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“LICENÇA DE NOJO NO DIREITO DO TRABALHO ANGOLANO”

#OSWALDO_KAPIÑALA

O título sugere-nos uma ideia de “repugnância”, todavia, não é o que pretendemos transmitir neste
breve post.

A situação que queremos apresentar, independentemente do nome que possa ser dado (no direito
constituído ou a constituir), é de grande importância, visto que todo o trabalhador pode vivenciar
tal situação. Que situação é esta?

Ora, trata-se do afastamento do trabalhador do local de trabalho em razão da morte de um parente


próximo.

Deste modo, antes de mais cumpre sabermos o que é ou seria a licença de nojo?

Embora no direito constituído angolano não haja uma figura com este nome, o legislador angolano
não deixou de salvaguardar a situação da morte de um parente próximo ao trabalhador.

Esta figura é largamente desenvolvida na doutrina alemã e brasileira. Assim sendo, a licença de
nojo é o acto de autorização do empregador, que permite o afastamento temporário de um
trabalhador de suas funções por um certo período de tempo, em razão da proximidade entre este
e a pessoa falecida (sendo o grau de parentesco o critério, e não questões meramente pessoais).

O afastamento temporário não acarreta nenhum prejuízo a remuneração completa.

Nesta conformidade, de que maneira o legislador angolano consagrou?

Esta matéria está enquadrada nas chamadas faltas justificadas, nos termos da alínea c), n.º 1 do
artigo 145.º da Lei Geral do Trabalho(doravante LGT), aprovada pela Lei nº 7/15, de 15 de Junho;
“...são motivos justificativos ao trabalho: o falecimento de familiares directos...”

Nos termos do artigo 146.º da LGT, “as faltas por motivos de falecimento de familiares directos
têm dois limites”, designadamente:
• Oito dias úteis, seguidos ou interpolados, tratando-se do falecimento do conjugê ou do
companheiro de união de facto ou do falecimento de pais, filhos e outros membros do agregado
familiar;
• Três dias úteis, tratando-se do falecimento de tios, avôs, sogros, irmãos, netos, genros e noras.

Tal como dissemos, independentemente do afastamento do trabalhador, o empregador é obrigado


a remunerá-lo totalmente; entretanto, o empregador pode autorizar a falta ao trabalho pelo
falecimento de pessoas que não estejam previstas neste dois limites, sempre que a presença do
tabalhador nos actos do funeral sejam devidamente justificados, ficando o pagamento ao critério
do empregador, nos termos do artigo 152.º do mesmo diploma.

A partir de que momento conta-se o prazo de oito ou de três dias? A nossa legislação laboral não
determinou, havendo algumas vozes que defendem que é a partir do dia do conhecimento da
informação e a respectiva informação ao empregador.

Em minha opinião, tal como a doutrina brasileira defende, quanto ao direito a constituir é
necessário que venha sanar-se esta lacuna. Não basta, simplesmente, contar os dias úteis, é preciso
que a contagem seja feita após o encerramento do óbito que, usualmente, tem findo após quatro
dias.

Assim, depois de terminar o óbito, começa-se a contar o prazo de nojo no âmbito do direito do
trabalho. Período em que o trabalhador poderá recompor-se do falecimento de seu próximo.

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