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Lendas Indígenas – Hernâni Donato

Autor Ficha
Hernâni Donato é Autor: Formato:
escritor, jornalista, his- Hernâni Donato 20,5 x 20,5 cm
m
DE LEITURA
LEITURA

o
A BarcaHernâni
daDonato
Tartaruga
toriador, relações-públi- Ilustradora: N de páginas: s:
Mônica Haibara 24 A Descoberta das Frutas
cas e produtor cultural. Ilustrações
Hernâni Donato
Mônica Haibara

Membro do Instituto Série: Elaboração: Quando os Bichos Eram Gente


Lendas Indígenas Sonia Maria Hernâni Donato
Histórico e Geográfico As Noivas da Estrela
Ilustrações
Mônica Haibara

Títulos: A Barca da Tartaruga, A Desco- Soares dos Reiss


de São Paulo, integra Hernâni Donato
ROJETO DE

berta das Frutas, As Noivas da Estrela, Os Por Que o Sol Anda Devagar
Ilustrações
Mônica Haibara

também as Academias de Letras de Meninos Que Se Tornaram Estrelas, Quan- Hernâni Donato Hernâni Donato

São Paulo, Santos e Brasília.


Ilustrações
Mônica Haibara
do os Bichos Eram Gente e Por Que o Sol Os Meninos Que Se Tornaram Estrelas
PROJETO

Hernâni Donato
Sua vasta obra literária – são mais de Anda Devagar
Barca da tartaruga - Capa CP 02ed06.indd 1 08.12.10 13:09:56

Ilustrações
Mônica Haibara
Ilustrações
Mônica Haibara

sessenta livros – compõe-se de con- Descoberta das Frutas - Capa CP 02ed05.indd 1 08.12.10 11:44:31

tos, romances, literatura infantoju- Quando os bichos eram gente - Capa CP 01ed03.indd 1 08.12.10 14:06:00

venil, biografias e historiografia. No Requisitado conferencista, autor de


P

gênero romance, podemos citar Filhos ensaios e artigos de temas históricos, Noivas da Estrela - Capa CP 02ed03.indd 1 11.10.10 16:42:57

do Destino, Chão Bruto, Selva Trágica Hernâni Donato, na coleção Lendas In- Porque o Sol anda devagar - Capa CP 02ed05.indd 1 14/12/2010 14:46:19

e O Caçador de Esmeraldas. dígenas, proporciona a construção de


Entre os infantojuvenis, foram publica- um conhecimento sensível sobre as cos-
Meninos Que Se Tornaram Estrelas - Capa CP 01ed02.indd 1 08.12.10 11:53:23

dos Histórias da Floresta, Façanhas do movisões e a alteridade indígenas no


João Sabido, O Tesouro e Contos dos país, considerando as culturas carajá, Quadro sinóptico
Meninos Índios. É autor das biografias guarani, taulipangue e caiowá/caiuá. Gênero: lenda
l d
de José de Alencar, Vicente de Carva- Revela, por meio das lendas, o papel Palavras-chave: cultura
lho, Casimiro de Abreu, Vital Brasil, Ra- da oralidade e das tradições desses indígena, lendas carajá, guarani,
poso Tavares, Galileu e outros. povos. Registra, em palavras impres- taulipang e caiowá
Acervo básico
Categoria reconto

Dentre seus livros de História, des- sas sobre o papel, a voz indígena, o Temas Transversais: 2003
tacam-se A Revolução de 32, Dicio- seu saber cultivado de geração em pluralidade cultural e ética INDICAÇÃO:

nário das Batalhas Brasileiras, Breve geração e nos ajuda a rever os con- Leitor
Interdisciplinaridade: Artes, em processo
História do Brasil, Os Índios do Brasil ceitos que temos sobre a natureza, Língua Portuguesa, Geografia,
a partir dos

e O Cotidiano Brasileiro nos Séculos


XVI, XVII, XVIII e XIX.
as relações humanas e sobre nossa
casa, a mãe Terra.
Ciências, História, Filosofia e
Educação Física anos
8
1
>> ensino
fundamental
Outro olhar
políticas públicas efetivas que garan- práticas educacionais comprome-
Na tradição indígena, o educador tam o registro e a preservação das tidos com a reeducação das rela-
é aquele capaz de contar histó- expressões culturais indígenas. ções étnico-raciais e com o ensino
rias que ensinam comportamentos Vem daí a importância de conhe- de história e cultura indígenas nas
e atitudes. Esses valores humanos cer e ler a coleção Lendas Indígenas,s escolas, motivando um processo
são fundamentais para que todas que reúnene histórias tradicionais dos de desconstrução e construção de
as pessoas da comunidade se sin- arajá, guarani, taulipangue
povos carajá, representações sobre as culturas
tam participantes do grande mis- e caiowá: á: As Noivas da Estrela, A indígenas no Brasil.
tério da existência. erta das Frutas, Por Que o
Descoberta
Daniel Munduruku Sol Anda a Devagar, A Barca da Tar-
Disponível em www.cultura.mg.gov.br.
taruga, Os Meninos Que Se Torna-
Acesso em 20 jan. 2011.
relas e Quando os Bichos
ram Estrelas
ente. Esses relatos mostram
Eram Gente.
upação do autor com a pre-
a preocupação
Indigenista e historiador, o escri- servação o da língua, fonte de identi-
tor Hernâni Donato, em consonân- sses povos.
dade desses
cia com o ponto de vista de Daniel és do olhar de um observador
Através
Munduruku, revela que a oralidade de fora da aldeia, o leitor é convida-
é imprescindível para o educador nhecer obras literárias que
do a conhecer
que queira lidar com a temática “a visam o fortalecimento da
beleza da cultura indígena brasilei- lidade indígena
ancestralidade
ra por meio de suas lendas”. – latente –, que precisa
Sabe-se que os povos indígenas rçada para
ser reforçada
buscam, em suas comunidades, paguem os
que se apaguem
praticar sua cultura e fortalecer seu tipos que a
estereótipos
modo de vida. Jovens e velhos lutam população ão brasileira
para manter vivas as formas de rela- em gerall tem do índio
cionamento com a mãe Terra – que em nosso so país.
segundo eles é o “berçário da huma- Assim, a coleção contribui para o
nidade”, a despeito da ausência de aprimoramento dos projetos e das

2
Para começar a conversa...
Caro professor,
p

Acredito que ler é configurar uma Fundamental, ao pretender ensi-


terceira história, construída em parce- nar a leitura, é convocar o aluno para
ria a partir do impulso movedor contido tomar da sua palavra. Ler a palavra é,
na fragilidade humana, quando dela se antes de tudo, munir-se para fazer-
toma posse. A fragilidade que funda o -se menos indecifrável. Ler é cuidar-se,
homem é a mesma que o inaugura, mas rompendo com as grades do isolamen-
só a palavra anuncia. to. Ler é evadir-se com o outro, sem
A iniciação à leitura transcende o ato contudo perder-se nas várias faces da
simples de apresentar ao sujeito as le- palavra.
tras que aí estão já escritas. É mais que Ler é encantar-se com as diferenças.
preparar o aluno para a decifração das
artimanhas de uma sociedade que pre-
tende também consumi-lo. É mais do
que a incorporação de um saber frio, as-
tutamente construído. (Bartolomeu Campos de Queirós)

3
Caro professor, as palavras atingem distâncias enormes... Por meio delas ecoa
ainda o “clamor” do cacique Seattle, em 1854, ao Grande Chefe de Washing-
ton, o presidente dos Estados Unidos da América, em resposta aos que vieram
comprar suas terras:

Esta terra é sagrada para nós. Essa esta terra, ensine seus filhos a serem
água brilhante que corre nos riachos e fraternos com eles. E, aos rios, dedique
rios não é apenas água, mas o sangue todo carinho que caberia a um irmão.
de nossos antepassados. O murmúrio [...]
das águas é a voz dos meus ancestrais. Talvez, apesar de tudo, sejamos to-
Os rios são nossos irmãos, saciam nos- dos irmãos. Veremos isso.
sa sede, transportam nossas canoas e
alimentam nossos filhos. Se vendermos

4
Para os índios, as palavras pos- Como salienta Campos de Quei-
suem “espírito”; elas só podem di- rós, “é mais do que a incorpora-
zer o que é verdade. O sagrado é ção de um saber frio, astutamente
ras. Ao lê-las
encenado por palavras. construído”, trata-se de um concei-
ida dos povos
ou pronunciá-las, a vida to de educação escolar caracteriza-
esta – os can-
da floresta se manifesta do pela afirmação das identidades
tos sagrados, o som m mágico dos étnicas, pela recuperação das me-
chocalhos, do maracá á e das flautas mórias históricas, pela valorização
de bambu, as danças, s, ecoam e fa- das línguas e conhecimentos dos
cantemos com
zem com que nos encantemos povos indígenas. Trata-se da ressig-
as diferenças. nificação da instituição escolar em
Ler Por Que o Sol Anda Devagar, um espaço de construção de rela-
Quando os Bichos Eramam Gente, Os ções interétnicas orientadas pela
aram Estrelas,
Meninos Que Se Tornaram Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
As Noivas da Estrela, A Descoberta ção para a manutenção da plurali-
das Frutas e A Barca da Tartaruga é dade cultural.
o. Ao ler esses
evadir-se com o outro. Convidamos você, professor, para
textos com os alunos,s, o professor trilhar esse caminho e, com seu alu-
ades do isola-
pode romper as grades no, configurar uma terceira história,
mento e permitir queue o processo anunciada por meio das palavras de
educativo considere toda essa di- Hernâni Donato.
lecer vínculos
versidade ao estabelecer
de vivência comum entre índios e
ução de laços
não índios e a construção
profundos entre o seueu aluno e as
sociedades indígenas..

5
Hernâni Donato soube reunir As mãos da ilustradora Mônica número sete indicando sentido de
um material de grande potencial Haibara criam, por meio das tramas uma mudança depois de um ciclo
COLEÇÃO
OLEÇÃO
informativo e educativo acerca das em batique (batik), técnica milenar concluído e de uma renovação po-
culturas indígenas. Sábio, o autor de pintura em tecidos, o mágico sitiva, ou seja, simbolizando a to-
revela, nas entrelinhas dessas histó- tecido do mundo indígena, e este talidade do espaço e do tempo; o
rias, a consciência de que é preciso se delineia através de ornamentos Sol, fonte da luz, do calor, da vida;
agregar à visão do povo brasilei- e de elementos decorativos condi- a estrela, símbolo da vida eterna
OBRE A C

ro que somos um povo de etnia cionados por ideias e sentimentos dos justos...
milenar; por isso faz-se necessário milenares. São igualmente mági- Donato e Mônica vivificam a poe-
SSOBRE

que nos apropriemos da perspec- cos e simbólicos, e não somente sia dos mitos indígenas! Vamos a
tiva de valores universais contidos estéticos. A estilização dos temas, eles!
nas narrativas e em outras lingua- a gama de cores empregadas, a
gens próprias da cultura indígena. textura, o movimento, a composi-
A vida tecida com fios, tramas da ção dos personagens, enfim cada
existência. Experiências humanas – um dos elementos utilizados abri-
frustrações, sonhos, solidariedade, ga um significado, conta uma his-
decepções, ambição, brigas. Per- tória: a árvore da vida, símbolo da
das e sacrifícios. E o amor – que eternidade; a tartaruga, símbolo
se nutre por alguém – ligado a um do Universo, garante a sustenta-
sacrifício que se deve fazer ção do mundo, sua estabilidade; o
pela felicidade de seu povo, fogo possui valor de purificação e
a dimensão social do amor, iluminação, representa a sabedo-
tão próprio dos povos in- ria humana; sete meninos que se
dígenas. transformaram em sete estrelas, o

6
O livro na sala de aula
Preparando a leitura
É muito bom cantar e tocar um Quando a estrela acende,
instrumento! Ninguém mais pode apagar,
A coleção Palavra Cantada, da Quando a gente cresce,
Editora Melhoramentos, traz im- Tem o mundo pra ganhar.
portantes noções sobre música. Re- – Brincar, dançar, saltar.
úna, então, os alunos para que se – Correr, meu Deus do Céu,
divirtam com o ritmo das canções. Onde é queue eu vim parar?
Brinquem de “ouvir música”. Em se-
guida, assistam ao clipe ou ouçam
o CD Palavra Cantada 5, com a mú- E, no embalo lo da músi-
sica “Sol, Lua, Estrela”: ca, deixe-os see integrar e
se socializar.
Quando a Lua chega,
De onde mesmo que ela vem?
Quando a gente nasce
Já começa a perguntar:
– Quem sou? Quem é?
– Onde é que estou?

Mas, quando amanhece,


Quem é que acorda o Sol?
Quando a gente acorda
Já começa a imaginar:
– Pra onde é que vou? Qual é?
– No que é que isso vai dar?

7
Atividades

As atividades sugeridas podem so-


frer “adequação” ou “modifica-
ção” de acordo com o horizonte de
experiência do seu aluno, profes-
sor. Lembre-se de que o leitor em
formação participa desse processo
com o auxílio de um mediador, que
sabe estabelecer a interlocução lei-
tor-texto. No movimento de parti-
cipar e criar, os alunos interagem e
Momento especial
aprendem com o mediador e com
Em homenagem à Palavra Cantada, veu Canto das Criaturas e q
escreveu que
os colegas.
sugerimos que os alunos mais adultos, chamava o Sol, a água e a Lua de ir-
em parceria com professores de arte, mãos. Quem é ele? Como viveu?
Chame a atenção para o ritmo interpretem a música com outro estilo Pergunte se eles também conside-
e peça aos alunos que busquem (hip-hop, reggae, MPB, rock...). E apre- ram “o Sol, a Lua e a água” seus ir-
identificar os diferentes instrumen- sentem para toda a escola. mãos e peça que eles expliquem por
tos para ativar a percepção musical. Individualmente ou em grupo, os quê. Questione-os se conhecem algum
alunos poderão produzir uma repre- povo, que, como São Francisco de As-
sentação gráfica (desenho, colagem, sis, vive em comunhão com os rios, as
mural de fotos) para apresentar seu árvores, os animais.
entendimento da música: um docu- Examine com os alunos a letra da
mento visual a partir do texto Sol, Lua, música de Sandra Peres e Paulo Tatit.
Estrela. Chame a atenção para os questiona-
Mediante esse enfoque, aproveite mentos: Quem sou? Onde estou? Pra
para aprofundar o tema da música: onde vou?
qual a importância do Sol, da Lua, das Procure fazer, em conjunto, uma re-
estrelas para a humanidade? flexão sobre a vivência de cada aluno.
Dialogar: questione se algum deles A vivência deles é de relação com os
conhece o personagem histórico que elementos naturais?
8
A hora e a vez dos livros...
Articulando sujeito (o aluno),
corpo e arte: retome a canção sua-
vemente e acrescente um ingre-
diente visual ao ambiente – teci-
dos em batique, de preferência
com motivos/estampas indígenas.
Se a escola não conseguir esse tipo
de estamparia, poderá adornar as
paredes da sala com gravuras (ou
qualquer outro tipo de reprodução)
de batique.

Aguçada a sensibilidade, faça uma


roda com os alunos e mostre os li-
vros da coleção, que deverão ser
passados de mão em mão.
Deixe-os tocar o objeto “livro” e tam-
bém partilhar comentários e opiniões.
Chame a atenção para as ilustra-
ções da capa: o que há em comum
entre elas?
Relacione a técnica batique utiliza-
da pela ilustradora com os tecidos
e/ou gravuras expostos: em cada
detalhe, muitos significados.

9
Trabalhando a leitura
Voz do professor:
p

SOL, LUA, ESTRELA...


Era uma vez sete irmãozinhos sem
pai nem mãe. [...] Os curumins fi-
caram sem ter com quem morar.
Passavam o dia com fome. E a noi-
te com frio... Até que os meninos
A leitura dasas lendas pro-
se tornaram estrelas.
porcionando o ao aluno
o encontro com textos
E, ainda, aguçando o interesse do que lidam simbolica-
aluno: vocês sabem por que o Sol mente com o real
anda devagar?
Caiu chuva tão forte,
ue durou
tão forte, que Múltiplos olhares: o diálogo en-
Os carajás dizem ter havido um dias e noites. A água tre duas linguagens
tempo em que a Terra era um lugar subiu, saltou dos rios, E a voz do narrador conduz o
muito escuro e muito frio. Isso por- encobriu os campos, ouvinte: No começo dos tempos,
que no céu não havia luz do Sol, da as matas e porr fim os os carajás não sabiam plantar. Não
Lua, nem das estrelas. montes. Não se via conheciam a gostosura que é co-
o, uma
árvore, bicho, mer mandioca, milho, batatinha e
E, a cada leitura, em dias ou mo- ave que fosse.e. To- ananás. [...]. Junto do rio Berô-Can
mentos variados. Em ambientes dos haviam fugi- – nome carajá para o Rio Araguaia
aconchegantes, na sala, na biblio- vados
do ou sido levados moças Imaerô e
–, moravam duas moças,
teca. Em voz alta, em silêncio... Um pela enchente. A tar- Denakê. [...]
jeito novo de olhar o mundo. E o lei- taruga, não. Ela não foi boba. Não – Quem é você?
tor construindo sentido para o que fugiu para o monte como fizeram – Sou Tiná-Kan, a estrela. Ouvi
ouve, para o que lê. os outros. você dizer que me queria. Aqui es-
tou...

10
>>
Ao terminar a leitura da lenda “As
noivas da estrela”, de Hernâni Do-
nato, proponha uma sessão de
vídeo Tiná-Kan, A Grande Estre-
la, que traz uma nova leitura, ou-
tro olhar sobre a lenda. Agora é
a linguagem cinematográfica que
evoca o tema, com a mesma inten-
sidade poética.
Os dois suportes textuais aproxi-
mam o leitor da cultura do índio
carajá, estimulando o estabeleci-
mento de relações de semelhança
entre eles. Entretanto, o professor
deve conduzir o aluno a perceber
que são linguagens diferentes: no
vídeo, há o recorte de imagem de
diferentes ângulos. Sensação do
movimento da câmera de filma-
gem (diferentes enquadramentos
dos espaços). >>

FICHA TÉCNICA DO FILME


Tiná-Kan, A Grande Estrela
Direção: Adriana Figueredo
Ano: 2006
Classificação indicativa: Livre
www.programadorabrasil.org.br

11
E, ainda, Antes de se dedicarem à elabo- Curiosidade: a língua portugue-
ração do projeto, propomos, ainda, sa original trazida para o Brasil tinha
VALE A PENA... alguns estudos para aprofundar o 140 mil palavras. Atualmente, o por-
assunto: tuguês falado em nosso país tem 260
A elaboração de um projeto inter- mil vocábulos. Grande parte desse
disciplinar, após a leitura das lendas. Buscar a Memória das Palavras
Pa aumento deve-se à incorporação de
Sugerimos que todos se envolvam O Brasil é um país multic
multicultural. palavras das línguas africanas e in-
na elaboração da atividade, pois Aqui, em nossas terras, co convivem dígenas. Para os índios, procedentes
essas versões abordam temas fun- mais de 225 povos diferent
diferentes, fa- de diferentes grupos étnico-linguísti-
damentais à sociedade contempo- lando 180 línguas e dialet
dialetos, vi- cos, elas, as palavras, possuem “es-
rânea. Estamos diante de relatos vendo em todos os estados dessa pírito” e refletem o sagrado.
míticos que enfocam valores éticos, imensa nação. Então, que tal criar um Livro/Dicio-
questões ecológicas, princípios de nário Ilustrado que traga palavras
solidariedade, problemas sociais ou elencadas de A a Z, de origem indí-
mesmo políticos. gena, usadas atualmente em nosso
vocabulário e, também, vocábulos
retirados dos livros da coleção Len-
das Indígenas?
Exemplos: abacaxi, açaí, aracaju, ca-
pivara, catapora, jabuticaba, mandio-
ca, mingau, peteca, pipoca, pitanga,
sabiá, saci e tantas outras.
ATENÇÃO: consultar os sites www.
areaindigena.hpg.ig.com.br/dicio-
nario.htm e http://orbita.starmedia.
com/~i.n.d.i.o.s/influenc.htm.
Divulgar o livro/dicionário ilustrado,
em uma Feira Cultural ou durante
a culminância do Projeto Interdisci-
plinar.

12
EExplorando
xplorando a leitura
leitura
Os índios de nossa terra buscam, çam a origem das lendas dos índios,
ainda hoje, protagonizar e conquistar onde e como vivem, quais seus so-
o exercício pleno de sua cidadania, nhos, o seu estar no mundo. Faz-se
seja por meio de seus saberes, seja por necessário contextualizar, portanto, a
meio de suas práticas medicinais, lín- “obra lida” para que o horizonte de
guas, religiões ou, principalmente, por experiências do leitor se amplie.
meio de suas concepções do Universo. Vamos concluir, assim, a pesquisa
Assim nos é colocado o desafio de abaixo, buscando nos aproximar um
compreender e respeitar os povos in- pouco mais da identidade cultural des-
dígenas. Consequentemente, torna-se ses povos:
fundamental que os não índios conhe-

Lenda Povo Tronco Região População Arte Cantos Sabores


Família onde Artesanato Danças Alimentos
vivem Cestaria

POR QUE O
SOL ANDA
DEVAGAR
Carajá Macro-Jê Ilha do
A DESCOBERTA Carajá Bananal, Cerca de
DAS FRUTAS Tocantins. 8 mil
Pará e Mato pessoas
AS NOIVAS DA Grosso.
ESTRELA

13
>>
Lenda Povo Tronco Região População Arte Cantos Sabores
Família onde Artesanato Danças Alimentos
vivem Cestaria
Rio Grande
Tupi do Sul, Cerca de
Tupi- Santa 46 mil
A BARCA DA Guarani -Guarani Catarina, índios
TARTARUGA Paraná, São
Paulo, Rio
de Janeiro,
Espírito
Santo,
Mato
Grosso do
Sul e Pará

Taulipangue Caribe Norte do


OS MENINOS Planalto Cerca de
QUE SE Mato- 600 índios
TORNARAM -Grossense,
ESTRELAS Roraima,
Vale do Como você pôde perceber, há um
Amazonas
universo a ser descoberto e lido na
arte, no artesanato, na dança, nos
QUANDO OS Caiowá/ Tupi Mato Cerca de grafismos, na religião e na língua
BICHOS ERAM Caiuá Tupi- Grosso 27 mil indígenas pelo seu aluno e por nós,
GENTE -guarani do Sul índios mediadores de leitura. Todos esses
povos constituem raiz para nossa
brasilidade.

Elaborar com os alunos um grande


painel com essas descobertas e fa-
zer uma exposição.
14
Roland Barthes, em Aula (1977,
INTERDISCIPLINARES
BORDAGENS INTERDISCIPLINARES
p. 18), segundo as professoras San-
dra Vivacqua e Norma Lucia, en-
dossa a tese da interdisciplinaridade
na prática educativa, semelhante
àquela proposta nos Parâmetros História Filosofia
em Ação (2001):

[...] a literatura assume muitos sa-


beres [...]; trabalha nos interstícios Educação Física Língua Portuguesa
da ciência [...]
Se todas as nossas disciplinas de-
vessem ser expulsas do ensino, ex-
ABORDAGENS

ceto uma, a disciplina literária é a


que deveria ser salva, pois todas as PLURALIDADE CULTURAL
ciências estão presentes no monu-
mento literário.

Artes Ciências
O universo da literatura indígena
está repleto de conhecimentos geo-
A

gráficos, científicos, linguísticos, fi-


losóficos... Daí a sugestão do pro-
jeto Pluralidade Cultural: Sabores e
Saberes, para ser desenvolvido du- Geografia
rante o ano letivo a partir da leitura
das adaptações de Hernâni Donato.

15
>>
Educação Física e Geografia:
Festival Folclórico de Parintins 1.º momento – Para envolver seu cujo tema relata o universo mítico do
aluno e mostrar a grandiosidade do es- povo carajá.
O festival folclórico de Parintins, no petáculo, leve para a sala de aula uma Ouça-a com seus alunos e, em se-
Amazonas, tem sua história repre- toada, canção que acompanha as três guida, converse sobre o acompanha-
sentada pelos grupos de boi-bumbá horas de encenação. Selecionamos mento dos ritmistas e a letra da toada.
ou bumba meu boi. Durante três uma toada, do grupo Boi Garantido, Cante! Dance!
noites de apresentação, o Boi Ga-
rantido, de cor vermelha, e o Boi
Caprichoso, de cor azul, exploram Carajá, O Povo das Águas
as temáticas regionais, como rituais Boi Garantido
indígenas, lendas, costumes dos ri-
beirinhos, por meio de alegorias e E viverão nas margens do Araguaia
encenações. Habitantes do vale, o mundo das águas
Cristalinas, nascentes de lágrimas Na floresta, caçando animais
Carajá, o povo Berahatxi Mahadu No rio, a fartura de peixes,
Clamava o guerreiro Kynixiwe, Na terra, o chão onde brotam
Herói mítico, do fundo das águas os vegetais
Do antigo rio frio Araguaia
Carajá, carajá
A cobiça do carajá emergiu Ah, ah, ah, o povo das águas
Como um brilho no rio Carajá, carajá
Desvendando um mundo Ah, ah, ah, o povo das águas,
De floresta e riquezas Das águas, das águas
Lindas praias de rara beleza Do Rio Araguaia
Um lugar da mãe da gente
Que encanta os seres tribais

Mas escondia a certeza da morte


O funesto fatal e na volta ao fundo do rio
Impedidos por Koboí, a cobra animal
A rainha do povo das águas

16
>>
2.º momento – Leitura carto- Educação Artística: outro Informe-os de que o batique é
gráfica: onde fica Parintins? Como olhar por meio de oficinas uma técnica de tingimento artesa-
chegar lá? Quem são seus habitan- nal em tecido; o efeito final é pro-
tes? Como vivem?
temáticas duzido por sucessivos tingimentos
O trabalho artístico é um fio con- no tecido, protegido por másca-
3.º momento – Conhecer a es- dutor de extensas narrativas dos
trutura do festival, as etapas da fes- ras de cera, em que somente as
povos indígenas, daí a importância partes não vedadas pela cera são
ta (grupos folclóricos Garantido e de vivenciá-lo por meio de oficinas
Caprichoso; Bumbódromo; música; tingidas. Convide-os a confeccio-
temáticas. nar tecidos em batique (pesquise
ritual; personagens da festa: apre-
sentador, levantador de toadas, como fazer na internet ou convide
figuras típicas e outros; galera; jura- 1.º momento: Técnica batique alguém da comunidade que saiba
dos). Para ampliar as informações, Chame a atenção do leitor: A para orientá-los).
ilustração tem linguagem própria,
sugerimos que pesquisem “Amazô-
nia de A a Z: Festival Folclórico de
Parintins – Portal Amazônia”.
com sintaxe e técnicas específicas
que interferem sutilmente na lei-
>>
4.º momento – A culminância tura. Como isso se dá na proposta
da atividade poderá ser uma relei- desses livros?
tura teatral ou de uma etapa do Questione seus alunos: A lingua-
festival. Como exemplo, sugerimos gem plástica da coleção Lendas
a encenação do Ritual dos Bumbás, Indígenas, da Editora Melhoramen-
que mostra a lenda de Pai Francis- tos, permite ao leitor “um tipo de
co e Mãe Catirina que conseguem, fruição estética” em nível visual?
com a ajuda do Pajé, fazer renascer Veja que a narrativa imagética
o boi do patrão. de Mônica Haibara tem o cunho
de um viés antropológico sobre a
importância do povo indígena e de
sua arte pictórica.

17
2.º momento: Artesanato, o Informar aos alunos que grande
legado
g parte dos indígenas brasileiros vive
do seu trabalho com recursos na-
turais – madeira, sementes, penas
Eu faço todos os tipos de artesanato, de aves, casca das árvores e outros.
faço brincos de coquinho de tucum, Mas é importante ressaltar que a
faço brincos de penas de papagaio utilização desses recursos não é
e de periquitos. Também faço brin- predatória: a exaustão dos bens
cos de uma madeira que se chama naturais não faz parte do sistema
braúna. econômico indígena.
Com a madeira do angico vinháti-
co e arruda, eu faço gamelas, co-
lheres, pilão e colares. Convidar indígenas (descenden-
Com as madeiras e sementinhas tes) da comunidade para ensinar
da mata, posso tentar mauí e com os alunos a confeccionar cestas,
dentes de caititu, sariguê, paca, cerâmica, trançados, instrumentos
macaco e outras caças. Eu gosto musicais.
muito de fazer artesanato, porque Fazer releitura simbólica de uma
é a minha arte e faz parte da mi- lenda de Hernâni Donato, utilizan-
nha cultura. do pigmentos e recursos naturais,
Aqui na aldeia é assim, todos fa- combinados com materiais rústicos
zem artesanato. ou reaproveitados.

(PATAXÓ, Kanátyo. O Povo Pataxó


e Sua História. MEC/UNESCO/SEE-
>>
-MG , p. 41)

18
Ciências: Saberes e sabores
Segundo o antropólogo Darcy Temos muitas crianças desnutridas
Ribeiro, os índios compuseram, e pessoas com diabetes, hiperten-
nos milhares de anos em que aqui são e dores no estômago. Antiga-
viveram antes da chegada dos eu- mente não havia esses problemas,
ropeus, uma sabedoria copiosa por isso vimos a importância de res-
na convivência e aproveitamento gatar os alimentos tradicionais e na-
equilibrado da floresta, no nome turais para o nosso povo. Para isso
que deram às frutas, ervas, árvo- nos reunimos e decidimos fazer
res, rios, lugares e animais. Eles uma horta comunitária, em que os
identificaram sessenta e quatro jovens vão aprender como plantar
tipos de árvores frutíferas, cultiva- e poderão vender o excedente na
ram muitas plantas, como milho, cidade.
mandioca, amendoim. Alimentos (Prêmio Culturas Indígenas – depoi-
que fazem parte do cardápio do mento de um tikuna, p. 247)
brasileiro hoje.
No entanto, o hábito da roça e
o conhecimento do plantio foram
>>
se perdendo, porque os índios se
viram forçados a migrar com a che-
gada de invasores. Pode-se afirmar
que 85% das terras indígenas são
objeto de diversos tipos de inva-
são, como abertura de estradas, hi-
drovias, a presença de garimpeiros,
madeireiros e outros.
A despeito dos problemas, os
idosos que mantêm o hábito da
roça afirmam:

19
1.º momento: Sabores 2.º momento: Saberes
Fazer uma “ceia” com comidas Existem muitos projetos de hor-
típicas indígenas, usando, princi- tas comunitárias no Brasil e em ou-
palmente, a mandioca. Aproveitar tros países. Na maioria dos lugares
o livro/dicionário ilustrado para co- onde o projeto já foi implantado, as
nhecer quais são os alimentos que hortas tornaram laboratórios vivos
os índios nos deixaram como lega- para discutir saúde, nutrição, eco-
do. Saborear os alimentos, sucos nomia e outros temas.
e frutas. Consulte:
Posteriormente, juntos, catalo- http://www.fnde.gov.br/portal/
gar os valores nutritivos desses ali- index.php/noticias-2005/1489-
mentos. Para que servem? Curam -mec-e-fao-desenvolvem-projeto-
quais doenças? -de-horta-escolar.

>>

20
2 0
Então, mãos à obra Outros Saberes
Convide os alunos para observar O conhecimento das propriedades Fazer levantamento das plantas medi-
os espaços livres da escola e avalie terapêuticas das plantas faz parte da cinais conhecidas pelos alunos e fazer
qual seria o mais adequado para cultura oral transmitida de geração pesquisas sobre outras.
uma horta escolar. Caso não haja para geração. A flora brasileira é riquís- Após as pesquisas e com todo o le-
espaço físico, a instituição escolar sima. Exemplares são utilizados pela vantamento feito, os alunos devem
pode recorrer a um órgão públi- população como plantas medicinais, catalogar os diversos tipos de plantas
co, solicitando parceria, para que a por isso é importantíssimo que nossos medicinais (planta, utilização, parte da
horta possa ser feita num espaço alunos as conheçam. Sugerimos, en- planta utilizada, forma de utilização e
comunitário. Caso essa proposta tão, algumas atividades: toxicidade), como no exemplo abaixo:
não seja viável, é possível fazê-la
em extensão menor, plantando er-
vas, verduras e alguns legumes em
vasos. Nome vulgar Nome científico Parte usada Indicação
Pesquise como preparar a terra, Alecrim Rosmarinus Folhas Afecções febris, inapetência
como selecionar mudas e sementes officinalis
e como plantá-las. Procure envolver
toda a comunidade escolar. Com
Arruda Ruta graveolens Folhas Afecção dos rins, dor intestinal,
certeza, o envolvimento efetivo fará dor de ouvido
toda a diferença.
Depois, converse com os alunos
sobre o valor nutritivo desses ali- Camomila Matricaria Florais secos Insônia, inapetência
chamomilla
mentos.

Carqueja Baccharis Hastes Afecções hepáticas, diabete, males


ochracea do fígado

Cravo-da- Syzygium Botões florais Higiene bucal, micose de unha,


-índia aromaticum secos vermes

21
>>
Língua Portuguesa: Para terminar
Articulando discursos
Essa temática tem uma riqueza de
possibilidades que torna impossí-
Por ora [meu caro amigo], à distân- vel abarcar todo esse universo em
cia de seu corpo, confio-lhe meu um roteiro de leitura. As atividades
espírito, que sem poder pairar so- não se esgotam. Cabe a você, caro
bre as águas, ainda assim inventa colega, articulá-las, a partir de seu
o mundo. horizonte de experiências e do de
(Eliana Yunes) seus alunos, com novos conheci-
mentos e novas histórias.

Cabe a essa disciplina encurtar Ainapó Nhacoé, Boinún.


distâncias, confortar o espírito e Poé Caxé!
inventar o mundo, articulando os Muito obrigado, meus irmãos.
diversos discursos do roteiro de lei- Até outro Sol!
tura e do projeto interdisciplinar.
Para isso, caro colega, crie um
blog (ou revista ou, ainda, um mu-
ral) em que os envolvidos na leitura
das obras de Donato e participantes
das propostas deste roteiro possam
relatar as atividades desenvolvidas,
postar os resultados das pesquisas
e o dicionário de verbetes indíge-
nas, mostrar fotografi as de suas
atividades artísticas, compartilhar
o discurso do Grande Chefe Seat-
tle, revelar suas descobertas cien-
tíficas e, por fim, configurar uma
terceira história.

22
EFERENCIAL TTEÓRICO
EÓRICO Compor
C ompor a EEducação
ducação EEscolar
scolar IIndígena:
ndígena: U
Um
m SSonho
onho P
Possível
ossível
vel
Zaqueu Key Claudino Kaingang ra-
memória: o território que hoje é o Bra-
sil, após ser tomado pela colonizaçãoão
“Os povos indígenas, antes da co- europeia, começou a ser depredado do
lonização europeia, tinham uma vida ao longo de sua extensão. Começan- an-
mais digna. Viviam conforme seus cos- do com o distúrbio e a interferência na
tumes, ritos e tradições. Alimentavam- vida daqueles que, neste lugar, esta-ta-
REFERENCIAL

-se da caça, da pesca e de coletas de vam vivendo conforme seus usos, cos-os-
frutas e legumes. Essa memória de- tumes e tradições.
termina qualquer consciência histórica Passo decisivo nessa direção foi
dos povos indígenas. Ainda que estes dado na introdução das instituições ões
se reconheçam como parte da história ni-
de ensino em território indígena. A ini-
e da cultura brasileira, desde sua auto- ciativa dessa introdução, bem como oa
compreensão, sua origem é anterior e ali-
própria instituição, declara a desquali-
R

remete a um início que precede concei- ficação e não reconhecimento de cul- ul-
tos como história e cultura. O processo tura entre os povos tradicionais. Os
levado a cabo pelos colonizadores, por rituais e os costumes indígenas, que ue
meio de sua concepção de trabalho e vinham sendo praticados desde tem- m-
suas formas de produção, influenciou pos imemoriais, estiveram então com om
o modo de viver destas sociedades ori- seus dias contados; tornaram-se ob-
ginárias vivendo em um território ocu- jetos de superação. A falta de reco-co-
pado. Porém, hoje fazemos eco ao que nhecimento dos métodos próprios de
alguns historiadores dizem há muito ensino-aprendizagem desses povos le-
tempo: os europeus muito aprenderam en-
vou a uma crescente perda de referen-
com os povos indígenas e, em inúme- am
ciais. Os costumes tradicionais foram
ras situações, assumiram como seus os aos poucos sofrendo modificações, es,
modos de vida dos povos originários sufocados pelas ditas culturas domi-mi-
desta terra. nantes. Desconsiderando-se o papel pel
Na visão dos povos indígenas, as an-
da oralidade e das tradições para man-
variáveis e as interpretações, embo- ter conhecimentos próprios, essas so-
ra muitas, são determinadas por essa das
ciedades foram desqualificadas e tidas

23
>>
por povo sem lei, sem história, sem pe- A Lei 11.645/08, criada e sanciona-
dagogia e sem cultura. da pelo presidente da República, obri-
Hoje, entretanto, a formação da ga instituições públicas e privadas do
consciência da cidadania, a capacida- ensino fundamental e médio no país
de de reformulação de estratégias de a dar valor e visibilidade à cultura e à
ão de suas cultu-
resistência, a promoção história dos povos indígenas.
ras e a apropriação das estruturas da Os povos de tradição oral acreditam
sociedade não indígenana pela aquisição que essa lei ajudará a resgatar a cultu-
de novos conhecimentosentos úteis para ra, os costumes e as tradições daqueles
ondições de vida
melhoria de suas condições que ao longo da história do Brasil aju-
são matérias em pautauta nas propostas daram a formar a sociedade brasileira.
relativas à educação escolar indígena. Acreditam também que a implantação
A educação escolar que a sociedade do artigo 1.º, em seu parágrafo 2.º,
indígena almeja hoje e é a solidária e possibilite que sejam respeitados e va-
democrática, como uma das vias para lorizados como povos portadores de
a construção de uma a sociedade mais diferença étnica, plenos de autorreco-
justa. Nesse sentido, a Lei 11.645/08 nhecimento.”
constitui-se em uma poderosa ferra-
dança social.
menta para essa mudança
gível a distância
Embora seja tangível
eal’, nunca antes
entre o ‘legal’ e o ‘real’,
nto em questões
no Brasil se falou tanto
na, tais como: va-
relevantes ao indígena,
lorização da cultura,, da história, do
respeito aos costumes es e às crenças,
mentos etc. Tudo
acesso aos conhecimentos
isso demonstra que, mesmo em meio
m novo olhar vem
a tantos percalços, um
sendo construído.

24
>>
“As sociedades indígenas esperam tre prioridades. E as escolas devem
dessa lei: ter o embasamento necessário no
• que as instituições de ensino funda- quee diz respeito a culturas indígenas;
mental e médio transmitam, através porr essa razão a sociedade indígena
de seus docentes, a cultura e a his- estáá presente na Educação Escolar
tória dos povos indígenas de forma sileira (LDB 9394/96), referencia-
Brasileira
mais plena. Pois sabem que a dis- doss no IPICNEI, Plano Curricular Na-
criminação deve ser combatida por nal da Educação Indígena, e na
cional
meio da formação escolar; nstituição Brasileira de 1988.
Constituição
• a capacitação de docentes para tra- sim, a comunicação e a apresen-
Assim,
balhar essas questões também é im- tação o de atividades sobre os povos
prescindível, a preparação adequada enas nas escolas poderão fi-
indígenas
de professores para realizar essas ente interceder pela sobre-
nalmente
tarefas precisará de cuidados, pois vivênciacia histórica e cultural de
estudar uma sociedade indígena re- povoss que ao longo da história
quer respeito e formação com prin- da educação brasileira foram
cípios contundentes. Há necessidade inalizados.”
marginalizados.”
de subsídios sobre a temática indíge- ulos Indígenas no Brasil –
(Séculos
na voltada para a cultura das socie- Fórum m de Atualização sobre
dades tradicionais; uras Indígenas. Módulo
Culturas
• além de qualquer possibilidade su- isponível em: www.
II. Disponível
gerida pela obrigatoriedade da lei, a osindigenasnobrasil.com.
seculosindigenasnobrasil.com.
implementação dos estudos das cul- Acesso so em 20 jan. 2011.).
turas dos povos indígenas nas esco-
las públicas e privadas poderá, aos
poucos, oportunizar conhecimentos
dos saberes tradicionais dessas so-
ciedades. Na verdade, deve-se dizer
que esse é um aspecto primeiro en-

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO SITES

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carta-do-cacique-seattle-da-tribo-
Nos caminhos da literatura [realização]
-suquamish-do-estado-de-washington
Instituto C&A; [apoio] Fundação Nacional
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