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PARÓQUIA DE SANTA IRIA DE AZÓIA

PADRES AGOSTINHOS
2690-395 Santa Iria de Azóia DIÁLOGO COM A BÍBLIA

AS CARTAS AOS TESSALONICENSES


Os destinatários
Tessalónica
Era a capital e a cidade com mais habitantes da Macedónia, no norte da Grécia. Naquele
tempo tinha 100.000 habitantes. Tinha um porto muito importante e por ela passava a
principal via de comunicação terrestre entre a parte oriental e a parte ocidental do
Império Romano. Era uma cidade comercial que albergava artesãos e comerciantes
vindos de diferentes lugares.
Com as pessoas chegaram também as religiões: os tessalonicenses costumavam
acrescentar os novos cultos àqueles que já tinham.

A comunidade cristã de Tessalónica


Chegaram até nós dados sobre esta comunidade por meio das cartas de são Paulo, dos
Actos dos Apóstolos (Act 17,1-10) e na carta que S. Inácio de Antioquia escreveu a esta
comunidade no início do século II. Mas

Disposição das Cartas


Primeira Carta
A) Introdução e início epistolar (1Ts1,1)
a. Prescrito com a saudação inicial
B) Corpo da Carta
a. Ação de Graças (1,2-3,3)
i. Pelo acolhimento da Palavra de Deus (1,2-10)
ii. Os missionários comportaram-se paternalmente e eles responderam
filialmente (2,11-12)
iii. Pela firmeza da fé e a fidelidade à Palavra recebida (2,13-16)
iv. Pelo bom acolhimento a Timóteo que foi visitar e animar a
comunidade (3,1-10)
v. Bênção agradecida aos Tessalonicenses (3,11-13)
b. A fé refletida na vida (4,1-5,24)
i. Santidade: virtudes pessoais e compromisso com os irmãos (4,1-12)
ii. A vinda do Senhor e a ressurreição dos mortos (1Ts 4,13-18)
iii. A vinda do Senhor e o valor da vida presente (1Ts 5,1-11)
iv. O respeito devido aos dirigentes da comunidade como servidores
(5,12-15)
v. Valores para ser vividos no dia a dia (5,16-22)
C) Conclusão da Carta (5,23-28)
a. Bênção (5,23-24).
b. Recomendação final e bênção de despedida. (5,25-28)
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Segunda Carta
D) Introdução e início epistolar (2Ts1,1-2)
a. Prescrito com a saudação inicial
E) Corpo da Carta
a. Deus, conforto na tribulação (1,3-11)
i. Deus dará o seu merecido aos que fazem mal e dá a paz interior aos
seus fiéis (1,3-5)
ii. Chamados a viver dignamente e de forma coerente com a fé (1,11-12)
iii. Pela firmeza da fé e a fidelidade à Palavra recebida (2,13-16)
b. A vinda do Senhor (2,1-3,5)
i. Não será logo e ainda tem de se sofrer muitas tribulações (2,1-14)
ii. É preciso permanecermos firmes na fé (2,15-17)
iii. Orar uns pelos outros com amor e confiança (3,1-5)
iv. O valor da vida presente (3,6-15)
F) Conclusão da Carta
a. Bênção.
b. Despedida e bênção de despedida.

Teologia das Cartas aos Tessalonicenses: a Vinda de Jesus Cristo


Os primeiros cristãos estavam convictos da iminência da vida de Jesus Cristo. A
propagação era uma urgência para todos saberem desta vinda. Todo o cristão devia estar
preparado em todo o momento para esta vinda porque ela estava para acontecer na vida
deles.
Esta iminência e esta urgência levantavam uma questão: Que acontece com os que
acreditaram em Jesus Cristo e já morreram? Será que eles não vão ter parte no Reino de
Deus uma vez que já não estarão aqui quando o Senhor vier?
As duas cartas aos Tessalonicenses respondem a esta questão. A primeira trata com
maior detalhe o que acontecerá com os que já morreram. A segunda trata especialmente
da situação atual dos que estão vivos.
Nós vivemos neste tempo que há de acabar, mas que longe de ser um tempo calmo e
fácil está cheio de problemas, canseiras e tribulações.
A nossa atitude neste tempo de espera tem de ser firme, confiante nas promessas de
Jesus Cristo de estar connosco até ao fim dos tempos, de nos acolher no seu Reino, de
nos dar a vida eterna…
A atitude firme é uma convicção interior e também um compromisso forte de
transformar a vida e fazer o bem com o nosso trabalho.

QUESTÕES
- Por que é importante a fé na ressurreição e na vida eterna?
- De que vale o compromisso com o mundo se ele há de passar?

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Teologia das Cartas aos Tessalonicenses: o valor do Trabalho

São Paulo dedica o capítulo da Primeira carta aos Tessalonicenses a desenvolver a vida
em comunidade. Desta primeira carta, nós vamos salientar 1Ts 4,9-12. Nesta passagem,
são Paulo louva os macedónios pelo seu acolhimento e hospitalidade. Mas exorta a
crescerem em três aspectos: a viverem pacificamente, a se ocuparem dos seus próprios
assuntos e a trabalharem com as próprias mãos.
A «vida pacífica» era a expressão comum da época para se referir a uma visa retirada
da política, que na altura costumava incluir intrigas, etc.
O pedido de se ocuparem dos seus próprios assuntos, vinha dado pelo facto de
haverem pessoas a quererem assumir tarefas comunitárias próprias dos dirigentes da
comunidade, ou se dedicarem a desrespeitar aos próprios dirigentes. Mais à frente, em
1Ts 5,12-22, são Paulo enumera uma grande quantidade de aspectos que são da
responsabilidade da comunidade toda e não apenas dos dirigentes.
A assunção responsável destas tarefas e o respeito pelos dirigentes são a melhor carta
de recomendação que os cristãos podem apresentar aos seus concidadãos.
Finalmente, o assunto do trabalho com as próprias mãos, tem a ver com alguns que
estavam ociosos à espera da vinda do Messias. Numa comunidade de pequenos artesãos,
o trabalho era eminentemente manual, daí a recomendação de trabalharem com as suas
mãos, e não só com o louvor e a ociosidade. Quando são Paulo escreve, este problema
não parece estar estendido de maneira grave, por isso apenas merece pela parte de São
Paulo uma menção muito breve.
Ora bem, neste aspecto do trabalho, a situação reflectida na segunda carta aos
Tessalonicenses tem traços de gravidade. A palavra grega usada pelo autor tem mais a ver
com indisciplina, desordem, evasão das próprias responsabilidades.
O problema está relacionado com o direito que tinham os evangelizadores e os
dirigentes da comunidade de não trabalhar para terem uma dedicação maior a esta. Este
costume assumido dos chefes das sinagogas, nem sempre foi usado por são Paulo. Em
1Cor 9,1-15, Paulo faz uma demorada justificação de porque não usou esse direito
quando foi a Corinto. Em Tessalónica também trabalho desde o início, pois era uma
comunidade pobre.
Às tantas, parece que havia muitos aspirantes a dirigentes da comunidade para assim
não trabalharem e serem mantidos pela comunidade. A exortação feita em 2Ts 3,12 tem
a ver com isto: «Quem não quiser trabalhar, também não queira comer.» No caso de uma
comunidade pobre, o direito dos evangelizadores tornava-se complicado. Mas quando a
direcção da comunidade não era procurada pelo seu trabalho e serviço e sim pelos seus
direitos, então se estava a virar a vida comunitária de pernas para o ar.
Esta conduta atentava contra os valores da comunidade cristã, por isso em 2 Ts 3,6 se
indica que os irmãos hão-de fazer com que o que age de essa tal maneira se sinta
envergonhado e desista da sua atitude.
O trabalho, pois, é sempre necessário e faz parte da vida comunitária porque faz parte
da vida pessoal dos membros da comunidade. Daí o seu valor.

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QUESTÕES
- Que valor têm o nosso trabalho e as coisas que fazemos se no fim nada levamos
connosco e o nosso mundo terá um final?
- O costume que tinham -e têm- muitos missionários e pastores de trabalhar dedicados
apenas à pastoral, pode ser considerado um abuso?

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