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Resenha: A Elite do Poder

Publicado em 20 de November de 2010 por Paulo José de Souza

O livro fala de uma elite do poder dos Estados Unidos da América, formada por um
"triângulo" composto pelos meios político, econômico e militar ? "três grandes ordens"
da sociedade moderna as quais, interligadas, influenciam as instituições menores de
uma complexa rede social (igrejas, escolas e etc.) visando legitimar suas ações de
perpetuação no poder.

Verifica-se na obra que as decisões políticas determinam as atividades econômicas e os


programas militares. Tem-se uma economia política conectada de diversas maneiras às
instituições e decisões militares. Ou seja, os líderes desses três domínios do poder,
reunidos, formam a elite do poder da América.

Fica, também, reforçada no texto a idéia de que, para ser efetivamente poderoso, é
imprescindível o acesso a um dos três grandes meios institucionais de poder. Porém,
esse acesso é rigorosamente controlado pela elite do poder, permitindo, basicamente,
apenas a entrada de seus pares: membros do estrato superior de uma sociedade
capitalista.

Wright Mills acrescenta que essa estrutura sofreu, ao longo do tempo, apenas pequenas
alterações na preponderância dos três setores-chave e discrimina essa dinâmica em
cinco fases.

Na primeira, explica que coincidiam a vida social, as instituições econômicas, a


organização militar e a ordem política ? formando uma elite multifacetada, sem
nenhuma polarização entre os meios de poder. Já a segunda, durante o século XIX,
caracteriza como de ascendência social da ordem econômica, a qual, na terceira fase,
consolida a sua supremacia, tendo como dependentes as ordens militar e política, com a
subordinação do Estado aos grandes interesses monetários. O quarto período se dá no
contexto da grande depressão de 1929, onde o estabelecimento do "Estado do bem-estar
social" propiciou o fortalecimento do poder político num cenário economicamente
abalado. A quinta e atual fase é caracterizada como de ascensão militar, em função das
questões relacionadas à defesa e às relações internacionais.

Apesar dessas proposições, sempre é salientada a idéia da inter-relação entre os poderes


e, por fim, o texto critica a visão marxista de classe dominante, pois, segundo Mills,
esse termo carrega apenas os significados econômico (classe) e político (dominante),
não incluindo o terceiro e muito importante vértice do "triângulo" da elite: o poder
militar.

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