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2012 JulianaCorreadeSousa PDF
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OS PRECONCEITOS QUE
PERMEIAM A ARTE E O
ENSINO DE ARTE
BRASÍLIA
2012
JULIANA CORRÊA DE SOUSA
OS PRECONCEITOS QUE
PERMEIAM A ARTE E O
ENSINO DE ARTE
BRASÍLIA
2012
JULIANA CORRÊA DE SOUSA
Brasília/2012
Universidade de Brasília
2012
Este trabalho visa apresentar considerações para uma reflexão em torno dos
preconceitos que são parte de um Sistema de Arte, que são interligados a
preconceitos sociais e de classe, explorar conceitos de cultura popular e cultura
erudita, propor reflexões de como reduzir os preconceitos no Ensino da Arte e
buscar uma mentalidade de maior diversidade cultural.
This paper intents to make considerations for a reflection on the prejudices that
are part of a System of Art, which are linked to social and class prejudices,
explore concepts of popular culture and high culture, propose changes to
reduce prejudice in Teaching Art, and seek a greater cultural diversity.
INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………8
3. CONCLUSÃO....................................................................................................36
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................39
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
INTRODUÇÃO
de que o povo, assim como a Arte popular, não pertence àqueles locais. Essas
regras e subcategorizações em Arte são criadas para hierarquizar e acabam
por propor padrões de aceitação, homogeneizando e ameaçando a diversidade
cultural.
Estes preconceitos se estendem à prática do Ensino da Arte nas escolas
brasileiras, que permanecem a ensinar prioritariamente a História da Arte
Européia como a única arte a ser ensinada, sem focar algo que os alunos
realmente poderiam se identificar. Por fim, o objetivo deste trabalho visa
elucidar o fato que a diversidade constitui a realidade do brasileiro, e que não
há motivo contrário ao ensino prioritário de conteúdos oriundos das culturas
populares brasileiras. A diversidade da cultura popular abrange aspectos de
regionalismo, e este ensino teria a finalidade de reduzir os preconceitos contra
o próprio brasileiro por outro brasileiro, dentro do próprio Brasil.
Por meio da Arte/Educação, da Cultura Visual e da pedagogia de
projetos, podemos lançar um olhar crítico sobre esta realidade e tornar o
cidadão consciente de suas origens, do simbolismo e valor de suas heranças e
da massificação que ocorre pela mídia e nas escolas. A escola não deveria ser
um lugar de alienação cultural, portanto defendo neste trabalho uma mudança
de postura dos agentes educacionais para uma formação mais humanística e
completa.
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Esta questão remete à polivalência do Ensino de Arte e seus prejuízos, entretanto não é um dos objetivos deste
trabalho tratar deste tema.
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A Semana de Arte Moderna de 1992 buscou esta integração entre a tradição e a modernidade, entre a cultura
brasileira e o progresso. Casa Grande & Senzala (1933), obra de Gilberto Freyre, também defendeu (a democracia
racial como forma de estruturar uma cultura brasileira que valorizasse sua multiplicidade em cada uma das suas
expressões).
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e 70, o que era “popular” passou a corresponder ao que era mais consumido,
mais vendido, alterando o significado.
Ao mesmo tempo em que se busca a democratização, as classificações
como arte popular, arte indígena, arte bruta, arte primitiva, continuam com a
função de hierarquizar, e muitas vezes tem como consequência des-atribuir
valor e inferiorizar as diversas manifestações não-hegemônicas/não-canônicas
ao cânone supostamente ocidental. Tem-se mantido o caráter elitista dos
Sistemas da Arte com a aliança entre o capital econômico e o capital cultural.
Como afirma Bulhões (2005), a Arte “continua a ser uma forma de capital
cultural que determinados grupos sociais e financeiros controlam, e da qual
dispõem como passaporte de acesso a outros tipos de bens sociais e
simbólicos”.
O que esta monografia propõe é que professores de Artes,
Arte/Educadores, entre outros agentes do Sistema das Artes devem buscar a
democratização aproximando “cultura popular” e “cultura erudita”. Mário de
Andrade buscou exatamente isto quando foi diretor do Departamento de
Cultura de São Paulo em 1935. Ele teve uma atuação voltada para a
democratização da cultura. O aspecto mais importante de seu trabalho foi o
fato de Mário de Andrade tentar reduzir o distanciamento entre “cultura popular”
e “cultura erudita”, pois atribuía a ambos o mesmo valor. Mário de Andrade
elaborou o anteprojeto para o SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, sem hierarquizar níveis de cultura, respeitando as
características próprias de cada uma. Talvez, sem uma delimitação bem
definida entre as duas categorias ambas voltem a se aproximar, e assim, se
reduza o processo de repressão da cultura erudita sobre a popular.
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que seja difundida a Arte Brasileira, pois é com essa Arte que os estudantes
irão se identificar3, diante da heterogeneidade da sociedade contemporânea
brasileira. Deve ser ensinado também à relação de dominação que existiu no
Brasil, e o resultado provocado, a história da Cultura Brasileira, dentro da
disciplina de Artes.
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Isto não é muito normativo? Por que brasileiros necessariamente vão se identificar com a Arte Brasileira? Por que as
outras matrizes não são brasileiras ou não geram identificação cultural/identitária? No entanto, é necessário apresentar
um contato mínimo que seja para que esta identificação aconteça, o que está sendo proposto aqui.
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Então, o que devemos fazer para que todas essas palavras não se
tornem apenas idealizações, utopias no Ensino de Arte? O que os professores
de Artes devem fazer para que seja enfatizada na Arte/Educação uma postura
que predomine “discursos horizontais, perspectivas globais, a democratização
da cultura (...) e a ruptura com os limites alto-baixo, para além de uma memória
visual hierarquizada”? (Guasch apud Martins, p.25)
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A contradição reside justamente no fato que para se tratar deste assunto, é preciso apresentar esta dicotomia.
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Além disso, deve ser ensinado nas escolas não somente o que ficou no
passado, mas o que temos no presente. Acredito que as experiências estéticas
adquiridas pelo aluno em seu cotidiano têm sido negligenciadas e não
aproveitadas na prática do ensino de Arte nas escolas. (Freedman In: Barbosa,
2005, p.140) Deve-se incentivar a produção, o que pode ser feito no futuro
pelos estudantes, não se ater somente à História da Arte. A pedagogia de
projetos também seria interessante neste ponto, por ensejar uma produção
artística.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular. 1ª edição. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1981.
_________, Ana Mae. (org.) Ensino da Arte: Memória e História. São Paulo: Editora
perspectiva, 2008.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
p.308-345: Cultura brasileira e culturas brasileiras.
ELIAS, Nobert. O processo civilizador. Volume 1: Uma história dos costumes. Rio
de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 1994. 2v.
FEIJÓ, Martin Cezar. O que é política cultural. 2ª edição. São Paulo: Editora
Brasiliense S.A, 1985.
MAAR, Wolfgang Leo. O que é política. São Paulo: Editora Brasiliense, 2006.
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Cultura é patrimônio: um guia. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2008.
SANTAELLA, Lúcia. Arte & cultura: equívocos do elitismo. 1ª edição. São Paulo:
Editora Cortez, 1990.
SCHWARZ, Roberto. Cultura e Política. 2ª edição. Coleção Leitura. São Paulo: Paz e
Terra, 2005. Página 109 á 136.
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