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_provokeATIVA

68 TESES
PROVOKEATIVAS A FAVOR DA ARTE-VIDA & CONTRA
FORMAS & JUÍZOS FASCISTAS, CONSERVADORES

& FALSOS
MORALISTAS
Ikaro maxx
_provokeATIVA é uma editora nascente de base independente, que cultiva e trabalha
para propagar o espírito-livre, a busca espiritual, xamânica, psicodélica, mística, filosófica,
propõe pesquisas e questões relativas aos comportamentos, mentalidades, subjetividades,
linguagens, história cotidiana, valores morais e estéticos nas culturas existentes.
Propomos abarcar a diversidade estilística e de gêneros relativos à produção literária,
poética, ensaística ou escrita no geral, buscando novos horizontes para o formato-livro
ou a expressão do pensamento ou da linguagem escrita, ou mesmo dos gestos da criação
artística. Valorizamos desde a escrita lúdica, o bricabraque, o gesto poético, à crítica política,
cultural ou socioeconômica até o estudo ou ensaio científico-filosófico sério e rigoroso.
Idealizada pelo poeta, performer, filósofo e tradutor Ikaro Max, nossa editora anseia
se conectar aos problemas dos tempos atuais, sem desprezar a contribuição de outras
formas de pensar, sejam históricas ou antropologicamente diversas de seu espaço-tempo
original de nascimento, ajudando a fomentar ainda mais o pensamento e ação críticas
entre, prioritariamente, jovens e adultos do mundo (pós)moderno – bem como, também,
dos curiosos e espiritualmente abertos entre as gerações mais velhas. O objetivo principal
desta primeira edição é ajudar financeiramente na manutenção de nossa plataforma e
sistema digital e material de trabalho, publicação e difusão, servindo de meio para que
outras pessoas também possam conhecer nosso trabalho, bem como facilitar o surgimento
de novos projetos e empreitadas, com novos parceiros, por parte da _provokeATIVA.

Agradecemos de coração a todos os investidores, financiadores, criadores, amigos e


compradores pelo suporte e ansiamos trazer cada vez mais trabalhos diversos e de
qualidade para vocês.
_provokeATIVA

68 TESES PROVOKEATIVAS A FAVOR


DA ARTE-VIDA & CONTRA FORMAS &
JUÍZOS FASCISTAS, CONSERVADORES
& FALSOs MORALISTAS

Ikaro maxx
_provokeATIVA

MaxX, IkaRo (1985) —


68 Teses Provokeativas A Favor da Arte-Vida & Contra Formas &
Juízos Fascistas, Conservadores & Falsos Moralistas – 1ª edição –
São Paulo: edições _provokeATIVA, 2019

1. Manifesto. 2. Teses Lúdicas. 3. Estética da Existência. 4. Resistência


Editorial. 5. Revolução. 6. Subversão. 7. Dádiva.

A presente edição tem como objetivo a apresentação ao público


da proposta editorial em busca de apoio financeiro para a criação
e manutenção da plataforma e-commerce da editora bem como
sua manutenção formal e material para contínuo trabalho editorial,
reduzindo a taxa de lucro ao mínimo necessário de forma não-
abusiva.
A editora também não se responsabiliza por qualquer uso
desvirtuado e fora de contexto dos textos impressos.
A editora não se responsabiliza pelas ideias nesta obra que possam
ter deixado determinados leitores revoltados, por entender que se
trata mais de um exercício literário do que uma tentativa de atingir
e/ou propagar pretensas “verdades objetivas”.

Arte de capa e contracapa: Felipe Spencer (@felipespencer)


Projeto editorial: Ikaro Max (@ikaromaxx)
Revisão do texto: Ikaro Max

CREATIVE COMMONS _provokeATIVA (@_provokeativa1)


provokeativaebooks@gmail.com
(83) 986925991 (Whatsapp)
(11) 984895991
“O meu paraíso está na ‘sombra de minha espada’. No
fundo, fora-me dado pôr em uso certa máxima de Stendhal,
que aconselha a prática de um duelo a quem quiser
ingressar sensacionalmente na sociedade. ”
Friedrich Nietzsche

“A provocação é o dom último para a emancipação &


autonomia de todas as inteligências & sensibilidades. ”
William Fakfa
NÃO TEMOS PRETENSÃO A NENHUMA
VERDADE ABSOLUTA

-métodos, visões & perspectivas-

I. Não pretendemos de modo algum propagar a ludibriação


coletiva, muito menos reproduzir formas hipnóticas de
modo a reduzir o indivíduo curioso & ativo ao padrão de
mero repetidor de fórmulas & pensamentos prontos
fornecidos enquanto guarida subjetiva para um mundo
ostensivamente hostil & imbecilizado.

II. Cada um dos livros publicados possui seu próprio


caminho, destino, personalidade & espelha a luta do
criador para não se tornar um fabricador de ilusões sem
qualquer perigo para a emancipação geral da civilização,
posta em perspectiva crítica.

III. Tornar-se o dançarino de sua própria existência &


sentir a música libertar-se das amarras nas quais estão
contidas todas as dinâmicas sociais.
IV. Abraçamos profundamente o senso de provocação,
o humor para-além-do-corrosivo, as ações libertárias,
a ressignificação coletivizada do jogo & da aventura, as
paixões proibidas, a guerra estética aberta pela beleza &
verdade históricas cotidianas & a vontade insubmissa de
subversão.

V. Não fazemos “produtos” para agradar ou mesmo aliciar


indivíduos massificados, mas acreditamos no poder dos
livros - das palavras - na produção de novas atitudes
& posturas diante da massacrante realidade que nos
assola.

VI. Não cultuamos cadáveres, muito menos monumentos


mortos. Olhamos com altivez & gozo para o instante em
que estamos vivos & celebramos a existência no que há
tanto de excelente quanto de grotesco.

VII. Utilizamos, sem crise de consciência, do expediente


das máscaras quando for conveniente com o intuito de
maximizarmos nossa expressão de liberdade.

VIII. Nossa teoria é de que a prática é bem mais atraente do


que qualquer teoria possa fazer parecer. E o experimento
é muito mais divertido & encantador para nós do que
o canto de sereia dos dogmas do positivismo & da
objetividade teórico-científica.

IX. Não aceitaremos limitações de formato, linguagem,


estilos ou temas. Gostamos dos livros que possam nos
auxiliar a ler melhor o mundo, as pessoas, situações -
livros que incentivem a criação de situações nas quais a
poesia seja tangível e forneça energia para os amantes
desimpedidos, para os amantes da vida se deliciarem
no gozo da imanência e na aberta transitoriedade dos
momentos.

X. Não queremos maquiar o real, nem substituí-lo por uma


nova camisa-de-força, & sim incentivar a transfiguração
do que é vivido numa alquimia ainda mais poderosa &
emancipadora.

XI. Almejamos libertar o Enforcado de seu martírio


& deslegitimar os sentimentos de culpa empurrados
pela programação religiosa-cultural que nos coloca
os grilhões do eterno fracasso existencial, o medo
do inferno, das punições eternas & um monte de
outras chantagens metafísicas criadas pela casta dos
poderosos que inculcou nas pessoas os sentimentos de
“despertencimento à terra” & “vergonha”.

XII. Não incentivamos nenhum tipo de masoquismo ou


sacrifício. Não alimentamos ou dividimos o mundo sob o
signo colonizador da economia entre winners e losers.
Não acreditamos na ética da automutilação ou auto-
humilhação.

XIII. Tudo o que é sórdido se desmancha no bar ou em


qualquer lugar em que nossa subjetividade possa brilhar,
eclodir & incinerar-se com a potência da mais bela &
pulsante estrela.
XIV. Queremos tirar a arte das mãos de colecionadores
esnobes para reconectá-la ao dínamo da vida cotidiana.

XV. Sim, canibalizamos os mortos para vomitar novas


formas vivas, pulsantes, convulsivas & brilhantes - &
nisso a nossa estética também não prevê limites.

XVI. Somos favoráveis às formas artísticas belicosas, a


formas de afronta & de combate espiritual & intelectual,
aceitamos as contradições & não temos medo do erro.

XVII. Aceitamos igualmente as várias formas corajosas


de desnudamento & autoafirmação, não numa mania
narcísica ou meramente masturbadora de egos, mas na
mais completa & absoluta sinceridade auto-expressiva.
Valorizamos o indivíduo & sua diferença.

XVIII. Detestamos a pretensão vazia, a falsidade & a


substituição espetacular & medíocre de nossos desejos
& momentos vividos. Amamos as aparências & suas
turbulências, mas sabemos diferenciar bem as boas das
más, o que é manipulado & fingido daquilo que é autêntico
& verdadeiro, o que é pura dissimulação & o que nos
intensifica.

XIX. Queremos fundir a vida & a arte para além de


quaisquer limites “razoáveis”.

XX. Nós temos a sabedoria alegre em estado de contínua


reelaboração para constituir a ética-estética da zombaria,
pois nós sabemos zombar de nossos opressores com
inteligência & malícia, com elegância, ruído & safadeza
em medidas bombásticas.

XXI. Atribuímo-nos o direito de duvidar dessa realidade


e não aceitá-la tanto quanto o desafio destrutivo-
criativo para uma outra na qual o lúdico, as paixões &
amores tenham maior protagonismo do que atualmente
possui o ódio distribuidor de cartas na jogatina suicida
civilizacional.

XXII. Não aceitamos as prisões, o culto à apatia ou à pulsão


de morte ou a qualquer neurose criada socialmente para
destruir & corromper a nobreza em nosso espírito & a
leveza-naturalidade em nossos corpos.

XXIII. À competitividade maçante e escravizadora


opomos o senso de camaradagem, colaboração & criação
coletivizadas, em busca de uma integração mais aberta
entre os diversos indivíduos. Uma forma de cumplicidade
estética-passional. Reconhecemos o gênio deles & o
integramos em projetos comuns, em afinidades eletivas.

XXIV. Ao insípido & moralizante conservadorismo de


mentalidade & costumes ascético-paranóicos opomos a
liberalidade da linguagem, código & libido, a imaginação
sem freios, a sensualidade tântrica & lírica, a mística
pulsante dos afetos & a delícia dos orgasmos livres &
desimpedidos.
XXV. Estamos exauridos pelo excesso de nadificações,
pela distribuição gratuita de receitas de lobotomia &
dormência, pela autoexploração performativa 24/7 do
capital humano, pela falsificação rentável da arte & sua
alienação de energia em mero consumo conformista
ou ironia corretinha. Estamos cansados da enrolação,
do espetáculo, do tempo morto, das expectativas
irrealizáveis super-elevadas, da sedução mercadológica,
do parasitismo espiritual, da elevada estimação da
futilidade contemporânea, das histórias para boi dormir!

XXVI. O motor mais fundamental da vida é o tesão: em favor


da suruba - simbólica, metafórica, estética ou concreta -
contra a monotonia temática & os clichês do romantismo
aprisionador, cafona & mentecapto.

XXVII. Contra todas as mordaças & couraças


comunicativas, corporativas, midiáticas.

XXVIII. Contra o mito cultivado & realizado do macho


branco opressor-estrutural, censor vigilante & cerceador
de todos os outros tipos de liberdades & condutas
individuais-coletivas, o Mr. Know-It-All, abusador da
sensibilidade tanto masculina quanto - principalmente -
feminina, o supremo banana-mor, vacilão institucional, o
disseminador das violências & julgamentos prévios mais
covardes já existentes.

XXIX. Retiramos de nosso espírito todo cansaço


entreguista & todo ressentimento, toda a carga histórica
pesada & todo o sufoco existencial atrelado ao pessimismo
& outras formas de negativar & nulificar vivências.

XXX. Não há mundo ou universo excessivamente grande


que não possa ser poeticamente transformado.

XXXI. Só acreditamos na crueldade ontológica no sentido


de transfigurar com certas doses brutais de energias
que possam ser encaradas como “agressivas” nossas
fórmulas poéticas, imagens, conjurações & lutas para
dissolver tudo o que nos corrompe & aprisiona. A
criação & destruição empreendida esteticamente não é
nenhum estímulo ou legitimação do absurdo da violência
banalizada do mundo colonizado pelo “progresso”
religioso & positivista, sem nenhuma nobreza. Uma coisa
deve ser distinguida da outra. Não legitimamos nada
desse violento mundo cafona & careta.

XXXII. Valorizamos a intensidade vital como uma virtude


& não a sua pretensa forma psicológica macaqueada, a
ansiedade.

XXXIII. Uma cultura patológica jamais poderá ser curada


com uma patologia nas formas da cultura. Queremos
enrabar o modelo vigente de vida e abrir novos caminhos,
estimular a vidência poética, embriagar & propagar a
embriaguez sem fronteiras, estourar as bolhas entre
os indivíduos segregados em suas ignorâncias modais,
vencer as formas rotineiras da morte.

XXXIV. Preferimos livros que tragam a sensação de êxtase,


libertação, não o adestramento mental. Preferimos
a página insana cheia de luxúria, luz, fúria, música,
sombra, sangue & delírio aos velhabundos códigos de
costumes & manuais de auto-ajuda. Livros que possuam
a ressonância cognitiva do terrorismo, mas de forma a
destruir apenas idéias & condicionamentos-a-elas, não
a vida mesma, verdadeira, dos indivíduos.

XXXV. Nossa maior e única justificativa é o fato de


estarmos vivos & cientes de que o sofrimento tem tanto
poder criativo quanto destrutivo & que o utilizamos
& ressignificamos da melhor maneira, de modo a
estimularmos o cultivo de novos tipos humanos.

XXXVI. Não carregamos nenhum espírito formalista,


dissecador de cadáveres filosóficos, não cultuamos o
passado, embora respeitemos o gosto ou inclinação
à ancestralidade viva em nós, não cultuamos ídolos
ou totens de nenhuma maneira. Não gostamos da
respeitabilidade sacramental dos cemitérios ou museus.
Tudo o que cheira a mofo ou formol nos enoja.

XXXVII. Encorajamos a juventude, a ousadia & o risco tanto


quanto a sapiência experimentada da maturidade & do
jovem adulto. “Idade” é uma abstração fora de moda, uma
questão mais de atitude psíquica do que de convenção
estereotipada.

XXXVIII. Contra a cretinização predominante, a


caduquização adestradora & domesticadora, todo
sentimento & inculcação de “Autoridade”, o charlatanismo
espiritual sedutor, os rebanhos (mesmo os “que-sacam”),
os-vigilantes-da-vida-sexual-alheia, os padres-
pastores-coaches-psiquiatras-chefes & todos os
oxidadores-da-espontaneidade-livre. A colonização dos
instintos, comportamentos & pensamentos pela Morte
instituída.

XXXIX. A vida moderna é tão entulhada de aborrecimentos,


constrangimentos & tédios que até temos ciência de
que o desaparecimento & a invisibilidade possam ser
apelativas, no entanto, queremos de fato estimular o
divertimento pessoal & coletivo, a boa pilhéria, alguns
“maus modos” à mesa, a fartura do prazer imoderado sem
cair no sentimento de culpa ou vergonha, sem isolamento
& fragmentação.

XL. Temos como ambição a demolição da mentalidade


de escravo & de tudo o que reduz nosso poder & brilho
pessoal.

XLI. Reorganizarmos nossas potências & o vazio


instaurado pela ruptura com a transcendência
aumentando nossa força criativa por meio da aventura
subjetiva & pela imersão na experiência cotidiana.

XLII. A nossa geração só irá apresentar suas armas


& juízos diante do que lhe acresce força, dinamismo
& intensidade; não necessitando baixar a cabeça em
deferência ou aceitação do que já está estabelecido pelas
gerações prévias.
XLIII. Estimulamos o verso-acontecimento, o happening,
a performance: o inusitado tem o poder de magnetismo
sobre nós.

XLIV. Não queremos para nós nenhum limite metafísico,


moral ou linguístico. Nenhum tipo de cabresto nos
convém.

XLV. Dance com suas palavras, seduza com seus versos,


exploda com seus conceitos.

XLVI. Somos a encarnação perigosa de tudo o que de


maldito, mágico & esplêndido existiu antes de nós.
E apontamos nosso canhão estético milenar para o
presente & para o futuro.

XLVII. Nenhuma beleza que não tenha a delicadeza


incendiária nos interessará.

XLVIII. Nossa inteligência, aliada à nossa vocação furiosa,


fará o mundo sair dos gonzos.

XLIX. Se a vida que tens agora não corresponder à


vida sonhada & desejada por ti, estás a viver dentro do
sufoco dos enganos em que permitiste ser enredado: por
ignorância ou má-fé de seus próprios meios. A vida não é
consumo, embora a vida possa queimar - & de fato o faz! -
sem piedade tudo o que já conhecemos algum dia.

L. Não temer nunca a hora presente. O instante cai sobre


nós como um pêndulo entre o vôo rasante & a estagnação
covarde.

LI. Pela abolição do trabalho, da exploração capitalista &


pela reinvenção do prazer.

LII. Tacaremos fogo nas entranhas do luto & da luta.

LIII. A única substância que não é efêmera é a substância


viva.

LIV. Sistemas são prescindíveis.

LV. Abolimos os hinos, nacionalidades & restrições


políticas. Pertencemos ao espaço inteiro & não a pequenas
faixas de terra convencionadas ou propriedades
abstratas: nosso tempo é AGORA.

LVI. Recusamos todos os tipos de abuso, a adequação às


injustiças & ao desequilíbrio econômico, à taxinomização
dos seres, ao encaixotamento de consciências &
seus rótulos-padrões, o reconhecimento meramente
superficial do outro & de si, o espelhamento de posições
& a focinheira política-ideológica, a fidelidade canina
às abstrações covardes que nos esmagam. Não temos
nenhum interesse em participar ou mesmo contemplar
passivamente esse jogo de massacres.

LVII. Não possuímos esperanças melhores do que o


que já temos agora - o agora é a argamassa suficiente
para a criação & a demolição dos sustos & paranoias
periclitantes.
LVIII. Não viemos aqui para servir ou sermos servidos.

LIX. Contra toda lixívia da polícia de pensamento, da polícia


psicológica, da polícia moral, da polícia ideológica. Contra
todo muro político ou existencial. Contra toda indústria do
entretenimento & da produção-consumo do pensamento
único & sua idiotice institucional.

LX.Nãoteremosvergonha&medodesermosconsiderados
“descarados” ou “escandalosos”, “desencaminhadores da
juventude”, “libertinos & libertários”, segundo os critérios
“super avançados” do senso comum. Incentivamos
o pensamento livre, não-dogmático, desviante &
independente. Não seja manada!

LXI. Somos a favor da inocência recuperada, da


liberdade reencontrada, da resistência ativa a fatores
como: a pusilanimidade & desconforto dos exércitos
da normalização burra, os esforços vis do romantismo
conservador caquético, o esmagamento da subjetividade
pela alienação do trabalho & das regras do mercado.

LXII. Buscamos o resgate urgente das origens vulcânicas


de nosso ser, do carnaval das sensações explodindo
como luxúria para os sentidos.

LXIII. Dissidentes, bruxas, piratas, punks, expatriados,


putas, magos, distópicos, argonautas dos afetos,
dervixes, esquisitões, “comunistas”, anarquistas, junkies,
prostitutos, eremitas, boddhisattvas, satoris, hedonistas
selvagens, excluídos, marginalizados, demônios
vagantes, seres errantes, Espíritos Livres, clandestinos,
exonerados do real, cosmopolitas, malditos, insatisfeitos
em geral, “vexames, ovelhas negras da família”, não-
rotuláveis: sejam bem-vindos!

LXIV. Para além mesmo da dieta das palavras - sua


anorexia ou obesidade sintática -, no âmago pulsante
- que vaza os limites asfixiantes da linguagem & sua
sobrecarga de significação -, no subterrâneo místico da
pele, está a encarnação direta do Sonho.

LXV. Somos contra todas as formas & devires rígidos,


corpusculares ou majoritários, do fascismo.

LXVI. A imprevisibilidade, o escândalo, a hediondez, a


ridicularização, o desdém, o maravilhamento súbito -
dentre outras formas de deslocar a consciência para
lugares horripilantes, estranhos & intensamente belos -
podem constar entre nossos métodos preferidos.

LXVII. Nosso orgulhoso egoísmo & nossa libertinagem


desimpedida & destravada vai ao encontro das diferenças.

LXVIII. Considere essas teses como um coquetel molotov


atirado contra o Império da Monotonia.

IkaRo MaxX
Editor, autor & criador-experimentador da provokeATIVA
Entre 24 e 25 de Março de 2019, São Paulo - SP

*
IKARO MAXX

Arqueólogo dos mistérios, traficante de paixões instantâneas, poeta-xamã, zombador


de totens, patriarcas & tiranos, IkaRo MaxX (João Pessoa - 1985) naufraga na poesia.
Experimentador transversal & acrobático de linguagens, anseia difundir & inocular
pelos poros da realidade o vírus da transgressão & refundar subjetividades poéticas
radicalizadas na vontade de pulverizar as formas de controle & repressão & expandir o
élan vital do êxtase & da insubmissão absoluta. Dentre suas obras encontram-se SALIVA
(2015), Uive Quando Se Sentir Eterno (2016) sob edições marginais custeadas pelo
autor. É autor do vídeo experimental de collagem poética Vídeo-Crise (2017). Em breve
sua obra A Arte da Subversão, sairá pela Editora Cintra/ARC Editora, na coleção “Amor
Pelas Palavras”, de circulação na Amazon, sob os cuidados do poeta, tradutor & editor
Floriano Martins. Enxerga a _provokeATIVA não apenas como uma editora, mas uma
plataforma performativa da palavra, do corpo & da auto-expressão plenamente livres.

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