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filosofia politica. Como identificar e qualificar o politico? Como sconstruilos, se ele não é uma
expressão manifesta da realidade social? Como determinar as Suas funções específicas, se
admitirmos como muitos antro pólogos que certas sociedades primitivas são desprovidas de
uma organização política?
Maximalistas e minimalistas
A informação etnográfica, que os inquéritos directos fun damentam, revela una grande
diversidade de formas politicas primitivas»; quer se trate do dominio americano desde os
bandos de Esquimós até ao Estado imperial dos Incas do Peni ou do dominio africano desde os
bandos de Pigmeus e de Negrillos até aos Estados tradicionais, alguns dos quais, como o
Império Mossi e o reino Ganda, sobrevivem ainda. Se esta variedade exige classificações
tipologias, impõe, antes de mais nada, a questo prévia da referencição e da delimi Tação do
campo politico. A este respeito, opõemise dois campos: ira timalistas, por um lado, e
minimalistas, por outro. O pri meito, cujas referências são antigas e ainda neradas, poderia ter
como divisa a afirmação de Bonald: não lá sociedade sem governo Ja a Politica de Aristóteles
considera o homem um ser naturalmente politico e identifica o Estado com o agru pamento
social que, abarcando todos os outros e ultrapas sando-os em capacidade, pode, ao fim e ao
cabo, existir por si próprio. Este modo de interpretação, nas suas ultimas conse quências, leva
a assimilar a unidade politica à sociedade global. Assim, SF Nadel escreve no seu estude sobre
os funda mentos da antropologia social: Quando se considera uma socie dade, encontramos a
unidade política, e quando se fala Ca primeira, consideramos de facto esta ultima; de tal modo
que as instituições políticas são as que garantem a direcção e a manutenção do mais extenso
dos grupos en corpo, isto é, a sociedades E. R. Leach apropria se desta assimilaçãoe aceita
implicitamente esta igualdade estabelecida entre a socie
p 181 e p.
34
Capitulo II
DOMINIO DO POLITICO
A 'antropologia política é confrontada, desde o inicio, com
politie
uma
do
A ambiguidade encontra-se, ao mesmo tempo, nos factos, nas vias e no vocabulário técnico
dos especialistas. Logo à primeira, o termo «político contém várias acepções - algumas das
quais são sugeridas pela lingua inglesa, que diferencia poltty policy e politics. Não se pode
confundir, sem riscos cientificos reais, o que diz respeito: a) aos modos de organização do
governo das sociedades humanas; b) nos tipos de acção que concorrem para a direcção dos
negócios públicos; c) as estra tégias que resultam da competição dos individuos e dos grupos.
Distinções a que conviria acrescentar uma quarta categoria: a do conhecimento politico: esta
impõe que se considerem os meios de interpretação e de justificação a que recorre a vida
politica. Estes diversos aspectos nem sempre são diferenciados nem ratados da mesma
maneira. A acentuação que incide num ou noutro desses aspectos provoca definições
diferentes do dominio politico.
Referenciação pelos modos de organização espa cial. As contribuições de Henry Maine e Lewis
Morgan atri
M. G. Smith, On Segmentary Lineage Systemas, in Journ of the Roy. Anth, Institute, vol. 86, 2,
1956,
36
riores.
35
territorial.
leva F
politicas primitivas.
38
trativas
mesmo
1956,
do económico.
e) Avaliação. Este inventário das vias é também o dos obstáculos encontrados pelos
antropólogos que abordaram o dominio politico. Revela que as delimitações permanecem int
precisas ou ontestáveis, que cada Escola tem a sua maneira. própria de as traçar, utilizando
muitas vezes os mesmos instru) mentos. E nas sociedades ditas de governo minimos e de
governo difuso» (Lucy Mair) que a incerteza é maior; nelas. os mesmos parceiros e os mesmos
grupos podem ter funções múltiplast incluindo funções políticas que variam segunda as
situações, como numa peça de teatro com um só actor. As finalidades políticas não são
unicamente atingidas através das relações qualificadas de políticas e, inversamente, estas
últimas podem satisfazer interesses de natureza diferente. J. Van Velsen, núma obra
consagrada aos Tonga da Africa Oriental (The Politics of Kinship, 1964), verifica o a outro nivel
de generalidade: as relações sociais são mais instrumentais que determinantes das actividades
colectivas. A partir desta observação, concebe um método de análise chamado «situm.
cionale; um novo instrumento de estudo que se impõe, segundo ele, porque as normas, as
regras gerais de comportamento, são traduzidas na prática, [e] são em ultima análise manipula
das por indivíduos em situações particulares para servir fins particulares. No caso dos Tonga,
para quem o poder não está ligado a posições estruturais nem a grupos especificos, os
comportamentos politicos só se manifestam em certas situações. E esses comportamentos
inscrevem-se num dominic movediço em que os alinhamentos estão constantemente mudar».
As fronteiras do político não devem ser traçadas exclusi vamente por referência às diversas
ordens de relações sociais, mas também por referência à cultura considerada na totalidade ou
em alguns dos seus elementos. No seu estudo da sociedades kachin (Birmânia), E. R. Leach pôs
em evidência uma corre lação global entre os dois sistemas: quanto menos acentuada é a
integração cultural, mais eficaz é a integração politica, av menos por submissão a um único
modo de acção politica Do mesino mmodo, apresentou o mito e o ritual como uni -linguagem
que fornece os argumentos que justificam as rel vindicações em matéria de direitos, de
estatuto e de poder
XIV e 313.
Dai, uma outra formulação das questões próprias da antro pologia política: quais são os
«circuitos que explicam que certos homens possam mandar noutros, como é que a relação de
mando e de obediência se estabelere? As sociedades não estatais são aquelas em que o poder
se encontra em circuitos pré polí ticus criados pelo parentesco, pela religião e pela economia.
As sociedades com Estado são as que dispõem de circuitos especializados; estes são novos,
mas não anulam os circuitos preexistentes, que subsistem e lhes servem de modelo formal
Assim, a estrutura de parentesco, mesme fictícia ou esquecida, pode modelar o Estado
tradicional. Nesta perspectiva, uma das tarefas da antropologia política vem a ser a descoberta
das condições de aparecimento desses circuitos especializados. Efectua-se assim um deslize da
ordem das estruturas para a ordem das géneses. Explica-se ele pela passagem, no decurso da
argumentação, do dominio das relações formais (da ordem das ordens) para o das relações
reais de mando e dominação). Além disso, e esta dificuldade parece fundamental, afirmar que
a estrutura que se impõe em última análise é politica, é o mesmo que enunciar una petição de
principie
3.
Certas circunstancias mostram bem este duplo sistema de relações, este duplo aspecto do
poder, que sempre orien tado para o interior e přia o exterior. Em muitas sociedades de tipo
clanico, em que o poder continua a ser uma espécie de energia difusa, a ordem des factos
politicos apreende-se quer pelo exame das relações externas, cuerp-lo estudo das velacões
internas. Pode encontrar.se um exemplo deste caso
Hume, o poder não passa de una categori, subjective um dado, mas uma hipotese que tem de
ser verificado uma dade inerente aos individuos, antes surge aspecto essencialmente
teleolóogico-a sua capacidad p produzir efeitos, por si próprio, sobre as pessoas e padonn
coisas. De resto, é por meio dessa eficacia que é gen-lo definido. M. G. Smith especifica que o
poder é a caporidhul actuar efectivamente sobre as pessoas e sobre as cols rendo a uma gama
de meios que vai da persuasão até à Para J. Beattie, o poder é uma categoria especifica das
sociais; implica a possibilidade de coagir os Outros T naquele sistema de relações entre
individuos e entregamor O que situa J. Beattie na esteira de Max Weber, para que tom poder e
a possibilidade dada a um actor, no selo de à sua vontade.
De facto, o poder sejam quais forem as formas on condicionam a sua utilização é reconhecido
em Lulinen sociedades humanas, mesmo rudimentares. Na medida eux qu são sobretudo os
seus efeitos que o revelam, conveni sit estes antes de considerar os seus aspectos e atrlard O
poder esta sempre ao serviço de uma estrutura soci! ANL não se pode manter exclusivamente
pela intervenci. TE *costume» ou da lei, por uma espécie de conformidade, gon matica as
regras. Lucy Mair recordouo pertinentemente: uby existe nenhuma sociedade em que as
regras sejani hatuxoaft camente respeitadas. Além disso, toda a sociedade resit equilibrio
aproximativo, é vulnerável. Os antropologos i dos preconceitos fixistas reconhecem esta
instabilidade 4 Zz cial, mesmo num meio arcaico». Logo, o poder tem por f defender a
sociedade contra as suas próprias fraquezás, vos servá-la, poderíamos dizer, em estados; e, se
necesito promover as adaptações que não estiverem em contradic com os seus princípios
fundamentais. Finalmente, hogoran as relações sociais ultrapassam as relações do parco1
Intervém entre os individuos e os grupos uma AMZIUIN mais ou menos aparente; cada um visa
orientar as dat da colectividade no sentido dos seus interesses part puder politico, surge, em
consequêncts, CORTO ME p da competição e como um meio de a conter.
Estas observações intelais levam a mia primel clusão poder politica e mnerable voca o respeito
das reglas que a atualquer socient d