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TRIDIMENSIONAIS
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2017
Conselho editorial roberto paes e luciana varga
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.
isbn: 978-85-5548-421-6
Prefácio 7
CNC e Impressão 3D 18
Requisitos 26
Fases 26
Insumos 27
Insumos em geral 28
Materiais para base 34
Materiais para acabamento 35
Materiais recicláveis 35
Escala 36
Escala numérica 36
Escala humana 37
Figuras Geométricas 39
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
7
1
Panorama dos
principais métodos
de representação
tridimensional
para arquitetura na
atualidade
Panorama dos principais métodos de
representação tridimensional para arquitetura
na atualidade
Introdução
capítulo 1 • 10
OBJETIVOS
• Iniciar o estudante de Arquitetura na compreensão das relações espaciais;
• Reconhecer o grande potencial desta ferramenta de projeto;
• Reconhecer as principais técnicas de representações tridimensionais para cada tipo de
apresentação de projeto;
• Distinguir dentre as técnicas apresentadas a traz melhor aproveitamento frente ao objetivo
específico da apresentação.
capítulo 1 • 11
projeto que em qualquer outra carreira e em maior número que o próprio total de
semestres do curso.
Nesse contexto, a possibilidade de ampliar a visão tridimensional e antever
situações de fases futuras do desenvolvimento da forma arquitetônica permite aos
alunos corrigir pontos considerados fracos e prover soluções em grande número
numa fase em que a profusão de ideias não pode ser tolhida; ao contrário, ela
deve ser estimulada e explorada para o desenvolvimento do senso crítico formal
desde o início, na base na composição espacial, facilitando o desenvolvimento da
visualização de objetos em três dimensões. Tendo em vista que a visão espacial é a
principal ferramenta de trabalho do arquiteto.
Além disso, como acontece em diversas áreas do conhecimento, iniciar o estu-
do de uma matéria pelos aspectos mais simples e acessíveis facilita o aprendizado.
Os Modelos de estudo reduzidos serão o tema central deste livro e em torno de-
les todas as articulações serão feitas, integrando as técnicas que serão apresentadas
com o objetivo de oferecer aos alunos o que de melhor cada uma pode oferecer,
sendo reservado para disciplinas que sucedem representações tridimensionais o
desenvolvimento das demais técnicas.
capítulo 1 • 12
Perspectiva tridimensional sobre o papel
Já faz algum tempo que a grande maioria dos projetos arquitetônicos utiliza
em alguma parte do seu desenvolvimento os recursos de visualização tridimensio-
nal oferecido pelos softwares 3D. Há dezenas de softwares capazes de dar suporte
à criação de projetos. Alguns se destinam à fase inicial de estudo preliminar, outros
capítulo 1 • 13
são mais bem utilizados para apresentações realísticas, Existem ainda os softwares
tipo BIM que buscam contemplar todas as etapas do projeto, provendo toda in-
formação necessária aos desenhos, à representação gráfica, à análise do edifício, aos
quantitativos e ao tempo de execução.
©© HTTPS://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/4/44/MODELURSCREENSHOT.PNG
capítulo 1 • 14
3 - Fazer estudos de insolação
capítulo 1 • 15
5 - Criar vídeos de apresentação
©© HTTPS://I.VIMEOCDN.COM/VIDEO/439119675.JPG?MW=1920&MH=1080&Q=70
©©
6 - Renderizadores para imagens realísticas ou artísticas
©© HTTPS://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/TWILIGHTRENDER/5451726101/
capítulo 1 • 16
7 - BIM – Modelagem da informação da construção
Cabe ressaltar que, enquanto alguns softwares têm uma finalidade específica,
outros cumprem mais de uma função, podendo ou não integrar fases do projeto.
A última tipologia apresentada, BIM, reivindica a classificação de software de pro-
jeto por buscar integrar todas as fases da produção arquitetônica, legando a outros
softwares classificações específicas de acordo com sua função, como “software de
desenho” ou “software de modelagem” e assim por diante.
ATENÇÃO
Destacamos que as classificações e os esclarecimentos dos parágrafos acima foram
estabelecidos dentro do nicho da arquitetura e refletem a opinião e experiência dos autores,
uma vez que os limites entre as áreas de atuação profissional, assim como entre os próprios
softwares, muitas vezes são flexíveis, permitindo uma variação de uso de acordo com a per-
cepção do arquiteto.
Dentro desse universo, há ainda opções por tipos de licenças dos softwares que
trarão impacto sobre os custos de uso dessas ferramentas, podendo ser:
capítulo 1 • 17
1 - Software proprietário
Quando é comercializado para garantir os direitos de autor, dos contratos, das
patentes de software e dos segredos comerciais.
2 - Licença Pública Geral (GNU GPL ou GPL)
Licença de software livre amplamente utilizado que garante aos usuários finais
(indivíduos, organizações, empresas) as liberdades de executar, estudar, comparti-
lhar (cópia) e modificar o software.
3 - Freemium
É uma estratégia de preços pelos quais um produto, no caso o software pro-
prietário, é fornecido gratuitamente a um público específico, podendo ter algumas
funcionalidades reduzidas.
Para nosso livro, será abordada a integração entre Modelos reduzidos de estudo
de Arquitetura e um software Freemium amplamente utilizado na fase inicial de
estudo preliminar.
CNC e Impressão 3D
1 – CNC
capítulo 1 • 18
maior variedade de materiais, incluindo plástico ABS e até MDF, o que também
reflete num menor custo total de confecção do modelo.
2 – Impressão 3D
capítulo 1 • 19
comparativos, com o mesmo valor em dinheiro com que se pode adquirir uma
impressora 3D que imprime um volume de 15 cm x 15 cm x 15 cm, é possível
comprar uma CNC com capacidade de esculpir uma área útil de 100 cm x 70 cm.
Além disso, o custo de insumos para impressora 3D é significativamente maior.
ATIVIDADE
Faça uma pesquisa nos meios que a faculdade disponibiliza: biblioteca física, webaula,
acervos disponíveis no SIA e também, de forma mais abrangente, na internet. O objetivo
dessa pesquisa é atualizar seus conhecimentos quanto às técnicas de representação tri-
dimensionais apresentadas neste capítulo e identificar o que de mais recente está sendo
desenvolvido em cada uma delas.
O tema dessa pesquisa é: “O que há de novo nas Representações Tridimensionais
no campo da arquitetura”.
Para isso, você deve tomar como referência o seguinte roteiro que sugerimos e escolher
um total de “5” imagens do ano de 2010 em diante:
Modelos volumétricos reduzidos artesanais
• Maquete – pesquisar imagem mais recente de maquete atribuída a um(a) arquiteto(a) rele-
vante no cenário atual. Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
• Modelo Reduzido - pesquisar imagem mais recente de modelo reduzido atribuído a um(a)
arquiteto(a) relevante no cenário atual. Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
Croquis, representações tridimensionais sobre o papel.
• Pesquisar a imagem mais recente de um croqui (técnica de desenho rápida e descompro-
missada porém com expressividade) atribuído a um(a) arquiteto(a) relevante no cenário atual.
Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
Softwares para emprego em arquitetura
• Pesquisar a imagem mais recente de “uma” dentre as tipologias de softwares para em-
prego em arquitetura que você eleger como mais interessante dentre os apresentados
entre os itens 1 e 7 do tópico Tipologias de softwares para emprego em Arquitetura deste
capítulo. Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
Prototipadoras e Impressoras 3D
• Pesquisar a imagem mais recente de “uma” dentre as máquinas apresentadas nos itens 1
e 2 do tópico CNC e Impressão 3D deste capítulo que você eleger como mais interessante.
Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
A apresentação pode ser na mídia que os alunos preferirem, impressa ou digital, devendo
conter necessariamente “5” imagens e “2” parágrafos para cada imagem, num total de “10”
capítulo 1 • 20
parágrafos, relatando as características positivas (prós) e negativas (contras) levantadas pe-
los alunos durante a pesquisa para debater em sala de aula.
As imagens pesquisadas no Google deverão ser buscadas seguindo os filtros: Google
> imagens > ferramentas de pesquisa > tamanho > grande, conforme a imagem abaixo:
REFLEXÃO
O primeiro capítulo deste livro se destina a conhecer os principais métodos de repre-
sentação tridimensional. Esse é o primeiro passo para o estudante de arquitetura principiar
seu desenvolvimento na academia. A capacidade de abstração e a percepção do espaço
tridimensional projetado têm participação destacada na construção de dezenas de projetos
desenvolvidos em ateliê durante o curso de arquitetura e urbanismo. Dentro desse universo,
a prática de confecção de modelos reduzidos é a porta de entrada para o desenvolvimento
dessas competências e pode ser um grande facilitador no curso de arquitetura. Além disso,
a confecção de modelos reduzidos é a forma mais acessível e sustentável de desenvolver
modelos de estudo sobre o espaço tridimensional em arquitetura.
capítulo 1 • 21
capítulo 1 • 22
2
Modelos reduzidos
artesanais
para estudos
arquitetônico
Modelos reduzidos artesanais para
estudos arquitetônico
Origem e aplicações
Muitos dentre nós, docentes e discentes, acreditam que a busca de novas for-
mas de ensinar associadas ao aperfeiçoamento das formas já existentes podem ser a
chave de novas conquistas para o ensino superior. Segundo Karl Marx, “Qualquer
reforma do ensino e da educação começa com a reforma dos educadores”.
Por sua vez, as evoluções em diversas áreas, inclusive na arquitetura, produzem
mudanças na forma de pensar e produzir conhecimento. A experiência no uso
das técnicas de representações tridimensionais, tanto artesanal quanto digital, me
levou a constatar que, assim como o conhecimento e a didática tradicional não são
imutáveis e eternos, novas tecnologias não devem ser vistas como panaceia para
fins de ensino.
É fundamental compreender os pontos fortes de cada técnica e explorar tais
pontos em prol de um ensino sem preconceito nem soluções prontas. Após déca-
das de uso de modelos reduzidos artesanais e de numerosas modelagens digitais,
é possível afirmar que as novas tecnologias que surgem não só depuram mas tam-
bém validam e reforçam as qualidades das existentes.
OBJETIVOS
• Estudar origens e aplicações dos modelos reduzidos;
• Permitir aos alunos Identificar as diferentes aplicações dos modelos reduzidos;
• Conhecer os requisitos e as fases para desenvolvimento dessa técnica;
• Apresentar os principais insumos para confecção de modelos reduzidos;
• Fazer uma revisão das principais figuras geométricas planas.
capítulo 2 • 24
Origem
Aplicações
Os modelos reduzidos são usados para variados objetivos, sendo abaixo desta-
cados alguns deles:
Estudo: para avaliar a interação de volumes ou compreender uma ideia a par-
tir de ângulos diferentes de um edifício, constituindo um método aberto e prático
de explorar ideias, tão necessário durante a formação do futuro arquiteto;
Marketing: para expor e vender um projeto. Muitas pessoas, tanto profissio-
nais quanto leigos e possíveis compradores de imóveis, não são capazes de visuali-
zar desenhos técnicos 2D. Um arquiteto pode empregar modelos físicos em escala
reduzida, ou modelos 3D digitais, para ajudar a explicar as ideias;
Trabalho em equipe: pode ser útil na explicação de um projeto complicado
ou incomum à equipe de projeto e de construção, ou como um foco da discussão
entre as equipes de projeto como arquitetos, urbanistas e engenheiros;
Grandes apresentações: usados como partes de demonstração. Por exemplo,
na recepção de um edifício de prestígio ou como a parte de uma exposição de
museu (réplicas de escala de edifícios históricos).
capítulo 2 • 25
Requisitos
Fases
capítulo 2 • 26
Marcação ou Planificação - é a fase em que se risca sobre o material as refe-
rências das partes do modelo. Sendo esse modelo para arquitetura, estamos falan-
do sobre paredes com vãos de porta e janelas, as faces que correspondem a águas
do telhado, a estrutura, se está aparente etc.;
Corte - após a marcação e antes do corte, é importante fazer uma verificação
se as medidas estão corretas para não comprometer os recursos de tempo e mate-
rial. O corte deve ser feito sobre uma superfície dura e firme. Indicamos o vidro,
que confere a devida percepção do corte pela diferença de atrito, mas há outras
possibilidades que serão apresentadas quando tratarmos de insumos;
Conferência – é necessário conferir as medidas das partes cortadas antes de
colar para evitar erros de acabamento, nomear as partes (paredes, coberturas etc.)
para facilitar a fase posterior da colagem e guardar essas partes em caixas para pro-
tegê-las enquanto não se chega à fase seguinte;
Colagem - a cola deve ser usada sempre com parcimônia e auxílio de palitos
ou similares a fim de não borrar o entorno da área a ser colada. As partes menores
devem ser unidas previamente para depois serem coladas à estrutura maior. Por
exemplo: esquadrias podem ser montadas previamente e depois unidas às paredes.
Em casos de sanduíches de papel ou pintura do mesmo, esse revestimento deve
preceder a montagem para garantir um bom acabamento. É importante ter certeza
se a secagem foi concluída antes de partir para a próxima tarefa a fim de que as
partes não deslizem ou mudem de ângulo, comprometendo a precisão;
Arremate - nesta fase, são unidas todas as partes da maquete, e esta, a uma
base firme, leve e preferencialmente de cor neutra. Todos os procedimentos de
arremate (lixamento ou similares) devem preceder ao encaixe final.
Insumos
capítulo 2 • 27
ATENÇÃO
Os insumos usados na produção dos modelos variam muito; portanto, aque-
les que descreveremos adiante estão relacionadas ao modelo de estudo devido ao
foco que é dado a esse tipo de recurso tridimensional e sua importância no estudo
acadêmico de arquitetura. Além disso, novos materiais e ferramentas são criados
ou adaptados e ainda reaproveitados a todo o momento. Os mencionados a seguir
servirão apenas como referência.
Insumos em geral
capítulo 2 • 28
Cartão Duplex – possui gramatura maior,
fato que possibilita ser utilizado para es-
truturar paredes, pilares e outras partes
dos modelos. Normalmente possui uma
face branca e outra sem acabamento.
capítulo 2 • 29
Régua de aço – principal ferramenta de
apoio ao corte do estilete; embora tenha
marcação precisa, sugerimos eleger ape-
nas um instrumento para medição.
capítulo 2 • 30
Agulhas e alfinetes – para manipular
pequenas peças, fixar partes do modelo
ou remover pequenos resíduos de cola.
capítulo 2 • 31
Cola de contato – empregada quan-
do estruturas do modelo são feitas com
sanduíche de papel. Utilizar em ambiente
aberto ou com máscara.
capítulo 2 • 32
Pregador - usado para manter unidos os
materiais durante a colagem.
capítulo 2 • 33
Materiais para base
Para base, pode ser empregada uma grande variedade de materiais. Devem ser
considerados a durabilidade, o custo, a resistência, entre outros fatores. Com o ob-
jetivo de atender a essas demandas, descrevemos abaixo algumas possíveis escolhas
pela ordem decrescente considerando o fator resistência:
Cerâmica – confere grande solidez e alta resistência à base, podendo ser uma
peça que sobrou de uma construção, o que barateia o custo do modelo. São mais
indicadas as peças retificadas em função da precisão e linearidade da superfície;
Madeira – possuindo boa rigidez, a madeira é relativamente mais leve que a
cerâmica e pode ser obtida em grandes varejistas de construção já cortada no tama-
nho pretendido ou em retalhos nas sucatas marcenarias ou madeireiras;
Compensado – Pode ter menor peso que as opções anteriores, mas ainda
apresenta boa resistência ao modelo. O compensado pode ser calibrado em função
do porte do trabalho com a escolha de diferentes espessuras;
Chapa de fibra de madeira natural marrom - (conhecido comercialmente
como eucatex) – tem relativamente ao compensado menor espessura e menor
custo, o que também implica em menor resistência comparativamente. Seu acaba-
mento natural tem aparência mais rústica que as opções anteriores;
Acrílico – quando se pretende um acabamento refinado e dispomos de recur-
sos, essa é uma escolha adequada. Suas características de transparência, brilho e
precisão milimétrica são os destaques positivos; no entanto, a técnica de colagem
diferenciada merece cuidado especial;
Poliestireno extrudado laminado - Mais conhecido como papel pluma, pos-
sui grande leveza e bom acabamento da superfície que se apresenta extremamente
lisa, além de bom desempenho no corte feito pelo estilete. Embora seja extrema-
mente leve, o processo fabril de laminação confere boa rigidez e baixa torção ao
papel pluma;
Poliestireno - Conhecido comercialmente como EPS ou isopor, se caracteriza
(para fins de modelos reduzidos) pela leveza, economia e fácil manuseio;
Papel Paraná – Ainda apresentando alguma rigidez, é amplamente utiliza-
do em função do baixo custo relativo e de ser versátil quanto à utilização. Sua
maior resistência ao corte pelo estilete frente a outros materiais aqui apresentados
faz do papel paraná um meio de aprendizado no uso dessa ferramenta por parte
dos alunos;
capítulo 2 • 34
Papelão micro-ondulado – Sendo um dos materiais mais baratos citados nes-
sa lista (talvez o mais barato deles) e também um dos menos resistentes, se aplica a
modelos provisórios ou de estudos preliminares em que a durabilidade e a precisão
não são o foco principal.
Materiais recicláveis
capítulo 2 • 35
FIXAÇÃO E SUPERFÍCIES
ESTRUTURA E REVESTIMENTO TRANSPARENTES
Caixas de papelão, de creme dental, de
Palitos de fósforo, palito de churrasco, pa-
bombom, tampas, recipientes, cartões
litos de sorvete, fios, arames, espaguete,
sem uso, papel de envelopes, papel sulfi-
radiografias, garrafa pet, acetato de emba-
te, caixas tetra pack, papel encerado, iso-
lagens de brinquedos, meia-calça, etc.
por de caixas de eletrodomésticos, etc.
Escala
Escala numérica
Além da fórmula para calcular a escala reduzida que é fundamental para man-
ter a proporcionalidade e fidelidade do modelo reduzido, é necessário saber usar o
escalímetro, citado no item “insumos” deste capítulo. Após se familiarizar com ele,
a maior parte das tarefas de medição e conferência de escala será simples e rápida.
capítulo 2 • 36
Escala humana
No século XX, novos estudos reforçaram as bases para que em modelos redu-
zidos arquitetônicos e em perspectivas tridimensionais se intuíssem o tamanho
dos objetos representados e as noções de distância pela relação com um boneco ou
desenho da figura humana.
capítulo 2 • 37
Para Ernst Neufert (1936), "(O proje-
tista) deve saber qual a dimensão dos ob-
jetos que rodeiam o homem (...), mas sem
desperdiçar inutilmente o espaço".
Ao lado, reprodução dos autores da co-
nhecida figura do clássico "Arte de Projetar
em Arquitetura".
capítulo 2 • 38
Figuras Geométricas:
A palavra Geometria tem origem Grega, sendo formada por Geo (terra) e
metria (medida). Há 5.000 anos, era a ciência de medir terrenos. Com o tempo,
tornou-se parte da matemática que estuda figuras como polígonos, cubos, etc.
Faremos a partir de agora uma revisão de figuras geométricas e sólidos no
sentido de lançar um olhar mais atento para essas formas a fim de fornecer um
repertório de figuras e suas propriedades para que os alunos possam iniciar a com-
preensão de formas bidimensionais e, na sequência, dos sólidos.
A necessidade de classificação de figuras por parte dos alunos da forma como
é descrita na Geometria não acontece de forma espontânea devido ao grande nú-
mero de características que cada figura apresenta. Só após o conhecimento de
algumas propriedades das figuras e suas vantagens matemáticas é que eles com-
preenderão o benefício de optar por uma classificação.
Iniciaremos chamando de Polígono a figura plana formada por três ou mais
segmentos chamados lados; adiante, apresentaremos outras propriedades.
Ângulo – assim chamaremos dois segmentos unidos por um ponto comum
chamado vértice, abaixo classificados por sua medida angular.
Triângulo - polígono de três lados. Iremos classificá-lo quanto aos lados: to-
dos os lados iguais; dois lados iguais; todos os lados diferentes:
capítulo 2 • 39
E também o classificaremos quanto aos ângulos: Um ângulo agudo; um ângu-
lo obtuso; um ângulo reto:
Quadrado - possui quatro lados com a mesma medida e também quatro ân-
gulos retos;
Retângulo - possui lados opostos paralelos e quatro ângulos retos;
Rombo - tem lados e ângulos opostos iguais entre si, mas não tem quatro
lados iguais nem ângulos retos;
Paralelogramo - possui lados opostos iguais e paralelos;
capítulo 2 • 40
Losango - tem todos os quatro lados iguais e suas diagonais formam um ân-
gulo de 90°;
Trapezoide - quadrilátero que não tem lados paralelos;
Trapézio - só possui dois lados opostos paralelos com comprimentos distin-
tos, denominados base menor e base maior;
Trapézio retângulo - aquele que apresenta dois ângulos retos;
Trapézio isósceles - trapézio cujos lados não paralelos são iguais;
Polígono - é qualquer parte do plano limitada por segmentos de reta fechan-
do uma linha poligonal, tendo, no mínimo, 3 segmentos chamados lados. Cada
lado tem interseção com somente outros dois lados imediatos não paralelos, e tais
interseções são chamadas de vértices.
Abaixo apresentamos os principais polígonos regulares, aqueles que têm todos
os lados e todos os ângulos iguais, classificados pelo número de lados e nomeados
pelo número de ângulos:
capítulo 2 • 41
Polígonos convexos e côncavos: Se os prolongamentos dos lados do polígo-
no nunca entrarem na figura ele será convexo; se entrarem, ele será côncavo.
GLOSSÁRIO
Altura - segmento de reta desenhado a partir de um vértice, perpendicularmente ao seu lado
oposto em alguns triângulos, paralelogramos ou trapézios;
Base - lado perpendicular à altura no triângulo ou paralelogramo. No retângulo, base é o lado
que não é a altura;
Centro - ponto no interior de uma circunferência, equidistante de todos os pontos dela;
Diagonal - segmento de reta que liga dois vértices não vizinhos de um polígono;
Equilátero - nome dado ao polígono que possui todos os lados iguais;
Perímetro - é a soma dos segmentos de contorno de uma figura geométrica plana;
capítulo 2 • 42
Raio - segmento de reta que vai do centro a um ponto qualquer da circunferência;
Vértice - ponto comum a dois lados de um ângulo ou a dois lados de um polígono.
ATIVIDADE
1 – Marcação e corte.
Produza em papel paraná: 4 triângulos equiláteros de lado 7 cm; 12 quadrados de lado
7 cm e 2 hexágonos regulares de lado 7 cm. Essas peças, depois de cortadas, deverão ser
guardadas em caixas ou potes (ver insumos) e empregadas nos primeiros exercícios do
capítulo seguinte.
Apresentamos dicas e um passo a passo a seguir:
Marcação - para riscar as medidas sobre o material, use uma lapiseira com grafite duro e
espessura 0,3 mm. O importante nessa etapa é um risco suave que mostre o caminho a ser
percorrido pelo estilete, mas que não suje o papel. “Com a prática, nem será preciso riscar o
percurso inteiro mas apenas alguns riscos indicativos do caminho.” Lembre-se que, até o final
de um modelo reduzido, muitas etapas serão percorridas, e às vezes não é possível limpar
alguns tipos de sujeira;
Corte - antes do corte, é importante fazer uma verificação das medidas para não des-
perdiçar tempo e material. O corte deve ser feito sobre uma superfície dura e firme, podendo
ser uma placa de vidro ou uma base de corte específica apresentada no item “insumos”
deste capítulo;
Triângulos (marcação) – para obter essa figura, marque dois pontos firmes com a lapisei-
ra e auxílio do escalímetro sobre o papel paraná medindo 7 cm entre eles.
capítulo 2 • 43
Após isso, risque com a lapiseira, utilizando como apoio uma das faces de um dos es-
quadros. Esse seguimento servirá como base inferior do triângulo. Não pense em empregar
uma das bordas da folha de papel paraná, pois o acabamento obtido com o corte perfeito do
estilete é superior em qualidade à borda desse papel, e isso, somado à dificuldade de medir
a partir da borda já cortada, poderá comprometer a qualidade do trabalho.
Após isso, utilize o compasso e marque com a ponta seca e o grafite o comprimento do
seguimento anterior já traçado, daí fixe a ponta seca em cada uma das extremidades do seg-
mento e, levando o grafite para a parte superior do papel, encontre a intercessão do vértice
superior com os dois arcos.
capítulo 2 • 44
Finalize as marcações dos triângulos riscando com a lapiseira apoiada sobre um esqua-
dro. Tenha cuidado para que, ao passar as mãos sobre o papel, não o suje, comprometendo
a qualidade do trabalho.
Triângulos (corte) - Para cortar os triângulos, empregue a régua de aço como apoio ao
corte e, ao utilizar o estilete, mantenha a posição vertical para que o corte saia com a borda
reta e, ao ser colado posteriormente, garanta um arremate perfeito.
capítulo 2 • 45
Finalizado o corte dos triângulos, guarde-os num pote.
Quadrados (marcação) – para obter essa figura, marque dois pontos firmes com a lapi-
seira e auxílio do escalímetro sobre o papel paraná medindo 7 cm entre eles. Repita o que foi
feito com o triângulo; após isso, com o auxílio do esquadro, marque 90° e risque o próximo
seguimento medindo 7 cm.
capítulo 2 • 46
Repita essa ação mais 2 vezes até fechar o quadrado conforme a figura acima.
Faça então outras 11 marcações num total de 12 quadrados e corte seguindo as instru-
ções para essa ação já apresentadas nos triângulos. Guarde os quadrados no mesmo pote.
Hexágonos (marcação) – para obter essa figura, faça uma circunferência de raio 7 cm
com o compasso.
capítulo 2 • 47
Após isso, com a mesma medida marque sucessivamente a linha de perímetro até obter
os pontos dos seis vértices.
Corte os 2 hexágonos da mesma forma que fez com triângulos e quadrados – e junte
todas as peças no pote.
capítulo 2 • 48
REFLEXÃO
O segundo capítulo deste livro permite aos alunos conhecerem a origem do modelo re-
duzido e relacionar essa técnica com a constante necessidade de sua aplicação nas práticas
acadêmicas e no campo profissional. Lista os requisitos necessários aos alunos para o cor-
reto desenvolvimento dessa técnica. Instrui quanto à importância de cada fase da confecção
de modelos reduzidos e apresenta alguns dos principais insumos necessários para o desen-
volvimento dessa atividade. Para facilitar os primeiros passos dos alunos, faz uma revisão das
principais figuras geométricas planas, suas propriedades básicas e traz um glossário básico
de termos necessários ao entendimento dessas figuras. Também neste capítulo iniciamos as
primeiras atividades de confecção de partes de um modelo.
capítulo 2 • 49
capítulo 2 • 50
3
Aprendizado
sequencial das
representações
tridimensionais
Aprendizado sequencial das
representações tridimensionais
capítulo 3 • 52
Recentes pesquisas apontam para a diminuição da nossa concentração, que
está atualmente em torno de 3 a 5 minutos, antes que acabemos nos distraindo
com fatores externos. Quando possível, a simplificação dos processos de aprendi-
zado para manter nossos alunos atentos pode surtir o mesmo efeito que alcançou
em outras áreas. Essa tendência mudou programas de TV que, dos anos 1990 para
cá, diminuíram o tempo de cada cena, se adaptando à nossa atenção mais curta.
Também as revistas e sites fazem reportagens cada vez mais curtas.
OBJETIVOS
• Capacitar os alunos na percepção dos volumes e das características de um espaço projetado;
• Ampliar sua capacidade de abstração, levando-os a analisar um ambiente tridimensional
que ainda não existe;
• Permitir aos alunos que a base teórico-prática de representações tridimensionais o conec-
te com a disciplina seguinte na grade curricular (Arquitetura Digital I) como base do aperfei-
çoamento contínuo da representação gráfica tridimensional de ideias novas;
• Capacitar os alunos na representação de vistas e modelos volumétricos de um objeto/
projeto, tornando-os capazes de associá-los a sua representação espacial.
capítulo 3 • 53
Os sólidos geométricos são integrados por dois grupos: os poliedros, que pos-
suem todas as suas faces planas, e os não poliedros, que têm alguma superfície
curva conforme o exemplo.
Os poliedros podem ser: prismas, pirâmides ou poliedros regulares.
A seguir, apresentamos alguns exemplos com suas características.
capítulo 3 • 54
Atividades de confecção de sólidos geométricos
capítulo 3 • 55
Iniciaremos então apoiando um dos
quadrados sobre a mesa de trabalho
na horizontal e, com auxílio do es-
quadro para alinhar o ângulo de 90°,
colando um segundo quadrado so-
bre esse na vertical pela sua aresta,
formando um “L”.
capítulo 3 • 56
• Confecção da 2ª volumetria: CUBO com arestas precisas
capítulo 3 • 57
Nessa etapa, a marcação sobre a par-
te da aresta que será retirada terá um
corte de 90° - 60° = 30°. Alinhe a
aresta externa do quadrado sobre o
vértice do hexágono e faça uma mar-
cação para servir de base para o lixa-
mento das arestas.
capítulo 3 • 58
Finalmente cole o hexágono supe-
rior passando cola nas superfícies
das arestas das faces laterais, sempre
seguindo a primeira dica dada para
colagem: “Utilize cola com mode-
ração”. A exemplo do cubo da 2ª
volumetria, as arestas se encaixam
perfeitamente, dando ao volume um
acabamento perfeito.
capítulo 3 • 59
Após a confecção dos primeiros só-
lidos, destacamos que prismas e pi-
râmides também podem ter seu eixo
em ângulo diferente do reto, sendo
denominados oblíquos.
capítulo 3 • 60
Na figura seguinte, confira as características básicas desses sólidos, relacionan-
do sua forma e algumas medidas peculiares de cada um.
capítulo 3 • 61
Embora os sólidos e superfícies tridimensionais descritos neste capítulo encon-
trem na geometria analítica das funções reais e equações uma descrição de extrema
precisão matemática, na apresentação dessas formas tridimensionais adotaremos
uma abordagem mais simples e direta, buscando descrever de forma intuitiva o
processo de obtenção de cada forma, tendo como foco incentivar a formação de
um repertório imagético através de associações diretas com figuras e objetos da
vivência dos alunos.
A ideia é que a manipulação das formas que serão confeccionadas através dos
modelos reduzidos será melhor e mais rapidamente elaborada se os alunos visua-
lizarem em sua mente essa volumetria naturalmente antes de iniciar o processo de
construção manual.
capítulo 3 • 62
A seguir, exemplos de superfícies tridimensionais regradas que são consti-
tuídas a partir da reunião de retas assim como o hiperboloide de uma folha e o
paraboloide hiperbólico, ambos não planificáveis.
capítulo 3 • 63
Criado pelo escritório Jakob + MacFarlane, o Orange
Cube, erguido nas docas de Lyon, zona portuária da
famosa cidade francesa, apresenta design em forma
de cubo oco com subtrações de elipsoides.
capítulo 3 • 64
Vista noturna do Estádio Nacional
em Pequim, "ninho dos pássaros",
destacando como a forma vazada em
3D com iluminação interna repercu-
te no entorno à noite.
Bases
Faz muito tempo que PCs e notebooks de baixo custo apresentam configura-
ções de processamento gráfico suficientes para viabilizar a utilização de softwares
3D capazes de simular ambientes virtuais.
A ideia desta obra é associar o aprendizado eletrônico com as técnicas artesa-
nais consagradas de produzir modelos reduzidos tanto na sala de aula quanto ao
alcance do aluno onde ele estiver, aproveitando o grande auxílio que o computa-
dor fornece para o desenvolvimento de ambientes virtuais.
Figuras bidimensionais e formas tridimensionais uma vez apresentadas nesse
ambiente vêm atraindo a atenção dos alunos pelas características similares aos
dispositivos empregados usualmente por eles. É possível estimular o acesso ao co-
nhecimento pela via eletrônica devido ao seu potencial como ferramenta útil para
estudos despertado nas gerações atuais.
Apenas a forma tradicional de ensino exclusivamente dependente do professor
em sala de aula limita as oportunidades para compreensão das atividades práticas
capítulo 3 • 65
fundamentais nessa disciplina. A percepção antecipada do objetivo das atividades
práticas por meio de simulações realísticas na tela possibilita ao aluno aprender,
diminuindo a distância entre a prática e a teoria.
Além disso, em disciplinas de caráter prático, é fundamental estimular a in-
teração entre os estudantes entre si; tal fator de interatividade está no DNA do
curso de arquitetura, em especial nas disciplinas de ateliê. Nossa proposta é que os
professores utilizem ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas para que
cada aluno se alinhe com a forma que melhor se adaptar a sua percepção.
COMENTÁRIO
Para isso, exploraremos simulações e visualizações 3D de elementos que seriam difíceis
de entender antes da sua execução em sala de aula; apresentaremos objetos na tela via data
show, antes mesmo de sua necessidade em sala de aula, poupando tempo; analisaremos
informações e visualizações de objetos, representando-os mais próximos ao mundo real do
que uma imagem bidimensional seria capaz de fazer.
Objetivo
Concepção da atividade
capítulo 3 • 66
grandeza) de cada face. A base ou bases já estão em VG por estarem projetadas
diretamente sobre a folha A3. Com a base ou bases e as faces laterais, o aluno faz a
marcação para desenvolvimento que antecede a montagem. A finalização consiste
na dobra e colagem para construção do volume.
Desenvolvimento da atividade
capítulo 3 • 67
• Composição da vista superior
Nesta fase, o aluno desenvolverá uma composição criativa bidimensional de
um espaço aberto conceitual, podendo ser relacionada a uma pequena praça pú-
blica em planta tomando a escala 1:250 como base. Essa composição servirá de
base para todas as etapas seguintes. A figura da síntese acima e a figura da compo-
sição abaixo não devem ser copiadas, mas apenas servir de referência para enten-
dimento do processo.
Nesta fase ainda criativa, o aluno parte dos alinhamentos da vista aérea su-
perior para conceber uma vista da maior fachada. Note que uma mesma vista
superior pode dar origem a diferentes composições de vistas de fachada. Exercite
sua criatividade tentando fazer pelo menos 3 vistas de fachada diferentes entre si.
Observe na figura abaixo as diferentes alturas das árvores que não podem ser per-
cebidas na vista superior. Veja também a hierarquia de proximidade apresentada
pelos volumes.
capítulo 3 • 68
• Desenvolvimento
Com a base já determinada da fase 1, posicione as faces em VG nas arestas cor-
respondentes dessa base. Bordas para colagem deverão ser acrescidas para possibi-
litar a finalização do modelo. Esta fase denominada desenvolvimento requer, além
da obtenção das medidas, marcação e corte do objeto íntegro ligado pelas arestas.
Observe as atividades descritas tanto na figura acima quanto na que está abaixo.
• Dobra, montagem e colagem do volume
Nesta última fase, devemos vincar precisamente as arestas para que ao dobrar-
mos o objeto por elas obtenhamos o volume final com os encontros precisos. Após
a verificação da precisão da junção das arestas, faça a colagem, sempre utilizando
uma quantidade moderada de cola.
capítulo 3 • 69
Objetivo
O projeto
capítulo 3 • 70
As vistas
Vista frente
capítulo 3 • 71
Vista fundos
capítulo 3 • 72
capítulo 3 • 73
REFLEXÃO
Assista ao vídeo de Frank Gehry no link www.youtube.com/watch?v=0N1HGtVV50g
com especial atenção a partir dos 20 minutos de vídeo. Observe como todas as técnicas de
representações tridimensionais podem ser interligadas, não havendo um modelo “certo” de
criação ou composição volumétrica.
capítulo 3 • 74
4
Modelo
tridimensional
físico aplicado a
arquitetura
Modelo tridimensional físico aplicado
a arquitetura
Introdução
OBJETIVOS
• Apresentar um breve histórico da utilização dos modelos reduzidos ao longo da história
da arquitetura;
• Mostrar o panorama atual da utilização dos modelos reduzidos diante da democratização
das novas tecnologias de modelagem;
• Apresentar categorias de tipos de modelos e suas aplicações;
• Fomentar a compreensão dos tipos de modelos reduzidos e suas qualidades específicas;
• Auxiliar o aluno na escolha da natureza construtiva de cada parte de um modelo como
estratégia para lidar com recursos escassos.
capítulo 4 • 76
Especificidades da utilização dos modelos reduzidos aplicado
a arquitetura
Breve histórico
capítulo 4 • 77
Nas décadas de 1920 e 1930, arquitetos e designers da Bauhaus como Le
Corbusier e Walter Gropius elevaram a confecção de modelos reduzidos a um
componente essencial tanto no ensino quanto na prática profissional de projeto.
Entretanto, esse panorama perdurou pouco tempo devido às evoluções das tecno-
logias da construção aliadas à demanda de reconstruir cidades inteiras no período
pós-guerra, as quais impuseram um novo ritmo de projeto. Dessa maneira, a uti-
lização de uma ferramenta de caráter artesanal e confecção demorada não atendia
as necessidades da maioria dos arquitetos nesse momento.
capítulo 4 • 78
novas possibilidades de desenho CAD¹, momento em que os projetos se tornam
mais experimentais e complexos. Associado às tecnologias de modelagem digital,
observa-se a rápida democratização de novas tecnologias que vêm contribuindo
para a consolidação das maquetes instrumentais como ferramenta de projeto na
ultima década.
CONCEITO
CAD: computer aided design, que em português significa desenho assistido
por computador.
capítulo 4 • 79
Imagem do modelo eletrônico Museu Guggenheim, em Bilbao, arquiteto Frank Gehry.
Fonte: moreaedesign.files.wordpress.com
capítulo 4 • 80
Croquis de criação de etapas variadas do projeto COHabitat, arquiteto Romulo Guina.
Fonte: croquis produzidos pelo autor Romulo Guina.
Esses croquis podem não ser compreendidos nem mesmo por outros profis-
sionais da mesma área técnica por serem desenhos pessoais com características
singulares do processo de criação e representação do projeto. O fato de melhor
simular o objeto em processo de projeto faz com que as maquetes potencializem a
reflexão sobre as soluções adotadas.
capítulo 4 • 81
Modelo reduzido de estudo do projeto COHabitat, arquiteto Romulo Guina, técnica mista.
Fonte: maquete de estudo produzida pelo autor Romulo Guina.
capítulo 4 • 82
Perspectiva a mão livre do projeto COHabitat, arquiteto Romulo Guina.
Fonte: ilustração produzida pelo autor Romulo Guina.
capítulo 4 • 83
Perspectiva a mão livre e transposição em maquete de um pavilhão, arquiteto Romulo Guina.
Fonte: croqui e maquete produzidos pelo autor Romulo Guina.
capítulo 4 • 84
os modelos de testes (também conhecidos como mockups) são utilizados em dife-
rentes etapas de projeto para averiguar resistência, ergonomia, entre outros; e os
modelos de apresentação são utilizados nas etapas finais de projeto, o momento de
apresentação dele para o cliente.
É preciso ressaltar que existe uma tendência de que os modelos reduzidos sejam
utilizados em maior proporção nas etapas finais de projeto, como modelos de apresen-
tação ou protótipos, sendo que esses muitas vezes na vida profissional são terceirizados
e confeccionados por outros profissionais e/ou empresas especializadas nesse tipo de
modelos. Isso se deve ao alto grau de precisão e fidelidade com o objeto projetado para
que esse possa ser, juntamente com os demais suportes de representação bidimensio-
nal, devidamente compreendido pelos contratantes do projeto.
Não se trata exatamente de uma nova tecnologia, pois sua criação data de
mais de duas décadas. Porém seu impacto na confecção de modelos reduzidos
hoje se deve à democratização do acesso às máquinas, como as impressoras 3D e
as máquinas de corte a laser. Como exemplo, é possível citar que no ano de 2008
havia apenas 20 fabricantes de impressoras 3D no mundo, enquanto que no ano
de 2014 foram registradas centenas de novos fabricantes espalhados pelo planeta.
Em 2015, uma impressora 3D é comercializada hoje por aproximadamente U$
200,00 - valor cinco vezes menor que há quatro anos.
Diante desse cenário, é natural que essas novas tecnologias gradativamente
influenciem a forma como se projeta nas áreas do design, arquitetura e engenha-
ria. Há trinta anos, o modelo reduzido era confeccionado antes de o projeto ser
digitalizado em CAD. Hoje, a utilização da tecnologia CAM² funciona como uma
validação do projeto que já é desenvolvido em CAD. Isso é um indicativo de que
as máquinas CNC³ possibilitaram que a modelagem seja mais comumente inseri-
da nas etapas preliminares de projeto.
capítulo 4 • 85
CONCEITO
²CAM: Computer Aided Manufacturing, que em português significa manufatura assistida
por computador.
³CNC: Comando numérico computadorizado.
Por fim, é preciso ressaltar as suas limitações no que diz respeito ao proces-
so de projeto. Assim como os croquis configuram a extensão do pensamento
criativo do projetista de forma gráfica, os primeiros modelos de estudo, rústi-
cos e simples, são as primeiras materializações tridimensionais do projeto, per-
mitindo com maior rapidez avaliar as decisões de projeto, configurando um
capítulo 4 • 86
desdobramento natural dos primeiros croquis. Não há uma perspectiva que
aponte para o fim dos modelos de estudo feitos manualmente, mas as novas
tecnologias podem contribuir na consolidação das tecnologias anteriores, evi-
denciando suas qualidades inerentes.
capítulo 4 • 87
Os modelos de teste têm objetivo espe-
cífico de serem utilizados em testes laborato-
riais. Embora sejam mais comumente utiliza-
dos em outras áreas como a engenharia e o
design, também são utilizados na arquitetura.
Devido à diferença de escala, na arquitetura
os modelos de teste são feitos em escala re-
duzida para testes de insolação e resistência
aos ventos. Por exemplo: assim como a con-
fecção de protótipos na escala 1:1 para testes
de trechos específicos de projeto, as esqua-
drias são desenhadas especificamente para
um projeto.
Fonte: cafa.com.cn
capítulo 4 • 88
É importante ressaltar que essas categorias são gerais e muito abrangentes. É
possível que, por exemplo, uma maquete de estudo seja continuamente desenvol-
vida até o ponto de ter um nível de detalhamento e acabamento que a torne capaz
de configurar uma maquete de apresentação. O mesmo vale para o inverso: uma
maquete de apresentação de uma etapa intermediária de projeto pode retornar
para a equipe de trabalho e adquirir caráter de modelo de estudo.
Modelos de estudo
capítulo 4 • 89
Os modelos de refinamento volumé-
trico configuram o desdobramento natural
dos estudos de massa. Neles são trabalhadas
adição e subtração, relações entre as partes
inferior e superior do projeto. Podem ser tra-
balhados diretamente nos primeiros estudos
de massa ou utilizando os mesmos tipos de
materiais. Para esse tipo de modelo, são mais
comumente utilizadas as escalas pequenas
como 1:500, 1:250, 1:200, 1:125 e 1:100.
Fonte: dspncdn.com
capítulo 4 • 90
Os modelos de estudo e apresentação
são o desdobramento com alto nível de de-
talhamento e acabamento da etapa anterior,
permitindo que eles adquiram o potencial de
apresentação. Para esse tipo de modelo, to-
das as escalas são aplicáveis; a decisão ficará
a cargo de qual melhor representa o objeto
arquitetônico.
Fonte: blog.aaronopsal.com
capítulo 4 • 91
Como exemplos, podemos afirmar que os objetos sólidos possuem natureza
mais rápida em sua execução, sem tanta precisão, embora sejam adequados para
estudos de massa preliminares; por outro lado, as dobraduras permitem alto grau
de fidelidade e precisão do objeto, demandando precioso planejamento prévio e
rigor de execução, sendo mais aconselhável para estudos de refinamento de volu-
metria e/ou detalhamento. O gráfico abaixo busca facilitar a compreensão dessas
diferenças e servir como base para decisão:
Gráfico apresentando uma síntese das características gerais de cada tipo de modelo.
Fonte: ilustração produzida pelo autor Romulo Guina.
capítulo 4 • 92
ATENÇÃO
É importante ressaltar que essa categorização é uma generalização das situações recor-
rentes. É possível, por exemplo, fazer um modelo de alta precisão sólido e de forma rápida.
Mas isso estará associado ao nível de habilidade, às ferramentas disponíveis e aos objetivos
do projetista. Raramente uma maquete será toda feita com um único tipo de raciocínio cons-
trutivo. Em sua maioria, serão sempre modelos ditos mistos; portanto, é importante elencar
qual trecho terá melhor resultado para seu objetivo final escolhendo a natureza de confecção
mais adequada.
capítulo 4 • 93
Fonte: pinimg.com
Fonte: coop-himmelblau.at
capítulo 4 • 94
Modelo realista: modelo que busca uma representação fiel das cores, texturas e
espessuras dos elementos que compõem o projeto.
Fonte: zoyeseast.com
ATIVIDADE
Faça uma pesquisa nos meios que a faculdade disponibiliza: biblioteca física, WebAula, acer-
vos disponíveis no SIA e também de forma mais abrangente na internet. O objetivo dessa pesqui-
sa é buscar projetos notáveis de arquitetura existentes cujas formas sejam atraentes e despertem
a curiosidade sobre a geometria que as compõem. Essa pesquisa visa a permitir a escolha de
diferentes projetos na turma com o foco de ter variedade de tipologias arquitetônicas.
O tema deste exercício é:
A geometria por trás da composição da arquitetura: análise e reprodução da forma
Para isso, você deve tomar como referência o seguinte roteiro que sugerimos e escolher
um total de “3” projetos de um mesmo arquiteto:
capítulo 4 • 95
Etapa 1
• Seleção de imagens, plantas, cortes e elevações do projeto para servir de base para com-
preensão do projeto em sua morfologia geral;
• Produção de uma breve análise gráfica em técnica livre, visando a identificar a possível
lógica de composição geométrica existente na composição geral do projeto. Essa análise
será feita em 3 folhas (1 projeto por folha) de papel tipo Canson, gramatura mínima 180 g,
técnica livre.
Etapa 2
• Partindo de um dos projetos analisados, desenvolver “5” modelos de estudo do mesmo
projeto, deixando clara a composição geométrica identificada na análise anterior. Cada um
dos modelos deverá ser feito conforme as diferentes tipologias construtivas: sólido, sobrepo-
sição, planos adjacentes, dobradura e misto;
• A escala dos modelos é livre, o critério que deve ser levado em consideração é que ela
deve permitir que todos os modelos fiquem posicionados lado a lado na mesma base para
comparação entre potenciais e diferenças das diferentes formas de construção de mode-
los reduzidos;
• A escolha dos materiais é livre desde que eles permitam as diferentes formas de constru-
ção espacial.
A apresentação final será baseada na apresentação dos resultados das etapas 1 e 2,
relatando as características positivas (prós) e negativas (contras) levantadas pelo aluno du-
rante a pesquisa para debater em sala de aula.
REFLEXÃO
O quarto capítulo deste livro se destina ao aprofundamento da utilização dos modelos re-
duzidos no campo da Arquitetura e do Urbanismo com ênfase nos modelos de estudo. Nele, foi
proposto um aprofundamento no tema partindo de um breve histórico dos modelos, apresen-
tação de suas especificidades enquanto ferramenta projetual e os desdobramentos diante dos
avanços tecnológicos. Trata-se também de um momento para compreensão das categorias de
modelos existentes, para que servem, e como e quando podem ser utilizados. Devido ao fato de
ser uma das formas de representação que apresentam alto grau de complexidade de execução
devido ao caráter essencialmente artesanal, essa reflexão permite aperfeiçoar tempo e outros
recursos visando a tirar o melhor proveito dessa ferramenta de projeto.
capítulo 4 • 96
5
Desenvolvimento de
modelos físicos de
estudo
Desenvolvimento de modelos físicos de estudo
Introdução
OBJETIVOS
• Instrumentalizar o aluno para confecção de modelos reduzidos físicos;
• Afirmar a importância do planejamento prévio antes da confecção dos modelos reduzidos;
• Fomentar o raciocínio em torno da melhor estratégia de confecção dos modelos baseada
nos recursos disponíveis;
• Transposição das diferentes formas de representação bi e tridimensional para a represen-
tação através de modelos reduzidos físicos;
• Integração da disciplina de Representações Tridimensionais com os objetivos da disciplina
de Ateliê de Projeto em que o aluno estiver inscrito.
capítulo 5 • 98
o primeiro passo que o aluno deve tomar rumo ao planejamento da confecção do
modelo é o seu objetivo. Como já vimos anteriormente, não há tipo universal de
modelo que dê conta de todas as formas de apresentação com a mesma velocidade
e utilização de recursos.
Em geral, nas disciplinas dos dois primeiros ciclos do curso de Arquitetura e
Urbanismo, os alunos seguem as diretrizes apontadas pelo plano de aulas, não ha-
vendo grande necessidade de reflexão sobre esse aspecto. Contudo, é importante
que o discente exercite reflexão crítica a respeito de por que determinado modelo
está sendo feito com determinados materiais e em determinada escala.
Partindo da identificação do tipo de modelo apontado no item 4.4.1, é pos-
sível elencar o tipo de modelo a ser adotado em função de seu objetivo final entre
estudo, testes e apresentação. Entretanto, este livro tem como foco os modelos de
estudo como forma de instrumentalizar os alunos; portanto, a escolha deve ser
feita entre as categorias apontadas no item 4.4.2.
capítulo 5 • 99
dificultar o transporte e também não comprometer o modelo com uma necessida-
de de alto nível de detalhamento que ainda não é exigido dos alunos, além de não
comprometer a qualidade geral do modelo. É uma relação estreita entre escala,
tamanho do modelo, nível de detalhamento e objetivo final.
O capítulo 2 deste livro aborda a questão dos insumos necessários para o de-
senvolvimento da disciplina; entre eles, estão as ferramentas básicas e os materiais
mais comumente utilizados. Existem materiais mais apropriados para representar
determinados tipos de materiais do que outros, porém nada impede que o pro-
jetista aborde os mesmos com criatividade, conseguindo resultados variados com
os mesmos materiais. Além disso, é fundamental ressaltar a falta de tradição da
confecção de modelos no território brasileiro, o que dificulta a compra de alguns
materiais existentes em outros países e, consequentemente, limita as possibilidades
de representação dos modelos.
Esse fato pode ser contornado com criatividade e olhar atento a materiais pouco
usuais que podem conferir resultados excelentes sem grande esforço, inclusive per-
mitindo a reutilização de materiais descartados e recicláveis. De qualquer modo, é ne-
cessário levar em consideração que materiais irão representar quais elementos, cores
e texturas, mantendo a qualidade geral do modelo, e também quais insumos serão
necessários para corte, montagem, colagem e acabamento final das peças que estão
dentro da listagem proposta neste livro - e quais deverão ser incluídos.
capítulo 5 • 100
pequenos ajustes nas peças para que o objeto final apresente o grau de fidelidade e
bom acabamento condizente com seus objetivos.
Sugere-se que, a partir de cópias dos desenhos que compõem o jogo de plan-
tas, cortes e elevações, sejam criados esquemas gráficos de como serão descontadas
ou adicionadas as possíveis diferenças existentes entre espessuras dos materiais do
modelo reduzido e as espessuras dos elementos em projeto. Esse tipo de planeja-
mento permite a redução da quantidade de erros no momento da montagem final
das maquetes.
Nessa etapa do planejamento, é possível adiantar o planejamento dos tipos
de encaixes que serão adotados para a fixação dos elementos que compõem a ma-
quete, caso eles existam. A maioria dos modelos de estudo no contexto brasileiro
é confeccionada exclusivamente com derivados da celulose (papéis tipo sulfite,
cartão, papelão e variações), sendo, na maioria das vezes, facilmente montáveis
com processo de colagem.
Porém é interessante fomentar que os projetistas mesclem diferentes tipos de
materiais visando a maiores experimentações no campo tridimensional, resulta-
dos plasticamente mais interessantes, além de ampliar o leque de reutilização de
materiais descartados e recicláveis - e, nesse caso, nem sempre os processos de
colagem irão resultar em modelos satisfatórios. Portanto, tanto os modelos feitos
exclusivamente com papéis quanto os que mesclam diferentes tipos de materiais
podem, sempre que possível, incluir encaixes do tipo mecânico, pois eles aceleram
o encaixe, reduzem a necessidade de colagem e possibilitam melhor acabamento e
maior resistência dos objetos construídos.
Por fim, esse item fomenta que essas bases gráficas sejam complementadas
com um pequeno cronograma de organização das diferentes etapas de confecção,
acabamento e montagem das peças conforme será tratado mais à frente.
Transposição dos desenhos das peças para os materiais nos quais serão executadas
capítulo 5 • 101
Quando se trata de materiais onde o grafite não tenha aderência, como chapas de
acrílico, isopores, entre outros, é necessário utilizar canetas de tinta permanente tipo
nanquim descartável para que haja aderência do traço na superfície.
Outra maneira de fazê-lo é utilizar bases impressas com as peças fixadas sobre
as chapas com fita crepe ou dupla-face; convém ainda que o corte seja efetua-
do diretamente utilizando esses desenhos como guias. Para essa metodologia, é
importante ressaltar que o raciocínio envolvido no item “Confecção das bases
gráficas” deve ser mais rigoroso e que as bases originais não sejam destruídas. No
caso de desenhos feitos à mão, sugere-se a utilização de cópias feitas em Xerox ou
impressoras multifuncionais; no caso de bases confeccionadas em meio digital,
como AutoCAD, devem ser impressas na escala determinada para o modelo.
capítulo 5 • 102
as espessuras geradas pelas colas (geralmente desconsideradas pela sua imprevisi-
bilidade). Portanto, a montagem dos objetos de fora para dentro permite que os
possíveis erros acumulados sejam descartados nas áreas não visíveis do modelo,
garantindo a qualidade do acabamento.
No caso da sugestão de se montar um modelo de baixo para cima, busca-se
evitar as possíveis dificuldades de fixação de objeto superior em um inferior –
como no caso da fixação de um pequeno edifício em sua base.
Nem sempre o projetista ou aluno dispõe das condições ideais de espaço para
confecção de modelos reduzidos. Por esse motivo, se torna ainda mais prudente
que o planejamento do espaço de trabalho ocorra com um mínimo de antecedên-
cia para que, após o início dos trabalhos, não seja necessário o interromper suces-
sivamente para resolver questões operacionais. Segue uma lista de itens que devem
ser levados em consideração no momento da confecção dos modelos reduzidos:
• Separar previamente todas as ferramentas necessárias para confecção de to-
das as etapas do processo de trabalho;
• Providenciar todos os materiais planejados para serem utilizados na confec-
ção do modelo, tendo o cuidado de obter a quantidade correta de cada material,
incluindo uma margem excedente, levando em consideração a possibilidade de
erro e retrabalho – muitas vezes, o horário em que o projetista estará trabalhando
no modelo não permitirá providenciar mais material;
• Ter uma lixeira ou sacola para armazenamento dos restos não aproveitáveis
de material. Essa medida pode evitar o efeito “montanha de lixo” que não só causa
estresse pela desordem como consome tempo, além de também permitir a perda
de ferramentas e instrumentos como lapiseiras e estiletes no meio do material a
ser descartado;
capítulo 5 • 103
• Tenha sempre um ou mais pincéis para aplicação de cola e esteja munido
de um copo com água e um pano para enxugar os pincéis. Essa medida garante
que sempre após o término da utilização do pincel ele seja depositado no copo,
evitando que a cola endureça e ele fique inutilizável. Cada vez que precisar utilizar
o pincel novamente, basta enxugá-lo, usar e repetir o processo;
• No caso de colas que não sejam à base de água, repita o item anterior, utili-
zando solvente no lugar da água;
• Tente sempre que possível ter um local onde o modelo está sendo montado
que não se misture com a área de confecção. Essa medida evita possíveis acidentes
com o modelo em processo de finalização;
• Tente organizar um sistema “triangular”, onde você tem, de um lado, os
materiais e as bases gráficas; no centro, a área de trabalho; e, do lado oposto, as
ferramentas. Isso minimiza a necessidade de deslocamento, e, consequentemente,
economiza-se tempo;
• Fazer um planejamento prévio da quantidade de tempo disponível e a quan-
tidade necessária para confeccionar o modelo. É pouco provável prever o tempo
exato que será utilizado devido aos imprevistos e ao caráter artesanal desse meio
de representação; contudo, é possível aperfeiçoar o uso do tempo, distribuindo o
trabalho em jornadas de trabalho em vez de tentar fazê-lo todo de uma vez;
• De tempos em tempos, é comum, mesmo que se tente seguir todas as su-
gestões aqui apontadas, ocorrer o efeito “montanha de lixo” e/ou a desorganização
parcial ou total da área de trabalho. Sempre que isso ocorrer, o nível de estresse
tende a aumentar, e é um momento adequado para uma pausa a fim de descansar
e, após isso, voltar reorganizando o espaço de trabalho. É um tempo bem in-
vestido, pois o retorno ao trabalho ocorrerá em ambiente novamente adequado,
garantindo velocidade e maiores chances de bom acabamento;
• Evite a todo custo desrespeitar as especificidades de cada material ou ferra-
menta. Um exemplo disso é o erro comum de, por pressa, desatenção ou espaço
de trabalho desordenado, utilizar esquadro ou escalímetro no lugar da régua de
aço. Esse tipo de erro pode causar danos como a perda da peça em processo de
corte, danificação dos instrumentos de desenho e até possibilitar ferimentos com
as lâminas;
• Por fim, sugere-se que todo o planejamento e a organização sejam pauta-
dos pela calma e pela paciência. Como já foi dito anteriormente neste livro, os
modelos reduzidos configuram os meios de representação com mais alto grau de
complexidade de execução; portanto, não se trata de uma ferramenta de projeto
que deva ser feita sem os cuidados necessários.
capítulo 5 • 104
Técnicas de confecção
Tipos de corte
capítulo 5 • 105
ATENÇÃO
É importante que, sempre que possível, o corte seja feito de pé, aproveitando o peso
do nosso corpo e garantindo que a lâmina varie pouco seu ângulo em relação à placa. É
necessário fazer alguma força, mas não demais. Nunca tente cortar a peça de uma só vez.
O risco de estragar a peça e se ferir aumentam, e isso sempre acrescenta mais tempo no
processo de confecção. Passe o estilete quantas vezes forem necessárias para que o corte
seja finalizado.
Dicas: cole fita adesiva tipo crepe em toda a superfície do lado de trás da régua
metálica. Isso irá garantir maior atrito dela com o material, reduzindo a necessidade
de força ao pressionar a régua e, consequentemente, reduzindo as chances de ela se
mover durante o corte.
Outra dica é sempre manter a lâmina afiada. As lâminas de estilete possuem sulcos
que permitem a quebra, aumentando sua vida útil. Uma lâmina cega aumenta conside-
ravelmente o tempo de corte e diminui a qualidade do acabamento.
Cortador de acrílico
capítulo 5 • 106
o projetista apoiará a régua de aço sobre a placa junto ao desenho de modo que
a linha a ser cortada possa ser vista. Pressionando a régua para que ela não se
movimente durante o corte com a mão oposta que você utilizará para manusear
a ferramenta de corte, o mesmo será realizado com estilete comum para iniciar o
corte e romper o filme de proteção que pode estar cobrindo a chapa (sobretudo se
ela for de acrílico). Mantendo a régua no mesmo lugar, irá se iniciar o corte com o
cortador de acrílico. Será notória a diferença de atrito e o tipo de corte que retira
parte do material. Assim como no corte com estilete, deve-se passar algumas vezes
o cortador, sempre retirando parte do material.
Não é necessário nem aconselhável que se faça o corte até o fim. Ele deve ser
feito aproximadamente até a metade ou um pouco mais da espessura da placa.
Feito isso, com as duas mãos o projetista irá “quebrar” a peça, usando o corte
como guia para a quebra. Se ele tiver sido suficientemente profundo, a placa se
dividirá em duas partes sem maiores dificuldades. Se apresentar muita resistência,
volte com a placa para a base de corte e passe o cortador mais vezes até que a
quebra ocorra de forma tranquila, sem risco de destruir o material. Esses cuidados
irão garantir a qualidade do corte e a proteção da mão de quem está manuseando
a ferramenta.
ATENÇÃO
Assim como no item anterior, é importante que, sempre que possível, o corte seja feito de
pé, aproveitando o peso do nosso corpo e garantindo que a lâmina varie pouco seu ângulo
em relação à placa. É necessário fazer alguma força, mas não demais. No caso do uso do
cortador estar restrito à marcação de vincos, basta seguir todas as regras apresentadas para
o corte e não efetuar a quebra do material. É sugerido que o projetista conte o número de
vezes que está passando o cortador e que utilize o mesmo número de passadas em todas as
linhas para que os vincos fiquem regulares.
Dicas: cole fita adesiva tipo crepe em toda a superfície do lado de trás da régua
metálica. Isso irá garantir maior atrito dela com o material, reduzindo a necessidade
de força ao pressionar a régua e, consequentemente, reduzindo as chances de ela se
mover durante o corte.
capítulo 5 • 107
Arco de serra
ATENÇÃO
É importante ressaltar que esse tipo de corte é aplicável a materiais com espessuras
maiores e/ou que apresentem grande rigidez; logo, a força a ser empregada no corte é
substancialmente maior que num outro feito com estilete ou cortador de acrílico. Portanto,
é fundamental que o corte seja feito obrigatoriamente de pé, aproveitando o peso do nosso
corpo e garantindo que a lâmina varie pouco seu ângulo em relação à placa. O corte deve
ser feito até o fim.
Dicas: Tente criar um ritmo do corte tanto para que esse trabalho não se es-
tenda por muito tempo quanto para que o projetista não fique demasiadamente
cansado após a execução do corte.
capítulo 5 • 108
Microrretífica
Dicas: Tente criar um ritmo do corte tanto para que esse trabalho não se estenda
por muito tempo quanto para que o projetista não fique demasiadamente cansado após
a execução do corte.
Alicates
capítulo 5 • 109
certeza de que a parte de corte do alicate esteja corretamente posicionada no ponto
a ser cortado e faça pressão para que o corte seja executado.
Dicas: Tente criar um ritmo do corte tanto para que esse trabalho não se estenda
por muito tempo quanto para que o projetista não fique demasiadamente cansado após
a execução do corte.
Acabamento
Corte preciso
Lixar a superfície
capítulo 5 • 110
outras, formando uma placa rígida. A lixa será colada em ambos os lados com fita
dupla-face ou cola de contato para que se acelere o processo. Sugere-se também
que se utilizem granulações diferentes de lixas em cada superfície.
As limas são geralmente feitas em metal e têm como objetivo o acabamento
de detalhes como vincos e arestas internas. Para os modelos reduzidos, sugere-se a
utilização de limas para ourivesaria ou relojoaria por elas terem tamanho e preci-
são adequados à escala da miniatura. Não é necessário ter vários tipos de lima, uma
seção triangular e/ou quadrada são suficientes para projetistas iniciantes. Outras
podem ser adquiridas para situações específicas.
Polimento
Verniz
Revestimentos
capítulo 5 • 111
Esse é outro momento em que o acabamento é fundamental. É necessário
que o corte e o acabamento tanto das peças de estruturação quanto de revesti-
mento sejam precisos e bem executados. Outro fator determinante é o tipo de
colagem a ser aplicado. A limpeza e o cuidado na aplicação do revestimento são
fundamentais para a garantia do bom acabamento. A colagem será tratada a
seguir no item “Colagem”.
Pintura
capítulo 5 • 112
Colagem
A colagem deve ser planejada de acordo com o tipo de encontro entre as pe-
ças. Existem alguns tipos básicos de encaixe que determinam o tipo de cola a ser
utilizada e também materiais que não podem ser colados com determinadas colas
devido às reações adversas.
Montagem
Elementos vegetais
capítulo 5 • 113
muito cuidado com representações realistas e excessivamente detalhadas. É fun-
damental que se faça uma pesquisa prévia do tamanho médio de altura e diâme-
tro de copa das árvores, palmeiras e arbustos para que eles sejam representados
corretamente na escala. Existem duas maneiras básicas de categorizar os tipos de
representação de vegetação: construídas ou selecionadas.
As construídas se caracterizam pela confecção de estrutura que simule o tron-
co e os galhos da vegetação e de outro material para compor suas copas. Os tron-
cos podem ser feitos com palitos, arame, pedaços de galhos de árvore ou alfinetes,
apenas para citar alguns exemplos. As copas podem ser feitas com espuma moída
(é possível moer em um liquidificador) ou bucha vegetal. Trata-se de um processo
mais longo e com grandes chances de ficar visualmente excessivo. As selecionadas
geralmente são pedaços de galhos utilizados integralmente. Esse processo é rápido
e garante leveza ao modelo reduzido. Contudo, é preciso fazer uma procura prévia
de galhos adequados à escala que irá ser utilizada.
Em ambos os casos, é necessário começar sua confecção com uma certa ante-
cedência para garantir o bom acabamento e que se tenha o número de exemplares
necessários para representar adequadamente o projeto.
Humanização
capítulo 5 • 114
proporção humana está no inconsciente de qualquer ser humano; portanto, ao
olhar uma maquete, o nosso cérebro executa um processo cognitivo instantâneo
de dimensionar as proporções do projeto em relação a uma pessoa - e, assim,
apreende-se melhor o projeto.
ATENÇÃO
Partindo do projeto que o projetista estiver desenvolvendo na disciplina de ateliê de pro-
jeto, sugere-se que este trabalho final configure a confecção da maquete desse projeto.
Trata-se de uma interdisciplinaridade desejável ao curso de Arquitetura e Urbanismo e que
potencializa o aprendizado do aluno, tanto no ato de projetar quanto no de representá-lo tridi-
mensionalmente, auxiliando na fixação dos conteúdos e numa visão transversal de formação.
O tema do exercício é: “Maquete do Ateliê de Projeto”.
Com os desenhos do projeto em mãos, propõe-se um exercício estruturado que consiste
nas seguintes etapas:
Etapa 1
• Seleção de imagens, plantas, cortes e elevações do projeto para servir de base para com-
preensão do projeto em sua morfologia geral;
• Definição da escala;
• Definição da tipologia da maquete e das peças e subpeças;
• de acordo com o item “Planejamento da confecção do modelo reduzido”.
Etapa 2
• Confecção das peças que compõem os diversos elementos, levando em consideração os
itens do capítulo 5;
• Acabamentos gerais;
• Montagem;
• Humanização.
A apresentação final será baseada na apresentação dos resultados das etapas 1 e 2,
relatando as características positivas (prós) e negativas (contras) levantadas pelo aluno du-
rante a pesquisa para debater em sala de aula. Esse exercício será apresentado nas duas
disciplinas envolvidas.
capítulo 5 • 115
REFLEXÃO
O quinto capítulo deste livro encerra o conteúdo do livro de Representações Tridimen-
sionais. Seu objetivo é o de instrumentalizar e auxiliar na construção geral dos projetos em
escala reduzida. Espera-se que os projetistas compreendam o alto grau de complexidade
dessa forma de representação e suas características tipicamente artesanais, seu necessário
planejamento prévio e as especificidades das técnicas de confecção, além dos materiais
mais comumente utilizados. Todas essas questões apresentadas têm como objetivo final a
criação de uma mentalidade do projeto da maquete.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Urbanismo). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.
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BREEN, J. Designing Design Communication: Considering the conditions, effects and opportunities
for imaginative visual representation models in architectural study initiatives. Form & Modelling Studies.
Delft: Delft University of Technology, 2008.
JANCIC, L. The Impact of Layered Technologies on Architectural Model Production and Use. Arhitektura,
Raziskave, 2013.
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Urbanistas. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Campinas: Universidade Estadual de
Campinas, 2011.
MEDEIROS, L. O Desenho como suporte cognitivo nas etapas preliminares de projeto. Tese (Doutorado
em Engenharia). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002.
MILLS, C. Designing with Models: a studio guide to making and using Architectural Design Models.
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YAMAKI, R. O Uso da Miniatura no Desenvolvimento e Passagem das Formas Técnicas: subjetividade e
Materialidade. Dissertação (Mestrado em Design). Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, 2012.
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