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MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS

VEGETAIS
(02-08-2016)

Finalidade
Análise qualitativa ou quantitativa de uma droga vegetal conhecida; isolar e identificar um
composto novo; extração e purificação em escala industrial. O objetivo da extração é retirar
da forma mais seletiva e completa possível as substancias ativas contidas em drogas de
origem natural, utilizando um líquido ou mistura de líquidos tecnologicamente apropriados e
toxicologicamente seguros.

Matéria prima
Droga vegetal ou planta fresca, ou parte da planta.

Características do composto a extrair


Podem ser composto farmacologicamente ativos. Podem ser solúveis em água, solventes
orgânicos polares ou apolares. Deve se levar em conta a estabilidade desses compostos à
temperatura, O2, umidade, luz.

O método adequado de extração é escolhido após análise de todas essas variáveis.

Etapas de trabalho
Coleta
Identificação
Estabilização/secagem
Divisão
Extração – dependerá da matriz, parte da planta (Farmacógeno) e da composição química
dos princípios ativos (marcador, fitocomplexo)

Colheita – lavar para eliminação da terra e retirar características indesejáveis.


Secagem – serve para diminuir o teor de água, aumentar a estabilidade enzimática e
microbiológica, garantindo melhor conservação. Pode ser:
 Natural – sombra, sol, mista
 Estufa – aquecimento 35-40°C com ou sem circulação de ar
 Liofilização
Estabilização – temperatura, etanol e radiação UV. É obrigatório para certas drogas como
glicosídeos cardiotônicos, em que o aquecimento a 80°C por 15-30 minutos desativa a
enzima que desdobra a cadeia glicosídica.
Divisão – pode acontecer por:
 Impacto – moinho de martelos para cascas, raízes, folhas duras e friáveis.
 Atrito – moinho de discos para frutos descascados e sementes
 Corte – moinho de facas para flores e folhas mais macias.
Processos extrativos – pode ser parcial (não conduz ao esgotamento da matéria prima) ou
exaustiva (conduz ao esgotamento da matéria prima). Deve se considerar o material vegetal
e o meio extrator.
 Métodos de extração
o A frio
 Maceração (parcial) – recipiente fechado, horas a dias, temperatura
ambiente, agitação ocasional. O solvente mais utilizado é o etanol:água,
sendo mais de 20% de etanol. Não é utilizado para substâncias voláteis.
Melhora com o aumento da temperatura (40-60), agitação e renovação do
solvente extrator.
 Turboextração (parcial) – separação através de forte movimento
mecânico circular. Pode ser mais completa. Banho de ultrassom e micro-
ondas podem ser usados. Tende a fragmentar mais o material e assim
dificultar uma posterior filtração.
 Percolação (exaustiva) – droga intumescida pelo solvente 1-2 horas
depois de empacotar de modo homogêneo, não muito denso. Pode-se usar
equipamento próprio ou funil de separação. É mais dinâmica pois o
solvente passa pela droga, extrai inclusive substâncias em baixas
concentrações.
o A quente
 Infusão – sistema aberto, recomendado para óleos essenciais.
 Decocção – sistema aberto, não recomendado
 Refluxo
 Soxhlet (exaustivo) – sistema fechado, uso laboratorial, com
contínua renovação do solvente. Pode ser feito com água para
taninos, heterosídeos glicosilados; com solventes apolares para
óleos essenciais ou fixos; e com metanol para saponinas
 Clevenger (exaustivo) – sistema fechado, hidro-destilação
laboratorial para óleos essenciais.
o Outros
 Expressão – extração de frutos cítricos, extração de óleos essenciais
 Enfleurage

Processos industriais de extração


Extração com contra corrente
Extração em carrossel
Extração por solvente supercrítico (CO2)

A escolha dos líquidos extratores depende dos fatores:


 Propriedades extrativas – solubilidade dos compostos em água (sais de alcaloides,
açúcares, mucilagens); solubilidade em etanol/metanol (agliconas, ceras,
sesquiterpenos); solubilidade em hexano (lipídeos, óleos essenciais).
 Inocuidade ou toxicidade – para consumo humano, metanol e diclorometano devem
ser eliminados. O mais utilizado nesse caso é o etanol 70%. Para uso industrial deve-se
levar em consideração a concentração máxima permitida no ambiente de trabalho.
 Facilidade de eliminação posterior – é preferível ter baixo ponto de ebulição.
Formas azeotrópicas com água (etanol, acetona) são inflamáveis ou explosivos e não
são recomendados.

Polaridade dos solventes (do menor para o maior)

Éter de petróleo → ciclohexano → CCl4 → CH2Cl2 → éter etílico → acetato de etila → piridina
→ propanol-1 → etanol → metanol → água → ácido acético.

Tipos de Substâncias Extraídas por Diferentes Solventes


Éter de petróleo, hexano Lipídeos, ceras, pigmentos
Diclorometano, clorofórmio Óleos voláteis, alcaloides (base livre),
glicosídeos cardiotônicos, antraquinonas
livres
Acetato de etila, butanol Flavonoides, cumarinas
Etanol, metanol Heterosídeos em geral
Misturas hidroalcólicas, água Saponinas, taninos
Água acidificada Alcaloides
Água alcalinizada Saponinas

Separar os resíduos vegetais dos extratos


Pode ser feito por sedimentação, decantação ou centrifugação.

Concentração e secagem
Alta demanda energética. Calor com ou sem vácuo (rota), liofilização, spray drying
(indústria).
Extratos obtidos
 Extratos líquidos
o Aquosos – uso imediato devido à deterioração de compostos e microbiana
(decocção, infusão)
o Alcoolatos – etanol, macerado de plantas frescas
o Tinturas – alcoólicas, hidro-alcoólicas, mistura com outros solventes: 1g de
droga seca para 10mL de tintura
o Extratos fluidos – similar à tintura. Hidroalcoólico. 1g da droga para 1mL de
extrato fluido.
 Extratos moles ou espessos – evaporação dos solventes mais acréscimo de aditivos
 Extratos secos – máximo de 5% de umidade, eliminação total de outros solventes.

Exemplos ANVISA
Extrato de Calendula officinalis – o marcador são flavonoides totais expressos em quercetina.
Quantificar por CLAE ou técnicas espectrofotométricas.
Extrato de Mikania glomerata – o marcador é a cumarina. Pode-se fazer CCD e observar no
UV; CLAE-UV ou extração e métodos espectrofotométricos de absorção UV

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