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100 ANOS

FORÇA de
submarinos
MARINHA DO BRASIL E FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS EDITORIAL
FORÇA DE SUBMARINOS
Primeiro Presidente Fundador Realização
Comandante da Marinha Luiz Simões Lopes Fundação Getulio Vargas
Almirante-de-Esquadra
Julio Soares De Moura Neto Presidente Coordenação Editorial
Carlos Ivan Simonsen Leal Melina Bandeira
Comandante de Operações Navais Manuela Fantinato
Almirante-de-Esquadra Vice-Presidentes
Wilson Barbosa Guerra Sergio Franklin Quintella Orientação de Criação
Francisco Oswaldo Neves Dornelles Paulo Herkenhoff
Comandante em Chefe da Esquadra Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque Silvia Finguerut
Vice-Almirante
Ilques Barbosa Junior Agradecimento Especial
FGV PROJETOS
Irapoan Cavalcanti
Vice Chefe do Estado Maior da Armada Diretor
Vice-Almirante Cesar Cunha Campos Projeto Gráfico e Diagramação
Glauco Castilho Dall’antonia
Patricia Werner
Diretor Técnico Camila Senna
Comandante da Força de Submarino Fernanda Macedo
Ricardo Simonsen
Contra-Almirante
Marcos Sampaio Olsen Diretor de Controle Pesquisa e Revisão
Antônio Carlos Kfouri Aidar Cloves Dottori
Comandante do CIAMA Juliana Gagliardi
Capitão-de-Mar-e-Guerra Diretor de Qualidade Fernanda Corrêa
Thadeu Marcos Orosco Coelho Lobo Isabel Maciel
Francisco Eduardo Torres de Sá
Cristina Romanelli
Imediato do CIAMA Diretor de Mercado

100 ANOS
Capitão-de-Fragata Pesquisa Iconográfica
Sidnei Gonzalez
Robson Conde de Oliveira Joice Souza
Diretores-adjuntos de Mercado
Chefe de Departamento de Ensino do CIAMA Fotos e Imagens
Carlos Augusto Costa
Capitão-de-Fragata José Bento Carlos Amaral Felipe Fitipaldi
Charles Alan da Silva

FORÇA de
CIAMA
DPHDM
Encarregada da Biblioteca Mello Marques
do CIAMA
Primeiro-Tenente (RM2-T)
Roberta Reis Alves
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca
Mario Henrique Simonsen/FGV

submarinos
100 anos da Força de Submarinos do Brasil / FGV Projetos. –
Rio de Janeiro : FGV Projetos, 2014.

200 p. : il.

Publicado em parceria com a Marinha do Brasil e Força de


Submarinos. Inclui bibliografia.

ISBN: 978-85-64878-21-1

1. Brasil. Marinha. Força de Submarinos. 2. Brasil – Defesa. 3. Brasil –


História naval. 4. Poder naval. I. FGV Projetos. II. Brasil. Marinha. III.
Brasil. Marinha. Força de Submarinos.

CDD – 359.9383
SUMÁRIO
17 Introdução
23 A Tradição Marítima do Brasil
43 Construindo o Poder Naval Brasileiro
59 O Imaginário e a Poética dos Submarinos
81 A Força de Submarinos do Brasil
110 Linha do Tempo
115 Formação e Doutrina
141 O Caminho do Submarino Nuclear Brasileiro
159 O Futuro

Navios 172
Personalidades 176
Homenagens 182
ComForS 186
Agradecimentos 190
Índice Remissivo de Iconografia 192
7
PRESIDENTE
DA FUNDAÇÃO
GETULIO VARGAS
C A RLOS I VA N SIMONSEN LE A L

C ontar a história dos 100 anos da Força dos Submarinos


não é tarefa trivial. Participar deste projeto é motivo de
orgulho para a Fundação Getulio Vargas. A construção
dos primeiros submarinos brasileiros e do submarino de
propulsão nuclear, com recursos recentemente incluídos no
naval. Complementando seus saberes e competências, fortalecem
suas missões, em um ciclo virtuoso que beneficia o País como
um todo.
Assim, ao falar em defesa, estamos falando também em pessoas.
Neste livro, especial atenção foi dada à dimensão humana das
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo
atividades da Força de Submarinos, que, desde sua origem, foi
federal, mostra a importância dada no País à defesa de nosso
marcada pela iniciativa de seus profissionais. Por trás de cada
território e o peso que os submarinos representam nesse
decisão e de cada ação, existe o empenho de homens e mulheres,
contexto. Além da inclusão do Brasil no seleto grupo de países
cujo trabalho árduo representa o exemplo de esforço que nos
com conhecimento e tecnologia para projetar e construir
impulsiona a seguir em frente, na direção de um futuro promissor.
submarinos nucleares, ao lado de França, Estados Unidos,
Inglaterra, China e Rússia, e da consequente importância que Tendo esse norte como missão, o livro atravessa a história da
assumirá no cenário internacional, essa decisão traz incalculável tradição marítima do País em uma viagem rumo ao futuro,
retorno para a sociedade. A exigência de nacionalização da lançando luz em como a Força de Submarinos se desenvolveu
maior parte da cadeia produtiva relacionada à construção dos técnica e operacionalmente, participando das intensas
nossos submarinos desencadeia um enorme progresso técnico transformações e modernizações observadas nos últimos
e tecnológico que influenciará diversas áreas. 100 anos. Essa história, por sua vez, descortina o processo de
consolidação do Brasil no cenário mundial, o que possibilitou
A FGV foi criada há 70 anos para avançar nas fronteiras do
que o País tenha ganhado a importância internacional que
conhecimento e, assim, contribuir para o desenvolvimento
atualmente tem.
socioeconômico do Brasil. Essa missão se renova anualmente
pelo intercâmbio de conhecimento técnico e científico com A produção deste livro comemorativo celebra e consolida a
a sociedade. A Marinha, por sua vez, dedica-se a proteger parceria de longa data entre a FGV e a Marinha do Brasil, o que
nossas riquezas e cuidar de nossa gente, zelando pelas bases se traduz, aqui, no engajamento maior de ambas com a história
que tornam possível o contínuo progresso do Brasil. Juntas, do País, seu desenvolvimento e sua memória. Recuperamos e
essas duas instituições vêm trabalhando para a formação e o divulgamos essa história, que é de toda a nação, no intuito de
aperfeiçoamento de pessoal, oferecendo cursos para oficiais que o conhecimento sobre o cotidiano e os feitos da Força de
e desenvolvendo projetos para a eficiência da administração Submarinos engajem toda a sociedade neste tema tão importante.
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COMANDANTE
DA MARINHA
A LMIR A NTE-DE-ESQU A DR A
julio so a res de mour a neto

O mar é um dos protagonistas da história e do progresso


do Brasil. Fomos descobertos e colonizados a partir
do oceano que, de igual maneira, foi decisivo na
consolidação da nossa Independência e nos processos de
integração nacional.
com o início da exploração das reservas do Pré-Sal, estimadas
em 35 bilhões de barris.
Em 2013, grande parte da produção pesqueira extrativista, de
944.000 ton, foi oriunda da pesca marinha. Releva mencionar as
social. À nossa Instituição, cabe o preparo e o emprego do
Poder Naval, que é a componente militar do Poder Marítimo
e cuja atuação contribui, decisivamente, para a consecução
dos objetivos nacionais.
Assim, enquanto os primeiros 100 anos de vida da Força de
Submarinos (1914-2014) têm afiançado a sua maturidade e
capacidade operacional, o futuro, cada vez mais próximo,
mostra-se auspicioso em função da previsão de obtenção
de instalações e meios modernos, do estado da arte e,
possibilidades de exploração mineral dos nódulos polimetálicos A Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada em 18 de
principalmente, pela inserção do País no seleto grupo de nações
Na imensa costa que possuímos, com cerca de 8.500 km de e das crostas cobaltíferas, como também o grande potencial dezembro de 2008 e cuja revisão foi ratificada, pelo Congresso
que dispõem de submarinos com propulsão nuclear, detentores
extensão, situam-se 17 Estados, 16 capitais, além de 37 portos do segmento de lazer náutico, com destaque para o turismo e Nacional, em 25 de setembro de 2013, estabeleceu que as
de indiscutível importância estratégica.
públicos e 99 terminais privados. Nas suas proximidades, até as atividades esportivas. Tarefas Básicas do Poder Naval fossem desenvolvidas de modo
200 km do litoral, concentram-se 80% da população e 85% do conjunto, porém desigual, estabelecendo, como prioritária, Nossos “Marinheiros até debaixo d’água”, dotados de notáveis
A parcela do Atlântico Sul, equivalente às nossas águas
parque industrial, são produzidos em torno de 90% do Produto a de “negar o uso do mar ao inimigo”. Os submarinos, por e comprovados atributos de coragem e valor, sempre foram
jurisdicionais, engloba uma área aproximada de 4,5 milhões de
Interno Bruto (PIB) e consumidos 85% da energia elétrica sua característica intrínseca de ocultação, são unidades motivo de orgulho para a nossa Instituição e, desde 1914, têm
km2, que, devido à sua relevância geopolítica, às riquezas nela
gerada no País. especialmente indicadas para atuar em áreas onde o oponente consolidado a complexa capacidade de operar submersos.
contidas e à imperiosa necessidade de garantir a sua proteção,
exerce algum grau de controle, sendo, portanto, essenciais
Sob o ponto de vista econômico, constata-se que em torno de 95% passou a ser denominada, pela Marinha, de Amazônia Azul, Dessa forma, ao celebrar esse histórico Centenário, uno-me
para a consecução dessa tarefa.
do nosso comércio exterior são transportados por via marítima, buscando alertar a sociedade sobre os seus incalculáveis aos submarinistas, mergulhadores, mergulhadores de combate
o que, em 2013, envolveu valores da ordem de US$ 482 bilhões. recursos naturais, a sua gigantesca biodiversidade e a sua Em consonância com as diretrizes da END, a Força continuará e médicos hiperbáricos de ontem, de hoje e de sempre,
real vulnerabilidade. priorizando o Programa de Desenvolvimento de Submarinos orgulhosos do passado, atuantes no presente e cada vez mais
Cabe ressaltar a grande quantidade de riquezas existentes em
(PROSUB), que prevê a construção, no Brasil, de quatro comprometidos em dotar a Marinha de uma Força de Submarinos
nossas águas, com a produção diária de 1,88 milhões de barris O Poder Marítimo é o resultado da integração das capacidades
submarinos convencionais e do primeiro com propulsão nuclear, de envergadura, compatível com a estatura político-estratégica
de petróleo e de 56,8 milhões de m3 de gás natural, a partir de de que dispõe a Nação para a utilização do mar e das águas
a ser por nós projetado, além da implantação de um Estaleiro do Brasil.
767 poços marítimos, correspondendo, respectivamente, a 92% e interiores, quer como instrumento de ação política e de
e de uma Base em Itaguaí (RJ).
71% do resultado total. Esses montantes têm sido incrementados defesa, quer como fator de desenvolvimento econômico e Parabéns a todos!
“Glória à Flotilha”!
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comandante de comandante-em-chefe
operações navais da esquadra
A LMIR A NTE-DE-ESQU A DR A V ICE-A LMIR A NTE
W ILSON B A RBOS A GUERR A ILQUES B A RBOS A JUNIOR

N a busca por resguardar os caros interesses da


nossa gente, uma estratégia de defesa consistente
e sustentável é condição primordial para uma
estratégia nacional de desenvolvimento.
Neste século de existência, os trabalhos desenvolvidos pelos
“Marinheiros até debaixo d’água” proporcionaram uma
trajetória evolutiva consistente e continuada por diversas
classes de submarinos, o que incluiu a incorporação das
atividades de mergulho, socorro e salvamento e medicina
N a realidade das relações internacionais, sempre
observamos a interdependência entre os países,
sobretudo quando consideramos a magnitude do emprego
do tráfego marítimo no comércio internacional, o aproveitamento e
as disputas pelas riquezas dos oceanos e o elenco de possibilidades
e robustez logística às operações de Guerra Naval; o que
amplia as opções para a obtenção de resultados superiores
ao esforço despendido.
O complexo naval de Mocanguê Grande abriga esses marinheiros
Assim, com a magnitude da responsabilidade atribuída à zelosos de uma brilhante história, orgulhosos de seu ofício e
hiperbárica, reunindo conhecimento e normatizando de emprego de forças navais, aeronavais e de fuzileiros navais.
Marinha do Brasil na defesa dos interesses do País em nossa possuidores de um arraigado e altaneiro espírito de corpo.
procedimentos genuínos de preparo e emprego. Assim, estamos inseridos em conjuntura político-estratégica,
“Amazônia Azul” – parcela do Atlântico Sul sob jurisdição
que inclui a possibilidade de ocorrerem tensões oceanopolíticas Dessa forma, honrados, o Comandante-em-Chefe da Esquadra,
brasileira –, priorizamos assegurar os meios para impedir Por reconhecimento e na ocasião em que alcança 100 anos
em espaços marítimos de interesse do Brasil. a Força Aeronaval, Força de Superfície, Comando da 1a Divisão
o estabelecimento ou a exploração indesejável de nossa de “Boa Caça”, o Setor Operativo rende àqueles que integram
da Esquadra, Comando da 2a Divisão da Esquadra, Centro
área marítima, e, para tal, contamos com uma Força de esse importante componente do Poder Naval uma justa Há 100 anos, a Esquadra Invicta do Marquês de Tamandaré
de Adestramento Almirante Marques de Leão, Base Naval
Submarinos capaz de conferir ao Poder Naval uma atitude homenagem pelo seu legado, traduzido por abnegação e conta com a audaz e aguerrida Força de Submarinos para
do Rio de Janeiro, Centro de Apoio a Sistemas Operativos e
dissuasória no grau requerido a desencorajar ou demover amor à nossa Instituição. contribuir para a dissuasão estratégica. Nesse contexto, desde
Centro de Manutenção de Embarcações Miúdas fazem coro aos
uma eventual agressão. os submarinos da classe “F” até o submarino da classe “Tikuna”,
submarinistas, mergulhadores de combate, mergulhadores, aos
constatamos a marcante excelência profissional e destemor
A Força de Submarinos remonta ao Programa de Construção “Bravo Zulu” envolvidos nas atividades hiperbáricas e servidores civis, para
desses singulares marinheiros, que fortalecem a Esquadra, ao
Naval de 1904, com a encomenda, a estaleiros italianos celebrar os 100 anos da Força de Submarinos.
agregarem incontestável valor militar ao nosso Poder Naval.
sediados em La Spezia, de três submarinos da classe “Foca” e Viva a Marinha! Estamos convictos de um futuro promissor devido à incorporação
um tender de apoio. Ato contínuo e sob o comando do então A independência dos fatores ambientais da superfície, a capacidade
de novos submarinos convencionais e à transformação de nosso
Capitão-de-Fragata Filinto Perry, foi criada em 17 de julho de permanecer oculto por longos períodos e o elevado poder de
Poder Naval, por meio de uma Esquadra dotada de submarinos
de 1914 a Flotilha de Submersíveis. destruição caracterizam a Força de Submarinos como destinada,
com propulsão nuclear; mas, principalmente, pela convicção
em especial, à execução da tarefa básica do Poder Naval – negar
da permanente prontidão da Força de Submarinos, para bem
o uso do mar ao inimigo.
cumprir a sua missão e respaldar os interesses do Brasil na
No entanto, ainda temos na Força de Submarinos, as atividades Amazônia Azul.
de mergulho e de medicina hiperbárica acrescentando, com
coragem e elevada técnica, importante capacidade de combate “Usque Ad Sub Acquam Nauta Sum”!
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Comandante da
Força DE Submarinos
CONTR A-A LMIR A NTE
M A RCOS S A MPA IO OLSEN

A obstinação do homem em possuir um barco dotado


de capacidade de ocultação para surpreender e
destruir precede à própria concepção do Princípio de
Arquimedes – século III a.C. Os séculos XVI, XVII, XVIII e,
notadamente, o século XIX foram palco de experimentações, as
Esta secular Organização Militar singrou uma existência de
densa e efetiva evolução na operação e manutenção de variadas
classes de submersíveis e submarinos, logrou assimilar o controle
das atividades de escafandria, mergulho saturado, mergulho
de combate, socorro e salvamento de submarinos sinistrados e
O mergulho, por sua vez, teve sua expansão fortemente associada
ao salvamento e ao emprego militar. O desenvolvimento mais
necessário compreende aumentar a capacidade do mergulhador
de permanecer submerso e em condições de realizar trabalho.
O mergulho de combate emprega técnicas operacionais
A Força de Submarinos é, pois, morada da abnegação, da
devoção extrema, do amplo sacrifício em prol do aprestamento
adequado ao cumprimento de sua destinação. Sua trajetória
centenária está marcada por sobrepujar desafios e aí reside
o que nos credencia a absorver a preparação e a capacitação
mais diversas, de dotar um navio da propriedade de submergir medicina hiperbárica e, ainda, a formação, o aperfeiçoamento não usuais em ambientes litorâneos e ribeirinhos. O sigilo, requeridas para operar o primeiro submarino com propulsão
com o propósito de possibilitar o seu emprego bélico. e a especialização do seu pessoal, acumulando conhecimento a rapidez, a surpresa e a agressividade são características nuclear projetado e construído no País, por brasileiros.
e desenvolvendo capacidade própria de emprego da arma. essenciais para o êxito no exercício desta complexa atividade.
O Brasil não passou alheio ao desenvolvimento da tecnologia de A presente obra comemorativa é produto de Termo de
submarinos. Destaco o gênio inventivo de um dos precursores O avanço tecnológico observado no desenrolar da Primeira No que concerne à medicina hiperbárica, a Marinha do Cooperação celebrado entre o Comando da Força de Submarinos
no projeto de submersíveis no País, o Tenente Engenheiro Guerra Mundial propiciou profunda transformação no Brasil, por meio da Força de Submarinos e de seu sistema de e a Fundação Getulio Vargas. A construção de sua linha
Naval Emílio Júlio Hess, que cedo discerniu que “é o valor submarino, que não mais se confinava ao papel defensivo – saúde, é reconhecida como a entidade no País mais antiga editorial coube a civis experimentados, de modo especial
militar que justifica o submarino e define sua importância afirmara-se como arma dissuasória por excelência. As Ações e tradicional de realização e referência neste tipo de área acadêmicos, inspirados por um rol intérmino de façanhas
como arma de guerra”. O Programa de Construção Naval de de Submarinos exploram a capacidade de detecção passiva de atuação médica, com aplicação intensiva em acidentes incríveis protagonizadas por “Marinheiros até debaixo
1904, por entender assim, comportou a encomenda ao estaleiro e poder de destruição deste meio naval e concorrem para específicos de mergulho que necessitam de tratamento d’água”. Com efeito, para além de rememorar caras, fatos e
italiano Fiat – Saint Giorgio, sediado em La Spezia, de três a consecução das Tarefas Básicas do Poder Naval, sendo a recompressivo para tratar doenças descompressivas e embolia tradições, o livro “100 anos da Força de Submarinos” reúne
submersíveis da Classe “Foca” e um Navio Tender. negação do uso do mar a que hoje organiza, antes de atendidos traumática pelo ar. páginas impressas que reverenciam um legado valoroso de
quaisquer outros objetivos, a estratégia de defesa marítima do corações e mentes que conformam a cultura da arte paciente
Em 17 de julho de 1914 era criada, por decreto do Exmo. Sr. Os submarinistas e mergulhadores não guardam semelhança
Brasil. Tais Ações podem ser atribuídas a qualquer submarino e silenciosa da caça.
Almirante Alexandrino de Alencar, a Flotilha de Submersíveis, com nenhum outro profissional. A adaptabilidade a condições
de ataque, convencional ou nuclear, armado com torpedos
ficando subordinada administrativamente ao então Comando de desconforto de qualquer natureza, um acurado espírito Boa Caça!
e/ou mísseis táticos e minas. O confinamento da tripulação
da Defesa Móvel do Porto do Rio de Janeiro. Em 1928, foi cooperativo e camaradagem são habilidades desenvolvidas
em espaços reduzidos e o exercício de atividades de risco por
alterado o seu nome para Flotilha de Submarinos e, por fim, que terminam por nos fazer um tanto destemidos em presença
tempo prolongado constituem fatores relevantes.
no ano de 1963, denominada Força de Submarinos. do risco.
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introdução

E ste livro marca as comemorações


pelos 100 anos da Força de Sub-
marinos. Foi quase um ano de
pesquisa, reunindo bibliografia e docu-
mentos, além de entrevistas com diversas
O progresso econômico e social vivenciado
de forma responsável levou o Brasil a pos-
suir maior voz nos fóruns internacionais,
participando ativamente de debates e sendo
reconhecido como importante interlocutor.
cenário atual do País, os recursos disponí-
veis e a abrangência de sua missão, define
também que a Marinha deverá se pautar
num desenvolvimento desigual e conjunto
na maneira de se conceber a relação entre
personalidades. A preocupação em nar- O crescimento econômico e o aumento de as tarefas básicas do Poder Naval, contro-
rar essa história de sucesso que atraves- seu peso internacional justificam, cada lar áreas marítimas, negar o uso do mar ao
sou o século XX e, com ele, as intensas vez mais, a necessidade de Forças Arma- inimigo, projetar poder sobre terra e con-
transformações no cenário geopolítico das acreditadas, para atuarem em conso- tribuir para a dissuasão. Nesse contexto,
do País e do mundo foi acompanhada nância com a Política Externa brasileira, a negação do uso do mar ao inimigo tem
do cuidado em compreender a dinâmica localmente ou de forma expedicionária. prioridade. O instrumento mais indicado
do complexo trabalho que realiza essa para realizar esta tarefa é o submarino.
A Política Nacional de Defesa expressa
Instituição e, sobretudo, o que une seus Sua capacidade de ocultação permite que
claramente que a defesa do País não pode
apaixonados profissionais. navegue discretamente, mesmo em águas
ser compreendida separadamente do seu
controladas pelo inimigo, impedindo ou
Nos últimos anos, as Forças Armadas têm desenvolvimento; ela é seu sustentáculo
dificultando a presença de forças inimigas.
se aproximado mais da sociedade, sobre- e sua proteção. Esse documento estabe-
O submarino leva a vantagens políticas e
tudo através do conhecimento acadêmico. lece, ainda, o Atlântico Sul como área de
estratégicas, mas representa também um
Seu preparo e atuação estão expressos por interesse, devendo ser vigiada e protegida
enorme esforço nacional.
um conjunto de Políticas e Estratégias pelo Brasil. O domínio de nossa Zona Eco-
que, encadeadas, emprestam robustez à nômica Exclusiva, a chamada Amazônia Ao falar da história dos submarinos no
estrutura militar de defesa brasileira. Esse Azul, garante a permanência necessária Brasil, tem-se como pano de fundo as evo-
esforço de sistematização contribui para a à exploração de nossos recursos. Na Es- luções política, econômica, social, intelec-
confiabilidade e credibilidade das Forças tratégia Nacional de Defesa se encontram tual e tecnológica do último século. A ati-
Armadas, facilitando sua articulação com as diretrizes para o emprego das Forças vidade submarina costuma envolver certo
outras esferas da sociedade, na dimensão Armadas, chamando atenção para a sua mistério, e, ao torná-la pública, este livro
nacional, e contribuindo para a inserção necessidade de reorganização, moderniza- satisfaz aos anseios de levar à sociedade
do Brasil no concerto internacional. ção e reaparelhamento. Tendo em vista o o conhecimento de algo que é estratégico
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em termos de defesa e, portanto, de paz. Foram priorizadas na pesquisa as fontes
Sobretudo a partir da opção pela constru- da Marinha do Brasil. Para isso, contou-
ção do submarino de propulsão nuclear, -se com a longa tradição e cuidado de
é de fundamental importância inserir a sua Diretoria do Patrimônio Histórico e
sociedade em tema de seu interesse, que Documentação da Marinha no acervo e
resulta em enorme salto de desenvolvi- produção de conhecimento, que ainda é
mento, afetando positivamente todas as responsável pela publicação de uma sé-
esferas da nação. rie de tomos sobre História Naval, além
de diversos periódicos acadêmicos e de
A narrativa é dividida em sete capítu-
divulgação. A Força de Submarinos, por
los. Os dois primeiros tratam da tradição
meio do Centro de Instrução e Adestra-
marítima do País, ou seja, da criação e do
mento “Almirante Áttila Monteiro Aché”,
desenvolvimento da Marinha do Brasil.
abriu as portas de sua Biblioteca “Mello
No terceiro capítulo, mergulha-se dire-
Marques” para consulta de fontes e todo
tamente no tema, tratando do histórico
tipo de pesquisa, empreendendo grande
dos submarinos no mundo para chegar
esforço de reunião e catalogação de fotos
às primeiras experiências brasileiras, na
e documentos. Para auxiliar na pesquisa,
virada do século XX. O capítulo seguinte
foi também utilizado o material arquivado
é dedicado à criação e ao desenvolvi-
através de um projeto de memória oral, que
mento da Força de Submarinos no Brasil,
vem coletando entrevistas com os mais
que nasce em 1914 como Flotilha de Sub-
antigos e representativos profissionais que
mersíveis, com a chegada dos primeiros
passaram pela Força, de modo a registrar o
submersíveis “F” italianos. A aquisição que são os valores e tradições próprios da
de submarinos demandou outras ativi- instituição. Entrevistas com autoridades
dades e, sobretudo, muito conhecimento em atividade foram imprescindíveis para
específico e tangencial. O capítulo cinco, dar o tom do livro. Além disso, as equipes
portanto, é dedicado ao tema da formação, da FGV e da Força de Submarinos promo-
desde seu desenvolvimento até chegar à veram grupos de trabalho e reuniram-se
estrutura hoje existente, produzida uni- em incontáveis encontros para debater e
camente por brasileiros. O sexto capítulo pensar sobre os caminhos e resultados da
trata especificamente do Programa de pesquisa, visitando espaços e desenvol-
Desenvolvimento de Submarinos, que já vendo atividades conjuntas.
transforma a Marinha, preparando-a para
a construção do primeiro submarino bra- O Livro dos 100 Anos da Força de Subma-
sileiro de propulsão nuclear. Finalmente, rinos é, portanto, resultado da intensa troca
o último capítulo aponta para o futuro, já de experiências e conhecimentos entre duas
iniciado no âmbito da Força de Submari- instituições que têm como base comum a
nos, que vive às voltas com uma intensa missão de atuar em prol do desenvolvi-
rotina de repensar o preparo e emprego mento do Brasil. Essa união de esforços e
de seus meios. competências é reflexo da preocupação de
ambas com a produção de conhecimento e
reverência ao seu vasto legado.
Sou marinheiro e outra coisa não quero ser.
Almirante Tamandaré

c1
22

23
A tradição
marítima do Brasil

O Brasil nasce pelo mar:


as raízes da Marinha nacional e o poder marítimo

A expansão marítima europeia


teve Portugal como país pioneiro.
Desde o século XIII, a experiên-
cia de comércio internacional ressaltava
a tendência do país de lançar-se “para
vas terras se restringiu às expedições de
reconhecimento do litoral. A extração do
pau-brasil, madeira tintorial que pôde
suprir a demanda por tintura até então
importada do Oriente, foi a primeira
Tordesilhas, e as entregou aos donatá-
rios, a quem caberia a tarefa de povoar
e desenvolver a terra à própria custa. A
Coroa esperava, com essa medida, iniciar
a efetiva ocupação do território.
fora”, estimulada por suas características atividade econômica a se desenvolver.
Como essa iniciativa não mostrou, na
geográficas, delimitado ao sul e ao oeste Para realizá-la, foram estabelecidas as
prática, os resultados esperados, Portugal
pelo Oceano Atlântico. A busca de espe- feitorias, que funcionavam, ao mesmo
centralizou a administração da colônia
ciarias motivou a expansão que, por sua tempo, como lugares fortificados e de-
enviando o Governador-Geral Tomé de
vez, impulsionou o desenvolvimento das pósitos da madeira.
Souza, que se estabeleceu em Salvador,
técnicas de navegação: o aprimoramento
Após esse período, a Coroa portuguesa, Bahia, em 1549. Embora houvesse o es-
de instrumentos, de cartas náuticas e da
atenta aos indícios da cobiça dos países forço de centralizar a administração da
arquitetura naval.
que questionavam os tratados que divi- colônia, a articulação entre os primei-
Em 1500, os portugueses chegaram às diam as terras a serem descobertas entre ros núcleos de ocupação era dificultada
terras que iriam compor, mais tarde, o Portugal e Espanha, percebeu que era pela extensão do território. A única via
Brasil, e que também eram, em grande necessário colonizar as novas terras para possível para manter a unidade territo-
parte, voltadas para o mar. Durante as não perdê-las. Era esse o objetivo das ca- rial era o mar.
três primeiras décadas, como o princi- pitanias hereditárias. Tomando o litoral
Também pelo mar viriam os primeiros
pal interesse da monarquia portuguesa como referência, a Coroa estabeleceu 15
invasores.
estava no Oriente, a exploração das no- faixas, que se estendiam até a linha de
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27
Invasões estrangeiras:
as ameaças francesas

Os países que não foram incluídos na Os franceses, derrotados na Baía de Gua-


partilha do território estabelecida pelo nabara, não desistiram de seus empreen-
Tratado de Tordesilhas questionavam a dimentos no Brasil, desviando o curso dos
legitimidade de Portugal sobre as terras seus interesses para o litoral norte. Suas
do Novo Mundo. A ameaça se concreti- expedições limitavam-se ao comércio e à
zou em 1555, quando Nicolas Durand de exploração da costa, até que, sob a liderança
Villegagnon, Vice-Almirante da Bretanha de Daniel de la Ravardière, fundaram, em
– região Noroeste da França – desem- 1610, a cidade de São Luís, que se tornou
barcou na Baía de Guanabara, fundando a capital da França Equinocial.
a chamada França Antártica.
A retomada desse território ocorreu em
Aproveitando-se das dificuldades de co- 1615, quando Jerônimo de Albuquerque
municação entre as capitanias, Villegagnon Maranhão, primeiro brasileiro nato a co-
permaneceu na região por mais de uma mandar forças na defesa do território, usou
década, período marcado por intensas lu- pequenos e leves barcos de madeira extre-
tas entre portugueses e franceses. Somente mamente simples, que se transformavam
em 1567 chegaram ao Rio de Janeiro as em força apenas pelas armas e técnicas
tropas do então Governador-Geral Mem da sua tripulação. Participaram, ainda,
de Sá, travando-se, em 20 de janeiro, a ba- do processo de expulsão dos franceses:
talha decisiva contra os invasores. Toda Alexandre de Moura, de nacionalidade
a ação se desenvolveu no mar ou a partir portuguesa, encarregado da expedição,
dele. Índios aliados, usando embarcações e Martim Soares Moreno, nascido no
a remo, lutaram ao lado dos portugueses Brasil, comandante da barca Santa Cata-
nessa primeira ação organizada contra uma rina. Os franceses, assim como na queda
agressão ao território do Brasil. da França Antártica, foram expulsos por
forças navais integradas por portugueses,
por descendentes de portugueses nascidos
no Brasil e por índios.
28

29
Invasões estrangeiras:
os holandeses no Brasil

As relações comerciais entre Portugal e Toledo Osório, marquês de Villanueva de


os Países Baixos se intensificaram com a Valdueza. Com 12.500 marinheiros e solda-
expansão marítima, uma vez que os co- dos, era a maior força naval que, até então,
merciantes flamengos eram os principais havia atravessado o Atlântico. A armada
distribuidores das especiarias trazidas do chegou a Salvador no dia 29 de março de
Oriente pelos portugueses. Essa relação se 1625 e as tropas holandesas foram derro-
ampliou quando teve início a produção de tadas por completo.
açúcar no Brasil, financiada por capitais
Em 1630, a Companhia das Índias Oci-
dos holandeses, que também ficaram res-
dentais invadiu Pernambuco com uma
ponsáveis pela distribuição do produto no
força naval de 70 navios, comandada pelo
mercado europeu.
General-do-Mar Hendrick Corneliszoon
Com a União das Coroas Ibéricas (1580-1640), Lonck. A resistência luso-brasileira, orga-
essa relação se modificou completamente. nizada em grupos guerrilheiros, usando a
A Espanha – inimiga dos Países Baixos –, seu favor o fator surpresa e o melhor co-
adotou medidas para impedir o acesso dos nhecimento do terreno, não foi capaz de
comerciantes flamengos aos portos portu- impedir que os holandeses consolidassem
gueses. Impossibilitados de comprar o açú- suas posições, dominando, sem maiores
car brasileiro em Lisboa, os Países Baixos problemas, Olinda e Recife. Ainda que te-
decidiram atuar diretamente nas áreas nham sido enviadas, entre 1631 e 1640, três
produtoras. Foi esse o objetivo deste país ao esquadras luso-hispânicas para expulsar os
criar a Companhia das Índias Ocidentais, invasores, a superioridade militar dos ho-
que passou a monopolizar o comércio e a landeses impediu a retomada do território.
navegação na África e na América.
Com o fim da União Ibérica, em 1640, e a
Sob a orientação dessa Companhia, no dia “restauração” de Portugal, graças à ascen-
8 de maio de 1624, uma força naval com- são ao trono de D. João IV, alterou-se pro-
posta de 26 navios, 1.600 marinheiros e fundamente o quadro político europeu. Ao
1.700 soldados, sob o comando do almirante mesmo tempo em que Portugal procurava
Jacob Willekens, adentrou a Baía de Todos restabelecer sua tradicional aliança com a
os Santos. No dia seguinte, eles atacaram Holanda, no Brasil, em razão das mudan-
Salvador, destruindo os fortes que defen- ças impostas pela Companhia das Índias
diam a cidade. O propósito do empreendi- Ocidentais nas suas relações com os do-
mento holandês era controlar a produção nos de engenho, eclodiu uma insurreição
de açúcar do Recôncavo Baiano, impedindo contra a presença holandesa. A revolta se
as exportações para Lisboa, o que iria des- ampliou rapidamente, reunindo lideranças
montar a estrutura criada por Portugal e, que representavam os principais segmentos
com isso, o papel que o país desempenhava da sociedade colonial portuguesa. Após as
no comércio europeu. vitórias dos luso-brasileiros nas batalhas em
terra, uma frota enviada por Lisboa, sob o
Para expulsar os invasores, partiu de Lis-
comando de Pedro Jacques de Magalhães,
boa, no dia 22 de novembro de 1624, uma
conseguiu bloquear Recife. As posições
força naval com 25 galeões, dez naus, seis
holandesas foram conquistadas uma após
caravelas, dois patachos e quatro navios
outra, até que, em janeiro de 1654, os inva-
menores, sob o comando de D. Fadrique de
sores anunciaram sua rendição.
30

31
O século XVIII

O território brasileiro, que é, atualmente, era feito por tropas de burros até Paraty,
três vezes maior do que aquele que per- de onde, por via marítima, alcançava o
tencia a Portugal segundo o Tratado de Rio de Janeiro. A abertura do “caminho
Tordesilhas, foi ampliado graças à ação novo” permitiu que a viagem entre as
dos bandeirantes, missionários, milita- “Gerais”1 e o porto do Rio de Janeiro se
res e pecuaristas, que, aproveitando a realizasse em um período que variava
momentânea união das coroas ibéricas, entre 12 e 17 dias, segundo o ritmo da
deslocaram a fronteira para oeste. Graças marcha. A vantagem possibilitada pelo
à iniciativa da diplomacia portuguesa, “caminho novo” era evidente, o que veio
essa expansão foi confirmada pelos su- a valorizar o porto do Rio de Janeiro, o
cessivos tratados assinados na segunda principal ponto de escoamento do ouro
metade do século. em direção à metrópole.
A descoberta de ouro nos últimos anos Como a atividade mineradora deslocou
do século XVII provocou significativas o centro econômico da colônia, das ca-
mudanças na administração colonial. A pitanias do Nordeste para a região das
notícia se espalhou rapidamente, o que minas, na gestão do Marquês de Pom-
provocou um grande fluxo migratório bal, a capital do Brasil foi transferida de
para a região das minas atraído pela Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763,
possibilidade de rápido enriquecimento. com o objetivo de tornar a administração
mais eficiente.
Situada no interior da região Centro-Sul,
a área era de difícil acesso. O escoamento

1
Nome pelo qual era conhecida a região que atualmente corresponde a Minas Gerais.
32

33
século XIX: Da Marinha no
Brasil à Marinha do Brasil

Em 1808, a Família Real portuguesa se tugal com sua Corte em 1821, deixando
transmigrou para o Brasil em razão da no Brasil seu filho e herdeiro, D. Pedro,
ocupação do território português por como Príncipe Regente. Antes de deixar
tropas francesas. Chegando ao Brasil, o Brasil, agora elevado a Reino Unido a
D. João VI estabeleceu a Corte no Rio de Portugal e Algarves,2 indicou o Chefe-
Janeiro e decretou a abertura dos portos -de-Esquadra Manoel Antônio Farinha
às nações amigas, pondo fim à exclu- como Secretário de Estado da Repartição
sividade metropolitana que, até então, da Marinha no Brasil.
restringia o comércio externo do Brasil.
Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro vol-
Ainda em 1808, ele reorganizou a Secre- tava com sua comitiva de São Paulo para
taria de Estado dos Negócios da Marinha, o Rio de Janeiro, quando se encontrou,
criada em 1736 como Ministério da Mari- nas proximidades do riacho Ipiranga,
nha e Domínios Ultramarinos, e nomeou com emissários que o informaram que
D. João Rodrigues de Sá e Menezes para as cortes exigiam seu retorno imediato a
administrá-la. Com a vinda da Família Lisboa. Discordando dessa exigência, D.
Real, vieram também a Brigada Real da Pedro tomou a decisão de tornar o Brasil
Marinha – a partir da qual se originou independente e assim o declarou no dia
o atual Corpo de Fuzileiros Navais –, e 1º de dezembro de 1822, tornando-se o
a Academia Real de Guardas-Marinha, primeiro Imperador do Brasil.
embrião da Escola Naval. Também nessa
Com o fim de eliminar a resistência in-
época, em represália à invasão de Portu-
terna à autoridade do novo imperador,
gal, o Príncipe-Regente declarou guerra
rechaçar qualquer tentativa de recoloni-
à França e preparou um ataque à Guiana
zação por parte de Portugal e garantir a
Francesa. A cidade de Caiena foi tomada
unidade nacional, D. Pedro criou, ainda
pela Brigada Real da Marinha, perma-
em 1822, a Armada Nacional e Imperial
necendo sob controle português até 1815.
do Brasil. A força naval deveria prote-
Desde a transferência da Corte portu- ger a porção marítima de interesse do
guesa para o Brasil, a situação política Império, garantir a consolidação da in-
de Portugal era marcada por incerteza. dependência e evitar a fragmentação do
Mesmo após a expulsão dos franceses, território – especialmente nas províncias
D. João VI, rei de Portugal, continuava ainda leais ao trono português. As sedes
no Brasil. Os Tratados de Comércio de da estrutura naval já existente, incluindo
1810, que concediam amplas vantagens os navios e as instalações navais, como
aos comerciantes ingleses, prejudica- o Arsenal de Marinha da Corte, foram
vam seriamente a economia portuguesa. mantidas no Rio de Janeiro. O Capitão-
A ausência da Família Real e a crise -de-Mar-e-Guerra Luiz da Cunha Mo-
econômica impulsionaram o episódio reira foi nomeado Ministro e enfrentou
conhecido como Revolução Liberal, o grande desafio de preparar a nova
iniciada em 1820 como um levante na Armada. No dia 5 de dezembro de 1822,
cidade do Porto, mas que rapidamente o Ministro Cunha Moreira criou uma
se espalhou por todo o território, per- comissão para perguntar aos 160 oficiais
durando até 1826. Temeroso de perder estabelecidos no Brasil desde 1808 se es-
o trono, D. João VI retornou para Por- tariam dispostos a servir ao Brasil ou se

2
Em 1815 o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves, com uma estrutura estatal similar à do
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Com isso, perdia o status de colônia, embora não se tornasse independente.
34

35
permaneceriam ligados a Portugal. Do to- O governo imperial estava empenhado
tal de oficiais, 94 definiram-se pelo Brasil, na construção de uma esquadra capaz
passando a responder ao novo Imperador. de impedir a reintervenção, negando aos
Como a escassez de recursos, a falta de portugueses a possibilidade de deslocar
equipamentos e a baixa qualificação da suas tropas com rapidez, cortando suas
mão de obra dificultavam a reconstrução da linhas de suprimento e de reforço. Estava,
frota, foi lançada, em janeiro de 1823, uma assim, empenhado na consolidação do
subscrição pública nacional, com ações no recém-declarado Império. Graças a esse
valor de 800 réis cada, com o objetivo de esforço, em 23 de outubro de 1823, sob
obter recursos para aparelhar a Esquadra pressão da Fragata “Tetis” e de cinco es-
brasileira. No total, a campanha conseguiu cunas comandadas pelo Capitão-de-Mar-
33 mil contos de réis, contando com sig- -e-Guerra Pedro Antônio Nunes, a força
nificativa contribuição do próprio Impera- naval portuguesa se rendeu na Província
dor, que comprou o Brigue “Caboclo” para Cisplatina, atual Uruguai.
doar à Armada, além de 250 ações. Esses Afastada a possibilidade de reinterven-
recursos permitiram um salto técnico ao ção, faltava unificar o País. Os movimen-
Arsenal de Marinha da Corte. tos que eclodiram nas províncias, tanto
Ao mesmo tempo, D. Pedro autorizou a durante o reinado de D. Pedro I, quanto
obtenção de empréstimos no exterior para no período da Regência, ora se opondo
a compra de navios e munições, além do à política imperial, ora defendendo a
recrutamento de oficiais e marinheiros formação de repúblicas independentes,
estrangeiros. Um desses homens, James ameaçavam a integridade do Império. A
Thompson, ex-oficial da Royal Navy, foi Armada Nacional e Imperial participou
o primeiro comandante da Fragata “Prín- ativamente da manutenção da unidade
cipe Imperial”, construída para atender nacional, atuando em todos os conflitos
às necessidades da recém-criada Armada que ocorreram nas primeiras décadas de
Imperial. Outro nome ligado à cena foi o consolidação da independência.
de Alexander Thomas Cochrane, oficial O Brasil foi descoberto pelo mar, e também
britânico que participou das guerras na-
por ele combateu as ameaças estrangei-
poleônicas como Comandante de Fragata.
ras. A Marinha foi a principal força na
Cochrane aceitou a proposta de comandar
defesa do território e na construção da
a Esquadra brasileira, sendo nomeado Pri-
nova nação, sendo, portanto, instituição
meiro-Almirante – posto criado em caráter
fundamental na integração nacional. Com
excepcional – e trouxe consigo mais quatro
esse fim, em um país de dimensões conti-
oficiais britânicos, entre eles John Pascoe
nentais, a Marinha trabalhou na reativa-
Grenfell. A Marinha Imperial do Brasil
ção de rotas fluviais e marítimas traçadas
recrutou ainda outros oficiais estrangei-
desde o período colonial, ligando a Corte
ros, como David Jewett, que servira como
do Rio de Janeiro às demais províncias
oficial na marinha dos Estados Unidos, e
do território brasileiro.
John Taylor, oficial da ativa da Royal Navy.
36

37
O Poder Marítimo do Brasil

O Poder Marítimo é a capacidade resultante dos recursos clusiva (ZEE), que compõem as águas jurisdicionais de um
de que dispõe a Nação para a utilização do mar e das águas país – áreas estratégicas de importância prioritária.
interiores, quer como instrumento de ação política e militar,
A CNUDM estabeleceu os limites do Mar Territorial em 12 mi-
quer como fator de desenvolvimento econômico e social.3 A
lhas a partir da costa. Nele, cada país costeiro é plenamente
extensão do litoral brasileiro contribuiu para tornar e manter
soberano. A ZEE acrescenta 188 milhas náuticas aos limites
indispensável a atuação marítima. Entre as várias dimensões
do MT. Nela, o Estado costeiro é soberano na exploração, no
que a relação entre a nação e o mar comporta, três são de
uso e na gestão dos recursos naturais. Como a ZEE cobre um
destaque imediato: a política (territorial), a estratégica (segu-
território extremamente rico em recursos vivos e não vivos,
rança) e a econômica. Sendo assim, tudo que tem relação com
notadamente os combustíveis fósseis, ela passa a ser um com-
o mar e a capacidade que uma sociedade tem para explorá-lo
ponente importante do jogo político contemporâneo.
e utilizá-lo compõe seu Poder Marítimo. Incluem-se aí não
apenas o Poder Naval, o componente militar, mas também Atualmente, o Brasil detém espaços marítimos que somam,
a marinha mercante, as indústrias afins e toda a infraestru- aproximadamente, 3,6 milhões de km2 e pleiteia, junto à Comis-
tura marítima e hidroviária, a indústria da pesca, os meios são de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da CNUDM,
e as instituições de pesquisa e todo o pessoal envolvido em a extensão nos locais em que a plataforma continental se es-
cada um desses setores. tende além dos limites de 200 milhas náuticas estabelecidas
para a ZEE. Isso significa que o País passaria a deter cerca
Embora a Organização das Nações Unidas, desde a década de
de 4,5 milhões de km2, que equivaleriam, no mar, a uma área
1950, discuta a elaboração de diretrizes para a atuação marí-
maior do que a Amazônia. A esse território foi dado o nome
tima, apenas em 1982 conseguiu acordar a realização da Con-
de Amazônia Azul, marca registrada pela Marinha do Brasil,
venção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNUDM).
em seu esforço de criação de uma consciência marítima com-
Nesse longo período entre o início das discussões e a rea-
patível com a vocação brasileira para o mar.
lização da Convenção, tornou-se cada vez mais evidente a
necessidade de estabelecer uma regulação capaz de definir O Poder Naval, parcela militar do Poder Marítimo, mostra-se
a soberania sobre o uso do mar, à medida que se ampliava o fundamental não apenas para a defesa do território nacional,
potencial de riqueza (biológica ou mineral) oferecido. mas também para auxiliar a consecução dos objetivos nacionais,
respaldando a política externa e contribuindo para o desenvol-
Da Convenção, resultaram importantes resoluções, como a
vimento econômico. O símbolo da Amazônia Azul renova o
regulação dos limites do mar, especialmente do Mar Terri-
compromisso da Marinha do Brasil com a soberania nacional,
torial (MT), da Zona Contígua (ZC) e da Zona Econômica Ex-
firmado desde os primórdios da construção da Nação.

3
Doutrina Básica da Marinha, p. 1.
38

39
Aquele que comanda o mar, comanda o comércio;
Aquele que comanda o comércio do mundo, comanda as
riquezas do mundo, e consequentemente o próprio mundo.4
Sir Walter Raleigh

4
Traduzido livremente do original em inglês: “Whoever commands the sea, commands the trade; whoever commands the
trade of the world commands the riches of the world, and consequently the world itself.”
c2
42

43
Construindo o Poder
Naval brasileiro

Os desafios da nova nação

P roclamada a independência, o
desafio da nova Esquadra era ga-
rantir a unidade da nova nação,
que tinha na via marítima o principal
meio de comunicação. Uma série de re-
Nesse período, a Europa vivia relativa
paz com o fim das Guerras Napoleônicas
e, no Reino Unido, oficiais experientes
foram dispensados, ficando disponíveis
para serem contratados por novas nações
voltas internas eclodiu nas províncias que, como o Brasil, lutavam por sua in-
da Bahia, Maranhão, Grão-Pará e Cis- dependência. Sob o comando de Lorde
platina, e era preciso deslocar rapida- Cochrane, a Esquadra brasileira elimi-
mente tropas para conter as resistências nou os focos de resistência ao novo go-
e impedir o apoio das forças portuguesas verno, garantindo a independência. Isso
permitiu ao Imperador concentrar seus
que mantinham navios no litoral. Eram
esforços na institucionalização do País,
necessários meios e homens, e, o mais
o que fez ao convocar a Assembleia que
importante, recursos para mantê-los. Na
deveria elaborar a primeira Constituição
subscrição pública que criou a Armada do Império, em 1824, e ao reorganizar o
Nacional e Imperial, foram comprados Ministério da Marinha para se preparar
navios e contratados marinheiros. para os novos desafios da nação.
44

45
O desenvolvimento do Poder Naval

A construção naval e a capacidade de estaleiros e atividades relacionadas ao na substituição dos navios a vela por França e da Inglaterra, como pequenos defesa. Até 1885, quando foi dissolvida,
reparo de embarcações é um importante setor, que atendiam às demandas dos na- navios movidos a hélice, acionada por navios encouraçados, navios-transporte a Esquadra de Evoluções manteve uma
fator para a consolidação do Poder Naval. vios ancorados no porto do Rio de Janeiro combustão, e nos navios encouraçados. e canhoneiras. intensa atividade – realizou manobras e
No Brasil, a construção de embarcações e no próprio Arsenal. O aglomerado de exercícios que incluíram o lançamento
Em função da participação brasileira na A Guerra do Paraguai representou um
de grande porte só se tornou sistemática estaleiros na Baía de Guanabara criou de torpedos e tiros de artilharia.
Guerra do Paraguai (1864-1870), por exem- enorme esforço da Marinha em otimizar
com a criação do Arsenal Real da Ma- um sistema propício para o fortaleci-
plo, teve início um grande programa de o desenvolvimento de seu Poder Naval. Contudo, no contexto da eclosão do
rinha, em 1763, no Rio de Janeiro, que mento de estabelecimentos comerciais,
construção naval no Arsenal de Marinha Mesmo com o fim da guerra, foram pro- movimento militar que implantou a
viria a se chamar, posteriormente, Ar- pequenas fundições e, sobretudo, de
da Corte, o que resultou em diversos novos duzidos, de 1870 a 1890, 15 navios para República no Brasil, em 1889, a então
senal de Marinha da Corte. qualificação de força de trabalho. A Ma-
meios, armamentos e instrumentos. Até guarnecer as forças navais – como o Armada Nacional não recebia os inves-
rinha constantemente enviava oficiais
A primeira nau construída no Arsenal então, a Marinha era dotada de embar- Cruzador “Tamandaré”, que ficou pronto timentos necessários. Somou-se a isso o
para a Europa para estudar engenharia
Real, chamada “São Sebastião”, ficou cações oceânicas, capazes de percorrer o em 1893 – e adquiridas importantes em- fato de o País viver uma intensa crise
naval, o que contribuiu para que se de-
pronta em 1767 e serviu à Armada por- longo litoral. Mas a guerra desenrolou-se barcações do exterior, como os encou- econômico-financeira, que comprome-
senvolvesse um sistema de inovação na
tuguesa durante muitos anos. Após a sua em ambiente ribeirinho, o que deman- raçados “Riachuelo” e “Aquidabã”. No teu a capacidade de manutenção naval
indústria de construção do setor.
construção, o Arsenal passou a realizar dava meios distintos. Além de três navios período de paz, no entanto, os navios e o investimento em pessoal.
atividades de reparo e manutenção dos Assim, os efeitos das revoluções indus- encouraçados, “Tamandaré”, “Barroso” e pouco se deslocavam, ficando muito
navios da Esquadra Real, que aportavam triais, que trouxeram à Europa a máquina “Riachuelo”, investiu-se na construção de tempo sem operar. Como parte do esforço
no Rio de Janeiro. a vapor e o aço, logo foram sentidos no navios de pequeno porte, os monitores. para mantê-los operantes, foi criada,
setor naval brasileiro, mesmo antes da Construídas às pressas, essas embarca- em 1882, a Esquadra de Evoluções, uti-
O Arsenal de Marinha da Corte, ao longo
consolidação de uma indústria capaz ções supriram a necessidade urgente de lizando todos os navios do porto do Rio
do século XIX, impulsionou a constru-
de operar em larga escala. No meio na- navegação fluvial. Na mesma época, tam- de Janeiro, que estivessem em condições
ção naval no Brasil, propiciando, ao seu
val, essas transformações resultaram bém se recorreu à aquisição de meios da para isso, na realização de exercícios de
redor, o surgimento de diversos outros
46

47
Questão Christie

Em 1861, o veleiro britânico “Prince of


Wales” encalhou na costa do Rio Grande
do Sul, teve sua carga saqueada e mem-
bros de sua tripulação mortos sem que
fosse apresentada qualquer explicação. O
Embaixador britânico William Christie
exigiu do Imperador brasileiro um pedido
formal de desculpas e uma indenização
pelos danos, o que não foi atendido. No
ano seguinte, dois integrantes da Mari-
nha Real Britânica, supostamente em-
briagados, se envolveram em uma briga
com marinheiros brasileiros no Rio de
Janeiro e foram presos por policiais. Em-
bora todos os ingleses residentes do Brasil
fossem, à época, julgados pela justiça de
seu próprio país, o Imperador pediu para
que os marinheiros britânicos tivessem
um julgamento local, o que, além de ter
sido negado, acirrou o desgosto do Em-
baixador Christie.
A combinação desses dois episódios gerou
uma crise internacional, que culminou com
o corte das relações entre os dois países.
Em 1862, uma esquadra britânica bloqueou
o porto do Rio de Janeiro, apreendeu cinco
navios da marinha mercante e exigiu a
indenização pelos prejuízos causados no
caso do “Prince of Wales” e a punição dos
responsáveis pela prisão do marinheiros.
A resposta de D. Pedro II, que recebeu am-
plo apoio da sociedade civil, foi levantar
as mesmas exigências que os ingleses e
se preparar para uma possível guerra. A
questão teve de ser arbitrada pelo Rei Le-
opoldo I, da Bélgica.
Surpreendentemente, o Rei belga advogou
pelo Brasil. Acreditando que a decisão
seria favorável à Inglaterra, no entanto,
D. Pedro II já havia pagado a indeniza-
ção, que nunca foi ressarcida. O pedido
de desculpas da Inglaterra veio apenas
dois anos depois.
48

49
A Guerra do Paraguai

Consolidada a Independência, o primeiro grande desafio in- forte esquema de artilharia nas margens dos rios, posicio-
ternacional enfrentado pela Armada Imperial foi a Guerra do nando tropas de infantaria para dificultar a passagem das
Paraguai, maior conflito ocorrido na América do Sul, opondo, embarcações inimigas.
de um lado, a Tríplice Aliança, formada por Argentina, Bra-
Com o avanço das tropas paraguaias em Corrientes, na Argen-
sil e Uruguai e, do outro, o Paraguai. O conflito começou em
tina, o Vice-Almirante e Comandante-em-Chefe da Esquadra
1864, com a invasão da província do Mato Grosso por tropas
Imperial, Joaquim Marques Lisboa, Visconde de Tamandaré,
paraguaias, sob as ordens do Presidente Francisco Solano
determinou o bloqueio do rio Paraguai.
Lopez, e se estendeu até 1870.
No dia 11 de junho de 1865, a Força Naval brasileira, coman-
Como a Bacia Platina não tinha estradas, o Império necessi-
dada pelo Almirante Francisco Manuel Barroso da Silva
tava da livre navegação pelos rios Paraná, Paraguai e Uru-
estava fundeada no rio Paraná, pronta para o combate. A
guai, para acessar o sudoeste da província de Mato Grosso e o
Esquadra paraguaia, comandada pelo Capitão-de-Fragata
oeste das províncias do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina
Pedro Ignácio Mezza, rebocava seis chatas com canhões para
e do Paraná. A invasão de Mato Grosso foi uma ação militar
aumentar seu poder de fogo. Suas forças ocuparam a ponta
secundária. O principal teatro de operações da Guerra do Pa-
de Santa Catalina, próxima à foz do rio Riachuelo, afluente
raguai foi o baixo e o médio cursos dos rios Paraguai, Paraná
do rio Paraguai.
e Uruguai. Quem dominasse os rios, ganharia a guerra – daí
a importância da Batalha do Riachuelo. A Batalha foi iniciada pela manhã, sob o fogo da artilharia
situada às margens. O Almirante Barroso teve a iniciativa de
A Esquadra brasileira iniciou a guerra com 45 navios armados,
investir com seu Capitânia, a Fragata “Amazonas”, contra os
entre embarcações a vela e de propulsão mista – a vela e a
navios paraguaios, usando-a como um aríete, inspirado na
vapor. As embarcações, no entanto, não eram adequadas para
estratégia naval usada por Roma contra Cartago, nas Guerras
operar nas condições de navegabilidade restrita e de águas
Púnicas. A manobra inesperada surtiu resultado, e a Esqua-
pouco profundas, como as dos rios Paraná e Paraguai. Além
dra brasileira infrigiu, ainda no primeiro ano de guerra, uma
do perigo de encalhe, os navios possuíam casco de madeira,
pesada derrota aos paraguaios. Ainda que a Guerra tenha se
vulneráveis à artilharia posicionada nas margens. A Esquadra
estendido até 1870, a atuação da Esquadra e de seus homens
paraguaia, por sua vez, possuía 32 navios, incluindo embar-
foi decisiva na definição do conflito. Ao final da Batalha do
cações do Brasil e da Argentina retidas no início da guerra,
Riachuelo, a Esquadra paraguaia estava praticamente ani-
mas apenas um, o “Taquari”, podia ser considerado um na-
quilada, e as rotas de recebimento de armamentos do exte-
vio de guerra. Diante da necessidade de equipamentos mais
rior, bloqueadas.
eficientes, os paraguaios desenvolveram embarcações com
um fundo achatado – as chatas –, sem propulsão, equipadas A Batalha do Riachuelo significou a consolidação do Poder
com um canhão de seis polegadas de calibre. Como a borda Naval brasileiro como parcela fundamental de seu Poder
dessa embarcação ficava próxima da linha d’água, apenas a Marítimo. O “11 de Junho” passou a ser a data magna da Ma-
boca do canhão ficava à vista. Além disso, construíram um rinha do Brasil.
50

51
52

53
Novos desafios da nação moderna Diretrizes para a defesa do Brasil

No início do século XX, quando Campos calibres e à maior quantidade de canhões. águas nacionais, o que motivou a declara- Segundo a Estratégia Nacional de Defesa, a em águas brasileiras ou controladas pelo
Sales assumiu a Presidência (1898-1902), Os cruzadores-encouraçados foram subs- ção de guerra e o envolvimento no conflito tarefa de negação do uso do mar ao inimigo inimigo, e constitui uma ameaça constante
tomou uma série de medidas para o sane- tituídos por pequenos cruzadores e foram mundial. A Marinha do Brasil participou, é, hoje, prioritária, organiza a estratégia de para qualquer força que cruze a área marí-
amento financeiro do Brasil. O processo de escolhidos contratorpedeiros dotados de então, da série de operações realizadas no defesa marítima brasileira e direciona a con- tima de interesse. O seu desenvolvimento
recuperação econômica trouxe esperanças maior deslocamento e em maior número. Atlântico Sul, atuando na defesa dos portos, figuração de nosso Poder Naval. Consiste como arma de guerra, no entanto, teve uma
de prosperidade. No contexto de transição, As embarcações compreendidas eram três no patrulhamento oceânico e na escolta de em dificultar ou impedir que um oponente longa história, repleta de desafios, sempre
havia apenas uma ameaça: o estado de ten- encouraçados Dreadnought da Inglaterra comboios marítimos, de forma isolada ou seja capaz de acessar ou controlar determi- envolvidos numa aura de mistério e poder.
são que se constituía entre a Argentina e o – o “Minas Gerais”, o “São Paulo” e o “Rio integrando a 4ª Esquadra americana. nada área marítima e o principal meio para No Brasil, essa trajetória vem acompa-
Chile em relação às regiões da Patagônia, do de Janeiro” (este não chegou a ser entregue), realizar essa tarefa é o submarino. nhando a história do desenvolvimento do
Durante a Segunda Guerra Mundial, a
Estreito de Magalhães e da Terra do Fogo. cuja pesada blindagem representava enorme País em diálogo constante, porém silencioso,
Marinha incorporou caças-submarino e Com sua capacidade de ocultação, pode
Enquanto os países vizinhos investiam no diferencial militar, três cruzadores Scouts, com as demandas da nação.
contratorpedeiros comprados dos Estados estar sempre presente, sem ser detectado,
poder naval, a Marinha do Brasil ainda se dez contratorpedeiros e três submersíveis.
recuperava dos desafios dos conflitos inter- Unidos pelo Lend and Lease Act,5 espe-
nos e externos que havia enfrentado desde Embora o Programa Naval do Almirante cializados em guerra antissubmarino e
a Independência. Alexandrino não tenha sido aplicado por proteção de comboios, e adaptou diversas
completo, possibilitou à Marinha destaque embarcações para o mesmo fim. O Rio de
Em 1904, o deputado Laurindo Pita apre- no cenário internacional. Por causa dele, em Janeiro foi protegido por uma rede de aço
sentou, no Congresso Nacional, a proposta 1910, tornou-se a terceira maior Marinha do antissubmarino colocada entre a Ilha de
de um poderoso Programa Naval, que refle- mundo em tonelagem. Quando eclodiram Villegagnon e a Praia de Boa Viagem, em
tia concepções estratégicas relacionadas ao as guerras mundiais que envolveriam as Niterói, além de minas flutuantes lança-
poder combatente da Esquadra. Concebido principais nações do mundo, o País estava das e recolhidas a partir da Fortaleza de
pelo Almirante Júlio de Noronha, então preparado para defender seu território e Santa Cruz.
Ministro da Marinha, o programa previa pôde prestar apoio aos envolvidos.
a construção de três encouraçados, três Em função das intensas atividades realiza-
cruzadores-encouraçados, seis contrator- A Primeira Guerra Mundial teve início em das durante a guerra, como adestramentos,
pedeiros, seis torpedeiros de alto mar, seis 1914, mesmo ano em que chegou o primeiro destruição de minas, salvamentos e ações
torpedeiros de porto, três submersíveis, um submersível encomendado à Itália a partir de escolta e proteção, a Marinha teve um
navio carvoeiro e um arsenal terrestre. Dois do Programa Naval do Almirante Alexan- grande salto qualitativo em sua doutrina
anos mais tarde, em 1906, o novo Ministro, drino. O Brasil procurou manter-se neutro nos campos de organização, equipamento,
Almirante Alexandrino de Alencar, em em um primeiro momento, apesar de boa formação e operações, atuando em ação
parceria com o Ministro do Exterior, Barão parte da opinião pública ter simpatia pelos conjunta com o Exército e a Aeronáutica.
do Rio Branco, fez alterações significativas países Aliados (França, Rússia e Grã-Bre-
As evoluções que ocorreram no campo
nas demandas explicitadas no programa. tanha). Inicialmente, a atuação brasileira
naval, na primeira metade do século XX,
no conflito se restringiu a prestar auxílio
No ano anterior, a Batalha de Tsushima, foram de grande importância para que o
aos aliados com gêneros e transporte ma-
travada entre a Rússia e o Japão, havia País tomasse conhecimento do grau de de-
rítimo. Em 1918, no entanto, a campanha
demonstrado mundialmente que o calibre senvolvimento técnico e das ameaças que
submarina alemã atingiu navios mercantes
dos canhões e a maior cadência de tiro poderia vir a enfrentar dali para a frente, a
brasileiros, e o País assumiu o compromisso
prevaleceriam frente às couraças dos na- partir do mar. A inserção do Brasil em con-
de enviar uma Força Naval para patrulhar
vios, isto é, fez valer o maior poder de fogo flitos internacionais de grandes proporções
a costa africana entre Dakar e Gibraltar.
naval. As novas mudanças empreendidas reforçou a importância do Poder Naval como
no programa de 1906 visavam mais do Um dos maiores desafios enfrentados foi a
um braço fundamental da política externa
que dotar a Marinha de poder regional na gripe espanhola, que se alastrou por Dakar
da nação. Todas as transformações daí de-
América do Sul; tinham o objetivo de co- dificultando muito a operação. A doença
correntes foram essenciais para impulsio-
locar o País ao lado das nações mais avan- fez 176 vítimas fatais.
nar o País em direção ao aprimoramento e
çadas do mundo, possibilitando projeção A atuação do Brasil na Segunda Guerra ao reforço de seu próprio Poder Naval, de
internacional. Sob influência dos ensina- foi mais ampla. Em agosto de 1942, navios modo a deixá-lo à altura da necessidade de
mentos de Tsushima, foi dada ênfase aos mercantes brasileiros foram atacados em defesa do País.

5
A Lei de Empréstimos e Arrendamentos foi o instrumento pelo qual os Estados Unidos forneceram empréstimos a algumas nações aliadas para a compra de armas
e outros suprimentos durante a Segunda Guerra Mundial.
54

55
É o valor militar que justifica o submarino
e define sua importância como arma de guerra.
Tenente Engenheiro Naval Emílio Julio Hess

c3
58

59
O imaginário e
a poética dos
submarinos

A alma da arma

O submarino é uma arma envolta numa aura de misté-


rio. Ao longo de séculos e ao redor do mundo, foram
inúmeras as tentativas de conferir valor militar à sua
concepção. O resultado foi uma máquina com características
intrínsecas de ocultação, relativa autonomia, mobilidade tri-
dimensional, capacidade de detecção passiva e enorme poder
de destruição. Aliado a um extraordinário grau de ofensivi-
dade, cada submarino possui uma alma pulsante, formada
por homens valentes, que, pela convivência intensa, desen-
volvem um companheirismo único que lhes forja o caráter.
A audácia e camaradagem desses marinheiros fazem, mais
do que qualquer recurso tecnológico, a força dos submarinos.
60

61
Breve histórico do
emprego de submarinos

Uma embarcação que pudesse submer- materiais e formas necessárias para que
gir na água fazia parte do imaginário um submersível funcionasse adequada-
humano desde, pelo menos, o período mente sob pressão: ele deveria ser de co-
do Renascimento, quando Leonardo Da bre e ter o formato cilíndrico. Durante a
Vinci fez os primeiros desenhos de um primeira Guerra Anglo-Holandesa (1652-
submersível – muito embora existam 1654), o francês Louis de Son construiu
lendas contando que, em torno de 332 um semissubmersível especialmente para
a.C., Alexandre, o Grande, tenha mergu- atacar os navios ingleses sem ser visto: o
lhado em um barril de vidro para estudar Rotterdam Boat. Porém, tudo indica que
a vida marinha. Como arquiteto militar o barco se mostrou impossível de mano-
de Veneza, a proposta de Da Vinci era a brar. Até o século XIX, houve pouco pro-
de um engenho que, submerso, pudesse gresso no aperfeiçoamento desse tipo de
afundar outros navios. embarcação, embora estudos e protótipos
similares tenham surgido em diversos
Esses primeiros projetos permaneceram
locais da Europa.
escondidos durante muito tempo e não
pareciam ter paralelos com a mecânica A Revolução Industrial (1760-1780) co-
conhecida naquele período. A primeira vez locou em cena uma série de progressos,
em que, de fato, foram publicados estudos como a invenção da máquina a vapor,
complexos sobre o tema foi em 1578, no a mecanização da indústria e o desen-
livro Inventions or Devises, do matemá- volvimento dos sistemas de transporte
tico inglês William Bourne. Nesta obra, e comunicação, que diminuíram as dis-
Bourne descreve o princípio segundo o tâncias do mundo.
qual, a partir da alteração do volume da
O primeiro submersível com capacidade
embarcação, ela poderia submergir e re-
de ataque foi criado justamente nesse pe-
tornar à superfície. No entanto, foi apenas
ríodo, durante a Guerra de Independên-
em torno de 1620 que o holandês Corne-
cia Americana (1776-1783). Foi projetado
lius van Drebbel, “inventor” da Corte de
e construído pelo então aluno da Uni-
Jaime I da Inglaterra, construiria o pri-
versidade de Yale, David Bushnell, que
meiro barco capaz de submergir, movido
se dedicava também a estudar a criação
à propulsão de 12 remadores. Não se sabe
de torpedos submarinos. Embora se cha-
ao certo como era feita a circulação de ar
masse “Turtle”, tinha o formato de uma noz
dentro do “Drebbel I”, tampouco como
e era pilotado manualmente por apenas
eram estruturados os remos para impe-
uma pessoa, a qual deveria manejar uma
dir a entrada da água, mas o invento era
complexa combinação de manivelas que
coberto de couro untado e havia relatos
o moviam vertical e horizontalmente. Era
de ao menos uma viagem pelo Tâmisa.
feito de madeira de carvalho, e funcio-
Ainda no século XVII, o padre francês nava a partir de um compartimento que
Marin Mersenne teorizou a respeito dos era inundado por meio de uma abertura
62

63
operada por uma válvula para submergir, havendo também Apenas na virada do século XX, graças às inovações tecnológi-
uma espécie de conduto para a circulação do ar. Para atacar, cas da Segunda Revolução Industrial – como o motor, a bateria
deveria se colocar abaixo do navio inimigo e fixar em seu casco elétrica, a combustão interna, o uso do aço como matéria-prima,
um torpedo acionado por um fusível-relógio, o que permitia ao bem como a automatização de máquinas de diversos tipos –,
“Turtle” fugir antes da explosão. O único ataque aconteceu em foi possível construir o navio precursor dos atuais submari-
1776, provavelmente ao navio britânico “Eagle”, mas a opera- nos. Após anos de pesquisas e experiências, coube ao irlandês
ção não foi bem-sucedida. John Phillip Holland, radicado nos Estados Unidos e conhecido
como “pai do submarino moderno”, a criação do submersível que
Do outro lado do Atlântico, um engenheiro e inventor americano
serviria de exemplo e modelo durante os 50 anos seguintes: a
residente em Paris, Robert Fulton, propôs a Napoleão a cons-
classe “Holland”. Os submersíveis desse tipo possuíam um casco
trução de um submersível para afundar os navios britânicos.
fusiforme e circular, câmaras de fundo duplo de lastro líquido,
O “Nautilus” foi construído entre 1800 e 1801, e trouxe consigo
dois tanques de lastro nas extremidades da proa e da popa para
duas importantes inovações: o formato cilíndrico feito em co-
equilibrá-las quando imersas, lemes horizontais localizados na
bre e ferro, com uma estrutura de lemes horizontais e verticais
popa, complementados, às vezes, com mais dois pares localiza-
e uma garrafa de ar comprimido que permitia um suprimento
dos na proa e com reserva de flutuabilidade de 13 a 25%.
de cinco horas de oxigênio. O “Nautilus” também era movido a
manivela, como o “Turtle”, mas tinha um enorme mastro para Daí em diante, diversos países se empenharam na construção de
navegar na superfície, o que o tornava nada invisível aos ini- submersíveis. Em 1914, ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, a
migos. Por isso, acabou sendo rejeitado pelos franceses, o que Inglaterra já tinha a maior frota de submarinos do mundo, com
levou Fulton a se voltar para a Inglaterra. Entretanto, apesar 74 embarcações em serviço, 31 em construção e mais 14 sendo
dos testes bem-sucedidos, a Marinha Real Britânica não apoiou projetadas. A França, pioneira na construção de submarinos
seu projeto, e o “Nautilus” foi abandonado. com motor a diesel para propulsão de superfície e motor elétrico
para operações submersas, possuía 62 em serviço e nove em
O sucesso no emprego dos submersíveis como arma de guerra
construção. A Rússia contava com 48 embarcações, enquanto a
só ocorreu durante a Guerra de Secessão Americana (1861-1865).
Alemanha tinha 28 em serviço e 17 sendo construídas, Estados
Ambos os lados do confronto construíram seus protótipos,
Unidos, Itália, Japão e Áustria somavam, respectivamente, 30,
que variaram da propulsão a remo até motores elementares
21, 13 e seis em serviço, e dez, sete, três e duas em construção.
a combustão, mas coube aos Estados Confederados do Sul,
em 1864, com o submersível “Hunley”, a façanha de destruir o Esses primeiros submersíveis modernos ainda atingiam baixa
navio “Housatonic” no que foi o primeiro êxito em ataque de velocidade e possuíam pouca capacidade de manobra quando
um submersível. O “Hunley”, a quarta embarcação construída submersos, precisando emergir para atacar. Não há unanimi-
por um consórcio liderado pelo empresário de algodão Ho- dade quanto ao momento e às características que fizeram com
race Hunley, era armado com um lança-torpedos. O primeiro que esses navios, sobretudo a partir da Segunda Guerra Mun-
submersível a concluir um ataque não sobreviveu à ação. dial, passassem a se chamar submarinos, e em alguns idiomas
dificilmente se encontrará essa distinção.
64

65
O emprego da arma

Em uma época em que uma marinha era valorizada pelo seu ta-
manho e pelo poderio de seus navios, o submarino surgiu como
arma ultrajante e desonrosa. O ataque quase invisível, incapaz
de graduar força, era tido como digno de nações mais fracas. Po-
rém, durante a Primeira Guerra, a Alemanha o empregou estra-
tegicamente, em apoio à Esquadra. O modelo “U-Boat”6 possuía
139 pés de comprimento, deslocava 239 toneladas, tinha uma
velocidade de superfície de 11 nós e uma velocidade submersa
de nove nós. Essas potentes máquinas furaram o bloqueio im-
posto pela Inglaterra, fazendo com que a marinha inglesa per-
desse o domínio do Mar do Norte. O submarino teve, então, sua
efetividade comprovada.
A visão do submarino como ameaça se consolidou de tal modo
que a Inglaterra, dona da maior esquadra do mundo, tentou
proibir sua construção por outras nações. No entanto, apesar
das regras impostas para o controle de armas, o uso do sub-
marino se ampliou e muitas marinhas do mundo o adotaram,
inclusive a do Brasil. O motor a diesel, combinado com o motor
elétrico, passou a ser o padrão empregado.
A Segunda Guerra Mundial marcou o emprego extensivo de
submarinos, que ia desde o treinamento de forças antissub-
marino até a defesa de costa, além de diversas operações de
oposição aos submarinos do Eixo. O esnórquel – um sistema
de admissão de ar e descarga de gases em imersão, que tornava
possível a recarga das baterias sem necessidade de voltar à
superfície – aparece como um dos principais avanços tecno-
lógicos que tornava o submarino independente da navegação
na superfície, alcançando plenamente seu propósito.

6
Abreviação para Unterseeboot que, em alemão, significa “barco debaixo de água”.
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69
Os primórdios dos submarinos no Brasil

Na virada do século XIX para o XX, o oficiais defendiam a aquisição de submer-


Brasil era uma jovem República, cuja ori- síveis para a Marinha de Guerra e sua
gem colonial, ainda bastante próxima, o inclusão no programa de aparelhamento.
deixava um pouco à margem dos grandes
Durante quase duas décadas, Luís Jacinto
avanços percebidos a partir da Segunda
Gomes, Oficial-de-Marinha, desenvolveu
Revolução Industrial, que tanto impulsio-
um projeto de submarino. Seus modelos
naram a ciência e a tecnologia. O Brasil,
foram testados e tiveram um sucesso tão
País majoritariamente rural, vivia uma
grande que, em 1901, a Marinha autorizou a
grave crise financeira e ainda precisava
construção de um protótipo no Arsenal de
viver sua própria Revolução Industrial
Marinha. A falta de verbas, no entanto, im-
para que pudesse ser reconhecido ao lado
possibilitou sua realização. No mesmo ano,
das grandes nações civilizadas no mundo.
o ex-Oficial Luís de Mello Marques cons-
Em 1898, Campos Salles assumiu a pre-
truiu um modelo de submarino “Holland”
sidência, impondo uma série de medidas
modificado. Contudo, o projeto mais notável
em busca de estabilização política e de
foi o do então Tenente Engenheiro Naval
crescimento econômico, gerando um ciclo
Emílio Júlio Hess, que, com um aguçado
de prosperidade que impulsionou diver-
raciocínio militar, se empenhou na aplica-
sos setores, sobretudo o naval.
ção eficiente do submarino como arma de
Nesse período, as principais teorias de guerra. Sua principal inovação foi a “Caldeira
estratégia naval defendiam a aquisição Hess”, uma tecnologia para motor a vapor
de grandes encouraçados de aço e atribu- que unificava os modos de navegação em
íam pouca importância aos submersíveis. superfície e em imersão. O projeto do sub-
Isso não impediu que alguns oficiais da mersível “Hess” foi aceito pela Marinha em
Marinha do Brasil se dedicassem apai- 1905 e interessou a consórcios internacio-
xonadamente à pesquisa e construção nais, mas como seus precursores, também
de protótipos, ao mesmo tempo em que não foi concluído.
as principais Marinhas do mundo in-
Apenas em 1914 o Brasil entrou no grupo
vestiam para dotar suas Armadas deste
dos países capazes de operar a nova tec-
instrumento de guerra.
nologia, com a chegada dos primeiros
Desde 1891, o então Tenente Filinto Perry submersíveis encomendados à Itália, em
promovia uma campanha naval para meio a um grande Programa de Construção
aquisição de submersíveis para o Brasil. Naval que, desde 1904, vinha fortalecendo
Suas publicações na imprensa trouxeram o Poder Naval do País. Ao longo do século
o assunto para o centro do debate sobre seguinte, a nova arma impulsionaria uma
o reaparelhamento naval da época, des- série de transformações na estrutura da
pertando o interesse da Marinha, da Di- Marinha brasileira, silenciosamente for-
plomacia e do Senado brasileiro. Alguns talecendo o desenvolvimento nacional.
70

71
O imaginário e a po ética da vida submersa

Ao navegarem invisíveis e silenciosos, os Atrás da arma estão, portanto, pessoas. elas fortalecem o espírito de equipe des-
submarinos são os meios indicados para São elas que operam, apoiam e asseguram ses homens treinados para a escuridão.
negar aos inimigos o uso do mar e, com o funcionamento de todos os sistemas Os submarinistas possuem um espírito
isso, uma das mais poderosas armas do empregados nos submarinos. A opera- de camaradagem que pauta seu com-
mundo contemporâneo. Para fazer frente ção submersa é um risco constante e, por portamento e sua ética, mesmo fora do
a um único submarino, é preciso reunir isso, a coesão do grupo é fundamental. A mar. São conhecidos por sua franqueza,
uma força composta de unidades em nú- condução dessas armas é extremamente pelo zelo que têm uns pelos outros – são
mero e capacidade que assegurem grau complexa e cada elemento de uma tripu- próximos e amigos, conhecem-se pelo
de proteção aceitável. lação tem um papel a cumprir para seu nome, sabem de suas forças e fraquezas
bom andamento – do marujo responsá- – e, mais ainda, pela vocação.
É rico o imaginário em torno dos sub-
vel pela manobra da válvula correta ao
marinos. A perspectiva de não ser visto Ao transformar o submarino em um
cozinheiro que zela pelo bem estar do
e poder, portanto, estar em qualquer lu- espaço de convívio, a tripulação passa
grupo; do Comandante, que idealiza a
gar, aliada à habilidade de se mostrar a realizar, paralelamente às atividades
operação, ao Oficial que participa de sua
somente quando necessário, contribuem operacionais, suas práticas navais, cul-
condução. Qualquer erro pode ser fatal e
para envolvê-los em uma aura de mistério turais e religiosas. A motivação é um
é preciso muito preparo e sintonia para
e temor. Para além de sua capacidade de elemento crucial para manter a coesão
orquestrar a sinfonia silenciosa que é um
destruição, a mera possibilidade da pre- e a confiança do grupo e é trabalhada
submarino no mar.
sença de um submarino basta para evitar e estimulada através da tradição naval.
um conflito e promover a paz. Os submarinos reinam onde poucas ou- Os cascos de aço guardam a valentia e
tras máquinas podem operar: nas pro- a coragem de homens cuja paixão pelo
Se o imaginário é rico, a operação é ex-
fundezas dos oceanos. É na escuridão ofício empresta às máquinas seus valores
tremamente complexa e pressupõe uma
abaixo d’água, onde a ausência de visão é e características. O amor pela profissão
estrutura madura e eficaz para adminis-
compensada pelos mais diversos instru- é o que os une na distância das famílias
trá-la. Um país que domine tecnologia e
mentos, que eles apresentam sua melhor e do conforto do lar, na coragem frente
capacidade de projetar e construir uma
performance. Submersos, são invisíveis; às adversidades e na gana de superação.
arma desse porte pressupõe uma indústria
a discrição é sua maior força. Só podem
capaz de forjar materiais pesados e lidar A vida submersa traz consigo uma po-
ser detectados por sonares e possuem
com tecnologias caras e especializadas; ou ética particular, que mistura confiança,
comunicação seletiva com o mundo ex-
seja, a existência de um Poder Naval forte cumplicidade, dedicação e força, con-
terior. São concebidos para permanecer
e estruturado. Mas, além disso, é preciso tagiando seu entorno. Entre o fascínio
assim por longos períodos, nos quais dia
ter técnicos das mais diversas especiali- pelo trabalho e as adversidades que en-
e noite se confundem, e o cotidiano dos
dades, equipes e meios de resgate, salva- frentam os submarinistas, cria-se uma
tripulantes é balizado pelos turnos de
mento e socorro, médicos habilitados com relação de identidade, intimidade e per-
trabalho e pelas refeições, sempre em
infraestrutura adequada ao tratamento em tencimento que os faz “marinheiros até
prontidão e atentos à sobrevivência e ao
condições particulares, a capacidade de debaixo d’água”, como no lema “usque ad
bem estar do grupo. Se a vida em confi-
levar a cabo operações especiais e contar, sub acquam nauta sum”.
namento e a atenção constante impõem
sobretudo, com apoio logístico; tudo fun-
regras de convivência bastante duras,
cionando segundo sólida doutrina.
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75
T odas as vezes em que mergulho num assunto refe-
rente à Força de Submarinos, seja envolvendo seus
meios navais, ou mesmo as organizações subordina-
das, move-me um sentimento de profundas saudades. Os
anos dos quais desfrutei na honrosa carreira que escolhi –
vida de uma tripulação, caso não sejam executados com pre-
cisão. Tudo isso inspira uma grande confiança naqueles que
são adestrados, treinados para desempenhar as complexas e
diversas fainas e atividades. A segurança, enfatizo, tem sem-
pre prioridade em quaisquer circunstâncias.
ora embarcado, comandando, servindo na Base “Almirante Poderíamos dizer que daí surgem as diferenças que distinguem
Castro e Silva” (BACS), no Estado-Maior, como instrutor, ou os homens treinados para operar submarinos, muito embora
nos cursos e comissões realizadas na US Navy e na Royal não se considerem melhores nem piores que seus colegas e
Navy – trazem-me belas recordações, que me inspiram a usar companheiros de superfície. Sendo diferentes e tendo se en-
novamente os imaculados uniformes que tive o orgulho de gajado na Força como voluntários, vibram com muita intensi-
vestir por mais de 45 anos. dade em todas as manobras ou fainas que porventura realizem
e, vivendo num ambiente fechado, confinado, durante longos
Sem dúvida alguma, o submarino, como elemento surpresa, é
períodos de tempo, sobressai uma forte união entre eles. Desta
uma poderosa arma de guerra. Uma de suas principais tare-
forma, suas amizades parecem ser eternas e o companheirismo
fas é negar ao inimigo o uso do mar. Embora a nossa Força de
torna-se sensacional.
Submarinos não possua, atualmente, todos os meios de que
precisaria para enfrentar, simultaneamente, as várias mis- Por outro lado, comportam-se com marcante cuidado e pro-
sões que lhes são pertinentes, eu diria que ela é muito rica em fundo respeito, sempre demonstrando entusiasmo, coragem,
exemplos e tradições, dentre os quais se destaca a constante tenacidade, audácia e habilidade para contornar as dificul-
dedicação às suas causas. É dessa forma que costumo defini-la. dades e os desafios com os quais eventualmente se deparam.
A Força sempre foi e será da maior importância para o nosso Por tudo isso, os que estão servindo ou irão servir em Mo-
Poder Naval. Estou seguro de que este componente da Es- canguê Grande deverão manter aquele especial “espírito de
quadra vem sendo sustentado, ao longo dos anos, por um corpo” e, confiantes num futuro promissor para a Marinha
arraigado “espírito de corpo” bastante especial, mesmo em do Brasil, enorme dedicação. Deverão visar constantemente
situações difíceis. Seus servidores, oficiais e subalternos, têm o engrandecimento, sobretudo frente à incorporação do pri-
a ventura de pertencer, sem qualquer modéstia, a uma das meiro submarino de propulsão nuclear, desde há muito uma
elites da nossa Marinha. das principais aspirações do País.
Vejo a tripulação de um submarino podendo ser comparada a Este ano é um momento de júbilo, quando se comemora o
um time no qual seus jogadores não devem falhar. Em outras Centenário da Força de Submarinos. Nesta ocasião, também
palavras, o sucesso de um submarino depende fundamen- devem ser lembrados aqueles que motivaram as Autoridades
talmente do trabalho em equipe, cujo aprendizado deve ser Navais do passado a decidirem pela criação desse tão necessá-
constantemente aprimorado e atualizado. Cada exercício, cada rio e importante componente da Marinha: Emilio Hess, Mello
manobra, pode comprometer a segurança ou mesmo custar a Marques e Jacinto Gomes.

A lm i r a nte-de-Esqu a dr a
A lfredo K a r a m
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77
Nunca engenho de destruição fez dar ao homem
mais largo passo para os seus ideais de civilização.
Almirante Filinto Perry

c4
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81
A Força de
Submarinos do Brasil

O Brasil entrando
no contexto mundial

E mbora a maior parte da população brasileira, no início


do século XX, vivesse nos campos, as elites intelec-
tuais e políticas sempre mantiveram intensa troca de
conhecimento e experiências com o resto do mundo. Tradi-
cionalmente, eram enviadas para estudar nas grandes uni-
versidades europeias e muitas vezes se mantinham mais pró-
ximas das discussões e debates ambientados na França ou na
Inglaterra, por exemplo, do que no interior do Brasil. Assim,
não é de se admirar que brasileiros tenham, desde o final do
XIX, dedicado-se a desvendar os mistérios da construção e
da operação de embarcações que pudessem submergir, em
sintonia com as mais modernas teorias em desenvolvimento
ao redor do mundo.
O Brasil, ansioso por finalmente tomar parte no grupo das
nações ditas modernas, empreende uma série de transfor-
mações para fortalecer sua economia e, com ela, assumir
um papel de maior destaque no mundo. A decisão de dotar
o País com submarinos se deu nesse contexto. Ao longo do
século, o uso do submarino se consolidou e se desenvolveu,
prestando valiosos serviços à nação e confundindo-se com
a história de seu progresso.
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83
Da criação da Flotilha de
Submersíveis à Flotilha de Submarinos

Os primeiros submersíveis chegaram ao Os “F” eram submersíveis costeiros, de Spezia ao Rio de Janeiro, sem comboio
Brasil em 1914, no âmbito de programas defesa do porto, com 370 toneladas, movi- ou escalas. Assim que chegou à Baía de
que vinham, desde 1904, aparelhando dos a propulsão diesel-elétrica, munidos Guanabara, após 23 dias de percurso, foi
a Marinha para resolver o problema do com dois tubos de torpedos. Eles submer- recebido por jornalistas, altos oficiais da
atraso tecnológico vivido pelo Poder Na- giam cerca de 40 metros, navegavam a Marinha e pelo embaixador da Itália no
val desde o final do século XIX. até nove nós quando mergulhados e atu- Brasil, Bernardo Attolico.
aram, principalmente, no treinamento e
As embarcações foram encomendadas ao A diferença entre submersíveis e sub-
no adestramento das tripulações, além de
estaleiro Fiat – San Giorgio, em La Spezia, marinos reside na autonomia quando
participarem de comissões de vigilância
Itália. Em 1911, o Capitão-de-Corveta Filinto submersos. Embora a distinção não seja
e patrulhamento dos arredores do porto
Perry foi nomeado chefe da subcomissão tão clara em outras línguas, o termo “sub-
do Rio de Janeiro durante a Primeira
que deveria fiscalizar a construção dos marino” é usado para diferenciar as em-
Guerra Mundial.
três submersíveis que seriam trazidos barcações dotadas de grande autonomia
para o Brasil, bem como estudar capaci- A fim de servir de base de apoio móvel embaixo d’água. Na maioria das vezes, os
dades e os procedimentos relacionados ao para os submersíveis, tanto para salva- submersíveis mergulhavam apenas para
emprego dos novos navios. Afinal, não mento quanto para reparos, a Flotilha atacar, passando a maior parte do tempo
bastava encomendar as novas armas, era incorporou, em 1917, o Tender “Ceará”. navegando na superfície em função da
preciso saber operá-las. No dia 11 de ju- As instalações da Escola de Submersíveis disponibilidade de ar respirável.
nho de 1913, Perry participou, na Itália, da foram transferidas para o Tender, onde
Em 1933, os “F” foram desativados e a
cerimônia de entrega do primeiro desses permaneceram até 1937. Este navio, o
Flotilha de Submarinos, extinta. Seus
submersíveis, o “F1”, que chegou ao Brasil único do tipo no País, foi construído para
cascos foram afundados para servir de
transportado pelo navio francês, “Kan- permitir que os submersíveis pudessem
alicerce para o cais da Escola Naval. No
garoo”, especialmente construído para entrar pela sua popa e lá permanecerem
entanto, o Tender “Ceará” e o Submarino
transporte de submarinos por grandes docados para testes e reparos. Contudo,
“Humaytá” permaneceram em atividade
distâncias. Os outros “F” – como ficaram não há registro de docagem de um “F” no
sob a administração do Comando da De-
conhecidos os outros submersíveis da interior do “Ceará”.
fesa Móvel do Porto do Rio de Janeiro,
classe “Foca” –, “F3” e “F5”, só chegaram
Em 1928, a Flotilha de Submersíveis e a subordinado ao Chefe do Estado-Maior
ao Brasil no ano seguinte.
Escola de Submersíveis passaram a se da Armada. Em 1937, a incorporação dos
Assim, em 17 de julho de 1914, foi criada a chamar, respectivamente, Flotilha de Sub- submarinos da classe “Perla”, também de
Flotilha de Submersíveis, comandada por marinos e Escola de Submarinos, já que a origem italiana, motivou a recriação da
Filinto Perry, subordinada ao Comando Armada aguardava a chegada de um sub- Flotilha de Submarinos. A classe ficaria
da Defesa Móvel e sediada na Ilha de marino oceânico encomendado à Itália. O conhecida como “T”, em razão dos nomes
Mocanguê Grande, em Niterói. Com sua Submarino-de-Esquadra “Humaytá” era de suas embarcações: “Tupy”, “Tymbira”
criação, iniciaram-se os preparativos para um submarino mineiro de grande porte e “Tamoyo”.
também fundar a Escola de Submersíveis, para a época e chegou ao Brasil em 18
que formou a primeira turma de oficiais de julho de 1929, após ter cumprido uma
submarinistas em 1915. travessia de 5.100 milhas náuticas, de La
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Base Almirante Castro e Silva

Com a chegada da Classe “T”, a Escola e mente a vida da BACS, que teve que se
a Flotilha foram transferidas para a Ilha adaptar às obras e ser urbanizada para a
das Cobras, na Baía de Guanabara. No passagem de viaturas.
dia 6 de maio de 1941, foi criada a Base da
Outro marco se deu ainda nos anos 1970,
Flotilha de Submarinos, ainda sem sede quando foi criada a Estação Naval do Rio
própria. Em 1943, começaram as obras de de Janeiro, em 1977, que posteriormente
construção das instalações da Base, que, mudou sua designação para Base Naval
três anos depois, passaria a se chamar do Rio de Janeiro, na Ilha de Mocanguê
Base “Almirante Castro e Silva” (BACS), Pequeno. A Estação inspirou a criação
em homenagem póstuma ao Almirante do Complexo de Mocanguê, cujo Plano
José Machado de Castro e Silva, antigo Piloto de 1981 estabelecia a ampliação
Comandante da Flotilha de Submersíveis das tarefas da BACS. De reparos a ma-
e do Tender “Ceará”. Concluídas as obras, nutenção dos submarinos, a Base ficou
a BACS se instalou, em janeiro de 1947, também responsável pelos reparos de
na Ilha de Mocanguê Grande. O Sub- segundo escalão de todos os navios com
marino “Tupy” foi o primeiro a atracar sede no Rio de Janeiro.
na nova Base.
A BACS tem a missão de oferecer apoio
Durante a década de 1970, a BACS passou administrativo ao Comando da Força de
por importantes transformações. A partir Submarinos e suas Organizações Milita-
da aquisição do “Humaitá”, submarino res (OM) subordinadas. Provê os serviços
da classe “Oberon”, seu cais sofreu uma de manutenção e reparo, de escafandria
ampliação. As obras tiveram início em e de medicina submarina, a fim de con-
1972 e o cais passou a dispor de mais de tribuir para o aprestamento dos meios
70 metros. A construção da Ponte Pre- navais e para a manutenção das outras
sidente Costa e Silva, que ligou o Rio de OM subordinadas ao Comando da Força
Janeiro a Niterói, alterou significativa- de Submarinos.
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A Flotilha na SEGUNDA Guerra Mundial

O Brasil teve participação intensa na de Instrução Tática Antissubmarino


Segunda Guerra Mundial, que se iniciou (EITAS) e, em seguida, em 23 de outu-
antes mesmo do corte das relações diplo- bro de 1943, no Rio de Janeiro, o Centro
máticas com os países do Eixo, em 28 de de Instrução de Guerra Antissubmarino
janeiro de 1942. Desde o ano anterior, a (CIGAS),7 atual Centro de Adestramento
Marinha já patrulhava as águas do Sa- Almirante Marques de Leão (CAAML),
liente Nordestino (desde o Rio Grande ambos nos moldes da Escola de Som de
do Norte até Alagoas) em busca de sub- Key West.
marinos alemães, temendo que algum
Durante a Guerra, foi criado o Comando
ataque cortasse linhas de fornecimento
Naval do Centro, subordinado à 4ª Es-
e provocasse o racionamento de com-
quadra americana, incluindo a defesa
bustível e alimentos. O País era muito
flutuante do Rio de Janeiro e a Flotilha
dependente do comércio exterior e qual-
de Submarinos, além da base de navios
quer bloqueio seria uma grave ameaça
mineiros, seis contratorpedeiros, dois
ao seu desenvolvimento.
navios-transporte e o Tender “Ceará”.
A guerra se destacou pelo emprego mas- Os submarinos da classe “T” participa-
sivo de submarinos e, com ele, de táticas ram intensamente do adestramento de
antissubmarino. Antes desse conflito, a escoltas a comboios e de tática antis-
Marinha do Brasil não possuía recursos submarino para unidades de superfície
para a guerra antissubmarino. A capa- e aeronaves, trabalhando em conjunto
citação foi iniciada na Flórida, nos Es- com as equipes adestradas pelo EITAS e
tados Unidos, na Escola de Som de Key pelo CITAS. Caças-submarino de cascos
West e no Centro de Adestramento de de aço e de madeira também atuaram ao
Miami, onde guarnições de brasileiros lado da 4ª Esquadra contra as forças do
tripularam os primeiros caças-submarino Eixo, operando intensamente em todo o
adquiridos dos Estados Unidos. Depois litoral e até mesmo em áreas marítimas
disso, foi instalada no Recife a Escola de países aliados.

7
O Centro ainda foi chamado de Centro de Instrução de Tática Antissubmarino (CITAS), antes de receber sua denominação atual de CAAML.
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A Força de Submarinos e a evolução de suas classes

Em 1955, a Flotilha de Submarinos incor- foi o primeiro a ter sua superestrutura O NSS “Gastão Moutinho” possuía uma
porou a Corveta holandesa “Imperial Ma- modificada, em 1966, com a substituição câmara de salvamento, o sino de mergu-
rinheiro” para substituir o Tender “Ceará” do cigarette deck pela vela hidrodinâmica lho, que permitia que os resgates fossem
no salvamento de submarinos, além de metálica e pela elevação do valvulão, o realizados sem qualquer exposição à va-
novos submarinos da classe “Fleet-Type”, que impedia alagamentos na navegação riação de pressão. Além das atividades de
de origem norte-americana, empregados de superfície. Era a primeira vez que um apoio aos submarinos, o navio participou
na Segunda Guerra Mundial e cedidos “Fleet-Type” passava por reforma fora dos de comissões arqueológicas. Paralela-
pelo governo dos Estados Unidos. As no- Estados Unidos. mente, a Escola de Submarinos começou
vas embarcações possuíam grande raio de a realizar seus primeiros esforços para a
Na década de 1970, a Força de Submari-
ação e seus equipamentos e sistemas, mais construção de um tanque de treinamento
nos comprou mais sete unidades de uma
avançados, permitiram modificações táticas de salvamento.
nova classe norte-americana, os Greater
importantes na estrutura da Flotilha, bem
Underwater Propulsion Power, conheci- No final da década de 1960, o Brasil havia
como na formação dos próprios submari-
dos como “Guppy” – ou, no Brasil, classe assistido a um período de grande cresci-
nistas. Os novos submarinos receberam os
“Guanabara”. As novas embarcações cha- mento econômico e investimento em infra-
nomes “Humaitá” (S14) e “Riachuelo” (S15).
maram-se “Guanabara” (S10), “Rio Grande estrutura, com atenção especial à indústria
A década de 1960 chegou trazendo im- do Sul” (S11), “Bahia” (S12), “Rio de Janeiro” naval. Em 1968, foi aprovado um novo Pro-
portantes avanços. Em 1963, a Flotilha de (S13), “Ceará” (S14), “Goiás” (S15) e “Ama- grama de Construção Naval e teve início o
Submarinos passou a se chamar Força de zonas” (S16). A novidade mais importante processo de aquisição de três submarinos
Submarinos; foi criada a Escola de Subma- que trouxeram foi o sistema esnórquel, da classe inglesa “Oberon”, que ficaria co-
rinos como organização militar autônoma que possibilitava renovar o ar e recarregar nhecida no Brasil como “Humaitá”.
na estrutura do Ministério da Marinha as baterias com muito mais discrição que
O “Humaitá” (S20), o “Tonelero” (S21) e o
e foram recebidos mais dois submarinos os submarinos anteriores, sem que fosse
“Riachuelo” (S22) permitiram um salto
norte-americanos da classe “Fleet-Type”, necessário emergir totalmente. O “Rio
tecnológico imenso, sobretudo na área de
o “Rio Grande do Sul” (S11) e o “Bahia” Grande do Sul” foi o primeiro submarino
detecção acústica e eletromagnética, intro-
(S12). A principal diferença em relação aos brasileiro a operar com esse sistema.
duzindo uma série de sensores e equipa-
submarinos “Humaitá” e “Riachuelo” era Nessa mesma época, também foi adqui- mentos eletrônicos altamente sofisticados.
uma evolução na capacidade de detecção rido o Navio de Salvamento de Subma- Além disso, era dotado de um sistema de
do sonar. Isso significava um potencial de rino (NSS) “Gastão Moutinho”, navio da direção de tiro com computação digital e
discrição consideravelmente maior, pois classe “Penguin”, que substituiria a Corveta de um comando central unificado para as
tornava possível o ataque mergulhado “Imperial Marinheiro”. Este foi o primeiro manobras dos lemes vertical e horizontal,
abaixo da cota periscópica, sob orientação navio de socorro de submarinos que a Ma- conhecido como Controle de Governo e
apenas de sonar (ataque sonar). Os outros rinha Brasileira possuiu e havia prestado Profundidade (CONGOP). Com os subma-
submarinos “Fleet-Type” só podiam atacar importantes serviços aos Estados Unidos, rinos da classe “Oberon”, a Força de Sub-
na cota periscópica. Os novos submarinos de 1945 a 1973, com o nome “USS Skylark” marinos entrou na era da informática, al-
passaram por reparos no Arsenal de Mari- (ASR-20), quando veio para o Brasil.8 cançando um enorme avanço operacional.
nha do Rio de Janeiro. O Submarino “Bahia”

8
O “USS Skylark” estava presente no acidente com o submarino nuclear americano “USS Thresher”, que afundou com uma tripulação de 129 pessoas enquanto fazia
testes de mergulho em alta profundidade.
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Centro de Instrução e Adestramento Guerra Fria
“Almirante Áttila Monteiro Aché”

Em 1963, a Escola de Submarinos se tornou Finda a Segunda Guerra Mundial, a tensão entre os Estados
uma Organização Militar independente, Unidos e a então União Soviética, regidos por sistemas econô-
subordinada diretamente ao Comando mico-sociais antagônicos, tornou-se irreconciliável e o mundo
da Força de Submarinos. Dez anos mais foi dividido em dois blocos, de acordo com a influência desses
tarde, a Escola passou a se chamar Cen- dois países. Nesse cenário, havia a consciência de que essa ten-
tro de Instrução e Adestramento de Sub- são não poderia ser resolvida militarmente. Ambas as potências
marinos e Mergulho (CIASM) e ganhou possuíam um arsenal nuclear que tornava uma possível guerra
instalações próprias, construídas ao longo letal para toda a humanidade. A tensão foi, assim, deslocada
da década. Em 1978, teve seu nome alte- para a competição por áreas de influência, sobretudo do ponto
rado para o atual, Centro de Instrução e de vista econômico e tecnológico.
Adestramento “Almirante Áttila Monteiro O Brasil, como parte do mundo democrático ocidental, aliou-se
Aché” (CIAMA). aos Estados Unidos. Nesse período, a Marinha do Brasil manteve
O CIAMA, acompanhando as mudanças e intenso intercâmbio com a Marinha norte-americana, concen-
as novas necessidades da Marinha, foi se trando grandes esforços em táticas de guerra antissubmarino,
tornando uma estrutura mais complexa ao devido à ameaça soviética. Diversos oficiais brasileiros foram
longo do tempo. Aí são formados submari- enviados aos Estados Unidos para participar de cursos e ades-
nistas, mergulhadores, mergulhadores de tramentos, assim como equipes e unidades norte-americanas
combate e médicos hiperbáricos. Além de começaram a vir ao Brasil para participar de operações e ati-
atuar na formação e no adestramento nas vidades diversas.
áreas correlatas às atividades da Força de Durante esse período, surge, ainda, a ameaça do submarino
Submarinos, também é responsável pela nuclear, que combatia em águas profundas, podendo atacar
realização de testes e pesquisas e pelas linhas de comunicação marítimas aliadas com mais discrição.
inspeções para assessoria de segurança e O desafio que impunham esses submarinos inspirou o desen-
de adestramento. O fomento à pesquisa e volvimento de sensores e novas tecnologias. Inspirou também
o estímulo ao conhecimento são também outros países a se lançarem em pesquisas para o domínio do ci-
suas tarefas. clo nuclear, como foi o caso do Brasil. O programa para a cons-
trução do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro
foi iniciado na década de 1970.
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Grupamento de Mergulhadores
de Combate

No dia 3 de abril de 1970, foi criada a Divisão de Mergulhado-


res de Combate da BACS, mas o primeiro curso de mergulha-
dor de combate só foi realizado quatro anos depois. Em 1983,
atendendo às demandas crescentes da Esquadra, a Divisão de
Mergulhadores de Combate se expandiu, transformando-se no
Grupo de Mergulhadores de Combate. Em 1997, o Ministério
da Marinha criou formalmente o Grupamento de Mergulha-
dores de Combate (GRUMEC), que passou a ser, em março de
1998, uma Organização Militar.
Os mergulhadores de combate são os responsáveis pelas ope-
rações especiais partindo do mar. Sua função é se infiltrar em
qualquer tipo de território de fronteira aquática, seja em áreas
litorâneas ou ribeirinhas, para atividades de reconhecimento,
neutralização e destruição de alvos de valor estratégico. Muitas
das operações especiais das quais participam são de grande
risco, como a retomada de navios, instalações navais, plata-
formas de petróleo e o resgate de reféns. A importância das
operações especiais, de guerra não convencional, tendo em
vista as novas ameaças à paz e à estabilidade mundial, vem
se mostrando crescente ao longo das últimas décadas.
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Submarinos construídos no Brasil

Ao final dos anos 1970, a Força de Sub- (S30) em Kiel, Alemanha, incorporado em
marinos contabilizou dez submarinos em 1989 à Esquadra. Trata-se de uma das mais
operação, provenientes de duas classes modernas classes de submarinos conven-
diferentes, “Guppy” e “Oberon”. O Bra- cionais em operação no mundo, capaz de
sil já possuía tecnologia e conhecimento atingir altas velocidades em imersão e
para realizar reparos e manutenção nesses operar em grandes profundidades, além
submarinos, mas isso ainda não garantia de possuir sensores e equipamentos de
a autonomia necessária para tornar o País última geração.
a potência marítima que suas dimensões
O “Tamoio” (S31) marcou o ingresso do
e sua história exigiam. A capacidade de
Brasil no pequeno grupo dos países com
construção naval, tanto mercante, quanto
autonomia e tecnologia para a construção
militar, é imperativa para que o Poder
de seus próprios submarinos, sendo o pri-
Marítimo de um país se traduza em de-
meiro no hemisfério sul. Seguiram-se a ele
senvolvimento. Era chegada a hora de o
o “Timbira” (S32), o “Tapajó” (S33) e o “Ti-
Brasil investir na construção de seus pró-
kuna” (S34). Este último foi uma evolução
prios submarinos.
do projeto original do “IKL”, com arranjo de
Em 1982, o governo brasileiro assinou propulsão de maior potência, que garante
um acordo com o consórcio alemão Fer- ainda mais velocidade, silêncio e discrição.
rostaal/HDW para a construção de um Além disso, o “Tikuna” recebeu sistemas
submarino “IKL” na Alemanha e outro no mais modernos, contando com maior ín-
Brasil. Três anos mais tarde, foi assinado dice de automação.
outro acordo, que previa a construção de
Nessas novas construções, foram sendo
mais três “IKL” no Brasil. Paralelamente,
incorporadas pequenas melhorias suge-
em 1988, foi adquirido, da Dinamarca,
ridas a partir da operação dos primeiros
o Navio de Socorro Submarino “Felinto
“IKL”, o que fez com que esses submarinos
Perry”, único na América do Sul capacitado
fossem plenamente adaptados ao ambiente
para resgatar tripulações em submarinos
de operação brasileiro. Foi, sobretudo, a
sinistrados, representando um importante
experiência com a construção dessa classe
passo para a autonomia naval brasileira.
no País que possibilitou a perspectiva de
Técnicos e oficiais brasileiros acompanha- autonomia na construção do submarino
ram a construção do submarino “Tupi” nuclear brasileiro.
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EVOLUÇÃO NO REPARO
Dos SUBMARINOS

O Submarino “Tupi” iniciou o seu pri-


meiro Período de Manutenção Geral
no dia 2 de dezembro de 1996, após o
encerramento do seu primeiro ciclo de
operação. Durante a imobilização no
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro,
adotou-se, de forma pioneira, a opção de
corte do casco resistente entre as duas
seções mais de ré, de forma a facilitar as
manutenções programadas e diminuir
o tempo de indisponibilidade do sub-
marino. O casco foi unido e ressoldado
através de moderna ténica de metalurgia,
garantindo sensível avanço tecnológico
à construção naval brasileira. O “Tupi”
retornou à Força de Submarinos em 13
de novembro de 2001, pronto para mais
um ciclo de vida.
Em 30 de maio de 2005 o AMRJ, de
forma a modernizar o processo de re-
paro de submarinos, adotou a técnica
de “Load-In”. O Submarino “Timbira”
foi, ao final de seu primeiro ciclo de
operação, colocado em seco, dentro do
galpão da Gerência de Construção de
Submarinos, onde havia sido constru-
ído, para iniciar o seu primeiro PMG. A
nova técnica, que permitiu que todo o
submarino fosse colocado em ambiente
controlado, diminuindo o desgaste e
facilitando a manutenção, abreviou em
muito o reparo. Em meados de 2007 o
“Timbira” já estava pronto para iniciar
suas provas de mar e, no início de 2008,
partia para sua primeira comissão longa,
a Deployment USA 2008.
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105
Veia de caçador

“Na ânsia de não deixar à vista a marca para fins limitados tinham se transfor- sistema de combate do submarino e das
branca do periscópio, conservava o navio mado em navios de considerável raio de filmagens e fotografias.
entre as cotas de 6 e 7 metros, aumentando ação. O submarino não mais se confinava Três exemplos recentes de afundamen-
ou diminuindo a sua marcha, enquanto ao papel defensivo, afirmara-se, então, tos de navios por submarinos brasileiros,
determinava os elementos do alvo, para como arma ofensiva de valor extraordi- realizados em exercícios, mostram o po-
daí concluir qual o ângulo que deveria nário. Desde o começo de seu emprego der de destruição dos torpedos pesados.
botar no periscópio para fazer com que em guerras, o submarino afundou mais
os torpedos passassem a meio do alvo. navios do que qualquer outro meio de O Submarino “Amazonas” afundou o
Determinada a distância de tiro pelo nú- destruição. casco do Ex-CT “Santa Catarina”, em 20
mero de divisões que continham ao alvo, de março de 1990, utilizando um torpedo
Os torpedos, inicialmente concebidos para MK-14 de origem norte-americana. Esse
mandei abrir as comportas, carregar as
percorrer um curso fixo, ditos de corrida torpedo foi usado amplamente como
ampolas de lançamento, fiz a pontaria e,
finalmente, fogo!”.9 reta, eram lançados em salva, de forma torpedo pesado antinavio durante a Se-
a absorver erros de cálculo na determi- gunda Guerra Mundial e fazia parte dos
O barco submersível “Turtle” de David nação da posição futura do alvo e, ainda, antigos submarinos “Guppy” brasileiros.
Bushnell, em 1776, no curso da Guerra de aumentar danos pelo acerto eventual de O lançamento foi precedido do emprego
Independência dos Estados Unidos, inten- mais de um torpedo. O desenvolvimento de uma série de armamentos por meios
tou prender à quilha da Fragata britânica dotou os torpedos da capacidade de re- navais de superfície, sem contudo resul-
“Eagle” um artefato explosivo. Apesar do alizar busca sonar, mudar sua trajetória tar na destruição do alvo.
artefato submarino funcionar, a missão inicial em função dos dados do alvo e
falhou. Após três tentativas, a carga de O Submarino “Tamoio”, primeiro sub-
trocar informações com o sistema de
pólvora explodiu no fundo sem produ- marino construído no Brasil, afundou o
combate do submarino lançador; o que
zir danos. Não obstante, o navio inglês casco do Ex-CT “Marcílio Dias” em 26 de
significava uma evolução para os torpe-
se evadiu e a surpresa causada pelo fato março de 1996, utilizando um torpedo
dos eletroacústicos guiados a fio.
constitui um marco na guerra torpédica. MK-24, de origem britânica. Conforme
O poder de destruição desses torpedos preconizado para o exercício, o lança-
Em 1868, Robert Whitehead, um britâ- também aumentou. De maneira distinta mento foi precedido do emprego de uma
nico a serviço da Áustria, aperfeiçoou o dos torpedos mais antigos, que atingiam série de armamentos por meios navais
torpedo autopropulsado, atribuindo-lhe o alvo pouco abaixo da linha d’água, de superfície, sem contudo resultar na
controles que o mantinham num rumo causando o seu afundamento por alaga- destruição do alvo.
determinado a uma profundidade setada.
mento, os torpedos atuais explodem por
Com o advento do torpedo, o submarino O Submarino “Timbira” afundou o casco
influência magnética abaixo da quilha do
passou a deter capacidade de engajar do Ex-CT “Espírito Santo” no dia 16 de
alvo. Com isso, é gerada uma zona de alta janeiro de 1999, utilizando um torpedo
alvos à distância e explorar a iniciativa
pressão logo abaixo do casco, danificando MK-24, de origem britânica. O lança-
das ações, justificando seu valor militar.
severamente a quilha. O alvo é destruído mento, desta vez, foi feito a maior distân-
Na tarde do dia 22 de setembro de 1914, por alquebramento do seu casco. cia, produzindo maior volume de dados
um pequeno e rudimentar submarino ale-
O torpedo pode ser do tipo de exercí- para análise.
mão, de tipo ainda propelido à gasolina,
cio ou de combate. O primeiro, não leva
pôs a pique, em questão de horas, três
carga explosiva, ao invés, registra dados
cruzadores britânicos de 12.000 toneladas.
de interesse para posterior análise e é re-
O avanço tecnológico observado no de- cuperado após a corrida. O torpedo com
senrolar da Primeira Guerra Mundial cabeça de combate carrega explosivo. Os
propiciou profunda transformação no dados remanescentes do lançamento são
submarino. Os pequenos barcos utilizados unicamente aqueles coletados através do

8
Sampaio, CMG Mário. Lançando Torpedos. In A vida nos “FF” (1914-1934). Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, 2010. p.55.
106

107
A Força de Submarinos
no seu centenário

A Força de Submarinos chega ao seu Centenário, em 2014, com uma


estrutura complexa, que inclui diversas Organizações Militares
para a formação, a administração e as mais diversas operações.
Além da Base “Almirante Castro e Silva”, do Centro de Instrução
e Adestramento “Almirante Áttila Monteiro Aché” e do Grupa-
mento de Mergulhadores de Combate, cada navio constitui uma
Organização Militar própria e subordinada ao Comando da Força.
Atualmente, o Brasil possui cinco submarinos da classe “IKL” e
o Navio de Socorro Submarino “Felinto Perry”.
Dos submarinos em atividade, o “Tupi” (S-30) é o único que foi
construído fora do Brasil. Suas principais características são a ve-
locidade, que pode ultrapassar os 20 nós, a autonomia de 50 dias
e considerável capacidade de detecção abaixo e acima d’água. O
Submarino “Tamoio” foi o primeiro construído inteiramente no
Brasil. O início de sua construção se deu em 1986, tendo sido lan-
çado ao mar em 1993 e incorporado à Marinha em 1994. O Sub-
marino “Timbira” foi incorporado em 1996 e, três anos depois, foi
a vez do Submarino “Tapajó”, o terceiro construído no Brasil. Em
2005, foi incorporado o Submarino “Tikuna”, o mais moderno da
Força. Os quatro foram construídos no Arsenal de Marinha do
Rio de Janeiro, por brasileiros.
O NSS “Felinto Perry” (K-11) foi construído na Noruega, vendido
à Dinamarca e comprado pela Marinha Brasileira em 1988. A
embarcação tem 78 metros de comprimento e possui uma plata-
forma para operação com helicópteros. Usado originalmente em
campos de petróleo no Mar do Norte, passou por várias refor-
mas e adaptações no Brasil, tornando-se um navio mais versátil
e com mais recursos.
A Força conta, ainda, com o Aviso de Apoio Costeiro “Almi-
rante Hess”, para apoiar as atividades táticas dos submarinos,
recolher torpedos e dar suporte ao mergulho. Foi construído no
Estaleiro INACE, no Ceará, e incorporado em 1983. O “Hess”
é figura habitual entre os submarinos, e ganhou a alcunha de
“Goleiro da Esquadra”.
O fato de a Marinha do Brasil atualmente possuir capacidade
para a construção de seus próprios meios, deve-se a ter sempre
investido na formação e capacitação de seus profissionais. Não
se trata apenas de importar tecnologia, pois nada seria possível
sem que houvesse capacidade intelectual para processar, refletir,
testar e provocar transformações. Também não se trata apenas de
construir submarinos, pois sua operação envolve a capacitação
de submarinistas e também de pessoal para mergulho, operações
especiais e saúde. Por isso, a formação foi, ao longo de 100 anos
de evolução de tecnologia, equipamentos e táticas, uma tarefa
constante e prioritária para a Força de Submarinos.
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Mas não basta admirar: é preciso aprender. O mar é o grande
avisador. Pô-lo Deus a bramir junto ao nosso sono, para nos
pregar que não durmamos. Por ora a sua proteção nos sorri, antes
de se trocar em severidade. As raças nascidas à beira-mar não
têm licença de ser míopes; e enxergar, no espaço, corresponde a
antever no tempo.
Rui Barbosa

c5
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115
FORMAÇÃO
E DOUTRINA

A dimensão da atividade

A Força de Submarinos mantém em atividade cerca de


1.500 homens e mulheres, formando, anualmente,
mais de 250 submarinistas, mergulhadores, mer-
gulhadores de combate e médicos hiperbáricos. A doutrina,
criada ao longo de 100 anos, é o resultado do constante de-
senvolvimento operativo, através de intenso treinamento. Foi
aprimorada a partir da evolução do cenário de emprego, da
produção de tecnologia, de conhecimento e também da de-
manda da nação, estando em sintonia com o contexto marí-
timo e a cultura brasileira.
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A estruturação

Com a decisão do Brasil de investir na obtenção de submer- à recém-criada Base da Flotilha de Submarinos e, em 23 de
síveis, foi preciso capacitar pessoal para desenvolver e atuar outubro de 1963, torna-se uma Organização Militar autônoma.
nas atividades relacionadas à sua operação, funcionamento e
A Escola de Submarinos se desenvolveu ao longo dos anos, so-
apoio. A operação de submarinos é extremamente complexa
bretudo a partir dos desafios impostos a cada incorporação de
e requer oficiais e praças de diversas áreas de especialização.
uma nova classe de submarinos. As novas tecnologias e neces-
A segurança a bordo é um requisito imprescindível, não po-
sidades estimulavam a preparação e a capacitação de profissio-
dendo jamais ser perdido de vista o risco envolvido e a con-
nais cada vez mais qualificados e versáteis. Os “Fleet-Type” im-
sequente possibilidade de ocorrência de acidentes. É, pois,
pulsionaram a Escola a absorver o conhecimento necessário
fundamental a existência de pessoal plenamente capacitado
para lidar com sonares, armamentos, equipamentos e méto-
para a operação dentro dos padrões de risco toleráveis, para
dos de ensino diferenciados. Seguiu-se a isso a aquisição dos
o controle de avarias e para o socorro e salvamento.
“Guppy”, em 1972, cujo sistema de esnórquel permitia maior
Logo que houve a aquisição dos submersíveis da classe “F”, tempo de imersão e, consequentemente, maior capacidade
oficiais foram enviados a Spezia para acompanhar sua cons- operativa debaixo d’água.
trução, a fim de aprenderem as técnicas de funcionamento
Desde o princípio, a operação de submarinos demandava
e condução que deveriam pautar o treinamento dos futuros
outras atividades além da formação de técnicos para a sua
submarinistas do Brasil. Assim, em 1915, foi criada a Escola de
condução e o mergulho se desenvolveu paralelamente. Os
Submersíveis que, em 1928, passou a ser denominada Escola
primeiros relatos sobre o emprego de escafandristas na Ma-
de Submarinos. A primeira turma de oficiais submarinistas
rinha remetem ao naufrágio do Encouraçado “Aquidabã” em
brasileiros foi formada já no primeiro ano da Escola, instru-
Angra dos Reis, em 1906. A criação do primeiro Curso de Es-
ída pelos Comandantes dos “F”. A Escola foi estabelecida na
cafandria data de 1914, remontando à chegada dos submer-
Ilha de Mocanguê Grande, sendo transferida para o Tender
síveis “F”, na Ilha de Mocanguê Grande. A partir de 1963, o
“Ceará” em 1917, onde funcionou durante 20 anos.
curso ficou subordinado à Escola de Submarinos. Nesse ano,
O ano de 1937 foi marcado por novas transformações. Foram alguns oficiais foram enviados para cursos de Mergulho e
encomendados os novos submarinos italianos da classe “T”, Salvamento com a Marinha norte-americana, e outros, para
foi criada a Flotilha de Submarinos e a Escola de Submarinos aprender técnicas de Operações Especiais em ambiente aquá-
passou a funcionar na Ilha das Cobras, onde permaneceu até tico, gênese da atividade de Mergulho de Combate.
1941. Posteriormente, retornou a Mocanguê Grande vinculada
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O desenvolvimento

Em 1973, a Escola de Submarinos pas- empregá-las, o que representou uma e aquisição de simuladores e outros re- Também nos Estados Unidos foram for- forma muito mais ampla, para retirar da
sou a se chamar Centro de Instrução e importante aquisição de conhecimento. cursos instrucionais. Na década de 1970, mados os primeiros médicos especiali- água e prestar os primeiros socorros às
Adestramento de Submarinos e Mergu- foram criados o primeiro Treinador de zados em medicina hiperbárica, a fim vítimas de afogamento.
Era preciso garantir massa crítica para
lho (CIASM), que foi estruturado em três Ataque, com equipamentos retirados do de garantir a saúde e a segurança dos
pensar e disseminar tática e procedi- Quanto mais profundos, mais técnicos
Escolas — a de Submarinos, a de Mer- “Fleet-Type” “Bahia”, e o Tanque de Trei- jovens profissionais que começavam a
mentos, bem como adaptar a estrutura eram os mergulhos, e mais arriscados se
gulho e a de Operações Especiais, cada namento de Salvamento de Submarino – realizar atividades em alta pressão. Para
que passava a demandar a Força de Sub- tornavam, aumentando as chances de do-
qual com seus cursos independentes — e hoje denominado Tanque de Treinamento a França, foram enviados dois oficiais e
marinos. A época marca, ainda, o início enças descompressivas.10 Embora desde
ganhou instalações próprias, construí- de Escape de Submarino – empregado três praças para a qualificação em Mer-
da utilização do mergulho de saturação, o início da década de 1970 já existissem
das ao longo da década de 1970. Em 1978, em cursos de submarino e mergulho. O gulho de Combate.
que requer equipamentos mais pesados, médicos hiperbáricos atuando nas ati-
com o falecimento do Almirante Áttila emprego da simulação, cada vez mais
o domínio de novas tecnologias e cuida- Em 1985, houve um importante passo vidades de submarinos e mergulho, foi
Monteiro Aché, a Força de Submarinos presente no CIAMA, tornou o processo
dos especiais com condições de saúde e para as atividades de mergulho: a cons- no final da década de 1980 que foram
propôs a mudança de nome do CIASM de treinamento e adestramento muito
a criação, vinculada à Base, da Divisão trução da Embarcação de Instrução de criados o Grupo de Medicina Hiperbá-
para Centro de Instrução e Adestra- mais barato, já que dispensava a orga-
de Mergulhadores de Combate, o que Mergulho “Reitor”. Nela, tornou-se pos- rica, na BACS, e a Seção de Ensino de
mento “Almirante Áttila Monteiro Aché” nização de complexas operações navais
deu outro status às Operações Especiais. sível realizar atividades mais complexas, Medicina Hiperbárica, no CIAMA, para
(CIAMA), sua denominação atual. exclusivamente para o adestramento.
Nesse mesmo período, a Escola de Sub- com melhor controle e maior segurança. o tratamento de acidentados e para a ca-
Outro ponto fundamental para a ado-
A criação do CIASM foi um importante marinos começou a realizar seus pri- Era possível deslocar uma equipe a fim pacitação de novos profissionais. Nesse
ção dos simuladores foi a capacidade de
marco, coincidindo com o recebimento meiros esforços para a construção de um de mergulhar em águas mais claras, onde período, foi assinado um convênio com
realizar os procedimentos em ambiente
das classes “Guppy” e “Oberon”, além tanque de treinamento de salvamento. os alunos pudessem ser melhor observa- a Petrobras para a construção do Centro
com o risco totalmente controlado, elimi-
do Navio de Salvamento de Submarino dos e orientados (em um naufrágio real, Hiperbárico, que ficou pronto em 1989.
O CIAMA foi organizado para funcio- nando a perda material e minimizando
“Gastão Moutinho”. A partir daí, a Força por exemplo). Ou seja, trazia também a Com isso e com a aquisição do Navio
nar como uma centro de treinamento enormemente os acidentes com pessoal.
de Submarinos reforçou seu pensamento mobilidade requerida às atividades de de Socorro Submarino “Felinto Perry”,
das atividades abaixo d’água, garan- Ainda, a simulação permitia maior in-
operativo, avaliando perdas e ganhos no ensino de mergulho. em 1988, foi possível desenvolver uma
tindo a formação e os adestramentos teratividade entre aluno e instrutor, e a
emprego de submarinos. A compra de robusta doutrina de mergulho saturado.
necessários para a atualização e manu- fixação de conceitos e procedimentos Embora de pequeno porte, a “Reitor”
submarinos “Oberon” encomendados à Em 1992, o CIAMA bateu o recorde de
tenção da capacitação de todos os pro- através da repetição de fases específi- dispõe de várias facilidades, como uma
Inglaterra, país reconhecidamente pos- profundidade da Marinha do Brasil, al-
fissionais envolvidos nas atividades da cas dos processos. Finalmente, a adoção câmara hiperbárica, compressores de
suidor de um dos principais repertórios cançando 200 metros de profundidade,
Força de Submarinos. O primeiro passo de simuladores abriu a possibilidade de alta capacidade, painel de controle para
teóricos e operacionais para a atividade em saturação no Centro Hiperbárico.
para garantir que o processo de ensino e testes e experiências em ambiente simu- mergulho dependente, um pórtico arti-
de submarinos, significou uma guinada
aprendizagem fosse sustentável foi en- lado e totalmente controlado. culado, permitindo a utilização de es- Nos anos 1990, o CIAMA passou a con-
na cultura de formação. Diferentemente
viar oficiais ao exterior para garantir o trados para mergulho dependente, e a tar com um Treinador de Imersão para
dos “Guppy”, navios que já tinham tido Enquanto alguns oficiais foram envia-
contato com novo conteúdo e técnicas possibilidade de mergulho com mistura os submarinos classe “Tupi”. A formação
uso na Marinha norte-americana, esses dos à Inglaterra para realizar cursos de
de ensino atualizadas. gasosa, aumentando muito os meios de começou a ter uma parte do curso de-
novos submarinos foram construídos comando de submarinos na Royal Navy,
instrução. Também na década de 1980, dicada à simulação, representando um
especialmente para o Brasil. Oficiais Concomitantemente ao investimento na outros foram aos Estados Unidos para o
o CIAMA passou a oferecer cursos de ganho considerável em padronização de
brasileiros acompanharam o processo formação de oficiais que pudessem ensi- aprendizado de mergulho com misturas
natação de salvamento, originalmente procedimentos, elevando o padrão dos
de construção das novas máquinas e nar aos novos profissionais brasileiros, de oxigênio e hélio – HeliOx – para o
para auxiliar pilotos acidentados em novos submarinistas.
aprenderam, in loco, como operá-las e houve importante incentivo à criação mergulho em maiores profundidades.
meios aeronavais da Marinha, mas, de

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A Doença Descompressiva é causada por uma redução brusca da pressão externa à qual está submetido o mergulhador no seu retorno à superfície. Esta redução provoca
a formação de bolhas de gás (normalmente o nitrogênio) nos tecidos do corpo do mergulhador, que dependendo da severidade pode variar de dores articulares até a morte.
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A maturidade

Desde cedo, uma tendência se mostrou A Escola de Submarinos forma os ho- dores formados pelo CIAMA, conhecidos O fomento à pesquisa é um ponto im- A encomenda dos submarinos da classe
exitosa em todo o processo de formação mens que irão operar e comandar a pela técnica, pela competência e pela boa portante, que faz do CIAMA um reco- “Oberon” representou um importante ponto
de pessoal: a capacidade de se adaptar plataforma – aqueles que aprenderão o vontade e camaradagem brasileiras. nhecido centro técnico da Marinha. A de inflexão para a formação de novos sub-
às demandas. Os profissionais da Força emprego operativo do submarino, os por- liberdade acadêmica pauta as reflexões marinistas. Os profissionais que foram ao
A Escola de Operações Especiais forma
de Submarinos são preparados para li- menores do seu funcionamento, as regras produzidas no Centro, que possui, desde Reino Unido acompanhar a construção
os mergulhadores de combate, homens
dar com diversas realidades, explorando de convivência a bordo e, sobretudo, a 1962, a revista “O Periscópio” como prin- das novas embarcações não trouxeram
treinados para combater com audácia,
diferentes áreas de conhecimento. Do atitude de submarinista –, condiciona o cipal veículo disseminador da produção apenas novos meios, mas também uma
ousadia e iniciativa para estarem dois
mesmo modo, a história da formação comportamento para a segurança, para de conhecimentos. O debate e a discus- nova cultura. Do contato com o curso
passos à frente. A natureza dessas ope-
desses homens se destaca pela versati- a discrição e para o ataque. são, através de simpósios, conferências Perisher, desenvolvido pela Royal Navy
rações requer elevada resiliência, com
lidade e pela busca constante de desen- e palestras nas quatro áreas de conhe- para a formação de comandantes de sub-
A Escola de Mergulho, um dos núcleos nervos e espírito fortes, inclinação para
volvimento e autonomia. cimento das Escolas, vêm contribuindo marinos, nasceu o Estágio de Qualificação
de excelência da Marinha, é responsável a convivência com o risco e habilidade
para impulsionar o desenvolvimento para Futuros Comandantes de Submari-
Os voluntários para atividades de risco pela formação daqueles que resgatam, com para transformar o perigo em aliado.
das atividades abaixo d’água no Brasil. nos do CIAMA. Mais do que um curso, é
devem ser criteriosamente selecionados. coragem e técnica. Além de salvar vidas, Atua lado a lado com a Escola de Mer-
uma ferramenta para avaliar a capacidade
Para lidar com a pressão e o perigo cons- os mergulhadores aprendem a executar gulho no emprego de explosivos, sendo A Marinha do Brasil sempre manteve in- operativa e ofensividade, fundamentais a
tantes, é preciso preparo físico e equilíbrio qualquer tipo de salvamento embaixo responsável também pela pesquisa e tensa troca de conhecimentos com outras um comandante de submarino. Realizado
emocional, o que significa treinamento d’água, em mergulhos autônomos ou de- disseminação de conhecimentos na de- marinhas do mundo, com as quais pu- nos mais altos padrões de segurança, com
intenso e uma boa dose de coragem. À pendentes; saturados, se necessário. É a sativação de artefatos explosivos (DAE) desse aprender técnicas, procedimentos fases de simulador e de mar, representa um
exceção dos médicos, que entram na Ma- equipe de mergulho mais bem-preparada e na demolição submarina, destacando e táticas a serem adaptadas para o seu marco do desenvolvimento tático para a
rinha já formados, o ingresso na Força de do País e, seguramente, uma das mais ca- a Marinha como referência brasileira próprio contexto marítimo. Com a Força operação de submarinos no Brasil.
Submarinos se faz pelo CIAMA. Os oficiais pacitadas do mundo. Sem dúvida, é a mais nessa área.
de Submarinos não foi diferente. Até os
são provenientes do Corpo da Armada da bem-equipada da América do Sul, uma Como resultado de trocas com outras ma-
A Divisão de Medicina Submarina acom- anos 1970, a influência norte-americana
Escola Naval e do Quadro Técnico, advin- vez que é a única que possui um Navio rinhas e da criatividade dos profissionais,
panha os cursos realizados no CIAMA, foi enorme, com transferência de meios e
dos do Centro de Instrução “Almirante de Socorro Submarino com todo o maqui- foi sendo forjada uma robusta doutrina
zelando pela segurança das atividades e o tecnologia. Inúmeros profissionais, entre
Wandenkolk”; e as praças, entre aquelas nário necessário para resgate e cuidados própria – em constante evolução – em
desenvolvimento de pesquisas nas áreas oficiais e praças, foram capacitados em
que obtiveram a formação profissional sob pressão, dotado de Sino de Resgate sintonia com o desenvolvimento do Poder
de salvamento de submarinos, médica e cursos na US Navy durante esse período.
em certas áreas de interesse, do Centro Submarino e todo o aparato hiperbárico. Naval brasileiro. Na Força de Submarinos,
hiperbárica. Os médicos não apenas cui- A partir das experiências que tinham e
de Instrução “Almirante Alexandrino de O CIAMA é a única instituição do Brasil existem homens produzindo e difundindo
dam, mas formam, adestram, e orientam inspirados pelas novidades com as quais
Alencar”. O CIAMA é hoje formado por a ensinar mergulho em saturação, com a conhecimento, técnicas e tecnologia bra-
os outros profissionais, militares e civis, tiveram contato, trouxeram importantes
quatro escolas: a Escola de Submarinos, capacidade para operar até 300 metros de sileira mundo afora, consolidando o papel
nos procedimentos indispensáveis para reflexões, cujo resultado foi o contínuo
a Escola de Mergulho, a Escola de Ope- profundidade. Profissionais do meio civil de liderança que o País vem construindo,
as operações de risco hiperbárico. desenvolvimento e melhoria das estru-
rações Especiais e a Divisão de Medicina e de diversas outras marinhas do mundo sobretudo no Atlântico Sul, por meio de
Submarina, com status de Escola. vêm treinar e aprender com os mergulha- turas disponíveis. trabalho e dedicação.
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Escritório Internacional de Ligação
Para Resgate e Escape de Submarinos

O Brasil é um dos poucos países do mundo nacional. Assim, em 2003, foi criado o
a ter um sistema de resgate submarino, Escritório Internacional de Ligação para
sendo o único da América do Sul a pos- Resgate e Escape de Submarinos (Ismerlo,
suir tecnologia completa para isso, com na sigla em inglês), congregando diversos
o Navio de Socorro Submarino “Felinto países para discutir e padronizar técni-
Perry”, dotado de um Sino de Resgate Sub- cas, procedimentos e, sobretudo, equipa-
marino que permite resgatar tripulações mentos para resgates de submarinos. Se,
de submarinos sinistrados até 300 metros no caso de um acidente, o sino de resgate
de profundidade. Conta ainda com um não encaixar perfeitamente na escotilha
Sistema de Posicionamento Dinâmico e do submarino para a evacuação, o risco é
diversos sensores que, quando em fun- fatal, tanto para a tripulação do subma-
cionamento, permitem que ele mantenha rino, quanto para a equipe de resgate. A
sua posição em relação ao submarino, padronização desses equipamentos torna
sendo pouco suscetível às ondulações a operação mais ágil e segura, além de
e possibilitando a operação de resgate. promover um intercâmbio de conheci-
mento que beneficia todos os envolvidos
As operações de resgate e salvamento e possibilita que qualquer submarino no
dessa natureza são um tema bastante mundo possa ter sua tripulação resgatada
sensível que une a comunidade inter- em qualquer lugar.
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Operação de Socorro e Salvamento Submarino

O ano de 2004 ficou marcado na história Para a execução do resgate, além de pes-
da Força de Submarinos. No período de soas motivadas e adestradas, é necessário
20 a 29 de junho, na baía da Ilha Grande, o emprego de um sem número de siste-
foi realizado, pela Marinha do Brasil, o mas e equipamentos operando sinergica-
primeiro resgate de um tripulante de sub- mente. Entretanto, podemos afirmar que
marino mergulhado. A Operação Sarsub o equipamento principal é o Sino de Res-
foi realizada entre o NSS “Felinto Perry” gate Submarino (SRS). Resumidamente,
e o Submarino “Tapajó”. Esse evento foi o SRS é uma esfera projetada para traba-
a evolução de muitos outros exercícios, lhar à pressão atmosférica e mergulhar
ocorridos anteriormente, que permitiram até 300 metros de profundidade, sendo
a gradativa capacitação que hoje a Mari- tripulado por dois mergulhadores e pos-
nha detém e marcou o definitivo ingresso suindo capacidade para resgatar até seis
do Brasil no seleto grupo de marinhas, tripulantes por vez.
com comprovada capacidade de resgatar
seus submarinistas, na eventualidade de
um sinistro.
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TRadiçÃO
NA FORMAÇÃO

A Marinha do Brasil zela pelo preparo e


pela formação de seus quadros. Sua Es-
cola Naval tem origem na Academia Real
de Guardas-Marinha, criada em 1782,
em Lisboa, o que a torna a instituição
de ensino superior mais antiga do País.
A importância dessa instituição, assim
como a do CIAMA, responsável pela
formação dos profissionais da Força de
Submarinos, não se restringe apenas ao
âmbito militar. Defesa é um tema que não
deve ser compreendido separadamente
das necessidades de desenvolvimento
e a formação profissional tem um papel
primordial nisso.
O CIAMA exporta conhecimento pro-
duzido no Brasil ao receber anualmente
alunos de diversas marinhas do mundo
e participar de fóruns internacionais de
seus setores. Consolida, assim, o papel
de destaque que o País vem desempe-
nhando entre as nações desenvolvidas,
mostrando a seriedade de seu trabalho e
a competência de seus profissionais. No
Brasil, trava parcerias com instituições
civis para o desenvolvimento de tecno-
logia e para o ensino, sobretudo no que
tange ao mergulho e à medicina sub-
marina. Sua excelência vem do diálogo
constante com as necessidades do País, o
que garante que suas atividades estejam
em constante progresso, adaptando-se
para preparar seu futuro de acordo com
as novas exigências do Poder Nacional.
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V ARREDURA DE HORIZONTE, IÇA O UNO.” Decorri-


dos exatos 25 segundos, após o arriar do Periscópio de
Ataque, no silêncio do compartimento de comando, o
Oficial de Aproximação dissemina à Equipe de Ataque: “Avis-
tados no horizonte, na bochecha de boreste, distância apro-
vel, de modo que estivéssemos prontos, a tempo e a hora, para
cada classe a ser recebida. Assim, por meio dos ensinamen-
tos colhidos, das experiências vivenciadas e das doutrinas e
procedimentos desenvolvidos, fomos capazes de construir,
de maneira sólida, uma Doutrina de Emprego de Submarinos.
Até então, embora já consolidados nos submarinistas os atri-
butos da tenacidade, determinação, ousadia, renúncia, espí-
rito combativo e solidariedade, tínhamos poucas noções a
respeito dos procedimentos operativos relacionados ao eficaz
emprego do meio. As marinhas que forneciam os submarinos
O Commanding Officer Qualifying Course – Perisher, a que
tive o privilégio e o desafio de atender, em 1983, serviu como
ponto de partida para uma mudança radical na formação de
nossos futuros comandantes. O modelo proposto, em que os
jovens oficiais submarinistas passam quase toda a carreira a
ximada de doze mil jardas, quatro alvos classificados Força nos transmitiam, tão somente, conhecimentos sobre como bordo dos submarinos, precisava ser perseguido. A ascensão
A aquisição dos submersíveis da Classe “F”, em 1911, de cons-
Tarefa Inimiga, constituída por três escoltas e uno grande. É navegar com a plataforma, lançar torpedos e conduzir fainas gradativa na hierarquia da Praça D’Armas, atuando como ofi-
trução italiana, foi o ponto de partida para o início da carreira
minha intenção, definido o movimento de marcações, iniciar de emergência. cial de águas, navegador, oficial de periscópio, coordenador de
de submarinista na Marinha do Brasil. Era o apaixonante de-
aproximação numa Track-90 para realizar ataque com quatro sensores, coordenador da Equipe de Ataque, até vir a realizar
safio de operar meios complexos e capazes de mergulhar nas A partir de 1973, com o recebimento dos submarinos da Classe
torpedos MK-8. Preparar, alagar, equilibrar e abrir comportas o Curso para Futuro Comandante de Submarino (CAFCOS),
profundezas do oceano. Embora, para os padrões atuais, es- “Humaitá”, de origem inglesa, veio também a transferência
dos tubos 1, 2, 3 e 4. OBSERVAÇÃO DO ALVO PRINCIPAL mostrou-se adequado caminho para que fosse atingido o pa-
ses meios apresentassem uma capacidade bastante modesta, do conhecimento operativo de emprego da arma. Diversos de
(ouve-se uma voz ao fundo: Direita 30!) – IÇA O UNO!” drão elevado de preparo que hoje nos distingue.
já que realizavam ataques na superfície utilizando canhões, nossos oficiais, em especial da Escola de Submarinos, realiza-
Assim, no compartimento de comando de um Submarino ou proporcionaram que oficiais fossem enviados a La Spezia ram cursos e estágios na Royal Navy, assimilando técnicas e A técnica Perisher, que consistia, na sua Fase de Segurança,
num Treinador de Ataque do CIAMA, nos idos dos anos oi- para acompanhar a sua construção e aprender técnicas de conhecimentos avançados em relação à doutrina e ao modo de em operar com o submarino próximo de terra, em águas rasas,
tenta, “Começava o fim dos alvos!”. Ao longo de toda a minha funcionamento e condução, que iriam pautar o treinamento operação dos mesmos. Ao mesmo tempo, a criação do Centro e na presença de inúmeros contatos, expondo o mínimo possí-
carreira, como oficial submarinista, dediquei muitos anos à dos futuros submarinistas. A eles se seguiram os da Classe de Instrução e Adestramento de Submarinos e Mergulho, es- vel para manter a segurança, provocava em toda a tripulação
honrosa função de Instrutor, inclusive como Encarregado da “Perla” que, apesar de maiores que os da Classe “F”, possuíam truturado em Escolas, foi um importante marco, coincidindo e, em especial, nos futuros comandantes, uma enorme carga
Escola de Submarinos. Esse fato me enche de orgulho, em limitações operacionais muito semelhantes. com o recebimento das novas classes de submarinos. Essa de estresse, fundamental para confirmar se as características
especial por constatar que todos os atuais almirantes sub- guinada na cultura de formação ficou marcada: passamos a individuais e o treinamento adquirido pelos mesmos, ao longo
A incorporação à nossa Esquadra, em 1957, da Classe “Fleet-Type”,
marinistas no serviço ativo foram, de alguma forma, meus pensar operativamente! de suas carreiras, eram suficientes para torná-los capazes de
iniciando a fase de utilização dos submarinos de origem ame-
aspirantes, alunos, encarregados de divisão, chefes de de- conduzir o meio com proficiência e obter uma boa solução
ricana, nos fez ver que as novas tecnologias estimulavam a Nessa mesma década, paralelamente ao investimento na capa-
partamento, imediatos e, até mesmo, comandantes de sub- para o disparo do armamento.
preparação e a capacitação de profissionais cada vez mais citação de oficiais que pudessem disseminar os novos conhe-
marinos, quando exerci o inigualável e desafiador Cargo de
qualificados e versáteis. Além de confiáveis e robustos, esses cimentos, houve significativo incentivo à criação e aquisição Vencida a fase de segurança, se o candidato sobrevivesse, passa-
Comandante da Força de Submarinos.
submarinos nos fizeram lidar com sonares, armamentos e equi- de simuladores, laboratórios e outros recursos instrucionais, ria para uma não menos fácil Fase Operacional, na qual atuaria
Desse modo, vou buscar, numa “meia varredura de horizonte”, pamentos de comunicações. No entanto, foi só em 1972, quando merecendo especial destaque o emprego do Treinador de Ata- como comandante do submarino, cumprindo tarefas do tipo:
para não me expor muito, obter e registrar elementos que dêem atracou no Rio de Janeiro o primeiro submarino da Classe que. Se o primeiro foi quase artesanal, montado com equipa- penetrar em águas interiores da costa inimiga para o lança-
a justa medida da nossa capacidade de adaptação na forma- “Guppy”, que realmente foi conferida à Força de Submarinos mentos retirados de antigos submarinos, nossa criatividade mento de forças especiais, obter perifotos de alvos estratégicos
ção de turmas e turmas de oficiais e praças, numa Força que uma inovação tática: o sistema esnórquel. Tal equipamento, logo se fez presente e evoluímos para a simulação em curto selecionados ou realizar minagens ofensivas. Mais do que isso,
sempre foi marcada, ao longo dos 100 anos de sua história, aliado a baterias de grande capacidade, proporcionava subs- espaço de tempo. A Escola de Submarinos precisava, não só ao final, participaria de um grande exercício naval, onde seria
por ser dotada de submarinos construídos em estaleiros di- tancial autonomia para que os submarinos permanecessem formar os homens para operar a plataforma, mas também observada sua atuação frente a uma guerra no mar. Em síntese,
ferentes, em países distintos e com características de projeto mergulhados durante as operações. De qualquer modo, ainda preparar seus comandantes para serem precisos, calculistas, o Perisher servia para identificar “quem era quem” e se podia ser
e operação específicas. O sucesso desse processo foi sempre vivíamos tempos românticos, varrendo os alvos e adentrando discretos, prontos para a ação e o ataque decisivo. designado para comandar a mais poderosa arma naval.
marcado pelo planejamento minucioso, contínuo e incansá- à barra com vassouras amarradas nos periscópios.
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Para o comprovado sucesso do modelo adotado na Marinha modernização do SDT e aquisição dos torpedos MK-48 Mod O momento atual é de grandes desafios, pois o futuro já chegou!
do Brasil – já que até os dias de hoje todo oficial que pre- 6AT ADCAP, bem como pela evolução observada na Classe A nova Classe “Scorpène” já se faz realidade! E o tão sonhado
encha os requisitos é submetido ao Estágio de Qualificação “Tikuna”, estamos aptos a negar o uso do mar, se necessário Submarino com Propulsão Nuclear deixou de ser apenas um
para Futuros Comandantes de Submarino (EQFCOS) e cujo for, por contar em nosso inventário com submarinos arma- projeto da Marinha e passou a ser fundamental para a Defesa
desempenho positivo é relatado diretamente ao Comandante dos e capazes de impor danos a eventuais inimigos. Nacional. Quais devem ser as prioridades da Força de Sub-
da Marinha, como assessoramento para a designação dos marinos e, particularmente, do CIAMA, no que diz respeito
Estamos nos dias de hoje e, exatamente como ontem, a histó-
novos comandantes –, dois fatores foram fundamentais. ao preparo e à capacitação dos novos tripulantes? A receita
ria se repete: “VARREDURA DE HORIZONTE, IÇA O UNO!”.
Primeiro, que esse aprimoramento tenha sido perseguido de é uma só: seguir os ensinamentos dos “Marinheiros até de-
Decorridos exatos 25 segundos, após o arriar do Periscópio de
modo continuado, com diversos outros oficiais cursando, a baixo d’água” que nos antecederam! Pensar grande, planejar
Ataque, no silêncio do compartimento de comando, o Oficial
intervalos regulares, não apenas o Perisher, no Reino Unido, minuciosamente, não se acomodar jamais, achando que já
de Aproximação dissemina à Equipe de Ataque: “Confirmados
como também o Royal Netherlands Navy Submarine Com- sabemos tudo, enfrentar os naturais desafios que se apresen-
no horizonte, na bochecha de boreste, distância aproximada
mand Course (SMCC), na Holanda, e retornando para serem tem, vencendo-os um a um. Nesse mister, os passos iniciais
de 15 mil jardas, quatro alvos classificados Força Tarefa Ini-
instrutores do EQFCOS. Segundo, pelo diuturno comprome- já foram dados: os Planos de Preparo de Pessoal para o S-BR
miga, constituída por três escoltas e uno grande. É minha
timento dos instrutores do CIAMA, oficiais e praças, que e o SN-BR foram cuidadosamente elaborados e deverão ser
intenção, mantendo-nos fora da distância de contra-detecção,
dedicam horas e horas de trabalho nos simuladores, treina- periodicamente aperfeiçoados e atualizados. Por outro lado,
de imediato, colocar o armamento n’água para realizar ata-
dores e a bordo de nossos submarinos, elevando constante- já sabemos como fazer a gestão de pessoas por competências
que com dois torpedos MK-48. Coordenador preparar tubos
mente o padrão de formação de nossos comandantes e, con- e quais as matrizes e lacunas afetas ao pessoal submarinista.
1 e 2, alagar e equilibrar, exceto abrir comportas”.
sequentemente, de suas tripulações. Ademais, é importante
Ao longo de 100 anos, nessa histórica epopeia, partimos com
registrar que essa excelência de preparo é reconhecida por Após o Coordenador designar contato e associar mark para
os submersíveis “F” que atacavam com canhões na superfície;
diversas marinhas amigas, como as da Argentina, Chile e o fogo com os tubos 1 e 2 e, sob ordens sequenciais do Oficial
crescemos na chegada dos “Fleet-Type”, com seus sonares e
Venezuela, que nos enviam seus futuros comandantes para de Aproximação, abrir as comportas dos tubos e configurar os
torpedos; aumentamos nossa autonomia com os “Guppy”, pas-
aqui serem capacitados. torpedos na tática recomendada, só resta ao Oficial de Águas
sando a esnorquear; desenvolvemos sólida doutrina operativa
recolher os lemes de vante. “Atenção Equipe de Ataque, ao
Em 1989, foi incorporado o “Tupi”, primeiro da Classe e último a partir do “Humaitá”; e evoluímos de modo proficiente com
ser dado o top, um minuto para o fogo”. Ouve-se, ao fundo,
submarino construído no exterior. Mais uma vez, mudava- sistemas de direção de tiro modernos e armamento confiável
a voz clara e tranquila do Coordenador, “Top, top, top, um
-se a origem dos meios ao se optar por um projeto alemão. nos “Tupi” e “Tikuna”. Dessa forma, chegamos e dominamos
minuto para o fogo”. “Cinco, quatro, três, dois, um FOGO!”,
Fui nomeado seu segundo Comandante e pude vivenciar a “estratégia da posição”, que limita os submarinos conven-
ordena o Comandante. Decorridos alguns instantes, ouve-se
a realização máxima de um submarinista, em especial por cionais e, com criatividade e capacidade de inovação, ine-
apenas o Oficial do SDT: “Torpedo n’água”, “Torpedo na fase
concluir sua Avaliação Operacional, ao cabo do lançamento rentes a todos os submarinistas, chegaremos ao verdadeiro
de busca”, “Torpedo em homing ativo”, “Armada pistola de
de dez torpedos MK-24 Tigerfish. O ingresso na Fase III, de submarino, o Classe “Álvaro Alberto”, capaz de fazer valer a
combate” e “Perda de sincronismo, provável impacto!”. Por
adestramento, e o pleno emprego operativo do meio, com su- “estratégia do movimento” na imensidão da Amazônia Azul.
fim, novamente o Comandante: “IÇA O UNO!”. Mais alguns
cesso, possibilitou constatarmos o acerto da decisão da Alta
segundos de suspense e, finalmente, a tão esperada voz firme,
Administração Naval em dar aquele salto tecnológico. No “Nessa voga vamos lá!”
segura e entusiasmada: “ALVO DESTRUÍDO, APENAS FU-
presente, graças à prioridade dada na execução dos “reparos
MAÇA NO HORIZONTE!”.
de meia vida”, com a substituição de equipamentos obsoletos,
A lm i r a nte-de-Esqu a dr a
FERN A N DO EDU A RDO STU D A RT W I EM ER
136

137
Acreditamos que o homem encontre na Caridade, na Ciência, na
Indústria, motivos sobejos para mitigar a sede de heroísmo e de
sofrimento, que irresistivelmente o arrebata como se oculta potência
dos Destinos assim o acorrentasse, como o Prometheu da lenda.11
Almirante Álvaro Alberto

11
No Dia da Marinha, em Conferência proferida a convite da Diretoria do Clube Naval, na Seção Magna do dia 11 de junho de 1929.
c6
140

141
O caminho do submarino
nuclear BRASILEIRO

A ORIGEM DA ENERGIA NUCLEAR


NA MARINHA DO BRASIL

D esde o final da década de 1930,


após a descoberta da fissão nu-
clear e os posteriores progressos
que a acompanharam na obtenção da
energia nuclear, a construção de sub-
forma de obtenção de energia para a
propulsão nuclear de um submarino,
que culminou, em 1979, com a criação do
Programa Nuclear da Marinha do Bra-
sil. O primeiro objetivo do programa era
marinos que empregassem essa energia dominar o ciclo do combustível nuclear
começou a ser planejada pelas grandes para, assim, tornar possível, no futuro, a
potências globais. O primeiro desse tipo construção de um reator para esse tipo
foi lançado ao mar na década de 1950, de propulsão.
alertando países de todo o mundo para É importante ressaltar que houve, desde
a necessidade de ampliar conhecimen- o início e durante todo o processo, a pre-
tos sobre essa nova tecnologia, especial- ocupação de afirmar o uso pacífico da
mente após a experiência dramática da energia nuclear, o que foi reforçado na
Segunda Guerra Mundial. Carta Constitucional de 1988 e no Acordo
No campo da energia nuclear, o Brasil já de Guadalajara, assinado no mesmo ano.
planejava construir uma central ainda O projeto visava à obtenção de um reator
na década de 1950, embora isso só tenha nuclear naval, para ser instalado num
se efetivado na década de 1970, com a submarino que viria a ser projetado a se-
construção da Central Nuclear de An- guir. Em nenhum momento foi previsto
gra dos Reis. Ao mesmo tempo, tomou o enriquecimento em grau compatível
impulso no País o interesse pela nova com armas nucleares.
142

143
Nautilus, o primeiro
submarino nuclear do mundo

Em 1939, nos Estados Unidos, o físico um submarino nuclear. Em junho do ano


Ross Gunn, do Laboratório de Pesquisa seguinte, Truman encarregou a Electric
Naval, sugeriu a construção de subma- Boat Division, da General Dynamics, da
rinos movidos por reatores nucleares. construção do Nautilus, nos seus es-
Nenhum protótipo foi desenvolvido na taleiros de Groton, em Connecticut. O
época, mas a Segunda Guerra Mundial submarino foi projetado por John Bur-
– a exemplo da primeira – e a entrada nham e o reator nuclear foi construído
em operação dos revolucionários subma- pela Westinghouse Electric Corporation.
rinos alemães da classe XXI, em 1943,
Em 1954, sob o comando do então Capitão
acabaram demonstrando ao mundo o
Eugene P. Wilkinson, o Nautilus foi lan-
poder dos submarinos. Assim, diante
çado ao mar, demonstrando a viabilidade
da iminência de uma possível Terceira
da propulsão nuclear para diversas ou-
Guerra Mundial e da necessidade de
tras atividades e tornando-se a primeira
uma fonte de energia apropriada para
embarcação a atravessar, submersa, as
realizar longas missões navais, em fins
placas de gelo do Polo Norte.
da década de 1940 foi implementada
uma parceria, sob a direção do almi- Sua primeira viagem data de 20 de ja-
rante Hyman Rickover, entre a Electric neiro de 1955, com saída a partir de Con-
Boat Division – subsidiária da General necticut. Medindo aproximadamente 91
Dynamics Corporation – e cientistas e metros de comprimento, pesava mais de
engenheiros da Comissão de Energia três mil toneladas e podia permanecer
Atômica dos Estados Unidos, que con- submerso por até quatro meses. O Nau-
tinha o programa de desenvolvimento tilus e sua propulsão nuclear revolucio-
de um reator nuclear para propulsão na- naram a estratégia naval, na medida em
val. Em julho de 1951, o presidente dos que proporcionaram maior velocidade e
Estados Unidos, Harry S. Truman, e o uma autonomia sem precedentes.
Congresso aprovaram a construção de
144

145
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos:
caminhando em direção ao submarino nuclear brasileiro

Em 1975, o Brasil e a Alemanha assina- bro de 1981. Os esforços nessa direção pado com a degradação material da força, Nesse novo contexto, foi idealizado o a duas empresas: a Odebrecht, que, na
ram um acordo de cooperação para im- fizeram com que, em 1982, fosse obtido produziu um programa de investimentos Programa de Desenvolvimento de Sub- etapa inicial, responsabilizou-se ex-
plantação da energia nuclear no Brasil. o primeiro sucesso na experiência de para a Marinha e o enviou à Presidên- marinos (PROSUB), que consiste em três clusivamente pela construção da base
Nesse contexto, a Marinha enviou pes- enriquecimento de urânio através da cia da República. No segundo governo grandes empreendimentos: o projeto e a e do estaleiro, e a francesa Direction
soal para se qualificar fora do Brasil, na ultracentrifugação, um método diferente de Luiz Inácio Lula da Silva, iniciado construção de toda uma infraestrutura des Constructions Navales et Services
área de energia nuclear, notadamente no do jet nozzle – enriquecimento por jato em 2007, na gestão do Almirante-de- industrial para a construção dos novos (DCNS), empresa de liderança interna-
Massachusetts Institute of Technology centrífugo, empregado antes no âmbito -Esquadra Julio Soares de Moura Neto, submarinos e uma nova base naval para cional na construção naval. Para isso,
(MIT). Em 1978, contando com o conhe- do tratado nuclear com a Alemanha. novo Comandante da Marinha, o projeto abrigá-los; a construção de quatro sub- a estatal francesa criou uma Escola de
cimento inicial necessário, a Marinha se do submarino nuclear voltou a receber a marinos convencionais; e o projeto e a Projeto de Submarinos e associou-se em
Conforme as pesquisas avançavam, sur-
empenhou no estudo das possibilidades atenção do Estado e a ser tratado como construção de um submarino com pro- regime de joint venture à Odebrecht, for-
gia a demanda por instalações próprias.
de obtenção da propulsão nuclear no prioridade. pulsão nuclear. mando o consórcio Itaguaí Construções
Assim, em 1988, a Presidência da Repú-
País, com tecnologia nacional. No final Navais (ICN).
blica inaugurou o Centro Experimental Um fator determinante para trazer o O PROSUB foi concebido a partir de uma
do mesmo ano, decidiu levar à frente a
da Marinha, próximo a Sorocaba, no in- projeto de volta ao centro das atenções parceria estratégica com a França, a par- O primeiro submarino convencional será
iniciativa, que tinha dois pilares prin-
terior de São Paulo, também conhecido foi a descoberta de petróleo de boa qua- tir de 2008, que garante a intensa troca entregue à Marinha a partir de 2015 e já
cipais: o avanço e o domínio do ciclo do
como “Aramar”. lidade debaixo de uma espessa camada de conhecimentos na área de projeto e está sendo construído, em parte e ini-
combustível nuclear e a concepção da
de sal, em uma profundidade entre 5 e de operação de um submarino nuclear, cialmente, visando à transferência de
propulsão nuclear naval. No entanto, nos anos 1990, em razão
7 mil metros, a 150 km da costa do Su- embora esteja claramente prevista a res- tecnologia, nas instalações da DCNS, na
da alteração do foco de investimentos
O Programa Nuclear da Marinha teve deste brasileiro. Em 2008, a Petrobras trição de transferência de conhecimen- França, mas, em sua maioria, no Com-
do Estado, que obedeceu a outras prio-
início em 1979, com o Programa Nuclear passou a produzir na área, chegando à tos na área da propulsão. Isso coincide plexo Naval de Itaguaí. A construção do
ridades, o projeto deixou de receber do
Paralelo, que recebeu o codinome Cha- marca atual de 360 mil barris diários. com um período de sistematização de segundo submarino convencional teve
governo, durante anos, os investimen-
lana, desenvolvido em sigilo por mui- Com as novas descobertas, a necessi- políticas e estratégias no mais alto nível. início em setembro de 2013, em território
tos necessários. A Marinha passou a
tos anos, com o objetivo de construir dade de proteger essa riqueza, parcela do A Estratégia Nacional de Defesa (END), nacional. Para isso, técnicos e engenhei-
empregar, nesse período, o seu próprio
um submarino de propulsão nuclear. potencial da Amazônia Azul brasileira, publicada nessa época, traça diretrizes ros da Marinha do Brasil e de empresas
orçamento para que o projeto não se aca-
Para isso, era necessário vencer várias ficou mais evidente e, nesse cenário, o estruturantes para as Forças Armadas. brasileiras foram enviados para os cen-
basse, cuidando, assim, da manutenção
etapas, dentre elas, dominar o ciclo do submarino nuclear seria indispensável No documento já está expressa a neces- tros industriais da estatal francesa com
do conhecimento obtido até então – o
combustível. para mitigar ameaças. O Ministro da sidade de assegurar meios para negar o a missão de adquirir conhecimentos para
domínio completo do ciclo do combus-
Defesa da ocasião, Nelson Jobim, res- uso do mar ao inimigo, principalmente aplicá-los e repassá-los a outros cientis-
A Marinha, a partir de entendimentos tível nuclear. O abandono do projeto sig-
saltou a importância de o País investir o submarino de propulsão nuclear. Tor- tas, técnicos e engenheiros no Brasil.
com a Secretaria de Ciência e Tecnolo- nificaria uma perda incalculável, tanto
na segurança e no reaparelhamento das nava-se determinante a transferência de
gia do Estado de São Paulo, conseguiu do ponto de vista financeiro quanto de O consórcio deverá entregar o subma-
Forças Armadas frente à descoberta da tecnologia como condição sine qua non
a contratação de uma equipe técnica conhecimento, estratégico para o País. rino com propulsão nuclear à Marinha
camada Pré-Sal e reforçou a autonomia para o domínio de tecnologias estraté-
que, em parceria com o Instituto de Pes- do Brasil em 2023 para o início dos tes-
A partir dos anos 2000, o programa foi brasileira no processo de domínio do ci- gicas nos campos industrial e militar.
quisas Energéticas e Nucleares (IPEN) tes, a fim de que seja lançado ao mar em
revalorizado. O então Comandante da clo de urânio para a construção de um
e nas instalações da Universidade de A tarefa de construção da base, do es- 2025, para as provas de mar e avaliação
Marinha, o Almirante-de-Esquadra Ro- submarino nuclear capaz de defender
São Paulo, concluiu o desenvolvimento taleiro e dos submarinos foi atribuída operacional.
berto de Guimarães Carvalho, preocu- as novas riquezas.
da primeira ultracentrífuga em dezem-
146

147
PROSUB: um projeto para o Brasil

Atualmente o PROSUB já não é um pro- Diferentemente do que ocorreu com o a mergulho e uma embarcação de reco-
grama de governo ou uma prioridade ape- projeto dos submarinos “IKL”, quando lhimento de torpedos, reservando espaço
nas da Marinha, tornou-se um programa houve transferência de tecnologia alemã para a construção, paralelamente, de ou-
de Estado, um projeto do Brasil e para o para a construção de submarinos no Bra- tras embarcações. Toda a parte nuclear
Brasil. Em 2013 foi incluído no Programa sil, o acordo com a França prevê transfe- do projeto é desenvolvida no Laboratório
de Aceleração de Crescimento (PAC) do rência de conhecimento, o que significa de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE),
governo federal, mostrando sua impor- adquirir a capacidade também de proje- em Aramar, onde está sendo construído
tância estratégica para o desenvolvimento tar. Isso é fundamental, uma vez que o um protótipo do reator do submarino que
do País. Isso só foi possível graças aos domínio do ciclo nuclear não é previsto será produzido em seguida.
esforços ininterruptos da Marinha, que pelo acordo e tudo que envolve seu uso Para além da defesa, portanto, o PRO-
seguiu investindo seus próprios recursos deve ser inteiramente desenvolvido por SUB contribui profundamente para o
no projeto, independentemente da situação brasileiros. A experiência com os subma- desenvolvimento da indústria brasileira.
política do País, desde a década de 1970. rinos convencionais – que inauguram, No âmbito do programa, há cerca de 200
Para um País com 8 mil quilômetros de no Brasil, a classe “S-BR” – é uma etapa milhões de euros reservados exclusiva-
costa e possuidor de riquezas tão cobiça- básica na busca de autonomia, que pos- mente para a nacionalização de sistemas
das, é imperativo possuir Forças Armadas sibilitará ao País a construção do subma- e equipamentos, o que motiva a produção
confiáveis para manter a paz. A grande rino nuclear. Isso significa que, ao final de uma série de componentes de alto va-
diferença de um submarino nuclear para do programa, o Brasil estará plenamente lor agregado, necessários para o processo.
um convencional reside em suas carac- capaz de desenvolver todos os processos Há, ainda, enormes esforços de pesquisa
terísticas de enorme mobilidade e maior seguintes sozinho. em parceria com universidades, passando
autonomia no mar. Sua velocidade e sua O complexo de infraestrutura industrial pelas indústrias de alta tecnologia e che-
capacidade de ocultação permitem des- do PROSUB, que está sendo criado na ci- gando ao campo da medicina nuclear. O
locar-se, rápida e discretamente, de um dade de Itaguaí, divide-se em três núcleos. desenvolvimento do submarino nuclear e
ponto a outro dessa enorme Amazônia A Unidade de Fabricação de Estruturas de toda a estrutura criada para prepará-lo
Azul. Além dessas vantagens, a posse de Metálicas (UFEM), construída no curto demanda o trabalho de 8 milhões de ho-
um submarino nuclear reforça a capaci- prazo de dois anos, é uma indústria de mens/hora, um número considerável se
dade de dissuasão do Poder Naval, ou seja, alta tecnologia, que ocupa uma área de comparado, por exemplo, à construção de
a atitude estretégica que, por intermédio 96 mil m2 no complexo. Na UFEM serão um Boeing, que envolve 50 mil homens/
de meios de qualquer natureza, inclusive construídas peças estruturais dos sub- hora. A obra promove a geração de, apro-
militares, tem por finalidade desaconse- marinos “S-BR”. A Base Naval deverá ximadamente, 9 mil empregos diretos e
lhar ou desviar adversários reais ou po- dar todo o apoio aos submarinos e de- 32 mil indiretos.
tenciais de possíveis ou presumíveis pro- mais organizações militares e todas as Trata-se, portanto, de um programa que
pósitos bélicos.12 A capacidade de construir atividades desenvolvidas no complexo traz como consequência um enorme ar-
e, sobretudo, de projetar uma arma desse e abrigará, futuramente, o Comando da rasto tecnológico. No âmbito do PROSUB,
porte eleva o Brasil a um outro patamar Força de Submarinos. O terceiro núcleo está prevista a fabricação de vários equi-
de conhecimento. é o estaleiro – área de montagem, lança- pamentos, tanto para o submarino nuclear
Além da capacidade de dissuasão, princi- mento e manutenção dos submarinos. O quanto para os convencionais, muitos de-
pal objetivo da construção do submarino projeto prevê, ainda, a construção de dois les com alto teor tecnológico e com pos-
nuclear brasileiro, o PROSUB traz outros píeres e três docas, de 150 metros cada, sibilidade de aplicação em outros setores
grandes ganhos para todo o País. Estrutu- somados a oficinas e prédios administra- industriais. Isso implica a qualificação
rado no tripé transferência de tecnologia, tivos. O complexo terá capacidade para a de pessoal em diversos níveis de conhe-
nacionalização e capacitação de pessoal, o atracação de dez submarinos, um navio cimento e o desenvolvimento de várias
programa garante, em todos os seus passos, de socorro de submarinos, três reboca- cadeias produtivas. Empresas nacionais
consideráveis retornos para a sociedade. dores portuários, uma lancha de apoio participam fornecendo os mais variados

12
Doutrina Básica da Marinha, pp. 1-10.
148

149
componentes e prestando serviços de en- construção do estaleiro e da Base Naval,
genharia e gerenciamento industrial em contribuiu para a descontaminação do
sistemas eletrônicos de controle e monito- fundo da área que abrigou anteriormente
ramento; sensores de temperatura, pres- uma indústria, uma vez que parte dos
são, vibração, fluxo neutrônico e radiação; materiais dragados apresentava padrões
componentes elétricos de potência (mo- de contaminação por metais pesados.
tores e geradores elétricos); componentes Como medida de redução dos impactos
mecânicos de precisão; turbinas a vapor; da obra, foi realizado o plantio compen-
trocadores de calor; sistemas pneumáti- satório de mais de 195 mil m2, com diver-
cos; sistemas de absorção de gases e de sas espécies da Mata Atlântica. Além da
monitoração de atmosfera confinada; e realização contínua do monitoramento de
sistemas de geração de oxigênio a partir correntes marinhas, qualidade da água,
da eletrólise da água. Grande parte des- biota aquática, fauna terrestres, de ruídos,
ses componentes tem aplicação em outros efluentes e particulados, antes do início
ramos da indústria, como os ligados ao da obra, foi realizado o resgate da fauna
óleo e gás, e o hospitalar. local. Um programa de gerenciamento de
riscos garante a tomada de decisões com
As obras de Itaguaí são, também, acom-
segurança e, estimulando o intercâmbio
panhadas por uma série de medidas que
com a sociedade, são realizadas campa-
visam à responsabilidade socioambiental.
nhas contínuas de educação ambiental,
Foi criado um centro de recrutamento e
nas quais foram formados agentes am-
seleção, com o objetivo de gerar oportuni-
bientais, que contribuem para a cons-
dades para a população local. O programa
cientização de jovens e adultos em sua
“Acreditar” é outra medida que visa à
relação com o meio ambiente.
capacitação e à contratação de morado-
res, cuja meta é formar 2 mil pessoas até Todas essas medidas de responsabili-
o fim da obra. Outros dois programas, o dade socioambiental trazem ganhos e
“Caia na rede” e o “Inglês num clique”, compensações para a comunidade local.
oferecem noções básicas de informática e Somam-se ao ganho maior, que é o grande
inglês para toda a comunidade. Por meio objetivo perseguido com a realização do
do “Agricultura Familiar”, o PROSUB PROSUB: segurança e defesa da sobera-
tem apoiado a formação de uma coope- nia da nação brasileira. Não é a Força de
rativa agropecuária local. Os alimentos Submarinos que terá a sua capacidade
produzidos na região são adquiridos para aumentada; são a Marinha e o País que
consumo na obra. O programa estimula terão sua segurança e capacidade estra-
a diversificação de culturas e empodera tégica ampliadas. O submarino de pro-
os produtores, uma vez que as compras pulsão nuclear brasileiro representará
são feitas de forma direta, possibilitando um instrumento de incalculável forta-
o aumento da renda dessas famílias. Vi- lecimento do Poder Nacional brasileiro
sando a transparência, também foi criado no mundo, colocando-o no seleto grupo
um canal de comunicação direta com a de países com autonomia e tecnologia
comunidade a partir de um centro de diferenciadas. Representará, também,
atendimento ao público, onde é possível enorme incremento ao Poder Naval no
obter informações e fazer reclamações e patrulhamento das águas jurisdicionais e
sugestões sobre a obra. na dissuasão de possíveis ameaças. Terá,
portanto, um papel indispensável na de-
A realização do PROSUB inclui, ainda, a
fesa das riquezas do País, imediatamente
tomada de uma série de medidas de ges-
as da Amazônia Azul.
tão e compensação ambiental. A draga-
gem da área costeira, necessária para a
150

151
Parceria com a
Fundação Getulio Vargas

Em abril de 2011, a Diretoria de Obras Civis visa o apoio ao desenvolvimento e exe- • Monitoramento Técnico de Projetos:
da Marinha do Brasil (DOCM), responsá- cução do Programa de Monitoramento Detecção de incompatibilidade nas re-
vel pelo acompanhamento e fiscalização de Projetos de Obras Civis para a Fase visões dos projetos permitindo imediata
do projeto de obras civis e de instalações Final de Construção, Montagem e Co- correção entre o projeto atualizado e o
navais do PROSUB, firmou uma parceria missionamento da Unidade de Fabrica- projeto em uso nos setores de produ-
com a FGV Projetos, unidade de assesso- ção de Estruturas Metálicas (UFEM) e ção, evitando não conformidades e re-
ria técnica da Fundação Getulio Vargas. para as Fases de Construção, Montagem trabalhos.
O objetivo da parceria é promover o de- e Comissionamento do Estaleiro Naval,
• Monitoramento de execução dos servi-
senvolvimento e a aplicação do Modelo da Base Naval e das Obras de Infraes-
ços: Atendendo às normas, procedimen-
de Análise de Conformidade de Projetos trutura Marítima, Cais e Docas, situados
tos, especificações, padrões de qualidade
e assessoramento de suas atividades, no Município de Itaguaí (RJ).
e cronogramas estabelecidos em contrato
no que diz respeito à implementação do Para pleno êxito do trabalho, a FGV ela- e, abrangendo as disciplinas civil, elé-
Complexo Itaguaí, composto pela Unidade borou metodologia própria para monito- trica e mecânica, os monitoramentos são
de Fabricação de Estruturas Metálicas ramento de prazos, técnico de projetos e evidenciados estatisticamente atendendo
(UFEM), pelo Estaleiro e pela Base Naval. da execução dos serviços das obras civis prioritariamente os serviços de maior
Essa metodologia de análise de con- para as obras do Programa de Desenvol- relevância técnica que podem levar a
formidade contemplou a elaboração, a vimento de Submarino com Propulsão caminhos críticos, identificando as não
execução financeira, o avanço e o mo- Nuclear (PROSUB). conformidades, que são rastreadas até
nitoramento dos projetos referentes aos De forma a apoiar a Diretoria de Obras suas correções.
contratos do Complexo, além da capacita- Civis da Marinha (DOCM) e com base Dentro desta perspectiva, foram ob-
ção do pessoal da DOCM para aplicação na metodologia criada, a equipe da FGV servadas melhorias na qualidade e
da metodologia. Dessa forma, a DOCM realiza o trabalho de monitoramento das produtividade dos serviços evitando-
foi provida de um método eficiente, que obras em Itaguaí, elaborando relatórios -se retrabalhos, permitindo através de
possibilitará o acompanhamento da exe- gerenciais mensais nos três módulos lições aprendidas, mitigação de riscos,
cução físico-financeira da implemen- supracitados, destacando: gerando análises entre o planejamento
tação do complexo, respeitando todas
• Monitoramento de prazos: Análise do e a produção, otimizando suas interfa-
as normas vigentes e de acordo com as
cronograma através de índices de produ- ces, agindo corretivamente e permitindo
melhores práticas de mercado.
ção e índice de avanço físico, permitindo criar alternativas e soluções técnicas
Dando continuidade a essa parceria, desde vislumbrar possíveis atrasos ou caminhos com eficiência e eficácia.
fevereiro de 2012 a FGV vem desenvol- críticos, gerando alertas para eventuais
vendo um trabalho complementar que ações pertinentes de recuperação.
152

153
Energia nuclear

Embora a energia nuclear tenha ficado Organização das Nações Unidas. A AIEA
estigmatizada após a explosão de bombas é um centro mundial de cooperação no
atômicas no Japão, durante a Segunda campo da energia nuclear. Dá assistência
Guerra Mundial, se empregada pacifi- aos países-membros no uso desse tipo de
camente, contribui para o desenvolvi- energia, desenvolve padrões de segurança
mento. Esse processo permite produzir e inspeciona internacionalmente o cum-
muito mais energia em um espaço físico primento do compromisso de não proli-
comparativamente reduzido, além se ser feração de armas nucleares. O Brasil é
uma das alternativas menos poluentes. membro da AIEA desde a sua fundação.
A energia nuclear pode ser obtida por
O Tratado de Não Proliferação Nuclear
meio da fissão (o núcleo atômico se di-
(TNP) foi assinado em 1968, em Nova
vide) ou da fusão (união de dois ou mais
York, e entrou em vigor em 1970. O do-
núcleos) nuclear de átomos. Foi obtida
cumento, assinado pelo Brasil em 1998,
pela primeira vez a partir da fissão nu-
garante que os países signatários não
clear, em 1939, nos Estados Unidos, por
irão desenvolver ou adquirir armas nu-
Lise Meitner e Otto Frisch.
cleares, podendo, contudo, pesquisar e
A Comissão Nacional de Energia Nuclear desenvolver a energia nuclear, desde que
(CNEN), criada em 1956, é o órgão regula- com fins pacíficos.
dor nacional. Está vinculada, desde 1999,
Em nenhum momento as experiências
ao Ministério de Ciência e Tecnologia e
brasileiras para o domínio do ciclo nu-
estabelece, internamente, normas para
clear previram a fabricação ou o uso de
a segurança nuclear, além de promo-
armamentos nucleares. O projeto bra-
ver o desenvolvimento de pesquisas na
sileiro prevê, no máximo, 20% de en-
área. Também é sua função inspecionar
riquecimento do urânio, o que permite
atividades nucleares, com o objetivo de
seu emprego também em outros campos,
garantir seu uso pacífico no Brasil.
como a farmacologia. O PROSUB é pe-
No ano seguinte à criação da CNEN, em riodicamente inspecionado pela AIEA,
1957, foi criada a Agência Internacional responsável por promover o uso pacífico
de Energia Atômica (AIEA) no âmbito da da energia atômica.
154

155
Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que
querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições
de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde
estará o palácio se não o fizerem ali?
Fernando Pessoa

c7
158

159
O FUTURO

TRANSFORMANDO A
CULTURA DA MARINHA

A construção de um submarino
nuclear brasileiro coloca o Brasil
em uma posição de destaque no
mundo e traz enormes desafios. Provoca,
além de enorme ganho estratégico para
Marinha, uma alteração sensível no Po-
der Nacional, tal como o experimentado
por outras nações que já passaram por
desafio similar. O futuro abrirá um leque
de novas possibilidades e responsabili-
dades, novos quesitos técnico-operacio-
nais, que irão transformar a cultura da
Marinha. Isso é ainda mais evidente no
âmbito da Força de Submarinos, para a
qual o futuro já chegou, e que não tem
medido esforços na preparação constante
e cotidiana de seus próximos passos.
160

161
A geografia da mudan ça

A primeira grande transformação na de interesse público, impondo maior Será vivido um longo período de transição,
Força de Submarinos é a mudança em estreitamento de relações com a socie- que já começou, no qual os instrutores,
suas instalações. Uma das grandes no- dade civil. Parcerias têm sido feitas com médicos, nutricionistas, profissionais de
vidades introduzidas pelo PROSUB é a diversos atores para estudos, pesquisa e educação física e pedagogos, além de en-
criação de um complexo naval na cidade desenvolvimento de tecnologia. A Mari- genheiros e técnicos, têm se dedicado ao
de Itaguaí, no Rio de Janeiro. A nova nha garantirá ao País a segurança de suas levantamento de informações e à criação
Base terá atribuições em um espaço de atividades, através de parâmetros mais de ferramentas para medir o panorama
proporções gigantescas e terá que lidar rigorosos, dentro de uma série de novos atual da Força de Submarinos, desde dados
com toda uma ordem de questões muito requisitos para gestão de risco. biográficos até a situação de treinamento,
mais complexas. Atividades tão complexas e estratégicas repensando a estrutura curricular que
como essas requerem um enorme salto de deverá ser posta em prática para, assim,
As novas tecnologias introduzidas pelas
competências e tecnologias, que precisa definir os passos a serem tomados. Equipes
novas classes de submarinos, tanto os
ser preparado no longo prazo. Isso impõe multidisciplinares altamente qualificadas
convencionais quanto o nuclear, também
um cuidado especial com o recrutamento, estão inteiramente dedicadas a estudar as
demandarão mudanças na estrutura de
capacitação e retenção de pessoal. A ope- demandas e ajudar a traçar as diretrizes
apoio, o que está sendo trabalhado desde
ração da planta nuclear e de tudo que a que guiarão essa transformação.
já. O objetivo é garantir o pleno funcio-
namento de toda a estrutura envolvida envolve impõe uma qualificação mais Em decorrência do acordo assinado em
antes da chegada dos novos submarinos. aprofundada em todos os aspectos. Esse 2008, muitos oficiais estão sendo treina-
O CIAMA também terá parte de sua es- processo seguramente influenciará de dos na França na operação de submari-
trutura transferida para Itaguaí, onde três forma positiva a Força de Submarinos, nos nucleares e todos empreendem um
prédios serão construídos para abrigar num arrasto de conhecimento e desen- enorme esforço para nivelar a formação
suas salas de aula e uma série de novos volvimento que terá reflexos em todas as pelo ponto mais alto possível. O percurso
simuladores para o preparo e o treina- áreas, em todos os níveis. que os profissionais terão de percorrer
mento de pessoal. O primeiro prédio de Como parte desse esforço, foi lançado, para estarem prontos junto com a che-
simuladores já está em construção, e em 2013, um edital para criação de novos gada do primeiro submarino nuclear, em
fará parte do processo de recebimento quadros, que já estão recebendo um trei- 2023, mudará os paradigmas de formação
dos “S-BR”. namento diferenciado, tendo em vista a da Marinha como um todo e da Força de
necessidade de qualificação e capacitação Submarinos em especial.
Com a introdução da energia nuclear,
mais exigente. Além disso, planos vêm
as atividades da nova Base também es- Por isso, é correto afirmar que o subma-
sendo feitos para a criação de novas es-
tarão sujeitas a uma série de normas de rino nuclear já está mudando a Mari-
pecialidades, como química, engenharia
segurança da área civil. Tais normas são nha, a qual deverá se adequar, em todos
atômica, medicina nuclear, entre outras.
decorrentes de acordos internacionais, os aspectos, à sua chegada. A Marinha
Sabe-se que a chegada do submarino nu-
fiscalizados no País pela Comissão de encontra-se em pleno processo de trans-
clear trará, ainda, mudanças no processo
Energia Nuclear do Brasil. formação para uma marinha nuclear.
de formação do submarinista, e por isso
Apesar da delicadeza e confidencialidade modelos pedagógicos estão sendo desen-
do tema devido à sua dimensão estraté- volvidos para serem colocados em prática
gica, a segurança nuclear é uma questão o quanto antes.
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S-BR, os Submarinos
Brasileiros

Os submarinos da classe “Scorpène” são


fruto de uma parceria franco-espanhola
e foram idealizados para ser vendidos a
outras marinhas. Atualmente, a França
detém o conhecimento sobre o projeto. O
submarino construído no Brasil é baseado
no projeto francês, porém com alterações
substanciais que deram origem a uma
nova classe: “S-BR”. Os quatro submari-
nos serão batizados de “Riachuelo”, “Hu-
maitá”, “Tonelero” e “Angostura”.
A Força de Submarinos utiliza o antigo e
bom relacionamento entre as marinhas do
Brasil e do Chile para, por meio de inter-
câmbios, procurar o conhecimento prévio
da nova classe, adiantando o processo
de preparo da capacitação para o S-BR.
O intercâmbio com a França também se
mantém intenso, sobretudo do ponto de
vista acadêmico e técnico, estimulando o
estudo da capacitação que será necessá-
ria, em todas as áreas de interesse, para o
desenvolvimento e operação do SN-BR.
A Força de Submarinos também possui
Oficial de Ligação com a Força de Sub-
marinos norte-americana, explorando a
colaboração bilateral na operação e no
salvamento de submarinos.
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Novos desafios para O futuro das
socorro e salvamento operações especiais

Ao lado de todos os avanços em testes seu combustível é finito e suas dimensões Com todas as transformações decorren- os mergulhadores de combate tenham
e pesquisas com material, equipamento, pequenas. Já os submarinos nucleares se- tes da introdução dos novos submarinos maior demanda. A permanência aumen-
sistemas de propulsão e tecnologia, será rão maiores, possuirão maior tripulação convencionais e do submarino nuclear, tada do submarino nuclear leva à neces-
repensada também toda a estrutura de e permanência majorada, o que significa espera-se significativo incremento em sidade de ajuste na doutrina de operação
resgate e salvamento, que incluirá a pro- que poderão passar por maiores perío- disponibilidade da Força de Submarinos, do GRUMEC, que deverá considerar o
blemática nuclear no mergulho e na me- dos de afastamento. Tudo isso, somado concorrendo para uma maior atividade. maior tempo embarcado, além de todo o
dicina hiperbárica. A adequação à nova aos cuidados com relação à radioativi- aparato tecnológico de ponta, qua agora
No ambiente das novas ameaças difusas,
realidade já começou a ser pensada e dade em si, trará consequências para a poderá acompanhar as equipes.
quando as operações especiais ganham
muitos médicos estão sendo enviados à tripulação. Foi recentemente criado um
cada vez mais importância, é natural que
França, principalmente, para buscarem núcleo de psicologia de submarinos e
a adequação de nossa medicina nuclear mergulho, embrião de todo um serviço
ao ambiente de confinamento e pressão. dedicado à Força de Submarinos, já vi-
O mergulho passa por estudos para ca- sando o acompanhamento das tripula-
pacitar o salvamento abaixo d’água da ções dos novos submarinos.
tripulação de um submarino nuclear.
O binômio Navio de Socorro Submarino
Atualmente, o hospital Marcílio Dias é o “Felinto Perry”/Sino de Resgate Subma-
único no Brasil capacitado a tratar radio- rino, principal instrumento para resgate
acidentados. No entanto, é preciso capaci- de tripulações de submarinos sinistra-
tar profissionais de saúde para lidar, mais dos, precisa se deslocar para o local do
amplamente, com a energia nuclear, seus acidente. A mobilidade do submarino
riscos e limitações, também dentro do pró- nuclear passará a imprimir novas pre-
prio complexo de Itaguaí, além de melhorar missas à sua operação. Ainda, a proble-
a capacitação técnica dos enfermeiros que mática nuclear alterará significativa-
tripularão os novos submarinos. mente toda a estrutura de salvamento
hiperbárico da Marinha, começando a
Os submarinos convencionais têm limi-
bordo do navio de socorro.
tações de patrulhamento, de tempo de
comissão e permanência, uma vez que
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Fechando e Travando
a Escotilha Superior
do Torreão

A preocupação com o futuro está la-


tente em todos os núcleos da Força de
Submarinos, cada qual empenhado em
planejar e construir uma peça do grande
quebra-cabeças que será montado con-
juntamente. Para além das questões téc-
nicas e específicas de determinada área,
a demanda por ampliação de quadros é
imperativa. Toda a Força de Submarinos
terá que crescer para acompanhar as
novas demandas de maneira muito cri-
teriosa, para que cresça com qualidade.
Desde já, as novas perspectivas forçam
diálogos mais intensos com outros órgãos
da própria Marinha, e, também, com a
sociedade civil.
Ao cruzar o seu Centenário, a Força de
Submarinos provou ter adquirido a ma-
turidade compatível para iniciar o pro-
cesso de transformação para nuclear. Os
“S-BR” são questão de ajuste de doutrina
e filosofia de apoio logístico. No que tange
aos “SN-BR”, muito vai mudar. Esta mu-
dança ainda não está definida, porque
precisa ser pensada também durante todo
o processo de projeto, construção e testes
do primeiro submarino nuclear. Embora
o início já tenha sido dado, é um longo e
desafiador caminho a ser seguido, que o
“marinheiro até debaixo d’água” mostrou
que está pronto para começar a trilhar.
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A o trazer à memória fatos da história da Força de Sub-
marinos, noto, claramente, o contínuo e profícuo desen-
volvimento, apoiado em bases culturais sólidas, cons-
truídas por ideias de vanguarda, fruto de mentes privilegiadas.
vante na Defesa Nacional, respaldada no legado e arrojo de
submarinistas, mergulhadores, mergulhadores de combate e
médicos hiperbáricos.
O projeto e construção, por brasileiros, do submarino com pro-
A Força de Submarinos, no passado, congregou e, nos dias pulsão nuclear insere o País em um tabuleiro diferenciado nas
atuais, persiste em congregar homens e mulheres de imensu- relações internacionais, afirmando a vocação do Brasil de ator
rável valor. Eis a principal razão de um passado de tamanha global. O arrasto colateral do projeto conduzirá, ainda, o País
honra, coragem e tradições, onde a aceitação e a superação de a grau tecnológico superior. Ocuparemos o Complexo Naval
desafios nos remetem à essência da atividade abaixo d’água em Itaguaí, composto de Estaleiro e Base Naval. O preparo e
e nos tornam comprometidos com a eficácia operacional e a a capacitação do pessoal expandem-se pelo investimento, por
proficiência naval. Tudo foi e é concebido com abnegação e meio de cursos, intercâmbios e a incorporação de novos pro-
devotamento, que forjam o “ethos” do “marinheiro até debaixo cessos de gestão de pessoas e de conhecimento. A construção
d’água”. O espírito inquieto de Mocanguê Grande mantém-nos e a manutenção evoluirão, em decorrência, principalmente,
vibrantes. O risco estimula-nos a perceber a vida. Com paci- de requisitos melhores definidos e tolerâncias mais rígidas.
ência, tornando-nos efetivos.
Para um futuro que se vislumbra brilhante, o submarinista de-
Galgamos um invejável patamar operacional, revelado por verá prosseguir com seu ímpeto de comprometimento, profis-
credo comum e uma doutrina robusta. Perseveramos em pro- sionalismo e crença, atentando, entretanto, para a necessidade
gresso. Obtivemos a maturidade requerida para olhar adiante de, eventualmente, reinventar-se, ao incorporar à sua maneira
com olhos ainda mais audaciosos. Ao completar 100 anos, em de ser atitudes e habilidades diferenciadas.
um momento em que a Marinha passa por grandes transfor-
mações e desenvolvimento, a Força assume um papel rele- “Nosso Orgulho Mergulha Fundo”!

V i ce-A lm i r a nte
Bento Costa Li m a Leite de A lbuqu erqu e J u n i or
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NAVIOS
CLASSE FOCA CLASSE: TENDER Classe: Perla Classe: Imperial Marinheiro Modelo: Riachuelo Classe Guppy II
Período: 1957 - 1967
Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
Os submersíveis da Classe F (“Foca”) foram Modelo: Tender Ceará Os três submarinos da classe “Perla” foram Modelo: Corveta Imperial Marinheiro Os submarinos da classe “Guppy II” construídos
Fernando Gonçalves Reis Vianna
construídos nos estaleiros da Fiat-Sant Giorgio, Período: 1915 - 1946 construídos nos estaleiros Odero-Terni Or- Período: 1955 - 1969 pelos estaleiros da Electric Boat Company, em
em La Spezia, Itália. Com comprimento de 46 Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata lando, em La Spezia, Itália, tinham 60 metros Primeiro Comandante: Capitão-de-Corveta Teve sua quilha batida em 19 de maio de 1942 Connecticut, Estados Unidos, foram cedidos
metros, esses submersíveis tinham velocidade Heráclito da Graça Aranha de comprimento, atingiam velocidade máxima Maurílio Augusto Silva e foi lançado ao mar em 30 de dezembro da- pela Marinha dos Estados Unidos. Traziam o
máxima de 14 nós na superfície e nove nós em 14 nós na superfície e 7,5 nós em imersão e quele ano, com o nome de Paddle (SS 263). sistema esnórquel, que permitia maior tempo
O Tender Ceará foi construído nos estaleiros Foi construída nos estaleiros C. C. Sheeps-
imersão e comportavam uma tripulação de comportavam uma tripulação de 33 homens. Foi incorporado à Marinha do Brasil em 18 de imersão, sendo os primeiros com essa tec-
da Fiat-Sant Giorgio em La Spezia, Itália, para bower & Gashonder Bedriff Jonker & Stans,
23 homens. Foram construídas três unidades de janeiro de 1957, recebendo o nome de Ria- nologia na Marinha do Brasil. Possuíam 93,7
apoiar os submersíveis em funções como re- na Holanda, teve sua quilha batida em 26 de
para a Marinha do Brasil. chuelo (S 15) e chegou ao Rio de Janeiro em 16 metros de comprimento, velocidade máxima
paros, manutenções e fornecimento de torpe- outubro de 1953 e foi lançado ao mar em 19 de
Modelo: Tupy de abril do mesmo ano. de 18 nós na superfície e 11,5 nós em imersão
dos. Teve sua quilha batida em 15 de julho de novembro do ano seguinte. Foi incorporado à
Período: 1938 - 1959 e comportavam uma tripulação de 83 homens.
1913 e foi lançado ao mar no dia 7 de setem- Armada em 11 de junho de 1955 e submetido
Modelo: F1 Primeiro Comandante: Capitão-de-Corveta
bro de 1915. Foi aceito pelo governo brasileiro à Mostra de Armamento em 18 de junho do
Período: 1914 - 1933 Armando Pinto de Lima Modelo: Rio Grande do Sul
em 16 de outubro de 1916. Em 20 de fevereiro mesmo ano. Seu comprimento era de 56 me-
Primeiro Comandante: Capitão-Tenente Período: 1963 - 1972 Modelo: Guanabara
de 1917 partiu da Itália com destino ao Brasil, Lançado ao mar em 28 de novembro de 1937, tros, atingia velocidade máxima de 16 nós e
Mário de Oliveira Sampaio Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata Período: 1972 - 1983
chegando ao porto do Rio de Janeiro em 19 de o Tupy foi o primeiro dos três submarinos da comportava uma tripulação de 58 homens.
Nelson Riet Corrêa Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
O Submersível F1 teve a sua quilha batida no abril do mesmo ano. Seu comprimento era de classe “Perla” e chegou ao porto do Rio de Ja-
Nelson Antônio Fernandes
dia 23 de março de 1912, sendo lançado ao mar 101 metros, sua velocidade máxima de 12 nós neiro no dia 12 de março de 1938, juntamente Recebeu o nome de Sandlance (SS 381) e teve
em 11 de junho do ano seguinte. Após as pro- e comportava uma tripulação de 89 homens. com os outros dois, o Tymbira e o Tamoyo. sua quilha batida no dia 12 de março de 1943. O Guanabara teve sua quilha batida no dia 22
vas de aceitação, foi entregue às autoridades Recebeu o indicativo externo T1, posterior- Classe Fleet-Type Foi incorporado à Marinha do Brasil em 7 de de junho de 1944 e foi lançado ao mar em 27 de
brasileiras em 11 de dezembro de 1913 e chegou mente alterado para S11. setembro de 1963. Saiu de Pearl Harbor em outubro de 1945, recebendo o nome de Dogfish
ao Rio de Janeiro no dia 4 de julho de 1914. outubro, chegando ao Rio de Janeiro no dia (SS 350). Foi incorporado à Marinha do Brasil
Os submarinos “Fleet-Type” foram cedidos 22 de dezembro do ano de 1963. em julho de 1972. Chegou ao Rio de Janeiro em
Classe: Balilla
Modelo: Tymbira pelos Estados Unidos após serviços durante 17 de dezembro de 1972, tendo suspendido do
Modelo: F3 Período: 1938 - 1959 a Segunda Guerra Mundial. Tinham cais da base Naval da Philadelphia no dia 20
Período: 1914 - 1933 Modelo: Humaytá Primeiro Comandante: Capitão-de-Corveta 95 metros de comprimento, velocidade Modelo: Bahia de novembro do mesmo ano.
Primeiro Comandante: Capitão-Tenente Período: 1929 - 1950 Euclydes de Souza Braga máxima de 20 nós na superfície e 10 nós em Período: 1963 - 1973
Alberto de Lemos Basto Primeiro Comandante: Capitão-de-Corveta imersão e comportavam uma tripulação de Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
Alberto de Lemos Basto Teve sua quilha batida em 28 de novembro 70 homens. Abílio Simões Machado Modelo: Rio Grande do Sul
O F3 teve sua quilha batida em 19 de junho de de 1936 e foi lançado ao mar no dia 30 de de-
Construído nos estaleiros Odero-Terni Or- Período: 1972 - 1978
1912, sendo lançado ao mar em 9 de novembro zembro do mesmo ano, pela Marinha da Itália. Teve sua quilha batida no dia 14 de julho de
lando, em La Spezia, Itália, o Submarino-de- Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
de 1913. Foi aceito pela comissão de recebi- Recebeu, inicialmente, o indicativo externo Modelo: Humaitá 1943, no Arsenal de Marinha de Portsmouth.
-Esquadra Humaytá teve sua quilha batida João Geraldo Matta de Araújo
mento em 16 de março de 1914. Deixou a Itália T2, posteriormente alterado para S12. Período: 1957 - 1967 Lançado ao mar em 15 de novembro de 1943,
no dia 15 de maio de 1914 e chegou ao porto do em 19 de novembro de 1925, sendo lançado ao recebeu o nome Plaice (SS 390). Em 7 de se- Teve sua quilha batida em 8 de fevereiro de
Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
Rio de Janeiro em 23 de junho do mesmo ano. mar em 11 de junho de 1927. Foi entregue ao tembro de 1963 foi incorporado à Marinha do 1944, sendo lançado ao mar em 15 de dezem-
Lourival Monteiro da Cruz
governo do Brasil em 11 de junho de 1929. Em Modelo: Tamoyo Brasil e chegou ao Rio de Janeiro no dia 22 de bro deste mesmo ano, e nomeado Grampus (SS
25 de junho de 1929 deixou o porto de La Spe- Período: 1938 - 1959 O primeiro submarino de origem norte-ame- dezembro do mesmo ano. 523). Foi incorporado à Marinha do Brasil no
Modelo: F5 zia e cumpriu uma travessia histórica de 5.100 Primeiro Comandante: Capitão-de-Corveta ricana na Marinha do Brasil foi o Humaitá. dia 13 de maio de 1972, em New London, onde
Período: 1914 – 1933 Milhas Náuticas em 23 dias, sem escalas, feito Mario de Faro Orlando Teve sua quilha batida no dia 7 de abril de recebeu o nome de Rio Grande do Sul. Chegou
Primeiro Comandante: Capitão-Tenente inédito à época. Chegando ao Rio de Janeiro 1942 e foi lançado ao mar em 13 de dezembro ao Rio de Janeiro no dia 25 de outubro de 1972.
em 18 de julho de 1929. Tinha 88 metros de Teve sua quilha batida em 23 de junho de 1936 do mesmo ano, com o nome de Muskallunge
Álvaro Nogueira da Gama
comprimento, atingia velocidade máxima de e foi lançado ao mar no dia 14 de fevereiro (SS 262). Em 18 de janeiro de 1957 foi incorpo-
O Submersível F5 foi lançado ao mar no dia 17 nós na superfície e nove nós em imersão, de 1937, pela Marinha da Itália. Inicialmente rado à Marinha do Brasil, recebendo o nome
4 de janeiro de 1914 e foi entregue ao governo e comportava uma tripulação de 68 homens. recebeu o indicativo T3, posteriormente al- de Humaitá (S 14).
brasileiro em junho do mesmo ano. Deixou terado para S13.
La Spezia em 12 de junho e chegou ao Rio de
Janeiro no dia 28 de julho de 1914.
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Modelo: Bahia Modelo: Goiás Modelo: Tonelero Classe IKL (Alemanha) Classe IKL 209-1400mod.
Período: 1973 - 1993 Período: 1973 - 1991 Período: 1977 - 2001 ou Tupi (Brasil) (Alemanha) ou Tikuna (Brasil)
Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
Antônio Cordeiro Gerk Edoardo Russo Murilo Carrazedo Marques da Costa
Os submarinos da classe IKL foram enco- O submarino da classe Tikuna é uma modi-
O Bahia teve sua quilha batida em 7 de no- O Goiás teve sua quilha batida em 23 de agosto O Tonelero teve a quilha batida em 15 de no- mendados à Alemanha especialmente para ficação do projeto do submarino classe Tupi
vembro de 1944 e foi lançado ao mar em 2 de de 1943 e foi lançado ao mar em 13 de maio de vembro de 1971. No dia 10 de dezembro de a Marinha do Brasil, por meio de um acordo que incorpora diversas inovações tecnológi-
março de 1945, recebendo o nome de Sea Le- 1945, recebendo o nome de Trumpetfish (SS 1977 foi submetido à Mostra de Armamento que previa a construção de um submarino e a cas, concebidas por engenheiros brasileiros, e
opard (SS 483). Foi incorporado à Marinha do 425). Foi incorporado à Marinha do Brasil em e incorporado à Armada Brasileira. Em 25 de transferência de tecnologia para a construção constitui uma nova classe de submarino, mais
Brasil em 27 de março de 1973, em key West, 15 de outubro de 1973, chegando ao porto do julho de 1978, o Tonelero partiu de Barrow- de outros quatro no Brasil. As embarcações moderna e silenciosa, medindo 62 metros, com
Flórida, de onde partiu para o Rio de Janeiro Rio de Janeiro em 3 de abril de 1974. -in-Furness com destino ao Brasil, atracando eram consideradas das mais modernas de sua velocidade máxima de 21,5 nós e capacidade
em 15 de maio de 1973, chegando no dia 10 de no porto do Rio de Janeiro em 8 de setembro época, medindo 61,2 metros, com velocidade para uma tripulação de 36 homens.
outubro deste mesmo ano. de 1978, durante esta travessia o Tonelero máxima de 21,5 nós e capacidade para uma
Modelo: Amazonas atingiu o recorde, na Marinha do Brasil, de tripulação de 36 homens.
Período: 1973 - 1992 permanência em imersão, marca que perma- Modelo: Tikuna
Modelo: Rio de Janeiro Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata neceu em vigor até 1985. Período: 2005 até hoje
Período: 1972 - 1978 Fernando Luiz Pinto da Luz Furtado de Mendonça Modelo: Tupi Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata Período: 1989 até hoje Francisco Antonio de Oliveira Júnior
O Amazonas teve sua quilha batida em 29 de
Aloysio Bastos Vianna da Silva Modelo: Riachuelo Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
junho de 1944, e foi ao mar no dia 21 de dezem- Lançado ao mar em 9 de março de 2005, foi
Período: 1977 – 1997 Paulo Sérgio Silveira Costa
O Rio de Janeiro teve sua quilha batida em 4 bro de 1945, recebendo o nome de Greenfish (SS incorporado à Armada em 16 de dezembro
Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
de dezembro de 1944 e foi lançado ao mar em 351). No dia 19 de dezembro de 1973, na base O seu batimento de quilha ocorreu no dia 8 de de 2005.
José Luiz Feio Obino
10 de abril do ano seguinte, recebendo o nome de submarinos de New London, foi incorpo- março de 1985, no estaleiro de HDW situado
de Odax (SS 484). Foi incorporado à Marinha rado à Marinha do Brasil. O modelo chegou Teve a quilha batida em 26 de maio de 1973, na Alemanha. Foi lançado ao mar em 28 de
do Brasil em 8 de julho de 1972, chegando ao ao Rio de janeiro no dia 27 de agosto de 1975. sendo lançado ao mar no dia 6 de setembro abril de 1987, e dois anos depois, no dia 6 de
porto do Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1975. No dia 12 de março de 1977, após ter maio, foi incorporado à Marinha do Brasil. Classe FELINTO PERRY
do mesmo ano. realizado as provas de mar, foi incorporado à
Armada. Chegou no porto do Rio de Janeiro Modelo: Felinto Perry
Classe Oberon em 12 de setembro de 1977. Modelo: Tamoio Período: 1989 até hoje
Modelo: Ceará Período: 1994 até hoje Primeiro Comandante: Capitão-de-Mar-e-
Período: 1973 - 1987 Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata Guerra Chrysógeno Rocha de Oliveira
Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata A classe inglesa “Oberon” foi projetada nos Flávio de Moraes Leme
anos 1960, sendo considerada umas das Construído pela empresa norueguesa A/S
Jelcias Baptista da Silva Castro Classe: Penguin
mais complexas da época. Construídos nos Primeiro submarino construído no Brasil, teve Sentinel Offshore, o Navio de Socorro Subma-
Teve sua quilha batida no dia 4 de fevereiro de estaleiros da Vickers Limited, em Barrow- sua quilha batida em 15 de julho de 1994, e foi rino Felinto Perry foi vendido à Dinamarca e
1944 e foi lançado ao mar em 15 de dezembro in-Furness, Lancashire, Inglaterra, as Modelo: Gastão Moutinho incorporado em 17 de julho de 1995. posteriormente ao Brasil. Sua incorporação à
do mesmo ano, recebendo o nome de Amber- embarcações traziam modernos sistemas Período: 1973 – 1989 Marinha do Brasil se deu no dia 19 de outubro
jack (SS 522). Foi incorporado à Marinha do digitais. Possuíam comprimento de 90 (Subordinado à Força de Submarinos) de 1988, no porto de Esbjerg , na Dinamarca.
Brasil em 17 de outubro de 1973, e no ano se- metros, atingiam velocidade máxima de Primeiro Comandante: Capitão-de-Corveta Modelo: Timbira Trata-se do único Navio na América do Sul
guinte, no dia 22 de setembro chegou ao porto 12 nós na superfície e 17 nós em imersão Emanoel Medrado Vaz Santos Período: 1996 até hoje capacitado a realizar resgate de tripulações de
do Rio de Janeiro. e comportavam uma tripulação de 74 Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata submarinos sinistrados. Seu comprimento é
Projetado para socorro de submarinos, o Gastão José Carlos Juaçaba Teixeira de 78,21 metros, sua velocidade máxima de 14
homens.
Moutinho foi construído nos estaleiros Ship nós e comporta uma tripulação de 100 pessoas.
Building and Drydock Company, Charleston, O Timbira foi lançado ao mar em 5 de janeiro
South Carolina, Estados Unidos. Teve a quilha de 1996, sendo incorporado à Armada em de-
Classe Guppy III Modelo: Humaitá
batida em julho de 1945 e foi lançado ao mar zembro de 1996.
Período: 1973 - 1996
em 19 de março de 1946, recebendo o nome
Construídos pelos estaleiros do Arsenal de Ma- Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
de Skylark (AS R 20). No dia 30 de junho de
rinha de Portsmouth, New Hampshire, Estados Güenter Henrique Ungerer Modelo: Tapajó
1973 foi incorporado à Marinha do Brasil, re-
Unidos, os submarinos “Guppy III” eram fruto O Humaitá foi o primeiro submarino inglês nomeado como Gastão Moutinho ( K 10). Seu Período: 1999 até hoje
de uma conversão que dava às embarcações na marinha do Brasil e teve sua quilha batida comprimento era de 62,5 metros, sua veloci- Primeiro Comandante: Capitão-de-Fragata
maior velocidade em imersão e maior raio de no dia 3 de novembro de 1970. Foi lançado ao dade máxima de 15 nós e comportava uma Julio Cesar da Costa Fonseca
ação na superfície. Seu comprimento era de 99,5 mar no dia 5 de outubro de 1971. No dia 18 de tripulação de 78 homens. Lançado ao mar em 5 de junho de 1998, foi
metros, sua velocidade máxima atingia 17 nós junho de 1973 foi submetido à Mostra de Ar- incorporado à Armada em 21 de dezembro
na superfície e 16 nós em imersão e comporta- mamento e incorporado à Armada. de 1999.
vam uma tripulação de 83 homens.
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PERSONALIDADES
Alexander Thomas Cochrane foi declarado guarda-marinha, em 1868, par- 1951, quando tomou posse como Comandante tados Unidos. Participou das pesquisas com Carmo, em Salvador, como quartel general, Capitão-de-Fragata e comandou a partir daí
ticipou da Guerra do Paraguai, servindo na em Chefe da Esquadra, cargo que exerceu até modelos reduzidos de submarinos na tran- a Fragata Real Carolina. Em setembro do
Alexander Thomas Cochrane nasceu em Anns- a força sob sua liderança obteve a rendição
Divisão Naval de Montevidéu. Durante a sua janeiro de 1953. Em setembro de 1951 passou a sição entre os séculos XIX e XX. Alcançou o mesmo ano, ascendeu ao posto de Capitão
fdield, na Escócia, em 1775. Foi oficial da Ma- dos holandeses em abril de 1625. Por seu de-
trajetória, participou de missões e assumiu di- compor a Comissão Executiva do Comitê Olím- posto de Vice-Almirante em 1923 e faleceu de Mar e Guerra.
rinha Real Britânica, da qual foi desligado em sempenho na expulsão dos invasores, o rei
versos comandos, entre os quais o da Divisão pico Brasileiro como vice-presidente. Chefe do três anos depois.
1816. Em 1818 decidiu participar das guerras Don Felipe IV o promoveu a Capitão Geral
de Torpedeiras e dos Encouraçados Riachuelo e Estado Maior da Armada em 1953. Foi, ainda,
de independência do Peru e do Chile contra de Mar e Terra. Jerônimo de Albuquerque
Aquidabã e alcançou o posto de Almirante em chefe de Operações Navais da Marinha de ja-
a Espanha. Após a Independência brasileira, FIlinto Perry Maranhão
1914. Foi senador pelo estado do Amazonas em neiro a julho de 1954, mesmo ano em que alcan-
foi convidado, em 1823, por D. Pedro, para li- Francisco Manoel Barroso
1906 e entre 1921 e 1922 e Ministro da Marinha çou a patente de Almirante. Faleceu em 1978. Filinto Perry nasceu no Rio de Janeiro, em Nasceu em 1548, filho do português Jerônimo de
derar a recém-formada Armada e, para tanto, da Silva
em três ocasiões (1906-1910, 1913-1918 e 1922- 1870. Ingressou na Escola Naval, sendo pro- Albuquerque e da índia tupi Maria do Espírito
assumiu o posto de sua própria exigência: Pri- 1926). Durante suas gestões como Ministro, seu movido a aspirante a guarda Marina em Almirante Barroso
David Jewett Santo Arcoverde. A fluência nas duas línguas
meiro-Almirante. As operações navais sob sua lema foi “Rumo ao Mar” e, entre as medidas março de 1886. Foi nomeado capitão do porto
Comandante da força que venceu a Batalha fez com que fosse capaz de transitar nas duas
liderança foram determinantes para a expulsão que tomou, destacam-se: a execução de grande David Jewett nasceu nos Estados Unidos em do Rio Grande do Sul em 1891. Exerceu diver-
Naval do Riachuelo, Francisco Manoel Bar- culturas. Foi escolhido pelo capitão-mor de Per-
do Exército português da Bahia e na ocupação parte do Programa Naval de 1906, a promoção 1772. Comandava o navio norte-americano sas funções, entre as quais, o comando das
roso da Silva nasceu em Lisboa, em 1804, e nambuco, Manuel Mascarenhas Homem, para
de cidades da Região Norte – São Luís e Belém de reformas as repartições da Marinha, a incor- Maipu, ancorado no Brasil em setembro de 1822. torpedeiras Araguary e Pedro Affonso, do comandar uma das companhias de infantaria
–, o que contribuiu para a expulsão das tropas. poração de novos navios à Esquadra, a criação No contexto da guerra de independência, foi navio-escola cruzador Primeiro de Março e chegou ao Rio de Janeiro em 1808, acompa-
de uma expedição com o objetivo de expulsar
Trabalhou para o governo brasileiro até 1825. da Escola Naval de Guerra, a reorganização dos contratado e incorporado à Armada Brasileira, do destroyer Pará. Em março de 1902, quando nhando a Família Real Portuguesa. Tendo
franceses invasores do Rio Grande do Norte,
Tendo retornado para a Europa em seguida, quadros de pessoal e a criação um novo curso tornando-se o primeiro estrangeiro a perten- era primeiro tenente, foi nomeado adido na- ingressado na Academia de Marinha em 1821,
em 1597, tendo fundado, dois anos depois, um
participou de missões nos contextos da guerra de especialização em submarinos e aviação. cer à Marinha desse País. No posto de Capitão val na França e na Alemanha. Exonerado do lutou, além da Guerra da Tríplice Aliança
povoado que originaria a cidade de Natal. Em
de independência da Grécia, entre 1827 e 1828, Faleceu em 1926. de Mar e Guerra, comandou a Fragata União, cargo de imediato do cruzador Tiradentes contra o Paraguai, na Guerra da Cisplatina,
1603, foi nomeado Capitão-Mor do Rio Grande.
em que não teve sorte. Instalou-se na Inglaterra capitânia que rumou a Montevidéu, capital da em fevereiro de 1905, foi nomeado secretá- atuou na repressão à Revolta da Cabanagem,
Comandou, a partir de 1613, uma força naval de
em 1830. Com a morte de seu pai, assumiu o tí- Província Cisplatina, sob a bandeira do Império rio e ajudante de ordens do comando da Se- na Província do Pará, e na Guerra dos Far-
Alexandrino Ramos de Alencar 100 homens e três navios contra os franceses
tulo de 10° Conde de Dundonald e reingressou brasileiro, quando as tropas portugueses que gunda Divisão Naval do Sul. Em fevereiro rapos, no Sul, durante o Período Regencial. que se instalaram no Maranhão, tarefa para
na Marinha real em 1832, no posto de Contra- Alexandrino Ramos de Alencar nasceu em ocupavam aquela cidade embarcaram para Por- de 1909, quando ocupava o posto de capitão Serviu no gabinete do Ministro da Marinha a qual conseguiu a adesão de índios e que o
-Almirante. Faleceu em Londres, em 1860. Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 1914. tugal, em novembro de 1822. No ano seguinte de corveta, foi nomeado chefe de gabinete em 1868 e chegou a Almirante. Faleceu em tornou o primeiro nascido no Brasil a liderar
Cursou a Escola Naval e outros cursos, entre foi promovido ao posto de chefe de divisão. do Ministro da Marinha. Filinto Perry foi 1882, em Montevidéu, no Uruguai onde fa- uma força naval no contexto de uma missão
Alexandre de Moura os quais, o de Tática Antissubmarina. Entre Jewett combateu, mais tarde, no comando da o primeiro comandante da Flotilha de Sub- leceu, onde residia na ocasião. essencialmente militar. A vitória na missão
os cargos que exerceu durante a sua carreira, Fragata Niterói, a revolta ocorrida em Pernam- mersíveis criada em 1914 com a chegada ao
Alexandre de Moura nasceu em Portugal, onde fez com que acrescentasse Maranhão ao seu
foi encarregado da Rede Antitorpédica do buco que ficou conhecida como Confederação Brasil dos submarinos F-1 e F-5 fabricados Hendrick Corneliszoon Lonck
ingressou na carreira militar. Era fidalgo da Casa sobrenome. Faleceu em 1618.
porto de Recife em 1943, ajudante de ordens do Equador, em 1824. Serviu a Marinha Bra- na Itália. Em novembro de 1920, foi nomeado
Real e cavaleiro da ordem de São Bento de Avis. do presidente da República – Getúlio Vargas sileira em funções diversas até falecer no Rio Hendrick Lonck foi um almirante holandês.
No Brasil, participou, em 1599, da conquista da diretor da Escola Naval de Guerra, cargo que Chefiou a expedição holandesa, composta por D. João IV
– em 1945, instrutor de Artilharia e Direção de Janeiro em 1842, quando ocupava o posto exerceu até novembro de 1922. Em agosto de
Paraíba, sendo lugar-tenente governador dessa de Tiro da Escola Naval em 1951. Participou de vice-almirante. 65 navios, que invadiu Pernambuco em 1630. D. João IV nasceu em Vila Viçosa, Portugal,
capitania e desempenhando papel ativo na ocu- 1921, substituiu o Almirante Alexandrino de
de várias comissões e comandou a flotilha do Alencar na presidência do Clube Naval. Fa- em 1604. Foi 2º duque de Barcelos e herdeiro
pação das regiões Norte e Nordeste brasileiras. Amazonas, o navio faroleiro Felipe Camarão Jacob Willekens da Casa de Bragança e parente da Casa Real
Emílio Julio Hess leceu em dezembro de 1929, quando ocupava
Capitão-Mor de Pernambuco, foi um dos coman- e o tender Soares Dutra. Integrou a turma de de Avis. Restaurou a independência e a mo-
o posto de Vice-Almirante. Jacob Willekens foi um Almirante holandês
dantes envolvidos na expedição para expulsar 1954 do Curso de Estado-Maior e Comando das Emílio Julio Hess nasceu no Rio de Janeiro em narquia portuguesa em 1640, quando teve
que liderou uma força de 26 navios para in-
os franceses que se instalaram no Maranhão. Forças Armadas, na Escola Superior de Guerra. 1868. Engenheiro civil pela Escola Politécnica fim a União Ibérica que, desde 1580, agregava
Fradique de Toledo Osório vadir a Bahia em 1623, no contexto da União
Nesse contexto, liderou a campanha final que Em 1966 alcançou o posto de Vice-Almirante. do Rio de Janeiro. Assentou praça como aspi- Portugal à Coroa espanhola. Em dezembro do
rante a Guarda-Marinha em 1886. Durante Ibérica. Em 1625, as forças holandesas se ren-
aprisionou La Ravardière, líder dos invasores, Fradique de Toledo Osório era espanhol e mesmo ano foi jurado rei de Portugal e ficou
sua carreira, dirigiu a Diretoria de Constru- deram aos espanhóis.
e os venceu em novembro de 1615. Retornou à Áttila Monteiro Aché foi o primeiro Marquês de Villanueva de conhecido como “O Restaurador”. D. João IV
Europa no ano seguinte, onde continuou ser- ções Navais do Arsenal da Marinha do Pará, Valdueza, título que recebeu do rei da Espa- faleceu em Lisboa, em 1656.
Áttila Monteiro Aché nasceu em 1888, no Rio James Thompson
vindo à Armada portuguesa. as Oficinas de Máquinas e Eletricidade desse nha Don Felipe III. Desde 1618, foi general
de Janeiro. Guarda Marinha em 1909. Tomou mesmo Arsenal e as Oficinas de Construção da Armada Real del mar Océano, posto que James Thompson, oficial egresso da Royal
parte em diversas comissões, entre as quais D. João VI
Alexandrino Faria de Alencar Naval do Arsenal da Marinha do Rio de Ja- ocupava ao participar de muitos combates. Navy, foi contratado pela Marinha Imperial
os encouraçados Deodoro e Minas Gerais, o neiro. Participou de várias comissões, entre No contexto da União Ibérica, chefiou a es- Brasileira junto a Marinha Imperial Inglesa, João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís
Alexandrino Faria de Alencar nasceu em Rio submersível F1 e o Tender Ceará. Entre 1941 e as quais a corveta Niterói, os encouraçados Antônio Domingos Rafael de Bragança nasceu
quadra espanhola que chegou ao Brasil em para lutar pela Independência do Brasil.
Pardo, no Rio Grande do Sul, em 1848. Assen- 1945 comandou a Flotilha de Submarinos. Pos- Riachuelo, 7 de Setembro e Javari e participou em Lisboa, Portugal, em 1767, filho da rainha de
1625 para lutar contra a invasão holandesa Nesse contexto, foi admitido ao Serviço Ativo
tou praça como aspirante em 1865. Quando teriormente, dirigiu a Escola Naval até abril de da experiência com submarinos Lake nos Es- Portugal D. Maria I. Em 1808, chegou com sua
no nordeste do País. Usando o convento do da Armada em janeiro de 1823 no posto de
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Corte ao Brasil, para onde transferiu a capital independências das antigas colônias hispâni- José Machado de Castro e Silva pedir sua exoneração em 1898. Neste mesmo Luís de Mello Marques -general da Armada portuguesa. No Brasil,
do reino diante da ameaça das invasões napo- cas, foi convidado pelo governo chileno para ano foi nomeado membro do Conselho Naval. foi membro do Conselho Supremo Militar.
José Machado de Castro e Silva nasceu em Luís de Mello Marques formou-se engenheiro
leônicas que ocorriam na Europa. Chegando servir na sua recém formada Marinha. Chegou Foi Ministro da Marinha entre 1902 e 1906 e Durante o processo de independência desse
Pernambuco, em 1876. Alcançou o posto de geógrafo pela Escola Politécnica do Rio de Ja-
ao Brasil, abriu os portos às nações amigas e, ao Brasil em 1823, acompanhando o Almirante durante sua administração, atuou na elabo- País, permaneceu fiel ao Imperador D. Pedro
Vice-Almirante em 1936. Cursou a Escola de neiro. Na transição entre os séculos XIX e XX,
entre outras medidas, criou a Real Biblioteca Cochrane que aceitara o convite para coman- ração do Programa de Renovação da Armada, I e organizou a primeira divisão naval que foi
dar a Esquadra brasileira durante a consoli- Guerra Naval e fez os cursos de Torpedo e foi vereador e prefeito da cidade de Nuporanga, enviada à Província da Bahia para lutar contra
- depois chamada de Biblioteca Nacional do que tinha o objetivo de modernizar a Armada
dação da independência desse País. Grenfell Defesa Submarina e Submersíveis e Armas em São Paulo, onde se dedicou à lavoura ca- a resistência portuguesa liderada pelo General
Rio de Janeiro -, a Imprensa Régia e o Jardim e foi avaliado pelo Senado Federal em 1904.
foi admitido no posto de Primeiro-Tenente e Submarinas. Participou de várias comissões feeira. Participou das pesquisas com modelos Inácio Luís Madeira de Melo. Exerceu, entre
de Aclimação, posteriormente chamado de Após o fim de sua administração na pasta da
embarcou na Nau Pedro I, capitânia da Es- e assumiu diversos comandos e direções, Marinha, foi, indicado Ministro do Supremo reduzidos de submarinos no início dos anos 1821 e 1822, a função de secretário de Estado
Jardim Botânico. Com a eclosão da Revolução
Liberal do Porto em 1820 e as cobrança pela quadra. Enviado por Cochrane ao Grão-Pará, entre os quais o da Flotilha de Submersíveis Tribunal Militar. Durante sua trajetória, as- 1900, apresentando um modelo na Exposição dos Negócios da Marinha. Foi reformado em
presença do rei na metrópole, retornou a Lisboa onde chegou em agosto de 1823, no comando (1924-1925), da Escola Naval, da Flotilha do sumiu diversos comandos e direções, como Nacional da Praia Vermelha (1908). 1832 e faleceu dez anos depois.
em 1821. Deixou no Brasil seu filho D. Pedro I, do Brigue Maranhão, garantiu, após enfren- Amazonas, do cruzador Barroso e do tender os encouraçados Bahia, Aquidabã e Lima de
que proclamou a Independência deste País e tar resistência, a adesão dessa área ao Império Ceará. Foi, ainda, chefe do Estado-Maior da Barros e as corvetas Belmonte e Vital de Oli- Luís Jacinto Gomes Martim Soares Moreno
se tornou seu primeiro imperador em seguida. do Brasil. Em seguida, no comando do Brigue Armada, cargo que desempenhava em 1939, veira, além de ter sido vice-diretor da Escola Luís Jacinto Gomes nasceu em 1858. Partici- Martim Soares Moreno era português. Em
Faleceu em Lisboa, em 1826. Caboclo durante a Campanha Cisplatina, foi diretor geral do Arsenal de Marinha do Rio Naval. No posto de Almirante, faleceu em pou de comissões, entre as quais o cruzador 1612, colonizou o Ceará. Em 1619 foi nomeado
ferido gravemente no Combate de Lara-Quil- de Janeiro e Ministro do Supremo Tribunal setembro de 1923. Almirante Barroso, o encouraçado Riachuelo capitão-mor do Ceará. Lutando pela Coroa
João Rodrigues de Sá e Menezes mes. Comandou a Esquadra na Guerra contra Militar de 1941 até seu falecimento, em 1943.
e a corveta Niterói. Em 1894 alcançou o posto portuguesa, resistiu às invasões holandesas
Conde de Anadia Oribe e Rosas, conduzindo as tropas aliadas Laurindo Pitta de Segundo-Tenente Maquinista. Ao longo de
sob intenso fogo na Passagem de Tonelero, em JOSÉ MARIA DA SILVA PARANHOS no Brasil. Em janeiro de 1634, lutado ao lado
João Rodrigues de Sá e Menezes, o Conde de Laurindo Pitta nasceu na cidade de São Fi- 20 anos realizou experimentos na Escola Naval de Antonio Filipe Camarão, rechaça, em Igua-
17 de dezembro de 1851. Foi promovido a Vice- Barão do Rio Branco
Anadia, nasceu em 1755, em Aveiro, Portugal. délis, no Rio de Janeiro, em 1855. Formado com reduzidos modelos de submarinos que raçu, os holandeses da ilha de Itamaracá. Dois
-Almirante em 1852, e a Almirante graduado
Exerceu cargos na diplomacia e na administra- José Maria da Silva Paranhos Júnior nasceu em direito, foi promotor público e presidiu a criou. Suas pesquisas foram de fundamental anos depois, derrotou mais um grupo de ho-
em 1862. Faleceu em 1869.
ção do Reino de Portugal antes de acompanhar na cidade do Rio de Janeiro em 1845. Formado província do Espírito Santo em 1885. Foi se- importância para que fosse autorizada pela landeses junto ao Rio Formoso.
a Família Real portuguesa em sua vinda para o John Taylor em direito, foi professor do Imperial Colégio nador, deputado estadual e deputado federal Marinha a construção de um modelo em ta-
Brasil, em 1808. Neste País, foi nomeado por D. Pedro II. Foi nomeado promotor público de pelo Rio de Janeiro. Durante sua trajetória po- manho real nos primeiros anos do século XX, Mem de Sá
John Taylor, oficial da Esquadra Britânica es- Nova Friburgo em 1869 e acompanhou seu lítica, defendeu o reaparelhamento da Mari- o que não se concretizou naquele momento
João VI chefe da Secretaria de Estado dos Ne- Mem de Sá nasceu em Portugal. Licenciado
tava no Rio de Janeiro em dezembro de 1822, pai, o Visconde do Rio Branco, como secre- nha. Faleceu em 1904. Em sua homenagem, foi por falta de verbas. Faleceu em 1902.
gócios da Marinha e Domínios Ultramarinos. em direito e fidalgo da Casa Real, foi desem-
aguardando transporte para Salvador, onde as- tário em missões especiais diplomáticas ao batizado de rebocador Laurindo Pitta o navio
Durante sua administração, foi criado o cargo bargador do paço, corregedor dos feitos civis
sumiria a função de Imediato da Fragata HMS encomendado pelo governo brasileiro cons- MANOEL FERRAZ DE Campos Sales
privativo de Almirante-General da Armada e Paraguai no contexto da guerra entre aquele da Corte, desembargador da Casa da Suplica-
Doris, a capitânia do Comandante-em-Chefe truído na Inglaterra em 1910 e que participou
foram transplantadas para o Brasil algumas País e a Tríplice Aliança. Em 1876, foi nome- Manoel Ferraz de Campos Salles nasceu em ção e conselheiro régio. Chegou ao Brasil em
britânico Sir Thomas Hardy. Após entendimen- da Primeira Guerra Mundial, em 1918, em ta-
repartições navais portuguesas, como o Quar- ado cônsul geral do Brasil em Liverpool, na Campinas, São Paulo, em 1841. Advogado, foi 1557, ode foi capitão da cidade do Salvador e
tos com José Boifácio, Ministro do Império e refas de apoio, integrando a Divisão Naval de
tel General da Marinha, a Academia Real dos Inglaterra. Entre 1891 e 1893, já iniciada a Re- deputado provinciano de São Paulo entre 1868 governador geral do território. Liderou a inter-
dos Negócios Estrangeiros, doi incorporado, Operações de Guerra.
Guardas-Marinha e a Brigada Real de Marinha. pública, foi superintendente geral na Europa e 1869, vereador em Campinas de 1872 a 1876, venção que expulsou, em 1560, os franceses
como Capitão de Fragata, à Marinha Imperial
da emigração para o Brasil. Em 1900, assumiu deputado geral em 1885 e deputado provincial estabelecidos na Baía de Guanabara, liderados
brasileira, renunciando logo em seguida ao
Joaquim Marques Lisboa o posto de Ministro Plenipotenciário em Ber- Luís da Cunha Moreira por Nicolas Durand de Villegagnon. Faleceu
seu posto na Royal Navy. No Brasil, aplicou a de São Paulo de 1882 a 1883 e de 1888 a 1889.
Marquês de Tamandaré lim e, dois anos depois, foi nomeado Ministro Visconde de Cabo Frio No início da República, foi Ministro da Justiça em 1572, na Bahia.
experiênci adquirida em combate nas guerras
das Relações Exteriores, cargo que exerceu durante o governo provisório, de 1889 a 1891,
Nascido em 1807 em Rio Grande São Pedro napoleônicas. Comandou a Fragata Niterói e Luís da Cunha Moreira, o Visconde de Cabo
por dez anos, até o fim da vida. Durante sua e senador constituinte por São Paulo entre Nicolas Durand de Villegagnon
participou do bloqueio planejado pelo Almi- Frio, nasceu em 1777, em Salvador, na Bahia.
do Sul, Joaquim Marques Lisboa ingressou na gestão, trabalhou em prol da solução de ques-
rante Cochrane que resultou na retirada das Cursou a Real Academia de Marinha de Lisboa 1890 e 1891. Voltou ao Senado três anos de- Nicolas Durand de Villegagnon nasceu em
Marinha de Guerra nos primórdios da Inde- tões de fronteiras brasileiras. Faleceu no Rio
forças portuguesas da Bahia, em 1823. Fus- e, na Marinha portuguesa, lutou nas guerras pois, exercendo mandato até 1895 e assumiu, 1510, em Provins, na França. Integrou a Or-
pendência, em cuja consolidação teve enorme de Janeiro, em 1912.
tigou as tropas portuguesas até as costas de napoleônicas. No posto de capitão de mar e no ano seguinte, a presidência do Estado de dem de Malta. Oriundo da pequena nobreza,
papel. Além de comandar a Esquadra na Ba-
Portugal, sendo promovido, em seguida, ao guerra, foi o primeiro brasileiro nato a exer- São Paulo por dois anos. Em 1898, foi eleito, foi correio diplomático do rei Francisco I,
talha do Riachuelo, participou das Guerras de Júlio de Noronha
posto de Capitão de Mar e Guerra. No entanto, cer o cargo de Ministro e Secretário de Es- por voto direto, presidente da República para Vice-Almirante da Bretanha e fundador da
Independência, comandou navios da Marinha
os protestos britânicos em razão de ter sido Júlio Cesar de Noronha nasceu no Rio de Ja- tado dos Negócios da Marinha, entre 1822 e mandato que se encerraria em 1902. Faleceu França Antártica. Entre outros feitos durante
Imperial no Rio da Prata durante a Guerra Cis-
contratado quando era oficial do serviço ativo neiro em 1845. Assentou praça de aspirante a 1823, quando ocupava o posto de Capitão de em Santos, São Paulo, em 1913. seu trajeto vinculado à Ordem de Malta, foi
platina e cumpriu diversas missões no período
da Marinha britânica fizeram com que fosse guarda-marinha em 1862. Em 1891, no posto Mar e Guerra. Durante sua gestão, assumiu escolhido para acompanhar o imperador Carlos
regencial. Recebeu o título de Marquês em 1888,
exonerado da Marinha Brasileira em 1824. de Capitão de Mar e Guerra, foi nomeado chefe a difícil tarefa de organizar o abastecimento Manuel Antônio Farinha V em um ataque a Argel, que não ocorreu em
chegou a Almirante e faleceu em 20 de março
Casado com uma brasileira e tendo se natu- do comissariado geral da Armada. Dois anos e a manutenção da Marinha. As medidas que razão de uma forte tempestade que atingiu a
de 1897, no Rio de Janeiro. Conde de Souzel
ralizado, foi reconduzido à Armada nacional depois assumiu o cargo de inspetor do Arse- tomou resultaram na formação da Primeira frota. A mando do rei Henrique II, Villegag-
em 1825, por decrto do Impreador D. Pedro I. nal de Marinha, do qual se exonerou em 1911. Esquadra do Brasil, que desempenhou papel Manuel Antônio Farinha, o Conde de Souzel, non raptou a menina Maria Stuart, que seria
John Pascoe Grenfell
Entre as missões que assumiu, reprimiu cor- Também tomou parte em comissões, entre as fundamental no processo de consolidação nasceu na Vila de Souzel, em Portugal em a futura rainha da Escócia, a qual Henrique
John Pascoe Grenfell nasceu na Inglaterra, em sários inimigos e combateu a Cabanagem, no quais a corveta Niterói e o cruzador Barroso. da independência política brasileira. Foi re- 1775. Ingressou na Marinha portuguesa em II casaria seu filho menor, posteriormente
1800. Iniciou sua carreira na Companhia Bri- Pará. Alcançou o posto de Vice-Almirante em Em 1896 foi nomeado Chefe do Estado Maior formado e promovido a Almirante em 1849. 1793, alcançou o posto de almirante gradu- chamado de Francisco II. Quando ocupava o
tânica das Índias Orientais. No contexto das dezembro de 1854 e faleceu no ano seguinte. General da Armada, cargo que exerceu até Faleceu em 1865. ado em 1829 e assumiu o alto cargo de major- posto de Vice-Almirante da Bretanha, após
180

ouvir depoimentos de marinheiros que haviam Pedro Antônio Nunes Maria Leonor Ernestina Daun, em 1745, aliança
estado na América do Sul, Villegagnon veio para que o proporcionou o cargo de Secretário de Es-
Pedro Antônio Nunes nasceu em Portugal. In-
o Brasil, onde chegou em 1555, adentrando a Baía tado do governo de Lisboa em Viena. Cinco anos
gressou na Armada em 1786. Teve participação
de Guanabara, com o objetivo de instalar uma depois, foi nomeado pelo Rei D. José I Secretário
nas campanhas da Independência – quando
base naval. Obteve o apoio de grupos indígenas dos Negócios Estrangeiros e permaneceu nesse
comandou uma força naval composta pela
e iniciou a construção do forte Coligny, na atual cargo até 1756, quando se tornou Secretário do
corveta Liberal, dois brigues e duas escunas,
Ilha de Villegagnon. A ocupação francesa, que Reino. Quatro anos depois, recebeu de D. José I
que partiu do Rio de Janeiro para bloquear o
se tornou conhecida como França Antártica, foi, o título de Conde de Oeiras e, em 1769, recebeu
porto de Montevidéu -, do Rio da Prata e em
alguns anos depois, desarticulada e expulsa por o título de Marquês de Pombal. Em 1777, foi
diversas comissões. Durante sua trajetória, co-
Mem de Sá e suas tropas a serviço de Portugal, demitido do cargo de Secretário do Reino, já no
mandou diversas embarcações, entre as quais
em 1560. Villegagnon faleceu em 1572. reinado de D, Maria I. Faleceu em 1782.
a charrua Princesa Real e o bergantim Ballaó.
Foi promovido a Chefe-de-Esquadra graduado
D. Pedro I em 1829 e reformado em 1834, quando ocupava Tomé de Souza
D. Pedro de Alcântara nasceu no Palácio de o posto de Vice-Almirante da Armada Nacional. Tomé de Souza nasceu Rates, Portugal, onde
Queluz, Portugal, em 1798, filho do rei de Por- Faleceu em 1850. foi o primeiro titular da Comenda a Ordem de
tugal D. João VI e da rainha Carlota Joaquina de Cristo. Em 1535, embarcou em uma das capitâ-
Bourbon. Chegou ao Brasil 1808, com a transfe- Pedro Ignacio MezZa nias das viagens da Carreira das Índias, da qual
rência da Família Real portuguesa para o Brasil, retornou a Portugal dois anos depois. Entre 1527
no contexto das invasões napoleônicas. Em 1821, Pedro Ignacio Mezza ingressou no serviço militar e 1528 e em 1534 esteve no Marrocos lutando,
quando a Corte retornou para Portugal, D. Pedro no Paraguai como soldado de artilharia. Cabo onde participou de investidas contra áreas de
decidiu ficar no Brasil como Príncipe Regente e, em 1841, sargento em 1844 e subtenente em 1846, controle muçulmano. Fidalgo, foi o primeiro
no ano seguinte, em 7 de setembro, proclamou alcançou a patente de tenente de navio em 1847. governador-geral do Brasil, entre 1549 e 1553,
a Independência deste País, tornando-se Impe- Durante sua trajetória, comandou embarcações nomeado pela Coroa portuguesa para centrali-
rador sob o título de D. Pedro I. Com a morte de como o vapor Rio Blanco e a canhoneira Tacuarí. zar a administração e afastar os riscos oferecidos
D. João VI, em 1826, D. Pedro I, tornou-se rei de Em 1854, foi nomeado comandante da Esquadra pelas invasões estrangeiras. Ao chegar ao Brasil,
Portugal como D. Pedro IV, mas pouco depois Nacional pelo presidente do Paraguai, Carlos acompanhado de outros oficiais nomeados pela
abdicou do trono em favor de sua filha, Maria. Antonio López. Em 1858 ascendeu a Capitão Coroa e de padres jesuítas, fundou a cidade de
No Brasil, enfrentando contexto de tensões po- de Fragata. Comandou a esquadra paraguaia Salvador, que se transformou no polo adminis-
líticas, e com o objetivo de restaurar os direitos durante a Batalha do Riachuelo, no dia 11 de trativo da colonização portuguesa no Brasil. Em
de sua filha ao trono na Europa – cobiçado por junho de 1865. Gravemente ferido, faleceu dias 1553, foi substituído no cargo por Duarte da Costa
seu irmão, Miguel –, D. Pedro I decidiu retornar após a batalha. e retornou a Portugal, onde assumiu a vedoria
a Portugal e abdicou, em 1831, do trono do Brasil da Casa de D. João III e, posteriormente, durante
em favor de seu filho, Pedro II, nomeando José Pedro Jacques de Magalhães o reinado de D. Sebastião, a vedoria da Casa da
Bonifácio como seu tutor dada sua menoridade. Pedro Jacques de Magalhães nasceu em Portugal. rainha D. Catarina. Faleceu em 1579.
Faleceu em Portugal, em 1834. Foi o segundo comandante da frota da Compa-
nhia Geral do Brasil comandada pelo Conde de William Christie
D. Pedro II Castel-Melhor que partiu de Lisboa em 1642. Foi William Dougal Christie nasceu em 1816 em
Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salva- comandante da Esquadra em 1653 e, liderou as Bombaim, na Índia, ode ingressou, posterior-
dor Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio forças que lutaram pela expulsão dos holande- mente, no Serviço Civil. Formou-se no Trinity
Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e ses de Recife, efetivada em 1654. Durante sua College, em Cambridge. Em 1839 publicou texto
Habsburgo nasceu em 1825 na cidade do Rio de trajetória, alcançou a patente de Almirante e no qual defendia a votação. Foi apontado Con-
Janeiro. Quando tinha apenas cinco anos, seu recebeu o título de Visconde da Fonte-Arcada. sul Geral britânico no território de Mosquito,
pai, o Imperador D. Pedro I, abdicou do trono em na América Central, em 1848. Entre os cargos
seu favor. Assumiu o trono como D. Pedro II em SEBASTIÃO JOSÉ de CARVALHO E MELO que assumiu, foi, entre 1851 e 1854, secretário de
1841, após um decreto antecipar a sua maiori- Marquês de Pombal legação da Confederação Suíça e foi nomeado,
dade. Admirador das artes e ciências, financiou em 1854, Consul Geral na Argentina, tornando-
e apoiou diversas inciativas nessas área durante Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu em -se, dois anos depois, Ministro Plenipotenciário.
o seu reinado. Incentivou a consolidação do Ins- 1699. Em 1733 ingressa na Real Academia de Em 1859 tornou-se enviado especial e Ministro
tituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), História. Em 1738 foi enviado como Ministro Plenipotenciário no Brasil. O exercício do cargo,
cujas reuniões frequentou assiduamente. Em Plenipotenciário à Corte de Londres, onde no que durou até 1863, foi marcado por tensões com
1889, com a proclamação da República, foi de- mesmo ano, substitui o então embaixador por- o governo brasileiro, em consequência de sua
posto e banido do Brasil. Viveu em Lisboa e, em tuguês. Em 1744, foi enviado como Ministro tentativa de impor o cumprimento de acordos
seguida em Paris, onde faleceu em 1891. Plenipotenciário à Corte de Viena. Na Áustria, referentes ao comércio de escravos. Faleceu em
casou-se, em segundas núpcias, com a condessa Londres, em 1874.
182

183
HOMENAGENS
LISTA DE MILITARES FALECIDOS EM SERVIÇO (1914 – 2014) Segundo-Tenente (Md-RNR) GENTIL SENRA DE ANDRADE FILHO
Nascimento: Informação inexistente
MN-PE-EL JOSÉ PRIMO DOS SANTOS Falecimento: 1 de janeiro de 1971
Submarinista
2ºSG-EL-SB ALTAMIRO DOS SANTOS NUNES
Nascimento: Informação inexistente
Submarinista
Falecimento: 14 de novembro de 1938
Nascimento: 5 de fevereiro de 1943
Capitão-Tenente ALBERTO GONÇALVES ROSAURO DE ALMEIDA Falecimento: 15 de maio de 1988
Submarinista
Capitão-Tenente MARCO AURÉLIO JORGE GUSMÃO CROMACK
Nascimento: 16 de maio de 1915
Mergulhador de Combate
Falecimento: 12 de junho de 1943
Nascimento: 25 de abril de 1958
Capitão-Tenente JÚLIO LIMA DE MOURA Falecimento: 26 de março de 1992
Submarinista
CB-MG EDILBERTO JIQUIRI DA SILVA
Nascimento: 19 de setembro de 1914
Mergulhador
Falecimento: 12 de junho de 1943
Nascimento: 28 de maio de 1966
Capitão-de-Corveta ARISTIDES Falecimento: 28 de agosto de 1995
FRANCISCO GARNIER
CB-MG-MEC LUIZ CARLOS TORRES DE AQUINO
Submarinista
Mergulhador de Combate
Nascimento: 8 de março de 1897
Nascimento: 2 de janeiro de 1970
Falecimento: 8 de outubro de 1943
Falecimento: 7 de janeiro de 1998
Capitão-de-Fragata GASTÃO MONTEIRO MOUTINHO
CB-MG JOSÉ EDMAR MENDES DE MESQUITA FILHO
Submarinista
Mergulhador de Combate
Nascimento: 9 de maço de 1896
Nascimento: 28 de março de 1974
Falecimento: 21 de julho de 1944
Falecimento: 9 de outubro de 2001
Capitão-de-Fragata GARCIA D’ ÁVILA
CB-MG JAIME RODRIQUES CARDOSO JUNIOR
PIRES DE CARVALHO E ALBUQUERQUE
Mergulhador de Combate
Submarinista
Nascimento: 5 de julho de 1975
Nascimento: Informação inexistente
Falecimento: 9 de outubro de 2001
Falecimento: 4 de julho de 1945
2ºSG-MG REGINALDO TEIXEIRA DA SILVA JÚNIOR
Capitão-de-Fragata NOISIO PENNA
Mergulhador
DE OLIVEIRA
Nascimento: 15 de Junho de 1973
Submarinista
Falecimento: 13 de setembro de 2002
Nascimento: 1 de novembro de 1920
Falecimento: 9 de julho de 1963
184

CB-MG RANIERI BASTOS DA SILVA


Mergulhador
Nascimento: 10 de maio de 1969
Falecimento: 10 de outubro de 2003

SO-MG LAÉRCIO DE MELO OLEGÁRIO


Mergulhador
Nascimento: 5 de junho de 1965
Falecimento: 15 de outubro de 2008

Capitão-Tenente ANDERSON ALVES SMITH PEREIRA


Mergulhador de Combate
Nascimento: 11 de junho de 1980
Falecimento: 6 de maio de 2011

2ºSG-EP NILSON NORONHA DE OLIVEIRA


Nascimento: 7 maio de 1979
Falecimento: 10 de fevereiro de 2010

2ºSG-MG ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS CARVALHO


Mergulhador
Nascimento: 26 de fevereiro de 1975
Falecimento: 18 de maio de 2010

SO-MG ISAAC JORGE FABIANO DA SILVA


Mergulhador
Nascimento: 8 setembro de 1972
Falecimento: 4 de março de 2014

MN-MO Valdir Lemes


Mergulhador
Nascimento: 25 de julho de 1955
Falecimento: 9 de dezembro de 1980

MN-CP EDNALDO AZEVEDO DA SILVA


Mergulhador
Nascimento: 27 de fevereiro de 1952
Falecimento: 9 de dezembro de 1980
186

187
COMForS
Contra-Almirante MARCOS SAMPAIO OLSEN - 19/04/2013 a Contra-Almirante JELCIAS BAPTISTA DA SILVA CASTRO - 17/04/1985 a 07/05/1986

Contra-Almirante GLAUCO CASTILHO DALL’ANTONIA - 24/04/2012 a 19/04/2013 Vice-Almirante JOÃO GERALDO MATTA DE ARAÚJO - 31/03/1985 a 17/04/1985

Contra-Almirante AFRÂNIO DE PAIVA MOREIRA JUNIOR - 06/04/2011 a 24/04/2012 Contra-Almirante JOÃO GERALDO MATTA DE ARAÚJO - 20/03/1984 a 30/03/1985

Contra-Almirante CELSO LUIZ NAZARETH - 07/04/2010 a 06/04/2011 Contra-Almirante LUIZ AUGUSTO PARAGUASSÚ DE SÁ - 09/03/1983 a 20/03/1984

Contra-Almirante BENTO COSTA LIMA LEITE DE ALBUQUERQUE JUNIOR - 17/04/2008 a 07/04/2010 Contra-Almirante MAURO BRASIL - 04/01/1982 a 09/03/1983

Vice-Almirante ARNALDO DE MESQUITA BITTENCOURT FILHO - 31/07/2007 a 17/04/2008 Contra-Almirante VALBERT LISIEUX MEDEIROS DE FIGUEIREDO - 28/05/1980 a 04/01/1982

Contra-Almirante ARNALDO DE MESQUITA BITTENCOURT FILHO - 04/04/2007 a 31/07/2007 Contra-Almirante HENRIQUE OCTAVIO ACHÉ PILLAR - 15/02/1979 a 28/05/1980

Vice-Almirante TERENILTON SOUSA SANTOS - 31/03/2007 a 04/04/2007 Contra-Almirante HENRIQUE RUBEM COSTA VELLOSO - 13/06/1977 a 15/02/1979

Contra-Almirante TERENILTON SOUSA SANTOS - 01/04/2005 a 31/03/2007 Contra-Almirante GABRIEL DE ARAÚJO BASTOS - 14/02/1975 a 24/02/1977

Vice-Almirante PEDRO FAVA - 31/03/2005 a 01/04/2005 Contra-Almirante ALFREDO KARAM - 31/03/1973 a 14/02/1975

Contra-Almirante PEDRO FAVA - 17/04/2003 a 31/03/2005 Capitão-de-Mar-e-Guerra ALFREDO KARAM - 21/03/1972 a 30/03/1973

Contra-Almirante FERNANDO EDUARDO STUDART WIEMER - 29/04/2002 a 17/04/2003 Capitão-de-Mar-e-Guerra ALFREDO EWALDO RUTTER MATTOS - 19/02/1971 a 20/12/1971

Contra-Almirante EURICO WELLINGTON RAMOS LIBERATTI - 06/04/2000 a 29/04/2002 Capitão-de-Mar-e-Guerra FERNANDO CARVALHO CHAGAS - 03/06/1969 a 19/02/1971

Vice-Almirante KLEBER LUCIANO DE ASSIS - 25/11/1999 a 06/04/2000 Capitão-de-Mar-e-Guerra JOAQUIM JANUÁRIO DE A. COUTINHO NETTO - 05/03/1969 a 21/05/1969

Contra-Almirante KLEBER LUCIANO DE ASSIS - 16/08/1999 a 25/11/1999 Capitão-de-Mar-e-Guerra DIOCLES LIMA DE SIQUEIRA - 25/01/1968 a 05/03/1969

Contra-Almirante MIGUEL ANGELO DAVENA - 30/04/1998 a 16/08/1999 Capitão-de-Mar-e-Guerra ANTONIO JOVINO PAVAN - 29/09/1966 a 25/01/1968

Contra-Almirante CARLOS EMILIO RAFFO JUNIOR - 06/02/1997 a 30/04/1998 Capitão-de-Mar-e-Guerra FERNANDO G. REIS VIANNA - 11/02/1966 a 24/08/1966

Contra-Almirante LUIZ SERGIO SILVEIRA COSTA - 31/03/1995 a 06/02/1997 Capitão-de-Mar-e-Guerra HEBERT PINTO MORADO - 05/08/1965 a 11/02/1966

Contra-Almirante ROGÉRIO VIANNA LAFAYETTE - 18/04/1994 a 31/03/1995 Capitão-de-Mar-e-Guerra GERALDO AZEVEDO HENNING - 12/05/1964 a 05/08/1965

Contra-Almirante ODILON LUIZ WOLLSTEIN - 28/04/1993 a 18/04/1994 Capitão-de-Mar-e-Guerra ÁTTILA RODRIGUES NOVAES - 22/01/1963 a 12/05/1964

Contra-Almirante MARIO AUGUSTO DE CAMARGO OZÓRIO - 12/03/1992 a 28/04/1993 Capitão-de-Mar-e-Guerra ÁTTILA FRANCO ACHÉ - 09/02/1962 a 09/11/1962

Contra-Almirante JOSÉ LUIZ FEIO OBINO - 20/02/1991 a 12/03/1992 Capitão-de-Mar-e-Guerra OCTÁVIO JOSÉ SAMPAIO FERNANDES - 11/04/1961 a 09/02/1962

Contra-Almirante LUIZ ALBERTO DE CARVALHAL JUNQUEIRA - 02/05/1990 a 20/02/1991 Capitão-de-Mar-e-Guerra LUIS ANTONIO DE MEDEIROS NETTO - 04/02/1960 a 11/04/1961

Contra-Almirante SÉRGIO TASSO VÁSQUEZ DE AQUINO - 21/04/1989 a 02/05/1990 Capitão-de-Mar-e-Guerra ERNESTO DE MELLO JUNIOR - 08/04/1959 a 04/02/1960

Contra-Almirante CARLOS AUGUSTO BASTOS DE OLIVEIRA - 14/04/1988 a 21/04/1989 Capitão-de-Mar-e-Guerra SYLVIO MONTEIRO MOUTINHO - 04/02/1958 a 08/04/1959

Contra-Almirante DOMINGOS PACÍFICO CASTELLO BRANCO FERREIRA - 29/04/1987 a 14/04/1988 Capitão-de-Mar-e-Guerra HERMANN GONÇALVES MARTINS - 25/09/1956 a 04/02/1958

Contra-Almirante FERNANDO LUIZ PINTO DA LUZ FURTADO DE MENDONÇA - 07/05/1986 a 29/04/1987 Capitão-de-Mar-e-Guerra MARIO PINTO DE OLIVEIRA - 25/08/1955 a 25/09/1956
188

189
Capitão-de-Mar-e-Guerra VICTORINO DA SILVA MAIA - 23/10/1954 a 25/08/1955 Capitão-de-Mar-e-Guerra JOAQUIM BUARQUE DE LIMA - 25/09/1929 a 02/10/1930

Capitão-de-Mar-e-Guerra LUIZ PHELIPPE DE S. DA GAMA - 31/12/1953 a 23/10/1954 Capitão-de-Mar-e-Guerra CARLOS ALVES DE SOUZA - 17/02/1928 a 25/09/1929

Capitão-de-Mar-e-Guerra OCTÁVIO DA SILVEIRA CARNEIRO - 07/07/1952 a 31/12/1953 Capitão-de-Mar-e-Guerra EMANUEL GOMES BRAGA - 22/01/1927 a 17/02/1928

Capitão-de-Mar-e-Guerra AURÉLIO LINHARES - 30/10/1951 a 07/07/1952 Capitão-de-Mar-e-Guerra FRANCISCO JOSÉ PEREIRA DAS NEVES - 27/10/1926 a 22/01/1927

Capitão-de-Mar-e-Guerra JORGE DA SILVA LEITE - 05/01/1951 a 30/10/1951 Capitão-de-Mar-e-Guerra ALEXANDRE COELHO MESSEDER - 27/02/1926 a 27/10/1926

Capitão-de-Mar-e-Guerra NEREU CHALREO CORRÊA - 07/02/1950 a 05/01/1951 Capitão-de-Mar-e-Guerra ALVARO NUNES DE CARVALHO - 07/11/1925 a 27/02/1926

Capitão-de-Mar-e-Guerra OLAVO DE ARAÚJO - 30/08/1949 a 07/02/1950 Capitão-de-Fragata PEDRO MANOT SERRAT - 10/01/1925 a 07/11/1925

Capitão-de-Mar-e-Guerra MARIO LOPES YPIRANGA DOS GUARANYS - 29/01/1948 a 30/08/1949 Capitão-de-Fragata JOSÉ MACHADO DE CASTRO E SILVA - 01/02/1924 a 10/01/1925

Capitão-de-Mar-e-Guerra MAURÍCIO EUGENIO XAVIER DO PRADO - 23/01/1947 a 29/01/1948 Capitão-de-Fragata CARLOS AMÉRICO DOS REIS - 05/12/1922 a 01/02/1924

Capitão-de-Mar-e-Guerra NELSON NORONHA DE CARVALHO - 24/01/1946 a 23/01/1947 Capitão-de-Mar-e-Guerra JOÃO ANTONIO DA SILVA RIBEIRO JUNIOR - 05/12/1921 a 05/12/1922

Capitão-de-Mar-e-Guerra ARMANDO PINTO DE LIMA - 27/07/1945 a 24/01/1946 Capitão-de-Fragata JOAQUIM BUARQUE DE LIMA - 05/02/1921 a 05/12/1921

Capitão-de-Fragata ÁTTILA MONTEIRO ACHÉ - 10/01/1941 a 27/07/1945 Capitão-de-Fragata AGENOR VIDAL - 13/10/1920 a 05/02/1921

Capitão-de-Mar-e-Guerra MARIO HECKSHER - 14/05/1938 a 10/01/1941 Capitão-de-Fragata ALFREDO AMANCIO DOS SANTOS - 25/10/1919 a 13/10/1920

Capitão-de-Fragata FERNANDO COCHRANE - 15/01/1934 a 14/05/1938 Capitão-de-Corveta MARCULINO ALVES DE SOUZA - 05/08/1919 a 25/10/1919

Capitão-de-Fragata ADALBERTO LANDIM - 24/01/1933 a 15/01/1934 Capitão-de-Fragata RAFAEL BRUSQUE - 14/01/1919 a 05/08/1919

Capitão-de-Fragata ARISTIDES DE ALMEIDA BELTRÃO - 02/04/1932 a 24/01/1933 Capitão-de-Fragata VENCESLAU DE ALBUQUERQUE CALDAS - 09/09/1918 a 14/01/1919

Capitão-de-Fragata MARCULINO ALVES DE SOUZA - 22/12/1930 a 02/04/1932 Capitão-de-Fragata PROTÓGENES PEREIRA GUIMARÃES - 18/02/1918 a 09/09/1918

Capitão-de-Mar-e-Guerra RAUL TAVARES - 02/12/1930 a 22/12/1930 Capitão-de-Corveta JOSÉ MACHADO DE CASTRO E SILVA - 07/01/1915 a 18/02/1918

Capitão-de-Mar-e-Guerra AMPHILOQUIO REIS - 02/10/1930 a 02/12/1930 Capitão-de-Fragata FILINTO PERRY - 17/07/1914 a 07/01/1915
190

191
Agradecimentos
Almirante-de-Esquadra (Refº) ALFREDO KARAM | Ex-Ministro da Marinha Capitão-de-Corveta MAURÍCIO TINOCO DOS SANTOS BENVENUTO | CIAMA

Almirante-de-Esquadra (RM1) FERNANDO EDUARDO STUDART WIEMER | Conselheiro Militar da Missão Permanente do Brasil nos Estados Unidos Capitão-de-Corveta CLAUDIO LUIZ RODRIGUES | CIAMA
Junto às Organizações das Nações Unidas SC MÁRCIA PRESTES TARFT | DPHDM
Almirante-de-Esquadra (RM1) GILBERTO MAX ROFFÉ HIRSCHFELD | Coordenador Geral - COGESN SC JOSÉ ANTONIO ARAUJO ALVES | DPHDM
Vice-Almirante BENTO COSTA LIMA LEITE DE ALBUQUERQUE JUNIOR | Diretor-Geral da Secretaria da Junta Interamericana de Defesa - RBJID SC LUIZ OTAVIO DE CASTRO CUNHA | DPHDM
Vice-Almirante Cláudio Portugal de Viveiros | Diretor de Portos e Costas - DPC Capitão-Tenente FELIPE FAMPA NEGREIROS LIMA | CIAMA
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1) JOSÉ CARLOS JUAÇABA TEIXEIRA | Encarregado do Grupo de Desenvolvimento e Avaliação - ComForS Capitão-Tenente (T) MARCELO DA SILVA VIEIRA | ComForS
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1) WALTERCIO JOSÉ DE QUEIROZ SEIXAS | Ajudante da Seção de Desenvolvimento e Avaliação - ComForS Capitão-Tenente (Md) NELSON ELIAS ANDRADE JUNIOR | CIAMA
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1) FLÁVIO LUIZ CONDÉ MARLIÈRE | Chefe de Gabinete - COGESN Capitão-Tenente (T) LÚCIA MURRER DE FIGUEIREDO STURTZ | ComForS
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1) JOÃO RICARDO DOS REIS LESSA | Assessor de Integração do Estaleiro e Base Naval - COGESN Capitão-Tenente LEANDRO AMARAL DE SOUSA | CIAMA
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1) RICARDO LINDGREN DE CARVALHO | Assessor de Comunicação Social - CONGESN Primeiro-Tenente AFONSO DA SILVA CARVALHO | STimbira
Capitão-de-Mar-e-Guerra CAIO VICTORIANO RENAUD FILHO | Chefe do Estado-Maior do Comando da Força de Submarinos e todo o Estado Maior do Primeiro-Tenente (RM2-T) FÁBIO DE SOUZA REGO BARROS | ComForS
ComForS e sua Tripulação
Primeiro-Tenente (T) SERGIO WILLIAN DE CASTRO OLIVEIRA FILHO | DPHDM
Capitão-de-Mar-e-Guerra JOSÉ RENATO DE AMORIM MOURA | Comandante da Base Almirante Castro e Silva e toda a sua Tripulação
Primeiro-Tenente (T) ANA CRISTINA COSTA DA SILVA | ComForS
Capitão-de-Mar-e-Guerra ALEXANDRE MADUREIRA DE SOUZA | Comandante do Submarino Tikuna e toda a sua Tripulação
SO-RM1-MO-SB JORGE GERALDO GONÇALVES | CIAMA
Capitão-de-Fragata HORÁCIO CARTIER | Comandante do Submarino Tapajó e toda a sua Tripulação
SO-RM1-AM-SB JACIVAM ALVES DE MELO | CIAMA
Capitão-de-Fragata DILLER DE ABREU JUNIOR | Comandante do Grupamento de Mergulhadores de Combate e toda a sua Tripulação
SO-RM1-FN-EG HAROLDO CESAR CAMELO DE ASSUNÇÃO | DPHDM
Capitão-de-Fragata LUIZ FILIPE QUEIJO CORREIA | Ex-Comandante do Navio de Socorro Submarino Felinto Perry
SO-RM1-FN-IF JORGE AMARO DO SANTOS | DPHDM
Capitão-de-Fragata ANDRÉ MARTINS DE CARVALHO | Comandante do Submarino Timbira e toda a sua Tripulação
SO-OR-SB ANTÔNIO CARLOS SILVA DE ALMEIDA | ComForS
Capitão-de-Fragata (T) CLÁUDIA DRUMOND DO NASCIMENTO | Chefe do Departamento de Biblioteca e Arquivo da Diretoria do Patrimônio Histórico e
SO-EL WALTER BITTENCOURT JUNIOR | ComForS
Documentação da Marinha - DPHDM
SO-PL WARLEY FAGUNDES DOS SANTOS | CIAMA
Capitão-de-Fragata AMILTON OLIVEIRA FERREIRA | Comandante do Submarino Tamoio e toda a sua Tripulação
SO-GR ALEXANDRE SENRA OLIVEIRA | DPHDM
Capitão-de-Fragata ALEXANDRE FONTOURA DE OLIVEIRA | Comandante do Navio de Socorro Submarino Felinto Perry e toda a sua Tripulação
1ºSG-RM1-AM FRANCISCO CARLOS DE OLIVEIRA SANTOS | DPHDM
Capitão-de-Fragata HUMBERTO LUIS RIBEIRO BASTOS CARMO | Comandante do Submarino Tupi e toda a sua Tripulação
1ºSG-ET-SB TAMAR COELHO LIMA MARTINS | CIAMA
Capitão-de-Fragata EDUARDO PIMENTEL JORGE DE SOUZA | CIAMA
2ºSG-RM1-ES EPAMINONDAS COELHO DOS SANTOS | DPHDM
Capitão-de-Corveta PIERRE PAULO DA CUNHA CASTRO | DPHDM
2ºSG-RM1-SI LUIS ANTONIO FONSECA | DPHDM
Capitão-de-Corveta CARLOS ALBERTO LEITE MACHADO | CIAMA
2ºSG-ET FÁBIO COELHO DAMASCENO | ComForS
Capitão-de-Corveta (T) MARIA DA GLÓRIA DE SANT’ANA SILVA | DPHDM
3ºSG-CL JULIANA SILVA LOPES | ComForS
Capitão-de-Corveta (T) CARLOS ANDRÉ LOPES DA SILVA | DPHDM
CB-DT-SB GEOVANI SOUZA NOLETO CHAVES | ComForS
192

193
ÍNDICE REMISSIVO
de iconografia
Folha de guarda 29
Carta Náutica País com desembarque de europeus em terra de índios.
1578 Século XVII
Joan Martines Gillis Peeters
Portolan Atlas Óleo sobre tela
The Huntington Library, Art Collections, and Botanical Gardens, San Marino, California Museu Nacional do Prado, Madrid.
14 - 15 30
Nome desconhecido [paisagem com Tender Ceará e submarinos F1, F3 e F5] Villa Ricca [Vila Rica]
1975 Século XIX
Miranda Junior Johann Moritz Rugendas
Força de Submarinos Litógrafos: Alphonse Bichebois e J. David
Biblioteca Mário de Andrade, Prefeitura de São Paulo, São Paulo, Brasil
22
Americae tertia pars: memorabile provinciae Brasiliae historiam [A Terceira parte da América: a história da memorável província do Brasil] Convoi de diamans passant par Caiete [Carregamento de diamantes passando por Caeté, Minas Gerais]
1592 Século XIX
Theodor de Bry Johann Moritz Rugendas
Impresso em Frankfurt, Alemanha, por Theodor de Bry Litógrafos: V. Viard e Victor Adam
Service Historique de la Marine, Château de Vincennes, Vincennes, França Biblioteca Mário de Andrade, Prefeitura de São Paulo, São Paulo, Brasil
24 Danse Batuca [Dança do batuque]
Frota de Pedro Álvares Cabral Século XIX
O Sucesso dos Visoreis Johann Moritz Rugendas
Meados do século XVI Litógrafos: Jules Villeneuve e E. Lepoitevin
Lizuarte de Abreu Biblioteca Mário de Andrade, Prefeitura de São Paulo, São Paulo, Brasil
The Morgan Library & Museum, Nova Iorque, Estados Unidos.
Sabará
25 Século XIX
Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas e derrotas que há na costa do Brasil desde o cabo de Santo Agostinho até ao Johann Moritz Rugendas
estreito de Fernão de Magalhães Litógrafo: A. Monthelier
Portugaliae monumenta cartographica Biblioteca Mário de Andrade, Prefeitura de São Paulo, São Paulo, Brasil
1582-1585
33
Atribuído a Luís Teixeira
Chegada do príncipe D. João à Igreja do Rosário
Biblioteca da Ajuda, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa
1937
26 Armando Viana
Esquadra de Duguay-Trouin Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
1844
Ferdinand Perrot
Coleção Paulo e Maria Cecília Geyer, Museu Imperial/Instituto Brasileiro de Museus(IBRAM)/Ministério da Cultura (MINC)
194

195
34 54 - 55
Chapel and Fortaleza of Boa Viagem: Rio de Janeiro [Capela e Fortaleza de Boa Viagem: Rio de Janeiro] Nome desconhecido [paisagem com submarinos Humaytá, S11, S12 e S13]
Século XIX 1975
OUSELEY, William Gore. Views in South America: from original drawings made in Brazil, the River Plate, the Parana Miranda Junior
Gravura de Jonathan Needham Força de Submarinos
Impresso em Londres, Inglaterra, por The McLean
58 - 61
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil
Protótipo do Submarino Turtle
37
62
America old map with Greenland insert map
John P. Holland climbing up hatch of his invention, the USS Holland submarine, the US Navy’s first commissioned submarine
John Speed
Ca. 1900
Publicado em Londres, 1627
Courtesy Everett Collection/Everett/Latinstock
38 - 39
65
Carta Náutica
New submarine leaving Milford Haven to go into action [Submarino novo deixando Milford Haven para entrar em ação]
Dieppe, 1547
Século XX
Anonymous
Charles M. Padday
Portolan Atlas
National Maritime Museum, Greenwich, Londres, Reino Unido
Southeastern South America, Straits of Magellan
66
42
Submarine D7 [Submarino D7]
Arsenal da Marinha de Guerra e Mosteiro de São Bento
Início do século XX
Marc Ferrez
William Lionel Wyllie
1890
National Maritime Museum, Greenwich, Londres, Reino Unido
FERREZ, Gilberto. O Rio Antigo do fotógrafo Marc Ferrez: Paisagens e tipos humanos do Rio de Janeiro. 1865-1918. Rio de Janeiro:
Editora Ex-libris, 1984 Submarine J.5 and rough sketch of another fighting vessel [Submarino J.5 e esboço de outro navio de combate]
Início do século XX
44 - 45
William Lionel Wyllie
Gravura aquarelada [Bahia]
National Maritime Museum, Greenwich, Londres, Reino Unido
Século XIX
Friedrich Salathé Study of an A-class submarine under way, possibly in Portsmouth Harbour [Estudo de um submarino da classe A em ação, possivelmente no
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil porto de Portsmouth]. Inacabado
Início do século XX
47
William Lionel Wyllie
Commerce and Sea Power
National Maritime Museum, Greenwich, Londres, Reino Unido
William Lionel Wyllie
1898 67
15 Submarine with sailors [15 submarinos com marinheiros]
49
Início do século XX
Pintura óleo sobre tela do retrato do Almirante Tamandaré
William Lionel Wyllie
1897
National Maritime Museum, Greenwich, Londres, Reino Unido
Acervo DPHDM
76 - 77
Pintura óleo sobre tela do retrato do Almirante Barroso
Nome desconhecido [paisagem com submarinos Humaytá, S11, S12 e S13]
s/d
1922
Acervo DPHDM
Carlos Balliester
50 - 51 Força de Submarinos
Combate Naval do Riachuelo.
1872
Victor Meirelles
Museu Histórico Nacional/IBRAM/MINC, Rio de Janeiro, Brasil
Composto em Airborne e Klinic Slab.
Sobre papel Saphir para a capa e Garda Kiara para o miolo.
Impresso pela Ipsis Gráfica e Editora para a FGV e a Força de Submarinos em 2014.
Homenagem aos 100 anos da ForS.

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