escreveremos em frente
da ultima columna da direita. Sommando fi
nalmente os vintens, diremos 1 e 4=5 e 2=7,
que tirados de 7 não resta nada pelo que se
vê estar certa a somma do precedente exem
plo. Esta prova tém toda a analogia com a
dos números inteiros (n. 34).
158 Para examinar a Subtracção dos nú
meros Complexos, o faremos pela Addição,
sommando o Subtrahendo com o resto achado,
e desta operação ha de resultar o Minuendo,
bem como na Subtracção dos números In
teiros. …

Exemplo. .…

9 lb 10 º 9 º Minuendo.
7 l5 11 Subtrahendo.

l 14 10 Resto.

9 |0 9 Prova.
* {

Havendo achado o resto 1", 14", e 10",


para o examinar, sommaremos o número Sub
trahendo com o dito resto (n. 154); e come
çando pelas unidades da infima especie, di
264 Noções
remos 11° e 10°=21", que divididos por 12" re
sulta 1" e 9": escreveremos 9º debaixo da
linha em lugar correspondente ás unidades da
sua ordem, e levaremos 1" para a columna
precedente; cuja somma é 30", os quaes di
vididos por 20", resulta 1", e lo": pelo que
assentaremos 10" debaixo da columna respe
ctiva, e levaremos 1" para as unidades da
súa especie, as quaes som mão 9", que pore
mos no seu competente lugar. E tendo final
mente achado a somma 9", 10", e 9° igual ao
número Minuendo, entenderemos, que a Sub
tracção está exacta.
Multiplicação dos números Complexos.
159 Em a Multiplicação dos números Com
plexos é summamente essencial a distincção
do multiplicando, e multiplicador; pois tra
tando-se de números Concretos, não poderia
mos determinar a especie das unidades do
producto sem esta circumstancia: pelo que o
multiplicando deve ser sempre dos dois nú
meros producentes aquelle, que contenha uni
dades da natureza, das que se requerem no
Producto que se busca.
Diversos méthodos ha para operar as
multiplicações dos números Complexos, sendo
os mais perceptiveis os seguintes.
160 1.° Como todo o número Complexo
não é outra coiza, que hum número misto
(n. 4), se deixa vêr, que podemos repre
zenta-lo por hum quebrado, convertendo to
das as unidades, que o constituem, ás uni
dades da sua infima especie, e dando-lhe por
DE ARITHMÉTICA. 265

denominador o número, que reprezente as


vezes, que a dita infima especie se contém na
unidade principal. •

Deste modo a multiplicação dos números


Complexos, póde-se reduzir á multiplicação
dos quebrados (n. 133) reduzindo o multipli
cando, e o multiplicador em fracções, e mul
tiplicando-as entre si, como mostramos no
seguinte exemplo.
Queremos saber o custo de 5° 6" e 4" de
certo género, a razão de 6° 5° e 4º o arratel.
Reduziremos o multiplicando 6° 5" e 4°
ás unidades da sua infima especie (n. 49),
isto é, a dinheiros, e teremos 1504", e dando
lhe por denominador 240, que é o número,
que reprezenta as vezes, que hum dinheiro
se contém em huma libra, ficará reduzido a
*#*# da mesma libra. Depois reduzindo o mul
tiplicador 54 6" e 4º todo em oitavas, te
remos 692", e dando-lhe por denominador o
número 128, que mostra as vezes, que huma
oitava se contém em hum arratel, teremos a
92
fracção # do arratel. Assim a questão se re
duz a multiplicar # da libra por # (n. 133),
e feita a multiplicação, resulta o producto
*#* de huma libra, ou 33", 17", e 7" (n. 151).
161 2." A multiplicação dos números Com
plexos, póde-se tambem fazer pelas partes
aliquotas; cujo méthodo é menos trabalhozo,
e mais scientifico, que o precedente, como
vêremos na prática dos exemplos, que abaixo
proponho.
Comsiste pois este méthodo em resolver
as especies inferiores em partes aliquotas da
especie superior, e humas das outras, e quan
266 Noções.
do por esta resolução, não se possa calcular
o producto, toma-se hum producto subsidia
rio, e por meio delle se faz o cálculo.
Porêm para se fazer uzo deste méthodo
é necessário primeiro saber, o que se entende
por parte aliquota de hum número.
162 Assim parte aliquota de hum número,
é outro número menor, que se contém exa
ctamente algumas vezes no maior, isto é,
que é seu divizor exacto, ou que por elle se
póde dividir exactamente; e quando hum nú
mero não se contém em outro exactamente
chama-se parte aliquanta. Assim v. g.: 4 é
parte aliquota de 16, porque se contém 4 ve
zes exactamente em 16, e é parte aliquanta
de 9, porque não é seu divizor exacto. Quan
do hum número se contém em outro 2 vezes
exactamente, é metade delle; quando se con
tém 3 vezes, é a têrça parte; quando se con
tém 4 vezes, é a quarta parte, &c.
Concebidos os principios precedentes, fica
facil a multiplicação dos números Complexos
pelas partes aliquotas. -

Multiplicação de hum número Incomplexo,


por outro Complexo.

Exemplo 1.°
Sendo 35" o custo de huma braça de
certa obra: qual será o custo de mais 80 bra
ças, 6 palmos, e 5 pollegadas da mesma
obra ? :

Pelo enunciado da questão se vê, que o


producto deve ser em libras, pelo que toma
DE ARITHMÉTICA. 267

remos para multiplicando as 35" (n. 159), e


assim teremos para multiplicar
35"
por........... 80 º 6° 5°
- : 2800 * 0° 0º
producto por 5" 17 1o o
por 1° 3 1o o
por 4 º } J5 O
por 1 º O 8· 9

2823" 3" 9 º Producto total

Dispostos os factores, como acima se


mostra, multiplicaremos primeiro 35" por 80”,
e escrito o producto 2800", passaremos a
multiplicar por 6", e como a braça tém 10",
resolveremos os 6° em 5--1. Depois reflecti
remos, que 5" é meia braça, e por conse
guinte deve custar métade de 35", que é o
custo da braça, e assim tomaremos métade
do multiplicando, e teremos 17" e 10”, que
assentaremos por baixo. Depois observaremos
que I se contém em 5 cinco vezes, pelo que
deve custar a quinta parte de 17" e 10", que
é 3" e 10”, que poremos por baixo. Passando a
multiplicar por 5°, advertiremos, que o palmo
tém 8°, e assim resolveremos as 5º em 4+1.
Por 4º tomaremos métade do producto ante
rior, e teremos 1" e 15". Por ultimo tomare
mos a quarta parte do producto das 4º, e te
remos 8" e 9", que assentaremos por baixo
no seu competente lugar. Sommando final,
268 Noções
mente todos estes productos parciaes temos
o producto total 2823 libras 3 soldos e 9 di
nheiros, que mostra o custo das 80º 6° e 5º.
Exemplo 2.°
Pergunta-se quanto importa 64 quintaes,
3 arrobas, e 14 arrateis de arroz, a razão de
63400 rs. por quintal?

Multiplicaremos pois 6400"


DOr . . . . . . . . @ • • • • • • 64Q 3 * 14 A

25 600
384 O O

producto por 2"... 3200


por 1 "... 1600
por 8 *.... 400
por 4".... 200
por 2".... ] 00

R."... 415:100 Producto.

Feita a multiplicação de 64oo por 64,


conforme a regra ordinária, multiplicaremos
por 3", dividindo-as primeiro em partes ali
quotas do quintal, isto é, em 2--1: por 2",
que é meio quintal, tomaremos do multipli
cando métade, que são 3200, que assentare
mos por baixo no seu devido lugar. Depois
como I é métade de 2, tomaremos métade
do producto antecedente, e teremos 1600.
Passando depois a multiplicar por 14", os
compararemos com a arroba, e os resolvere
DE ARITHMÉTICA. 269

mos em 8--4--2: e porque 8" é 3 de huma


arroba, tomaremos a quarta parte de 1600,
que são 400. Depois para 4º tomaremos mé
tade do producto anterior; e para 2" tomare
mos tambem métade do producto dos 4", e
tendo assentado todos estes productos huns
debaixo dos outros, como se vê no exemplo,
passaremos huma risca por baixo do ulti
mo, e sommando-os teremos a somma total
4153100 rs., que é a importancia do arroz.
Exemplo 3.°
Pertende-se saber a importancia de 180
marcos, 7 onças, e 5 oitavas de prata a razão
de 53600 rs. o marco.

Multiplicaremos 5600
DOT - - - - - - - - - - - 180 m. 7ºnº. 5 ºitº

448000
5 600

producto por

4*
por 2ººçº
2800
|1400


por 1"
por 4" 700
35 O
oit. I

por 1" 87 =

R." 1:013:337; Producto.

Havendo multiplicado 5600 por 180, como


no exemplo precedente, resolveremos as 7"
em 4--2--1. Por 4", que é meio marco, to
maremos métade de 5600, que é o custo do
270 • Noções

marco, e escreveremos o resultado 2800 por


baixo, de modo que os 2 fiquem na columna
dos milhares, o 8 na das centenas, e as cifras
nas outras consecutivas. Depois para 2" to
maremos métade do producto anterior, e te
remos 1400, e tomando métade deste ultimo
producto, teremos a parte correspondente a 1"
que é 700. Depois para multiplicar por 5",
dividiremos este número em 4+1, e por 4",
que é meia onça, tomaremos métade de 700,
que são 350; e para 1" tomaremos a quarta
parte de 350, que são 87 ; ; e passando huma
risca por baixo deste ultimo producto, e
reunindo-os todos achamos o producto total
1:0133337 = rs., que se pertende saber.
163 Sendo ambos os factores números Com
plexos, multiplica-se primeiro todo o multi
plicando pelas unidades maiores do multipli
cador; depois multiplica-se pelas menores,
até ás da infima especie, e reunem-se todos
os productos parciaes, como nos exemplos
precedentes.
DE ARITHMÉTICA. 271

Exemplo 4.°
Quanto importa o feitio de 60° 4° e 8° de
certa obra, pagando-se por cada toeza 32° 6'
e 6"?
Multiplicaremos 32"_ 6 6"
por ........... 60° 4° 8°
1920"º 0° O.º
producto por 5, 15 0 0
- - - or l" 3 O O
- - # 6° 1 10 0
por 3" 16 3 3
por 1° 5 7 9
por 4° I l5 1 1
por 4° l 15 11

1:964" 12” loº Producto total.

Tendo feito a multiplicação de 32" por


6o", e escrito o seu producto 1920", resolve
remos os 6" em 5--1; e como 5" é # da libra,
para o multiplicarmos, tomaremos a quarta
parte de 60° considerando-as como libras, e
teremos 15", que assentaremos por baixo do
primeiro producto. Depois como 1" é a quinta
parte de 5", tomaremos ; do producto ante
cedente, e teremos 3". Passando a multipli
car os 6", que é métade de hum soldo, toma
remos métade de 3", e teremos 1" e lo".
Deste modo temos multiplicado todo o multi
plicando pelas unidades maiores do multipli
* … a.……… … i e
272 Noções
Passando depois a multiplicar pelas uní
dades menores do multiplicador, resolveremos
4° em 3--1. Por 3", que é meia toeza, to
maremos métade de todo o multiplicando, e
teremos 16° 3° e 3º. Depois como 1" é 3 de
3", tomaremos a têrça parte do producto pre
cedente, e teremos 5" 7" e 9º. Passando a
multiplicar pelas pollegadas, dividiremos as
8º em 4+4, e por cada huma destas partes,
tomaremos hum têrço de 5" 7° e 9", e tere
mos 1" 15" e 11". Escritos todos estes pro
ductos nas suas columnas respectivas, passa
remos huma risca por baixo do ultimo, e reu
nindo-os todos temos o producto total 1:964"
12" e 10", que é o custo do feitio da obra.

Exemplo 5.°
Queremos saber o custo de 43" de certa
fazenda, custando cada arroba 25° 10' e 3º.

Multiplicaremos 25° 10' 3" * * * *

POr . . . . . . . . . . . 43A."

75" o oº 2º 3" prod.


… # |100 subsidiário.
producto por 10' 21 · 10 o A * * * * *

, por 3" o 10 9 1 ……… ,


--: . , , 1:097" e o". 9º Producto total.

- Principiaremos a operação como nos exem


plos precedentes, multiplicando primeiro as
unidades principaes do multiplicando pelas
DE ARITHMÉTICA. 273

do multiplicador: depois passando a multipli


car os 10", como estes fazem meia libra, to
maremos métade de 43", considerando-as co
mo libras, e teremos 21" e lo". Depois pas
saremos a multiplicar 3° por 43"; cujo pro
ducto o devemos tomar do anterior 21" e 10",
que compete a 10"; mas para isto ha alguma
difficuldade, porque sendo 3º hum quarto do
soldo, vém a ser = de 10", e conseguinte
mente é necessáriotomar huma quadragesima
parte do dito producto. Então será mais facil
tomar primeiro o producto de 1", e por meio
delle fazer o cálculo. * * * * * * **

Tomando pois a decima parte de 21" e


10", temos o producto subsidiário 2° e 3° cor
respondente a l", que escreveremos á parte
para se não confundir com os outros, e to
mando delle a quarta parte, que é 10" e 9",
temos o producto dos 3º. Concluida a opera
ção achamos ser o producto total 1099° 3" e
9", que é o custo das 43". …: i :
164 Eis-aqui outro méthodo de multipli
car os números Complexos, o qual tém muita
analogia com o dos números inteiros, e que
em muitos cazos póde ser preferivel a todos
os outros. Consiste pois este méthodo em
principiar a multiplicação pelas unidades de
menor valor do multiplicando, da direita para
a esquerda, e extrahindo do producto, por
meio da divizão (n. 84), as unidades da classe
precedente, as quaes se guardão de memória,
para as ajuntar ao producto immediato para
a esquerda, e assim por diante, como se verá
no processo
"o" -
do

seguinte exemplo,
• • • |-
e
- * * *

18
274 Noções

Exemplo 6.° …
Queremos multiplicar 17° 12’ e 8°
por .......….… -- 7"
123° 8' 3º Producto total.

Principiando a multiplicar da direita para


a esquerda, pelas unidades de menor valor
do multiplicando, diremos 8°x7=56"=4 e 8º:
poremos 8" por baixo da respectiva columna,
e levaremos 4 para os ajuntar ao producto
immediato. Passando a multiplicar os soldos,
diremos 12'x7=84’--4"=88'=4" e 8": escre
veremos 8" debaixo da columna competente,
e guardaremos de memória as 4", que ajum
taremos ao producto das libras; onde diremos
17"x7=119"--4"=123", que assentaremos por
inteiro no seu competente lugar; e tendo
finalmente concluido a operação, achamos que
o producto, que buscamos é 123° 8' e 8°, e
assim se procederá em outros cazos similhan
tes, por ser com efeito este méthodo mais
facil, e claro que todos os mais. * *** *

º … … ; … * * **
* … - Divizão dos números Complexos. … …
“14 a 2 - ** **** # "… ! : * * * ** * * #

e 165 , A divizão dos números Complexos tam


bem se póde fazer pela divizão dos quebrados
(n. 143) reduzindo primeiro o dividendo, e o
divizar á fórma de fracções, como fica dito a
respeito da Multiplicação (n. 160). Assim para
mostrar este méthodo, resolveremos por elle
DE ARITHMÉTICA. 275

o seguinte exemplo; cujas quantidades são as


mesmas do exemplo, que propuz na multipli
cação, e servirá para comprovar ambas as
operações; pois a multiplicação prova-se por
meio da divizão, e esta por meio daquella.

Exemplo.
Sendo 33 libras, 17 soldos, e 7 dinhei
ros, o custo de 5 arrateis, 6 onças, e 4 oita
vas de certo género: pergunta-se a como sahe
o arratel? • •

Trata-se pois de dividir 33° 17' 7º por


5° 6° 4", para designar o preço do arratel.
Ora
692
33" 17° 7"=# da libra; e 5º 6° 4"=
• • • • -

# do arratel; pelo que a questão se reduz a


dividir *# por # (n. 143), e assim conti
nuando teremos *######=#x##=#*# de
huma libra, ou 6º 5° e 4º (n. 153), que é o
preço do arratel, que se pergunta no exem
plo; cujo resultado é igual ao preço do mes
mo arratel enunciado no citado exemplo da
multiplicação, pelo que se verifica estarem
ambas as operações exactas.
Este méthodo póde ser uzado em qual
quer divizão dos números Complexos; porêm
pelas mesmas razões expendidas a respeito da
multiplicação (n. 161), será mais conveniente
uzar do méthodo que vou propôr, o qual é
mais facil, e coherente com o da multiplicação.
166 Como a divizão dos números Comple
aos tém dois cazos: 1.° dividir hum número
Complexo por outro Incomplexo: 2.° dividir
Complexo por Complexo; e cada hum destes
cazos póde dividir-se em outros dois Hum
l 8 ºk
276 Noções
quando o quociente reprezentar unidades da
mesma especie, que as do dividendo, e outro
quando for de diversa especie.
167. Na divizão do 1.° cazo, devendo o
quociente mostrar unidades da mesma espe
cie, que as do dividendo: reparte-se primeiro
as unidades maiores. O resto reduz-se ás uni
dades immediatas (n. 49) e ajunta-se-lhe as que
houver no dividendo. O todo divide-se pelo
mesmo divizor, e com o resto obra-se o mes
mo, e assim por diante.

Exemplo 1.°
Sendo 3865" 12" e 6º o custo de 75° de
obra, pergunta-se a como sahe a toeza?
6º porA 75°
questão
pela pois se reduz
maneira a dividir 3865° 12'
seguinte: •

3865" 12 * 6 * # 75 *
I I5 •=-=-=->

40 5lº 10 º 10 º
20 -

812"+
62

12
130 | * = º , º - * - - - * **** *
62

750";
OO

Repartindo 3865" por 75°, temos no quo


ciente 61", e o resto 40". Reduzindo este

DE ARITHMÉTICA. 277

resto a soldos, e juntando-lhe os 12", que ha


no dividendo, temos o novo dividendo parcial
812", que repartidos por 75", dá o novo quo
ciente 10", e ficão por repartir 62", que redu
zidos a dinheiros, e sommados com os 6°, que
ha no dividendo primitivo, faz a somma 750",
os quaes finalmente divididos pelo mesmo di
vizor 75", dá o novo quociente exacto 10"; e
tendo assim concluido a operação, achamos
ser o quociente total 51" 10" e 10", que é o
CuStO { toeza, que se pergunta.
168 Constando porêm o dividendo, e o
divizor de unidades da mesma especie; e o
quociente devendo mostrar unidades de dife
rente natureza, que as dos números propós
tos, é necessário primeiro reduzi-los ambos
ás unidades menores do dividendo, e consi
dera-las, como se fossem da especie, das que
deve mostrar o quociente. Feitas as reducções
a operação se fará do mesmo modo, que o
do precedente exemplo.

Exemplo 2.
Pergunta-se quantos marcos se pódem
comprar com 4180° 16’ e 8°, custando cada
marco 12"?
Pelo enunciado da questão se conhece,
que o quociente deve constar de marcos:
pelo que praticando conforme a regra prece
dente, reduziremos primeiro o dividendo 4184"
16 e 8º todo a dinheiros (n. 49), e dára 1004360";
e fazendo o mesmo ao divizor 12", resultará
2880". Depois considerando as unidades do
dividendo assim reduzido, como se fossem
278 Noções
marcos, a operação se reduz a repartir 1004360
marcos por 2880, como se segue:

1004360 * # 2880 " *,

} 403
- - - 25 16 348 · 5 * 7";
* * * 2|2
• |- 8

1 696"º # .
256 · · · - -- -

8 |- :

2048*
-33. 4. —
289 34 - ;
Concluida a divizão resulta o quociente
348 marcos, 5 onças, e 7; oitavas, que sa
tisfaz ao que se pergunta no exemplo.
Quanto ao 2.° cazo da divizão de hum
número Complexo, por outro tambem Com
plexo, praticaremos conforme o méthodo se
guinte.
169 - Reduz-se primeiro o divizor ás unida
des da sua infima especie (n. 49), e ao resul
tado se lhe dará por denominador, o número
que reprezente as vezes, que a dita infima
especie entra na unidade principal do mesmo
divizor, o qual assim reduzido ficará repre
zentado como hum quebrado, Depois a ope
ração se reduz a repartir hum número Com
plexo por outro Incomplexo de fórma fraccio
naria; ou a multiplicar primeiro o dividendo
pelo denominador do divizor, e dividir o pro
DE ARITHMÉTICA. 279

ducto pelo numerador, como nos exemplos


precedentes.
Exemplo 3."
Havendo-se feito em 12° 6° e 45' huma
obra de 180° 4° e 9º: pergunta-se quantas
toezas se fizerão por dia ? -

Temos pois que dividir 180° 4° 9º por


12° 6° 45', e o quociente deve mostrar toezas,
# é o que se pergunta na questão. Ora o
ivizor 12° 6° 45'="###"=#"=*". Agora a
operação se reduz a repartir 180° 4° 9º por
**, ou a multiplicar 180° 4° 9º por 32, e di
vidir o producto por 393 (n. 167), porque
para se dividir por quebrado, é necessário
inverter os termos ao divizor (n. 143), e com
sequentemente multiplica-se pelo denomina
dor, e reparte-se pelo numerador: por tanto
continuaremos do modo seguinte:
289 Noções
180° 4P 9*
32

• … 540

producto por 3° 16
por 1° 5
por 6° 2
por 3" 1
5785° 2° # 393
1855.
***
, - , …- - - - … : 283
6 14° 4° 3° 10' ###
I& I

1700";
128
}2

256
128

1536° #
357
|2

7 14
357

4284' +
354 — 118
353 - 151

• Concluida a operação achamos o quo


I •

ciente 14° 4° 3° e 10 # que é o trabalho diá


rio, que se pergunta na questão.
DE ARITHMÉTICA. 28l

CAPITULO VI.

Da formação das potencias, e extracção


das suas raizes.

170 otencia de hum número, é qual


quer producto, que resulta da multiplicação do
dito número por si mesmo. As potencias se
distinguem com diferentes nomes, por exem
plo: se considerarmos o número 6 como huma
quantidade, e não como producto d'outra,
se chama potencia primeira, ou raiz das po
tencias, que della pódem sahir. Porêm se
multiplicarmos o número 6 por si mesmo, o
producto 36 — que resulta se chama segunda
potencia, ou potencia do segundo gráo do nú
mero 6, ou seja o seu quadrado; e se este se
multiplicar pela sua raiz 6 o producto 216,
que resulta se chama cubo, ou terceira poten
cia do dito número 6; e successivamente se
multiplicarmos o ultimo producto pela sua
raiz, teremos a quarta, quinta, ou mais po
tencias, a que se dão diversos nomes; porêm
para evitar confuzão chamaremos raiz á pri
meira, á segunda quadrado, e á terceira cubo,
&c. Isto que temos dito do número 6, se deve
entender d'outro qualquer número.
A taboa seguinte contém as tres primei
ras potencias successivas de 1 até 1o, que se
devem ter prezentes para obrar com acerto,
quando se explique a extracção das suas rai
ZOS, * * *. - ' ':' … -. - - - . *, * * *
282 Noções º

TABOA DAS POTENCIAS.

|"… Potencia, | Segunda


ou raiz.
Potencia, | Terceira Potencia,
ou quadrado. ou cubo.

• • • • • • • • • - - - - 4 . . . . - - - - - - - , , 8
• • • • • • • • • - - - - 9 .. . .. • • • • • • • 27 -
. . . . . . . . . . . 16 . . . . . . . . . . . . 64
• @ . . . . 25 . . . . | . . . . . . . . 125
. . . . . . . . . li . . . . 36 . . . . . . . . . . . . 216
. . . . . . . . 49 . . . . | .. . . . . .. 343
. . . . . . . . . | . . . . 64 .... | . . . . . . . 512
........ | .... 81 . . . ! ....... 729
I ... 100 .. ... | . . . . . . . 1000

Dos números quadrados, e extracção - . .


- das suas raizes.

171 - Quadrado, ou segunda potencia de


hum número, como fica dito, é o producto
que resulta da multiplicação delle por si mes
mo. Assim 25 é o quadrado de 5, porque re
sulta da multiplicação de 5 por 5, pois 5x5=
25. Da mesma sorte 64 é o quadrado de 8,
pois 8x8=64, &c., º * . .. .. .! .

172 Raiz quadrada de qualquer número,


ou potencia, é o número que multiplicado por
si mesmo produz a dita potencia. Assimº 5 é
a raiz quadrada de 25, e 8 a raiz quadrada
de 64. …….… … - #",
Para achar pois o quadrado de qualquer
DE ARITHMÉTICA. 283
número, não tém mais, que multiplica-lo por
si mesmo, vindo assim a ser o número, que
se quadra factor duas vezes do producto, e
por isso este se chama segunda potencia.
As potencias chamão-se racionaes, ou
mensuravens, e irracionaes, ou uncommensu
raveis. As primeiras são as que tém raiz jus
ta; as segundas as que não a tém, como 32
considerado quadrado, que não tém raiz exa
cta, pois não ha número, que multiplicado
por si mesmo dê o producto 32. Do mesmo
modo 400 considerado cubo, tambem não a
tém; porque não ha número, que multipli
cado pelo seu quadrado dê 400.
173 Os números cuja ultima letra á direita
for 2, 3, 7, ou 8 não é quadrado, e conse
quentemente não tém raiz justa; porque não
ha número algum simples, que quadrando-se
produza hum número, que a ultima letra á
direita seja 2, 3, 7, ou 8. " * *

Do mesmo modo não é quadrado todo o


número, que não acabar em número par de
cifras, porque se a ultima letra da raiz for
cifra, necessariamente o seu quadrado ha de
acabar em duas, e assim nos mais.
Tambem não será quadrado todo o nú
mero, que tirando-lhes os noves fóra, o resto
seja 2, 3, 5, 6, ou 8. - *** * * … e º
174 Em os números que não são quadra
dos, sempre ha hum quadrado menor, que
tém raiz justa, ou racional, v.g.: a raiz qua
drada
menor racional
que 5. ,de
, , 5 , é, ,2,, cujo quadrado
• # é: 4
Assim quando se tira a raiz quadrada
d'algum número irracional, como 82, deve-se
284 Noções
entender, que se tira a raiz do maior qua
drado, que ele tém, que é 25, cuja raiz justa
é 5. O mesmo se deve entender na extracção
da raiz cubica, ou terceira potencia.
Para expressar a raiz quadrada, ou cu
bica dos números irracionaes, uzamos do si
gno radical V com o expoente da potencia:
assim v. g. para expressar a raiz quadrada de
7 podemos figurar deste modo V7; e se for
a raiz cubica figura-se assim V 7, pondo-lhe
o expoente da terceira potencia, &c.
Das partes de que consta o quadrado de hum
número composto de dezenas,
e unidades,

175 Todo o número composto de dezenas,


e unidades o seu quadrado consta de tres par
tes, a saber: do quadrado das dezenas, de dois
productos das dezenas pelas unidades, e do qua
drado das unidades da sua raiz. Assim v. g. o
número 24, cujo quadrado é 576, se com
põem das ditas partes, pois 20x20=400 qua
drado das dezenas, 20x4=80--4x20=80 pro
ductos das dezenas pelas unidades, e 4x4=16
quadrado das uidades, e sommando os produ
ctos 400--80--80--16=576, cujo resultado se
acha facilmente multiplicando 24 por 24.
Methodo para
de qualquer a raiz quadrada
extrahirnúmero. •

176 1.° Divida-se com hum ponto o nú


mero proposto em classes de duas letras da
direita para a esquerda, excepto a ultima da
DE ARITHMÉTICA. 285

esquerda, que conforme a quantidade das le


tras, de que o número constar, póde ser de
huma so letra, e a raiz constará de tantas le
tras, quantas forem as classes, em que se di
vidio o número. - -

2.° Busca-se a raiz da primeira classe á


esquerda, que será hum número, que multi
plicado por si mesmo, fassa a dita classe, ou
proximamente, e escreve-se á direita do nú
mero proposto, tendo antes tirado huma risca
vertical para servir de separação entre o nú
mero, e a raiz. -

3.° Quadra-se a raiz achada, e o seu qua


drado tira-se da classe respectiva, e ao resto,
se o houver, ajunta-se a classe seguinte, for
mando assim hum novo dividendo parcial.
4.° Separa-se com hum ponto a ultima le
tra á direita do novo dividendo: toma-se o
dobro da raiz achada, que servirá de divizor,
e escreve-se por baixo á esquerda da letra
separada. * -

5.° Divide-se o dito dividendo, menos


a ultima letra separada, pelo divizor, e o
quociente será a segunda letra da raiz, que
se assentará á direita da primeira, e tambem
á direita do divizor debaixo da letra sepa
rada.
6." Multiplica-se o quociente por si mes
mo, e tambem pelo divizor, que lhe fica á
esquerda, e o producto se tira do dividendo,
e ao resto se ajunta a classe seguinte, e as
sim por diante até á ultima classe do número
proposto.
, 7.° E necessário advertir, que vindo o di
vizor maior, que o dividendo escreve-se cifra
286 … . Noções
na raiz, despreza-se o divizor, e ajunta-se ao
dividendo a classe seguinte, e continua-se a
operação do mesmo modo. · · ·

- 8.° Quando o número donde se extrahir a


raiz não for quadrado. perfeito, necessaria
mente ha de haver hum resto, este póde-se
approximar até huma caza decimal, que bem
nos bastar: para isso ajunta-se ao resto á di
reita, tantas classes de duas cifras, quantas
forem as cazas decimaes, que quizermos na
raiz, e procede-se do mesmo modo, pondo
primeiro huma virgula á direita das unidades
da raiz, para servir de separação entre ellas,
e a dizima.

Exemplo 1. |-

Pergunta-se qual é a raiz quadrada do


número 3364? •

3 3.64 | 58 Raiz. *
2 5 ………. …" #
, , : :
{ ----- - ; ,,

8 6.4 · · · · :
r… … . . . . 1 0 2 ; : ; , . .. .

O O O
** ** * ..…… # |, ,

Tendo separado as duas ultimas letras


64, e passado huma risca vertical á direita,
busca-se a raiz da primeira classe 33, que é
5, e escreve-se á direita da risca, e o seu
quadrado 25 escreve-se debaixo da classe
respectiva, e passando huma risca por baixo
tira-se da mesma classe.… C .."; " , … :-*
DE ARITHMÉTICA. 287

A direita do resto 8 ajunta-se a segunda


classe 64, e apartando com hum ponto a ul
tima letra 4, ficará o dividendo 86, debaixo
do qual escreveremos o divizor 10, formado
do dobro da raiz achada 5, e feita a divizão
acharemos o quociente 8, que assentaremos
á direita da raiz 5, e tambem adiante do di
vizor 10. * * -

Ultimamente multiplica-se o divizor as


sim augmentado 108 pelo quociente 8, e o
seu producto tira-se do número superior 864,
e como não resta nada, se vê que o número
proposto
feito, 3364a sua
e que é racional,
raiz á8 éouexacta.
quadrado
" per •

* * * Exemplo 2.°
Pede-se a raiz quadrada do número 5765584.

5.76.55.84 | 2401 Raiz.


4 * ** * • !

* * #: ;
-
** * * * * # : ;

.." … : } 7.6 * - - , •

: - - 44 : : : : : : : :
: : : : : " ----- • - "… ". . : .. …

0 0 5.5 8.4 : , ,
4 8 0 ] +

7 8 3

Dividindo o número proposto em classes


de duas letras da direita para a esquerda,
excepto a ultima classe da esquerda, que fica
so com huma, pelo dito número, ter número
impar de letras. Buscaremos a raiz da pri
288 . Noções
meira classe 5, que achamos ser 2 proxima
mente, e assentaremos este algarismo adiante
da risca, e o seu quadrado 4 por baixo do 5,
e fazendo a subtracção escreveremos o resto
1, e á direita deste a classe seguinte 76, e
separando a ultima letra 6, poremos debaixo
da parte restante 17 o divizor 4 formado do
dobro da raiz 2, e fazendo a divizão temos o
quociente 4, que assentaremos á direita da
raiz 2, e tambem adiante do divizor 4.
Depois multiplicaremos 44 pelo mesmo
quociente 4, e tiraremos o seu producto de
176, e como não resta nada poremos cifra
por baixo, e á direita a classe seguinte 55, e
separando a ultima letra, fica o dividendo 5,
que se não póde dividir pelo dobro da raiz
até aqui achada, e por este motivo poremos
cifra na raiz, e á direita do resto 55 assen
taremos a ultima classe 84, e apartando o 4,
fica a parte restante 558, a qual dividida por
480 dobro da raiz até agora achada temos o
quociente 1, que escreveremos á continuação
da raiz, e tambem debaixo da letra separada
4, e fazendo a multiplicação, e subtracção
temos o ultimo resto 783, e a raiz 2401 exa
cta até ás unidades.

* * * * *
DE ARITHMÉTICA. 289

- Exemplo 3.° #

Qual é a raiz quadrada do número 87564


exacta até ás millesimas.

8.75.64 | 295,912 Raiz.


4

47.5 > …

4 9 - |-

3 4 6.4
5 8 5
- *----

53 9 0.0 ....... 1." classe decimal.


59 0,9

7 1 90.0 ..... 2." dita.


5 9 ] 8 ] ...

# : ; 1 2 7 1 90.0 .. 3." dita.


… –' ' … 5 9 ] 8 2 2 -, *

** - • ---- * * * ** ** ….…
8 8 2 5 6 - - - - · · · 3

Havendo feito a operação como nos exem


plos antecedentes até á caza das unidades,
poremos á direita destas huma virgula para
distincção, e ajuntaremos ao resto 539 a pri
meira classe decimal, e continuando a ope
ração achamos 9 decimas, que assentaremos
- na raiz, á direita da virgula, e ao resto 719
reunimos a segunda classe decimal, e prati
cando do mesmo modo, achamos 1 centesima,
19
290 , , Noções.
que poremos á direita das decimas, e ajun
tando ao resto 12719 a terceira classe deci
mal teremos finalmente 2 millesimas, que es
creveremos á direita da centesima, e assim
será a raiz que buscamos 295,912 exacta até
á caza das millesimas.
A extracção da raiz quadrada póde-se
considerar como huma divizão, na qual o nú
mero d’onde se extrahe a raiz é o dividendo,
e a raiz achada é o divizor, e é juntamente
o quociente, e a ultima diferença é o resto,
e por isso lhe são applicaveis todas as provas
da divizão. •

177 Assim a prova real desta operação,


tira-se multiplicando a raiz por si mesma, e
ao producto ajunta-se o resto, se o houver,
e assim resultará o número proposto, se a
operação estiver certa. • •

178 Tambem se póde tirar a prova pelos


noves, tirando estes primeiro á raiz, e o resto
se multiplicará por si mesmo, tirando-lhe tam
bem os noves do producto, se os tiver, e o
que restar somma-se com o resto da opera
ção, tirando-lhe igualmente os noves, e este
último resto será igual, ao que ficar tirados
os noves do número proposto, estando exacta
a operação. , . …….… •

Assim querendo tirar a prova pelos noves


ao exemplo acima, tiraremos primeiro os no
ves á raiz 296,912, e ficará o resto 1, que
junto ao resto 88256, e tirados os noves resta
3, e o mesmo resta tirados os noves do nú
mero proposto 87564; pelo que será provavel
estar a operação certa; porêm não se póde
ter por infallivel; pois se houver algum erro
DE ARITHMÉTICA. 291

de 9, ou dos seus multiplos, os restos serão


iguaes; e a operação estará errada, e o mes
mo póde acontecer com a prova dos onzes,
Pelo que so a prova real, é que nos deixa
seguros da certeza da operação, e o mesmo
se deve entender de todas as mais operações
Arithméticas. • -

Do modo de extrahir a raiz quadrada


…" dos quebrados. * * * *-* *

: 179 - Assim como multiplicando huma quan


tidade por si mesmo produz seu quadrado, e
este multiplicado pela mesma quantidade pro
duz seu cubo, do mesmo modo multiplicando
hum quebrado por si mesmo produz o seu
quadrado, e este multiplicado pelo mesmo
quebrado produz o seu cubo, &c. * ***

180 "Logo reciprocamente para extrahir a


raiz quadrada de hum quebrado, é necessário
tirar a raiz tanto ao numerador, como ao de
nominador. Assim a raiz quadrada do que
brado racional # é 2, porque a raiz do nu
merador é 3, e a do denominador é 5. . .
… Ha quebrados que parecem irracionaes;
porêm reduzidos á menor expressão ficão ra
cionaes, isto é, os seus termos ficão quadra
dos. Assim v.g.: o quebrado #, que tanto o
numerador 8, como o denominador, 18 não
são quadrados, e reduzido á expressão mais
simples resulta o quebrado racional:#; cuja
raiz quadrada é 3, e esta tambem é de »
porque sendo #=#, a raiz quadrada deste, o
será igualmente do outro. • * * *

181 Porêm se o denominador do quebra


19 k
292 A Noções
do sómente for quadrado, tirar-se-ha a raiz
approximada ao numerador, até á caza deci
mal, que nos bastar, e lhe daremos por de
nominador a raiz exacta do denominador pri
mitivo. Assim querendo a raiz quadrada do
quebrado ? até ás centesimas tiraremos a raiz
ao numerador, que será 1,73, e dando-lhe por
denominador 2 raiz exacta do denominador,
vêremos que a raiz de 2 é **, ou 0,86 pura
mente em partes decimaes; porque para nos
não embaraçar com fracções diferentes ao
mesmo tempo, podemos reduzir ** a huma
so fracção decimal, dividindo o numerador
pelo denominador.
182 Se o denominador tambem não for
quebrado, é necessário primeiro multiplicar
ambos os termos do quebrado proposto, pelo
mesmo denominador, e depois pratica-se co
mo no exemplo antecedente. Assim querendo
a raiz quadrada de 3 até ás millesimas, mul
tiplicaremos os seus termos por 7, e teremos
#; cuja raiz é ****, ou 0,654 puramente em
partes decimaes.
183 Finalmente se quizermos tirar a raiz
quadrada de hum número misto, reduziremos
os inteiros á especie do quebrado, e da ex
pressão fraccionaria, que resulta se tira a raiz,
praticando como nos cazos antecedentes. As
sim v.g.: para tirarmos a raiz quadrada de
63, reduziremos este número em o quebrado
impróprio *, e depois em #, e tirando a raiz
ao numerador até ás millesimas, e dando-lhe
por denominador 5 raiz exacta de 25, vêremos
que a raiz de 63 é *****, ou 2,569 exacta
mente. * * * * ** * - " •
DE ARITHMÉTICA. 293

- 184 Para tirar a raiz quadrada de huma


fracção decimal, é necessário que ella tenha
o dobro das cazas decimaes, que deve ter a
raiz, e quando o não tenha se lhe ajuntaráõ
á direita as cifras precizas, preparação que
lhe não altera o valor, e a raiz constará sem
pre de métade das letras da fracção, para o
que sendo precizo se assentaráõ á esquerda
entre a virgula, e a primeira letra da raiz as
cifras precizas.
Assim para tirarmos a raiz quadrada de
26.5943 até á quarta caza decimal, ajuntare
mos quatro cifras á direita da fracção, que
ficará 26,59430000; cuja raiz é 5,1569 exacta
até ás decimas-millesimas, como se queria.
Da mesma sorte acharemos, que a raiz
quadrada de 0,645, ou 0,645000 exacta até ás
millesimas é o,803, e que a de 0,00654, ou
0,00654000 approximada até ás decimas-mille
simas é 0,0808, e assim praticaremos nas mais.
Dos números cubicos, e extracção das suas
7"Cl1262S.

185 . Já dissemos, que todo o número mul


tiplicado pelo seu quadrado resulta o cubo, ou
terceira potencia do mesmo número. Assim
64, ou 4x4=16x4=64 é o cubo de 4, porque
resulta da multiplicação de 4 pelo seu qua
drado 16: por onde se vê que o número, que
se eleva ao cubo é tres vezes factor do mes
mo cubo, e por isso se chama terceira po
tencia, ou potencia do terceiro gráo do mes
mo número.
Logo para achar o cubo de qualquer nú
294 - Noções
mero dado, não é necessário mais, que mul
tiplica-lo pelo seu quadrado.
186 Raiz cúbica de hum número, é outro
que multiplicado pelo seu quadrado fórma o
mesmo número donde elle é raiz. Assim 4 é
a raiz cúbica de 64, porque da multiplicação
de 4 pelo seu quadrado 16 resulta o núme
TO 64.
Porêm para extrahir a raiz cúbica de
qualquer número é necessário hum méthodo
particular; excepto sendo o número de huma
até tres letras, porque sendo 1000 o cubo de
10, todo o número menor que 1000, a sua
raiz será menor, que 10.
Segue-se pois, que todo o número, que
estiver entre dois dos cubos, que a taboa das
potencias mostra, a sua raiz em número in
teiro será a raiz, que corresponda ao número
menor. Assim v. g. a raiz cúbica de 312 em
número inteiro é 6, porque estando 312 entre
os cubos 216, e 343 a sua raiz tambem estará
entre as raizes 6, e 7, e consequentemente é
6 em número inteiro.

Das partes de que consta o cubo de hum número


composto de dezenas, e unidades.
187 Temos visto, que o quadrado de hum
número composto de dezenas, e unidades cons
ta de tres partes, as quaes são o quadrado
das dezenas, dois productos das dezenas pelas
unidades, e o quadrado das unidades.
Assim para formar o cubo devem-se mul
tiplicar as ditas partes do quadrado pelas de
zenas, e pelas unidades da raiz.
DE ARITHMÉTICA. 295

Pelo que para formar o cubo, v. g. do


número 24 formaremos primeiro o cubo das
dezenas, e teremos 20x20=400x20=8000 cubo
das dezenas. Depois multiplicaremos o triplo
do quadrado das dezenas pelas 4 unidades, e
vêremos que 400x3=1200x4=4800. Agora mul
tiplicando o triplo das dezenas pelo quadrado
das unidades, teremos 20x3=60x16=960, e
por ultimo formaremos o cubo das unidades,
que acharemos multiplicando 4x4=16x4=64
cubo das unidades, e reunindo os productos
8000--4800-1-960--64=13824, que é o cubo
do número 24, e este a sua raiz, º ; }

188 Donde se vê, que o cubo de hum


número composto de dezenas, e unidades
consta de quatro partes, a saber: do cubo das
dezenas, de tres productos do quadrado das de
zenas pelas unidades, de tres productos das de
zenas pelo quadrado das unidades, e do cubo
das unidades, •

E necessário aqui advertir, que se a hum


quadrado ajuntarmos o duplo da sua raiz, e
mais a unidade, teremos o quadrado proximo
maior. Do mesmo modo se a hum cubo ajun
tarmos o triplo do quadrado da raiz, mais o
triplo da raiz, e mais a unidade, teremos o
cubo proximo maior. Assim v.g.: se ao qua
drado 16; cuja raiz é 4 lhe reunirmos 8+1,
que é o # da raiz, e a unidade teremos
16--8--1=25, quadrado proximo maior, que
16. Assim tambem se ao cubo 64; cuja raiz
é 4 reunirmos 16x3=48 triplo do quadrado da
raiz, mais 4x3=12 triplo da raiz, e mais 1,
teremos 64-1-48--12--1=125 cubo proximo
, …
maior que 64, , • • •
296 Noções

Methodo para extrahir a raiz cúbica de hum


número, que tenha mais de tres letras.
189 1.° Divide-se com hum ponto o número
proposto em porções de tres letras da direita
para a esquerda, excepto a ultima #*# da
esquerda, que conforme a quantidade das le
tras, que tiver o número póde ser de duas,
ou de huma so letra, e a raiz constará de
tantas letras, quantas forem as porções.
2.° Busca-se a raiz da primeira porção á
esquerda, que será hum número, que levado
ao cubo faça a dita porção, ou proximamente,
e escreve-se á direita do número dado, pondo
primeiro huma linha vertical entre o número,
e a raiz para distincção.
3.° Fórma-se o cubo da raiz achada, e
tira-se da porção respectiva, escrevendo o
resto por baixo, se o houver, e cifra não res
tando nada.
4.° A direita do resto ajunta-se a porção
seguinte, que formará hum novo dividendo
parcial, e separão-se com hum ponto as duas
ultimas letrás á direita. •

5.” Toma-se o triplo do quadrado da raiz


achada, o qual serve de divizor, e escreve-se
por baixo do novo dividendo á esquerda das
duas letras separadas.
6.° Divide-se o dividendo pelo dito triplo,
e o quociente será a segunda letra da raiz,
que se assentará á direita da primeira, e as
sim por diante.
7." Leva-se ao cubo a raiz até então acha
da , e escreve-se por baixo do divizor, de
DE ARITHMÉTICA. 297

modo que a ultima letra á direita corresponda


á ultima da direita das duas classes respe
ctivas.
8." Passa-se huma risca horizontal por bai
xo do dito cubo, e tira-se este da parte cor
respondente do número proposto, e á direita
do resto escreve-se a porção seguinte, G COIl- .

tinua-se em tudo mais do mesmo modo até á


ultima porção; advertindo, que se algum di
vizor vier maior, que o dividendo, escreve-se
cifra na raiz, despreza-se o dito divizor, e
ajunta-se ao dividendo a porção immediata.
9." Finalmente, quando o número proposto
não for cubo perfeito, não se póde extrahir
raiz cúbica exacta, e então necessariamente
ha de haver resto; este porêm póde-se appro
ximar até huma caza de dizima, que bem nos
bastar, de modo que a diferença seja menor,
que qualquer quantidade assignavel. Para este
fim ajunta-se ao dito resto tantas porções de
tres cifras cada huma, quantas forem as ca
zas decimaes, que quizermos na raiz, e con
tinua-se a operação do mesmo modo, tendo
advertencia de pôr primeiro huma virgula á
direita das unidades da raiz para distincção
dos decimaes.
298 . . NoçõÉs .

Exemplo 1.°

Quer-se a raiz cúbica do número 91125.

9 1.1 2 5 || 45 Raiz.
6 4

2 7 1.2 5
4 8
9 ] ] 2 5

O O O O O

Separadas com hum ponto as ultimas tres


letras 125, e passando huma risca vertical á
direita do número dado, buscaremos a raiz
da primeira porção 91, que acharemos ser 4,
e esta é a raiz das dezenas, que poremos á
direita da risca. • •

Fórma-se depois o cubo da raiz achada


4, o qual é 64, e escreve-se debaixo da por
ção 91, e fazendo a subtracção temos o resto
27, e á direita poremos a segunda porção 125,
separando com hum ponto as ultimas duas
letras 25.
Quadra-se a raiz 4, e o seu quadrado 16
multiplica-se por 3, e o producto 48 escreve
se por baixo á esquerda das duas letras se
paradas.
Divide-se 271 por 48, e o quociente 5
será a raiz das unidades, que poremos á di
DE ARITHMÉTICA. 299

reita das dezenas, e levando toda a raiz acha


da 45 ao cubo, o assentaremos por baixo, de
modo que corresponda letra por letra ao nú
mero proposto, e passando huma risca por
baixo o diminuiremos do mesmo número, e
como não resta nada, conhecemos que o nú
mero dado é cubo perfeito, e a sua raiz exa
eta é 45.

Exemplo 2.°

Pede-se a raiz cúbica do número 485956546.

48 5.9 5 6.546 | 786 Raiz.


3 4 3

I 4 2 9.5 6
1 4 7
4 74 5 52

I I 4 0 4 5,4 6
} 8 2 5 2
48 5 5 8 76 56

36 8 8 9 0 Resto.

Dividindo o número dado em tres por


ções, vêmos que a sua raiz deve constar de
centenas, dezenas, e unidades, e assim bus
caremos a raiz das centenas na primeira por
ção 485, e como ella contém o cubo 343, a
sua raiz será 7, que assentaremos á direita
300 Noções
da risca, e diminuindo o seu cubo da por
ção respectiva escreveremos o resto 142,
para junto do qual abaixaremos a segunda
porção 956, separando as duas ultimas le
tras 56.
- Depois para acharmos a raiz das dezenas
dividiremos 1429 pelo triplo do quadrado da
raiz achada 7, que é 147, e o quociente 8
será a raiz das dezenas, que poremos á direita
da raiz das centenas 7, e formando o cubo de
78, o tiraremos das duas porções respectivas,
e á direita do resto 11404 escreveremos a ul
tima porção 546, separando as duas ultimas
letras 46.
Finalmente dividindo a parte restante
114045 por 18252 triplo do quadrado da raiz
até aqui achada, temos o quociente 6, que é
a ultima letra da raiz procurada, ou seja das
unidades, e formando o cubo de toda a raiz
786, o assentaremos por baixo, de modo que
corresponda ao número dado, do qual se ha
de tirar, e fazendo a subtracção temos o ul
timo resto 368890, por onde se vê, que o nú
mero donde extrahimos a raiz não é cubo
perfeito, e por isso fica o dito resto, e que a
sua raiz em número inteiro é 786.

Exemplo 3.°

Queremos a raiz cúbica do número 24845


exacta até á caza das millesimas. Como que
remos a raiz exacta até á terceira caza da
dizima, ajuntaremos nove cifras ao número
DE ARITHMÉTICA. 301

proposto, e tiraremos a raiz cúbica do nú


mero seguinte. •

24.845.o o o.o o o.o o o || 29,179 Raiz exacta até


- 8 as millesimas.

1 6 8.45
1 2
2 43 8 9

4 5 60.0 0 .. . . . . . . . . ... 1." classe decimal.


2 5 2 3 -

2.4 6 4 2 1 7 1

2 0 2 8 2 9 0.0 0 . . . . . . . . . 2." dita..…… * - -

· 2 5 4 0 43 i . " i :
248 2 0 4 2 9 2 13 : : • … … … … º

2 4 5 70 78 7 0.0 o ..... 3." dita. - , as e


2 5 5 2 6 6 6 7 * * * - -

2 484 3 4 1 0 3 0 2 3 39 • .
•••

1 589 6 9 76 6 1 resto. .. . …
|- • * #

Separando o número proposto em classes,


buscaremos a raiz da primeira 24, que é 2,
e a poremos á direita da risca, e o seu cubo
8 diminuiremos da classe respectiva 24, es
crevendo por baixo o resto 16, ao qual ajun
taremos a segunda classe 845, separando as
duas ultimas letras 45, e á esquerda destas
poremos por baixo 12, que é o triplo do qua
drado da raiz achada 2, e repartindo a parte
168 por 12, teremos o quociente 9, que as
sentaremos á direita da dita raiz 2. Depois
302 Noções
formando o cubo de 29, o escreveremos por
baixo, e tirando-o do número proposto, fica
o resto 456, para junto do qual poremos tres
cifras da primeira classe decimal, e como a
raiz que vamos agora procurar é das deci
mas, para distincção desta, poremos huma
virgula á direita da raiz das unidades, e con
tinuaremos a operação do mesmo modo. :
Tendo finalmente concluido a operação,
acharemos que a raiz cúbica do número pro
posto é 29, 179 exacta até ás millesimas. E
necessário advertir, que a raiz da dizima deve
sempre constar de tantas letras, quantas forem
as classes das cifras, que se juntarão ao nú
mero proposto. . • < … .

190 A prova real da raiz cúbica tira-se


formando o cubo de toda a raiz, e juntando
lhe o resto se o houver, e o resultado será
o número proposto, se estiver certa a ope
ração.
191 Querendo uzar da prova dos noves,
tirar-se-hão primeiro á raiz, e cubicando o
resto, se lhe tira tambem os noves, e o que
restar somma-se com o resto da operação,
tirando-lhe igualmente os noves, e o resto
deve
novesser
do igual,
númeroaoproposto.
que ficar lançados
, fóra os
•"

Assim, v. g., tendo extrahido a raiz cú


bica do número 72658, achámos a sua raiz
41, e o resto 3737, e querendo provar esta
operação pelos noves, os tiraremos primeiro
á raiz; cujo resto é 5, e o seu cubo 125 deixa
o resto 8, que junto ao resto da operação, e
tirados os noves fica 1, que é igual ao resto
tirados os noves do número 72658.
DE ARITHMÉTICA. 303
*

Extracção da raiz cúbica dos quadrados


192 : Já fica dito, que multiplicando o qua
drado de hum quebrado, pelo mesmo quebra
do produz o seu cubo, assim para termos o
cubo, v. g. de 2, multiplicaremos 2x3=#x2=
# cubo de 3. Logo para tirarmos a raiz cú
bica de hum quebrado é mister tirar a raiz ao
numerador, e ao denominador. Desta sorte a
raiz cúbica de # é 3, porque a raiz do nu
merador 27 é 3, e a do denominador 125 é 5.
193 Se o numerador do quebrado sómente
não for cubo perfeito tiraremos a raiz por
approximação ajuntando ao numerador tantas
classes de tres cifras, quantas forem as cazas
da dizima, que nos bastar, e para denomina
dor poremos a raiz exacta do denominador
primitivo. Assim querendo a raiz cúbica, v. g.
de # exacta até ás centesimas, praticando
segundo a regra precedente acharemos ser
*#*, ou o,78.
194 Mas se o denominador tambem não
for cubo perfeito, ambos os termos do que
brado se multiplicaráô pelo quadrado do de
nominador, e praticaremos em tudo mais, co
mo no exemplo precedente. " *- L

. Pelo que, se quizermos v. g. a raiz cú


bica do quebrado à exacta até ás centesimas,
como nenhum dos seus termos são cubos per
feitos, os multiplicaremos por 81, quadrado
do denominador 9, e teremos 5x81=405 para
numerador, e 9x81=729 para denominador, e
assim ficará reduzido o quebrado proposto #
a #3, donde extrahindo a raiz como no exem
304 ,, , Noções , ,
lo p
plo precedente, acharemos ser **** 2, ou o 82
2 2

puramente em partes decimaes. 5)


195 Havendo-se de tirar a raiz cúbica de
hum número misto, o reduziremos a quebra
do simples (n. 117) e a operação se reduzirá
aos cazos precedentes. •
*#

Assim v. g. se nos pedirem a raiz cúbica


de 62 exacta até ás millesimas, reduziremos
63 a # donde extrahindo a raiz até á terceira
caza decimal teremos *****, ou 1,889 raiz de
6?, ou de *. - , ,

196 A operação precedente póde-se fazer


d'outro modo, e vém a ser, reduzir primeiro
o quebrado a decimaes (n. 100) de maneira
que tenha o triplo das letras de que deve
constar a raiz, podendo-se para este fim ajun
tar-lhe á direita as cifras precizas. *#
Applicando pois este méthodo ao cazo
anterior, teremos que extrahir a raiz de
6,750000000, a qual será 1,889, que é igual
ao mesmo resultado, que acima achamos.
197 Para extrahir a raiz cúbica de huma
fracção decimal, é necessário, que ella tenha
o triplo das cazas de dizima, das que deve
haver na raiz, podendo-se-lhe ajuntar para
isso as cifras precizas, como acima fizemos.
Depois sem fazer cazo da virgula, tira-se a
raiz como se fosse hum número inteiro, e
nella apartaremos a têrça parte das cazas da
dizima, de que o número constar, e se não
chegarem a tanto, mette-se entre a virgula,
e a ultima letra á esquerda as cifras precizas.
Se por exemplo quizermos extrahir a raiz
cúbica da fracção decimal 0,456 até á terceira
caza decimal, lhe ajuntaremos seis cifras, e
DE ARITHMÉTICA. 305

tiraremos a raiz de 456000000, como se fosse


hum número inteiro, e feita a operação acha
remos ser o,769 a raiz cúbica de 0,456 exa
cta até ás millesimas. E se v. g. quizermos a
raiz cúbica da fracção 0,0008 até ás centesi
mas, a tiraremos como de 0,000800, ou de
800, a qual acharemos ser 9, e como não tém
mais que huma letra, poremos entre ella, e
a virgula huma cifra, para haver na raiz duas
cazas de dizima, como se requer, e assim
0,09 é a raiz de 0,0008 exacta até ás cente
simas, e desta sorte obraremos em outros
cazos similhantes. • •

CAPÍTULO VII. }

Das razões,
• quee dellas
proporções,
resultão.e das regras*

198 Chama-se Razão a grandeza relativa,


que resulta da comparação entre si de duas
quantidades homogéneas; porque entre as he
terogéneas não póde haver razão, nem com
paração. Assim v. g. se compararmos huma
uantidade de 8 marcos de prata, com outra
e 5 marcos tambem de prata, dizemos, que
a primeira tém á segunda a razão de 8 a 5:
199 º Das duas quantidades, que se com
parão a primeira chama-se antecedente; a se
gunda consequente, e ambas chamão-se ter
mos da Razão. -

200 . De dois modos se pódem comparar as


quantidades, ou procurando saber quanto hu
ma excede, ou é excedida da outra, e então a
differença, ou excesso, que resulta da compa
20
306 Noções
ração se chama Razão Arithmética. Assim
entre 8 e 5 a diferença 3 é a razão arithmé
tica. As quantidades que se comparão neste
sentido, denotão-se com hum ponto entre si,
desta sorte 8.5. * * * * i… … " .. … :
… , , Para se conhecer a razão arithmética de
duas quantidades, tira-se huma da outra, e
a diferença é a razão. …..…
201 Porém se comparamos duas quanti
dades para saber, quantas vezes huma con
tém, ou é contida na outra, chama-se Razão
Geométrica, ou simplesmente Razão. Assim
v. g. comparando 15 com 5, para saber quan
tas vezes o antecedente contém o consequente,
o quociente 3, que resulta, é a razão geome
trica de 15 para 5; e a razão de 5 para 15
será #, ou à (n. 116). * * * * * *
202 Para se conhecer a razão, que ha en
tre duas quantidades neste sentido, divide-se
a primeira pela segunda, e o quociente mos
tra a razão dellas. Assim v. g, no exemplo
precedente o quociente 3, é a razão de 15
para 5, porque mostra as vezes, que o ante
cedente contém o consequente. … … ,
203 A diferença dos termos na razão ari
thmetica, e o quociente na razão geométrica
tambem se chamão Expoentes da razão. Assim
na razão arithmética 8 para 5, a sua diferença
3, é o expoente ; e na razão geométrica 15
para 5, o quociente 3, é o expoente; e na de
5 para 15 o expoente é #, ou # ,
….204 Os termos da razão geométrica deno
tão-se com dois pontos entre si, deste modo
15:5; ou tambem em fórma de quebrado pon
do o antecedente como numerador, e o conse
** *
DE ARITHMÉTICA. 307.

quente como denominador desta sorte *; por


que a razão geométrica póde-se considerar
como hum quebrado, e por isso susceptivel
das mesmas operações. - -

205 A razão geométrica póde ser racional,


ou irracional. E racional, quando se póde ex
pressar por número inteiro, ou por quebrado,
e irracional, quando se não póde exprimir
por algum número exactamente. * * * * *
#… Quando o antecedente é maior, que o com-º
sequente chama-se razão de maior desigualdade,
assim como a razão de 15 para 5; e quando é
menor, como a razão de 5 para 15, chama-se
razão de menor desigualdade. . * * **

Quando porêm o antecedente é igual ao


consequente
se razão de como a razão de 8 para 8, chama
igualdade, • •

As razões de desigualdade se diferenção


da maneira seguinte. • :

: Se o antecedente contém o consequente al


gum número de vezes exactamente chama-se
razão multiplice. Se o contém duas vezes cha
ma-se dupla; se tres tripla; se quatro qua
drupla; se cinco quindupla, &c. A primeira
será como a de 12 a 6; a segunda como a de
12 a 4; a terceira como a de 12 a 3; a quarta
como a de 15 a 3, &c.: e quando forem duas
razões iguaes chamão-se equimultiplices. " " …
… 206 A razão arithmetica será sempre a
mesma, ainda que se augmentem, ou dimi
nuem os seus termos de huma porção igual;
porque consistindo a razão na diferença, esta
não se altera pelo augmento, ou diminuição
das duas quantidades comparativas, todas as
vezes que, o que se fizer a huma se faça
• 20 %
308 Noções
igualmente á outra. Assim v. g. 6.8, é o mes
mo que 8. 10, ajuntando 2 a cada termo; ou
diminuindo, e será o mesmo que 4.6, &c.
207 Do mesmo modo observaremos, que
a razão geométrica tambem será sempre a
mesma, ainda que se multipliquem, ou se
dividem ambos os seus termos por huma mes
ma quantidade; porque consistindo a razão
no quociente da divizão do antecedente, pelo
consequente, vém a ser o mesmo que hum
quebrado (n. 204) o qual não muda de valor,
todas as vezes que os seus termos se multi
plicão, ou se dividem por hum mesmo nú
mero (n. 113). Assim v. g. se multiplicarmos
por 3 os termos da razão 5:9, ficaráõ 15:27;
cuja razão vale o mesmo que a de 5:9, pois
é evidente que 5:9=#, assim tambem 15:27=
*5 —
27 –7(n. 117).
5 - •

Da mesma sorte se dividirmos, v. g. por


4 os termos da razão 8:12 ficaráõ 2:3; cuja
razão é 3, do mesmo valor que a de 8:12,
pois # =# (n. 115). Assim em todos os cazos
o antecedente de huma razão geométrica se
póde tomar como hum numerador, e o conse
quente como hum denominador: logo o mesm
é razão, que hum quebrado. ** *

208 Sendo pois a precedente noção huma


propriedade da razão, nos servirá de preven
ção, para podermos reduzir á expressão mais
simples, os dois primeiros termos de huma
regra de tres, antes de a resolver, quando
tenhão divizor commum, na certeza de que
o resultado será sempre o mesmo. -

209 Se os termos da razão vierem acom


panhados de quebrados, v. g. 54 a 83, redu
#
DE ARITHMÉTICA. 309
ziremos cada hum dos inteiros á denomina
ção do seu quebrado (n. 112) e teremos 4 a
*, depois os reduziremos á mesma denomi
nação para se tornarem homogéneas, e tere
mos *** a # (n. 112) e supprimindo o deno
minador commum, teremos 282 a 424, ou
simplificando (n. 115) 141 a 212; cuja razão
é a mesma que a de 5 % a 82.
Da Proporção em commum.
210 Temos visto que comparando duas
quantidades homogéneas achamos a razão, que
ha entre ellas; assim tambem comparando
entre si outras duas quantidades achamos ou
tra razão, que sendo igual á primeira, for
maráõ todos os quatro termos huma Propor
ção, a qual segundo a natureza das razões,
será arithmetica, ou geométrica. Assim em
geral Proporção e a igualdade de razões do
mesmo género.
Consequentemente a igualdade de duas
razões arithméticas, fórmão o que se chama
Proporção Arithmetica. Assim v. g. havendo
entre 6 a 8, a razão, ou a diferença 2, e a
mesma entre 12 a 14, dizemos que estes qua
tro termos estão em proporção arithmética, e
os escreveremos assim 6.8:12, 14, pondo hum
ponto entre o primeiro e o segundo, e éntre o
terceiro e o quarto; e dois pontos entre os
meios, e quer dizer, que a razão de 6 para
º, é igual á de 12 para 14, ou que 6 é para
8; assim como 12 para 14.
* 2 1 1 Do mesmo modo a igualdade de duas
razões geométricas fórmão o que se chama
31() - ** … Noções, #:;

Proporção Geométrica. Assim v. g. entre 4 e


12 a razão é 3; e entre 6 e 18 tambem é 3:
logo estes quatro termos fórmão huma pro
porção geométrica, e se escrevem deste modo
4: 12::6:18, ou tambem assim #= # , , ,
212 Os termos da proporção geométrica
denotão-se com dois pontos entre o primeiro
e o segundo, e entre o terceiro e o quarto;
e com quatro pontos entre os meios, e quer
dizer, que o primeiro é para o segundo, como
o terceiro é para o quarto. -

O primeiro, e o ultimo termo de huma


proporção chamão-se extremos, e os outros
dois chamão-se meios.
Ora como toda a razão tém hum antece
dente, e hum consequente, segue-se que em
huma proporção, que involve duas razões, ha
dois antecedentes, e dois consequentes; porêm
ás vezes hum mesmo consequente, póde ser
tambem antecedente, isto é, póde occupar
dois lugares, e ser consequente do que lhe
fica atraz, e antecedente do que lhe fica adian
te: e isto succede todas as vezes, que os
meios de huma proporção são iguaes entre si,
e então se chama proporção contínua.
213 Assim v. g. 5.8.8.11, é huma proporção
arithmética contínua, e se, escreve tambem
por abbreviatura desta sorte +5:8.11, deno
tando o signal #, que o termo médio 8 occu
pa o lugar de dois, isto é, de consequente da
primeira razão; e de antecedente da segunda.
214 Da mesma sorte 6:12::12:24, é huma
proporção geométrica contínua, e o termo 12
é o meio geométrico proporcional entre 6 e 24.
Esta proporção se póde tambem escrever
DE ARITHMÉTICA. 3 11

abbreviada deste modo =6::12:24, denotando


o signal H, que o termo médio 12, se ha de
repetir duas vezes.
215 Pelo que temos exposto ácerca das
proporções tanto arithméticas, como geomé
tricas, se infere : que se na proporção ari
thmetica ajuntarmos, ou tirarmos aos antece
dentes a diferença, que houver entre elles; e
os consequentes, ficaráõ sendo iguaes; porque
deste modo ajuntamos ao termo memor, de
cada huma das razões, o que lhe falta para
igualar com o maior; ou tiramos do maior o
que excede do menor. Assim v. g., se aos
antecedentes da proporção 6.8:12.14, ajuntar
mos a diferença 2, que ha entre elles, e os
consequentes, ficaráõ estes iguaes áquelles, e
teremos 8.8:14, 14.
Do mesmo modo, se na proporção geo
métrica multiplicarmos os consequentes pelo
expoente da razão, ficaráô iguaes aos seus an
tecedentes; porque isto é o mesmo, que mul
tiplicar o divizor pelo quociente, que deve
dar o dividendo (m. 73). Assim v. g. na pro
porção 4:12::6:18; cujo expoente de ambas as
razões é à (pois é; = $, e #=#) se multipli
carmos os consequentes 12 e 18 pelo expoente
# (n. 134) ficaráô iguaes aos antecedentes, e
teremOS 4:4; 16:6.

Propriedades das proporções arithmeticas.


--216 Pelas noções precedentes se deduzem
as propriedades das proporções arithméticas,
que vou explicar:
1." A somma dos extremos, e sempre igual
312 Noções
é somma dos meios. Assim v. g. a proporção
5.7:9.11, a somma dos extremos 5 e 11, é
igual á somma dos meios 7 e 9, porque 5--
11=16, assim como 7--9=16.
2.° Estando quatro termos dispostos de modo,
que a somma dos extremos seja igual á somma
dos meios, e signal que estão em proporção
arithmetica. Assim v. g. sendo 7--3=6-1-4, po
demos dispôr estes quatro termos em propor
ção arithmética desta fórma 7.6:43, porque
a igualdade das sommas é signal que tanto
excede o primeiro extremo o seu médio; co
mo o segundo extremo é excedido pelo seu
antecedente; e do contrário não se podia
compensar o excesso de hum, com a falta do
outro. *

3." Na proporção contínua arithmetica a


somma dos extremos e dupla do termo médio.
Assim v. g. na proporção contínua 5.8:8, 11,
os extremos 5 e 11 sommão 16, que é o du
plo do termo médio 8.
4.° Estando tres termos dispostos, de modo
que a somma dos extremos contenha duas vezes
o termo medio, estão em proporção contínua.
Assim v. g. estes tres termos # 5:8.11, estão
em proporção contínua, porque os extremos
5 e 11 som mão 16, que é o dobro de 8, o
qual repetido faz igualmente 16.
Reduzindo-se pois todas as precedentes
propriedades das proporções arithmeticas, a
que a somma dos extremos é sempre igual á
dos meios: segue-se, que em qualquer pro
porção arithmetica póde-se passar os meios,
para extremos, e os extremos para meios, e
tanto huns como outros trocar entre si o lu
DE ARITHMÉTICA. 313

gar, sem lhe alterar a proporcionalidade. As


sim v. g. da proporção 6.8:12.14, pela per
mutação, ou troca dos seus termos resultão
as proporções seguintes:
anteCe conseq. anteC. conseq

Directamente........... 6 . 8 : 12 . 14
Alternando............. 6 . l2 : 8 . 14
Invertendo ............. 8 . 6 ; 14 . 12
Invertendo, e alternando... 8 - 14 : 6 - 12
Alternando, e invertendo... 12 . 6 : 14 . 8 |
Transpondo............. 12 . 14 ; 6 . 8
Transpondo, e invertendo... 14 . 12 : 8 , 6
Transp., invert., e altern. 14 . 8 ; 12 6

Agora examinemos as mudanças, que fi


zemos, pelas quaes resultarão as precedentes
proporções.
A segunda proporção consiste a mudança
em trocar entre si o lugar dos meios da pri
meira, e conservar os extremos.
A terceira em passar os antecedentes da
primeira para consequentes, e estes para an
tecedentes.
A quarta consiste no mesmo, que a pre
cedente, trocando porêm os meios.
e os Ameios
quinta
da consiste
quarta. em mudar os extremos, •

A sexta em mudar a segunda razão para


o lugar da primeira, e reciprocamente.
A setima em passar os meios da sexta
para extremos, e os extremos para meios.
A oitava resulta da primeira tomando os
quatro termos ás avéssas, ou da setima tro
cando os meios. •

217 Temos visto que as referidas mudan


ças não fazem perder a propriedade de huma
314 • Noções
proporção arithmética; assim tambem vêre
mos, que se conservará a proporção, ainda
que se ajuntem, ou se tirem aos seus termos
homologos huma mesma quantidade, porque
as sommas, ou diferenças se conservaráõ sem
pre em proporção.
Assim v. g. se aos antecedentes 3 e 5 da
proporção arithmética 3.7:5.9, accrescentar
mos huma mesma quantidade, por exemplo
4, e a cada hum dos consequentes 7 e 9 outra.
qualquer, v. g. 6 conservará sempre a pro
porção, pois 3-1-4.7+6:5--4.9+-6, e feitas as
sommas ficará 7. 13:9.15.
Do mesmo modo se aos antecedentes, ti
rarmos huma mesma quantidade, e aos com
sequentes outra qualquer, não altera a propor
ção. Assim v. g. se aos antecedentes 4 e 8 da
proporção 4.6:8.10, diminuirmos v. g. 2, e
aos consequentes 6 e 10 lhes tirarmos v. g. 3,
se conservará a proporção, pois 4-2.6—3:8—
2. 10-3, e feitas as subtracções ficará 2.3:6.7.
Falta agora mostrar como acharemos o
quarto termo de huma proporção arithmetica,
dados os tres primeiros; ou como acharemos
hum termo medio dados os extremos e hum
meio; ou tambem o primeiro termo, dados os
tres ultimos; e finalmente como se acha o
meio proporcional arithmetico entre dois nú
meros dados.
218 Para acharmos pois o quarto termo
de huma proporção arithmetica, sommão-se
os meios, e da somma tira-se o extremo co
nhecido, e o resto será o outro. Assim v. g.
dados os tres termos 6.8:12, e perguntando-se
o quarto sommaremos os meios 8 com 12, e
DE ARITHMÉTICA. 315

da somma 20, tiraremos 6, e o resto 14, é o


quarto termo proporcional aos tres termos
dados, e teremos a proporção 6.8:12.14.
Do mesmo modo se nos pedirem v. g. o
meio proporcional aos tres termos 6.. : 12.14,
sommaremos os extremos 6 com 14, e da
somma 20, diminuiremos o meio conhecido
12, e o resto 8, é o meio pedido; e com efeito
6——14=20—12=8.
Da mesma sorte se nos pedirem o pri
meiro termo de huma proporção arithmética,
dados os tres ultimos, sommaremos os meios,
e da somma tiraremos o ultimo extremo co
nhecido, e o que resultar será o outro extre
mo. Assim v. g. dados os termos ..8:12.14, e
pedindo-se-nos o primeiro extremo, ajuntare
mos os meios 8 com 12, e da somma 20 ti
rando 14, ficará 6, que é o extremo pedido,
Resta mostrar como se acha o meio pro
porcional arithmetico entre dois números da
dos. Para este fim som mão-se os números, e
tira-se métade da somma delles. Assim v. g.
dados os números 12 e 24; cuja somma é 36,
e tirando-lhe métade temos 18, que é o meio
proporcional. -

* * * - • - *> "…

… Das proporções geométricas, e suas e


propriedades. * * +

219 Proporção geométrica como já disse


mos (n. 211) é a igualdade de duas razões
geométricas. Assim v. g. sendo a razão de 9
a 3 igual á de 12 a 4, estas duas razões fór
mão #ma proporção geométrica, que se ex
prime assim 9:3;;12:4, ou tambem assim à=#.
316 Noções
220 Quando a proporção constar de tres
termos; mas de fórma que o primeiro seja
para o segundo, como o segundo é para o
terceiro, como já dissemos (n. 214) se cha
ma contínua, e se exprime abbreviada assim
H 16:8:4, denotando o signal H que o termo
8 é ao mesmo tempo primeiro consequente, e
segundo antecedente.
Consequentemente na proporção contínua
o producto dos extremos é igual ao quadrado
do meio; porque como os meios são identi
cos, o seu producto será o quadrado de qual
quer delles. Assim v. g. na proporção =16:8:4,
o producto dos extremos 16 e 4, é igual ao
quadrado de 8, pois 16x4=64; assim como
8X8=64.
Por conseguinte para achar o meio pro
porcional geométrico entre dois números da
dos, multiplicão-se hum pelo outro, e do pro
ducto tira-se a raiz quadrada. Assim v. g. se
quizermos o meio geométrico entre os números
16 e 4, os multiplicaremos, e do producto 64
tiraremos a sua raiz quadrada 8 (n. 176) e te
TemOS ++] 6:8:4.
221 Porêm para acharmos o quarto termo
de huma proporção, dados os tres primeiros,
multiplicaremos o segundo pelo terceiro, e
dividiremos o producto pelo primeiro, e o
quociente mostrará o quarto. Assim v. g. que
rendo achar o quarto termo proporcional aos
tres 8:12::6, multiplicaremos 12 por 6, e divi
diremos o producto 72 por 8, e o quociente
9 que resulta, é o quarto termo proporcional,
o qual com os tres propostos fórmão a pro
porção 8: 12::6:9; o que se prova por ser a
DE ARITHMÉTICA. 31 7

primeira razão igual á segunda, pois #=ã,


assim como #=ã.
Igualmente se póde achar o quarto termo
de huma proporção, dividindo o 2.° pelo 1.",
e multiplicando o quociente pelo terceiro.
Assim tambem dados os meios, e hum
dos extremos de huma proporção, achar-se-ha
o outro, dividindo o producto dos meios pelo
extremo conhecido.
222 Do mesmo modo para achar algum
termo médio de huma proporção, multiplicão
se os extremos, e o producto divide-se pelo
meio conhecido. Assim v. g. dados estes ter
mos 8:.::6:9, e querendo achar o primeiro meio
proporcional, multiplicaremos os extremos 8
por 9, e dividindo o producto 72 por 6, o
quociente 12, que resulta, é o meio proporcio
nal ou o segundo termo da proporção 8:12::6:9.
223 Do que precede se seguem as seguin
tes propriedades da proporção geométrica.
1." Em huma proporção geométrica, o
producto dos extremos é sempre igual ao pro
ducto dos meios. Assim v.g. na proporção
8: 12:16:9, tanto os extremos 8 e 9, como os
meios 12 e 6 dão dois productos identicos,
pois 8x9=72, assim como 12x6=72: logo os
quatro geométrica.
porção termos 8, 12, 6, e 9 estão em pro

2.". Na proporção contínua geométrica, o


producto dos extremos e igual ao quadrado
do meio. Assim v. g. na proporção contínua
#16:8:4, o producto dos extremos 16 e 4 é
igual ao quadrado de 8: e com efeito 16x4=
64, assim como 8x8=64. •

3." Quando quatro quantidades forem taes,


318 • Noções
que o producto das extremas, seja igual ao
producto das médias, estão em proporção geo
metrica. Assim v. g. estas quantidades 6, 3,
8, e 6x4=3x8.
que 4 estão em proporção,
geométrica,
.……
por • •

224 Donde inferimos, que qualquer mu


dança feita em huma proporção geométrica,
que conservar a igualdade, entre o producto
dos extremos, e dos meios, conservará a pro
porção. : : • -

Logo em huma proporção geométrica po


demos fazer as seguintes mudanças, sem lhe
alterar o valor; bem como nas arithméticas.
1° Trocar os meios entre si, o que por
isso não muda o producto delles. ………… :
o 2.° Trocar os extremos entre si, pela mes
ma razão. , . . . *# :

3.° — Passar os meios para extremos, e os


extremos para meios, o que por isso não muda
o valor; e daqui provém outras mudanças,
como abaixo se manifesta. |-

… … Posta pois esta proporção 8:12::6:9, re


sultão pelas referidas
seguintes: º … mudanças…as proporções • .…

}
… :-* * * * * * , , : antec. conseg. º antec. · conseq.
Directamente........... 8 : 12 ; :: ; 6. : - "9
Alternando.............. 8 ; ; 6 :: , 12 : 9
Invertendo............. 12 : 8 :: 9 : ,6
Invertendo, e alternando. 12 : 9 :: 8 ; 6
Alternando, e invertendo. 6 : 8… :: * 9 : 12
Transpondo..….........…. 6 - : * 9 :: … 8 … : 12
Transpondo, e invertendo º : 6 :: 12s ; 8
Transp., invert., e altern, º : ;, 12 :: , 6 : 8
– … …..… -> . . …", ….. # -* # :;; : > 1

Donde se segue, que se quatro quanti


dades são directamente proporcionaes, o se
DE ARITHMÉTICA. 319

rão tambem alternando, invertendo, permu


tando, &c.; porque sempre conservão a pro
priedade do producto das extremas ser igual
ao producto das medias, º " … -
• ** * * 1* **** . .. É

…" Uzo das proporções. … …


225 º Do que deixamos enunciado em o
número 220, provém a regra de tres, ou regra
auréa, assim chamada pelo grande uzo, que
della se faz. Esta regra tém por objecto achar
o quarto termo de huma proporção, conhe
scidos os tres primeiros.
Já fica dito (n. 198) que os termos de
huma razão devem ser homogéneos, isto é, da
mesma natureza: assim o quarto termo, que
se procurar em huma regra de tres, deve ser
homogéneo com o terceiro, como o segundo
com o primeiro. O que se verificará, pondo
em terceiro termo da regra, a quantidade
enunciada, que for da natureza do termo in
terrogado.
... 226 Os termos de huma regra de tres se
dispõem, segundo o sentido da questão: donde
vém, que humas vezes resulta regra directa;
outras inversa. E directa, quando os termos
que se devem comparar tém a ordem dire
cta, isto é, quando o primeiro é para o se
gundo, como o, terceiro é para o quarto,
que se procura. É inversa, ou reciproca, quan:
do o segundo é para o terceiro, como o quarto
é para o primeiro; ou quando o terceiro é
para o segundo, como o primeiro para o quar
to; porêm na pratica costuma-se dizer, que
a regra é directa, quando o mais dá mais; e
32O Noções
o menos dá menos: e na inversa, quando o
mais dá menos; e o menos mais.
227 Tanto a regra directa, como a inversa
pódem ser simplices, ou compostas. Chama-se
simples, quando a questão, a que se applica
não involve mais que quatro quantidades, das
quaes se dão tres, e se pergunta a quarta.
Chama-se composta, quando contém mais de
quatro quantidades; porêm tenha quantas ti
ver, sempre se reduz á simples, porque sobre
tres termos é que se resolve a regra.
••

Da regra de tres directa e simples.

Exemplo 1.°
Certos jornaleiros trabalhando uniforme
mente fizerão em 20 dias 240 braças de obra:
pergunta-se quantas braças da mesma obra
farão em 35 dias, continuando a trabalhar da
mesma sorte ?
Pelo enunciado da questão se vê, que o
número interrogado das braças, deve ter para
o seu homogéneo 240", a mesma razão, que
35" tiver para 20". Logo o número das braças
deve augmentar na razão dos dias; para o
que resolveremos a proporção seguinte:
20º: 35º: ; 240° : , Xº=420º
* ** # 4 : 7 :1 240 : … .. . " , " *-*

…, … • - • 7 . * …, * ** * * }

-
-

-; ; ;* * * ----+

, , , , , … 1680 #4 º
… .…… …………… os 420 Braças. --
-* . . .* . * . .* * * * ** O - 3 - … * ** * *
DE ARITHMÉTICA. 321

Dispostos os tres termos da regra, como


acima se vê, observaremos, que entre os dois
primeiros 20 e 25 ha o divizor commum 5,
e sendo por elle divididos se reduzem a 4 e 7
(n. 208) com os quaes tornando a compôr a
regra, teremos 4º para 7", assim como 240°
para hum quarto termo. Depois multiplicando
o segundo pelo terceiro, e dividindo o pro
ducto pelo primeiro (n. 221) achamos o quo
ciente 420 Braças, que satisfaz a pergunta da
questão.
Exemplo 2.°
Tendo-se pago 520 libras por 160 toezas
de certa obra: pergunta-se quanto se deve
pagar por mais 360 toezas da mesma obra ?
Raciocinando como no primeiro exem
plo, vêremos que a regra é directa, pois o
custo relativo a 360", deve conter tantas vezes
o custo relativo a 160", quantas o número
360° contém o número 16o": pelo que pro
curaremos o quarto termo proporcional aos
tres termos seguintes:
160*: 360" :: 520 lº: X" — 1170"
16 ; 36 ; ; 520
4 : 9 : 520
• 9

4680 = 4
O6 1170 libras.
28
O

Simplificando os dois primeiros termos


160, e 360 ficão reduzidos a 4 e 9; e resol
2 |
322 Noções
vendo depois a regra, temos o quociente
1 170", que mostra o custo de 360", que se
pergunta no exemplo.

Exemplo 3.°

Suppondo que hum correio anda duas


legoas e meia por hora: pergunta-se em quan
tas horas andará 120 legoas?
Reflectindo, vêmos que o número das
horas que se pergunta na questão, deve ser
tanto maior que 1 hora, quanto maior é o
número 120 legoas, que o seu homogéneo 2 =
legoas: logo a éregra é directa, e a proporção
que a resolve •

24': 120":: lº: Xº=48*


2 2

5 240 .. 1 :
]

240 + 5
40 48 horas.
O

Reduzindo o primeiro, e segundo termos


a meios, e supprimido o denominador com
mum, fica a proporção 5:240::1:, e praticando
como nos exemplos precedentes, temos o quo
ciente 48, que é o número das horas preci
zas para o correio andar 120 legoas, como se
pergunta na questão. |-
DE ARITHMÉTICA. 323

Da regra de tres inversa e simples.


Exemplo 1.°
Se 24 obreiros fizerão certa obra em 16
dias: quantos dias são precizos para 64 obrei
ros fazerem outra tanta obra ?
Examinando esta questão se conhece,
que se 24 obreiros fizerão a obra em 16 dias;
64 obreiros a devem fazer em menos dias;
logo a regra é inversa, porque o mais deve
dar menos, e assim para a resolver é neces
sário inverter os antecedentes desta fórma:

64*: 24*:: 16°: Xº=6°


24

64
32

384 + 64
000 6 dias,

Resolvida a regra como nos exemplos


precedentes achamos 6 dias, que é o tempo
precizo para os 64 obreiros fazerem a obra;
como se pergunta na questão.
Exemplo 2.°

Huma embarcação tém biscoito para dar


dois arrateis diários a cada homem da sua
equipagem, por espaço de 25 dias: se porêm
a viagem deitar a 40 dias, quanto deve dar
2 l +
324 Noções e
por dia, para que o mantimento não venha a
faltar? º
E evidente, que a ração diária deve ser
tanto menor, que 2 arrateis, quanto maior é
o número de 40 dias, que o de 25 dias: logo
a regra é simples, e inversa, e a proporção
para a resolver é a seguinte:
404: 25º: ; 24: XA = 1* 4ºs:
2

50 + 40
} TITTF
16

I6 ºnç* #
O

Multiplicando o terceiro termo pelo se


gundo (por ser mais simples) e dividindo o
producto pelo primeiro achamos no quociente
1 arratel, e resta outro, que reduzido a on
ças são 16, as quaes divididas pelo mesmo
divizor dá 4 onças exactamente; e assim a
ração diária, se reduz a 1 arratel, e 4 onças
de biscoito.
Exemplo 3.°

Em huma Náo; cuja guarnição é de 480


homens ha mantimento para dar a cada hum
2 arrateis diariamente durante a viagem: se
no mar lhe metterem mais 160 homens, a
quanto deve reduzir a ração diária ?
E claro, que augmentando-se a guarni
ção a 640 homens, deve a ração ser tanto
DE ARITHMÉTICA. 325

menor que 2 arrateis, quanto maior é 640,


que 480; por conseguinte buscaremos o quar
to termo proporcional aos tres seguintes:
* . 640*: 480*:: 2 A: XA = 1 A 8 ººs.

960 # 640
32 l A 8 ººs.
16

192
32

512 ºf :
000

Praticando como no segundo exemplo,


temos o resultado 1 arratel, e 8 onças, que
é a que se reduz a ração diária, como se per
gunta na questão.

Da regra de tres composta.


Exemplo 1.°

Se 20 sapadores abrem 65 toezas de hum


fôsso em 6 dias: º 3o sapadores em quantos
dias abriráõ mais 130 toezas?
Examinando as duas proporções simpli
ces, de que consta esta questão, se conhece
que, a primeira é inversa, e a segunda dire
cta; porque se 20 sapadores abrem em 6 dias
65 toezas, 3o sapadores as abriráõ em menos
dias; porêm se 65 toezas se abrirão em 6
326 Noções:
dias, para se abrirem 130 toezas necessaria
mente serão precizos mais dias. Assim quanto
ao número das toezas a regra é directa; mas
quanto ao número dos sapadores é inversa:
logo para resolver esta questão é mister in
verter os antecedentes, e assim compondo te
TG II1OS - - -

30 x 65: 20 x 130 :: 6: X
30 2O

1950 *: 2600 * ; ; 6º:Xº=8|º


6

I 5600 4 1950
O 000 8 dias.

Multiplicando 65° por 30, e 130 por 20,


temos do primeiro 1950", e do segundo 2600".
Assim a questão se reduz a esta: se 1950° se
fizerão em 6°, em quantos dias se farão 2600*?
e procurando o quarto termo da proporção
1950: 15600::6": achamos o número pedido 8
dias. Por onde se vê, o que acima dissemos
(n. 226) que a regra de tres composta se re
duz sempre a huma simples.
*** * * * * * * * --
-*** *** * ; , … - |-

… Exemplo 2.° e º
- * * * *** * * *

Constando a guarnição de huma praça


de 2600 homens, e tendo mantimento para
dar a cada hum 2 arrateis por dia, durante o
sitio de 6 mezes: se lhe metterem mais 14oo
homens, e o sitio durar sómente ó mezes,
DE ARITHMÉTICA. 327

quanto poderá dar de ração diária a cada


homem ?
Neste exemplo ha duas coizas diversas;
porque pelo augmento da guarnição, a ração
diária deve diminuir; e pela diminuição do
tempo a ração deve crescer: logo a questão
reduz-se a perguntar, se podemos dar 2 arra
teis por dia a 2600" pelo espaço de 6 mezes,
quanto daremos a 2600".--1400" pelo espaço
de 5 mezes. A regra é inversa, e a proporção
que a resolve é a seguinte: -

5x4oooº: 6x2600*:: 2 *: XA
5 6

2ooooº: 15600*:: 2º: Xº=1" e "º 7* #


2

3 1200 # 2.0000
']? l A Bººr. 7 oit. #

672
1 I2

1792 ººr: #
192
8

1 536 " +
136 — 24 — 11
Zoo - 5o - 25

Resolvida a proporção como acima se


manifesta, vêmos que se póde dar lº 8" 7"
# de ração diária a cada homem.
328 Noções

Exemplo 3.°
Tendo-se empregado 3 arrobas de lãa no
tecido de huma peça de panno com 1500 pal
mos de comprimento, e 7 +" de largura: quan
ta lâa se deve empregar em outra peça de
igual tecido, que tenha 2500” de comprimento,
e 63 º de largura ? |-

Está claro, que para resolver este exem


plo, é necessário attender ás duas circum
stancias, de comprimento, e de largura de
ambas as peças. Assim a regra é directa, e
a proporção é a seguinte:
15ooºx7;:25ooºx6;::3":X*
I
73 6;
|10 500 l 5000
prod. do # 750 625 prod. do 2
11250°: 15625":3º:Xº=4° 5° 5…;
3

46875 + II 250
1875 4A-" 5A 5… #
32

375 0
5 625

60000" ?
3750
|6

22500
3750 -

60000"º # *1
**= *** 5
23. — I =#==
- 125 O I I25
- 225 - A 5 # -
DE ARITHMÉTICA. 329

Resolvida a proporção achamos ser pre


cizo 4" 5° 5° § de lãa para se fabricar a se
gunda peça, como se pergunta na questão.

Da regra de companhia.
228 A regra de companhia serve para
averiguar o ganho, ou perda correspondente
a cada hum dos companheiros associados com
relação aos fundos, com que cada hum en
trou, e ao tempo que existirão em giro. Po
rêm o seu objecto em geral, é dividir huma
quantidade em partes proporcionaes, a quaes
quer números conhecidos.
Divide-se esta regra em simples, e com
posta: cha-se simples, quando os fundos, ou
as entradas dos companheiros permanecem
em giro hum mesmo espaço de tempo; e
chama-se composta, quando o tempo é di
verso. Trataremos primeiro da simples, e de
pois da composta, por meio dos exemplos se
guintes.
Exemplo 1.°
Pertende-se dividir 3150 libras entre tres
companheiros, de modo que a parte do 1.°
seja como o número 5, a do 2.° como 7, e a
do 3.° como 9: pergunta-se quaes são as di
tas partes ?
A resolução desta especie de questões,
consiste em praticar a regra de tres (n. 225)
tantas vezes, quantas são as partes, que se
buscão. Deste modo a somma das partes co
nhecidas é sempre o primeiro termo de cada
Proporção, o segundo a quantidade, que se
330 Noções
pertende dividir, e o terceiro a parte conhe
cida relativa á que se busca. Assim para re
solver o exemplo proposto, sommaremos as
partes 5+7-1-9=21; cuja somma será o pri
meiro termo das tres proporções seguintes:
21: 315o:: 5: X= 750" parte do 1.°
5

] 5750 # 2 |
105 750"
00

21:3150 :: 7: X=1050" dita do 2.°


7

22050 # 2 |
| 05 l050* * -

OO *

21:315o:: 9:X=1350" dita do 3." …


9 -

3150" prova.
28350 # 2 |
… 78 T350" …
, , 105 |- ** *
** OO • * •

# -" :

Das tres proporções precedentes resultão


as partes 750", lo5o", e 1350", as ques som
madas fazem 3150", donde inferimos estarem
as operações certas. - ?." . * .* #

> " - - - - , ,, , , , , ….…… … :


DE ARITHMÉTICA. 33 |

Exemplo 2.

Tres sujeitos fizerão sociedade, para a


qual entrou o 1.° com 200 moedas, o 2.° com
240, e o 3.° com 280; ganharão 144 moedas;
pergunta-se quanto pertence a cada hum?
Temos pois que repartir 144 moedas em
tres partes proporcionaes aos tres números
200, 240, e 280, ou a 20, 24, e 28, os quaes
sommados fazem 72, que será o primeiro ter
mo das proporções seguintes:

72: 144:: 20:X= 40"


72: 144: ; 24: X = 48"
72: 144:: 28: X = 56"

prova 144"

Resolvidas as tres precedentes regras,


como no primeiro exemplo, vêmos que ao
primeiro sujeito pertencem 40", ao segundo
48", e ao terceiro 56"; cujos resultados som
mados fazem justamente 144", o que prova
estarem exactas as operações. …
Como nem sempre se intenta conhecer
o ganho, ou perda de cada hum dos compa
nheiro associados para algum negocio, pro
ponho o seguinte exemplo (cujas quantidades
são as mesmas do precedente, o que servirá
de comprovação para ambos) o qual se limita
a averiguar a entrada de cada hum, dando-se
os ganhos parciaes, o capital, e o ganho total,
332 - Noções

Exemplo 3.°
Tres negociantes associados ajuntarão
para certo negocio 720 moedas, e ganharão
144 moedas, das quaes tocou ao 1.° 40", ao
2.° 48", cada
entrou e ao hum?
3.° 56": pergunta-se com quanto
• • •

Neste exemplo o 1.° termo de cada pro


porção será o ganho total 144 moedas, o 2.°
o capital 720 moedas, e o 3.° o ganho parti
cular de cada socio, como abaixo se mostra.
144: 720 ::40: X = 200 º entrada do 1.° .
40

28800 # 144
OOO 200"
144: 720 :: 48: X=240" dita do 2.°
48

5760
2880 • , ,

34560 # 144 -:- - - … !


376 240 º , ,, ; 3 - … é
00 |- ", ? > * *

144: 720 :: 56: X = 280 º dita do 3."… …


56 ---- # "

720" prova. . « *
4320 : - - - * - - -

"… 3600 , - - º

, , , , , , 40320 # 144 , , , : -. .
… , , , l l 52 280" • . . . … * # :;
…; … 000 | * ". . . 2….:. .:: . "
DE ARITHMÉTICA. 333

Exemplo 4.°
Os fundos de huma companhia de tres
negociantes produzirão 1:000 moedas de in
teresse, para a qual entrou o 1.° com 2:000
moedas por anno e meio, o 2.° com 2.500
moedas por hum anno, e o 3.° com 2:400
moedas por dez mezes: pergunta-se quanto
pertence a cada hum?
Este exemplo é da regra de companhia
composta, ou com tempo; porêm facilmente
se reduz á simples reflectindo, que 2:000
moedas em anno e meio, ou 18 mezes, de
vem produzir o mesmo que 18x2000=36000
em 1 mez; que 2:500 moedas em 1 anno, ou
12 mezes, devem tambem produzir o mesmo
que 12x2500=30000 em 1 mez; e que final
mente 2.400 moedas em 10 mezes, o mesmo
que 10x2400=24000 em 1 mez.
Logo a questão se reduz a saber, quanto
do interesse total 1:000 moedas pertence a
cada huma das entradas, multiplicadas pelos
seus respectivos tempos, reduzidos estes a
huma mesma especie de unidades, o que se
consegue praticando como nos precedentes
exemplos. Assim reuniremos os tres productos
36000-1-30000--24000, ou 36--30--24=90, e
esta somma será o 1.° termo das tres propor
ções seguintes:
90: 1000 :: 36: X = 400 º interesse do 1.°
90: 1000::3o:X=3333" dito do 2 º
90: 1000:24:X=266㺠dito do 3.°
prova 1:000"
334 Noções
Por onde se vê claramente, que na regra
de companhia composta, multiplicadas as en
tradas pelos seus respectivos tempos, segue
se em tudo mais, como na regra simples.
Da regra de falsa pozição.
229 Chama-se regra de falsa pozição aquel
la, em que se suppõem hum, ou dois núme
ros para se descubrir outro, ao qual forão
postas certas condições.
Divide-se em simples, e composta: cha
ma-se simples, quando se suppõem hum so
número, o qual se denomina hypothese, e com
posta quando se suppõem dois números, ou
duas hypotheses.
A pozição simples póde-se resolver pela
composta; porêm nunca ao contrário, e deste
# bastaria darmos regra para a suppozi
ção composta, pois nella se incerra a simples;
mas como por esta se resolve algumas ques
tões facilmente, por isso explicaremos huma,
e outra. •

A pozição simples pratica-se da maneira


seguinte. Suppõe-se hum número qualquer,
em lugar daquelle, que buscamos, com o
qual se procede conforme o theor da questão,
e se o resultado, satisfizer as condições della,
o número que suppozemos é o dezejado; po
rêm não satisfazendo, então uzaremos da re
gra de tres simples, e directa, na qual deve
servir de primeiro termo o resultado da hypo
these, de segundo o número, que devia resul
tar, e de terceiro o número da mesma hypo
these.
DE ARITHMÉTICA. 335

Exemplo 1.°
Qual é o número, que o seu é, É, e §
reunidos fação 3232 ?
Para resolver esta questão podemos to
mar hum número qualquer para hypothese ;
porêm para evitar quebrados, multiplicaremos
os denominadores 3, 5, e 7, e o producto 105
que resulta, tomaremos por hypothese, e della
buscaremos as partes enunciadas na questão,
como se segue: •

hypothese......... . . . 105

hum têrço ........ ... 35


hum quinto .......... 21
tres setimos.......... 45

resultado da hypothese 101


Como o resultado da hypothese não sa
tisfaz a pergunta da questão, faremos a pro
porção seguinte:
101: 3232 :: 105: X
| 05

} 6 ] 60
3232

339360 # 1 0 1
363 3360 número pedido.
606
000

Resolvida a precedente proporção, re


sulta 3360, que é o número, que se pergunta
336 Noções
na questão, pois o seu têrço, quinto, e tres
setimos reunidos fazem 3232, como abaixo
Se mostra : • • •

número pedido 3360


hum têrço .... 1120
hum quinto... 672 |-

tres setimos... 1440 * * * *

*-

prova... 3232

Exemplo 2.°
Hum mercador comprou huma peça de
veludo, duas de pannos, e tres de sedas tudo
por 300 moedas: o panno custou o duplo da
seda, e esta o triplo do veludo: pergunta-se
quanto custou cada huma das fazendas ?
Para descubrir o custo das ditas fazen
das, principiaremos pelo o do veludo, que
segundo o enunciado na questão é o me
nor, e suppondo v.g.: que o veludo custou
10 moedas, logo a seda custou 30 moedas,
que é o triplo de 10; e consequentemente o
panno custou 60, que é o duplo de 30. Som
mados os tres números 10, 30, e 60 fazem a
somma 100 moedas, e devião fazer 300; logo
a supposição é falsa; mas podemos conduzir.
á verdade por meio da proporção seguinte:
100: 300 :: 10: X
IO
*=•=-

• 3000 + 100
* - - - O 30 moedas..
DE ARITHMÉTICA. 337

Feita a operação resulta 30 moedas, que


é o custo verdadeiro do veludo, e conforme
as condições da questão o custo da seda deve
ser 90 moedas, que é o triplo de 30; e pelas
mesmas condições o custo do panno deve ser
180 moedas, que é o duplo de 90. Agora reu
nindo os números 30--90--180, temos a som
ma 300 moedas, que é igual ao número dado
na questão, por onde se mostra, que a ope
ração está certa; e do contrário não o es
taria.
Na regra de suppozição composta, ou de
duas falsas suppozições, a qual é mais univer
sal, que a antecedente, pois com ella se pó
dem tambem resolver as questões da simples,
como fica dito, praticaremos da maneira se
guinte.
230 Toma-se arbitrariamente hum número
por hypothese, como na regra simples, e con
forme as condições da questão, observaremos
se o resultado satisfaz, ou não ás mesmas con
dições. Não satisfazendo, toma-se outro nú
mero qualquer, e procedendo com elle do
mesmo modo, vêremos o que delle resulta.
Se tambem não satisfizer, então neste cazo
formaremos huma proporção, na qual o pri
meiro termo seja a differença dos resultados
das duas hypotheses: o segundo a diferença
entre o resultado da primeira hypothese, e o
número que devia resultar; e o terceiro a
diferença das duas hyptheses, e assim tere
II1OS ;

Como a diferença entre os resultados das


duas hypotheses, e para a diferença entre o re
sultado da primeira hypothese, e o verdadeiro
22
338 - Noções
resultado, como a diferença entre as duas hy
potheses para hum quarto termo. Este se som
mará, ou se subtrahirá da primeira hypothese,
conforme ella for menor, ou maior.

Exemplo 3.”
Tres negociantes ganharão 800 moedas;
porêm não se sabe o ganho de cada hum, e
so ha noticia, que o segundo teve mais que
o primeiro 64 moedas; e o terceiro mais que
o segundo 86 moedas: pergunta-se quanto é
o ganho de cada hum? •

Tomaremos hum número que facilite a


operação, v. g. 10 moedas, e supporemos
que este é o ganho do primeiro; e porque o
segundo teve mais 64 moedas, que o primeiro,
será por conseguinte o ganho do segundo 74
moedas; e como o terceiro ainda teve mais
que o segundo 86, serão 160 moedas o seu
ganho, e sommando estes tres ganhos 10 do
primeiro, 74 do segundo, e 160 do terceiro
fazem 244 moedas, e devião fazer 800; logo
a suppozição foi falsa.
Escolheremos agora outro número, v. g.
20 moedas, que suppomos ser o ganho do
primeiro; logo o do segundo será 20-I-64=84
moedas, e o do terceiro será 84--86=170
moedas, e sommando-os temos 20-H84-+-170=
274 moedas, e devião ser 800, por conse
quencia tambem esta segunda suppozição foi
falsa.
Agora praticando conforme a regra toma
remos a diferença dos resultados 274—244=
30, depois de 800—244=556, depois de 20—
DE ARITHMÉTICA. 339

10=1o, e com estas diferenças formaremos


a proporção seguinte:
30 : 556 , 10 :
…IO

5560 + 30
25
|6
1853 moedas, •

*: . • 3I * * * * . * * *- *

Resolvida a precedente proporção acha


mos o quarto termo 1853 moedas, que junto
á primeira hypothese, 10 moedas, faz 1955
moedas, que é o ganho do primeiro, e con
sequentemente o ganho do segundo será 1953
--64=2595 moedas, e o do terceiro será 259 4
--86=3453 moedas, e sommando estes tres
ganhos temos 1953 + 259 # -- 345 #= 800 moe
das; cuja somma é igual ao número proposto,
o que prova estar certa a operação.

Da regra de Liga, ou de Mistos,


* \* *

231 . A regra de liga, ou de mistos, é hum


méthodo, pelo qual determinamos o valor de
hum misto composto de simplices de dife
rentes valores; como tambem para sabermos
a quantidade de cada simples, de que se com
põe hum misto; cujo valor se determina.
Divide-se esta regra em directa e indire
eta, ou inversa. Chama-se directa, quando se
dão as quantidades dos simplices, que se hão
de misturar, e os seus respectivos preços, e
pertendemos determinar o preço do composto,
22 %
340 Noções
que resulta. Chama-se indirecta, ou inversa,
quando se dão os preços dos simplices, que se
hão de misturar, e se pertende saber a porção
de cada hum delles, que devem compôr o
misto, para este valer o preço determinado.
A directa resolve-se da maneira seguinte.
Multiplicão-se as quantidades pelos seus respe
ctivos preços; depois reunem-se os productos, e
a somma destes divide-se pelo total das quan
tidades, e o quociente mostrará o valor que se
busca.
Exemplo 1.°
Pertende-se misturar 6 arrobas de certo
género de 73000 rs. por arroba, com 8 arro
bas de 103000 rs., e finalmente com mais 10
arrobas de 133000 rs.. tambem por arroba:
pergunta-se o preço médio da arroba do misto?
Praticando conforme a regra, multiplica
remos cada quantidade pelo seu respectivo
preço, e teremos 6x7000=42ooo, depois 8x
10000=80000, e por ultimo 10x18000=13000o,
e reunindo os productos 42000--80000--130000
=252000; dividiremos esta somma pelo total
das quantidades 6--8--10=24 arrobas, e o
quociente será o preço médio da arroba do
misto. E com efeito **#*=10500 rs. preço,
que se pergunta na proposta.
Exemplo 2.°

Hum ourives pertende ligar 6 marcos de


oiro de 22 quilates, com 8 de 20, e 10 de 15:
pergunta-se a quanto fica reduzido o quilate
da liga ?
DE ARITHMÉTICA. 34 L

Considerando os quilates como preço do


marco, praticaremos como no exemplo prece
dente, multiplicando 6x22=132, depois 8x20=
160, e 10x15=150. Reunindo os productos
132-4-160-1-150=442, e dividindo esta somma
por 24 total das quantidades temos o quo
ciente 18;#, que são os quilates da liga, que
se pergunta na proposta.
Pela resolução dos precedentes exemplos
se verifica, o que acima dissemos, e conclui
mos, que para determinar o preço de qual
quer composto, dados os preços, e quantida
des dos simplices, se deve sempre multiplicar
a porção, que se ha de tomar de cada sim
ples pelo valor do mesmo simples, e depois
dividir a somma dos productos, pela somma
das quantidades.
232 Na regra indirecta, ou inversa, sendo
sómente duas as quantidades, que se hão de
misturar, é necessário fazer duas proporções,
mas quaes o primeiro termo seja a ####
entre os preços dos simplices: o segundo o nú
mero do composto; e o terceiro, em huma a dif
ferença entre o preço do composto, e do simples
de maior valor; e em outra a diferença entre
o preço do composto, e do simples de menor
valor. O resultado da primeira será a porção,
que se deve tomar do simples de menor valor;
e o resultado da segunda será a porção, que
se deve tomar do simples de maior valor.

Exemplo 3.°
º Querendo-se ligar oiro de 18 quilates,
com outro de 223 quilates, que porção se
342 … Noções
deve tomar de cada hum, para que o total do
misto seja 16 marcos de oiro de 20 à quilates?
Procedendo conforme a regra (n. 132)
tomaremos a diferença entre os preços, ou
quilates dos simplices, e teremos 224 —18=
4#; depois entre o preço, ou quilate do com
posto 202, e eada hum dos outros, e teremos
224 — 20 # = 2, e 20 # —18=23 Agora busca
remos o quarto termo das duas proporções
seguintes: •
**

44: 16:2:X=7"; , ,
|- 4 #; 16:23:X= 8"; * * * *

Resolvidas as precedentes proporções (n.


221) achamos que se deve tomar 7"; do oiro
de 18°, e 8"; do de 22**, e sommando estes
dois resultado 7";, e 8" é dão justamente
16"; cuja somma é igual ao número dado 16
marcos, por onde concluimos estar certa a
operação. - …*
• * * * * Exemplo 4." -, " ";
* * * * ** . . •

Hum ourives tém 8 marcos de oiro de 23


quilates, e quer reduzi-los a oiro de 20 # qui
lates: pergunta-se
deve ajuntar? … :que
"… porção
… a
de cobre lhe •

Tome-se a diferença entre os quilates


dos simplices; e teremos 234–2042=2;, que
servirá
guinte: de segundo termo da proporção se - •

o a 1. a 1 .. s.v. .* * * *_*

…....203:25:8; X, . …. .
2 2 -

41 : 5::8:X=#", ou (n. 151)


4 I

7"º 6" nº 7° e # de hum grão, e tanto é a


porção de cobre, que se pergunta na questão.
DE AR1THMÉTICA. 343

Assim em outros cazos similhantes, de


vemos sempre calcular o quarto termo de
huma proporção, onde o primeiro termo sejão
os quilates, a que o oiro tém de ser reduzido:
o segundo a diferença entre os quilates dos
simplices; e terceiro o número dado.
Nas lotações, sendo quatro, seis, oito,
&c., as quantidades, que se quizerem mistu
rar, praticaremos da maneira seguinte.
Escrevão-se os números dos preços, como
seios quizessemos reunir, e ao lado esquerdo
assente-se o número do preço medio: dispostos
os números desta maneira, proceda-se na lota
ção (comparando-os sempre com o preço mé
dio) do primeiro com o ultimo, e deste com o
primeiro; do segundo com o penultimo, e deste
com o segundo, alternando sempre até o fim da
operação, e carregando as quantidades ao lado
opposto
plo de cada, hum,
se vé. -
como; "> no
.•
seguinte -exem
"... »

Exemplo 5.° … - … :)

Hum mercador tém quatro qualidades de


vinho para misturar, a saber: de 33000 rs. o
almude, de 2,3700 rs., de 2,3300 rs., e de
23200 rs. Pertente saber, que porção de al
mudes deve tomar de cada qualidade para
poder vender o almude da mistura a 2,3400 rs.
ºf i > >> 3000 |
#* * * • • • , , ,
24oo ] 2799
gritº """" ) 2.300
almudes. . .
º egº - *: (2200 a.* -* * * : ; }

*** * * *

total dos ditos.


344 Noções
Dispostos os preços segundo a ordem da
questão, conheceremos que a diferença en
tre a primeira qualidade, e o preço médio é
de 600 almudes, os quaes assentaremos adiante
da ultima, e a diferença desta para o preço
médio, que são 200 almudes, escreveremos
adiante da primeira; e desta fórma teremos
feita a mistura da primeira, e ultima qua
lidade. Agora praticando da mesma sorte
com a segunda qualidade, vêremos, que a
sua diferença para o preço médio é de 30 o
almudes, que escreveremos adiante da penul
tima, e a diferença desta, que é 100, escre
veremos adiante da segunda; e por conse
quencia teremos feita a mistura da segunda,
e penultima qualidade. Pelo que tendo con
cluido a lotação, conhecemos, que toda a mis
tura se deve compôr de 200 almudes do preço
de 3,3000 rs., de 100 do preço de 23700 rs.,
de 300 do preço de 23300 rs., e finalmente
de 600 do preço de 2,3200 rs., e que os refe
ridos almudes reunidos fazem o aggregado
1200 almudes, os quaes se pódem vender a
23400 rs.
Agora se quizermos saber se a mistura é
cabal, multiplicaremos as porções achadas
pelos seus respectivos preços, isto é, 3000x
200=600000, 2700x100=270000, 2300x300=
690000, e 2200x600=1320000, e reunindo os
productos dividiremos o seu aggregado 2880000
pelo total das porções 1200 almudes, e dará
2400 no quociente, que é o valor determina
do, ou o preço médio do almude, que se
pergunta.
*
DE ARITHMÉTICA. 345

Da regra de Juros.
232 A regra de Juros, ou de Interesses é
huma operação, que serve para averiguar o
anho, que corresponde a certa quantia de
#o conhecido o que produz huma parte
do mesmo dinheiro em qualquer tempo.
O fundamento desta regra consiste nas
regras de tres simples, e composta; porque
todas as questões
por ellas (n. 227). desta natureza se resolvem

A regra de juros póde ser considerada


de tres maneiras, ou póde ser divida em tres:
1.° quando se requer o juro de hum capital,
no prazo commum de hum anno, e então se
chama regra de juros simples: 2.° quando o
capital esteve a juros em hum prazo maior, e
neste cazo chama-se regra de juros composta,
ou com tempo: 3." quando se pede os juros
não so do capital primitivo; mas tambem do
augmento, que o mesmo capital tém tido pela
accumulação dos juros vencidos, que não fo
rão pagos em prazos determinados; ou que o
capitalista tém deixado de receber para au
gmentar o seu capital, e então se chama re
gra de juros de juros, ou regra de juros com
+

postos.

Da regra de juros simples.


Exemplo.
Pergunta-se quanto rende em hum anno
a quantia de 1:6003000 rs. a juro de 5 por ??
346 Noções

Resolução.
> Esta questão resolve-se por huma regra
de tres simples, pelo que buscaremos o quarto
termo da proporção seguinte:
100 : 5:: 1600000:X
20: 1 :: 1600000: X
- I

I 600 000 # 2.0

oo r" Boooo juro.


Logo 1:6003 rs. em hum anno rende 803 rs.
Advertencia. Antes de resolver a prece
dente regra de tres, simplifiquei os dois pri
meiros termos, por ser a razão de 100:5 igual
á de 20:1 (n. 207), e o mesmo tenho já pra
ticado, e continuarei a praticar em os mais
exemplos, o que é de grande utilidade como
fica dito (n. 208).
Da regra de juros composta, ou com tempo.
Exemplo 1.° *. .

* Pertende-se saber, quanto vence a quan


tia de 6003000 rs. em 2 annos, e 5 mezes a
razão de 5 por 3 em cada anno ? …

Resolução.
… Esta questão póde-se resolver tambem
por huma regra de tres simples, em se adver
DE ARITHMÉTICA. 347

tindo, que 100 em hum anno, ou 12 mezes


deve produzir o mesmo interesse, que 12 ve
zes 100, ou 100x12=1200 em hum mez, e
que 6003000 rs. em 2 annos, e 5 mezes, ou
29 mezes devem tambem produzir o mesmo
interesse, que 29 vezes 6003000 rs., ou 29X
600000=17400000 em hum mez. Feito isto a
questão se reduz a buscar o quarto termo da
proporção seguinte:
Ar *** *

1200 : 5: 17400000 : X
240: 1 :: 17400000: X

} 740 0 0 0 0 + 240
O 60 72500 juro.
* * * * * * I2O
… … Q0O

Exemplo 2.°
Hum negociante pôz certo capital a juro
de 5 por $, por tempo de 2 annos, e 5 mezes:
findo o qual recebeo 723500 rs. de juros. Per
gunta-se quanto é o capital?
• •

Resolução.
Buscaremos primeiro o ganho de 100 em
2 annos, e 5 mezes a 5 por $, para o que
multiplicaremos 29 por 5, e dividiremos o
producto por humanno, ou 12 mezes, e as
sim teremos 29x5=145, depois 145+12=123
quociente, que servirá de primeiro termo da
proporção seguinte, na qual faremos este ra
348 Noções
ciocino: se 12 # provém do capital loo; de
2

quanto provirá 72500, e assim: * - -

12 #: 100 :: 72500:X
12 12

25 - 200
12 100
* --…

145 : 1200 :: 72500 : X


29 : 240 :: 72500
• 240
:X

2900000
I 45000

17400000 # 29
000 600000 Capital.

Exemplo 3. *
* **
|- • •

Em 6723500 rs. está incluido capital, e


juros vencidos em 2 annos, e 5 mezes a razão.
de 5 por 2: pergunta-se o capital?

Resolução.

Para resolver esta questão, é necessário


primeiro achar o interesse de 100, e assim
praticando como no precedente exemplo te
remos 29x5=145, depois 145+12=12#; cujo
DE ARITHMÉTICA. 349

resultado ajuntaremos a 100, e a somma 112=


será o primeiro termo da proporção seguinte:

112 =: 100:: 672500:X


12 12

225 200
] 12 |100

1345 : 1200 :: 672500:X


269 ; 240 :: 672500:X
240

26900000
1345 000

1 6 1400000 # 2.69
OOOO 600000 Capital

Exemplo 4.°

Pergunta-se o tempo necessário para o


Capital 6003000 rs. produzir 72$500 rs. a ra
zão de 5 por 3 ao anno ?
Resolução.
Procuraremos primeiro o juro de 100 em
o incógnito tempo, pela proporção seguinte:
600000: 72500 :: 100: X
|100

7250000 # 600000
125
5 1
12 = juro de 100
é o " 12
350 Noções
Agora dividiremos o resultado 12#, por
5 juro annual de 100, e teremos
* — 145 — o 25 — 5
12 = # 5=
145 - 5 — 14 5
12 - I - I2 x+=#
- é o = 2 # = 2=,
I 2 2 ou 2 annos, e

5 mezes, que é o tempo que se pergunta na


questão.
Exemplo 5."
Hum sujeito pôz a juro a quantia de
6003000 rs., e passados 2 annos, e 5 mezes
recebeo 723500 rs. de juros, pertende saber
a quantos por 3 lhe sahio ?
O

Resolução.

Praticando como no precedente exemplo,


buscaremos o quarto termo da proporção se
guinte:
600000 : 72500 :: 100: X
| ()()

7250000 + 600000
125 12 =
&o - 12 -

E dividindo o resultado 12 = por 2 annos,


e º mezes; ou #; teremos 12 ###=#x}=
(n. 141) **x;= *?= 5, que é o juro annual
de 100, que se pergunta na questão.
Exemplo 6.”

Pergunta-se finalmente a quantos por 3


se deve pôr a juro o capital 2400 moedas,
para que dentro em 4 annos, e 8 mezes che
gue a 3072 moedas?
DE ARITHMÉTICA. 351

Resolução.

Este exemplo é analogo ao precedente,


pelo que discorrendo do mesmo modo dire
mos: se 2400" sobem a 3072" dentro em 4
annos, e 8 mezes; a quanto subiráõ 100" no
mesmo tempo, e assim teremos a proporção
seguinte: •

2400:3072 :: 100: X
| ()()

307200 # 2.400
• 67 - 128 moedas.
- 192
- - - - , -, - O ()()

O resultado da precedente proporção mos


tra que 100" sobem a 128", ou ganha 28" em
4 annos, e 8 mezes: logo dividindo 28" pelo
dito tempo, ou por #4 do anno, o quociente
mostrará o que rendem em hum anno, isto é,
a quantos por 3 sahe ao anno o dito ganho, e
por conseguinte teremos 28 * #=283 *=#x
#=#= 6 por 3, que se pergunta na questão.
233 A's precedentes regras de juros póde
ser reduzida a dos descontos, abatimentos, se
guros, &c., discorrendo do mesmo modo, pois
em todos estes negocios se trata de saber
quanto se deve receber, ou pagar por huma
certa quantia, suppondo conhecido o interesse
que produz outra, em tempo determinado.
352 Noções

Exemplo 7.°

Pertende-se descontar huma letra de


cambio de 1:2003000 rs. a # por 3 ao mez,
que lhe falta para seu vencimento 80 dias:
pergunta-se quanto é o desconto.
Resolução.
O melhor méthodo de resolver estas
questões, para não haver lezão, é por meio de
huma regra de tres composta: ora o desconto
de 3 por 3 ao mez corresponde a 6 por 3 ao
anno; e assim diremos, se 100 em 365 dias
que tém o anno rende 6, quanto renderá a
quantia proposta em 80 dias, logo compondo
teremOS :

100 x 365 : 6 :: 1200000 x 80 : X


365 8O

36500 : -6 . . 96000000 :
6

576000000 # 36 500
2 I 10 15780 #desconto
2850 da letra

2950
300 — «o
365 T 73

A mesma operação por outro méthodo,


que é o mais uzual, no qual se regula o mez
DE ARITHMÉTICA. 353

por 30 dias, e por conseguinte o anno por


360 dias, a que chamão pratica mercantil,
1200000 t, . . . . ":" .
I
2 i

6000 desconto de 1 mez.


2

12000 dito de 2 mezes.


3000 dito de 15 dias.
1000 dito de 5 dias.
*-****

R. 16000 desconto da letra.

Resolvi o precedente exemplo por dois


méthodos, para mostrar a diferença, a qual
neste cazo é digna de desprezo; porêm não
o será em outros, em que os capitaes sejão
muito maiores, e tambem os prémios, e o
prazo. - *

Exemplo 8."

Pergunta-se quanto importa o rebate de


huma letra de 2:6003000 rs. a 2 por 3 ao mez,
que se vence em 90 dias ?

Resolução.

Discorrendo como no exemplo preceden


te, vêremos que o premio de 2 por 3 ao mez,
corresponde a 9 por 3 ao anno, e fazendo uzo
23
354 … "Noções , º
da regra de tres composta, buscaremos o quarto
termo da proporção seguinte: … * . * * * *
100 X 365 : 9 . . 2600.000 X 90,5 X * *
365 90 •

36500 : 9 :: 234oooooo: º "º


9 3
- • ----+

21ooooooooººººoo
… 2810
.
e ºs 5769844 rebate da
.…2550 *** e *. * #*# . letra.
3600 —
… A "31ão cº-ºs cºmº : " %}
230 _4 &
… º ovias… 3657757a e fºio… #
letti# e se º #1, # 1 e #cou º # - ºu º
…foi mºrte… :oxo……… …}, ……… e º essa ………
"fiº… …" # …" Exemplo 9.°onino era à 1 - …
e º . -ei… o 2o tudº *# … eis… o " .….
- |- .ns: ".…;

Hum sujeito pedio 60 moedas empresta


das por 2 annos, e a pessoa que lhas empres
tou, quiz logo descontar 10 por 3 de premio
ao anno, e que lhe passa-se huma obrigação
do todo: pergunta-se quanto deve o sujeito
receber? … = s …, … . . . s … " e ……
Resolução.…… ……… rs… …

E manifesto que neste cazo, quem em


prestou as 60 moedas quer, que cada 100 em
humanno chegue a 110, e em dois a 121: logo
o mais que póde pertender é dar huma quan
.tia, que em dois annos chegue a 60 moedas,
<suppondo que 100 no mesmo tempo chegue
5. •
DE ARITHMÉTICA. 355

a 121, pelo que a questão reduz-se a buscar


o quarto termo da proporção seguinte:
121: 100 :: 60: X
|- I 00
* -- : A

6000 + I2 |

1160 49 # moedas.
71

O resultado da proporção mostra, que o


sujeito deve receber 49 moedas e # de
moeda, ou 49 moedas e 28 16 # reis.
Este é o méthodo, que se deve uzar em
todos os negocios de descontos e rebates, pois
é o que a razão persuade, e o mesmo se deve
uzar nos juros vencidos.

Regra de juros de juros, ou juros compostos.


Exemplo,
…… Pergunta-se a quanto chegará o capital
200 moedas posto a juro, e juro de juro em
4 annos, sendo o juro annual de 5 por É º
** *

Resolução. … "
• • {{.

100 em 1 anno ganha 5, e então no fim


do primeiro anno chega a 105: estes 105 a 5
O
por 2 no segundo anno chegaráõ a 110,25:
estes 110,25 em 3 annos chegaráõ a 115,7625:
estes finalmente em 4 anmos chegaráõ a
121,550625. .
Sabendo-se pois, que 100 moedas a juro
composto de 5 por 2 em 4 annos chegão a
23 +
356 … . . Noções : º
121,550625, fica facil agora saber as zoo moe
das, a quanto chegaráô, para o que buscare
mos o quarto termo da proporção seguinte:
100: 121, 550625:: 200 : X=243, 10 135, ou
243 moedas, e 486”,48.
Este é o méthodo mais correcto, que se
póde uzar em questões de juros compostos,
o qual não depende mais, que do uzo das
regras, que temos explicado. * * * * * * * * *

* * ** ** * CAPITULO VIII.
* ** . * ; , , , " " " …, , , , ,… " . •

º " … Das Progressões.


334 Progressão é huma serie de números,
que se vão excedendo com alguma diferença
proporcional. •

Ha dois géneros de progressões, Arithme%


tica, e Geométrica.
335 Progressão Arithmetica, é qualquer
número de termos contínuos proporcionaes
em razão arithmética; cuja diferença é sem
pre a mesma.
336 , Progressão Geométrica, é qualquer nú
mero de termos contínuos proporcionaes em
razão geométrica; cujo quociente é sempre o
#Il GS}}]O. - * ** *

{ } * {" , , * * **

. Da formação das Progressões Arithmeticas.


.… ), , ; 4- • º

337. Para formar huma progressão arithmé


tica, dado o primeiro termo, e a diferença,
que hão de levar entre si os termos, ajunta-se
DE ARITHMÉTICA. 357

ao primeiro a diferença, e a somma será o


segundo; e ajuntando a este a diferença se
terá o terceiro, e assim successivamente se
continuará até os termos, que se quizerem 2

como se manifesta no seguinte: #,,

Exemplo. Seja o primeiro termo 3, e a


diferença 2: logo será o segundo termo 5, o
terceiro 7, o quarto 9, e continuando do mes
mo modo formaremos a seguinte progressão
arithmética + 3". 5. 7.9.11.13.15.17.19, &c.
Esta serie de termos fórma huma progressão
arithmética, porque cada hum tém a mesma
diferença 2 sobre o seu antecedente. O si
gnal + que pomos antes do primeiro termo, é
o mesmo, que o da proporção arithmética
contínua (n. 213) porque huma progressão
destas nada mais é, que huma proporção ari
thmética contínua, produzida além do terceiro
termo. * ; '

Quando os termos de huma progressão


arithmética vão sendo cada vez maiores, co
mo a precedente, chama-se progressão ascem
dente, ou divergente; e quando vão sendo cada
vez menores, como a do exemplo seguinte,
chama-se descendente, ou convergente. -

Exemplo. Seja o primeiro termo 19, e


a diferença 2: logo será 17 o segundo, 15 o
terceiro, e continuando deste modo teremos
a progressão +19° 17.15.13.11.9.7.5.3.1, &c.
Esta serie de termos fórmão huma progressão
descendente, porque cada hum vai diminuindo
do seu antecedente a mesma quantidade 2.
338 Forma-se pois huma progressão descen
dente, pelo inverso da ascendente, porque nes
ta somma-se a diferença com os termos que
358 … Noções =
vão seguindo, e na descendente diminue-se,
como se observa no precedente exemplo. >
- 339 A diferença constante dos termos da
progressão arithmética, chama-se razão da
mesma progressão. -

e 340 · É pois evidente, que com o primeiro


termo, e a diferença constante, se fórmão
todos os termos de ambas as progressões;
porque na progressão ascendente o segundo se
fórma do primeiro juntando-lhe a diferença;
o terceiro fórma-se do segundo reunindo-lhe
a diferença, ou do primeiro, e do duplo da
diferença, &c.; e na progressão descendente,
o segundo termo fórma-se do primeiro menos
a diferença, o terceiro fórma-se igualmente
do primeiro menos o duplo da diferença, &c.
341 Pelo que vê-se claramente, que cada
termo da progressão arithmética é igual ao
primeiro, mais a diferença tomada tantas ve
zes, quantos são os termos precedentes.
- 1. '} • ! : \, , … ; 4* * * * |-

Da formação das Progressões Geométricas.


* * * ** *
* * # :; ;… . , , , !?" *\ { , …

342 . Para formar huma progressão geomé


trica, dado o primeiro termo, e o denomina
dor, ou expoente da razão, que hão de levar
entre si os termos: multiplica-se o primeiro
termo pelo expoente, e o producto será o se
gundo termo; multiplica-se este pelo expoente,
e o producto será o terceiro termo, e assim
successivamente, se aº proporção se quer
ascendente. . -

Porêm se a progressão se quer descen


dente, reparte-se o termo dado pelo expoente,
e o quociente será o segundo termo; e par
DE ARITHMÉTICA. 359
tindo este pelo mesmo expoente, se terá o
terceiros, e assim os mais. Istooobservamos
mas seguintes, progressões: º . i., pra º na
#4":8; 16:32: 64: 128: 2 56: 512: 1024,
&c., progressão ascendente.
as i-i16° : 8:4:2; 1:#:;; # : ; : #; &c., pros
gressão descendente.… … … …
343 Donde se infere que a progressão geo
métrica, não é outra coiza mais, que a pro
porção contínua geométrica, produzida além
do terceiro termo. A serie de termos, de que
se compõe tém por propriedade, aº perfeita
igualdade da razão, ou o quociente de quaes
quer dois termos proximos, considerando sem
pre hum delles como dividendo, e o outro co
mo divizor. Assim na primeira das preceden
tes progressões a razão, ou o quociente é 2,
pois = 2; e na segunda é + , pois # =#:
donde se deduz, que ambas as progressões
ascendente, e descendente, se pódem formar
multiplicando o antecedente pela razão. E com
efeito, na primeira das precedentes progres"
sões se vê, que o segundo termo 8, é o pro
ducto do primeiro multiplicado pela razão 2:
o terceiro é o producto do segundo multipli.
cado pela razão, pois 8x2=16, e este multi
plicado por 2, produz 32, que é o quarto, e
assim os mais. Da mesma sorte, na segunda
das, mesmas progressões se vê; igualmente,
que o segundo termo 8, é o producto do prir
meiro, multiplicado pela razão é, pois 16x=8,
e este multiplicado por 2, produz o terceiro
termo 4, pois 8x=4, e assim os mais. Logo em
geral os termos de huma progressão geométrica
fórmão se do antecedente multiplicado pela razão,
360 … Noções º
+ --> .….… •

NOTICIA DAS MOEDAs, PEzos, E MEDIDAS, QUE SE UzÃO


EM PORTUGAL, CUJO CONHECIMENTO FACILITA - "º
* * * * * As opERAÇÕES Dos NÚMERos CoMPLEXos.
"*_{

J'alor das Moedas, e subdivizões dellas e


as de especie inferior. -

.….…"' : #
Signaes, e Nomes, com que se costumão re
3: ; ; , ")
prezentar. " º
* . * , * * *

… ! - " _ •

* K significa ........ Moeda de oiro. -


" + ............... Cruzado. "--
" + ............... Tostão.
…" " .
" "
V ............... Vintem. , ," " .
* ** .
R
:
• s. ............... Reaes, ou !Reis.
:41, # 2. •

* Divizão, e Subdivizões. :
- ,, , …"; " | … .. … , , , , "}"

A eMoeda de oiro divide-se, + … v. Rs.


vale ................… 12=48=240=4800
O Cruzado. … . . ... • • • • • ------ |4=" ] 0=400
O Tostão....................... 5= tºº
O Vintem ...... * . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
O Real... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! !
- |- Moedas de Oiro reduzidas a Reaes."
Dobrão de cinco Moedas vale.... Rs. 24000
Dobrão ........................... 12800
Dobra, ou Peça (a) ................ 6400
(a), A lei que as Côrtes de 1820 fizerão, regula a oitava
doiro de lei a 13875 s., e por conseguinte a peça com 4
oitavas ficou valendo 73500 rs., e meia peça 33750 rs.
é

DE ARITHMÉTICA. 361,

Moeda de oiro vale.............. Rs.. 48oo


Meia dobra......................... 3200
Meia Moeda............. . . . . . . . . . . . 2400
Dezeseis tostões..................... 1600
Quartinho .......................... 1200
Oito tostões........................ 800
Cruzado novo................ |-

Cruzado velho...... . . . . . . . . . . . . . . . . . 400

º Moedas de Prata.

Cruzado novo................. ... Rs.. 480


Doze vintens....................... 240
Seis vintens....................... . . 120
Tostão.............................º 100
Tres vintens........................" 60
Meio tostão......................... 50

|- • • , . :
MoEDAs NovAs, º QUE SE TÉM CUNHADo No PREZENTE
REINADO DA SENHORA D. MARIA II.
+ # * * * • |- -* {

Moedas d'Oiro. • •

- ? . * * * "… - ? * * * "… { A
Nomes." . Pezo. .:: .:: . Valor.
Coroa ......... 2" e 48º........... 5000
Meia Coroa .... 1" e 24º........... 2500
, º
º **

{ Moedas de Prata. …" A


Nomes. Pezo. JValor.
Coroa ......... 1" 18,58 ........... 1000
Meia Coroa.... 4º 98,29 ........... 500
Dois tostões ... 1° 468,33 ........... - 200
Hum tostão .... - 59,46 ........... 100
362 Aoi r NoçõIssº, ist
ece ai .......….....…… … o riº
o 9. .. . . . . Moedas de Cobre. …… b … "
** ** 3; • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • - "… -- *

Dez reis -------- - - - - - - - - - - --- * * * * * * * * * * * * * 10.


Cinco reis........................…..…. 5
Tres reis......................…..….… ; 3
Dois vintens moeda de bronze.......... 40
! #… **
* * * *_ • • • • • • • • • • • • • • • • • • |- 2. - - ******.*. *

Subdivizão dos pezos dos Géneros


mais ordinários.
* # |- … * …"
* * * … ** • • • • • • • • • • • • - - - : … … … 1:1, 1 * *
• |- * #
* - - - - - - Signaes, e Nomes. 2: -* * * *** :

t} * # • |- · : / , , , …"

e º T significa ............. Tonelada. "


f>. Q..................... Quintal. - …
º 6”..................... Arroba. "…
"...................... Arratel.
Onç., ou 5 ............. Onça.
… : Oit. » Ou 5 •i- - - - • • • • • • • • • • Oitava. *#*# …; º
|- + = |- - - -
. * * ** * ** |- * * ** * # "… " " * * *

Divizão, e Subdivizões.
|- o sº" => > >> *****
A Tonelada di- Q @ 4 Onç. Oit.
.……vide-se em 134=54=1728=27648=221185
O Quintal (b) "....... 4= 128=2048=16384
A Arroba............... 132=. 512= 4996
O Arratel................... 16= 128
A Onça • • • • ……….. -- ---- …… . .. . .. 8
DE ARITHMÉTICA. 363

Subdivizão dos Pezos dos Metaes preciozos.


*
* • * *
Signaes, e |Nomes, aº e º 4
\
* ** * * . . . . . . . . . . . . . , , , , , ,, .} *
-* significa.......... ... Arratel. … É º
M...................... Marco: "" …
Onça, ou 5 ............ Onça.
Oit., ou 5 .........…... Oitava.
E, ou 3............... Escropulo.
8 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Grão.
*

Divizão, e Subdivizões.

º vi º i-, M Onç Oit. E g


O Arratel divide-se em 2=16=128=384=9216
O Marco ............... 8= 64=192=4608
A Onça ........... ......... 8= 24= 576
A Oitava ..................... . . 3= 72
O Escropulo......................... 24

Subdivizão dos Pezos das Pedras preciozas,


* * *- - - - - - - e perolas. . . . . . .. s . O A
: :: - - - - - - - - - - - - - - - - - . . . . . s … :(). A
. . . .. … ……… ^ ^
Signaes, e Nomes. +

Onç., ou 3 significa .... Onça.


Oit., ou 5 ............. Oitava.
E, ou 9........ ....... Escropulo. —
º Q - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ... Quilate. •

8 - - - - - - - - - - - - - ……… … » Grão, # e Jºe - {


364 … … Noções º **

Divizão, e Subdivizões.
Oit. E q g
A Onça divide-se em ... 8=24=144=576
A Oitava.................. 3= 18= 72 (c)
O Escropulo .................. 6= 24
O Quilate ........................ - 4
|-
|-
* *
.* * * *
|-
- -
• -*- |- ! #
} • • • -

Subdivizão dos Pezos das Boticas. :


Sigmaes, e Nomes.
Lib significa....... Libra.
3 ................. Onça.
- 5 ................. Oitava ou Dragma.
º 9................. Escropulo. " "
|-

º ºig ................…Grão. *A) |- •


|-

* * * * * #, º ""
• … |- :
• • • • • • • • - - - - - * * *; *
* *
|-
- * -

-
* * * • * *
-

º Divizão, e Subdivizões.…"

3 56=2298=57g6o
A Libra divide-se em..... l2=9
A Onça ..................... 8=24=.480
A Oitava ....................... 3= 60
O Escropulo ........ ................ • ----
2o
|-
|-
{
º " ** * * *

(c) Os diamantes, esmeraldas, rubins, safiras, e perolas


pezão-se a quilates, e os topazios ás oitavas, . . . .
DE ARITHMÉTICA. 365

Subdivisão do Afinamento do Oiro.


Signacs , e Nomes.

M significa….............. Marco.
q ....................... Quilate.
. . . . . . . - - - - - - - - - • • • •• • • Grão.

Divisão 2 6 Subdivisões. •

q g
O Marco divide-se em .............. 24=96
O Quilate ..... - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 4

Subdivizão do Afinamento da Prata.

Signaes, e Nomes.
M significa .............. Marco.
D ...................... Dinheiro.
g ....................…. Grão. …

Divisão, e Subdivisões.
D g
O Marco divide-se em ......... 12=288
O Dinheiro........................ 24; (d)
O Grão ........................... 1

(d) Pela lei de 4 de Agosto de 1688 se fixou neste Reino


o valor de hum Marco de oiro de 22 quilates em 963000 rs.
e o valor de hum Marco de prata de 11 dinheiros em 63000
rs. Pela mesma lei se ordenou, que os batefolhas uzassem de
oiro de 23 quilates, e que os ourives fizessem as suas obras
do de 20 quilates e meio, e para evitar todo o embaraço dos
quebrados
rs., a mesma
que vém a ser a lei regulou
13400 o Marco
rs. por de oiro , a , 893600
oitava.. ; •
366 -- >** Noções - 4a

Subdivizão das Medidas Itinerarias


de Portugal.

"… Signaes, e Nomes. … "


" " … - - - - - - - - - • • • - - - - - -

G. G. significa... Gráo Geométrico.


L.............. Legoa.
M ............. Milha. "
- P . . . . . . . . . . . . . . Passo.
"… p .............. Pé. "-" ~ +
+
" "
* • • • • • • • • • * • • • • • • . . . ** ** * * * *

…. Divizão, e Subdivizões.……… "

O gráo geométrico di- L M P p


vide-se em .......... 18=54=54000=270000
A legoa................. 3= 3000=15000
A Milha.................... 1000= 5000
O passo ........ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 5

O pé tém palmo e meio.


. *** * . . . . . . - .
Subdivizão de outras Medidas em comprimento.
* . - - - - - - - - - • • • • • • • …) . .* **

.…… ? Da Braça. Signaes, e Nomes. *


{ #: ;
|- : • • •
º
… |- ** * * ** * * • , : *3 º {* ** * ". .……! ? ! 1. ^ |- 4.
• • •

*** *;;
e P.
B significa ............. Braça.
P } |- + • * - 3 • |- * * + - … *; •

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p......................
l -- - - - --
Pollegada."
… • • • • • • Linha.
*

• •• • •
* *

pt - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Ponto.
DE ARITHMÉTICA. 367

*-

*** Divizão, e Subdivisões……….…


.…… * * -P … p 1 pt
A Braça divide-se em.. 10(e)=80=960=9600
O Palmo .................... 8=96= 960
A pollegada............ . . . . . . ... 12= 120
A linha .…...... - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1º * *
• • • • • • • • • • • • *

, º
#
+
|-

..… . . . Da Toeza.

… Signaes, e Nomes. -
> T significa ............. Toeza.
* P............….......... Pé. º
*
- P - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Pollegada. á.
} …..…..…… . . . «" e º s" s" e º eº • Linha.…… " -

i - Pt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ponto.… . .'
|- * } à
{ ,* '<< *
: #; } * 1 * * * *

Divizão, e Subdivizões.
** ** * * ** * * c…
P p 1 pt
A toeza divide-se em, .... 6=72=864=10368
O pé....................... 12=144= 1728
A pollegada ....................…12= 144
A linha....…....…................ º 12
, ….… " • • • /

. Da vara, e do covado. . .'


* * |-
* **
… A vara tém 5 palmos de craveira, e o
covado 3. . . • . . "
---- |- - - - - - - - - - -- -- - - - - -- -- - - -- -

•••••••• ••• - …

(e) E no uzo maritimo divide-se em 8 palmos, e o pal.


mo em 8 pollegadas. * ** . . . .") - . . . "
368 … Noções …

Subdivisão das Medidas de arcº líquidas.


Signaes, e Nomes.
T significa............... Tonel. :
- P …......….…........ Pipa. "…
- Al ...................... Almude. "
Pt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pote.
Cn......... • • • •.....
• • • • Canada.
Qr ..... ................. Quartilho.

Divizão, e Subdivizões.
· · · · P Al Pt Cn, Qr
O Tonel divide-se em 2=50=100=600+2.400
A Pipa .................25= 50=300=1200
O Almude.................. 2=.12= | 48
O Pote .............. . . . . . . . . . . . .6= 24
A Canada (f)........................ 4
.… " *- º * *** * ** * *
Subdivizão das Medidas de arco seccas,

º , , Signacs, e Nomes. … , , , , ,
M significa............... Moio. { +

F.........……...…...... Fanga.
A .. . . . . . . .. . . .. . . ....... Alqueire.
Q - - - - - - - . . . . . . . . . . . . . . . . Quarta.
Oit ................ ...... Oitava.
… m..........…............ Maquia.
cel... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Celamim, º

, (f), Advirta-se, que huma canada divide-se tambem em


duas meias canadas, e hum quartilho em dois meios quarti
DE ARITHMÉTICA. 369

Divizão, e Subdivizões.
O Moio divide- F A Q Oit. m cel.
Se em . . . . . . . ] 5=60=240=480=960=1920
A Fanga ........... 4= | 6= 32= 64= |128
O Alqueire (g) ......... 4= 8= | 6= 32
A Quarta.............. . . . .. 2= 4= 8
A Oitava ................. . . . . . . 2= 4
A Maquia ................ - - - - - - - - - - - 2

Subdivizão do Tempo.

O Século divide-se em 100 annos, e o


Anno commum, ou Solar consta de 365 dias,
5 horas, e 48 minutos. O Anno se divide de
vários modos; porêm o regular é em mezes,
semanas, dias, horas, minutos, ou primeiros,
segundos, terceiros, &c.; pelo que se faz
conveniente, que os principiantes saibão, que
o Anno tém 12 mezes, ou 52 semanas: a se
mana 7 dias: o dia 24 horas: a hora 60 minu
tos: o minuto 60 segundos; e o segundo 60
terceiros, ou o que é o mesmo, # dia 24
horas, 1440 minutos, 86400 segundos, 5184ooo
terceiros, &c. **

lho em dois meios quartilhos; e que a medida de huma pipa


não é regular ter so 25 almudes; pois em algumas partes
tém mais, conforme o uzo da terra, e da qualidade do li
quido, que contém; e prezentemente o vinho que se despa
cha na Alfandega das Sette Cazas, deve ser em vazilhas de
30 almudes.
(g) O Alqueire tambem se divide em dois meios Al
queires. • •

+ 24
370 Noções

Da Conta Romana, ou Latina.

Como ainda hoje se uza em todas as


obras de litteratura assignar os Capitulos, Pa
ragraphos, e a Era com números Romanos,
me pareceo não ser fóra de propozito o de
clara-los aqui.
# Os Romanos em lugar de Algarismos ser
vião-se destas sette letras I, V, X, L, C, D, M
para escreverem os números; ás quaes por
convenção entre si, davão os valores seguintes.
Hum I vale hum: hum V cinco: hum X
dez: hum L cincoenta: hum C cem: hum D
quinhentos; e hum M mil.
Pela mesma convenção tinhão assentado,
que a letra de menor valor anteposta á de
maior valor, subtrahisse a esta a sua valia,
v. g, hum V, que vale cinco, antecedendo-lhe
hum I deste modo IV fica valendo quatro;
hum X posto antes de hum L deste modo XL
são quarenta; porque quem do L, que vale
cincoenta, tira dez, ficão quarenta, e assim
em todas as mais letras (h).
Quando porêm a letra de menor valor se
põe depois da letra de maior valor, accres
centa a esta a sua valia; v. g. se depois do V
se puzer hum I, deste modo VI, são seis;
Fº" ao V, que vale cinco, se accrescenta
um, que está depois.
Além disto tinhão tambem assentado,
em que algumas letras se podessem repetir
(h) Advirta-se, que nos Milhares anteponhão as letras de
menor valor á letra M para numerarem a quantidade dos
Milhares: v. g. IIM, que vale dois mil, &c.
DE ARITHMÉTICA. 371

tres, ou quatro vezes: v. g. XXX, que são


trinta, e CCCC quatrocentos, &c.
A Taboada seguinte mostra na primeira
columna os números Romanos, e na segunda
seu valor pelos Algarismos Arabicos.
Taboada dos Números Romanos.

I vale · · · · · · · · · · · - 1
II " " • • • • • ¢ ð è s • • - 2
III e • • • • ¢ ¢ ¢ ¢ • • ' 3
IV * • • • • • • • • • • • | 4
V - - - - - - - - • • • • ' : 5
VI. - • • • • • • • • • • '6
, VII • • • • • • ö å • • • · 4
VIII • • • • • • • • • • • - 8
IX, . - - - - - - - - - - ·9
X · · ·. . . . . . . . . * 19
' XI . ! - - - s e | 11
XII. · · · · · · · · · · · 13
XIII - - - - - - - - s ' 13
XIV .. ...... - - - • • 14
XV. - • • • • • • • • • • 16
XVI . .. . . ... ... º 16
XVII . .. . . ...... 1f
XVIII . . . .. . . . - • • • •• • * 18

XIX . . . .. . . . te e | 19
XX ! . . . .. . . . w, - e º 20
XXI; - • • • 2].
XXII . . . . . . . . . . . . ' ' 22
XXIII . . ... - * * * 23
- - -

XXIV . . . . . . . . . . . .* - 24
XXV . . . . . . . . . . . . i ' 25
XXVI. . . . . . . . . . . . . . . 26
XXVII ....... : '27
372 Noções -
XXVIII ........... 28
XXIX ........... 29
XXX ........... 30
XL .........… 40
L- __ • • • • • • • • • • • *** 50
LX .........… 60
LXX …........... 70
LXXX ........... 8O
XC ........... 90
C , , » º « • • • • • • • • I 00
CC ........... 200
CCC ........... 300
CD ........... 400
D ........... 500
DC . ........... 600
DCC ........... ; 700
DCCC ........... 800
CM ........... 900
M ........... 1000
IIM ........... 2000
IIIM ........... 3000
IVM .... • • 4000
• • • • •

VM ........... 5000
VIM ........... 6000
VIIM ........... 7000
VIIIM ............ 8000
IXM ........... 9000
XM ............. 10000
XIM ........... I I 000
XIIM ........... I 2000
XIIIM ........... 13000
XIVM ........... I4000
XVM ........... I 5000
XVIM ........... 1 6000
DE ARITHMÉTICA. " 373

XVIIIM .......... 18000 \

XIXM ....... ... 19000 |-

XXM ....... ... 20000


XXXM .......... 30000
* XLM ".......... 4oooo :
# LM .......... 50000 ;
LXM .......... Goooo
LXXM .......... 7oooo !
. LXXXM.......... 80000 |
XCM ........... 90000 ;
CM .......... 100000 |
DM ........ ... 500000 -
Na conta dos Romanos pelas letras se
acha tambem este modo de contar. Quinhen
tos IO. Mil CIO. Settecentos_IOCC. Cinco
mil IOO: Dez mil CCIOO. Cincoenta mil
IOOO. Cem mil CCCIOOO. Hum milhão
CCCCIOOOO. • - - -
• •• • • --

Tambem será conveniente, que os Prin


cipiantes decorem a Taboada seguinte; a qual
se faz necessária no exercicio d'Addição, Sub
tracção, e Multiplicação. |-

De 1 até 9 não vai nada... o


10...19 vai......... . . . 1
20... 29 vão ........... 2
30. .. 39 . .......... . . . . "3
|- 40. . . 49 ............... 4
50 . . . 59 . . . . . . . . . . . . . . . 5
60 . . . 69 . . . . . . . . . . . . . ... 6
70 . . . 79 . . . . . . . . . . . . . . . 7
80... 89 ............... 8
90...99 .......... . . . . . 9
loº... loº ...............lº
374 Noções. PEARITHMÉTICA.

TABOADA PITHAGORICA.

4 6 8 | 10 | 12 | 14 || || 6 | 18

}O 15 | 20 - 25 || 30 || 35 | 40 | 45

12 | 18 | 24 || 30 | 36 | 42 | 48 || 54

14 | 21 | 28 | 35 | 42 | 49 | 56 | 63

18 | 27 - 36 | 45 || 54 | 63 | 72 || 8 |
* *

- ". * **
* *
* *

* * * *

Esta Taboada pela sua engenhoza simplicidade póde ser


uzada pelos principiantes na multiplicação, e tambem na
divizão, porque se quizermos saber, v.g.: o producto de 8
multiplicados por 6, ou quanto é 8 vezes 6, buscaremos o
número 8 na columna transversal, e descendo pela vertical
até á caza fronteira ao 6, acharemos o producto 48; e que
rendo v. g. achar quantas vezes 48 contém 6, tornaremos
para cima pela mesma columna até ao ponto donde descemos,
e acharemos
ou 8: que6:mostra as vezes que 6…
que 48 contém se contém em 48,
• • •

A invenção da prezente Taboada se attribue ao famozo


Pythagoras natural da ilha de Samos, o qual depois de viajar
pelo Egypto, e pela Persia, e enriquecido o seu espirito das
sciencias, que adquirio nas nações estrangeiras, se recolheo á
Grecia, onde pêlo segundo século da fundação de Roma, e
pouco mais de 500 annos antes de J. C. ensinou aos seus
naturaes as Mathemáticas.
375

--—=>-><><><><><><><>< •

COMPENDIO

DE

ARITEMI ºr GA.

PARA A MOCIDADE PODER FACILMENTE DECORAR»

-@@G=-

Principios de Arithmética.

l Chama-se em geral Quantidade tudo o que é capaz


d'augmento, ou diminuição, v. g. a extensão, a luz, o mo
vimento, o pezo, a duração, &c.
2 A Arithmética, é a sciencia que trata dos números, ou
arte de contar.
3 Unidade, é huma quantidade que se toma as mais das
vezes arbitrariamente, para servir de termo de comparação,
a outras da sua mesma especie.
4. Número, é o que expressa de quantas unidades, ou
partes da unidade se compõe huma quantidade.
5- O número divide-se em Inteiro, Fraccionário, Que
brado, ou Fracção, Abstracto, Concreto, &c.
6 Número Inteiro, é o que consta de unidades inteiras,
v. g. ; 6, 8, 125, &c.
7. Número Fraccionário, ou Misto, é o que se compõe
de unidades, e partes da unidade, v.g.: 8 e 3, 12 e 3, &c.
8 Fracção, ou Quebrado, é o que so reprezenta partes
da unidade, v. g.: }, }, &c.
9 Número Abstracto, é o que não determina, ou de
clara a especie das unidades; e Concreto é aquelle, que ao
mesmo tempo as expressa, ou declara.
10 Número Par, é todo o número, que é divizivel, exa
ctamente por 2, como os números 4, 6, 8, &c.
376 COMPENDIO

11 Número Primo, é aquelle que não tém divizor exa


cto, se não a si mesmo, ou a unidade, como os números 3,
5, 7, 1 ] , &c.
12 Número Complexo, ou Denominado, é o que refere
arrobas,de eunidades
quintaes, 3especies
diferentes 8 arrateis, mesmo género, v.g.: 5
do &c. •

13 Número Incomplexo, é o que involve huma so especie


de unidades, v.g.: 25 moedas, &c.
14 Em fim chama-se número Dígito, ou Simples, aquelle
que não chega a 10; e Composto o que se determina por
dois, ou mais algarismos, como os números 12, 148, &c.
15 A numeração é a arte de reprezentar, e pronunciar os
números por algarismos, estes são dez a saber 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9, 0, que se pronuncião hum, dois, tres, qua
tro, cinco, seis, sette, oito, nove, e cifra que não vale nada;
porêm posto á direita de hum número, o faz valer dez vezes
mais, do que valia sem a cifra.
16 A numeração é fundada sobre este principio de con
venção: Que as unidades reprezentadas por qualquer algarismo,
são dez vezes maiores, que as unidades reprezentadas pelo
algarismo immediato para a parte direita; e dez vezes meno
res, que as unidades reprezentadas pelo algarismo immediato
para a parte esquerda. * * * *

Das quatro operações fundamentaes d'Arithmética.


17. Sommar, é reprezentar o valor total de muitos núme
ros da mesma especie por meio de hum so, que seja igual a
todos os outros juntos. Os números que se som mão chamão-se
addições, ou parcellas, e o que resulta da operação chama-se
somma. O signal com que se indica esta operação é este (+)
que se pronuncia mais. •

18 Principia-se a sommar da direita para a esquerda,


somnando as unidades de todas as addições, depois as deze
nas, depois as centenas, e assim por diante: advertindo, que
se a somma das unidades fizer huma, ou mais dezenas, estas
se sommaráô com as dezenas da columna seguinte, e assim
por diante.
19 Diminuir, é achar o resto, ou a diferença de dois
números, que sejão essencialmente da mesma especie. O si
gnal com que se indica esta operação é este (—) que se pro
IlllllCld 7726710$.
20 Para diminuir começa-se da direita para a esquerda,
DE ARITHMÉTICA, 377

tirando unidades de unidades, dezenas de dezenas, &c.,


advertindo, que se o número donde havemos de tirar o outro
for menor, lhe ajuntaremos dez unidades, que se pedem
mentalmente ao número immediato para a esquerda, e este
depois se trata como menos huma unidade, das que elle re
prezenta.
21 Prova de huma operação arithmética, é outra nova
operação, para se conhecer se o resultado da primeira está
CXaCtO. • •

22 As duas operações de sommar, e diminuir provão-se


reciprocamente, isto é, o sommar prova o diminuir, e este º
SOII]II13|T.

23 Prova-se pois a conta de sommar, sommando outra


vez da esquerda para a direita todas as columnas, e "dimi
nuindo a somma de cada huma da parte correspondente da
somma total, e se na ultima da direita não restar nada, é
signal que a operação está certa.
24 Prova-se a operação de diminuir, sommando o número
menor com o resto achado, e estando certa a conta, deve
sahir na somma o número maior. +

25 Multiplicar hum número por outro, é tomar o pri


meiro tantas vezes, como de unidades, ou partes da unidade
contém o segundo. O signal com que se indica esta operação
é este (X) que se pronuncia multiplicado por.
26 O número que se multiplica chama-se multiplicando;
o outro por quem se multiplica chama-se multiplicador, e o
resultado producto. O multiplicando, e o multiplicador tam
bem se chamão factores.
27 O producto de huma multiplicação sempre deve repre
zentar unidades da natureza das do multiplicando.
28 Para multiplicar, começa-se da direita para a esquer
da, multiplicando primeiro as unidades, depois as dezenas,
e assim por diante: advertindo, que se o producto das uni
dades, contiver huma, ou mais dezenas, guardão-se mental
mente, e ajuntão-se ao producto da caza immediata para a
esquerda , e assim por diante.
29. O producto de huma multiplicação contém tantas ve
zes o multiplicando, quantas a unidade é contida no multipli
cador; e assim esta operação é huma especie de sommar
abbreviado, e póde-se praticar escrevendo tantas vezes o pri
meiro número, quantas a unidade se contenha no segundo, e
sommando ao depois.
30. A multiplicação além do uzo ordinário, serve tambem
378 COMPENDIO

para reduzir quantidades maiores, em outras menores de dif


ferente especie.
31 Repartir hum número por outro, é buscar quantas
vezes o primeiro contém o segundo, ou as vezes, que este se
contém naquelle. O signal com que se indica esta operação é
este (+) que se pronuncia dividido por.
32 O número que se divide chama-se dividendo, o outro
por quem se divide chama-se divizor, e o resultado quociente.
33 O dividendo contém tantas vezes o divizor, quantas o
quociente contém a unidade: pelo que multiplicando o quo
ciente pelo divizor, o producto será igual ao dividendo.
34. A divizão equivale a huma subtracção repetida tantas
vezes, quantas o divizor é contido no dividendo, e consequen
temente o quociente mostra as vezes, que o divizor se póde
tirar do dividendo.
35 A natureza das unidades do quociente, não se póde
determinar, senão pela natureza da questão, que der motivo
á divizão.
36 Para se dividir procede-se por partes da esquerda para
adireita. Toma-se da esquerda do dividendo huma parte, onde
caiba o divizor ao menos huma vez: examina-se quantas vezes
nella se contém o divizor, e achada assim a letra do quo
ciente, se multiplica pelo divizor, e o producto se diminue
da parte tomada do dividendo, e ao resto se ajunta a letra
seguinte do dividendo total, formando assim hum novo dividen
do parcial, o qual se divide pelo divizor, e assim por diante.
37 - Quando a segunda letra do divizor for oito, ou nove,
para mais facilidade do cálculo das vezes, que o divizor se
contém no dividendo, póde-se juntar mentalmente á primeira
letra do divizor huma unidade, e vêr quantas vezes o divizor
assim augmentado, se contém no dividendo, porque deste
modo se fáz hum juizo mais seguro.
38 Quando o producto da letra do quociente pelo divizor,
sahe maior que a parte actual do dividendo, é signal que a
dita letra se julgou maior do que devia ser; e quando dimi
nuido o dito producto da parte correspondente do dividendo,
não for o resto menor, que o divizor, é signal que a letra do
quociente é menor, do que deve ser. - *-*

39 Acabando o dividendo, e o divizor ambos em cifras,


póde-se, para mais facilidade da operação, cortar tantas cifras
em ambos, quantas forem as daquelle, que menos tiver.
40 As duas operações de multiplicar, e repartir provão-se
reciprocamente; porque dividindo o producto por hum dos
DE ARITHMÉTICA. 379

factores, deve sahir o outro no quociente; e multiplicando o


divisor pelo quociente deve sahir o producto igual ao divi
dendo.
41. A divizão, além do uzo geral, serve tambem para
reduzir hum número de unidades de especie menor, em outros
de especie maior.

Da dizima, ou fracções decima.es.


42 A dizima, ou fracções decimaes, são partes successi
vamente menores, que a unidade na razão décupla.
43 As fracções decimaes reprezentão-se com os mesmos
algarismos, pondo-os á direita da caza das unidades, e sepa
rando-os destas com huma virgula.
44. Huma fracção decimal não muda de valor, assentando
depois da ultima letra á direita, quantas cifras quizermos.
45 Hum número decimal ficará dez, cem, mil vezes,
&c. maior, mudando-se a virgula huma, duas, tres cazas,
&c. para a direita; e dez, cem, mil vezes, &c. menor, mu
dando-se a virgula huma, duas, tres cazas, &c. para a es--
querda. •

46 As fracções decimaes sommão-se da mesma sorte, que


os números inteiros, tendo cuidado de ajuntar em huma co
lumna unidades da mesma ordem, v. g.: millesimas com
mullesimas, centesimas com centesimas, &c.
47 Para diminuir fracções decimaes, reduzem-se á mesma
denominação, quando não a tenhão, ajuntando-lhe á direita
as cifras precizas, ao que menos letras tiver, o que por isso
não muda de valor, e pratica-se a regra geral.
48 As fracções decimaes multiplicão-se como se fossem
inteiros, sem fazer cazo da virgula dos factores, e no produ
cto separa-se á direita, tantas letras para a dizima, quantas
tiverem os factores juntamente: |- -

49 E quando no producto houverem menos letras, das que


tém ambos os factores, mette-se entre a virgula, e a ultima
letra á esquerda as cifras precizas.
50 Para dividir fracções decimaes, pratica-se a mesma
regra dos números inteiros, procurando que no dividendo, e
no divizor haja igual número de letras decimaes, ajuntando
para este fim as cifras precizas, ao que menos letras tiver.
51. Se houver resto em huma divizão decimal, póde-se-lhe
ajuntar tantas cifras, como de cazas decimaes quizermos no
quociente, e continua-se a operação, tendo a advertencia de
380 COMPENDIO

pôr primeiro a virgula á direita da caza das unidades para


distincção, e o mesmo se póde praticar com o resto final de
qualquer divizão, quando se queira a approximação até huma
caza determinada de dizima.

Dos Quebrados, ou Fracções.


52 Quebrado, ou Fracção, é o número que reprezenta
huma, ou mais partes da unidade, supposta esta dividida em
partes iguaes.
58 Para reprezentar hum quebrado são necessários dois
números, os quaes se escrevem hum acima do outro, e se
parão-se com huma risca, que indica divizão. •

54 O número que se escreve por baixo da risca chama-se


denominador, e mostra em quantas partes se suppõe dividida
a unidade; e o que se escreve por cima chama-se numerador,
e indica quantas dessas partes se tomão da unidade.
55 Os dois números que reprezentão hum quebrado, tam
bem se chamão termos delle.
56 Os quebrados, cujos denominadores não passão de nove
chamão, ou pronuncião-se meios, térços, quartos, quintos,
sextos, settimos, oitavos, e nonos; e os que passão de nove
ajunta-se-lhe a addição ávos.
57 Hum quebrado reprezenta o quociente indicado de
huma divizão, que se não póde efeituar; cujo dividendo é o
numerador, e divizor o denominador. •

58 Os quebrados são próprios, quando o numerador é


menor, que o denominador; e impróprios, quando o não é.
59 O quebrado que tém o numerador igual ao denomina
dor é igual á unidade; e aquelle que o tém maior, vale
mais que a unidade.
60 Para extrahir os inteiros involvidos nos quebrados im
próprios, divide-se o numerador pelo denominador, e o resto
da divizão, se o ha, serve de numerador de hum quebrado
propriamente tal, que se escreve adiante dos inteiros ficando
lhe o mesmo denominador.
61 Para reduzir hum número misto a quebrado impróprio,
multiplica-se o inteiro pelo denominador do quebrado, e ajun
ta-se-lhe o numerador, e á somma dá-se-lhe o mesmo deno
minador.

lhe62a unidade
Para reduzir hum inteiro á fórma de quebrado, dá-se
por denominador. •

63 Hum quebrado não muda de valor, aindaque se mul


DE ARITHMÉTICA. 381

tipliquem, ou se dividem ambos os seus termos por hum


mesmo número,
64 Para reduzir dois quebrados ao mesmo denominador,
multiplicão-se os dois termos de cada hum pelo denominador
do outro.
65 Para reduzir mais de dois quebrados a hum commum
denominador, multiplicão-se os dois termos de cada hum,
pelo producto dos denominadores de todos os outros.
66 Hum quebrado reduzir-se-ha á mais simples expressão
possivel, dividindo os seus termos pelo maior divizor commum
delles.
67 Acabando cada hum dos termos de hum quebrado em
número par se poderáõ dividir por 2; e se acabarem em 5,
ou hum em 5, e outro em cifra serão diviziveis por 5.
68 Da mesma sorte, se os termos de hum quebrado acaba
rem ambos em cifras, serão diviziveis por 10, por 100, ou
por 1000, &c. conforme acabarem em huma, duas, ou mais
cifras. •

69 Do mesmo modo, se os algarismos de cada hum dos


termos de hum quebrado, sommarem 3, ou hum multiplo
dos 3,
de poderão dividir
seussemultiplos são diviziveis e sommando
por 3; por 9. 9, ou algum

70 Se os termos de hum quebrado, cada hum delles


constar sómente de dois algarismos irmãos, como 22, ou 33,
ou 44, &c. serão diviziveis por 11: como tambem se a som
ma dos algarismos das cazas impares, da direita para a es
querda, for igual á somma das cazas pares de cada hum dos
termos de hum quebrado. •

71 O maior divizor-commum dos termos de hum que


brado, achar-se-ha dividindo o denominador, pelo numera
dor; depois o divizor pelo resto, se o houver, e assim por
diante até dar em huma divizão exacta, e o divizor della, é
o maior divizor commum dos termos do quebrado.
72 Reduzir-se-ha hum quebrado ordinário a quebrado de
cimal, dividindo o numerador (augmentado de tantas cifras,
quantas forem as cazas decimaes, que se quizerem) pelo de
nominador.
73 Para sommar quebrados, que tenhão hum mesmo de
nominador, som mão-se os numeradores, e á sua somma dá-se
lhe o denominador commum delles.
74 Para sommar quebrados, que tenhão diferentes deno
minadores, reduzem-se primeiro ao mesmo denominador, e
depois sommão-se como no cazo precedente.
382 A COMPENDIO

75 Para diminuir quebrados, que tenhão hum mesmo de


nominador, tira-se o numerador menor do maior, e ao resto
dá-se-lhe o denominador commum : e se tiverem differentes
denominadores, reduzem-se á mesma denominação, e depois
pratica-se como no primeiro cazo.
76 Para multiplicar quebrados, é precizo multiplicar os
numeradores hum pelo outro, e da mesma sorte os denomi
nadores •

77 Para multiplicar inteiro por quebrado, ou ao contrário,


reduz-se o inteiro á fórma de quebrado dando-lhe a unidade
por denominador, e pratica-se como no primeiro cazo.
78 Para multiplicar números mistos, reduzem-se primeiro
os inteiros á denominação dos quebrados, e pratica-se a regra
geral. - -

79 Para multiplicar quebrados de quebrados, isto é, mais


de dois quebrados, multiplicão-se todos os numeradores huns
pelos outros, e da mesma sorte todos os denominadores, e o
producto que resulta reporta-se á unidade principal.
80 Para repartir hum quebrado por outro, invertem-se os
termos ao divizor, e pratica-se a regra da multiplicação
(n. 76).
81 Para repartir inteiro por quebrado, ou ao contrário,
reduz-se o inteiro á fórma de quebrado, tomando a unidade
por denominador, e pratica-se como no primeiro cazo.
82 Para dividir hum número misto por outro, reduzem-se
os inteiros á denominação dos quebrados, e pratica-se a regra
geral (n. 80). - ***

83 Para achar o valor de huma fracção concreta, reduz


se a fracção ás unidades menores, estabelecidas pelo uzo or
dinário da unidade da questão,
84 Para reduzir huma fracção decimal ás partes menores
da unidade, estabelecidas pelo uzo ordinário, multiplica-se a
fracção pelo número dessas partes.
* . * Dos números Complexos. s"

( , "; ".".

85. Para sommar números complexos, principia-se pelas


unidades da infima especie da direita para a esquerda: se a
somma dellas contém huma, ou mais unidades da especie
precedente, tirão-se, e escreve-se sómente o resto, e essas
unidades ajuntão-se
por diante, º " * com
* * *as da columna immediata, e assim •

86 Para diminuir números complexos, principia-se tambem


DE ARITHMÉTICA. . 383

pelas unidades da infima especie, e não se podendo efeituar


a subtracção, toma-se mentalmente huma unidade da espe
cie immediata, e converte-se na especie das actuaes, e jun
tão-se com as que houver, e da somma faz-se a diminuição,
tendo sempre prezente em hum todo a regra geral do diminuir.
87. A multiplicação, e divizão dos números complexos
pódem-se fazer pelas regras dos quebrados, reduzindo primeiro
os números propostos ás unidades da sua infima especie, e
dando-lhe
pecie entrapor denominador
na unidade as vezes,
de maior valor. que
" a dita infima es •

- 88 Parte aliquota de hum número, é outro menor, que


se contém exactamente algumas vezes no maior; e parte ali
quanta, é quando se não contém, assim v. g.: 4 é parte
aliquota de 8, porque se contém duas vezes em 8; e é ali
quanta de 7, porque não se contém exactamente em 7.
89 Para multiplicar números complexos pelas partes ali
quotas, resolvem-se as unidades menores em partes aliquotas
da maior, e humas das outras; e quando por esta resolução
não se póde fazer o calculo, suppre-se com productos subsi
diários. - --

90 A divizão dos números complexos divide-se em duas


partes, ou tém dois cazos principaes: 1.º quando o divizor é
incomplexo: 2.º quando é complexo, e cada hum destes se
subdivide em outros dois. Hum quando o quociente dever
mostrar unidades especie,
for de diferente da especie das do dividendo; e outro quando

91. No cazo de hum divizor incomplexo, e que o quo


ciente deva reprezentar unidades da especie das do dividendo,
reparte-se primeiro as unidades principaes, o resto reduz-se ás
unidades seguintes, e ajunta-se-lhe as que houver da mesma
especie no dividendo, e a somma divide-se pelo mesmo divi
zor, e assim por diante.
92. No cazo porêm do quociente dever reprezentar unida
des de diferente especie, é necessário primeiro reduzir o di
videndo, e o divizor (que suppomos ser da mesma especie)
ás unidades menores, e considera-las como se fossem, das
que deve mostrar o quociente, e pratica-se a divizão, como
no primeiro cazo.
93 A divizão de complexo por complexo, faz-se reduzindo
primeiro o divizor ás unidades da sua infima especie, e mul
tiplicando o dividendo pelo número das vezes, que a unidade
menor do divizor entra na maior, e pratica-se depois a divi
zão como no cazo do divizor incomplexo.
384 COMPENDIO

Da formação das potencias, e extracção das suas raizes.


94. Segunda potencia, ou quadrado de hum número, é o
producto do mesmo número multiplicado por si mesmo.
95 Raiz quadrada de hum número, é o número, que
multiplicado por si mesmo produz o mesmo número.
96 As potencias chamão-se racionaes, ou mensuraveis,
e irracionaes, ou incommensuraveis. As primeiras são as que
tém raiz justa. as segundas as que não a tém, e para ex
pressar estas se uza deste signo L" com o expoente da po
tencia. -

97. O quadrado de hum número, composto de dezenas,


e unidades, contém o quadrado das dezenas, dois productos
das dezenas pelas unidades, e o quadrado das unidades.
98 Para extrahir a raiz quadrada de qualquer número
pratica-se da maneira seguinte:
1.° Divide-se o número em classes de duas letras da di
reita para a esquerda, excepto a ultima, que póde ser de
huma so letra.
2.° Busca-se a raiz da primeira classe á esquerda, e es
creve-se á direita do número proposto, e o seu quadrado se
diminue da mesma classe.
3." Ao resto ajunta-se a classe seguinte, que formará hum
novo dividendo parcial, o qual se dividirá pelo dobro da raiz
achada, que se assentará por baixo á esquerda da ultima
letra. ". */

4.° O quociente será a segunda letra da raiz, que se es


creverá á direita da primeira, e tambem á direita do divizor,
e se multiplicará por elle, tirando o producto do dividendo,
e ao resto ajunta-se a classe seguinte, e continua-se do mesmo
modo. •

5.° Se a final houver resto, este póde-se approximar até


huma caza decimal, que nos bastar, ajuntando ao dito resto
tantas classes de duas cifras, quantas forem as cazas deci
maes. e procede-se a operação do mesmo modo, pondo pri
meiro huma virgula á direita da raiz até então achada.
99 A prova real desta operação, faz-se multiplicando a
raiz por si mesmo, e ao producto ajunta-se-lhe o resto final,
e estando certa a operação, deve resultar o número proposto.
100 Para achar o quadrado de hum quebrado, multi
plica-se este por si mesmo.
101 Para extrahir a raiz quadrada de hum quebrado,
DE ARITHMÉTICA. 385
que os seus termos são quadrados perfeitos, tira-se a raiz ao
numerador, e ao denominador.
102 Porêm se o numerador do quebrado sómente não for
quadrado, tira-se a raiz ao numerador por approximação até
huma caza determinada de dizima, e dá-se-lhe por denomi
nador a raiz exacta do denominador primitivo.
103 E quando o denominador do quebrado tambem não for
quadrado, multiplicão-se ambos os termos pelo denominador,
e pratica-se como no primeiro cazo.
104 Para extrahir a raiz quadrada de huma fracção de
cimal, é necessário que ella tenha o dobro das cazas deci
maes, que deve ter a raiz, para o que se lhe póde ajuntar
as cifras precizas. •

- 105 Para achar o cubo de qualquer número, multiplica-se


o mesmo número pelo seu quadrado.
106 Raiz cúbica de hum número, é outro que multipli
cado pelo seu quadrado, produz o número proposto.
107 O cubo de hum número composto de dezenas, e uni
dades consta de quatro partes, as quaes são: o cubo das deze
nas, tres productos do quadrado das dezenas pelas unidades,
tres productos das dezenas pelo quadrado das unidades, e o
cubo das unidades.
108 Para extrahir a raiz cúbica de hum número, pratica
se da maneira seguinte:
1.° Divide-se o número em classes de tres letras da direita
para a esquerda,
de huma so letra. excepto a ultima, que póde ser de duas, ou

2.° Busca-se a raiz da primeira classe á esquerda, que


será hum número, que o seu cubo não exceda a mesma
classe. " …
3." Diminue-se o cubo da raiz achada da classe respectiva,
e á direita do resto ajunta-se a classe seguinte, e com ella se
formará hum novo dividendo parcial, e separão-se com hum
ponto as duas ultimas letras á direita.
4.º Toma-se para divizor o triplo do quadrado da raiz
achada, e assenta-se por baixo do dividendo á esquerda das
duas letras separadas, e fazendo a divizão, o quociente será
a segunda letra da raiz. • •

5.° Fórma-se o cubo da raiz até então achada, e escreve


se por baixo do divizor, e tira-se da parte correspondente do
número proposto, e á direita do resto assenta-se a classe se
guinte, e continuando do mesmo modo se acha a terceira le
tra da raiz, e assim por diante até á ultima classe.
25
386 COMPENDIO

6.° Se a final houver resto, póde-se approximar até huma


caza de dizima determinada, ajuntando ao dito resto tantas
classes de tres cifras, quantas forem as cazas decimaes, que se
quizerem, e continua-se a operação, pondo primeiro huma
virgula á direita das unidades da raiz, para distincção.
109 Tira-se a prova real desta operação, formando o cubo
da raiz, e juntando-lhe o resto deve resultar o número proposto.
110 Pãra achar o cubo de hum quebrado, multiplica-se
o mesmo quebrado pelo seu quadrado
111 Para extrahir a raiz cúbica de hum quebrado, que
os seus termos são cubos perfeitos, tira-se a raiz tanto ao nu
merador, como ao denominador.
112 Porêm se o numerador do quebrado não for cubo per
feito, tira-se a raiz ao numerador por approximação, e dá-se
lhe por denominador a raiz exacta do denominador primi
tivo; e quando este tambem não for cubo perfeito, multipli
cão-se ambos os termos pelo quadrado do denominador, e
pratica-se como no primeiro cazo.
113 Para tirar a raiz cúbica de hum número misto, re
duzem-se os inteiros á denominação de quebrado, e depois
pratica-se como nos cazos precedentes.
114 Para extrahir a raiz cúbica de huma fracção decimal,
é necessário que ella tenha o triplo das cazas de dizima, que
deve ter na raiz, para o que se lhe ajuntaráõ as cifras preci
zas, e depois pratica-se a regra geral.
Das razões, e proporções, e das regras, que dellas resultdo.
115 Razão, é a relação, ou a comparação, que ha entre
duas quantidades homogéneas. Ha duas especies de Razões,
Arithmética, e Geométrica.
116 Razão Arithmética, é a comparação de duas quanti
dades, quando se attende a quanto huma excede, ou é exce
dida da outra.
117 Razdo Geométrica, é a comparação de duas quanti
dades, quando se attende a quantas vezes huma contém, ou
é contida na outra, e quando se diz Razdo simplesmente sem
pre se entende a Geométrica.
118 As duas quantidades comparativas, chamão-se termos:
o primeiro delles antecedente, o segundo consequente.
119 A diferença dos termos na razão arithmética, e o
quociente na geométrica chamão-se Expoentes da razão.
120 Razão composta, é a que se fórma do producto de
DE ARITHMÉTICA. 387

duas, ou mais razões simplices, as quaes se chamão compo


nentes. Se a razão é composta de duas razões iguaes, chama-se
duplicada, se de tres triplicada, se de quatro quadrupli
cada, &c.
121 A razão Arithmética não muda de valor, aindaque
se augmentem, ou diminuem os seus termos de huma porção
igual.
122 A razão Geométrica tambem não muda de valor,
aindaque se multipliquem,
mos por huma ou se dividem ambos os seus ter
mesma quantidade. •

123 Proporção, é a igualdade de razões do mesmo gé


nero, e conforme a natureza dellas, póde ser Arithmética, ou
Geométrica. +
,

124 Proporção arithmética, é a igualdade de duas razões


arithméticas.
125 Proporção geométrica, é a igualdade de duas razões
geométricas.
126 Proporção contínua, é quando o consequente da pri
meira razão, é igual ao antecedente da segunda.
127 Os termos da proporção arithmética denotão-se com
hum ponto entre o primeiro, e o segundo, e entre o terceiro,
e o quarto; e com dois pontos entre os meios.
128 Os termos da proporção geométrica denotão-se com
dois pontos entre
e o quarto; e como primeiro, e o segundo,
quatro pontos e entre o terceiro,
entre os meios. •

129 O primeiro, e o ultimo termo de huma proporção


chamão-se extremos, e os outros dois chamão-se meios.
130 A propriedade das proporções arithméticas, é que a
somma dos extremos é igual á somma dos meios, e recipro
Carmente. ----
131 Na proporção arithmética contínua, a somma dos ex
tremos é dupla do meio, e reciprocamente.
132 A propriedade das proporções geométricas, é que o
producto dos extremos, é igual ao producto dos meios, e re
ciprocamente: e se a proporção for contínua, o producto dos
extremos é igual ao quadrado do meio.
133 . Para achar hum dos extremos de huma proporção
arithmética, som mão-se os meios, e tira-se da somma o ex
tremo conhecido: e para achar algum dos meios, som mão-se
os extremos, e da somma tira-se o meio conhecido,
134. Dados os tres primeiros termos de huma proporção
geométrica achar-se-ha o quarto, multiplicando o segundo
pelo terceiro, e dividindo o producto pelo primeiro, ou tam
25 %
388 COMPENDIO #

bem dividindo o segundo pelo primeiro, e multiplicando o


quociente pelo terceiro.
135 Dados os tres ultimos termos de huma proporção geo
métrica, conhecer-se-ha o primeiro multiplicando os dois meios,
e dividindo o producto pelo ultimo termo.
136 Para achar hum dos termos médios de huma propor
ção geométrica, multiplicão-se os extremos, e divide-se o
producto pelo meio conhecido, o quociente mostrará o outro.
137 Os quatro termos de huma proporção, conservaráõ
sempre a mesma proporcionalidade, aindaque se mudem os
meios para extremos, e estes para aquelles, e huns, e outros
trocarem entre si de lugar.
138 E em geral qualquer mudança feita em huma propor
ção arithmética, ou geométrica, que conservar, na primeira, a
igualdade das sommas dos extremos, e dos meios; e na se
gunda, a igualdade entre o producto dos extremos, e o pro
ducto dos meios, conservaráô sempre a mesma proporção.
139 A regra de tres tém por objecto achar o quarto ter
mo de huma proporção geométrica, conhecidos que sejão os
tres primeiros. Aº

140 A regra de tres divide-se em simples, e composta. E


simples quando a questão não involve mais que tres termos;
e composta quando involve mais de quatro termos.
141 A regra de tres simples póde ser directa, ou inversa:
é directa, quando cada cauza com o seu efeito occupão lu
gares homogéneos; e inversa, ou reciproca no cazo contrário.
142 A regra de companhia serve para dividir huma quan
tidade em partes proporcionaes, a quaesquer números dados.
143 A regra de companhia divide-se em duas partes: 1.°
quando os companheiros existem em giro hum mesmo espaço
de tempo; 2.° quando o tempo é diverso.
144 . A primeira das ditas partes resolve-se pela seguinte
proporção, repetida tantas vezes, quantos forem os compa
nheiros. A somma dos números dados é para o número pro
posto; assim como qualquer dos números dados é para a
parte proporcional.
145 A segunda resolve-se, multiplicando primeiro a en
trada de cada companheiro pelo tempo respectivo, e somma
dos os productos, se reduz á regra da primeira parte.
146 A regra de falsa pozição, serve para descobrir hum
número, por meio de outros, que se suppõem, os quaes se
chamão hypotheses. Divide-se em simples, e composta: é sim
ples, quando suppomos hum so número, ou hypothese, e com
DE ARITHMÉTICA. 389

posta, quando são necessários dois números, ou duas hypo


theses.
147 . Na simples se fórma esta proporção: o resultado da
hypothese é para o verdadeiro resultado, como a hypothese é
para o número que se busca.
148 . Na composta se fórma esta: como a diferença entre
os resultados das duas hypotheses, para a diferença entre
o resultado da primeira hypothese, e o verdadeiro resultado;
assim a diferença das hypotheses para hum quarto termo.
149 A regra de liga, ou de mistos, serve para determi
nar o valor de huma mistura composta de simplices de diver
sos valores; ou tambem para saber a quantidade de cada sim
plices, de que se deve compôr a mistura. Aº

150 Divide-se esta regra em directa, e inversa. E directa,


quando se dão as quantidades dos simplices, e os seus valores,
e se procura o valor do misto. E inversa, quando se dão os
valores dos simplices, e o do misto, e se pergunta a porção,
que de cada huma se deve tomar para compôr o misto.
151 Na directa pratica-se da maneira seguinte: multipli
cdo-se as quantidades pelos seus respectivos preços, e a som
ma dos productos divide-se pela somma das quantidades do
composto, e o quociente mostra o valar de cada unidade do misto.
152 Na inversa sendo sómente dois os simplices, que se
hão de ligar deveremos fazer duas proporções, nas quaes o
primeiro termo seja a diferença entre os preços do simplices:
o segundo o número do composto; e o terceiro em huma das
proporções a diferença entre os valores do composto, e do
simples de maior calor; e na outra a diferença entre os ca
lores do composto, e do simples de menor valor.
153 E sendo mais de duas as especies que se hão de ligar,
pratica-se desta maneira: ligdo-se arbitrariamente pela regra
directa, todas as especies de maior valor, que o do misto pro
posto, e do mesmo modo todas as de menor valor, e reduzidas
todas a duas especies, se resolverá pela regra precedente.
154 Nas lotações dos líquidos póde-se praticar desta fór
ma: escrevem-se os preços dos # , e á esquerda o preço
médio, e procedendo na lotação (comparando-os com o preço
médio) do primeiro com o ultimo, e deste com o primeiro: do
segundo com o penultimo, e deste com o segundo, alternando
até o fim da operação, e carregando as quantidades, ou as
diferenças ao lado opposto de cada hum.
155 Depois para veríficar a lotação, multiplicão-se as
quantidades achadas pela maneira precedente, pelos preços res
390 COMPENDIO DE ARITHMÉTICA.

pectivos, e a somma dos productos divide-se pela somma das


quantidades, e o quociente mostrará o preço médio.
156 A regra de juros, é hum méthodo, pelo qual conhe
cemos o ganho, que huma quantia de dinheiro produz em
certo tempo, conhecido o ganho, que vence 100 em hum anno,
157 A regra dos descontos reduz-se ás regras dos juros, e
consequentemente se resolve do mesmo modo.

Das Progressões.
158 Progressão é huma serie de razões iguaes, em a
qual cada termo é juntamente consequente da razão prece
dente, e antecedente da razão seguinte.
159 Progressão arithmética é huma serie º de números,
que diferem entre si huma mesma quantidade.
160 Progressão geométrica, é huma serie de números,
cada hum dos quaes contém, ou é contido igual número de
vezes no seu antecedente.
A progressão tanto arithmética como geométrica póde
ser ascendente, ou descendente.
161 A progressão arithmética ascendente fórma-se do pri
meiro termo, e da diferença entre os dois primeiros tomada
tantas vezes, como ha de termos incluzivamente.
162 A progressão arithmética descendente, fórma-se do
primeiro termo, e da diferença entre os dois primeiros, ti
rando-a do primeiro tantas vezes quantos forem os termos
incluzivamente.
163 As progressões geométricas tanto… ascendentes como
descendentes fórmão-se da mesma sorte; porque dado o pri
meiro termo, e o expoente commum da razão, cada hum
dos termos, depois do primeiro, se formará do seu antecedente
multiplicado pelo expoente.
164 Expoente de huma progressão geométrica é o nú
mero, que denota quantas vezes o primeiro termo contém,
ou é contido no segundo.

{ ·
39 |

--…==>--><><><><><>>@@@<>==-

APPENDICE.

BREVEs Noções GEOGRAPHICAS

_ —<es

Geographia.

É huma descripção Mathemática, Physica, e Politica


da Terra.
É Mathemática, porque necessita da Geometria para
medir a superficie do Globo terréstre, da Astronomia para
indicar debaixo, de que Clima, Signo, ou Zodiaco está
qualquer Região, ou Paiz.
E Physica, porque nos dá o conhecimento das Plantas,
dos Mineraes, &c.
E Politica, porque nos faz saber a fórma, e qualidade
dos Governos das diferentes Nações do Mundo; sua Religião;
seu Commercio; suas Producções, &c.
Continente,

Continente, ou terra firme, é huma grande parte da terra,


que comprehende muitas regiões continuadas, e que o mar não
as separa do seu todo. - •

Região. — {

* * *----- -

É huma grande extensão de Paiz, por exemplo: a Africa.


--
Ilha.

…. É huma porção de terra menor, que o Continente, e que


está toda cercada d'agua, por exemplo: a Ilha da Madeira,
Peninsula.

É huma porção de terra, que está cercada d'agua.


excepto por huma pequena parte, que a une á terra firme,
v. g.: a Peninsula Moréa na Grecia sobre o Mediterraneo,
392 APPENDICE.

Isthmo.

É huma lingua, ou porção de terra entre dois mares,


que une a Peninsula
é o Isthmo á terra firme, por exemplo: Corintho,
da Moréa. •

Passo.

É huma passagem estreita entre Montanhas, v.g.: º


Furadoiro.
Cabo, ou Promontorio.

É a ponta da terra, que sabe sobre o mar, v.g.: o


Cabo de S. Vicente no Algarve.
Dunas. •

São humas pequenas Colinas d'arêa, ou rocha, que se


estendem ao longo das costas do mar, v.g.: as Colinas d'arêa,
que estão ao Sul do rio Tamys nas costas de Inglaterra.
Archipelago.
É huma parte do mar, que comprehende muitas Ilhas
quazi juntas, v.g.: o mar Egeo no Mediterraneo.
Golfo.
É hum braço de mar, que se prolonga pela terra dentro,
v. g.: o Golfo de Veneza. Os maiores conservão o nome de
mar, como o Golfo de Veneza, que tambem se chama mar
Adriatico,
Bahia,

E como hum Golfo; porêm difere em ser muito menor,


e commummente as Bahias são mais estreitas na entrada, do
que para dentro, v. g.: a Bahia de todos os Santos, na
America Meridional.
Enseada.

É huma pequena entrada, que o mar faz na terra sobre


as costas, propria para os navios surgirem, v.g.: a Enseada
de Cascaes.
APPENDICE. 393

Secos, Altos, Fundos, Bancos d'arêa são sitios no mar


onde ha pouca agua.
Estreito.

É huma parte do mar, que está entre duas terras, v.g.:


o Estreito de Gibraltar, que está entre a Africa, e a Europa.
Lago.
É huma extensão d'agua no meio da terra, que se não
sécca, v. g.: o Lago de Genebra na Suissa.
Rio,

É a corrente caudaloza de muitas aguas, que vão desem


boccar em outro rio, lago, ou mar, v.g.: o rio Tejo.
Os rios, que levão pouca agua chamão-se Ribeiras,
Riachos, ou Regatos.
Confluencia.
É a parte onde hum rio se junta com outro, v.g.: o 2e
zere com o Tejo em Punhete.
Eocca, $.
ou Emboccadura de hum rio, é a parte
onde elle deixa de continuar o seu curso, por entrar em outro
rio, lago, ou mar; e a parte onde hum rio tém a sua origem
chama-se Manancial.
----

BREVE TRATADO DA ESPHERA.


*******>………___
Esphera, é pela configuração de huma Bola composta
de muitos círculos, e que tém a mesma distancia de todos os
pontos da sua superficie a hum ponto, que tém no meio,
que se chama centro.
A Esphera move-se á roda de dois pontos, que se cha
mão Pólos: hum destes chama-se Pólo Arctico, e o outro
Pólo Antarctico, que quer dizer opposto ao Arctico.
. Os pontos Cardiaes da Esphera são quatro: Norte, Sul,
Este, Oeste. Aº

Norte é no Pólo Arctico, e Sul no Antarctico. Éste fica


á direita, e é donde nasce o Sol, e por isso chama-se tam
bem Oriente, ou o Levante, Oeste fica á esquerda, e é donde
394 APPENDICE.

se põe o Sol, e por isso chama-se tambem Poente, ou Occi


dente. }

Zenith, é o ponto vertical do Céo, que está perpendicu


larmente por cima de nós; e Nadir, é o ponto do Céo, que
está directamente opposto ao Zenith, e que está por baixo de
nós. Os que habitão neste ponto chamão-se Antipodas.
Círculo, é huma linha fechada de todos os lados, e da
qual todos os pontos tém a mesma distancia ao seu centro.
Ha na Esphera duas qualidades de círculos. Círculo
grande, e Círculo pequeno. Círculo grande é o que parte a
Esphera em duas partes iguaes; Círculo pequeno, é o que
parte a Esphera em duas partes desiguaes.
Ha dez círculos na Esphera, seis grandes, e quatro pe
quenos. Os grandes são o Equador, o Zodiaco, o Meridiano,
o Horizonte, e os dois Colúros. Os pequenos são os dois cír
culos Polares, e os dois Trópicos. -

Dos círculos grandes.


O Equador, é hum círculo, que divide a Esphera em
duas partes iguaes, e tém os seus Pólos, nos Pólos do Mundo.
O Zodiaco, é huma facha larga de 16 gráos, que corta
o Equador obliquamente em dois pontos, e se afasta delle
de hum, e outro lado 23 + gráos. Pelo meio do Zodiaco passa
outro círculo chamado Eclyptica, que marca o caminho, que
faz o Sol. •

O Zodiaco divide-se em 12 partes, a que chamão Signos,


ou cazas do Sol, contendo cada hum 30 gráos, e consequen
temente o Zodiaco tém 360 gráos, e o mesmo tém todos os
círculos. Os signos do Zodiaco chamão-se a Baleia, o Tauro,
os Gémeos, o Cancer, o Leão, a Virgem, que ficão ao Norte
do Equador, e os outros seis ao Sul, que são a Balança, o
Escorpião,
Peixes.
o Sagittario, o Capricorneo, o Aquario, e os
|- • • • - - - :

A Eclyptica corta o Equador obliquamente em dois


pontos, e afasta-se delle de hum, e outro lado 23 à gráos.
O Meridiano passa pelos Pólos do Mundo, pelo 3enith,
e pelo Nadir, e tém os seus Pólos no Horizonte. " " . ".
. . Como cada terra tém seu diferente 3enith, e Nadir,
por isso tém tambem o seu Meridiano diferente.
, º Horizonte, é bum círculo grande, que tém os seus Pólos
no Zenith, e Nadir. -

… … Ora, em qualquer ponto onde se esteja, a ultima parte


APPENDICE, 395

da terra, donde a vista não passa se chama Horizonte, por


que divide o Hemispherio superior do inferior.
Os dois Colúros, são dois meridianos, dos quaes hum
passa pelos pontos dos Equinoccios, e o outro pelos pontos
dos Solsticios. O 1.° chama-se Colúro dos Equinoccios, e o
2.° Colúro dos Solsticios.
Os Equinoccios fazem-se em o lugar onde a Eclyptica
corta o Equador, porque quando o Sol ahi está são os dias
iguaes ás noites, e isto é o quer dizer Equinoccio.
Ha dois Equinoccios no anno: hum a 21 de Março, ou
tro a 21 de Settembro.
Os Solsticios fazem-se nos pontos da Eclyptica mais
afastados do Equador, e quando o Sol chega ao da parte do
Norte, temos o maior dia do anno, que é a 21 de Junho; e
quando chega ao da parte do Sul temos a maior noite, que é
a 21 de Dezembro. # • •

Dos círculos pequenos


Os Trópicos são dois círculos pequenos 23 4 gráos afas
tados do Equador, e parallelos a elle.
Hum chama-se Trópico Cancer, porque toca no Zodiaco
no ponto do signo Cancer; e o outro chama-se Trópico Capri
corneo, porque toca no ponto do signo do mesmo nome.
Os círculos Polares, são huns círculos pequenos afasta
dos dos Pólos do Mundo 23 à gráos.
O do Norte chama-se círculo Polar Arctico, e o do Sul
círculo Polar Antarctico, por estar opposto ao Arctico. E sobre
estes círculos, que a Eclyptica tém os seus Pólos.
Das Pozições da Esphera. --—___
A Esphera tém tres diferentes Pozições, que são Es
phera parallela, Esphera recta, e Esphera obliqua.
Esphera parallela, é quando o Equador está parallelo
ao Horizonte, e os Pólos estão no Zenith, e Nadir.
Os póvos, que estão debaixo dos Pólos do Mundo, são
os que tém a Esphera parallela, e dizem que elles tém seis
mezes dia, e seis mezes noite, porque o Sol está sobre o seu
Horizonte seis mezes, e outros seis debaixo.
Esphera recta, é quando os Pólos do Mundo estão no
Horizonte, e o Zenith, e Nadir no Equador.
Os póvos, que estão sobre o Equador, são os que tém a
396 APPENDICE.

Esphera recta, e tém hum Equinoccio perpetuo, e consequen


temente os dias iguaes ás noites.
Esphera obliqua, é quando hum dos Pólos do Mundo se
eleva mais, ou menos sobre o Horizonte; e outro se submette
mais, ou menos debaixo do mesmo Horizonte.
Os póvos, que habitão o Globo entre os círeulos Polares,
e o Equador, são os que tém a Esphera obliqua, e tém os
dias desiguaes, isto é, ora maiores, ora menores, conforme
a Esphera lhes está mais, ou menos obliqua.
Das Zonas.

2ona, é palavra Grega, que significa facha, fita, ou


cinta, &c.
Ha cinco Zonas, a saber: huma Zona Torrida, duas
Zonas Temperadas, e duas Zonas Phrygidas, ou Glaciaes.
A Zona Torrida, é a porção do Globo, que está entre
os dois Trópicos, e passa-lhe pelo meio o Equador. Tém de
largura 47 gráos, e chama-se Torrida por ser a parte do
Mundo onde ha maior calor.
As Zonas Temperadas são as duas porções do Globo,
que estão entre os Trópicos, e os círculos Polares, cada huma
dellas tém de largura 43 gráos. Chamão-se Temparadas, por
que é onde não faz nem muito calor, nem muito frio.
As Zonas Phrygidas, ou Glaciaes, são as duas porções
do Globo, que estão entre os círculos Polares, e os Pólos:
cada huma tém de largura 23 à gráos. Chamão-se Phrygidas,
por ser onde ha o maior gráo de frio, de modo que são inha
bitaveis. .…………… "
Da Latitude, e Longitude.# º

Latitude, é a distancia, que ha de huma terra até ao


Equador, a qual se conta no Meridiano. - -

Ha duas sortes de Latitudes, Latitude Septentrional,


que se conta do Equador para o Norte; e Latitude Meridio
nal, que se conta do Equador para o Sul.
- Para acharmos a Latitude de huma terra, v.g.: Lis
boa, busca-se no mappa o ponto onde fica Lisboa, e sahindo
desse ponto descrevendo hum paralelo até tocar no grande
Meridiano, na graduação deste se contão os gráos de Latitu
de, em que está Lisboa, que achamos ser de 38° 40' e 20"
Septentrionaes. Isto quer dizer, que Lisboa dista do Equador
perto de 39 gráos, e que está ao Norte delle.
APPENDI CE. 397

Longitude, é a distancia, que ha de huma terra até o


1.° Meridiano, que é o que passa pela Ilha de Ferro, que é
huma das ilhas Canárias, ultima terra conhecida dos antigos
por estar proxima ao continente Africano.
Conta-se a Longitude na graduação do Equador, e sem
pre do Oriente para o Occidente, e nunca ao contrário.
Para acharmos pois a Longitude de huma terra, v. g.:
Lisboa, busca-se no mappa o ponto onde fica Lisboa, e des
crevendo hum Meridiano até tocar no Equador, nelle achamos
8 gráos e meio, que é quanto dista Lisboa do 1.° Meri
diano.
Da grandeza da Terra. Para saber a grandeza da Terra,
não é necessário mais, que multipricar 360°, que tém toda a
circumferencia do Globo Terraqueo por 18 legoas Portugue
zas, que tém cada gráo, e acharemos 6:480 legoas: meia
circumferencia 180°, ou 3.240 legoas; e a quarta parte, que
é hum angulo recto 90°, ou 1:620 legoas.
Diametro, é a linha recta, que passa pelo centro da
circumferencia, e a divide em duas partes iguaes. Querendo
saber a grandeza do Diametro da Terra, toma-se a têrça
parte das legoas da circumferencia, e acharemos que tém
2:160 legoas. •

Do giro do Sol. O Sol gasta 365 dias, 4 horas, e 48


minutos no seu giro annual sobre a Eclyptica; e 24 horas em
correr todo o círculo á roda da Terra, isto é, 360 gráos, o
que corresponde a cada 15° huma hora, e a cada gráo 4.
Isto supposto fica facil o conhecer a hora, que é em
qualquer terra do Mundo, no tempo em que nos perguntarem;
porque tomando-se a diferença da Longitude da terra, em
que estivermos, e a da terra donde queremos saber a hora,
não tém mais, que multiplicar os gráos da diferença por 4,
e o producto mostrará a hora. Assim, v.g.: querendo saber,
que hora é em París, quando for meio dia em Lisboa, vê
remos que a Longitude de Lisboa é de 8° e meio, e a de
París de 20°, logo a diferença das longitudes destas duas
terras é de 11° e meio,} multiplicados por 4 dá 46 minu
tos: assim, quando em Lisboa for meio dia, em París será
46 minutos depois do meio dia.

FIM.
398 , º +

INTI…) I GER.
Introducção ................... . . . . . . . . . . . . . Pag. 5
Utilidade da Escrita........... • • • • • • • • • • • • • • • • • • 11
Origem, é invenção da Escrita......... 12 • • • • • • • • • • •

Das materias em que se gravárão, e escrevêrão as letras 17


Das letras que em Portugal se tém uzado ........... 2O
Advertencias geraes aos pais, mestres, e discipulos..... 28
Definição, e divizão da Arte de Escrever ..... . . . . . .. 35
Das linhas que se uzão na Escrita ............ ...... 36
Dos traços principaes da Escrita......... • • • • • • • • • • • 37
Dos espaços e intervallos das letras ................. 37
Dos instrumentos necessários.......... - - - - - - - - - -- - - 39
Da Penna, Papel , e Pergaminho......... • • • • • • • • • 41
Da Tinta..... •• • • • • •... -- . . . . . . . . . . - - - - . . . . . . . 42
Méthodo particular de fazer tinta ................ ... 43
Do aparo da Penna para a Letra Ingleza............ 45
Postura do corpo, e assento para escrever............ 48
Méthodo de pegar na Penna .......... . . . . . . . . . . . . 49
Da collecção das Pautas.......... ....... 54 • • • • • • • • •

Noticia da Letra Ingleza, e seus Authores...... ..... 57


Descripção da primeira estampa da Arte...... . . . . . . . 50
Prevenções geraes ......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • .... 58
Obliquidade da Letra Ingleza..................... 61
Primeira, e Segunda Lições................ . 62 e 64
Méthodo de uzar da Pauta das primeiras lições ....... 66
Terceira, e Quarta Lições..... .............. 67 e 72
Quinta, e Sexta Lições...... ............... 76 e 77
Settima, e Oitava Lições.....…….................. 79
Nona, e Décima Lições.......................... 87
Da imitação das mais estampas do carácter Inglez..... 88
Regras geraes para escrever ........... . . . . . . . . . . . . 89
Da Letra Portugueza ....... ..................... ºi
Dos espaços, e intervallos das letras................. 92
Do aparo da Penna para a Letra Portugueza......... 93
Méthodo geral de tomar a Penna................... 94
Méthodo de começar a aprender a Letra Portugueza... - 36
Obliquidade da Letra Portugueza .................. 97
Dos traços radicaes, ou primitivos........ • • • • • • • • • • 98
Primeira, e Segunda Lições ..... . . . 100 e • • • • • • • • • 101
Terceira, e Quarta Lições................... 102 e 104
Da grossura, largura, e liga da letra............... 107
Settima, e Oitava Lições ................... 115 e 116
• INDICE. 399

Quinta, e Sexta Lições................. pag. 108 e 114


Da Letra Aldina, Grifa, ou Italica................ 118
Principios, e Primeira Lição da Letra Aldina... 121 e 122
Segunda, e Terceira Lições....................... 123
Quarta, e Quinta Lições..... • • • • • • • • • • • • • • • 125 e 126
Sexta Lição........ ------- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 128
Da Letra Romana, ou Latina..................... l 30
Principios, e Primeira Lição da Letra Romana....... 136
Segunda, e Terceira Lições...... 137 e
• • • • • • • • • • • • 138
Quarta, Quinta, e Sexta Lições......... 159, 143, e 150
Da Letra Gótica......……. - … . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Principios methódicos para as Letras Góticas .......... l 52
Da formação das Maiúsculas dos caractéres Góticos.... 155
Noções de Arithmética.
Definição, e Divizão d'Arithmética................. 159
Taboada Numeratoria. ........................... } 65
Das principaes regras d'Arithmética................. 167
Addição dos números Inteiros .......... • • • • • • • • • • • 168
Taboada das sommas dos números Dígitos ........... 170
Subtracção dos números Inteiros ................... 174
Taboada para diminuir.............. - - - - - - - - - - - - - 176
Prova da Addição, e Subtracção................... 180
Multiplicação dos números Inteiros ................. 183
Taboada para a Multiplicação....... . . . . 185
• • • • • • • • • •

Primeira, e Segunda Multiplicações........... 186 e 189


Uzo da Multiplicação............................ 192
Divizão dos números Inteiros............. * - - - - - - . . 194
Taboada para Repartir….…....................... 197
Primeira, e Segunda Divizões.…........... 198 e 20s
Modo de abbreviar a Divizão ..............…. ----- ... 207
Prova da Multiplicação, e Divizão................. 21 1
Prova pela regra dos noves, e dos onzes.............212
Uzo da Divizã o................................. 216
Da Dizima, ou Fracções Decimaes................. 217
Addição, e Subtracção dos Decimaes .......... 222 e 223
Multiplicação dos Decimaes .................... ... 225
Divizão dos Decimaes..................... • • • • • • • 227
Reduzir hum quebrado a Decimaes................. 229
Dos Quebrados, ou Fracções.............. 230 • • • • • • • •

Modo de simplificar os Quebrados.................. 234


Méthodo para achar o maior divizor commum........ 236
Reducção dos Quebrados ao mesmo denominador ..... 238
400 INDICE, •

Addição, e Subtracção dos Quebrados...... pag. 239 e 240


Multiplicação, e Divizão dos Quebrados........242 e 247
Uzo dos Quebrados........ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 251
Dos números Complexos, ou Denominados........... 253
Addição, e Subtracção dos números Complexos.. 254 e 258
Prova da Addição, e Subtracção..... • • • • • • • • • • • • • • 262
Multiplicação dos números Complexos............. ... 264
Multiplicação de Incomplexo por Complexo.......... 266
Multiplicação de Complexo por Complexo ........... 270
Divizão dos números Complexos ................... 274
Da formação das Potencias, e extracção das raizes..... 281
Taboada das Potencias ........................... 282
Dos números Quadrados, e extracção das suas raizes... ibid
Das partes do quadrado........................... 284
Méthodo para extrahir a raiz quadrada ........... ... ibid
Extracção da raiz quadrada dos quebrados ........... 291
Dos números Cúbicos, e extracção das suas raizes ..... 293
Das partes do Cubo............................. , 294
Méthodo para extrahir a raiz Cúbica..... 296 • • • • • • • • • • •

Extracção da raiz Cúbica dos quebrados........... . . 303


Das Razões, e Proporções, e das suas regras......... 305
Da Proporção em commum ........... 309 • • • • • • • • • • • •

Propriedades das Proporções Arithméticas............ 3 1 1


Das Proporções Geométricas, e suas propriedades ..... 315
Uzo das Proporções....................... ....... 319
Da regra de tres directa, e simples................. 32O
Da regra de tres inversa, e simples................. 323
Da regra de tres composta............. … . . . . . . .. .. 325
Da regra de Companhia............ - - - - - - - - - - - - .. 329
Da regra de Falsa. Pozição ............ ... 334 • • • • • • • • • • •

Da regra de Liga, ou de Mistos................... 339


Da regra de Juros...... ...
• • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 345
Da regra de Juros simples................ ......... ibid
Da regra de Juros composta.......... • • • • • • • • • • • • • 346
Da regra de Juros compostos................. ...... 355
Das Progressões..... • • • • • • • .....
• • • • • • • • • • • • • • • • 356
Da formação das Progressões Arithméticas........... ibid
Da formação das Progressões Geométricas............ 358
Noticia das moedas, pezos, e medidas..... . . . . . . . .. 36O
Da conta Romana, ou Latina ............. • • • • • • • • 370
Taboada Pythagorica, e noticia do seu Author ....... 374,
Compendio de Arithmética................... . . . .. 375
Appendice de Geographia......................... 391
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41584
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