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• Historia, nr. 13 Ano de 1960
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ARNALDO BRUXEL, S. J.
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... O GADO l-JA ANTIGA BANDA ORIENTAL DO
URUGUAI
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INSTITUTO ANCBIETANO DE PESQUISAS
Pôrto Alegre - Caixa Postal, 358 - Rio . Grande do Sul - BRASIL
PESQUISAS
PUBLICACõES DE PERMUTA INTERNACIONAL
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A publlcacão das colo.boracões e3pontAneas depende do Conselho de Redação.
ARNALDO BRUXEL, S . J.
I. Parte
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INSTITUTO ANCHIETANO DE PESQUISAS
Pôrto Alegre - Caixa Postal, 358 - Rio Grande do Sul - BRASIL
O GADO NA ANTIGA BANDA ORIENTAL
DO URUGUAI
I. Parte
Arnaldo Bruxei, S. J.
PRóLOGO
•
BRUXEL, O GADO MA ANTIGA BANDA ORIENTAL DO URUOUA Y I 7
PREAMBULO
I
1. Justificação dêste capítulo. En1 1955 publicamos
un1 esbôço sôb1·e a 01·ige111, ªi)tidão e acessibilidade natu1·al
dos campos 1·iog1·andenses. Justificava-se aquêle estudo pelo
fato de a histó1·ia do Rio G1·ande do Sul, dependei· en1 J)a1·te,
não de todo, 11em sequei· en1 máxin1a l)a1·te, da l1istó1·ia do
seu gado vacum, que nas p1·in1ci1·as décadas do século XVI
foi int1·oduzido na Banda 01·iental do U1·t1guai e se alçou
e encl1eu tôdas as cam1)anhas e contribuiu muito l)a1·a as
causalidades histó1·icas l)Oste1·io1·es. Ve111 êste t1·abalho 11a
Revista do Museu Júlio ele Castilhos e Arquivo Histó1·ico
do Rio G1·ande do Sul, Pô1·to Aleg1·e, 1955, N. 5, pg. 101-121.
A história do homem de1)endia en1 })a1·te da do boi. A
do boi po1· sua vez de1)endia do ambiente que encont1·ou,
das pastagens natu1·ais qt1e estêtvam à sua dis1)osição. Es-
tas por sua vez dependiam da histó1·ia geológica desta })a1·-
te do sul do B1·asil. Justificava-se, pois, um estudo rudi-
n1enta1· que fôsse, sôbre a gênése, localização e acessibili-
dade natural e a1·tificial dos can11)os da antiga Banda
Oriental.
r->reân1bulo.
Expla11ação.
A Serra do Sudei-;te .,
Aptidã.o (8), .i\.cessibilidade (9), Parn1enores... (10)
O Planalto
Aptidão (17), .~cessibilidade (18), Por111enores ... (19)
•
BRUXEL, 9 GADO NA ANTIGA BANDA ORIENTAL DO URUOUAY I 11
Conclusões
EXPLANAÇÃO.
.
do1· da base de g1·anito. Mais ta1·de ainda deve1·iam te1· so-
b1·evindo climas causticantes. Atestam-no as camadas de
a1·enito qt1e 1·ecob1·em as camadas ante1·io1·es de 1·elictos gla-
ciais e ca1·bonífe1·os. Enquanto o sol esfarelava o g1·anito
primitivo, o vento que so1)1·ava naquelas altu1·as, es1)alhava
as a1·eias })a1·a os J)lainos dos conto1·nos. As can1adas de
a1·eia al cança1·an1 e111 ce1·tos l t1ga1·es es J)ess u1·as de cem e tan-
tos n1et1·os, como 1nost1·a111 os mo1·1·os de a1·enito, que 1·es-
taran1 das ca111aclas 1)1·in1itivas, cle1)ois qt1e a e1·osão as de-
n1oliu. Tê111 êste ca1·áte1· os 1nor1·os que se vên1 ao 1·eclo1· ele
algumas cidades con10 São LeoJ)oldo, l\!Ionteneg1·0 etc. São
to1·rões gigantescos, que as chuvas e out1·os agentes ainda
não co11segui1·a1n a1·rasa1·, e que fica1·am no alti1)lano, ago1·a
escavado, que e1·a out1·01·a a De1)1·essão Cent1·al.
Demolida, })ois, en1 pa1·te a l)latafo1·1na de g1·a11ito, e
es1)alhadas as a1·eias en1 es1)essas camadas, deve te1· sob1·e-
vindo um g1·ande cataclisma, cujas causas e localização ain-
da não se acham pe1·feitamente ex1)licadas. Mas a convulsão
qt1e p1·ovàveln1ente se deu na costa atlâ11tica, deve te1· f1·ag-
mentado intensa1nente a c1·osta te1·1·est1·e, até étlcança1· os
n1agmas da })rofundidade. A massa liquefeita começou a
jo1·ra1· en1 in1ensas golfadas de lava, que esco1·1·iam sôb1·e as
camadas de a1·eia. A 01·ientação ge1·al dos declives para su-
doeste })a1·ece suge1·i1· que os n1agn1as esco1·1·iam })referente-
mente nesta di1·eção. A níticla divisão da subida da Se1·ra
nos deg1·áus qt1e se notam en1 n1uitos lt1ga1·es, l)a1·ece st1ge-
rir também que êste fenôn1eno esteja vinculado ao })l'Ó})1·io
cu1·so da lava. Talvez se fizesse em ondas st1cessivas, das
quais as últin1as, po1· qualqt1e1· motivo i11e1·ente à massa
ou à quantidade se solidificassen1 a meio caminho.
Te1·íamos, J)ois, no p1·imitivo Rio G1·ancle do St1l dois te-
lhados l)luviais. O p1·imei1·0 estaria na Se1·1·a do Sudeste, e
se di1·igi1·ia J)a1·a leste. Ainda hoje em dia seus grandes 1·ios
todos têm esta di1·eção. O segundo declive se1·ia J)ara su-
doeste, abrange1·ia en1 un1 J)1·i1nei1·0 ten11)0 quase todo o res-
to do Estado, fo1·a do declive leste da Se1·1·a do Sudeste.
Atestam-no ainda hoje os 1·ios, mesmo os qt1e desag·uam na
g1·ande calha do J acuí e con1 êle se di1·igem J)a1·a leste. Pa-
1·ece que J)1·imitivamente tôda a bacia do J acui· esta1·ia di-
1·igida para sudoeste, indo desagt1a1· no U1·uguai. Isto se de-
duz da di1·eção de todos os 1·ios qt1e o fo1·man1, l)Ois todos
na sua pa1·te SUJ)erior têm niticlamente a di1·eção st1doeste,
como os 1·ios da bacia do Ibict1i. Qual a cat1sa dêstes 1·ios
depois da1·em uma flexão de mais de cem graus J)a1·a leste,
é t1m enigma ainda não bem decif1·ado.
•
BRUXEL, O GADO NA ANTIGA BANDA ORIENTAL DO URUOUAY I 13
'•
'
A Faixa Litorânea.
A Se,·ra do Sudeste.
.
a Se1·1·a do Sudeste c1·iava 17,67 % do gado 1·iog1·andense.
Donde se concl t1i o })1·edomínio do can11Jo sôb1·e o n1ato. Os
autores não indicam a JJ1·01)01·ção exata entre as áreas de
matos e campos na Se1·1·a do S 1.1deste.
A Campanha do Sudoeste
A Dep,·essão Cent1·al.
O Planalto.
17. A aptidão. O PI anal to te111 111ais ou n1enos a fo1·-
n1a de meia l t1a, con1 o a1·co fo1·111ado JJelos A1Ja1·ados da
Se1·1·a e o 1·io Pelotas-Urug·t1ai. O diân1et1·0 ot1 co1·da JJas-
sa1·ia IJela Se1·1·a Ge1·al desde São Borj a a To1·1·es a1J1·oxima-
22 PESQUISAS 11180, HISTÓRIA N.O 13
.
damente. Constitui quase a n1etade do Estado ou seja t1ns
150.000 Klms quad1·ados. Os solos são 01·iginéí1·ios da de-
composição de e1·u1)tivas recentes ent1·e as quais se destaca
o meláfiro amigdalino. Po1·tanto solos férteis, onde a de-
com1)osição já a1)rofundou bastante. A êste fato1· edáfico
alia-se o fato1· chuva. As camadas de umidade do a1·, em-
batem cont1·a a encosta da Se1·1·a, levantam-se e, com isto,
esfriam-se, l)reci1)itando-se em chuvas abundantes. Po1· isso
})1·edomina o mato em clt1as g1·andes co1·das das quais uma
se estende clesde To1·1·es até qt1ase o U1·uguai, ao longo da en-
costa da Se1·1·a, e out1·a, na J)a1·te O})osta do Planalto, ao
longo do Uruguai-Pelotas. Destas duas linhas o mato avan-
ça Planalto a dent1·0, ao longo dos vales, con1 espessu1·as
que em ce1·tos l uga1·es chegam a cen1 · e mais l{lms de ex-
tensão; nas cabecei1·as do Taqua1·i e do J acui chegan1 a to-
cai· os matos que soben1 do U1·ugt1ai. Talvez se possa dizei·
que com mais t1ns dez ot1 quinze mil anos o mato ocupa1·ia
tôda a á1·ea do Planalto, já qt1e as condições de clima e so-
lo o pe1·mitem })e1·feitamente. Estes fato1·es ocasiona1·an1 a
aptidão ou falta de a1)tidão do Planalto })a1·a a })ect1á1·ia
em g1·ande escala. As duas g1·andes faixas de mato, a st1l
e a no1·te do planalto, excluem a pecuá1·ia e são ext1·ema-
mente favo1·áveis a uma intensíssima ag1·icultu1·a à moda
eu1·01)éia. l\1as o diviso1· de águas ent1·e as duas faixas dei-
xot1 uma g1·ande área ainda não ocu1)ada })elo mato. A área
é algo sinuosa e com est1·angt1lan1entos segundo avançam
mais ou menos as cabecei1·as dos 1·ios de ambos os lados,
levando consigo o mato em set1s vales fé1·teis ca1·1·egados de
água. A começai· pelo leste e segundo o ma1)a fitogeog1·á-
fico })Ublicado po1· Rambo em sua A Fisionon1ia do Rio
G1·ande do Sul, temos en1 })1·imei1·0 luga1· cam})OS isolados a
leste de Lagoa Ve1·melha. São os antigos camJ)OS da «Va-
ca1·ia». Depois em redor de Passo Fundo e dai })a1·a oeste
temos muitas e g1·andes n1anchas de campo, que se diri-
gem em sentido ge1·al })a1·a sudoeste, sem1)1·e ent1·e os di-
visores das ágt1as do Jacui e do Ijui. Na altu1·a de Cruz Al-
ta se encont1·am com alguns campos qt1e vên1 s!.1bindo a
Campanha do Sudoeste. Isto en1 linhas ge1·ais quanto a com-
pos e matos da Planalto.
21. Definicão
.. de acessibilidade a1·tificial. Definimos
po1· exen11Jlos. A Faixa Lito1·ânea e1·a natu1·aln1ente ina·ces-
sível 1Ja1·a o gado das l\1issões. Mas os IJ01·tugt1eses a1·1·eba-
nha1·an1 gado na cam1Janha ao st1l da Lag·oa Mi1·in1 e o ob1·i-
ga1·am a passai· a ba1·1·a da Lagoa dos Patos en1 Rio G1·ande.
Desta manei1·a a Faixa Lito1·ânea torna-se ou e1·a acessível
ao gado . a1·tificialmente. Os 1Jad1·es e índios funda1·a111 a Va-
ca1·ia dos Pinhais na hodie1·na Vaca1·i~t. Pa1·a isto ab1·i1·an1
t1ma JJicada de t1ns 30 I{lms ~it1·avés dos n1atos castelhano
e português a oeste de Passo Fundo. Isto foi em 1712. Em
1727 os lagunistas descob1·i1·am aquele gado ou ao menos
neste ano con1eça1·an1 a inte1·essa1·-se JJ1·àticamente IJOl' êle,
ab1·indo po1· st1a vez JJicadas ou n a encosta da Se1·1·a ou na •
encosta dos A1Ja1·ados ot1 IJOr sôb1·e o Rio Pelotas clesde o
JJlanalto Catarinense, }Ja1·~1 o Planalto Riog1·anclense. En1
ambos os casos os can11Jos da Vaca1·ia dos Pinhais e1·am na-
turaln1ente inacessíveis 1Ja1·a o gado, mas não a1·tificialn1en-
te. Out1·0 exem1Jlo é da ft1ndação da JJecuá1·ia. O gado tinha
que vir do lado ocidental do U1·ugt1ai, JJassando JJ01· êste 1·io,
em1Ju1·1·ado à f ô1·ça JJelos JJad1·es e índios t1·01Jei1·os. De mo-
do se1nelhante em dezenas de ot1t1·os casos nos }Jassos dos
rios da mesma Banda 01·iental. Os 1·ios e1·a111 t1ma bar-
1·ei1·a hid1·og1·áfica que foi a1·tificialmente 1·emovida JJelo in-
fluxo do home111, qt1e ob1·ig·ava o gado a JJassa1· a vat1 ou a
nado. - En1 caminhos muito t1·a11sitados const1·ui1·ian1 tan1-
bém JJontes JJara t1·ans1Jô1· mais fàciln1ente as canhadas de
ab1·u1Jtas ba1·1·ancas. C1·istóvão Pe1·ei1·a de Abreu, na est1·a-
da gadei1·a que 1·efo1·mou, desde A1·a1·angt1á até São Pat1lo,
teve que const1·t1i1· 1nais ele 300 }Jo11tes. Coisa sen1elhante f~1-
1·iam os índios nos can1inhos do gado 1Ja1·a os Povos. Nas
longas picadas de matos se.n1 }Jasto con11Jetente 1Ja1·a o gado
se1·ia JJ1·eciso at1·01Jela1· a n1a1·cha dêste IJa1·a chegai· com
tem1Jo a á1·eas cam1Jest1·es.
Po1·tanto entende1nos 1Jo1· acessibilidade a1·tificial })1·i11-
ci1)almente a ,·emoção de ce1·tas barrei,·as, a acele1·ação da
marclia, o ac1·escenta1nento de i1npulsos }Ja1·a at1·avessa1· t1n1a
ba1·1·ei1·a que aliás o gado não at1·avessa1·ia.
r1e1n da 1Ja1·te dos índios e }JG tdres, nem da 1Ja1·te dos es-
}Janhóis e dos JJ01·tuguêses qt1e lhes s t1ceele1·am. Nos docu-
111entos 11t1nca aflo1·a 111enção alg·t1111a ela cle1·1·ubada ele ma-
tos e ca1)oei1·as 1Ja1·<:1. a finalidaele de c1·ia1· melho1·es }Jasta-
gens. Não se ottve naelé1 de d1·enagens de êÍ.guas, de i1·1·i-
gação, de 1·e1J1·esas e açudes, ne1n do estabelecin1ento de 1Jas-
tage11s artificiais, 11e111 seqt1er, }Jelo 111enos n ê"lS 1nissões, a
ad111inistração de sal ele cozinl1a ao gado, uma vez que n1es-
1110 }Jara os l1on1cns só l1avia sal nas g1·andes festas elas 1·e-
duções. A (111ica a1Jtidão artificial co11sistiria na quein1a
ant1al dos cam1Jos, qt1e os í11elios conhcce1·iam do gosto ele
veados e ot1t1·0s a11i1nais }Jela ten1·ê1. veg·etação qt1e se levan-
ta de1Jois das qt1eimadas, JJelo exen11Jlo dos es1Janl1óis, JJela
i11sistê11cia dos 1nesn1os }Jadres, que trazian1 o costt1n1e das
estâncias de seus colégios.
.
sua intenção e1·a at1·avessa1· os 111atos à cata de índios. E
para esta finalidade os cavalos só te1·ia111 esto1·vaclo })01· não
pode1·em segui1· os donos nas est1·eitas })icadas da.s n1atas
ce1·1·adas.
Parece qt1e a })ect1á1·ia de Lag·u11é1 co111eçot1 co111 gaclo
t1·azido })01· via n1a1·íti1na desde São Vicente e111 São Pat1lo.
1\1:as ben1 cêdo })erceberan1 os lag·u11istas qt1e nas can11)anhas
do sul n1a1·chavan1 dezenas e n1esn10 centenas de 1nilha1·es
de cabeças de gaclo VélCt1n1. Para qt1e, })Ois, levê11· g·ado lag·t1-
nista })ara a Bé1nda 01·iental? Talvez le,,é1sse111 gaclo 111eno1·
co1110 })01·cos, cabras e ovelhas, aincla qt1e ne111 isto consta,
qt1anto saibamos.
CONCLUSÕES.
CAPíTULO SEGUNDO
•
1
IMPULSO E REPULSA NA DIFUSÃO ESPONTÂNEA DO
GADO BOVINO
INTRODUÇÃO.
1. A comida (31) 5.
2. A bedida (32) 6. Os abrigos (36)
3. O instinto sexual (33) 7. o clima (37)
4. o instinto gregãrio (34) 8. A salinidade (38) etc.
EXPLANAÇÃO.
.
o sal é ingerido J)ela água e pelo pasto. Tanto o de menos
como o demais é J)1·ejudicial. Ivias ent1·e o ótimo e a ausên-
cia total há uma escala enorn1e. Também ent1·e a média óti-
ma e a demasia insupo1·tável, que ge1·almente só estará na
aguada, pois que os vegetais não podem ultra1)assa1· certa
salinidade em seu suco celula1·, sob pena de J)a1·a1· a ação
da osmose ...
O costume t1nive1·sal do sul do B1·asil de adicionai· sal
de cozinha à alin1entação do gado vacum, é sinal eviden-
te que em tôda a J)a1·te a salinidade está abaixo da média
ótima, que 1·eque1· a sa(1de pe1·feita dos animais. Consta que
a dose de salinidade melho1·a en1 direção à f1·ontei1·a da Re-
pública do U1·uguai. Talvez seja esta uma das causas da
n1a1·cha do gado J)a1·a aqt1ela di1·eção, além da ausência de
bar1·ei1·as. C1·emos que o mecanismo da salinidade influi sô-
b1·e a ma1·cha do gado, não como um aliciamento individt1al,
n1as uma média n1elho1· de p1·oc1·iação e sob1·evivência, daí
un1a J)1·essão maio1· no sentido da n1a1·cha, ope1·ando-se as-
sim uma ma1·cha ge1·al no sentido da melho1· salinidade.
Não sabemos se esgotamos o 1·01 dos fato1·es J)ositivos
que podem p1·opeli1· ou at1·ai1· o gado em certa direção.
Também pode sei· que nos que 1·esenhamos se tenha esque-
cido algum aspeto importante. O nosso intento era alinhar
o que mais fàcilmente pode oco1·re1· na Banda 01·iental.
CAPíTULO TERCEIRO
P r e â m bulo.
Aclarações (81)
Os i11trodutores
Felipe de Cáceres
Juan de Garay
Compro1nissos do Adelantado Jua11 Ortiz de Zárate (85)
('. un1prin1ento deles por Juan de Garay
NO BRASIL.
out1·os. Algun1 ten11)0 de1)ois foi designado pelo Rei para to-
mai· conta da Ca1)ita11ia de São Tomé. Deixou, pois, seus
can11)os aos cuidétdos de seu i1·mão Luiz de Góis. (9) Êsle
teve dois filhos \'icente e Ci1)i·ão de Góis, que foram da par-
te paulista e 1)01·tt1guesa os qt1e decisivamente ton1a1·am pa1·-
te no cont1·abanclo <las 1)1·i111ei1·as vacas l)a1·a Assunção do
Pa1·aguai. Êste se det1 em 1555, con10 ve1·en1os n1ais alJaixo.
Os pais dos dois i1·mãos 1nais ta1·de se 1·eti1·a1·am })ara j un-
to de seu i1·1não e ct1nhado Pe1·0 de Góis. Não nos consta
co111 ce1·teza se se 1·eti1·a1·am 1)01· causa da ação dos filhos
ou se os filhos .'-t 1)1·atica1·an1 en1 conseqüência da 1·eti1·ada
de seus pais.
NO PERU.
Q_ue tôda esta gente b1·,1.nca ot1 mestiçfi que estava acostu-
mada a sei· sei·vida 1)01· índios, não iria sen1 t1n1 g1·ande aco1n-
panhamento de indígenas. Os índios gostavam de i1· em co1n-
l)anhia dos b1·ancos qt1e lhes 1)1·01)01·cio11ava111 tantas vanta-
gens. I1·iam })Ois índios de se1·viço })essoaJ, de bagagens, de
sentinela, de clefesa e ataqt1e. Talvez no ft1ndo tôda a em-
l)1·êsa tinha ares de bandei1·a. U111a co111itiva ele bra11cos
com todos os seus })ertences, con1 ao menos sete mulhe1·es
b1·ancas, con1 uma l)equena 111anacla de «nin1ais do111ésticos,
se1·ia uma })1·esa den1asiadamente tentado1·a })a1·a os índios
que mo1·avan1 de pei·meio. Daí que su1)01nos que a comitiva
total se1·ia bastante 1·efo1·çacla, constando tal,rez ele alg·i.1mas
centenas de l)essoas.
o gado vacum, que Ieva1·am deve te1· sido l)elo 111enos de al-
gumas dúzias, em vez de sete vacas e um touro. (N. 9 7 4).
Nos auto1·es não consta qt1e levasse111 out1·as esJ)écies de
gado.
'
testemunhas de que havia b::istantc g1·ande quanticlade de
gado vacum em Asst1nç§.o, antes da vi11da dos gados J)ert1a-
nos, como ve1·emos mais l)o1·meno1·izaclamente nos nú1ne1·os
segt1intes. (30) 01·a êste gado não \1 eio 11em l)Odia vi1· ele
out1·a })arte, a não sei· ele São Vicente. Não veio ne1n elo
Pe1·t1 nem de Es1)anha, e ele 1·esto só ha,1ia gado na Bahia
e em São Pat1lo. Po1·tanto o silêncio dos j esuitas e es1)a-
nhóis não. p1·ova absol t1tan1ente naela cont1·a a ve1·acidade
do fato.
74. Exposição da segztnda diívida. Out1·0 J)onto qt1e se
pode c1·itica1· é o nún1e1·0 dos ani1nais, que aJ)onta Ruy Diaz
de Guzman em st1a A1·gentina con10 t1·azido na ocasião as-
sinalada. Diz qt1e eran1 sete vacas e t1n1 tot11·0, e qt1e esta-
vam a ca1·go de t1m tal Gaete, o qual J)o1· todo o in1enso t1·a-
balho de levá-las de São Vicente a Assunção tinha p1·omes-
sa de 1·ecebe1· un1a vaca. Dai diz qt1e se 01·igina o dito J)O-
pula1· ele que t1ma coisa n1uito ca1·a é ca1·a como as sete va-
cas de Gaete. (31)
Já o nú1ne1·0 sac1·0 sete to1·na sttsJJeita tôda a coisa,
além da 1·ima siete e Gaete, que l)Odem estai· numa f1·ase en1
voga naquele tem1Jo. Vejan10s os a1·gt1n1entos que há J)ara
duvidar se1·iamente dêste nún1e1·0 sete. Temos a1·gumentos,
que J)ode1·ía1nos chamai· a J)oste1·io1·i. São docun1entos. E
temos a1·gt1mentos a 1)1·io1·i, qt1e são cálculos, com base se-
gu1·a, que de antemão ot1 a })1·io1·i nos inclinam a c1·er que o
núme1·0 deve te1· sido bastante mais alto.
EM GERAL.
EM PARTICULAR.
Explanação.
1·a aquela região, })Ois a1)e11as fazia dois anos que haviam
vindo pa1·a Assunção as vacas dos ii·mãos Góis. Não a1·1·is-
cai·ia1n o l)Ouco que tinham nos azai·es duma nova ft1ndação.
E talvez fôsse mais fácil levai; gado de São Paulo pa1·a o
Guai1·á que levá-lo da cidade de Assunção })a1·a lá. Os guai-
renhos ainda en1 1610 ou 20 zombavam dos jesuítas que tei-
mavam em levai· gado }lai·a o Guai1·á, sinal de que não se
pi·estava n1uito pai·a a Ilecuái·ia, a não sei· a muita distâ11-
cia do Paraná, onde de1)ois os jesuítas fundaram os seus })O-
vos. Lozano tlensa que êste gado missionei1·0 do Guai1·á se
alçou depois da dest1·uição dos J)ovos e se es1lalhou e chegou
ao mai·. Mas• c1·emos que é conft1são con1 a Vaca1·ia do Mar
na Banda 01·iental. (10)
.
homens afeitos e afetos qt1ase exclusivan1ente às lides can1-
pei1·as como esfô1·ço l)essoal de t1·abalho.
Po1·tanto conhecendo êles a a1)tidão })1·efe1·encial da ie1·-
1·a, l1avendo abu11dância de gado vact1n1 em Assunção, e sen-
do mais do gôsto dos })ovoadores a pecuá1·iét que a lavou1·a,
é de su1)ô1·-se que leva1·iam J)a1·é't casco inicial o 1náximo que
lhes e1·a possível.
não tinha nen1 n1atos nen1 })ecl1·as })a1·a fazei· cê1·cas, tenclo
que sei· vig·iado contint1a111ente })Or })asto1·es. Pot1co a })Otl-
co foi }Jossível i1· colocando os g·ados n1ais longe elas l101·tas
e dos 1·oçados das 1Jovoações . · Algt1ns a1·roios e o a1)êgo à
que1·ência fo1·111a1·ia111 os li111ites e })1·imei1·os núcleos das es-
tâncias. J✓Ias as sec,ls, as qt1ei111élS dos ca1111)os, algt1111 ata-
que de fe1·as ot1 de í11dios l)Oelia f aze1· t1·ansborcla1· o g·ado
de suas f1·ontei1·as. Co111eça1·a 111 assin1 élS V acé1rias de g·ado
cht1c1·0 ou chi111a1·1·ã o, ot1 seja gado qt1e esca1),1 va co1111)l eta-
me11te da vista e c1o co11t1·ôle elos ho111ens. As c1·iêl.S seJ,,a-
gens já não 1Jodia111 sei· n1él.I'Céldê1s. O gado não se sabia
de ql.1e111 e1·a. lvlas os couros, os sebos, a s g·1·axas ti11ha111
seu e1111)1·êg·o na casa e 11a exiJ01·tação. Daí co1r1eçot1 a cor1·i-
da aos bois . Co11i t1·az 111t1itos textos sôb1·e o estado st1ces-
sivo elas vaca1·ias de Bt1enos Ai1·es e sôb1·e as leis que lhe re-
gulava1n a e~ct1·,1ção, })a1·,1. qt1e não se exti11g·11isse con11Jlet,l-
mente. A ca~a do gad_o selvnge111 })1·odt1zit1 t1111 ,1nel de vazio
po1· fora das estâ11cias. Por st1a vez o g·ado na pe1·ife1·ii1
dêste anel esca1J,1.va caela vez }Ja1·a n1ais longe. S egt1ndo
os testemunhos que cita Coni, 1Jo1· 1700 a pe1·iferia ext1·e-
ma do gado cht1c1·0 estava ,1 50 ou 100 lé:gu,1s de distân-
cia (250-500 I{lms). Po1·tanto o quadro g·e1·al da Vaca1·ia
de Bt1e110s Aires e1·a o seg·L1inte: Ao 1·eclo1· ela ciclade as ro-
ças e ho1·tas, de1)ois L1n1 a11e 1 sen1 g·ado })~1ra conse1·vá-Io
~tfastado das })l::1.ntações. De1)ois o a11el elas estâncias. De-
l)Ois o anel vazio da Vaca1·ia já exte1·1ninada. De1)ois, se-
g11ndo Coni, a 100 légL1as e1n 1700, o anel ele gado da Va-
ca1·ia, ql1e no elect11.·so dêste século teve contatos 111ais fre-
qüentes con1 os índios a1·at1ca110s cisandinos, que co111cç,1-
1·a111 a caçai· v~1cas e cavalos l)a1·a cot11·ear e vender os })1·0-
dutos aos es1Janl1óis, 1)1·ovoc,-:i.nelo de cc1·ta n1anei1·a a v'olta
da vaga de gado. qt1e até então segui1·a u1na di1·eção cent1·í-
fuga. Po1· volta de 1700 con1eçava a extingui1·-se a Vaca1·ia
de Buenos Ai1·es e Sa11ta Fé e })01· isso os es1)anhóis se inte-
1·essaran1 })ela. Vaca1·ia ela Ba11cla Orie11tal con10 vere111os mais
ta1·de (23).
.
1585 funda1·am nas n1a1·gens do Be1·mejo a cidade de Con-
ce1)ción del Be1·mej o (24).
O gado que levarani, e1·am mil cavalos, cinqüenta jun-
tas de bois e mais de 300 vacas c1·iadei1·as. Sie1·1·a I, 404.
Na lite1·atu1·a que está à nossa dis1Josição não nos cons-
ta se o gado chegou a desenvolve1·-se bem. lVIas é de espe-
1·a1· que sim. Pois a cidade durou até 1631 em que t1ma co-
ligação de índios in11)ôs o desan11)a1·0 de Concepción del Be1·-
mej o e a fuga de todos })a1·a Co1·1·ientes, sem que fôsse j a-
1nais l)ossível 1·e1)ovoa1· a cidade, a1Jesa1· de t1ma sé1·ie de
tentativas. Um dos chefes destas ex1)edições lJUnitivas con-
t1·a os índios, é act1sado de t1·aze1· de volta gado chima1·1·ão
de Conce1)ción, o qt1al vende1·ia em seu 1J1·oveito (25). Pa1·e-
ce, pois que a })ecuá1·ia vinga1·a em Conce1)ción. Talvez fôs-
se esta a Vaca1·ia de Co1·1·ientes na n1a1·gen1 ocidental do
Pa1·aná. A vaca1·ia que saiu das estâncias de Co1·1·ientes es-
tá na ma1·gem 01·iental do Pa1·aná, em di1·eção ao U1·uguai
(26).
Preâmbulo.
Explanação.
A Faixa Litorânea
Aptidão (5) 15; Acessibilidade (6) 15; Pormenores (7) 16.
A Serra do Sudeste
Aptidão (8) lo; Acessibilidade (9) 17; Pormenores (10) 17.
A Campanha do Sudoeste
Aptidão (11) 18; Acessibilidade (12) 18; Pormenores (13) 19.
A Depressão Central
Aptidão (14) 20; Acessibilidade (15) 20; Pormenores (16) 21.
O Planalto
Aptidão (17) 21; Acessibilidade (18) 22; Pormenores (19) 23.
Da acessibilidade artificial
Por vias marítimas (23) 26.
Conclusões
quanto à aptidão e difusão es1,ontânea do gado (27) 28.
quanto à aptidão e difusão art.iricial do gado (28) 30.
Introdução:
Distinção funda1nental (29) 30.
Divisão dêste capítulo (30) 32.
{~,\ l'i'fITT,0 III. .,\ introdução 110 ga1lo ,·acum 110 Paraguai 49.
Do gadQ paulista.
Do gado peruano.
Aclarações (81) 70
Os introdutores
Felipe de Cáceres
Juan de Garay
EM GERAL.
E!v! PARTICULAR.
Prirneira Buenos Aires en1 1535 (96) 83.
Assunção em 1537 (97) 83.
Ontiveros em 155ô (98) 84.
Ciudad Real en1 1557 (99) 84.
Santa Cruz de la Sierra em 1559 (100) 85.
Villa Rica do Espirito Santo em 1570 (1576 ?) (101) 85.
Santa Fé em 1573 (102, 103, 104) 86-88
Zaratina em 1574 (105) 89.
Segunda Buenos Aires em 1580 (106, 107, 108) 90.
Concepción del Bermejo em 1585 (109) 91.
Corrientes em 1588 (110, 111, 112, 113) 92-95
Santiago de Xer~~ (114) 95.
A. O ho1ne111 e o gado.
A natureza
!la terra: aptidão e acessibilidade da antiga B. Oriental.
do gado: algumas leis da propagação espontânea do gado.
O l1ome1n
na introdução do gado vacu111 no Brasil, Peru e Paraguai.
na propagação do gado vacum em todo o Rio da Prata.
na propagação do gado vacum para a Banda Oriental
discussão sôbre a autoria da introdução
( espanl1óis, portugueses, missionários)
a introdução feita pelos missionários e indios.
11a introdução dos ti,1uinos na Banda Oriental
11a i11trodução do gado 111enor na Banda Oriental.
na sua relação com o gado solto da Vacaria.
na sua relação com o gado das estâncias ntissioneirtts.
B. O gado e o ho111en1.
A b s t r a e t.
:PESQUISAS
PUBLICAÇÕES
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DE HISTORIA
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1
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(
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COLEÇAO JESUfTICA NO SUL DO BRASIL
•
- -
, I . OS T:MS MARTIRES RIO-GRANDENSES, os Beatos Roque Gonz6les
•
de «;. Cruz, Afonso Rodrigues e João del Castillo, da Companhia f
de Jesus.
Autor: Luic Gomaça Jaegor, S. J. 1
l-9 edição melhorada - 391 páginas ilustradas -
• encadernado .. . .. . ..... . ... . . ... . . : . . . . . . . . . . . . . . . . . Cr$ lS0,00
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