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Estou ainda muito grata à minha família, em especial à minha mãe, ao meu pai e
irmão, que me apoiaram e me valorizaram constantemente em todos os momentos deste
percurso.
iii
iv
Resumo
v
vi
Abstract
The studies about the cognitive plasticity shows that the human brain have the
capacity of modification and adaptation, and through the cognitive training programs we
could preserve a good level of efficiency on the senior people, as good as enabling the
recovery of the cognitive processes. Like this, in the old age, the human people could and
continue to acquire new information's and abilities, as good as they are capable to remember
and use the abilities that they already now. So, it's important to create programs that allowed
to the institutionalized senior's the maintenance of the cognitive and functional capacities, as
good as a good self esteem and life quality, by that the cognitive stimulation could provide
the increase of the functional capacity and consequently the autonomy and independence of
the senior. On this perspective, was realized a study with recourse to some activities of the
games platform Nintendo Wii®, what allowed a improvement of the cognitive functions and
psychomotor of the attendees, as good as a bigger socialization there between. The study is
from qualitative nature - study of the case - with two participants of the male gender (ages:
71 and 79 years) residents on a particular institution of social solidarity, have been observing
the main method of evaluation after the application of the Mini Mental State Examination
(MMSE). The results observed throughout the program found to be satisfactory and so was
observed interaction between the participants, and we could see an improvement on the
cognitive and motor skills.
vii
viii
Índice
Agradecimentos ...........................................................................................iii
Resumo .......................................................................................................v
Abstract .................................................................................................... vii
Índice ........................................................................................................ ix
Lista de tabelas ............................................................................................ xi
Lista de acrónimos ...................................................................................... xiii
Lista de Anexos ........................................................................................... xv
Introdução .................................................................................................. 1
Parte I – Corpo Teórico ......................................................................................... 3
1. Envelhecimento ..................................................................................... 3
1.1 Conceitos de envelhecimento ............................................................. 3
1.2 Envelhecimento ativo........................................................................ 5
1.3 Bem-Estar Psicológico no envelhecimento .............................................. 6
2. Capacidade Cognitiva dos idosos ................................................................ 7
2.1 Plasticidade cognitiva........................................................................ 9
3. Avaliação psicológica ............................................................................. 10
4. Intervenção psicológica .......................................................................... 11
4.1 Estimulação cognitiva ....................................................................... 12
4.2 Estimulação da memória ................................................................... 15
4.3 Estimulação da atenção .................................................................... 17
4.4 Estimulação das funções executivas e memória de trabalho ...................... 18
4.5 Estimulação da psicomotricidade ........................................................ 19
4.6 Dinâmica de grupo ........................................................................... 20
4.7 Intervenção com recursos didáticos ..................................................... 20
Parte II – Corpo Empírico ...................................................................................... 23
1. Problemática da Investigação ................................................................... 23
2. Objetivo .............................................................................................. 23
2.1 Objetivos específicos ....................................................................... 24
3. Metodologia ......................................................................................... 24
3.1 Participantes .................................................................................. 24
3.2 Procedimentos ............................................................................... 25
3.3 Materiais ....................................................................................... 26
4. Resultados ........................................................................................... 27
5. Discussão ............................................................................................ 31
Conclusão .................................................................................................. 33
Direções Futuras ...................................................................................... 34
Referências Bibliográficas ............................................................................. 35
ix
x
Lista de tabelas
Pág.
xi
xii
Lista de acrónimos
EC – Estimulação Cognitiva
PC – Plasticidade Cognitiva
MT – Memória de Trabalho
EA – Estimulação da Atenção
AP – Avaliação Psicológica
IP – Intervenção Psicológica
FE – Função Executiva
xiii
xiv
Lista de Anexos
xv
xvi
Introdução
1
e justifica a metodologia utilizada para alcançar o objetivo da presente investigação,
apresentando-se e analisando-se os resultados obtidos, seguindo-se ainda da discussão dos
mesmos e findando com uma conclusão geral dos resultados obtidos ao longo do trabalho.
2
Parte I – Corpo Teórico
1. Envelhecimento
De acordo com a literatura, não existe apenas uma forma de descrever o processo de
envelhecer, pois envelhecer é um processo constante ao longo da vida, que não ocorre apenas
numa determinada época de vida (Pereira, 2012).
Segundo o Ministério da Saúde (2004) referido por Pereira (2012) envelhecimento é
um “processo de mudança progressivo da estrutura biológica, psicológica e social dos
indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento, desenvolve-se ao longo da vida”.
3
regulação da perda que fazem que com esta etapa possa ser vivida com bem-estar e
qualidade de vida (Fernandes, Afonso, Pereira & Loureiro, 2012; Fonseca, 2006).
4
Fries (1990) referido por Loureiro, Afonso, Loureiro e Patto (2012) destaca a
importância do envelhecimento bem-sucedido definindo-o como uma maximização de
acontecimentos positivos e desejáveis (como a longevidade ou a satisfação de vida) e uma
minimização de acontecimentos negativos e indesejáveis (como a doença crónica ou a perda
irreversível de capacidades cognitivas). Também a Organização Mundial de Saúde apresenta
como objetivo do envelhecimento ativo, contribuir para um aumento da qualidade de vida de
todas as pessoas que vivenciam o processo de envelhecimento, mesmo aquelas que se
encontram mais vulneráveis, incapacitadas a nível físico e que requerem prestação de
cuidados. Contudo, ainda de acordo com a OMS o termo “ativo” tem como base, não apenas a
capacidade de estar fisicamente ativo, mas também a capacidade de participar
continuamente em aspetos sociais, económicos, culturais, espirituais e civis (Pires, 2012).
5
Em suma, o envelhecimento ativo pode ser considerado como o produto do processo
de adaptação que ocorre ao longo da vida, através do qual se pode alcançar um óptimo
funcionamento físico, cognitivo, emocional-motivacional e social (Fernández Ballesteros,
2009).
b) relação positiva com os outros: ter uma relação de qualidade com os outros, preocupar-se
com o bem-estar alheio e ser capaz de estabelecer relações empáticas e afetuosas;
6
e) propósito na vida: envolve ter metas na vida e um sentido de direção, perceber
que há um sentido na vida nos diversos campos, ter crenças que dão propósito à vida,
acreditar que a vida tem um propósito e é significativa;
A procura por uma boa qualidade de vida é um dos principais objetivos da vida
humana, especialmente nos anos de vida mais avançados. O aumento da longevidade é valioso
à medida que oferece oportunidades para o prolongamento de uma vida saudável e produtiva.
Com a velhice, a debilidade física, a dependência, a perda de papéis, os estereótipos e
preconceitos, enfim as inevitáveis perdas decorrentes do processo de envelhecimento podem
levar à diminuição da qualidade de vida dos idosos. Surge então a preocupação em
transformar a vida do ser humano numa etapa significativa da vida através de programas de
estimulação cognitiva (Rocha, 2011).
7
principalmente por não haver ainda uma referência consistente de acordo com esta questão
nesta faixa etária (Argimon, 2006).
Os idosos evidenciam uma maior dificuldade nas tarefas de raciocínio que envolvem
uma análise lógica e organizada de material abstrato ou não familiar. No desempenho
de tarefas que implicam planear, executar e avaliar sequências complexas de
comportamento os idosos costumam revelar-se mais lentos. Os idosos são mais
vagarosos nos aspetos percetivos, mnésicos e cognitivos bem como nas funções
motoras;
8
No que respeita às aptidões visuais em relação ao espaço, os idosos mantêm a
capacidade de reconhecerem os lugares e as caras que lhes são familiares, bem como
de reproduzirem e identificarem formas geométricas vulgares. No entanto, revelam
um declínio na capacidade de reconhecerem e reproduzirem configurações complexas
ou que não lhes sejam familiares;
9
envelhecimento não pressupõe, necessariamente, deterioração cognitiva, pois a capacidade
de reserva e plasticidade do funcionamento cognitivo levam a grandes diferenças
interindividuais e a uma ampla multidimensional nas alterações cognitivas ao longo da vida
adulta (David, 2014; Navarro-González & Calero, 2011).
3. Avaliação psicológica
10
quantificar problemas médicos; garantir a continuidade dos cuidados; otimizar a utilização de
recursos assistenciais e desenvolver um plano de tratamento/ intervenção se necessário.
A escolha de um instrumento depende da natureza do problema a avaliar e nem todas
as situações de avaliação psicológica requerem, necessariamente, o uso formal de
instrumentos. Os instrumentos proporcionam informação quantitativa e qualitativa que
viabiliza uma avaliação empírica mais precisa acerca dos traços, estados, dimensões e fatores
de personalidade (Simões, 2005). Estes instrumentos pretendem, assim, descrever o
funcionamento atual da pessoa, caracterizar o funcionamento pré-mórbido e descrever /
quantificar o padrão e a severidade dos défices ou sintomas em diferentes domínios (Simões,
2012).
A utilização de escalas de avaliação são uma tentativa sistematizada de medir, de
forma objetiva, os níveis nos quais uma pessoa é capaz de desempenhar determinadas
atividades ou funções em diferentes áreas. Sendo esta, uma avaliação psicológica especifica
para a população idosa, os instrumentos escolhidos devem ter como principais caraterísticas:
(1) fácil e rápida aplicação, (2) avaliação de uma área concreta, (3) validade, sensibilidade e
fiabilidade, e (4) utilidade na transmissão de informação (Apóstolo, 2011).
Tendo assim em conta as avaliações referentes à população idosa deve-se considerar
perfis cognitivos associados a doenças neurológicas que afetam predominantemente esta faixa
etária, principalmente quadros demenciais e acidentes vasculares cerebrais, quadros
emocionais patológicos e défices cognitivos (Freitas, Alves, Simões & Santana, 2013).
Durante a avaliação psicológica realizada no âmbito do estágio curricular, o foco não
era apenas avaliar as funções cognitivas dos utentes mas também realizar uma observação
com diálogo para poder obter mais informações relativas aos utentes. Toda a atenção
disponibilizada no momento de avaliação com o utente é fulcral para corroborar os possíveis
sintomas ou as possíveis alterações do funcionamento cognitivo.
Esta avaliação torna-se essencial para estabelecer um diagnóstico, um prognóstico e
uma avaliação clínica adequada, que irão servir de base para a tomada de decisões sobre a
intervenção (Apóstolo, 2011).
4. Intervenção psicológica
11
intervenção. A divisão de tarefas entre os elementos da equipa deve ser clara em relação aos
seus conhecimentos /formações, habilidades e interesses e todos os elementos da equipa
devem conhecer não só o seu trabalho como o dos outros, para evitar conflitos entre grupos e
ambiguidade de papéis (Néri, 2004; Rodrigues, s.d.).
Nesta área, do envelhecimento, os objetivos de intervenção são bastante
diversificados dependendo do tipo de problema em questão. É assim necessário que o
terapeuta conheça as diferentes doenças, o seu impacto, as suas contradições, bem como as
várias estratégias possíveis a aplicar com determinados doentes (Amodeo, Netto & Fonseca,
2010).
A Intervenção Psicológica (IP) pode promover no idoso recursos para lidar com o
processo de Envelhecimento, ajudar a lidar com problemas emocionais, bem como auxiliar no
desenvolvimento de relações interpessoais, aumentar a autoestima e autoconfiança,
atenuando os sentimentos de impotência, aumenta a qualidade de vida do idoso. Considera-se
também essencial a intervenção psicológica junto de idosos institucionalizados,
principalmente com o objetivo de prevenir a psicopatologia, promover a estimulação
cognitiva, dotar os idosos de estratégias de coping para lidar com a nova realidade
promovendo a adaptação ao contexto institucional (Velez, Almeida & Monteiro, s.d.). Neste
contexto, o recurso à intervenção psicológica, com recurso a dinâmicas de cariz educativo,
integrador e que visam a mudança de comportamentos que propiciem uma melhor adaptação
à instituição, e ao mesmo tempo contribuem para um aumento da qualidade de vida do idoso
revela-se uma estratégia eficaz na promoção do Envelhecimento Ativo (Velez et al., s.d.;
Fonseca, 2010).
O desenvolvimento psicológico no trajeto do envelhecimento envolve uma série de
ajustamentos individuais face à ocorrência de mudanças no self, decorrentes de alterações
corporais, cognitivas e emocionais, expectativas sociais, relações interpessoais, alterações
familiares, profissionais, na rede de relações e no próprio contexto de residência (levando,
por vezes, à institucionalização). Dada a enorme variabilidade interindividual, nem todos os
indivíduos lidam com estas transições da mesma forma, ou seja, varia de pessoa para pessoa.
Assim, uma série de dados que a investigação tem realçado nos últimos anos, é a evidência da
existência de plasticidade no desenvolvimento psicológico no decurso dos anos (Fonseca,
2010).
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estruturadas com diferentes graus de dificuldade, estimular vários domínios cognitivos
nomeadamente a memória, a atenção, a concentração, a perceção, o raciocínio, o
pensamento, a imaginação, a linguagem, a capacidade viso espacial e a associação de ideia
(Pereira, 2012; Gonçalves, 2012; Castro, 2011).
A boa funcionalidade cognitiva de idosos é considerada um indício importante de
envelhecimento ativo e longevidade. Segundo estudos, declínios nas habilidades cognitivas de
idosos levam a um aumento no risco de dificuldades no desempenho de atividades
instrumentais de vida diária. O bom funcionamento cognitivo é importante para a autonomia
e para a capacidade de auto-cuidado de idosos, influenciando também nas decisões a respeito
da possibilidade de o idoso continuar a viver independentemente e sobretudo em segurança.
Desta forma, as técnicas de estimulação cognitiva têm como objetivo levar a cabo uma
intervenção global, sendo criados exercícios que colocam em ação os diferentes processos
mentais, como perceção, linguagem, atenção e memória, de forma a mantê-los ativos,
fortalecer as conexões e as redes neuronais subjacentes (Paúl, 2005; Irigaray, Schneider &
Gomes, s.d.; Souza & Chaves, 2005).
Alguns estudos sugerem que a EC se associa a uma diminuição do risco de declínio
cognitivo, da perturbação depressiva; melhora a autonomia dos idosos, aumentando a
proteção contra o aparecimento de demência; e que deve ser uma componente essencial do
cuidado ao idoso. Assim esta pode representar uma potencial e promissora intervenção para a
redução dos sintomas depressivos e da vulnerabilidade depressiva (Apóstolo, Cardoso, Marta &
Amaral, 2011).
Segundo Pereira (2012) a estimulação cognitiva proporciona o aumento da capacidade
funcional e consequentemente da autonomia e independência do idoso, contribui para o
aumento da densidade sináptica e da plasticidade cerebral, dado que requer novas
aprendizagens ou desenvolvimento de novas estratégicas cognitivas, está intimamente
associada a uma diminuição do risco de declínio cognitivo, resultando como factor protector
contra o aparecimento de demência.
De acordo com Zimerman (2000) referido por Pires (2012), o melhor meio para
conseguir a diminuição dos efeitos adversos do envelhecimento é através da estimulação,
proporcionando aos idosos um aumento da qualidade de vida. A prevenção do declínio nas
capacidades cognitivas e funcionais das pessoas idosas pode ser obtida através da
implementação de programas de estimulação cognitiva, fundamentalmente nos lares e
centros de dia, garantindo um aumento da autoestima e, consequentemente, da qualidade de
vida dos idosos. O mesmo autor define o conceito de estimulação cognitiva é definido como o
ato de impulsionar, ativar, animar e encorajar os sujeitos, sendo estas as ideias chave para
diminuir os efeitos adversos do envelhecimento (Souza & Chaves, 2005; Camara et al., 2009).
Os programas de EC visam a prevenção ou diminuição do declínio cognitivo global,
causado pelas doenças neurodegenerativas progressivas, como são as demências. Sendo a
memória uma das funções mais afetadas nas demências, realizam-se exercícios de resolução
de problemas, cálculos, memorização visual, leitura, entre outros, onde se tenta visar um
13
aumento significativo do desempenho cognitivo. Neste contexto, alguns autores afirmam que
após a estimulação cognitiva pode-se observar também algumas reduções dos problemas
comportamentais e afetivos – sintomatologia depressiva – proporcionando uma melhoria na
qualidade de vida (Castro, 2011; Gonçalves, 2012; Melo, 2008).
Estudos realizados em Portugal demonstram que o treino cognitivo pode contribuir
para a manutenção e para o aumento das funções cognitivas estando fortemente associada à
saúde, à qualidade de vida e ao bem-estar psicológico dos idosos, sendo a capacidade
cognitiva considerada um indicador importante de velhice bem-sucedida, envelhecimento
ativo e longevidade (Apóstolo et al., 2011; Camara et al., 2009; Carvalho, Néri & Yassuda,
2010).
O desenvolvimento de programas neuropsicológicos para adultos idosos, para
prevenção de declínios cognitivos, principalmente de sistemas de memória, pode contribuir
na redução de problemas de saúde mental dessapopulação. Pode, consequentemente,
promover independência funcional e autonomia para que esses idosos possam continuar a
realizar suas atividades da vida diária e terem uma melhor qualidade de vida (Amodeo, Netto
& Fonseca, 2010; Pires, 2012; Souza & Chaves, 2005; Castro, 2011).
A psicologia desenvolvimental do ciclo de vida vê o ser humano como um ser
caracterizado por um dado potencial para a plasticidade, enquanto consequência de
processos que ocorrem a múltiplos níveis e que coexistem uns com os outros, podendo gerar
possibilidades ou constrangimentos à mudança desenvolvimental. Dessa plasticidade
deriva um determinado potencial para a intervenção, permitindo prevenir, melhorar ou
otimizar comportamentos ou percursos desenvolvimentais, agindo quer sobre o indivíduo
quer influenciando o contexto físico e social onde o seu curso de vida se desenrola. De
acordo com esta visão, o desenvolvimento consiste num processo essencialmente plástico,
estando os indivíduos capacitados para desempenharem um papel ativo no seu
desenvolvimento ao longo do ciclo de vida (David, 2014; Souza & Chaves, 2005).
Os idosos institucionalizados têm maior probabilidade de apresentar declínios ao
nível do funcionamento cognitivo como consequência do sedentarismo vivido em muitas
instituições e a falta de estímulos (cognitivos, físicos e sociais) nestes contextos acelera o
processo de envelhecimento. Deste modo, acredita-se que as atividades mentais constituem
um fator de proteção das funções cognitivas. A interação social e sobretudo a prática
constante de atividades cognitivas (leitura, jogos, entre outros) constituem fatores de
prevenção do prejuízo ao nível cognitivo. Com efeito, os programas de exercícios para idosos
devem proporcionar benefícios e relação às capacidades motoras que apoiam a realização das
atividades de vida diária, melhorando a capacidade de trabalho e lazer e alterando a taxa de
declínio do estado funcional, resultando assim numa melhoria da qualidade de vida do idoso
(Gonçalves, 2012; Silva, 2004).
14
4.2 Estimulação da memória
15
experiência. As habilidades motoras são um tipo de memória implícita, que inclui diferentes
formas de aprendizagem: motora, perceptiva e hábitos. A memória explícita, ao contrário da
implícita, refere-se a informações que podem ser recolhidas à consciência por meio de
recordações verbais ou imagens visuais. Esta é dividida em dois subsistemas: um responsável
pelo armazenamento e pela recuperação de informações pessoais, como eventos e episódios
(memória espisódica) que ocorreram em uma época específica na vida de cada um, e o outro
é responsável por conhecimentos gerais, fatos sobre o mundo (Olchik et al., 2011; Souza &
Chaves, 2005).
A memória episódica é adquirida desde o início da vida estando relacionada com
lembranças pessoais, fatos cotidianos e eventos importantes. A memória semântica também
começa a ser utilizada no começo da vida mas a sua organização não contém datas
específicas dos acontecimentos adquiridos como acontece na memória episódica. Atualmente,
é aceite na comunidade científica que a memória se modifica com a idade. Graves problemas
de memória estão relacionados com determinadas doenças mais frequentes em idades
avançadas (por exemplo, a doença de Alzheimer), mas as modificações a nível da memória
constituem igualmente uma característica do processo normal de envelhecimento. Existem
vários estudos que têm assinalado o declínio da memória com a idade. Todavia, também se
observa que nem todas as capacidades mnésicas se alteram da mesma forma (Yassuda,
Batistoni, Fortes & Neri, 2006; Figueiredo, 2007; Junior & Melo, 2011).
Segundo alguns autores existem pesquisas sobre treino cognitivo e de memória que
indicam que o idoso saudável é capaz de aproximar o seu desempenho atual ao seu
desempenho máximo possível, revelando existência de plasticidade cognitiva. Para a retenção
de um evento mnemónico se torne duradouro, é necessário que ocorra o processo em três
etapas: codificação, armazenamento e recuperação. Estes três momentos são sequenciais no
processo da memória, no qual a informação que entra é conservada por algum tempo e
posteriormente evocada quando necessária. A codificação refere-se ao modo como o
indivíduo transforma as representações e as codifica, podendo durar minutos ou horas. A
segunda etapa refere-se ao armazenamento definido como sendo o processo que mantém a
informação codificada. Nesta etapa, as novas memórias são codificadas em diferentes áreas
de informação, sendo mais tarde unidas e usadas para ajudar no processamento de novas
informações. A recuperação é um sistema que ainda não se tem um conhecimento
aprofundado mas que demonstra a capacidade de recordação por parte do indivíduo. Assim, o
tempo de retenção de memória é muito importante para que o sujeito possa saber quem é,
onde está, ou para que possa também aprender coisas novas (Tavares, 2007; Cardeal, 2007;
Yassuda, Batistoni, Fortes & Neri, 2006).
Tal como Cardoso (1999) referido por Cardeal (2007) refere, a memória é uma
faculdade cognitiva extremamente importante, pois forma a base da aprendizagem. Assim,
diferentes estudos mostram que intervenções cognitivas na velhice levam a um aumento do
desempenho e manutenção de habilidades cognitivas em idosos saudáveis. As intervenções
cognitivas são compostas por diferentes tipos de programas de treino, que apresentam efeitos
16
variáveis e amplos no funcionamento cognitivo de idosos, mesmo em idades avançadas (Souza
& Chaves, 2005; Yassuda, Batistoni, Fortes & Neri, 2006).
A estimulação da memória, principalmente em utentes institucionalizados, é de
extrema importância para que estes não sofram de um declínio tão acentuado do
armazenamento da informação relativa ao quotidiano e à vida diária (Olchik et al., 2012).
17
atenção dividida e atenção selectiva ou focalizada esta é determinada pelo interesse do
sujeito. Na atenção dividida são vários os estímulos ou situações que entram no campo
atencional a atenção selectiva refere-se ao esforço dirigido para um campo concreto em que
podem incidir outros processos psíquicos. Este tipo de atenção utiliza-se muito como método
de investigação da eficácia do processamento simultâneo. Atenção visual e auditiva diz
respeito à natureza do estímulo e à modalidade sensorial. A atenção visual está mais
relacionada com os conceitos espaciais, enquanto que a auditiva está relacionada com
parâmetros temporais. Este é assim um mecanismo importante para que possam ocorrer
habilidades cognitivas complexas (Irigaray, 2009; Mattos, 2011; Tavares, 2007)
A Função Executiva (FE) pode ser definida como uma habilidade cognitiva superior
que está envolvida na auto-regulação do comportamento e na organização e uso eficaz de
grandes quantidades de informação. Esta vem sendo definida como um conjunto de
habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar comportamentos a
objetivos, realizando ações voluntárias. Tais ações são auto-organizadas, mediante a
avaliação da sua adequação e eficiência em relação ao objetivo pretendido, de modo a eleger
as estratégias mais eficientes, resolvendo assim, problemas imediatos, e/ou de médio e longo
prazo. Assim esta é requisitada sempre que é necessário formular planos de ação ou quando
uma sequência de respostas apropriadas deve ser selecionada e esquematizada (Brum, 2012;
Junior & Melo, 2011).
18
A MT representa um sistema que atua de forma mais complexa por relacionar-se com
diferentes tipos de atividades cognitivas, diferindo assim da memória de curto-prazo.
Segundo Netto at al. (2011) o termo MT foi aplicado previamente para definir um tipo de
sistema responsável pelo planeamento e execução de comportamentos. Em suma, a MT é
assim definida como um sistema ativo, apartir do qual o indivíduo possui uma capacidade de
armazenar informação por um tempo curto e limitado, mas suficiente para manipular tal
informação durante a realização de tarefas mais complexas. Preservar e estimular a MT
durante o envelhecimento, através de programas de intervenção que estimulem a cognição,
empregando modalidades diretas e indirectas é fundamental para os idosos (Amodeo, Netto &
Fonseca, 2010; Brum, 2012; Teixeira & Neri, 2008).
19
4.6 Dinâmica de grupo
Segundo Coutinho e Matos (2014), uma intervenção com Nintendo Wii® Sports em
sujeitos institucionalizados apresenta benefícios na qualidade de vida relacionada com a
saúde mental e de cognição. De acordo com o mesmo autor, a promoção de saúde em idosos
provoca a redução das taxas gerais de mortalidade, melhora o desempenho físico, mantém a
funcionalidade, aumenta a autoestima, previne o declínio cognitivo, melhora a atenção, a
memória e a velocidade de processamento. A utilização da Nintendo presenta melhorias nos
sintomas de depressão, aumenta a performance e também a capacidade de raciocínio.
A reabilitação através da Nintendo Wii®, além de ser de fácil aplicabilidade, é capaz
de promover a estimulação dos sistemas sensorial, motor e cognitivo do indivíduo, oferecendo
um alto grau de motivação durante a intervenção (Batista, Wibelinger, Marchi, Schneider &
Pasqualotti, 2012). Para além das tarefas de memória, muitas das tarefas englobadas nos
Jogos Digitais assemelham-se às de estimulação de raciocínio e de estimulação da velocidade
de processamento (Neto & Roque, 2014; Cavalli, et al., 2014; Costa & Soares, 2011).
A Nintendo Wii® é um recurso para prática de atividade física e diversos autores
relatam o aumento da motivação e adesão do indivíduo quando o jogo é utilizado por mais do
que uma pessoa, relacionando a interação social como efeito benéfico (Goldstein, 2013;
Sposito, et al., 2013). Para além do aspeto de interação social, este também contribui para o
aspeto relacionado com a competição entre os mesmos usuários. Esta Nintendo engloba-se na
categoria de jogos de realidade virtual e funciona através de um comando com controlo
20
remoto e sensores de movimento que transferem as ações executadas pelo sujeito do
ambiente real pra o virtual (Coutinho & Matos, 2014; Neto & Roque, 2014; Goldstein, 2013).
21
22
Parte II – Corpo Empírico
1. Problemática da Investigação
Os “novos” idosos estão cada vez mais ligados ao meio do mundo virtual e da
tecnologia. O chamado envelhecimento ativo, etapa na qual o treino físico e a estimulação
cognitiva é um dos fatores para a adoção de um estilo de vida saudável no cuidado da própria
saúde mental, é fulcral o desenvolvimento de novas abordagens práticas, atrativas e com
dinâmica para estes joviais idosos. Esta “nova” população idosa é uma geração que já se
encontra preparada e com necessidade de novos avanços tecnológicos para seu bem-estar,
como: telemóveis, computadores, tabletes e jogos interativos.
2. Objetivo
Este trabalho teve como objetivo geral promover a estimulação cognitiva através de
uma atividade lúdica.
23
2.1 Objetivos específicos
1. da memória;
2. da atenção;
4. da psicomotricidade;
3. Metodologia
3.1 Participantes
Participaram nesta atividade dois indivíduos do sexo masculino. O sujeito M.M. tem 71
anos e não apresenta défice cognitivo quando avaliado pelo instrumento de avaliação
neuropsicológica, Mini-Mental State Examination (MMSE). Este é viúvo e no que concerne à
escolaridade tem a 1ª classe. Socialmente tem um comportamento adequado mantendo boas
ligações com os restantes membros da instituição, tanto com funcionários como com os outros
idosos. No que diz respeito à relação familiar, o residente não manifesta interesse sobre o
mesmo, não sendo observada qualquer tipo de interação através de visitas presenciais ou
através de outros tipos de contacto. O sujeito M.S. tem 79 anos e também não apresenta
qualquer tipo de défice cognitivo quando avaliado pelo mesmo instrumento, MMSE. Este
também é viúvo, mas ao contrário do anterior sujeito, tem fortes ligações familiares,
recorrendo a interações regulares com a mesma, não só a nível presencial como a nível
tecnológico (telemóvel). A nível social, o sujeito também apresenta boas ligações dentro da
instituição. Ambos são autónomos, realizando todas as atividades propostas pela instituição,
são dinânimos, interventivos e com boa capacidade de compreensão. Na tabela seguinte são
apresentadas algumas informações sociodemográficas e os resultados da avaliação do MMSE.
24
Tabela 1
Informações sociodemográficas e resultados do MMSE
M.M.
(viúvo) (24-2-2015)
3.2 Procedimentos
Inicialmente tentou-se motivar alguns idosos sem défice cognitivo para participarem
na atividade de estimulação cognitiva, mas alguns não aderiram jogo, ou com medo de não
conseguirem ser bem-sucedidos ou por vergonha ou até mesmo por falta de interesse em
relação aos jogos virtuais. Ainda assim os dois participantes a cima referidos mostraram-se
interessados e motivados pela ingressão na nova atividade da Nintendo Wii®. Durante os
meses de Março, Abril e Maio, em todas as quintas feiras, foram realizadas sessões de jogos
com a Wii® entre dois utentes do Lar São José, Covilhã, sem demência. A actividade da Wii®
foi dividida em duas fases, sendo que a primeira foi de adaptação e aprendizagem (Mês de
Março, 4 sessões). Na segunda fase do projecto pretendeu-se realizar treino de estimulação
cognitiva (Abril e Maio, 9 sessões).
A primeira fase, como foi referido, foi a fase de adaptação e iniciação com o jogo.
Procedeu-se à explicação do jogo, das regras e dos objetivos do mesmo para que os
participantes se integrassem e se ambientassem ao mesmo. Ao longo das quatro primeiras
sessões foram realizadas manobras de aprendizagem relativas ao manuseamento tecnológico
preciso e adequado ao seu funcionamento, principalmente ao nível de manuseamento do
controlo remoto e ligação entre a postura corporal com sensores de movimento. Para
combater algumas das dificuldades que foram surgindo utilizaram-se algumas estratégias de
25
exemplificação de jogos reais e familiares com o objectivo de interiorização da informação.
Como por exemplo, na primeira fase do projecto, na fase de adaptação usou-se um exemplo
prático do jogo da macaca, com o simples gesto de atirar uma pedra de forma a acertar nos
objectos, para os participantes conseguirem visualizar o correto funcionamento do controlo
remoto.
3.3 Materiais
A Nintendo Wii® é uma consola da Nintendo que inovou o mercado com um paradigma
de interação diferenciado, transformando uma nova forma de jogar. Através de um controlo
sem fio, o aparelho capta os movimentos realizados pelo usuário, interpretando-os e
transferindo-os para o jogo, ou seja, do real para o virtual (Takeichi & Jesus, 2011).
26
3.3.2 Instrumentos de avaliação psicológica
Para a concretização deste projecto foi realizada uma avaliação neuropsicológica aos
dois participantes através do Mini-Mental State Examination (MMSE).
É inegável que, com o passar dos anos, as células, órgãos e o sistema do corpo
humano comecem a apresentar défices, havendo perdas no seu bom funcionamento. Assim, é
necessário que um estudo integral avalie os diversos campos neurológicos (Morgado; Rocha;
Guerreiro & Martins, 2009; Apóstolo, 2011).
O MMSE foi elaborado em 1975 por Folsteins e posteriormente, foi adaptado em 1994
à população portuguesa por Guerreiro et al. Este instrumento examina a orientação temporal
e espacial, retenção, atenção e cálculo, evocação, linguagem (nomeação, repetição,
compreensão de ordem verbal e escrita) e habilidades construtivas. Este instrumento é de
fácil e rápida aplicação na população geriátrica (Apóstolo, 2011).
A pontuação varia entre os O e os 30 pontos em função do nível de escolaridade sendo
a pontuação mais alta sinónimo de um bom desempenho cognitivo (Morgado; Rocha; Guerreiro
& Martins, 2009).
4. Resultados
Ao longo das sessões realizadas com os dois utentes foi possível verificar a satisfação
dos mesmos e o orgulho em conseguir superar as dificuldades e os objetivos do jogo.
Confrontados com questões relacionadas com o interesse pelo jogo ou pelo bem-estar que
este lhes proporciona, os idosos referiam que se sentiam muito bem quando jogavam e
mostravam bastante interesse na sessão seguinte.
No decorrer das sessões também foi possível verificar a existência de um nível de
dependência em relação ao jogo. Esta foi uma das questões pertinentes que se foi
verificando, pois apesar dos diversos e numerosos benefícios da Wii®, o nível de dependência
proporcionado pelo jogo cria uma forte habituação dos utentes ao jogo, querendo jogar
diariamente. De igual forma, também foi visível uma componente de competição, mais por
parte de um dos utentes do que de outro. Apesar de ser um jogo saudável com o objetivo de
trabalhar a memória, a atenção, a velocidade de processamento, o bem-estar, os movimentos
e a motricidade fina, os idosos acabam por fomentar a competição e o desejo de superar os
resultados um do outro.
Nas tabelas seguintes são descritas as atividades realizadas durante os três meses com
o número e dia das sessões, duração, intervenção e os resultados observados.
27
Tabela 2
1ª Fase
Iniciação e aprendizagem da
atividade;
Os sujeitos realizaram a
Explicação do jogo, regras e aprendizagem com alguma dúvida e
objectivos; receio devido às crenças da velhice
com medo de falhar;
Demonstração de um maior
interesse pela atividade com
Continuação da adaptação ao jogo
vontade de aprender por parte dos
como uma transição de jogo real
dois sujeitos;
para virtual.
Após a explicação repetida os
19-03-2015 2 horas
sujeitos conseguiram pôr em
Repetição da estratégia de prática os seus conhecimentos e
exemplificação do jogo real para o realizar a atividade embora com
jogo virtual. algumas dificuldades associadas.
28
Execução da atividade com controlo
remoto efetuada com alguma
Reprodução novamente da estratégia dificuldade por parte do sujeito
de demonstração para relembrar a M.S.;
utilização do controlo remoto.
O sujeito M.M. realizou a actividade
sem qualquer dificuldade
demonstrando dedicação e
aprendizagem.
Tabela 3
2ª Fase
29
felicidade;
M.M. – 4 vitórias
M.S. – 6 vitórias
Os participantes realizaram a
atividade com êxito demonstrando
um grande nível de competição
entre eles;
Aplicação de 10 jogos diários- À medida que a intensidade dos
30-04-2015 2 horas
bowling. jogos ia aumentando o interesse
dos mesmos ia progredindo
solicitando cada vez mais a prática
regular desta estimulação
cognitiva.
Tabela 4
2ª Fase
30
nível de competição entre os
mesmos;
M.M. – 4 vitórias
M.S. – 6 vitórias
5. Discussão
31
O aumento da necessidade na implementação de novos programas de estimulação
cognitiva, deve-se ao fato do envelhecimento afetar cada vez mais a qualidade de vida em
vários níveis: (1) visão, (2) audição, (3) concentração, (4) velocidade de processamento e (5)
motivação. De acordo com a literatura os novos programas virtuais de estimulação cognitiva,
nomeadamente a Nintendo Wii®, proporcionam sentimentos de autoeficácia, motivação,
melhoram a concentração e atenção do idoso, além de serem ferramentas acessíveis e
adaptáveis ao usuário, como referem alguns estudos de: Coutinho e Matos (2014; Neto e
Roque, 2014; Batista, Wibelinger, Marchi, Schneider e Pasqualotti, 2012).
Como foi referido anteriormente, os utentes que experienciaram a Nintendo Wii®,
foram revelando ao longo de todo o programa sentimentos de bem-estar, alegria e de
conforto, demonstrando uma enorme vontade de dar continuidade à atividade. É de salientar
que muitas vezes, estes utentes solicitavam que a atividade fosse realizada mais vezes por
semana.
Em suma, a utilização da Nintendo Wii®, foi uma atividade bastante gratificante para
os idosos, mantendo-os ativos e motivados, justificando assim a necessidade da sua aplicação
regular, não só com estes utentes mas com mais participantes (não podendo, no entanto
generalizar os resultados aqui obtidos. Além da regularidade desta atividade seria vantajoso
abarcar a aproximação com jovens, criando programas intergeracionais que proporcionem a
partilha de conhecimentos com as novas tecnologias.
Tendo em conta o objectivo geral deste trabalho que foi promover a estimulação
cognitiva através de uma atividade lúdica, verificou-se que foi possível concretizar o mesmo
durantes os três meses de estimulação promovidos pelos dois participantes, resultando dessa
atividade um aumento da capacidade cognitiva, o que corrobora estudos tais como os de
Carvalho, Neri e Yassuda (2010; Souza e Chaves, 2005), pese embora as técnicas de
estimulação serem diferentes.
De acordo com os objetivos específicos deste trabalho, em que se pretendeu manter
e/ou aumentar as capacidades cognitivas dos participantes, através da estimulação da
memória, da atenção, das funções executivas e por fim da psicomotricidade, proporcionando
também através da dinâmica de grupo, o conceito de socialização e interação entre os
mesmos, verificou-se através da observação direta da atividade que foi possível promover
uma melhoria nas mesmas capacidades. Os sujeitos conseguiram realizar a aprendizagem
correta de uma nova atividade, exibindo um bom desempenho, demonstrando assim que é
possível a existência de plasticidade cognitiva pode ser aumentada. Tal como, Pires (2012;
Amodeo, Netto e Fonseca, 2010; Pereira, 2012 ; David, 2014) referiram em alguns estudos, a
neuroplasticidade é um conceito multifacetado que indica a possibilidade de melhorar o
desempenho após o treino, permitindo modificações nas estruturas do sistema nervoso, em
função das experiências vividas pelo indivíduo.
Da mesma forma, relativamente à melhoria da capacidade funcional e da autonomia
dos idosos foi possível constatar que o treino de estimulação cognitiva com um programa
lúdico, é vantajoso e propício para o desenvolvimento dessas capacidades, pois verificou-se
32
através da observação que os sujeitos se tornaram autónomos na realização da atividade,
corroborando assim com alguns autores acima referenciados: Apóstolo, Cardoso, Marta e
Amaral, 2011; David, 2014).
Como Gonçalves (2012; Castro, 2011) referenciaram, o treino cognitivo desenvolve e
aumenta as funções cognitivas, nomeadamente as funções de memória, atenção e funções
executivas, tal como se verificou após a aplicação d programa lúdico desenvolvido.
Procurou-se assim, neste ponto, confrontar os resultados obtidos neste trabalho com
resultados alcançados em estudos já realizados. Os resultados obtidos atestam com alguns
resultados de alguns estudos, nomeadamente os de Carvalho, Neri e Yassuda (2010; Souza e
Chaves, 2005), tendo em conta que após a realização da atividade lúdica, os resultados
apontam para uma melhoria significativa no desempenho das tarefas cognitivas.
Conclusão
33
da mesma, gerando sentimentos de frustração e de incapacidade por parte dos participantes.
A atividade da Nintendo Wii®, na categoria bowling comparativamente com a categoria ténis,
a primeira apresenta um menor grau de dificuldade na sua execução devido aos movimentos
efectuados para a concretização da mesma, daí os participantes não terem obtido resultados
positivos. Contudo, verificou-se que os sujeitos percecionaram e interiorizaram a atividade
mas devido às suas limitações físicas (menor agilidade e tempo de reacção) não foi possível
continuar com a sua aplicação.
Ainda assim, é de salientar o enfoque que este tipo de programas incrementa em
alguns lares/instituições com os chamados “novos” idosos, visto que, por sua vez, estes ainda
não se encontram preparados para os receber.
Direções Futuras
Como já foi referido, os “novos” idosos estão cada vez mais ligados ao meio do mundo
virtual e da tecnologia. Esta “nova” população idosa é uma geração que já se encontra
preparada e com necessidade de novos avanços tecnológicos para seu bem-estar, como:
telemóveis, computadores, tabletes e jogos interactivos, daí a necessidade de uma futura
mudança nas instituições, não só a nível tecnológico (internet e computadores) mas também
ao nível de atividades mais lúdicas e interativas.
34
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40
Anexos
Anexo 1
Nº sessões: 8
Nº indivíduos: 8
Objetivo Geral:
Material:
Livro/panfleto de compras (continente, por exemplo);
Ficha de observação/ registo para cada elemento;
Moedas: 00,1€; 00,2€; 00,5€; 0,10€; 0,20€; 0,50€; 1,00€ e 2,00€;
Notas: 5,00€; 10,00€; 20,00€; 50,00€; 100,00€; 200,00€ e 500,00€.
Sessões
1ª Sessão:
Apresentação dos cartões (moedas e notas) a cada idoso individualmente de modo a
efetuarem o reconhecimento das mesmas;
Pedir que ordenem cada cartão por ordem decrescente e crescente (se der para
realizar na 1ª sessão).
2ª Sessão:
Repetição do conhecimento dos cartões e repetição (ou realização) do segundo ponto
da primeira sessão.
3ª/4ª Sessão:
Repetição da segunda sessão caso seja realmente necessário;
Pedir aos idosos que realizem somas e subtrações com o dinheiro (notas e moedas
disponíveis).
5ª Sessão:
Através dos somatórios e das subtrações ajudar os idosos a realizarem transações
monetárias.
6ª/7ª/8ª Sessão:
Criação de situações de idas ao supermercado para efetuar compras, existindo um
idoso cliente e um idoso vendedor;
Vendedor: capacidade para realizar o somatório e para efetuar o troco do pagamento;
Cliente: capacidade para realizar uma lista de compras e selecionar o dinheiro para
efetuar o pagamento e por fim percecionar se o troco está ou não correto.