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Lei

divina ou natural
O Livro dos Espíritos, Livro III – As Leis Morais, Capítulo I

À medida em que o homem avança, devassa o espaço e esquadrinha o átomo; cria
uma dimensão espaço-temporal para compreender que o espírito eterno é uma
linha infinita: consciência pujante, divisa o universo e perde a si mesmo.

A questão 614 de O Livro dos Espíritos nos apresenta a lei divina ou natural
como imutável e a única verdadeira para a felicidade; escrita em nossa própria
consciência (questão 621), está desdobrada em toda parte, e sempre esteve, em
todos os tempos (questão 626); então, por que ainda não nos é verossímil?

O materialista que acredita só existir o que se pode ver, nega a pluralidade dos
mundos, habitados por outras formas de vida que não consegue discernir;
entretanto, constrange-se perante a matéria escura que sabe existir, mas não
consegue qualificar.

O miserável intelectual ignora os conceitos mais rebuscados da Mecânica
Quântica, mas acredita intuitivamente na força criadora das formas-pensamento,
quando ora fervorosamente ou deseja algo com ardor: é o observador capaz de
definir o estado do animal dentro da caixa (vivo ou morto), no experimento do
Gato de Schrodinger.

O miserável material consterna-se perante as privações mais básicas do corpo
físico, que dilaceram sua alma sensível; mas um gesto de compaixão e caridade é
suficiente para acender-lhe o olhar e lembrar, num átimo, que se há vazio em seu
estômago, há um banquete de amor que pode nutrir-lhe o espírito.

Portanto, todo o recurso necessário para conhecer a lei divina ou natural está
disponível para todos; não prescinde de intelectualidade, cultura, religião ou
recurso externo de qualquer natureza.

A questão 619 elucida-nos que: “Todos podem conhecê-la (a lei divina ou
natural), mas nem todos a compreendem. Os que a compreendem melhor são os
homens de bem e aqueles que querem procura-la”.

A primeira característica do homem de bem, de acordo com o Evangelho
Segundo o Espiritismo, Capítulo XVII – Sede Perfeitos, é “aquele que pratica a lei
de justiça, amor e caridade na sua maior pureza e interroga a sua consciência
sobre os próprios atos”.

Entretanto, perquirir a própria consciência é evidenciar as imperfeições morais,
incautamente amparadas sob a égide do orgulho e do egoísmo. Renitentes que
somos ainda, em não nos aprimorar moralmente, ao menor sinal de desconforto
do cinzel da razão, escamoteamos o ensejo e colocamo-lo como azo postergável.

Urge, entretanto, desvencilharmo-nos do papel de transgressores da lei, pois: “o
bem é tudo aquilo que está conforme a lei de Deus, e o mal é tudo aquilo que dele
se afasta” (questão 630). E no mal, não pode haver júbilo, sob qualquer
perspectiva.

Sintonizar com a lei é permitir a ressonância dos sons das bem-aventuranças no
próprio espírito. Devemos conceder a nós mesmos a oportunidade de vibrar em
conformidade com a lei de amor, que não nos oprime ou obriga; antes, pela
pujança da harmonia da Criação, qual atração irresistível, compele-nos
sutilmente em suas dúlcidas expressões, mas aguarda pacientemente nosso livre
arbítrio, que definirá o momento oportuno da plenitude (questão 121).

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