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APRENDENDO SOBRE OS ESQUEMAS

O QUE SÃO OS ESQUEMAS?


Um esquema é um padrão, uma regra que se desenvolve durante a infância e é
aperfeiçoado durante a vida do indivíduo, estes esquemas se tornam estáveis e duradouros.

NÓS VEMOS O MUNDO POR MEIO DOS NOSSOS ESQUEMAS!

Os esquemas são crenças e sentimentos importantes sobre SI MESMO e o MUNDO


AO SEU REDOR que você aceita sem questionar. Seus esquemas fazem com que você
interprete a maioria ou todas as situações que vivencia de modo que eles possam ser
reforçados e confirmados o tempo todo, dessa forma eles vão se mantendo e ficam muito
resistentes a mudança, pois eles são como verdades inquestionáveis que você criou a
respeito de si mesmo. O esquema não desaparece sem terapia, pois ele luta pela própria
sobrevivência fazendo você agir e sentir de maneira a comprová-los a todo momento.

Mesmo que os esquemas persistam depois de formarem-se, nem sempre temos


consciência deles, pois eles operam de modo sutil, fora da nossa consciência. Entretanto,
quando um esquema é ativado por alguma situação ou acontecimento, nossos pensamentos
e sentimentos são dominados por ele. É nesses momentos que as pessoas tendem a
experenciar emoções negativas extremas e a ter pensamentos disfuncionais sobre si mesmo,
sobre as pessoas com as quais convive e sobre o mundo em geral.

Os esquemas desadaptativos apresentam como características definidoras, tais como:


1 São crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo e em relação ao
ambiente; são como verdades a priori, implícitas e aceitas como algo natural.
2 São autoperpetuadores, e portanto muito resistentes à mudança;
3 Normalmente, são ativados por acontecimentos ambientais relevantes para o
esquema específico;
4 Estão muito ligados a altos níveis de afeto;
5 Parecem ser o somatório do temperamento inato da pessoa interagindo com
experiências disfuncionais dos pais, irmãos e amigos durante os primeiros anos de
vida.

COMO OS ESQUEMAS FUNCIONAM?


É por meio de três processos que os esquemas exercem sua influência sobre o seu
comportamento e funcionam para garantir sua sobrevivência. Os processos são:

- Manutenção do esquema: refere-se aos acontecimentos do dia-a-dia pelos quais os


esquemas funcionam e se mantém. Isso se dá pelas distorções cognitivas e pelos
padrões do comportamento autoderrotistas. Ou seja, o esquema vai destacar as
informações que o confirmam e vai minimizar ou negar as informações que o
contradizem.

- Evitação do esquema: refere-se as maneiras pelas quais as pessoas evitam ativar os


esquemas, pois quando os esquemas são ativados, as pessoas normalmente
experenciam emoções negativas extremas. Dessa maneira, elas desenvolvem
maneiras de evitar que os esquemas sejam acionados, a fim de não sentir essa dor. Há
três tipos de evitação do esquema: cognitivo, quando a pessoa esforça-se para não
pensar sobre acontecimentos perturbadores, sendo que isto pode ocorrer de maneira
voluntária ou automática; emocional, quando há o bloqueio de emoções dolorosas; e
comportamental, quando as pessoas agem de maneira a evitar situações que
desencadeiam esquemas para evitar a dor psicológica.
- Compensação do esquema: para evitar que o esquema seja acionado, a pessoa se
comporta de maneira que parece ser o oposto do que o esquema sugere.
DOMÍNIOS E SEUS ESQUEMAS

Domínio de desconexão e rejeição: expectativa de que as


necessidades de segurança, estabilidade, cuidado, aceitação, empatia e respeito não serão
satisfeitas de maneira previsível, causando a incapacidade de formar vínculos seguros e
satisfatórios com outras pessoas.

Características da família de origem (onde foi criado): fria, desligada, rejeitadora, isoladora,
imprevisível ou abusadora.

- Privação Emocional: expectativa do indivíduo de que seu desejo de conexão emocional


não será satisfeito adequadamente; inclui-se as seguintes formas de privação:

1- privação de cuidado: ausência de atenção, afeto, carinho ou companheirismo);

2- privação de empatia: ausência de compreensão, escuta, postura aberta, comprometimento


mútuo de sentimentos;

3- privação de proteção: ausência de força, direção ou orientação por parte de outros.

- Abandono/instabilidade: percepção de que os outros com quem poderia se relacionar são


instáveis e indignos de confiança. Envolve a sensação de que pessoas significativas não serão
capazes de continuar proporcionando apoio emocional, ligação, força ou proteção porque
seriam emocionalmente instáveis e imprevisíveis (por ex. teriam acessos de raiva), não
mereceriam confiança ou porque poderiam a qualquer momento abandonar ou não estarem
presentes quando se precisasse delas.

- Desconfiança/abuso: convicção de que as pessoas irão usá-los para fins egoístas


(abusarão, machucarão, magoarão, humilharão, mentirão, enganarão ou manipularão ou se
aproveitarão). Geralmente, envolve a percepção de que o prejuízo é intencional ou resultado
de negligência injustificada ou extrema. Pode incluir a sensação de que sempre se acaba
sendo enganado por outros ou “levando a pior”.

- Isolamento social/alienação: sentimento de que se está isolado do mundo, de que se é


diferente, de não se adequar ou não pertencer a quaisquer grupos ou comunidades.

- Defectividade/vergonha: sentimento de que é defectivo (está sempre devendo), falho,


mau, indesejado, inferior ou inválido em aspectos importantes. Logo, não seria digno de
receber amor, caso se expusesse. Pode envolver hipersensibilidade à crítica, rejeição e
postura acusatória; constrangimento, comparações e insegurança quando se está junto de
outros, ou vergonha dos defeitos percebidos. Essas falhas/defeitos podem ser privadas (como
egoísmo, impulsos de raiva, desejos sexuais inaceitáveis) ou públicas (como aparência física
indesejável, inadequação social).

Domínio de autonomia e desempenho


prejudicados: expectativa de pouca capacidade de sobreviver e funcionar de forma
independente e satisfatória. Dificuldade na separação com a família de origem.
Características da família de origem: superprotetora, emaranhada, destruidora da confiança
da criança; não consegue reforçar a criança a ter um desempenho competente fora da
família.

- Fracasso: crenças de fracasso (fracassou ou fracassará) e de inadequação em relação


aos seus pares em conquistas acadêmicas, ocupacionais, esportivas, entre outras. Costuma
envolver a crença de que se é burro, inapto, sem talento, ignorante, inferior, menos bem-
sucedido, etc. do que os outros.

- Dependência/incompetência: crença de que é incapaz de exercer as responsabilidades do


dia a dia de uma maneira competente, sem a ajuda dos outros (por ex: cuidar de si mesmo,
resolver problemas cotidianos, exercer a capacidade de discernimento, cumprir novas tarefas,
tomar decisões adequadas). Apresenta-se frequentemente como desamparo.

- Vulnerabilidade ao dano ou à doença: medo excessivo relacionado com catástrofes


iminentes que cairão sobre si sem chances de impedir a ocorrência e sem capacidade para
lidar com ela.

O medo se dirige a um ou mais dos seguintes:

(A) catástrofes em termos de saúde (ataque cardíaco, AIDS, etc.);

(B) catástrofes emocionais (ex: enlouquecer);

(C) catástrofes externas (queda de elevadores, ataques criminoso, desastres de avião,


terremotos).

- Emaranhamento/ego subdesenvolvido: necessidade de envolvimento emocional


excessivo com uma ou mais pessoas importantes em sua vida comprometendo a individuação
e desenvolvimento social normal. Muitas vezes, envolve a crença de que pelo menos uma das
pessoas emaranhadas não pode viver, funcionar bem ou ser feliz sem o constante apoio dos
outros. Pode também incluir sentimentos de ser sufocado ou fundido com outra(s) pessoa(s) e
de não ter uma identidade individual suficiente. Com freqüência, é vivenciado como
sentimento de vazio e fracasso totais, de não haver direção e, em casos extremos, de
questionar a própria existência.

Domínio de limites prejudicados: deficiência nos limites internos,


carência de desenvolvimento interno em relação à reciprocidade ou autodisciplina,
apresentando dificuldades de respeitar terceiros, cooperar, manter compromissos, cumprir
objetivos de longo prazo, restringir impulsos e postergar gratificações em função de
benefícios futuros.

Características da família de origem: permissividade, falta de direção, senso de


permissividade, excesso de indulgência.

- Merecimento/arrogância/grandiosidade: crença de superioridade em relação aos outros


de que é merecedor de direitos e privilégios especiais, não se sentindo submetidos às regras
de reciprocidade que guiam a interação social normal. Insistência em se ter ou fazer o que se
quer independente do que isso custe aos outros. Envolve o foco exagerado na superioridade
(estar entre os mais bem-sucedidos, famosos, ricos) para atingir poder ou controle (e não
necessariamente para obter aprovação ou atenção). Às vezes competitividade excessiva ou
dominação: afirmar o próprio poder, forçar o próprio ponto de vista ou controlar o
comportamento de outros segundo os próprios desejos, sem empatia ou preocupação com as
necessidades ou desejos dos outros.

- Autocontrole/autodisciplina insuficientes: dificuldade ou recusa em exercer


autocontrole e tolerância à frustração com relação aos próprios objetivos. Dificuldade em
limitar a expressão excessiva de emoções e impulsos. Em sua forma mais leve, a pessoa
apresenta ênfase exagerada na evitação de desconforto: evitando dor, conflito, confrontação
e responsabilidade, às custas da realização pessoal, comprometimento ou integridade.

Domínio de direcionamento para o outro: foco excessivo


nos desejos, sentimentos dos outros, comprometendo às suas próprias necessidades, visando
obter aprovação, conexão emocional e evitar retaliação, não tendo muitas vezes consciência
de sua própria raiva e preferências.

Características da família de origem: aceitação condicional (sob certas condições), onde as


crianças devem suprimir aspectos importantes de si próprio e de seus desejos para obterem
amor, aceitação social ou status. As vontades dos pais são mais importantes que os desejos e
necessidades das crianças.

- Subjugação (ato de se submeter): excessiva submissão ao controle dos outros por sentir-
se coagido e por perceber as próprias necessidades e sentimentos como não válidos ou
importantes para o outro. Submetendo-se para evitar a raiva, a retaliação e o abandono; as
principais formas são subjugação de necessidades (supressão das próprias preferências,
decisões, desejos e opiniões) e subjugação das emoções (supressão de emoções,
principalmente a raiva). Apresenta-se como obediência excessiva, combinada com
hipersensibilidade a sentir-se preso. Costuma levar a aumento da raiva, manifestada em
sintomas desadaptativos (por ex: comportamento passivo-agressivo, explosões de
descontrole, sintomas psicossomáticos, uso excessivo de álcool ou drogas).

- Auto-sacrifício: cumprimento voluntário das necessidades alheias à custa da própria


gratificação visando poupar os outros de sofrimento, evitar culpa de se sentir egoísta, ganhar
autoestima ou manter relação com quem considera carente; com frequência resulta de
sensibilidade intensa ao sofrimento de terceiros. Às vezes, leva a uma sensação de que as
próprias necessidades não estão sendo adequadamente satisfeitas e ao ressentimento em
relação àqueles que estão sendo cuidados.

- Busca de aprovação/reconhecimento: ênfase excessiva na obtenção de aprovação,


reconhecimento ou atenção dos outros ou no próprio enquadramento, comprometendo o
desenvolvimento seguro e verdadeiro do próprio self ( o eu). A autoestima depende
principalmente das reações alheias, em lugar das próprias inclinações naturais. Por vezes,
inclui uma ênfase exagerada em status, aparência, aceitação social, dinheiro ou realizações
como forma de obter aprovação, admiração ou atenção (não tanto em função de poder e
controle). Com frequência, resulta em importantes decisões não autênticas nem satisfatórias,
ou em hipersensibilidade à rejeição.

Domínio de supervigilância e inibição: supressão de


sentimentos e impulsos espontâneos com esforços no cumprimento de regras rígidas
internalizadas em relação ao próprio desempenho, às custas da autoexpressão, felicidade,
relacionamentos íntimos e qualidade de vida. Ênfase excessiva no controle dos impulsos,
diminuição da espontaneidade. Há uma preocupação de que as coisas irão desabar se houver
falha na vigilância.
Características da família de origem: severa, exigente, punitiva, perfeccionista (escondendo
emoções e evitando erros), propensão ao pessimismo e a preocupações de que as coisas não
vão dar certo.

- Negativismo/pessimismo: foco generalizado, duradouro e exagerado nos aspectos


negativos da vida (sofrimento, morte, perda, decepção, culpa, ressentimentos, erros, traição,
problemas) em detrimento de minimização ou negligência dos aspectos positivos ou
otimistas. Costuma incluir uma expectativa exagerada – uma ampla gama de situações
profissionais, financeiras, interperssoais – de que algo vai acabar dando muito errado, mesmo
que todas as evidências demonstrem o contrário. Envolve um medo exagerado de cometer
erros que podem levar a colapso financeiro, perda, humilhação ou a se ver preso em uma
situação ruim. Como exageram os resultados negativos potenciais, essas pessoas costumam
se caracterizar por preocupação, vigilância, queixas ou indecisões crônicas.

- Inibição emocional: excessiva inibição da ação, sentimentos, comunicação espontânea


visando evitar desaprovação alheia, sentimentos de vergonha ou de perda do controle dos
próprios impulsos.

As áreas mais comuns da inibição envolvem: inibição da raiva e da agressão; inibição de


impulsos positivos (por ex. alegria, afeto, excitação sexual, brincadeira); dificuldade de
manifestar vulnerabilidades ou comunicar livremente seus sentimentos e necessidades;
excessiva racionalidade, ao mesmo tempo em que se desconsideram emoções.

- Padrões inflexíveis/postura crítica exagerada: crença de que grande esforço deve ser
empreendido na obtenção de elevados padrões internos de comportamento e desempenho
para evitar críticas, o que repercute em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e
em posturas críticas exageradas com relação a si e aos outros. Costuma resultar em
sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas criticas exageradas com
relação a si mesmo e a outros. Deve envolver importante prejuízo do prazer, do relaxamento,
da saúde, da autoestima, da sensação de realização ou de relacionamentos satisfatórios.

Os padrões inflexíveis geralmente se apresentam como: perfeccionismo - atenção exagerada


a detalhes ou subestimação de quão bom é seu desempenho em relação à norma; regras
rígidas e ideias de como as coisas “deveriam” ser em muitas áreas da vida, incluindo
preceitos morais, éticos culturais e religiosos elevados, fora da realidade; preocupação com
tempo e eficiência, necessidade de fazer sempre mais do que se faz.

- Caráter punitivo: convicção de que os indivíduos deveriam ser severamente punidos pelos
erros que cometem, implicando em tendência a estar com raiva, ser intolerante e impaciente
com as pessoas e consigo próprio quando não correspondem às suas expectativas ou
padrões. Via de regra, inclui dificuldades de perdoar os próprios erros, bem como os alheios.

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