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Adm.

Fernando Viana
admfernandoviana@gmail.com

AS LUVAS – ORIGEM, SIGNIFICADO E USO


Afonso Barros Machado
2015 12

Um tema muito controverso na Maçonaria e, por isso mesmo, objeto de várias indagações, são as luvas. A sua
origem, utilização e o seu significado simbólico não estão, claramente, expressos nos rituaisde Iniciação do
Simbolismo Maçônico. Por essas informações não estarem ali registradas, muitos irmãos dão à elas aplicações
criadas no imaginário fértil e sempre produtivo dos sonhos e elucubrações oriundos daqueles que sempre querem
ver algo diferente, além do horizonte. Diante esse cenário, coloco aqui o resultado das buscas e pesquisas
realizadas nas, que entendo, mais honestas e confiáveis fontes, e, que nos dão a certeza da veracidade buscada.
Originariamente, as luvas foram utilizadas pelo homem, de um tempo e civilização remotos, como instrumento de
proteção física das mãos, durante o seu labor,e contra as adversidades de tempo e meio provenientes da
Natureza. Com o passar do tempo, as luvas, já no século XIII, passaram a ser utilizadas como adorno, tanto pelos
homens como pelas mulheres. A sua utilização pela Maçonaria vem da época operativa quando, o trabalho
basicamente artesanal, exigia muito das mãos dos artesãos, trabalhadores na pedra. Portanto, para os Maçons
Operativos, o uso das luvas não tinha outra utilidade, senão a proteção física das mãos durante a execução do
trabalho.Com isso, naquela época, segundo Robson Rodrigues da Silva, “era costume o novo membro, quando da
sua admissão, presentear os demais obreiros, membros da confraria com um par de luvas.” Nos tempos atuais, na
Maçonaria Especulativa, as luvas têm o mesmo significado de proteção, mas agora, não uma proteção física, mas
das impurezas morais que o Maçom em seu labor diário está constantemente a lidar. Também, simbolizam a
pureza com que as mãos de um Maçom devem se apresentar, limpas e sem manchas de qualquer espécie. A cor
branca adotada para as luvas e a purificação pela água, durante a Iniciação, caracterizam esse simbolismo.
Atualmente, o trabalho realizado pelo Maçom não é o mesmo da época operativa. Hoje, o trabalho é, na maioria
das vezes, intelectual, moral e espiritual, não exigindo assim a utilização das mãos. Não são mais necessários os
instrumentos e as ferramentas materiais para a construção do Templo. A nossa obra, atualmente, é a construção
do Templo Social da Humanidade, realizada longe dos ruídos, mas no silêncio e na discrição dos nossos atos.

As luvas, atualmente, são uma herança da Maçonaria Operativa e têm significados simbólicos específicos, que
dispensam a sua descaracterização por divagações e invencionices, sem nenhum fundamento convincente e
plausível. A sua cor branca é para simbolizar a pureza que deve caracterizar as mãos do Maçom. Significam
ainda, na lenda do terceiro grau, inocência, pois, também se emprestava às luvas brancas do maçom o sentido de
que suas mãos estavam limpas, por não haverem participado do assassínio de Hiram Abiff. Segundo o irmão
Joaquim Gervásio de Figueiredo “as luvas brancas têm sido usadas entre os maçons como marca de distinção e
pureza, porém, ultimamente, têm caído em desuso, pelo menos na maioria das Lojas. A tradição nos mostra que
depois de sua recepção, o Aprendiz recebe dois pares de luvas brancas, dos quais um par se destina a ele e o
outro “à pessoa que ele mais ame”. Portanto, àquela pessoa que mais estima tem; esta pessoa podendo ser a
esposa, a mãe, a filha ou filho, a amiga ou amigo. O segundo par, portanto, é dado àquela pessoa que ele mais
estima e que espera seja como a testemunha dos seus propósitos e guardiã de sua consciência. Aquela pessoa
que, se em algum dia, ao vê-lo desviar-se do caminho e dos ditames de seu juramento, o lembre do dia em que
prestou o compromisso de Maçom. A esse respeito comenta Wirth: “as luvas brancas, recebidas no dia de sua
iniciação, evoca ao maçom a recordação de seus compromissos. A pessoa, que ele mais estima ou ame, lhes
mostrará as luvas, se estiver a ponto de fracassar, lhe aparecerá, como sua consciência viva, como guardiã de
sua honra. Que missão mais elevada poderia ele confiar à pessoa que mais ama ou estima?” Afirma, ainda, que
Goethe, ao ser iniciado em Weimar em 23 de junho de 1780, homenageou Madame Von Stein com luvas
simbólicas, e fê-la sentir que se o mimo era de aparência ínfima, apresentava contudo a singularidade de não
poder ser oferecido por um franco-maçom senão uma única vez em sua vida.

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Adm. Fernando Viana
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AS LUVAS – ORIGEM, SIGNIFICADO E USO


Afonso Barros Machado
2015 12

Com isso, não significa que a pessoa que as recebe possa fazer uso destas luvas em momentos em que,
eventualmente, venha a precisar de socorro, como falsa e erroneamente é alardeado pelos Irmãos, Maçons
sonhadores e de mentalidade fértil. A criatividade é tamanha que chegam, nos dias de hoje, a divulgar uma
“ritualística” própria para a cunhada ou pessoa que as tenha em seu poder, de como proceder quando necessitar
de socorro. Há muitos que acreditam e acham que tal invencionice tem fundamento, mas não sabem de onde vêm
e nem sabem o porquê da hilariante “criatividade”, muito menos quem teve a “brilhante” ideia. Nenhum ritual faz
qualquer referência neste sentido e nem tem respaldo nos arcanos maçônicos tais ilações.

Apesar de constituir parte dos paramentos maçônicos, as luvas brancas vão, aos poucos, sendo descartadas das
Lojas de todo mundo. Em alguns casos por falta de exigência das autoridades maçônicas; em outros, por falta de
entendimento da sua história e do simbolismo que as representam. Sendo assim, a sua utilização deixou de ser
costume na Maçonaria, muito em virtude da falta de compreensão do seu simbolismo, além de ser consideradas
um objeto de luxo, e, fora de moda, apesar do seu grande significado moral e simbólico preservados por vários
séculos.

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