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Escada de Peixes PDF
Escada de Peixes PDF
SÂO PAULO
2004
SIDNEY LAZARO MARTINS
SÂO PAULO
2004
i
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
Fish Transponding System is usually adopted to mitigate negative effects of dam and
reservoir construction on migratory fishes.
This paper shows that international current projects and practices should not be
adopted widespread to national reality, as they usually don’t match our fishes habits
and needs; the adoption of those practices could lead to a project breakdown,
according to some recorded in Australia, Africa, China, Thailand, New Zealand and
even Brazilian experiences.
The importance of our fluvial fishes, among which the migratory ones represent major
commercial and sportive interest, is unquestionable. This paper intends to furnish
information on the State of the Art in Fish Transponding System, to compare
hydraulic and structural transponding system types and, the case study about
Lajeado Dam on Tocantins River.
Key words: Fishway; Fish Transponding; Fish Ladder; Fish Passage; Piracema Fish
Reproduction; Migratory Fish; Bio-Passage.
v
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 5-15: STP tipo escada Vertical Slot com um jato (Landmark). .......................21
Figura 5-19: STP tipo Vertical Slot com 2 jatos (Hell’s Gate) ....................................24
LISTA DE TABELAS
Tabela 5-2: Altura dos STP's Tipo Escada (MARTINS, 2000). .................................29
Tabela 5-4 : Critério para o STP em função do Nível D'água na Saída (Clay, 1995) 35
Tabela 5-6: Valores para dimensionamento de STP para anádromos (CLAY, 1995).
...........................................................................................................................38
Tabela 5-8 : Dimensões de STP tipo escada Vertical Slot (PASCHE, 1995) ............40
Tabela 6-2: Espécies registradas na escada nas condições de projeto e para níveis
d´água de jusante inferiores ao mínimo (abril e setembro de 2003). .................52
viii
LISTA DE SÍMBOLOS
Glossário
nível d’água máximo, mínimo e normal: são cotas ou isolíneas dos volumes e
áreas inundadas respectivas das águas de um reservatório, consideradas para a
operação de uma hidrelétrica;
orifício: abertura submersa nas paredes transversais (soleiras) dos STP’s para
controle de vazão e passagem de peixes;
pelágico: espécie que vive no seio d’água com movimentos próprios, geralmente
bons nadadores
piracema: movimento migratório de algumas espécies de peixes;
plâncton: conjunto de minúsculos animais, zooplânctons, e vegetais, fitoplânctons,
que vivem na água;
pluvial: relativo às chuvas;
poluição: contaminação do meio;
potamódromos: peixes continentais (fluviais) que migram em águas doces
(piracema) e desenvolvem seu ciclo vital no corpo do rio;
preservação da natureza: conjunto de medidas que visa à proteção integral das
características naturais de um meio;
progênie: ascendência, geração, prole;
projeto básico: fase em que são projetadas as obras civis e os equipamentos
necessários para a alternativa mais atraente delineada pelo estudo de viabilidade
(projeto de viabilidade);
projeto de viabilidade: fase antecedente ao projeto básico, onde são concebidas as
idéias gerais do empreendimento, com estudo de alternativas, prevendo-se o
dimensionamento e os serviços de infra-estrutura necessários;
projeto executivo: detalhamento do projeto básico para construção, montagem e
operação de um empreendimento;
protótipo: conjunto geométrico final de um empreendimento implantado ou
projetado;
reofílicos: peixes de piracema, amigos da correnteza;
represa: pequeno reservatório;
reservatório de amortecimento, contenção ou de cheias: é o reservatório
destinado a reduzir picos de cheias de um sistema hídrico, através da retenção
temporária de volumes d’água;
reservatório ou tanque: área de um STP entre duas soleiras onde há uma certa
retenção de água, velocidades e fluxos controlados;
remanso: linha d’água formada pela mudança de seção molhada em um curso
natural ou artificial, podendo ser ascendente, horizontal ou descente em função dos
parâmetros hidráulicos envolvidos;
reservatório: conjunto ocupado pela porção d’água (volume e área), formado por
um barramento ou barragem;
xv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
2 OBJETIVOS.........................................................................................................7
3 METODOLOGIA DO TRABALHO.......................................................................8
4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................9
8 CONCLUSÕES..................................................................................................56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................57
1
1 INTRODUÇÃO
A água doce é um bem natural essencial à vida, mas devido, entre outros fatores, ao
descomedido crescimento populacional e ao descompromisso ambiental mundial,
tornou-se escassa em sua quantidade como, principalmente, em boa qualidade. É
provável que as próximas disputas internacionais destinem-se à sua posse.
Como exemplo, os centros urbanos entre cortados por cursos d’água abertos ou
fechados, via de regra, são invadidos por insuportáveis enxames de pernilongos,
moscas e outros insetos devidos, entre outros fatores, pela ausência de predadores,
isto é, ocorrem “quebras” nos elos energéticos da cadeia alimentar. Os peixes são
consumidores ativos nesta cadeia, passíveis de consumir cerca de 200 larvas ou
insetos dia por indivíduo (GODOY, 1998), agindo como agentes profiláticos
sanitários, além de “semeadores” de vegetais, limpeza de resíduos, bioindicadores,
enriquecedor protéico aos humanos e para outros animais, etc.
Parte das mudanças nos ecossistemas aquáticos começou a ser atenuada devido à
consciência dos habitantes, dos estudos e avaliações de impactos ambientais com
amparo legal e em constante evolução, os comitês de bacias e a valorização
crescente da água enquanto produto limitado e escasso.
Os Estados de São Paulo com a Lei nº 9.798 (1997), Minas Gerais com a Lei nº
12.488 (1997), Pará com a Lei nº 5.886 (1995) e Espírito Santo com a Lei nº 4.489-N
(1999) possuem legislações que obrigam a implantação de STP’s nas Barragens.
Há, em tramitação na esfera federal, um projeto de Lei nº 4.630, para
obrigatoriedade nacional dos STP’s.
7
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA DO TRABALHO
4 JUSTIFICATIVA
5.1 Introdução
LARINIER, 1999, definiu um STP como sendo um dispositivo para atrair e conduzir
seguramente a migração de peixes: trófica e reprodutiva, aos seus ambientes.
A migração dos peixes ocorre nos sentidos jusante para montante (ascendente), e
montante para jusante (descendente). A migração ascendente é contrária ao fluxo
do curso d’água e objetiva, basicamente, à reprodução em locais apropriados. A
11
O STP mais simples é o tipo escada com soleira ou degrau, “pool & weir”,
constituindo-se numa série de reservatórios ou tanques escalonados
seqüencialmente em forma de degraus. Os reservatórios são separados por soleiras
ou degraus. Os peixes, na migração, transpõem os degraus ou soleiras, passando
entre os reservatórios ou tanques, durante a piracema, nadando pela lâmina d’água
descendente ou saltando. Nas Figuras 5-1 e 5-2, apresenta-se uma representação
deste tipo. As soleiras ou degraus possuem a finalidade de controlar a permanência
de níveis d’água e dissipar a energia na forma de perdas localizadas com a
turbulência nos tanques. A energia é dissipada de modo a favorecer a ascensão dos
peixes sem causar o seu cansaço.
Um dos STP’s mais utilizados é a escada Vertical Slot, “Hell’s Gate” ou “pool & jet”.
Neste tipo de estrutura, a soleira ocupa parte do canal, permitindo a passagem do
fluxo e dos peixes por canais laterais livres, com um ou dois jatos. Foi desenvolvida
12
para peixes que migram nadando pelo fundo ou superficialmente. Na Figura 5-5,
apresenta-se uma representação deste sistema.
Fonte: Nakamura
14
Fonte: Larinier
Fonte: Larinier
15
Fonte: Nakamura
Fonte: Nakamura
18
Fonte: Nakamura
O início dos STP’s ocorreu quando o homem observou a dificuldade dos peixes de
se locomoverem diante dos obstáculos geológicos naturais, fossem elas as quedas
abruptas, tipo cachoeiras ou corredeiras íngremes, e resolveu facilitar sua
movimentação, visando sua sobrevivência no ecossistema e a perpetuação das
reservas pesqueiras para atividades esportivas ou profissionais. O número de STP’s
implantados no mundo é cerca de 13.000 unidades (apud MARTINS, 2000),
concentrado em países desenvolvidos. Ver um STP que a natureza nos ofereceu na
Figura 5-13.
No século 17, em 1640, isto é, há mais de 360 anos, na Europa, Suíça, na cidade de
Bern, rio Aar, (GODOY, 1985), tem-se o registro do primeiro STP, com pouco mais
de 2m de altura vertical, em um obstáculo natural, construído com base na
sensibilidade do proponente, sem um fundamento científico consistente, para peixes
anádromos.
O primeiro STP num barramento artificial foi construído para peixes anádromos, no
rio Thiet, em Perth, Escócia, em 1828, (GOBIN & GUÉNAUX, 1907), tipo escada
com degraus. O projeto e a execução foram da iniciativa privada, proprietária de
outras usinas neste rio. A sua forma foi idealizada por M. Smith Deanston, (GODOY,
1985). O sucesso deste empreendimento fomentou a iniciativa em barramentos
existentes, novos ou em obstáculos naturais, em outros países.
A França iniciou a construção desses sistemas em data anterior a 1789, pois, nesta
data, em Pontgibaud, no rio Sioule, foram contados 1.200 Salmões que migraram
através de um STP, tipo escada com degraus (GODOY, 1985). Outros STP’s foram
instalados em barramentos franceses, preferencialmente, para peixes anádromos
(GOBIN & GUÉNAUX, 1907). Segundo LARINIER, 1990, há mais de 300 STP’s
construídos nos últimos 20 anos, resultado de estudos em modelos reduzidos e
verificações de protótipo, sendo ainda insuficientes frente aos 8 000 barramentos.
20
A Noruega é o país europeu com a maior quantidade de STP’s, tendo cerca de 420
unidades (GRANDE, 1996), a maioria tipo escada com degraus e tipo Denil. Em
1872, foi construído um STP, tipo escada com degraus, para um obstáculo natural,
no rio Gaular, para peixes anádromos (GRANDE, 1990). No rio Sire instalou-se um
STP tipo escada com degraus, para peixes anádromos, em madeira, em 1880, com
285m de comprimento e uma altura vertical de 27m, através da iniciativa privada,
(LANDMARK, 1983).
Figura 5-15: STP tipo escada Vertical Slot com um jato (Landmark).
Fonte: NWPPC
A Universidade de Iowa patrocinou um estudo sistemático sobre os STP’s
consistindo em testes com cinco variações de escada: degrau, orifício, soleiras
dissipadoras seqüenciais e alternadas, vertical slot e Denil, onde as necessidades e
as preferências dos peixes anádromos foram priorizadas. NEMENYI, 1941, publicou
suas anotações bibliográficas sobre parte dos STP´s existentes na Europa e Estados
Unidos onde se depreende que nenhum dos empreendimentos listados foi elaborado
com base científica consistente.
Fonte: Larinier
Este tipo de estrutura foi projetado para locais onde há grande flutuação dos níveis
d’água, que podem comprometer à operação do STP, ver Figura 5-19 (CLAY, 1995).
Figura 5-19: STP tipo Vertical Slot com 2 jatos (Hell’s Gate)
O programa do projeto do STP tipo escada Hell’s Gate, de 1951 a 1972, envolveu
estudos de monitoramento dos anádromos, comportamento, estímulos, sensibilidade
e reprodução dos peixes, efetuados por técnicos da engenharia e biologia e
auxiliados por modelos reduzidos para testes experimentais. Os estudos importantes
referem-se à luminosidade necessária, principalmente durante a noite, capacidade,
declividade longitudinal e velocidade do fluxo. O programa, em 1962, desenvolveu o
STP tipo escada para a barragem Ice Harbor, no rio Snake, EUA, composto por
soleiras superficiais laterais duplas e orifícios, sendo que a região central não
galgável, possui uma aba para montante destinada amortecer o fluxo. Este tipo de
estrutura, devido ao sucesso alcançado, foi implantado em várias outras barragens
do sistema dos rios Columbia e Snake, ver Figura 5-20 e 5-21 (COLLINS, 1960).
25
Fonte: Larinier
Fonte: NWPPC
Nos países baixos, principalmente a Holanda, há uma identidade nítida com a água,
com origem perdida no tempo. A experiência com STP’s vem desde 1925, com a
finalidade de facilitar à passagem de peixes anádromos e de enguias, objetos de
industrialização importante na economia local e para exportação.
Na Rússia, um dos primeiros STP’s foi construído no rio Volkhov, em 1926, mas sem
o desejado sucesso. Em 1938, no rio Tuloma, implantou-se, com êxito, um STP tipo
escada com degraus, com altura vertical de 20m, comprimento de 513m, visando o
livre acesso e a reprodução de enguias, Salmões, Trutas e esturjões para
manutenção do estoque pesqueiro, abastecimento alimentar local e industrialização
para exportação, principalmente do caviar e enguias defumadas (KIPPER, 1967).
Os estudos sobre STP’s evoluíram sob a ótica biológica e hidráulica nas últimas
cinco décadas, fruto da preocupação mundial com o ecossistema e do interesse de
preservação das espécies e da atividade pesqueira profissional e/ou esportiva, ou
seja: a permissão ao livre acesso dos peixes significa a reprodução e a possibilidade
da perpetuação das espécies.
O primeiro manual significativo para projetos de STP’s foi publicado por CLAY, em
1961, definindo um STP como uma passagem de água que contorna ou atravessa
uma obstrução, onde, pela dissipação da energia, favorecesse a ascensão dos
peixes, sem causar o seu cansaço excessivo.
de Andino, Lucio .V. Lopes e Carcaranã, além da Usina Yaciretá e nos projetos
Binacionais de Corpus e Garabi. No Brasil há menos de 50 STP’s, sendo que a
maior parte em açudes no nordeste, em rios não perenes. Nos demais países não
há registros bibliográficos disponíveis (QUIRÓS, 1988).
STP
ANO RIO LOCAL BARRAGEM ALTURA Empreendedor
TIPO
(m)
1.906 Atibaia SP Salto Grande D <8 CPFL
1.911 Pardo SP, Sta Rosa de Viterbo Itaipava D 7 Grupo Matarazzo
Sapucai
1.911 SP, Guará São Joaquim D <8 CPFL
Paulista
1.913 Jacaré Guaçu SP, São Carlos Gavião Peixoto D <8 CPFL
1.920 Mogi Guaçu SP, Pirassununga Cachoeiras de Emas O 3 Central Electrica Rio Claro
1.926 Sapucai Mirim SP, Mupuranga Dourados D <8 CPFL
Cia. Fiação e Tecidos Santa
1.942 Sorocaba SP, Tatuí Fazenda Cachoeira D 6
Adélia
1.943 Tibagi PR, Monte Alegre Salto Mauá D 6 Indústrias Klabin
1.959 Triunfo PB, Antenor Navarro Pilões D 4 DNOCS
1.960 Piranhas PB, Souza São Gonçalo D 7 DNOCS
1.971 Paranapanema SP, Piraju Piraju O 15 Cia de Força e Luz Santa Cruz
1.972 Tijuco MG, Salto Moraes Salto Moraes D 10 CEMIG
1.973 Taquari RS, Bom Retiro do sul Bom Retiro do Sul D 9 Portobrás
1.973 Jacuí RS, Amarópolis Amarópolis D 5 Portobrás
RS, Anel de Dom Anel de Dom
1.973 Jacuí D 5 Portobrás
Marcos Marcos
1.973 Jacuí RS, Cachoeira do Sul Fandango D 5 Portobrás
1.973 RN, Açu Mendubim D 7 DNOCS
1.980 CE, morada nova Poço do barro O 15
1.985 Itapocu RN. Guaramirim D 2
1.992 Paraná PR, Itaipu Itaipu O 27,3 Itaipu
1.994 Mogi SP, Mogi Guaçu Mogi Guaçu D 10,5
1.999 grande MG, Igarapava V 17 CEMIG
1.999 Paraná SP, Porto Primavera Sergio Motta E 20 CESP
2.000 Paraná SP, Porto Primavera Sergio Motta O 20 CESP
2.001 Tocantins MG, Lajeado Lajeado O 30 Investco
Tipo: D= degraus; E= elevador; O= orifícios; C= canal lateral; V= vertical slot
Nos EUA há mais de 1.825 barramentos para geração de energia, sendo que 9,5% e
13% apresentam STP’s para favorecerem, respectivamente, a ascensão e o
descenso dos anádromos: Salmões, Trutas, além das enguias (FRANCFORT,
29
1994). Só o rio Columbia possui mais de uma centena de STP’s (WILLIAMS, 1995).
São considerados como um dos centros desenvolvidos sobre o tema,
depreendendo-se uma preocupação comprometida com o ambiente e balizada por
regras legais rígidas, inclusive com obrigatoriedade de instalação e manutenção de
passagens da ictiofauna. Os projetos de STP’s passam por estudos ictiológicos
severos de concepção e monitoramento. Nenhum barramento é construído em
cursos d’água onde há peixes migradores, sem que a sobrevivência dos peixes
esteja perfeitamente equacionada. Há uma comunhão explícita entre a engenharia,
biologia e a ecologia no trato destas questões. Existem barramentos com vários
STP’s, como por exemplo, no rio Colúmbia, a barragem de Bonneville, com 60m de
altura, possui 3 STP’s tipo escada com degraus, 3 STP’s tipo eclusa e 6 passagens
secundárias, tipo “bypass” (CLAY, 1995). A manutenção dos diádromos é essencial
para a economia americana movimentando US$ 25bilhões/anuais, gerando 300.000
empregos diretos e 17milhões indiretos (ODEH, 1999).
BARRAMENTO STP
FINALIDADE, B LD L i ∆yTOTAL
PAÍS, LOCAL RIO TIPO
NOME (m) (m) (m) (%) (m)
EUA, Oregon Columbia Energia, John Day O 70
Em 1924, no rio White Salmon, nos Estados Unidos, foi testado e patenteado o
Elevador de Peixes. Na Europa, por volta de 1933, na Finlândia, segundo a
bibliografia, foram instalados os primeiros elevadores, seguido pela Alemanha, no rio
Rhine, em Kembs (NEMENYI, 1941)
há 17 eclusas tipo Borland para permitir a passagem de peixes e alturas que variam
entre 3 e 42m (CLAY, 1995).
Estruturas, tipo Elevadores de Peixe e Eclusas tipo Borland, não tem sido utilizadas
no Brasil, excetuando-se um Elevador de Peixes na UHE Engo Sergio Motta,
conhecida como Porto Primavera, em implantação. Estas estruturas são pouco
seletivas, mas questões relativas à sua adequação, seu posicionamento, operação,
custo, etc., devem ser pesquisadas.
Na UHE Yacyretá, rio Paraná, Bacia Platina, entre Argentina e Paraguai, foi
implantado um sistema tipo elevador com início de operação em 1991, com
capacidade para elevar 16t/dia de peixes, atendendo espécies com comprimentos
superiores a 1,5m e 70kg. O elevador é alimentado por um canal que injeta água
para atração dos peixes na câmara coletora, com vazão variando entre 0,3 e
2,4m3/s. Quando há concentração na caçamba do elevador com capacidade de
15m3, pode elevar 1,5t de peixes.
Na UHE Salto Grande, rio Uruguai, Bacia Platina, consórcio binacional: Argentina e
Uruguai, há uma eclusa para peixes, com desnível de 37m de altura; as estruturas
são constituídas por um canal fechado com aberturas controladas por comportas
que permitem um fluxo de água permanente. A turbulência da água atrai os peixes
migratórios para uma câmara, que é periodicamente fechada e preenchida com água
vertida de montante. Os peixes nadam contra o fluxo das águas até saírem no
reservatório. Completada a operação, fecham-se as comportas de montante,
esvazia-se a câmara inferior, preparando uma nova operação de atração dos peixes.
A eficiência deste sistema diminui gradativamente com a altura, tornando-se seletiva
quanto à quantidade de peixes que a transpõe e às suas espécies. Alguns autores
consideram ser o único sistema eficiente para transpor números elevados de peixes,
tanto em quantidade quanto em variedade, para alturas superiores a 25m. Outros
autores argumentam que as Eclusas possuem sistema de operação intermitente e
sujeito às falhas devido as partes mecânicas e à intervenção humana (GODOY,
1992; MALEVANCHIK, 1984).
32
PAVLOV, 1989, diz que na União Soviética utilizam-se os STP’s tipo escada com
degraus para os barramentos com até 10m de desnível e os tipo escadas com
orifícios pode ser utilizados para desníveis até 40m, dependendo da capacidade
natatória e resistência das espécies.
“No que se refere aos custos de implantação, na transposição de desníveis até cerca
de 20m, os custos de Elevadores do tipo captura e transporte terrestre e eclusas,
seriam equivalentes (CLAY, 1994). Para desníveis de 20 a 60m, o custo das Eclusas
equivaleria ao dos Elevadores. Para alturas superiores a 60m, o custo de Elevadores
seria inferior ao de Eclusas. Os custos de operação de Elevadores apresentam
menores custos de implantação do que as escadas, embora a presença de um maior
número de equipamentos, tais como comportas e grades, implique em maiores
custos de operação e manutenção (LARINIER, 1987)” (ap. MARTINEZ, 2000).
seletiva;
baixa diversidade dos peixes;
Canal de Desova custo. conhecimento das características biológica-
Variações de Escada
reprodutiva;
fixa;
otimiza distâncias longitudinais;
Alternada indicada como complementar ou em fixa;
barramentos existentes
otimiza distâncias longitudinais; fixa;
Serpentina indicada como complementar ou em seletiva;
barramentos existentes atende a pequenos cardumes.
Tabela 5-4 : Critério para o STP em função do Nível D'água na Saída (Clay, 1995)
VARIAÇÃO DO N.A. NA
STP tipo Escada
SAÍDA (M)
CLAY,1995, citando Jacson, 1950, apresenta o volume de água mínimo para STP’s
tipo escada, por peixe (Salmão), como sendo 0,06m3 (60l). BELL, 1984, sugere o
volume genérico de 0,004m3/kg (4l/kg), considerando várias espécies de peixes
anádromos.
A capacidade do STP tipo escada, segundo CLAY,1995, pode ser avaliada pela
fórmula:
Vtan que
C= (60 * r )
Vágua / peixe
Tabela 5-6: Valores para dimensionamento de STP para anádromos (CLAY, 1995).
Local Valor
ótima: 1,2m/s
velocidade
aceitável: 1,2 a 2,4m/s
Entrada
ótima: 1,2m
profundidade
aceitável: 0,5 a 1,2m
Difusores 0,08 a 0,15m/s
Desnível entre soleiras ou degraus 0,30m
Espaço para os peixes 0,013m3/kg
Velocidade máxima na soleira e orifício 2,4m/s
Dimensão mínima do orifício 0,30 x 0,30m
Declividade 6,25 a 12,5%
Segundo PAVLOV, 1989, a entrada do STP deve gerar velocidades atrativas entre
60 a 80% da velocidade crítica da espécie e o ângulo de interseção com o fluxo
preferencial não deve exceder a 30o.
PASCHE, 1995, afirma que as velocidades máximas do fluxo nos STP’s ocorrem em
pontos localizados, soleiras e orifícios, que devem ser sucedidas de campos com
velocidades menores para o descanso dos peixes, de forma a habilitá-los a
superarem as velocidades máximas do fluxo nadando ou saltando. É necessária
uma área de “descanso”, com comprimento mínimo de 2,0m e profundidade de
0,60m. Aconselha, também, a taxa de turbulência máxima, E, para determinação do
tanque para descanso, com valores entre 150 a 200W/m3, taxa que também é
adotada na França: 200W/m3 para salmonídeos e 150W/m3 para os outros peixes
(LARINIER, 1990). A taxa de turbulência por unidade de volume (energia dissipada)
ρ gQI γ Q ∆y
é definida como: E = = , onde ρ= massa específica do fluido; g=
By ∀
Segundo SASANABE, 1990, nos STP’s japoneses há uma nítida preferência pelas
rampas com declividade 10%, seguida pelas rampas íngremes de 20%, conforme
Tabela 5-7.
Declividade (%)
total
20 10 7 5 3 <3
264 625 208 77 27 42
1.243
21,2 50,3 16,7 6,2 2,2 3,4
Pasche, 1995, apresenta alguns critérios para a escada tipo Vertical Slot, conforme
Tabela 5-8.
40
Tabela 5-8 : Dimensões de STP tipo escada Vertical Slot (PASCHE, 1995)
Peixe
Referência Salmão e
Truta
Truta Esturjão
continental
marítima
abertura inclinada do slot (m) 0,15 a 0,17 0,30 0,60
base do canal (m) 1,20 1,80 3,00
comprimento do tanque (m) 1,90 2,75 a 3,00 5,00
comprimento da cabeça (m) 0,16 0,18 0,40
distância entre a cabeça e o dispersor (m) 0,06 a 0,10 0,14 0,30
largura do dispersor (m) 0,16 0,40 0,84
desnível d’água (m) 0,20 0,20 0,20
profundidade d’água mínima (m) 0,50 0,75 1,30
vazão mínima (m3/s) 0,14 a 0,16 0,41 1,40
CRITÉRIO RECOMENDAÇÃO
Função das características a serem contempladas,
Tipo de STP
ver Tabela 5-3
Altura máxima de transposição para
30m
STP’s tipo Escadas
Declividade do canal 6,25 a 12,5%
Concentração de Peixes
No Muro de ala entre o Vertedouro e a Casa de
Localização da Entrada Força;
No Muro de ala do Vertedouro;
Na margem junto à Casa de Força.
Dimensão da Base do canal Função do volume dos cardumes.
Função do desnível admitido para uma dada
Distância entre degraus
declividade da rampa.
Tanque para descanso (acomodação Escalonado a cada 5 a 8m de altura vertical função
metabólica) da espécie.
Dimensão mínima: 0,80 x 0,60m (passagem
Orifícios afogados
individual).
Lâmina d’água mínima sobre a soleira 0,30m.
Lâmina d’água mínima no STP 1m.
30% superior às adjacentes;
60 a 80% da velocidade crítica da espécie;
Velocidade Atrativa na entrada
1 e 2,5m/s (velocidades fora da faixa podem não
atrair ou repelir os peixes).
Ângulo da Entrada < 45o
Velocidade no interior do STP Entre 1 e 2,5m/s
Contínuo ascendente nas cheias (piracema) e
Intensidade de fluxo dos peixes
periódico descendente durante a estiagem
Lisas;
Forma de acabamento das estruturas Arredondadas, suavizadas para evitar danos aos
internas do STP peixes
Evitar cantos quadrados.
Telas de proteção para os saltos dos peixes com
Paredes Laterais do STP
altura de 1,20m, função da ictiofauna local
Estrutura de controle dos níveis d’água;
Profundidades, dimensões e velocidades compatíveis
Saída
com as necessidades dos peixes durante a migração
reprodutiva e trófica.
Análise criteriosa do hidrograma de cheias para
determinação das cotas mínima e máxima do nível
d’água durante os períodos migratórios reprodutivo e
Estrutura de Controle dos níveis d’água
trófico;
de montante
Tomada d’água seletiva;
Escolha do tipo de STP adequado em função da faixa
operativa;
Favorecer a ascensão e o descenso (reprodutiva e
Migração (sentido)
trófica)
42
O rio Tocantins, com 2.500km de extensão, nasce no Planalto Central Brasileiro e flui no
sentido sul-norte, com a bacia
abrangendo boa parte dos Estados
de Goiás e Tocantins. Um pouco a
montante da cidade de Marabá
recebe o rio Araguaia que, com
2.200km de extensão, constitui o
seu maior tributário. A sua foz se dá
no estuário do rio Amazonas.
Desta forma, a AHE Luis Eduardo Magalhães (Lajeado) com uma potência instalada de
902,5MW, uma altura de 37m, um reservatório com um espelho d’água de 630km² e extensão
de 150km, inaugurada em 2001, situa-se num estirão do rio Tocantins com cerca de 2.100km,
onde muitos tributários de primeira a terceira ordens como os rios Paranã, Manoel Alves da
Natavidade, do Sono, Araguaia e Itacaiúnas são reconhecidos como rotas migratórias de
peixes (RIBEIRO et al., 1995; MMA/PNUD, 1995).
43
Dos onze pontos amostrados, nove eram típicos de ambientes lóticos (rio Tocantins e
tributários) e, em sua maioria, situados na área atualmente alagada pelo reservatório.
Após um estudo de alternativas, optou-se por um dispositivo de transposição tipo escada, com
características semelhantes às da escada de peixes da UHE Porto Primavera (1.800MW,
barragem com 22m de altura), no rio Paraná (JENSEN et al., 2003).
A Escada para Peixes foi planejada na fase Projeto Básico da Usina, considerando a sua
operação com níveis d´água do reservatório variando entre 211,5m (mínimo normal) e
212,3m (máximo normal). Em relação aos níveis d´água de jusante, foi prevista a operação no
período de cheias. Assim, foi considerado o nível d´água mínimo de jusante igual a 175,10m,
que corresponde a uma vazão de 1.500m³/s, com uma permanência de 90% para os meses de
dezembro a março. Não há restrição à operação para os níveis d`água de jusante
correspondentes a grandes cheias.
Em agosto de 2003, durante a estiagem, foi realizada uma série de testes na escada, para
determinar a operação hidráulica ótima para a piracema de 2003/2004. Nesta campanha,
foram realizados ensaios com manobras das comportas da estrutura de controle, variando-se
as vazões entre 4,56 e 1,14m³/s.
∆h
Caso Q(m³/s) y(m) V1(m/s) V2(m/s) E(W/m³) Observações
(m)
Os níveis d´água superam os previstos tanto
nas soleiras como nas paredes laterais.Ocorre
1 4,57 0,50 1,90 - 0,48 295
turbulência elevada e recirculação intensa
nos tanques.
Os níveis d´água superam os previstos tanto
nas soleiras como nas paredes laterais.Ocorre
2 4,41 0,50 1,80 0,19 0,49 301
turbulência elevada e recirculação intensa
nos tanques.
Os níveis d´água atingem o topo das paredes
3 3,89 0,50 1,70 0,18 0,46 281 divisórias. A turbulência e a recirculação do
escoamento nos tanques são elevadas.
Os níveis d´água aproximam-se do topo das
4 3,30 0,50 1,50 0,38 0,44 270 paredes divisórias, com turbulência elevada e
recirculação do escoamento nos tanques.
Lâmina d´água de 0,30m sobre as soleiras,
restando 0,20m de borda livre em relação ao
5 2,45 0,40 1,30 0,50 0,37 225 topo das paredes laterais, com a recirculação
e turbulência menos evidentes (condição de
projeto).
Orifícios sem submergência a jusante,
acarretando velocidades muito elevadas nos
6 2,38 0,40 1,20 0,17 0,41 200
tanques, o que aumenta a dificuldade para os
peixes de fundo.
Soleiras secas. Velocidades excessivas pelo
orifício devido à ausência de submergência a
7 1,50 0,40 1,00 0,19 0,30 147
jusante (aumentam as dificuldades para os
peixes de fundo).
Soleiras secas. Velocidades excessivas pelo
orifício devido à ausência de submergência a
8 1,15 0,40 0,90 - 0,25 125
jusante (aumentam as dificuldades para os
peixes de fundo).
NOTAÇÃO: V1= velocidade média superficial medida no tanque; V2= velocidade média no tanque (Q/A); E =
índice de energia dissipada no tanque (ρ*g*Q*∆h/Vol); ρ =1.000 kg/m³; g =9,81m/s²; y = profundidade d´água
nos tanques; ∆h = desnível da lâmina d´água entre tanques sucessivos.
∆h
ym
PERFIL LONGITUDINAL
Soleira
∆h
1,50
1,10
0,8
0,8 Orifício
5,0
PAREDE DIVISÓRIA
Além dos comentários contidos na Tabela 8-1, constataram-se nos testes que, para o nível de
jusante verificado na época, de 174,1m, o desnível no último degrau-tanque da escada era de
1,2m, dificultando o salto dos peixes através das soleiras livres e a passagem dos mesmos
pelos orifícios, já que as velocidades do escoamento aumentam sobremaneira.
Tem-se a considerar que o nível d`água de jusante 174,1m, observado durante as experiências
de operação hidráulica da escada na estiagem, que corresponde a uma vazão no rio Tocantins
de 630m³/s, é inferior ao previsto como mínimo operacional da Escada, de 175,1m.
As principais conclusões alcançadas através da análise dos casos indicados na Tabela 8-1,
foram:
- a condição de uma lâmina d’água com 0,30m de altura sobre a soleira, que corresponde a
uma vazão igual a 2,45m³/s (caso 5), é a condição recomendada para a operação da escada;
- o nível mínimo operacional 175,1m restringe a operação da escada para períodos fora das
cheias.
Apresentam-se neste item os resultados dos estudos contratados pela INVESTCO, proprietária
da UHE Luis. Eduardo Magalhães, junto ao Núcleo de Estudos Ambientais – NEAMB,
referentes à eficiência da escada como um mecanismo de transposição de peixes.
Fonte: UNITINS
A abundância dos indivíduos foi representada pela captura por unidade de esforço (CPUE),
expressa em número de indivíduos por 100 tarrafadas, no caso da escada e em número de
indivíduos por 1000m² de redes em 24 horas para as redes de espera instaladas a jusante da
barragem.
durante a maior parte do ano como: Rhaphiodon vulpinus, Hydrolycus armatus, Serrasalmus
rhombeus e Plagioscion squamosissimus. A predação é intensa também na entrada e na saída
da escada.
Além das espécies registradas na escada, outras 86 espécies ocorreram apenas a jusante da
barragem, provavelmente devido à seletividade inerente ao sistema de transposição, ao hábito
sedentário e/ou à baixa abundância destas espécies neste trecho da bacia hidrográfica. Entre as
espécies que não foram registradas na escada, existem dez que podem ser consideradas
migradoras (CAROLSFIELD et al., 2004): Ageneiosus brevis, Curimatella immaculata,
Leporinus fasciatus, Leporinus cf grantii, Leporinus sp 8, Myleus sp 3, Myleus sp, Pellona
castelnaeana, Pterodoras granulosus e Hypophthalmus marginatus.
A maior abundância de peixes na escada foi observada durante a cheia, incluindo os períodos
de subida e descida das águas, concordando com o período de maior atividade reprodutiva das
espécies tropicais e com o nível de jusante dentro dos valores especificados pelo projeto.
Durante o período em que o nível de jusante esteve abaixo do mínimo operacional,
aproximadamente 6 meses, o número de indivíduos na escada foi extremamente baixo. Assim
como a abundância, a maior riqueza de espécies foi registrada na escada no período de cheias,
embora na descida das águas, entre abril e junho, o número de espécies tenha sido também
bastante elevado. No período de seca ocorreu uma redução gradativa do número de espécies
na escada, atingindo o valor mínimo no início de set/03. Com as primeiras chuvas (final de
set/03 e início de out/03) o número de espécies na escada apresentou uma tendência de
aumento (Ver Figura 6-7).
4500
3000
1500
0
. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 .
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT
51
28
NÚMERO DE ESPÉCIES
21
14
7
0
. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 .
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT
Figura 6-7: Variação do nível médio diário de jusante, abundância de indivíduos e número de
espécies na escada por coleta. IND. = indivíduos.
Fonte: UNITINS
Para verificar a influência do nível d´água de jusante na ascensão dos peixes pela
escada, foram análisadas as capturas em dois períodos, considerando valores do
nível de jusante superiores (abril) e inferiores (setembro) ao nível mínimo de projeto.
Para níveis d´água normais, a captura por unidade de esforço (705,82 indivíduos por
100 tarrafadas) superou em cerca de sete vezes a correspondente ao período com
nível de jusante inferior ao mínimo de projeto (90 indivíduos por 100 tarrafadas).
Diferenças na composição das espécies também foram observadas entre os dois
períodos. Com nível de jusante abaixo do mínimo de projeto, foram registradas
somente espécies de Characiformes, principalmente Prochilodus nigricans. O
aumento da velocidade da água nos orifícios e o grande desnível do último degrau
dificultaram a ascensão de outras espécies, especialmente daquelas de fundo (Ver o
desnível na última soleira, nas fotos da Figura 6-8).
Tabela 6-2: Espécies registradas na escada nas condições de projeto e para níveis d´água de
jusante inferiores ao mínimo (abril e setembro de 2003).
CONDIÇÕES DE PROJETO NA DE JUSANTE INFERIOR AO MÍNIMO DE PROJETO
ESPÉCIES (ABRIL) (SETEMBRO)
n CPUE n CPUE
Anchoviella carrikeri 3 1,59
Auchenipterus nuchafs 206 108,99
Argonectes robertsf 4 2,00
Brycon spt 9 4,50
Brycon sp2 6 3,00
Hydrolycus armatus 8 4,23 3 1,50
Hemiodus unimaculatus 1 0,50
Hypostomus sp7 1 0,53
Hypostomus sp9 3 1,59 1 0,50
Myleus setiger 2 1,06 2 1,00
Mytoplus torquatus 4 2,12 1 0,50
Myleus spA 1 0,50
Oxydoras niger 85 44,97 2 1,00
Pimelodus blochii 20 10,58
Pseudoptatystoma tasciatum 12 6,35
Prochflodus nigricans 140 70,00
Panaque nigrofneatus 23 12,17
Parancistrus niveatus 1 0,53
Pinirampus pirinampu 1 0,53
Plagioscion squamosissimus 7 3,70
Rhaphiodon vulpínus 935 494,71 10 5,00
Semaprochilodus brama 8 4,23
Serrasalmus rhombeus 8 4,23
Schizodon vittatus 1 0,53
Triportheus argenteus 3 1,59
Triportheus trifurcatus 1 0,53
Zungaro zung aro 2 1,06
TOTAL 705,82 90,00
n= número de espécies;
CPUE = Capturas por unidade de esforço (indivíduos por 100 tarrafadas)
Figura 6-9: Valores médios e amplitude de variação (máximo e mínimo) do nível de jusante por
mês.
Fonte: UNITINS
A linha pontilhada representa o nível mínimo de projeto e a linha azul o NA médio mensal (valores
fornecidos pela INVESTCO S/A).
O trecho inferior da escada foi escavado na rocha, formando um canal onde a
velocidade da água é da ordem de 0,4 m/s, mesmo com aumento da vazão pela
53
A Escada para peixes do AHE Luis Eduardo Magalhães, que transpõe 37,0 m de
queda é a escada em operação no Brasil com o segundo maior desnível, sendo a do
AHE ITAIPU, com 127m, a primeira. Deve-se ressaltar que, enquanto a primeira
escada foi construída especificamente para transposição de peixes, a de Itaipu tem
dupla função: canoagem e transposição de Peixes, possuindo para isto um desenho
que não é o tradicionalmente utilizado em Escadas para Peixe.
Seria possível aprimorar a eficiência na atração dos peixes através de dois recursos
usualmente empregados nos dispositivos de transposição: a injeção de vazões, por
exemplo através de sistema de bombeamento, ou a instalação de comportas de eixo
vertical, tipo mitra, para concentrar e direcionar o escoamento na confluência do
canal de atração com o canal de fuga da Casa de Força.
Como a escada foi planejada para operar apenas durante o período de cheias,
estabeleceu-se como nível d´água mínimo de projeto a jusante, a cota 175,10 m. No
entanto, considerações posteriores aconselham pelo funcionamento durante todo o
ano, inclusive na estiagem, época em que ocorrem com freqüência níveis mais
baixos. É possível ajustar a escada para operar até a cota 174,00 m, mediante a
construção no canal de atração de mais três degraus-tanque. Desta forma, a escada
poderia operar em forma eficiente durante o ano todo.
55
7 ANÁLISE CRÍTICA
Há, ainda uma tímida investida nacional na mitigação de impactos ambientais sobre
as comunidades de peixes devido ao barramento de rios, com o uso de Sistemas
para a Transposição de Peixes, apesar dos estudos obrigatórios de AIA e EIA/RIMA
os indicarem, apesar de extremamente utilizados no exterior, apesar do comprovado
sucesso operativo dessas estruturas em empreendimentos recentes, apesar da
importância, diversidade e riqueza dos nossos peixes e apesar das modestas
pesquisas desenvolvidas no Brasil.
8 CONCLUSÕES
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