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Estrategias Inovadoras para Metodos de Ensino Tradicionais Aspectos Gerais PDF
Estrategias Inovadoras para Metodos de Ensino Tradicionais Aspectos Gerais PDF
Estr
Estraatégias inovador
inov as par
adoras paraa métodos
de ensino tr adicionais – aspectos
tradicionais
ger ais
erais
New approaches to traditional learning – general aspects
RESUMO
Novos desafios se impõem nos cenários atuais da educação e currículos universitários altamente com-
plexos. Para atender as demandas sociais, transformações na educação de profissionais de saúde e
novas formas de trabalhar com o conhecimento foram exigidas do aparelho formador. Nesse artigo serão
discutidos: o avanço em diferentes âmbitos, as características e obstáculos para a ruptura com a estru-
tura tradicional e a implantação de metodologias de ensino-aprendizagem inovadoras, sob a perspectiva
institucional, do docente e do aluno.
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Outras oportunidades foram criadas com o ad- ponde às exigências atuais, que apontam para uma
vento das tecnologias e que vieram a contemplar algu- formação sólida nas dimensões sociais, comportamen-
mas das expectativas educacionais. Uma formação tais e relacionais se some aos conhecimentos científi-
baseada apenas na transmissão de conhecimentos, que cos, a serem constante e incessantemente renovados.
rapidamente podem se tornar obsoletos, e/ou aquela A simulação e as tecnologias de informação e comu-
exclusivamente dependente da aprendizagem clínica nicação (TIC) podem ser algumas das vias para con-
oportunística – a que é possível realizar com os doen- tornar estas dificuldades e foram então exemplifica-
tes disponíveis num determinado momento - não res- das em um modelo de disciplina (Tabela 1).
Possibilidade de atingir Geralmente se restringe ao conhecimento Permite a construção de estratégias que po-
a excelência (MILLER cognitivo, atingindo no máximo a demons- dem atingir o exercício (demonstrar como se
et al) tração de habilidades. faz) e até mesmo a excelência.
Métodos disponíveis Geralmente restrito à aula teórica ou ativi- Há inúmeros métodos disponíveis, que vari-
dades práticas diretamente no local de atu- am em objetivo, complexidade e custo. A
ação profissional sob supervisão combinação desses métodos preenche a dis-
tância entre a sala de aula e a atuação direta
no ambiente profissional
Papel Docente Ativo – atua como transmissor de infor- Interativo – interage com os alunos, atuando
mações. apenas quando é necessário. Facilita o apren-
dizado. Ao contrário da crença em geral, essa
forma de atuação é muito mais trabalhosa
para o docente.
Papel do Aluno Passivo – se esforça para absorver uma Ativo – o foco é desviado para que seja res-
quantidade enorme de informações. Mui- ponsável pelo seu próprio ensino. Passa a
tas vezes não há espaço para crítica. exercer atitude crítica e construtiva se bem
orientado.
Desvantagens Avaliação fica restrita a métodos pouco Consome enorme tempo docente de preparo,
discriminativos aplicação e avaliação da atividade.
Não se tem certeza do que o aluno apren- Requer o trabalho com pequenos grupos para
deu em profundidade que seja efetiva
Requer o sacrifício de se transmitir todo o
conteúdo, sendo necessário selecionar o “con-
teúdo essencial” que será trabalhado exaus-
tivamente.
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A simulação é metodologia educativa centrada é um dos grandes facilitadores para que as metodolo-
no aluno e nas suas necessidades de aprendizagem, gias ativas possam ser implantadas.10
ao invés de se centrar no doente, como ocorre em Ainda, a adoção de qualquer estratégia de ino-
contexto clínico. Proporciona uma exposição siste- vação deve considerar a prática de avaliação, integra-
mática, pró-ativa e controlada dos alunos aos desafi- da à reflexão e transformação. A avaliação deve ser
os clínicos progressivamente mais complexos, inclu- processual e formativa para a inclusão, autonomia,
indo aquelas situações potencialmente fatais, que não diálogo e reflexões coletivas, na busca de respostas e
poderiam ser treinadas de outra forma. caminhos para a solução de problemas, intervenções
TIC propiciam acesso imediato aos conteúdos e acompanhamento de avanços discentes. Sem o ca-
e informações disponíveis em ambientes eletrônicos ráter de punição, proporciona diretrizes para tomada
virtuais; ao estudante são delegadas autonomia e res- de decisões e definição de prioridades.1
ponsabilidades, do controle e administração do tem- A prática de avaliação tem sido recomenda-
po dispensado ao acesso e recepção dos conteúdos, o da como uma atividade permanente e indissociada
que permitiria preservar os momentos com tutores/ da dinâmica das metodologias de ensino-aprendi-
professores e grupos para a reflexão, análise e elabo- zagem nas diretrizes curriculares dos cursos da área
ração de sínteses. de saúde.1
Para exemplificar a Tabela I apresenta a com- Considerando todos esses princípios, um dos
paração de algumas características relevantes pelas grandes desafios para a Instituição de Ensino Superi-
quais as estratégias inovadoras se diferenciam dos or (IES) é estimular, capacitar o corpo docente e pro-
métodos de ensino tradicional. A escolha isolada ou porcionar infra-estrutura para o emprego dos varia-
combinada de cada uma das metodologias propostas dos métodos de ensino-aprendizagem. Como exem-
depende da consecução mais efetiva dos objetivos, plo da necessidade dos substanciais investimentos está
resultados e competências a serem alcançados em de- implantação de um laboratório apropriado à do ensi-
terminado momento, os quais devem estar explícitos no-aprendizagem baseado na simulação; ou da estru-
e claros no planejamento de uma experiência educa- turação de redes de ensino à distância (EAD) e acesso
cional. às TIC.
Nesse artigo serão ainda discutidas as caracte- Além de prover as condições estruturais, a IES
rísticas e obstáculos para a implantação de metodolo- também deve manter treinamento e capacitação con-
gias ativas, sob a perspectiva institucional, do docen- tínua para seu corpo docente. A rede instituída de apoio
te e do aluno (Figura 2). A discussão específica de ao ensino, disponível ao docente e ao aluno, faz-se
cada uma desses métodos será objetivo de outros ar- necessária para planejamento e execução de interven-
tigos desse simpósio. Finalizaremos ilustrando como ções no currículo.
a composição dessas técnicas pode se empregada na Em suma, a IES deve planejar e conduzir os
construção de um programa de ensino. esforços educacionais para prover estrutura e cenári-
os diversificados e específicos; definir diretrizes pro-
Sob a P er
Per specti
erspecti va da Instituição
spectiv piciadoras ao uso das metodologias ativas; promover
capacitação do corpo docente e a avaliação sistemáti-
As necessidades de mudanças em estratégias edu- ca da eficácia de sua utilização (Figura 2).
cacionais nas áreas de saúde vão além da utilização de
novas técnicas de ensino-aprendizagem, passando pelo Sob a Per
Per specti
erspecti va do Docente
spectiv
rearranjo no conteúdo do curso. Baseiam-se, sobretu-
do na cultura do ensino, no ensino e na aprendizagem O objeto do trabalho docente, mais do que a
orientados por objetivos, princípios de aprendizado transmissão de um conteúdo, passa a consistir em um
do adulto e aplicação metodologias ativas.9 processo que envolve um conjunto de pessoas na cons-
As diretrizes educacionais e as estratégias de trução de saberes.
ensino-aprendizagem devem ser discutidas em seu Na metodologia tradicional, a memorização,
contexto de determinantes: o Projeto Político Peda- como a principal operação exercitada, é insuficiente
gógico da instituição, a organização curricular, e se- para os processos efetivos de ensino-aprendizagem e
gundo a visão de ciência e de conhecimento, e da fun- conjunturas contemporâneas. O docente deve propor
ção social da Universidade. A flexibilidade curricular ações que desafiem ou possibilitem o emprego das
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Figura 2: Níveis hierárquicos dos diversos componentes da estruturação de um programa de aprendizagem com as respectivas
características ou exemplos.
Obs.: O interesse desse artigo é o de abordar o tópico estratégias inovadoras de ensino-aprendizagem, suas características gerais, com
ênfase na sua implantação e seus obstáculos. Algumas experiências foram exemplificadas sem esgotar o tema, pois será foco de outros
artigos desse simpósio.
demais operações mentais para captação e assimila- No modelo de ensino centrado no professor e
ção do conteúdo; para isso organiza os processos de na transmissão de conteúdos, com predomínio de au-
apreensão de tal maneira que as operações de pensa- las expositivas e práticas fragmentadas há alto grau
mento sejam despertadas, praticadas, construídas e de dependência intelectual e afetiva dos alunos em
flexíveis para as necessárias rupturas. Por meio da relação ao professor. Corroboram estas característi-
mobilização, da construção e das sínteses, vistas e cas o estudo realizado por Figueiredo e colaborado-
revistas, o estudante agrega sensações de vivência e res (1996), que mostrou que a estratégia de ensino
de renovação.10 “Aula Teórica” percebida como de média ou grande
A tarefa de lidar com novas e diferentes estra- importância para o aprendizado pela expressiva maio-
tégias é algo complexo e exige mudanças de habitus ria, aproximadamente 75% dos alunos, em todos os
e paradigmas: entre os docentes universitários há a anos acadêmicos da Faculdade de Medicina de Ri-
predominância na exposição do conteúdo, em aulas beirão Preto-USP. Os achados do aumento na valori-
expositivas, ou palestras, uma estratégia funcional zação do “Estudo Individual”, a partir do segundo ano,
para a passagem de informação. Esse habitus reforça e da redução na importância do “Estudo em Grupo”,
a ação de transmissão de conteúdos prontos, acaba- a partir do terceiro ano são indicativos da desvalori-
dos e determinados, semelhante às vivencias pregres- zação ou falta de vivência do trabalho compartilhado
sas. Ainda, a atual configuração curricular e a organi- por grupos ou equipes.11
zação disciplinar (em grade) predominantemente con- Frente ao desafio de atuar numa nova visão do
ceitual, têm a palestra como a principal forma de tra- processo de ensino-aprendizagem, o docente poderá
balho, e os próprios alunos esperam do professor a encontrar dificuldades que se iniciam pela própria
contínua e passiva exposição dos assuntos que serão compreensão da necessidade de ruptura com o tradi-
aprendidos.10 cional.10
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Portanto, ainda a ser considerado na visão do hospitalar. Cada uma das atividades do programa tra-
aluno, é o grau de exposição que a metodologia ativa dicional e o de metodologias ativas foram correlacio-
proporciona. No ensino tradicional, o estudante exer- nadas aos respectivos objetivos, listados à direita da
ce um papel passivo, o de absorver o conhecimento. Tabela 2.
Atuar, agir, cometer erros na frente de seus pares pode Na comparação da estimativa de tempo para a
consistir em fator estressor considerável. A institui- realização dos dois programas, destaca-se a diferen-
ção deve estar aparelhada para acolher os estudantes ça do tempo despendido: 8 horas para o tradicional
e minimizar o impacto do envolvimento emocional versus 30 horas para o de metodologia ativa.
nas metodologias ativas.10 Outro ponto relevante é o emprego das diver-
Participar de grupos de estudo permite o de- sas metodologias ativas (ensino à distância; baseado
senvolvimento de uma série de papéis, que auxiliam na comunidade; simulação; grupos de discussão;
na construção da autonomia, do auto-conhecimento, portfólio reflexivo; avaliação somativa). O conteúdo
do lidar com as diferenças, a exposição, a contraposi- e a base cognitiva teórica foram providos por ensino
ção, as divergências e na capacidade de síntese, en- à distância e os métodos foram empregues de acordo
fim as habilidades necessárias no desempenho do com o objetivo a ser atingido. Nessa experiência edu-
papel profissional, para o qual o aluno se prepara na cacional, a aula teórica foi substituída pelo estudo
universidade, local de ensaio, de acertos e de erros.10 individual de conteúdo disponível em plataforma ele-
Para uma atmosfera de trabalho de grupo é fun- trônica, o que implicou em responsabilidade e auto-
damental: estabelecer processos de parceria, definir nomia da administração do tempo para tal atividade.
papéis e articular a direção da consecução dos objeti- O Laboratório de Simulação provê as neces-
vos. Há dinâmicas de grupos que exigirá a habilidade sidades de prática de habilidades, em momentos de
da coordenação no sentido de atender as mais varia- interação com o docente, e em oportunidades de re-
das contribuições com participação de todos e em di- petições e práticas individuais do aluno. Essa estraté-
versos papéis necessários ao funcionamento da estra- gia busca reduzir a pressão sobre o aluno, que pode
tégia. A clareza da descrição dos papéis facilita o de- praticar sem interferência. A introdução de uma ava-
sempenho, e o rodízio com variação das atribuições liação somativa propicia ao aluno um feedback do seu
auxilia os alunos com dificuldades em processos desenvolvimento individual e de sua inserção no tra-
interativos.10 balho em grupo.
Por meio da atribuição de papéis a todos os A estratégia da discussão em grupos menores
componentes, os participantes tornam-se responsáveis buscou o desenvolvimento atitudinal e trouxe em foco
pelo desempenho pessoal, defesas de ideias e produ- problemas comuns e diversos, tais como os esforços
ção pretendida, desenvolvem a atitude de “conver- necessários para obtenção dos melhores resultados e
sar” e negociar com respeito às ideias do outro e aos aquisição das habilidades, expectativas, limites e objeti-
momentos de ouvir e esperar.10 vos a serem atingidos naquele determinado momento.
A aplicação da avaliação não-somativa foi rea-
Ex emplo de inc
Exemplo lusão de metodolo-
inclusão lizada por meio de questão aberta que permite análise
gia a ti
ati va em um cur
tiv rículo ffor
currículo or mal
ormal do senso crítico e síntese do aluno; e a avaliação atitudi-
nal, da sua atuação individual e em grupo. Finalmente,
A escolha e execução de uma estratégia pode buscou-se provocar o aluno para uma auto-avaliação
propiciar aos alunos o uso das variadas operações do seu desenvolvimento no curso, o que possibilitaria
mentais, num processo de crescente complexidade do o desenvolvimento do hábito de auto-crítica constan-
pensamento. Para o emprego de quaisquer das estra- te e a responsabilidade sobre o seu aprendizado.
tégias de trabalho, o princípio dialético da caminha- Todas essas etapas ilustram o tempo despendido
da com o aluno, da síncrese (visão inicial, não elabo- no preparo das atividades e a necessidade da capaci-
rada, caótica e desorganizada) para a síntese (resulta- tação e do intenso envolvimento docente com o apren-
do das relações realizadas e organizadas em nível dizado contínuo do aluno, possíveis obstáculos para
qualitativamente superior) deve ser considerado.10 a aplicação das metodologias ativas. Na cultura do
Para ilustrar a inclusão de novas estratégias de ensino, o status da arte de ensinar e o seu desafio é o
ensino aprendizagem com métodos ativos num currí- trabalho docente para além do conteúdo, e a partici-
culo tradicional, escolhemos o tema de atendimento à pação no processo de autonomia e emancipação a se-
parada cárdio-respiratória (PCR) no ambiente pré- rem conquistadas com e pelo aluno.
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Discutir os aspectos Até quando continuar Grupos de Discussão - Os alunos serão divididos em grupos e deve-
éticos do atendimen- os esforços? (aula teó- rão pesquisar aspectos éticos, posição do conselho de medicina e da
to pré-hospitalar rica) legislação brasileira. A síntese irá produzir uma apresentação simples
de no máximo 5 minutos sobre o tema. A final da atividade, será feito
a síntese da resposta ao problema proposto. Os alunos manterão isso
no portfólio reflexivo.
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ABSTRACT
New challenges are needed in today’s educational settings and highly complex university curricula. To
meet the social demands, changes in health professional education and new ways of working with knowl-
edge of the educational institutions were required. In this article will be discussed: the advancement in
different spheres, characteristics and barriers to break with the traditional structure and implementation of
innovative teaching methodologies and learning. The institutional, the teacher and the student perspec-
tives of this process will be discussed.
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