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REPRESENTAÇÕES

TRIDIMENSIONAIS

BRÁULIO VERÍSSIMO CRUZ


RÔMULO GUINA

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2017
Conselho editorial  roberto paes e luciana varga

Autores do original  bráulio veríssimo cruz e rômulo guina

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  luciana varga, paula r. de a. machado e aline karina


rabello

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  rafael moraes

Revisão linguística  bernardo monteiro

Revisão de conteúdo  anderson manzoli

Imagem de capa  lifestyle graphic | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

C955r Cruz, Braúlio Veríssimo


Representações tridimensionais. / Braúlio Veríssimo Cruz;
Rômulo Guina, Rio de Janeiro: SESES, 2017.
128 p: il.

isbn: 978-85-5548-421-6

1.Visão espacial. 2. Bidimensional. 3. Tridimensional.


4. Modelos de estudo. 5. Tradição. 6. Tecnologia
I.Guima, Rômulo. II.SESES. III. Estácio.
cdd 709.81

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Panorama dos principais métodos de


representação tridimensional para arquitetura
na atualidade 9
Introdução 10

Modelos volumétricos reduzidos artesanais para estudos arquitetônicos 11


Variações sobre o tema modelos reduzidos 11
Estabelecendo nosso nicho de estudo 11

Croquis, representações tridimensionais sobre o papel 12


A expressão mais simples e eficaz do arquiteto 12
Perspectiva tridimensional sobre o papel 13
A origem dos croquis 13

Representação 3D via software 13


Tecnologia digital na produção de arquitetura 13
Tipologias de softwares para emprego em Arquitetura 14
Licenças de softwares, aquisições e custos 17

CNC e Impressão 3D 18

2. Modelos reduzidos artesanais para


estudos arquitetônico 23
Origem e aplicações 24
Origem 25
Aplicações 25

Requisitos 26

Fases 26

Insumos 27
Insumos em geral 28
Materiais para base 34
Materiais para acabamento 35
Materiais recicláveis 35

Escala 36
Escala numérica 36
Escala humana 37

Figuras Geométricas 39

3. Aprendizado sequencial das representações


tridimensionais 51
O uso do conceito dos eixos X, Y e Z e as práticas tradicionais e digitais de
representação do espaço tridimensional 52

Sólidos geométricos e superfícies tridimensionais. 53


Atividades de confecção de sólidos geométricos 55
Sólidos não poliedros 60
Exemplos de arquiteturas baseadas ou não em sólidos
apresentados neste livro 63

Concepção de estudo bidimensional para confecção de


modelo tridimensional 65
Bases 65
Modelo simplificado integrado 66

Confecção de modelo simplificado referenciado aos eixos x, y e z 69


Objetivo 70
O projeto 70
As vistas 71

4. Modelo tridimensional físico aplicado


a arquitetura 75
Introdução 76

Especificidades da utilização dos modelos reduzidos aplicado


a arquitetura 77
Breve histórico 77
O modelo reduzido enquanto ferramenta projetual 80
Impacto da democratização das tecnologias de modelagem 85

Categorias de modelos reduzidos de estudo 87


Categorização dos modelos por objetivos 87
Modelos de estudo 89
Tipos de modelos pela sua natureza física 91
Tipos de modelos pelo seu acabamento 93

5. Desenvolvimento de modelos físicos de estudo 97


Introdução 98

Planejamento da confecção do modelo reduzido 98


Identificação do objetivo do modelo 98
Definição da escala do modelo de estudo 99
Escolha dos materiais e ferramentas 100
Confecção das bases gráficas 100
Transposição dos desenhos das peças para os materiais
nos quais serão executadas 101
Definição dos processos de montagem 102
Organização do espaço de trabalho 103

Técnicas de confecção 105


Tipos de corte 105
Acabamento 110
Revestimentos 111
Pintura 112
Colagem 113
Montagem 113
Elementos vegetais 113
Humanização 114
Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

A carência do ensino da geometria plana (2D) e tridimensional (3D) na forma-


ção que antecede ao ensino superior, a ausência de prova de habilidade específica
para os ingressantes na Faculdade de Arquitetura e o desconhecimento das proprie-
dades básicas das figuras geométricas bidimensionais e dos sólidos tridimensionais
são as causas de se principiar o ciclo inicial de instrumentalização do estudante de
arquitetura pela disponibilização de ferramentas para formar o arcabouço necessário
à construção dos saberes integrados no aprendizado de Arquitetura, contribuindo
para o preenchimento da lacuna deixada na formação básica dos discentes.
Nesse contexto, o presente livro apresenta um panorama das técnicas existentes
para reprodução em escala de projetos arquitetônicos, estabelece um comparativo
entre tais técnicas e oferece uma visão integradora dessas técnicas, visando a extrair
o que de melhor cada uma pode oferecer.
Embora sejam feitas associações e apresentadas metodologias para aliar e inte-
grar as diferentes técnicas de representação tridimensional existentes, grande ênfase
será dada ao desenvolvimento de modelos tridimensionais de estudo em papel e
outros materiais acessíveis, incluindo reciclados, tendo em vista o público de estu-
dantes ao qual o livro se destina.
Também concorre para essa prioridade a premissa de que maquetes de estudo
devem ser feitas em grande número para dar suporte a todas as fases de desenvolvi-
mento dos projetos acadêmicos. Assim, o foco nos modelos de baixo custo minimiza
o ônus para o estudante do ponto de vista financeiro e desestimula o apego a um
modelo tridimensional representativo apenas de uma fase do projeto como acontece
com as maquetes de alto custo feitas para o trabalho de conclusão de curso bem
como para apresentações profissionais.
Serão apresentadas de forma simples: Uma descrição das operações necessárias
para realizar um modelo em escala; O detalhamento dos aspectos associados à técni-
ca principal desenvolvida neste livro; Desenhos, fotografias e esquemas que ilustram
passo a passo a sequência de operações necessárias a cada etapa do processo.

Bons estudos!

7
1
Panorama dos
principais métodos
de representação
tridimensional
para arquitetura na
atualidade
Panorama dos principais métodos de
representação tridimensional para arquitetura
na atualidade

Introdução

Os modelos de estudo levam a imaginação a uma visão tridimensional amplia-


da de um projeto. A imagem do modelo tridimensional nos transporta para um
universo reduzido e passamos a ter a sensação de pertencer a esse universo.
O objetivo do modelo reduzido é conferir sensação visual de realismo ao observador.
O modelo é a expressão física dos projetos e conceitos dos arquitetos, devendo ser o mais
fiel possível à realidade imaginada pelo autor do projeto dentro da escala definida.

©© X-RAY PICTURES | SHUTTERSTOCK

Nos países desenvolvidos, o uso de modelos reduzidos é altamente difundido.


O futuro edifício, quando reproduzido em pequena escala, ganha vida ampliando
a capacidade de visualização por quem o observa e de convencimento por quem
o emprega. Há principalmente o lado didático e técnico dos modelos reduzidos,
pois entender como as coisas funcionam ou como ficarão quando construídas de
fato nos ajuda a compreender os projetos de forma global, detectando problemas
futuros de design e construção, economizando tempo e dinheiro.

capítulo 1 • 10
OBJETIVOS
•  Iniciar o estudante de Arquitetura na compreensão das relações espaciais;
•  Reconhecer o grande potencial desta ferramenta de projeto;
•  Reconhecer as principais técnicas de representações tridimensionais para cada tipo de
apresentação de projeto;
•  Distinguir dentre as técnicas apresentadas a traz melhor aproveitamento frente ao objetivo
específico da apresentação.

Modelos volumétricos reduzidos artesanais para estudos


arquitetônicos

Variações sobre o tema modelos reduzidos

Grande ênfase será dada à técnica usualmente denominada Maquete devi-


do a sua simplicidade e eficácia. No entanto, como esse termo pode estar asso-
ciado a diversas variações desse tema, vamos conhecer alguns tipos de modelos
volumétricos:
•  Protótipos: normalmente em tamanho real, escala 1/5 e 1/1 e comuns na
indústria automobilística;
•  Diorama: modelo reproduzida na sua ambiência natural, contendo ele-
mentos que caracterizam a época representada, seus objetos e até técnicas que
simulam o envelhecimento e as intempéries;
•  Maquetes: modelo em escala reduzida;
•  Miniatura: modelo fiel em escala reduzida;
•  Modelo (associado à prática de modelismo): é adquirido no comércio e consti-
tuído por um kit para ser montado, contendo fotografia, esquemas, peças, adesivos etc.

Estabelecendo nosso nicho de estudo

A partir de agora, será estabelecido um recorte dentro desse diversificado uni-


verso para que possamos abordar somente a técnica que chamaremos de Modelos
de estudo reduzidos para Arquitetura. Vamos entender por que atribuímos a es-
ses modelos papel central no aprendizado de Arquitetura. Durante a graduação
no curso de Arquitetura, os alunos provavelmente enfrentam mais disciplinas de

capítulo 1 • 11
projeto que em qualquer outra carreira e em maior número que o próprio total de
semestres do curso.
Nesse contexto, a possibilidade de ampliar a visão tridimensional e antever
situações de fases futuras do desenvolvimento da forma arquitetônica permite aos
alunos corrigir pontos considerados fracos e prover soluções em grande número
numa fase em que a profusão de ideias não pode ser tolhida; ao contrário, ela
deve ser estimulada e explorada para o desenvolvimento do senso crítico formal
desde o início, na base na composição espacial, facilitando o desenvolvimento da
visualização de objetos em três dimensões. Tendo em vista que a visão espacial é a
principal ferramenta de trabalho do arquiteto.
Além disso, como acontece em diversas áreas do conhecimento, iniciar o estu-
do de uma matéria pelos aspectos mais simples e acessíveis facilita o aprendizado.
Os Modelos de estudo reduzidos serão o tema central deste livro e em torno de-
les todas as articulações serão feitas, integrando as técnicas que serão apresentadas
com o objetivo de oferecer aos alunos o que de melhor cada uma pode oferecer,
sendo reservado para disciplinas que sucedem representações tridimensionais o
desenvolvimento das demais técnicas.

Croquis, representações tridimensionais sobre o papel

A expressão mais simples e eficaz do arquiteto

Dentre as características que identificam o modus operandi do(a) arquiteto(a),


destacamos a capacidade de produzir croquis como forma de expressão mais básica
de representar e compartilhar ideias tridimensionais em ambiente bidimensional,
não só para apresentar seu projeto mas, principalmente, para ele(a) mesmo(a)
compreender e desenvolvê-lo desde o nascimento das primeiras ideias até o mo-
mento em que for necessário produzir documentação técnica do projeto.

Assim como se atribui ao polegar opositor, dedo mais


importante dos hominídeos, grande aquisição evolutiva
permitindo a utilização de instrumentos e modificação do
meio ambiente, particularmente vejo o croqui do “Homo
Architectus” como a ligação forte e instantânea entre o
pensar e o desenhar, podendo representar ideias em me-
nor tempo que um ultrabook atual leva para ser ligado.

capítulo 1 • 12
Perspectiva tridimensional sobre o papel

No século XV, Brunelleschi principiou uma


grande mudança no campo da arquitetura e das
artes a partir da perspectiva caracterizada pelo uso
do ponto de fuga, que possibilitou a representa-
ção de um objeto tridimensional em uma superfí-
cie plana, revolucionando a representação gráfica
da arquitetura e ampliando as representações e o
entendimento do edifício, além de trazer para o
olho humano a percepção do afastamento ou da
proximidade das casas, planos e paisagens.

A origem dos croquis

Já início do século XIX, os desenhos prelimi-


nares de arquitetura ganharam um termo específi-
co: “croqui”. Nessa modalidade de expressão, não
se exige grande precisão ou refinamento gráfico,
tendo ênfase no registro de uma ideia instantâ-
nea através de uma técnica de desenho rápida e
descompromissada, ressalvando que há croquis
muito apurados, constituindo verdadeiras obras
de arte, mas que no momento não fazem parte
desse recorte.

Representação 3D via software

Tecnologia digital na produção de arquitetura

Já faz algum tempo que a grande maioria dos projetos arquitetônicos utiliza
em alguma parte do seu desenvolvimento os recursos de visualização tridimensio-
nal oferecido pelos softwares 3D. Há dezenas de softwares capazes de dar suporte
à criação de projetos. Alguns se destinam à fase inicial de estudo preliminar, outros

capítulo 1 • 13
são mais bem utilizados para apresentações realísticas, Existem ainda os softwares
tipo BIM que buscam contemplar todas as etapas do projeto, provendo toda in-
formação necessária aos desenhos, à representação gráfica, à análise do edifício, aos
quantitativos e ao tempo de execução.

Tipologias de softwares para emprego em Arquitetura

Existe hoje uma diversificada gama de softwares capazes de auxiliar o pro-


cesso de produção arquitetônica com opções para diferentes fases desse processo.
Apresentamos abaixo alguns dos principais tipos segundo seu objetivo:
1 - Desenhar croquis sobre a tela do tablet ou smartphone

©© DRAGON IMAGES | SHUTTERSTOCK

2 - Fazer estudos volumétricos em fases preliminares

©© HTTPS://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/4/44/MODELURSCREENSHOT.PNG

capítulo 1 • 14
3 - Fazer estudos de insolação

4 - Desenvolver pranchas de apresentação de projetos

capítulo 1 • 15
5 - Criar vídeos de apresentação

©© HTTPS://I.VIMEOCDN.COM/VIDEO/439119675.JPG?MW=1920&MH=1080&Q=70

©©
6 - Renderizadores para imagens realísticas ou artísticas

©© HTTPS://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/TWILIGHTRENDER/5451726101/

capítulo 1 • 16
7 - BIM – Modelagem da informação da construção

Cabe ressaltar que, enquanto alguns softwares têm uma finalidade específica,
outros cumprem mais de uma função, podendo ou não integrar fases do projeto.
A última tipologia apresentada, BIM, reivindica a classificação de software de pro-
jeto por buscar integrar todas as fases da produção arquitetônica, legando a outros
softwares classificações específicas de acordo com sua função, como “software de
desenho” ou “software de modelagem” e assim por diante.

ATENÇÃO
Destacamos que as classificações e os esclarecimentos dos parágrafos acima foram
estabelecidos dentro do nicho da arquitetura e refletem a opinião e experiência dos autores,
uma vez que os limites entre as áreas de atuação profissional, assim como entre os próprios
softwares, muitas vezes são flexíveis, permitindo uma variação de uso de acordo com a per-
cepção do arquiteto.

Licenças de softwares, aquisições e custos

Dentro desse universo, há ainda opções por tipos de licenças dos softwares que
trarão impacto sobre os custos de uso dessas ferramentas, podendo ser:

capítulo 1 • 17
1 - Software proprietário
Quando é comercializado para garantir os direitos de autor, dos contratos, das
patentes de software e dos segredos comerciais.
2 - Licença Pública Geral (GNU GPL ou GPL)
Licença de software livre amplamente utilizado que garante aos usuários finais
(indivíduos, organizações, empresas) as liberdades de executar, estudar, comparti-
lhar (cópia) e modificar o software.
3 - Freemium
É uma estratégia de preços pelos quais um produto, no caso o software pro-
prietário, é fornecido gratuitamente a um público específico, podendo ter algumas
funcionalidades reduzidas.
Para nosso livro, será abordada a integração entre Modelos reduzidos de estudo
de Arquitetura e um software Freemium amplamente utilizado na fase inicial de
estudo preliminar.

CNC e Impressão 3D

1 – CNC

Comando numérico computadorizado é a


tradução em português para a sigla CNC, do
original em inglês Computer Numeric Control.
Trata-se de um sistema que permite o contro-
le informatizado de máquinas, sendo utilizado
principalmente em tornos e centros de usina-
gem. Permite o controle simultâneo de vários
eixos através de uma lista de movimentos escri-
ta num código específico (código G).
Por esse motivo, foi desenvolvido na década de 1940 o NC, numeric control
(CN, controle numérico, na sigla em português), criado pelo Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT), inicialmente usando fitas perfuradas e, com o advento do
computador, evoluindo para o CNC. Com isso, atingiu-se o objetivo de confecção
de peças complexas, seriadas e/ou de grande precisão, especialmente quando usadas
em conjunto com os atuais programas de modelagem tridimensional.
Para a produção de modelos tridimensionais em arquitetura, apresenta as van-
tagens de custo de aquisição do equipamento além da possibilidade de utilizar

capítulo 1 • 18
maior variedade de materiais, incluindo plástico ABS e até MDF, o que também
reflete num menor custo total de confecção do modelo.

•  Sua desvantagem frente às impressoras 3D é a necessidade de confeccionar o mo-


delo em 3 etapas:
•  Criação de um projeto para produção do modelo que leve em consideração a sepa-
ração dele em partes;
•  Criação de um esquema de encaixes para junção das partes;
•  Colagem final das peças.

A introdução do CNC na indústria mudou radicalmente os processos in-


dustriais. Perfis de alta complexidade são facilmente usinados. Estruturas em 3
dimensões tornam-se relativamente fáceis de produzir. O CNC reduziu também o
número de erros humanos (o que aumenta a qualidade dos produtos, diminuindo
retrabalho e desperdício). Com o desenvolvimento tecnológico da informática e
o aumento da interatividade com o usuário, o código e linguagem de máquina
também evoluíram, e com isso o CNC se tornou mais acessível e difundido.

2 – Impressão 3D

As impressoras 3D vêm ganhando cada vez


mais espaço e são capazes de produzir objetos com
diferentes graus de complexidade, de maneira efi-
ciente e, muitas vezes, mais barata. Ferramentas,
veículos, próteses para amputados e até edifícios
já são produzidos através de impressoras 3D,
comprovando a versatilidade da tecnologia.

Seu emprego em arquitetura vai ganhando espaço à medida que o equipamen-


to vem sendo barateado, já sendo possível encontrar impressoras 3D em lojas de
informática.
Em relação a CNC, apresenta a vantagem de produzir o modelo tridimen-
sional completo em uma única etapa. Tal vantagem, no entanto, tem um custo
elevado, uma vez que tanto o equipamento tem valor maior quanto o cartucho
contendo o material da impressão ainda apresenta um preço alto. Em termos

capítulo 1 • 19
comparativos, com o mesmo valor em dinheiro com que se pode adquirir uma
impressora 3D que imprime um volume de 15 cm x 15 cm x 15 cm, é possível
comprar uma CNC com capacidade de esculpir uma área útil de 100 cm x 70 cm.
Além disso, o custo de insumos para impressora 3D é significativamente maior.

ATIVIDADE
Faça uma pesquisa nos meios que a faculdade disponibiliza: biblioteca física, webaula,
acervos disponíveis no SIA e também, de forma mais abrangente, na internet. O objetivo
dessa pesquisa é atualizar seus conhecimentos quanto às técnicas de representação tri-
dimensionais apresentadas neste capítulo e identificar o que de mais recente está sendo
desenvolvido em cada uma delas.
O tema dessa pesquisa é: “O que há de novo nas Representações Tridimensionais
no campo da arquitetura”.
Para isso, você deve tomar como referência o seguinte roteiro que sugerimos e escolher
um total de “5” imagens do ano de 2010 em diante:
Modelos volumétricos reduzidos artesanais
•  Maquete – pesquisar imagem mais recente de maquete atribuída a um(a) arquiteto(a) rele-
vante no cenário atual. Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
•  Modelo Reduzido - pesquisar imagem mais recente de modelo reduzido atribuído a um(a)
arquiteto(a) relevante no cenário atual. Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
Croquis, representações tridimensionais sobre o papel.
•  Pesquisar a imagem mais recente de um croqui (técnica de desenho rápida e descompro-
missada porém com expressividade) atribuído a um(a) arquiteto(a) relevante no cenário atual.
Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
Softwares para emprego em arquitetura
•  Pesquisar a imagem mais recente de “uma” dentre as tipologias de softwares para em-
prego em arquitetura que você eleger como mais interessante dentre os apresentados
entre os itens 1 e 7 do tópico Tipologias de softwares para emprego em Arquitetura deste
capítulo. Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
Prototipadoras e Impressoras 3D
•  Pesquisar a imagem mais recente de “uma” dentre as máquinas apresentadas nos itens 1
e 2 do tópico CNC e Impressão 3D deste capítulo que você eleger como mais interessante.
Identificar prós e contras para debater em sala de aula.
A apresentação pode ser na mídia que os alunos preferirem, impressa ou digital, devendo
conter necessariamente “5” imagens e “2” parágrafos para cada imagem, num total de “10”

capítulo 1 • 20
parágrafos, relatando as características positivas (prós) e negativas (contras) levantadas pe-
los alunos durante a pesquisa para debater em sala de aula.
As imagens pesquisadas no Google deverão ser buscadas seguindo os filtros: Google
> imagens > ferramentas de pesquisa > tamanho > grande, conforme a imagem abaixo:

REFLEXÃO
O primeiro capítulo deste livro se destina a conhecer os principais métodos de repre-
sentação tridimensional. Esse é o primeiro passo para o estudante de arquitetura principiar
seu desenvolvimento na academia. A capacidade de abstração e a percepção do espaço
tridimensional projetado têm participação destacada na construção de dezenas de projetos
desenvolvidos em ateliê durante o curso de arquitetura e urbanismo. Dentro desse universo,
a prática de confecção de modelos reduzidos é a porta de entrada para o desenvolvimento
dessas competências e pode ser um grande facilitador no curso de arquitetura. Além disso,
a confecção de modelos reduzidos é a forma mais acessível e sustentável de desenvolver
modelos de estudo sobre o espaço tridimensional em arquitetura.

capítulo 1 • 21
capítulo 1 • 22
2
Modelos reduzidos
artesanais
para estudos
arquitetônico
Modelos reduzidos artesanais para
estudos arquitetônico

Origem e aplicações

Muitos dentre nós, docentes e discentes, acreditam que a busca de novas for-
mas de ensinar associadas ao aperfeiçoamento das formas já existentes podem ser a
chave de novas conquistas para o ensino superior. Segundo Karl Marx, “Qualquer
reforma do ensino e da educação começa com a reforma dos educadores”.
Por sua vez, as evoluções em diversas áreas, inclusive na arquitetura, produzem
mudanças na forma de pensar e produzir conhecimento. A experiência no uso
das técnicas de representações tridimensionais, tanto artesanal quanto digital, me
levou a constatar que, assim como o conhecimento e a didática tradicional não são
imutáveis e eternos, novas tecnologias não devem ser vistas como panaceia para
fins de ensino.
É fundamental compreender os pontos fortes de cada técnica e explorar tais
pontos em prol de um ensino sem preconceito nem soluções prontas. Após déca-
das de uso de modelos reduzidos artesanais e de numerosas modelagens digitais,
é possível afirmar que as novas tecnologias que surgem não só depuram mas tam-
bém validam e reforçam as qualidades das existentes.

OBJETIVOS
•  Estudar origens e aplicações dos modelos reduzidos;
•  Permitir aos alunos Identificar as diferentes aplicações dos modelos reduzidos;
•  Conhecer os requisitos e as fases para desenvolvimento dessa técnica;
•  Apresentar os principais insumos para confecção de modelos reduzidos;
•  Fazer uma revisão das principais figuras geométricas planas.

capítulo 2 • 24
Origem

Há indícios de que em tempos remotos o homem


já reproduzia através de modelos o formato de seus edi-
fícios ou partes deles para ter uma visualização do todo.
Alguns autores defendem a ideia de que os arquite-
tos gregos provavelmente desenvolviam desenhos preli-
minares que eram complementados na obra com mo-
delos em escala real. Partindo de “regras de proporção”
Fonte: wikimedia.org
conhecidas, arquitetos e construtores garantiam a forma
geral da edificação, reservando aos detalhes construtivos maior atenção.
Pelo campo da modelagem tridimensional na arquitetura ser, na atualidade,
alvo de pesquisa de arqueólogos, arquitetos e estudiosos da história da arquitetura
antiga, espera-se que novos estudos ampliem o entendimento do papel das repre-
sentações nos processos de produção dos arquitetos no mundo grego, nas práticas
romanas, além de também esclarecer aspectos da retomada moderna das práticas
de modelagem tridimensional na arquitetura da Renascença.

Aplicações

Os modelos reduzidos são usados para variados objetivos, sendo abaixo desta-
cados alguns deles:
Estudo: para avaliar a interação de volumes ou compreender uma ideia a par-
tir de ângulos diferentes de um edifício, constituindo um método aberto e prático
de explorar ideias, tão necessário durante a formação do futuro arquiteto;
Marketing: para expor e vender um projeto. Muitas pessoas, tanto profissio-
nais quanto leigos e possíveis compradores de imóveis, não são capazes de visuali-
zar desenhos técnicos 2D. Um arquiteto pode empregar modelos físicos em escala
reduzida, ou modelos 3D digitais, para ajudar a explicar as ideias;
Trabalho em equipe: pode ser útil na explicação de um projeto complicado
ou incomum à equipe de projeto e de construção, ou como um foco da discussão
entre as equipes de projeto como arquitetos, urbanistas e engenheiros;
Grandes apresentações: usados como partes de demonstração. Por exemplo,
na recepção de um edifício de prestígio ou como a parte de uma exposição de
museu (réplicas de escala de edifícios históricos).

capítulo 2 • 25
Requisitos

Para o desenvolvimento de modelos reduzidos, é desejável que o estudante


desenvolva as seguintes habilidades e características:
Criatividade - para escolha de materiais, técnicas e ferramental, assim como
para identificar usos para novos de materiais e recicláveis;
Boa gestão - para conhecer e articular todas as fases de execução da maquete;
Boa motricidade - em função da precisão requerida em cada etapa e da es-
sência artesanal e manual da confecção de modelos reduzidos, treinar a precisão e
correto uso das mãos é fundamental;
Controle - para correto uso do tempo de execução e de recursos disponíveis;
Meticulosidade - em busca dos detalhes necessários à reprodução de mode-
los reduzidos, porque mesmo os pequenos erros, uma vez em escala, acarretam
grande imprecisão;
Organização - dos espaços e insumos necessários para confecção de mode-
los reduzidos;
Fidelidade - ao projeto para que o resultado final reflita de forma fiel a inten-
ção pretendida;
Paciência - para execução dessa atividade. Talvez nos dias atuais essa seja uma
das características mais importantes para o desenvolvimento de modelos tridimen-
sionais. A natureza artesanal e a precisão requeridas certamente não combinam
com a pressa e correria do quotidiano;
Método - É necessário conhecer a metodologia a ser adotada e seguir criterio-
samente seus passos para evitar erros que podem comprometer o resultado final
do modelo reduzido.

Fases

Provisão - a primeira fase de um modelo reduzido ou de uma maquete.


Consiste em reunir todos os instrumentos, ferramentas e materiais necessários
à execução da mesma. Também precisamos considerar os recursos de tempo e
espaço físico nessa fase. Com a prática, se consegue avaliar a viabilidade de um
modelo reduzido antes mesmo de se iniciá-lo, em especial no que se refere ao cus-
to, à demanda de tempo, à quantidade de horas de trabalho ou ainda ao espaço
necessário para confecção;

capítulo 2 • 26
Marcação ou Planificação - é a fase em que se risca sobre o material as refe-
rências das partes do modelo. Sendo esse modelo para arquitetura, estamos falan-
do sobre paredes com vãos de porta e janelas, as faces que correspondem a águas
do telhado, a estrutura, se está aparente etc.;
Corte - após a marcação e antes do corte, é importante fazer uma verificação
se as medidas estão corretas para não comprometer os recursos de tempo e mate-
rial. O corte deve ser feito sobre uma superfície dura e firme. Indicamos o vidro,
que confere a devida percepção do corte pela diferença de atrito, mas há outras
possibilidades que serão apresentadas quando tratarmos de insumos;
Conferência – é necessário conferir as medidas das partes cortadas antes de
colar para evitar erros de acabamento, nomear as partes (paredes, coberturas etc.)
para facilitar a fase posterior da colagem e guardar essas partes em caixas para pro-
tegê-las enquanto não se chega à fase seguinte;
Colagem - a cola deve ser usada sempre com parcimônia e auxílio de palitos
ou similares a fim de não borrar o entorno da área a ser colada. As partes menores
devem ser unidas previamente para depois serem coladas à estrutura maior. Por
exemplo: esquadrias podem ser montadas previamente e depois unidas às paredes.
Em casos de sanduíches de papel ou pintura do mesmo, esse revestimento deve
preceder a montagem para garantir um bom acabamento. É importante ter certeza
se a secagem foi concluída antes de partir para a próxima tarefa a fim de que as
partes não deslizem ou mudem de ângulo, comprometendo a precisão;
Arremate - nesta fase, são unidas todas as partes da maquete, e esta, a uma
base firme, leve e preferencialmente de cor neutra. Todos os procedimentos de
arremate (lixamento ou similares) devem preceder ao encaixe final.

Insumos

As matérias-primas, equipamentos, recursos em dinheiro e horas de traba-


lho necessários à confecção de modelos são condicionados por diversos fatores.
Destacamos aqui a finalidade do modelo, nível de detalhamento, custo, escala,
ferramentas disponíveis etc.

capítulo 2 • 27
ATENÇÃO
Os insumos usados na produção dos modelos variam muito; portanto, aque-
les que descreveremos adiante estão relacionadas ao modelo de estudo devido ao
foco que é dado a esse tipo de recurso tridimensional e sua importância no estudo
acadêmico de arquitetura. Além disso, novos materiais e ferramentas são criados
ou adaptados e ainda reaproveitados a todo o momento. Os mencionados a seguir
servirão apenas como referência.

Insumos em geral

Borracha – a de plástico, na cor branca,


além de baixo custo, deixa resíduos de fá-
cil limpeza ao apagar, sendo indicada para
essa atividade.

Lápis – é, junto da borracha plástica, o


insumo mais barato. Seu uso é para risco
e marcação. Tem o inconveniente de pre-
cisar ser apontado.

Lapiseira – mais prática e mais precisa


que o lápis pelo fato de o grafite apresentar
diâmetro constante ao longo do uso.

Papel manteiga – papel de baixo custo


cuja transparência nos permite transpor-
tar figuras e medidas, além de reproduzir
partes de um modelo.

Papel sulfite A4 – empregado para ano-


tações e para criação de sólidos em nível
de estudo preliminar.

capítulo 2 • 28
Cartão Duplex – possui gramatura maior,
fato que possibilita ser utilizado para es-
truturar paredes, pilares e outras partes
dos modelos. Normalmente possui uma
face branca e outra sem acabamento.

Cartão Triplex – possui gramatura superior


ao duplex que possibilita ser utilizado para
partes do modelo que requerem resistência
mediana. Possui duas faces brancas.

Papel paraná – possui a maior gramatu-


ra dentre os apresentados. Indicado para
estruturar paredes, pilares e outras partes
dos modelos. De aparência rústica, não
possui acabamento nas faces.

Papel kraft – Sua fabricação a partir de


madeiras macias e cobertura com parafi-
na o torna de fácil corte e vinco. Apresen-
ta superfície rústica e sem acabamento.

Madeira Balsa – Indicada para estrutu-


ras rígidas do modelo. É um tipo de ma-
deira leve e resistente, suave ao corte e
com poucos nós.

Escalímetro – 3 faces e 6 escalas. Usado


para aferir medições em escala. Não use
como apoio ao lápis, pois mancha, afetan-
do a precisão, nem como apoio ao corte
do estilete, pois danifica o instrumento.

capítulo 2 • 29
Régua de aço – principal ferramenta de
apoio ao corte do estilete; embora tenha
marcação precisa, sugerimos eleger ape-
nas um instrumento para medição.

Esquadros – utilizados para medição e


marcação de ângulos assim como apoio na
fase de colagem. Prefira os sem graduação.

Compasso – Instrumento para traçar cir-


cunferências e transferir medidas. Prefira
os articulados e de boa construção.

Estilete – Ferramenta principal para cor-


te dos materiais que irão compor o mode-
lo. Seu uso envolve menos força e mais
repetições para se evitar acidentes.

Tesoura – serve para cortes de materiais


mais finos e delicados que não participam
da estrutura do modelo. Os estruturais
são cortados pelo estilete.

Punção – Instrumento para perfurar o


papel com precisão, podendo apresentar
diferentes diâmetros.

Boleador – Instrumento para vincar os


materiais. Apresenta esferas na ponta de
diferentes diâmetros que produzem mar-
cas no papel sem o danificar.

capítulo 2 • 30
Agulhas e alfinetes – para manipular
pequenas peças, fixar partes do modelo
ou remover pequenos resíduos de cola.

Placa de vidro – usada como super-


fície para corte de materiais devido à
dureza e percepção diferenciada que
confere ao processo.

Base de corte – também usada como su-


perfície para corte de materiais. É mais fá-
cil e menos perigosa de ser transportada.

Lixas – Após o processo de corte, mui-


tas vezes o papel fica com pequenos
resíduos. Lixas são empregadas para
desbastar esses resíduos, garantindo um
acabamento perfeito.

Fita adesiva – usada para diversos fins:


colagem de modelos mais rústicos, tra-
vamento de partes internas não visíveis,
fixação de bases e partes.

Cola plástica – à base de água, essa


cola permite uma colagem consistente e
não deixa marcas se bem utilizada.

Cola de isopor – para fazemos modelos


ou bases nesse material. Se usada sem
cuidado, ao secar deixa filamentos brilho-
sos, comprometendo o acabamento.

capítulo 2 • 31
Cola de contato – empregada quan-
do estruturas do modelo são feitas com
sanduíche de papel. Utilizar em ambiente
aberto ou com máscara.

Palitos – servem para aplicação de cola


em doses mínimas e também como an-
coragem e encaixe de partes semiprontas
do modelo.

Pinceis – Para pintura, aplicação de cola


ou limpeza de superfícies. Diferentes ti-
pos de pincéis podem participar da con-
fecção de maquetes.

Cotonete – embora com o aumento da


habilidade se suje cada vez menos um
modelo, é necessário ter ferramentas
para limpeza caso o excesso de cola com-
prometa o trabalho.

Algodão – Outro insumo útil para limpe-


za caso o excesso de cola comprometa a
limpeza do modelo.

Jogo de Pinças – para manipular peças


muito pequenas em função da escala, é pos-
sível utilizar pinças que facilitam essa tarefa.

Alicate – também utilizado para manipu-


lar peças muito pequenas em função da
escala, sendo mais adequadas as mais
robustas.

capítulo 2 • 32
Pregador - usado para manter unidos os
materiais durante a colagem.

Clipes – Empregados para manter obje-


tos unidos durante a colagem das partes
que irão compor o modelo reduzido.

Grampo de cabelo – Também emprega-


do para manter objetos unidos durante a
colagem das partes, é mais adequado a
materiais delicados.

Elástico – serve para manter sob pressão


as partes integrantes de uma colagem
enquanto secam.

Caixas – É fundamental utilizar caixas


para guardar partes dos modelos antes
da colagem para garantir a integridade e
a limpeza dessas partes.

Potes – São úteis para armazenar de


forma organizada os insumos em geral.
Ajudam no processo de confecção de
modelos reduzidos.

Além dos insumos ilustrados acima, recorremos em diferentes partes que


compõem um modelo reduzido a diversos outros materiais que, conforme expli-
camos no início deste item, variam em função de vários condicionantes. A seguir,
descreveremos tais insumos segundo sua aplicação.

capítulo 2 • 33
Materiais para base

Para base, pode ser empregada uma grande variedade de materiais. Devem ser
considerados a durabilidade, o custo, a resistência, entre outros fatores. Com o ob-
jetivo de atender a essas demandas, descrevemos abaixo algumas possíveis escolhas
pela ordem decrescente considerando o fator resistência:
Cerâmica – confere grande solidez e alta resistência à base, podendo ser uma
peça que sobrou de uma construção, o que barateia o custo do modelo. São mais
indicadas as peças retificadas em função da precisão e linearidade da superfície;
Madeira – possuindo boa rigidez, a madeira é relativamente mais leve que a
cerâmica e pode ser obtida em grandes varejistas de construção já cortada no tama-
nho pretendido ou em retalhos nas sucatas marcenarias ou madeireiras;
Compensado – Pode ter menor peso que as opções anteriores, mas ainda
apresenta boa resistência ao modelo. O compensado pode ser calibrado em função
do porte do trabalho com a escolha de diferentes espessuras;
Chapa de fibra de madeira natural marrom - (conhecido comercialmente
como eucatex) – tem relativamente ao compensado menor espessura e menor
custo, o que também implica em menor resistência comparativamente. Seu acaba-
mento natural tem aparência mais rústica que as opções anteriores;
Acrílico – quando se pretende um acabamento refinado e dispomos de recur-
sos, essa é uma escolha adequada. Suas características de transparência, brilho e
precisão milimétrica são os destaques positivos; no entanto, a técnica de colagem
diferenciada merece cuidado especial;
Poliestireno extrudado laminado - Mais conhecido como papel pluma, pos-
sui grande leveza e bom acabamento da superfície que se apresenta extremamente
lisa, além de bom desempenho no corte feito pelo estilete. Embora seja extrema-
mente leve, o processo fabril de laminação confere boa rigidez e baixa torção ao
papel pluma;
Poliestireno - Conhecido comercialmente como EPS ou isopor, se caracteriza
(para fins de modelos reduzidos) pela leveza, economia e fácil manuseio;
Papel Paraná – Ainda apresentando alguma rigidez, é amplamente utiliza-
do em função do baixo custo relativo e de ser versátil quanto à utilização. Sua
maior resistência ao corte pelo estilete frente a outros materiais aqui apresentados
faz do papel paraná um meio de aprendizado no uso dessa ferramenta por parte
dos alunos;

capítulo 2 • 34
Papelão micro-ondulado – Sendo um dos materiais mais baratos citados nes-
sa lista (talvez o mais barato deles) e também um dos menos resistentes, se aplica a
modelos provisórios ou de estudos preliminares em que a durabilidade e a precisão
não são o foco principal.

Materiais para acabamento

Como as possibilidades de uso de materiais para confecção de modelos redu-


zidos, por si só, já seriam suficientes para escrever um livro, citamos abaixo alguns
possíveis materiais, além dos já mencionados acima, a título de referência e para
que os alunos não restrinjam seu universo de escolhas.

ESTRUTURA ACABAMENTO FINAL


Massa de modelar, durepox, argila, ges- Massa corrida, tinta guache, tinta acrílica,
so, fórmica, cartolina, cartão, acetato, tinta PVA, resina, verniz, papel contact, pa-
acrílico, EVA, cortiça, papel corrugado, pel camurça, papel celofane, papel jornal,
papelão liso, esponja, pedras, folhas, pe- papel laminado, papel pedra, areia, pó de
quenos galhos, tábuas, sarrafos, etc. camurça, serragem, etc.

Materiais recicláveis

Partindo do entendimento de que a academia tem papel central quanto à mu-


dança de comportamento relacionado ao meio ambiente, ressaltamos pelo menos
dois benefícios imediatos de reciclar: diminuição da quantidade de dejetos em
aterros e reaproveitamento de materiais que seriam inutilizados.
Convocamos todos a buscar ações, muitas vezes, simples e de resultado ime-
diato para economia de recursos e redução da devastação humana. Cada um de
nós é resultado de um processo particular de apropriação de conhecimentos con-
dicionado aos diferentes ambientes e interações com outros indivíduos, com papel
ativo na construção de novas possibilidades de reciclagem.
Citamos abaixo alguns materiais que podem ser reaproveitados para confecção
de modelos reduzidos a título de referência. A expectativa é que, ao iniciarem essa
prática, os alunos desenvolvam uma visão própria de reciclagem e identifiquem
por si só novos materiais e possibilidades, estabelecendo a partir dessa prática uma
nova atitude e, se possível, levando-a e divulgando-a a outras pessoas.

capítulo 2 • 35
FIXAÇÃO E SUPERFÍCIES
ESTRUTURA E REVESTIMENTO TRANSPARENTES
Caixas de papelão, de creme dental, de
Palitos de fósforo, palito de churrasco, pa-
bombom, tampas, recipientes, cartões
litos de sorvete, fios, arames, espaguete,
sem uso, papel de envelopes, papel sulfi-
radiografias, garrafa pet, acetato de emba-
te, caixas tetra pack, papel encerado, iso-
lagens de brinquedos, meia-calça, etc.
por de caixas de eletrodomésticos, etc.

Escala

Escala numérica

É a relação numérica entre o tamanho final do modelo reduzido e o tamanho


original do objeto a ser representado. Assim (1:n), significa que um modelo é
reduzido n vezes quanto ao seu verdadeiro tamanho. Tendo como exemplo um
modelo arquitetônico de escala 1:50, se precisarmos representar um objeto de 10
m, seu tamanho na maquete se limitará a 20 cm.
Podemos utilizar a escala 1:100 para modelos reduzidos arquitetônicos e 1:10
para modelos de mobiliário. Podemos ainda adotar 1:500 para modelos urba-
nos, mas existem outras variantes. Como exemplo, nesse último caso, se o recorte
urbano a ser representado fosse maior, poderíamos adotar 1:1000 ou até esca-
las menores.
Atenção: quanto maior o “n” que corresponde ao denominador da escala, me-
nor será o tamanho do modelo e maior redução ele sofrerá. Como nosso tema é o
de modelos reduzidos, veja a relação matemática da escala de redução:

Medida do modelo = medida do objeto


medida do modelo = fator de redução

Além da fórmula para calcular a escala reduzida que é fundamental para man-
ter a proporcionalidade e fidelidade do modelo reduzido, é necessário saber usar o
escalímetro, citado no item “insumos” deste capítulo. Após se familiarizar com ele,
a maior parte das tarefas de medição e conferência de escala será simples e rápida.

capítulo 2 • 36
Escala humana

A escala humana é uma medida de referência utilizada na arquitetura. Tem por


base o tamanho aproximado do corpo humano ao partir da ideia de que o ser hu-
mano, sabendo o tamanho do seu corpo, o utiliza como parâmetro comparativo.

Desde o filósofo Protágoras, século V


a.C. – autor da frase: “O homem é a medida
de todas as coisas” –, passando pelos en-
sinamentos de Vitrúvio, século I a.C., cujos
dados antropométricos foram desenhados
por Leonardo Da Vinci, no século XV, no
seu célebre trabalho O Homem de Vitrú-
vio, se estuda a proporcionalidade entre
as partes do corpo do homem e o viés de
projetar, a partir do princípio, que a arquite-
Figura dos autores representando o tura deveria seguir o entendimento de ter a
homem vitruviano. proporcionalidade das partes para formar o
todo harmoniosamente.

No século XX, novos estudos reforçaram as bases para que em modelos redu-
zidos arquitetônicos e em perspectivas tridimensionais se intuíssem o tamanho
dos objetos representados e as noções de distância pela relação com um boneco ou
desenho da figura humana.

capítulo 2 • 37
Para Ernst Neufert (1936), "(O proje-
tista) deve saber qual a dimensão dos ob-
jetos que rodeiam o homem (...), mas sem
desperdiçar inutilmente o espaço".
Ao lado, reprodução dos autores da co-
nhecida figura do clássico "Arte de Projetar
em Arquitetura".

Entre 1942 e 1948, o arquiteto Le Corbusier criou um sistema de modulação


denominado “Modulor" desenvolvido para encontrar uma relação matemática en-
tre o ser humano e a natureza com o objetivo de usar o módulo como a base de
seus planos arquitetônicos.

A expressão escala humana assume o significado de uma ar-


quitetura feita para o ser humano, podendo incluir características
como: espaços em que as pessoas sintam protegidas, distâncias que
sejam caminháveis e prédios em que a massa construída não faça as
pessoas se sentirem oprimidas.
Em nossos modelos reduzidos artesanais, o uso de uma escala
humana fará com que já nos primeiros passos possamos visualizar
a proporção necessária ao entendimento e bom uso de modelos de
estudo arquitetônicos.

capítulo 2 • 38
Figuras Geométricas:

A palavra Geometria tem origem Grega, sendo formada por Geo (terra) e
metria (medida). Há 5.000 anos, era a ciência de medir terrenos. Com o tempo,
tornou-se parte da matemática que estuda figuras como polígonos, cubos, etc.
Faremos a partir de agora uma revisão de figuras geométricas e sólidos no
sentido de lançar um olhar mais atento para essas formas a fim de fornecer um
repertório de figuras e suas propriedades para que os alunos possam iniciar a com-
preensão de formas bidimensionais e, na sequência, dos sólidos.
A necessidade de classificação de figuras por parte dos alunos da forma como
é descrita na Geometria não acontece de forma espontânea devido ao grande nú-
mero de características que cada figura apresenta. Só após o conhecimento de
algumas propriedades das figuras e suas vantagens matemáticas é que eles com-
preenderão o benefício de optar por uma classificação.
Iniciaremos chamando de Polígono a figura plana formada por três ou mais
segmentos chamados lados; adiante, apresentaremos outras propriedades.
Ângulo – assim chamaremos dois segmentos unidos por um ponto comum
chamado vértice, abaixo classificados por sua medida angular.

Triângulo - polígono de três lados. Iremos classificá-lo quanto aos lados: to-
dos os lados iguais; dois lados iguais; todos os lados diferentes:

capítulo 2 • 39
E também o classificaremos quanto aos ângulos: Um ângulo agudo; um ângu-
lo obtuso; um ângulo reto:

Quadrilátero – polígonos de quatro lados; abaixo, apresentamos as diferentes


tipologias para familiarização das principais possibilidades de ocorrência:

Quadrado - possui quatro lados com a mesma medida e também quatro ân-
gulos retos;
Retângulo - possui lados opostos paralelos e quatro ângulos retos;
Rombo - tem lados e ângulos opostos iguais entre si, mas não tem quatro
lados iguais nem ângulos retos;
Paralelogramo - possui lados opostos iguais e paralelos;

capítulo 2 • 40
Losango - tem todos os quatro lados iguais e suas diagonais formam um ân-
gulo de 90°;
Trapezoide - quadrilátero que não tem lados paralelos;
Trapézio - só possui dois lados opostos paralelos com comprimentos distin-
tos, denominados base menor e base maior;
Trapézio retângulo - aquele que apresenta dois ângulos retos;
Trapézio isósceles - trapézio cujos lados não paralelos são iguais;
Polígono - é qualquer parte do plano limitada por segmentos de reta fechan-
do uma linha poligonal, tendo, no mínimo, 3 segmentos chamados lados. Cada
lado tem interseção com somente outros dois lados imediatos não paralelos, e tais
interseções são chamadas de vértices.
Abaixo apresentamos os principais polígonos regulares, aqueles que têm todos
os lados e todos os ângulos iguais, classificados pelo número de lados e nomeados
pelo número de ângulos:

capítulo 2 • 41
Polígonos convexos e côncavos: Se os prolongamentos dos lados do polígo-
no nunca entrarem na figura ele será convexo; se entrarem, ele será côncavo.

Círculo – parte interna de um plano limitada por uma circunferência, sendo


esta uma curva plana, fechada, cujos pontos estão todos à mesma distância chama-
da raio de um ponto interior cujo nome é centro.
Elipse - linha de um plano descrita pelos pontos cujas distâncias a dois pontos
fixos desse plano têm soma constante.

GLOSSÁRIO
Altura - segmento de reta desenhado a partir de um vértice, perpendicularmente ao seu lado
oposto em alguns triângulos, paralelogramos ou trapézios;
Base - lado perpendicular à altura no triângulo ou paralelogramo. No retângulo, base é o lado
que não é a altura;
Centro - ponto no interior de uma circunferência, equidistante de todos os pontos dela;
Diagonal - segmento de reta que liga dois vértices não vizinhos de um polígono;
Equilátero - nome dado ao polígono que possui todos os lados iguais;
Perímetro - é a soma dos segmentos de contorno de uma figura geométrica plana;

capítulo 2 • 42
Raio - segmento de reta que vai do centro a um ponto qualquer da circunferência;
Vértice - ponto comum a dois lados de um ângulo ou a dois lados de um polígono.

ATIVIDADE
1 – Marcação e corte.
Produza em papel paraná: 4 triângulos equiláteros de lado 7 cm; 12 quadrados de lado
7 cm e 2 hexágonos regulares de lado 7 cm. Essas peças, depois de cortadas, deverão ser
guardadas em caixas ou potes (ver insumos) e empregadas nos primeiros exercícios do
capítulo seguinte.
Apresentamos dicas e um passo a passo a seguir:
Marcação - para riscar as medidas sobre o material, use uma lapiseira com grafite duro e
espessura 0,3 mm. O importante nessa etapa é um risco suave que mostre o caminho a ser
percorrido pelo estilete, mas que não suje o papel. “Com a prática, nem será preciso riscar o
percurso inteiro mas apenas alguns riscos indicativos do caminho.” Lembre-se que, até o final
de um modelo reduzido, muitas etapas serão percorridas, e às vezes não é possível limpar
alguns tipos de sujeira;
Corte - antes do corte, é importante fazer uma verificação das medidas para não des-
perdiçar tempo e material. O corte deve ser feito sobre uma superfície dura e firme, podendo
ser uma placa de vidro ou uma base de corte específica apresentada no item “insumos”
deste capítulo;
Triângulos (marcação) – para obter essa figura, marque dois pontos firmes com a lapisei-
ra e auxílio do escalímetro sobre o papel paraná medindo 7 cm entre eles.

capítulo 2 • 43
Após isso, risque com a lapiseira, utilizando como apoio uma das faces de um dos es-
quadros. Esse seguimento servirá como base inferior do triângulo. Não pense em empregar
uma das bordas da folha de papel paraná, pois o acabamento obtido com o corte perfeito do
estilete é superior em qualidade à borda desse papel, e isso, somado à dificuldade de medir
a partir da borda já cortada, poderá comprometer a qualidade do trabalho.

Após isso, utilize o compasso e marque com a ponta seca e o grafite o comprimento do
seguimento anterior já traçado, daí fixe a ponta seca em cada uma das extremidades do seg-
mento e, levando o grafite para a parte superior do papel, encontre a intercessão do vértice
superior com os dois arcos.

capítulo 2 • 44
Finalize as marcações dos triângulos riscando com a lapiseira apoiada sobre um esqua-
dro. Tenha cuidado para que, ao passar as mãos sobre o papel, não o suje, comprometendo
a qualidade do trabalho.

Com a prática, será possível conseguir um aproveitamento melhor dos materiais.

Triângulos (corte) - Para cortar os triângulos, empregue a régua de aço como apoio ao
corte e, ao utilizar o estilete, mantenha a posição vertical para que o corte saia com a borda
reta e, ao ser colado posteriormente, garanta um arremate perfeito.

capítulo 2 • 45
Finalizado o corte dos triângulos, guarde-os num pote.

Quadrados (marcação) – para obter essa figura, marque dois pontos firmes com a lapi-
seira e auxílio do escalímetro sobre o papel paraná medindo 7 cm entre eles. Repita o que foi
feito com o triângulo; após isso, com o auxílio do esquadro, marque 90° e risque o próximo
seguimento medindo 7 cm.

capítulo 2 • 46
Repita essa ação mais 2 vezes até fechar o quadrado conforme a figura acima.
Faça então outras 11 marcações num total de 12 quadrados e corte seguindo as instru-
ções para essa ação já apresentadas nos triângulos. Guarde os quadrados no mesmo pote.

Hexágonos (marcação) – para obter essa figura, faça uma circunferência de raio 7 cm
com o compasso.

capítulo 2 • 47
Após isso, com a mesma medida marque sucessivamente a linha de perímetro até obter
os pontos dos seis vértices.

Risque então a marcação do hexágono com a lapiseira apoiada sobre um esquadro.

Corte os 2 hexágonos da mesma forma que fez com triângulos e quadrados – e junte
todas as peças no pote.

capítulo 2 • 48
REFLEXÃO
O segundo capítulo deste livro permite aos alunos conhecerem a origem do modelo re-
duzido e relacionar essa técnica com a constante necessidade de sua aplicação nas práticas
acadêmicas e no campo profissional. Lista os requisitos necessários aos alunos para o cor-
reto desenvolvimento dessa técnica. Instrui quanto à importância de cada fase da confecção
de modelos reduzidos e apresenta alguns dos principais insumos necessários para o desen-
volvimento dessa atividade. Para facilitar os primeiros passos dos alunos, faz uma revisão das
principais figuras geométricas planas, suas propriedades básicas e traz um glossário básico
de termos necessários ao entendimento dessas figuras. Também neste capítulo iniciamos as
primeiras atividades de confecção de partes de um modelo.

capítulo 2 • 49
capítulo 2 • 50
3
Aprendizado
sequencial das
representações
tridimensionais
Aprendizado sequencial das
representações tridimensionais

O uso do conceito dos eixos X, Y e Z e as práticas tradicionais e


digitais de representação do espaço tridimensional

Existem diferentes metodologias para se representar o ambiente tridimen-


sional. Neste capítulo, respeitando os consagrados sistemas que ampliaram a vi-
são espacial de muitas gerações de arquitetos e projetistas de uma forma geral,
optaremos por uma abordagem integrada. Entendemos que empregar “apenas”
projeções bidimensionais ortogonais como base na composição espacial limita o
desenvolvimento da visualização de objetos em três dimensões.
O ser humano, diferentemente de alguns animais, é dotado de um par de
olhos já aptos à visão espacial tridimensional através da estereoscopia, em que o
cérebro funde no córtex visual imagens captadas em dois pontos pelas pupilas,
provendo o indivíduo de visão em profundidade.

Tendo em vista que a visão espacial é a principal ferramenta de trabalho do arquite-


to, sempre que possível não fragmentaremos objetos volumétricos em suas projeções
para reconstruí-los em seguida. Em lugar disso, pretendemos estabelecer uma ligação
entre partes dos fundamentos de alguns sistemas projetivos consagrados, associando-
-os com os principais mecanismos de softwares de representação tridimensional atuais,
a fim de entender que o uso de tecnologias que surgem também ressalta os pontos
fortes dos sistemas tradicionais existentes.

Em muitos casos, tais aplicativos de softwares imitam ações humanas como a


de medir diretamente um comprimento de um objeto no espaço tridimensional.
Um outro benefício dessa abordagem é adequar a nossa linguagem didática ao
público atual de alunos aos quais ela se destina.
Não se trata de substituir um método por outro; pretendemos, ao contrário,
explorar a união entre as características de cada método que melhor influenciam a
instrução dos alunos e aceleram a compreensão do espaço 3D.

capítulo 3 • 52
Recentes pesquisas apontam para a diminuição da nossa concentração, que
está atualmente em torno de 3 a 5 minutos, antes que acabemos nos distraindo
com fatores externos. Quando possível, a simplificação dos processos de aprendi-
zado para manter nossos alunos atentos pode surtir o mesmo efeito que alcançou
em outras áreas. Essa tendência mudou programas de TV que, dos anos 1990 para
cá, diminuíram o tempo de cada cena, se adaptando à nossa atenção mais curta.
Também as revistas e sites fazem reportagens cada vez mais curtas.

OBJETIVOS
•  Capacitar os alunos na percepção dos volumes e das características de um espaço projetado;
•  Ampliar sua capacidade de abstração, levando-os a analisar um ambiente tridimensional
que ainda não existe;
•  Permitir aos alunos que a base teórico-prática de representações tridimensionais o conec-
te com a disciplina seguinte na grade curricular (Arquitetura Digital I) como base do aperfei-
çoamento contínuo da representação gráfica tridimensional de ideias novas;
•  Capacitar os alunos na representação de vistas e modelos volumétricos de um objeto/
projeto, tornando-os capazes de associá-los a sua representação espacial.

Sólidos geométricos e superfícies tridimensionais

Os sólidos geométricos são compostos por: faces, arestas e vértices.

São superfícies planas ou não que limitam o sólido.


Arestas – são segmentos de reta que resultam da intersecção de duas faces.
Vértices – são pontos comuns a três ou mais arestas.

capítulo 3 • 53
Os sólidos geométricos são integrados por dois grupos: os poliedros, que pos-
suem todas as suas faces planas, e os não poliedros, que têm alguma superfície
curva conforme o exemplo.
Os poliedros podem ser: prismas, pirâmides ou poliedros regulares.
A seguir, apresentamos alguns exemplos com suas características.

capítulo 3 • 54
Atividades de confecção de sólidos geométricos

No capítulo passado, já “colocamos a mão na massa” como convém numa


disciplina instrumental de caráter artesanal. As peças que cortamos e guardamos
num pote servirão para construirmos sólidos a partir de agora. No atual capítulo,
após a apresentação dos prismas e das pirâmides, os alunos já possuem uma base
teórica suficiente para confeccionar os primeiros objetos volumétricos.
•  Vamos confeccionar a 1ª volumetria: CUBO
Do total de 12 quadrados cortados anteriormente, você vai utilizar 6 agora
para construir um Hexaedro regular (popularmente conhecido como Cubo).
Inicialmente, é preciso saber que, de acordo com a espessura do papel adota-
do, fazer um cubo com quadrados de 7 cm x 7 cm é diferente de fazer um cubo
com aresta de 7 cm. Iniciaremos, então, apoiando um dos quadrados sobre a mesa
de trabalho na horizontal e, com auxílio do esquadro, colando uma segunda face
sobre essa na vertical pela sua aresta.

A primeira dica é utilizar sempre o


mínimo de cola. Considere que, ao
juntar as superfícies dos papéis, ela
irá se expandir, sendo necessário pre-
ver uma borda livre para isso confor-
me exemplo ao lado.

capítulo 3 • 55
Iniciaremos então apoiando um dos
quadrados sobre a mesa de trabalho
na horizontal e, com auxílio do es-
quadro para alinhar o ângulo de 90°,
colando um segundo quadrado so-
bre esse na vertical pela sua aresta,
formando um “L”.

Em seguida, repetiremos o processo


com o quadrado oposto. Mantendo
o esquadro para alinhar o ângulo a
90°, cole um outro quadrado sobre
esse na vertical pela sua aresta, for-
mando um “U”.

Em seguida, repetiremos o processo


com o quadrado de cima. Essa peça
já dará alguma rigidez ao conjunto.
Novamente mantendo o esquadro
para alinhar o ângulo a 90°, cole
uma outra face sobre as duas laterais,
formando um “O”.

Em seguida, faremos o fechamen-


to com as duas faces restantes.
Analisando o arremate final, percebe-
mos que, ao cortar os quadrados com
medidas idênticas, deixamos de con-
siderar a espessura do material, que
no caso deste papel paraná emprega-
do é de cerca de 2 mm ou 0,2 cm.

Dependendo do objetivo do modelo reduzido esta pequena imperfeição no


arremate não será relevante como, por exemplo, se estivermos falando de um estu-
do inicial de formas para um determinado projeto.

capítulo 3 • 56
•  Confecção da 2ª volumetria: CUBO com arestas precisas

Para fazer um cubo de aresta = 7 cm,


você adotará a mesma técnica que
empregou para o cubo anterior, mas
utilizando 2 quadrados de 7 cm x 7
cm, 2 quadrados de 6,6 cm x 6,6 cm
e 2 retângulos de 7 cm x 6,6 cm. O
resultado, conforme pode ser visto
na figura ao lado, é um acabamento
mais preciso.

•  Confecção da 3ª volumetria: PRISMA HEXAGONAL


Dos 12 quadrados cortados, restaram 6 que serão empregados agora como
faces laterais para construção de um Prisma hexagonal. Vamos considerar agora
que o modelo reduzido tem como objetivo uma fase mais avançada do projeto e
que precisamos que as junções das arestas tenham um arremate mais bem acabado.

Já vimos que, em função da espes-


sura do papel em uso, precisaremos
fazer ajustes para que o arremate fi-
que bom. No hexágono, os ângulos
da base medem 120° e as arestas dos
quadrados precisarão de outro tipo
de preparo. Será necessário marcar
os ângulos e lixar os quadrados.

Iniciaremos apoiando um dos hexá-


gonos sobre a mesa de trabalho na
horizontal. Em seguida, dividiremos
o ângulo de 120° em dois, resultan-
do em 60°, para sabermos o desbaste
que será necessário nos quadrados.

capítulo 3 • 57
Nessa etapa, a marcação sobre a par-
te da aresta que será retirada terá um
corte de 90° - 60° = 30°. Alinhe a
aresta externa do quadrado sobre o
vértice do hexágono e faça uma mar-
cação para servir de base para o lixa-
mento das arestas.

Agora, para fazer o desbaste que garan-


tirá um acabamento preciso, lixe cada
uma das duas arestas anteriormente
marcadas nos seis quadrados. Observe
na figura o ângulo final da aresta me-
dindo 60° que contribuirá para uma
superfície de colagem retilínea.  

Para colagem, siga o mesmo pro-


cedimento feito anteriormente na
confecção do cubo. Inicie apoiando
um dos hexágonos sobre a mesa de
trabalho na horizontal e, com auxílio
do esquadro para alinhar o ângulo de
90°, cole um quadrado na vertical
pela sua aresta, formando um “L”

Repita essa operação para cada uma


das 5 faces laterais quadradas restan-
tes do prisma. Passe cola com mo-
deração na aresta da face já colada e
da base do quadrado a ser colado até
colar todas as faces. Observe no de-
talhe o ângulo previamente lixado e
que permite o acabamento perfeito.

capítulo 3 • 58
Finalmente cole o hexágono supe-
rior passando cola nas superfícies
das arestas das faces laterais, sempre
seguindo a primeira dica dada para
colagem: “Utilize cola com mode-
ração”. A exemplo do cubo da 2ª
volumetria, as arestas se encaixam
perfeitamente, dando ao volume um
acabamento perfeito.

•  Confecção da 4ª volumetria: TETRAEDRO REGULAR


Utilize os triângulos cortados anteriormente e, com uma mescla das técnicas
aprendidas nas três volumetrias anteriores, experimente construir o tetraedro re-
gular. Sugerimos que, para o lixamento das arestas, estes triângulos sejam apoiados
sobre uma superfície plana e o lixamento seja feito com delicadeza para não dani-
ficar os chanfros que, no caso do tetraedro, ficam bastante finos.
Este exercício é um teste para a retidão das arestas, para a precisão na colagem
e para a limpeza do modelo. Verifique abaixo na figura o resultado pretendido.

capítulo 3 • 59
Após a confecção dos primeiros só-
lidos, destacamos que prismas e pi-
râmides também podem ter seu eixo
em ângulo diferente do reto, sendo
denominados oblíquos.

Pretendemos estimular o aluno a um aprendizado contínuo em que, a cada


etapa de novas descobertas, ele faça uma interpretação própria das formas apre-
sentadas e as ligue com a sua experiência e sua visão de mundo, assim como da
arquitetura que ele quer produzir.
O conhecimento de novas formas pode ser estimulante e possibilitar ao aluno
fazer novas articulações entre essas formas e o espaço tridimensional. A cada passo,
o aluno tornará seu repertório mais amplo e se sentirá mais capaz de responder aos
desafios das sucessivas disciplinas de ateliês de projeto.
O raciocínio espacial preenche também uma lacuna importante na formação
de arquitetos(as), a produção de croquis que se destacam como expressão mais
básica para representar ideias tridimensionais em ambiente bidimensional, possi-
bilitando a estudantes e arquitetos(as) desenhar de forma rápida e despretensiosa.
Além disso, a experiência em sala de aula tem mostrado em disciplinas digitais
que a visão tridimensional amplia o potencial do uso dos softwares.

A seguir, estenderemos o estudo de for-


mas tridimensionais para que, a partir
da análise dessas formas, possamos
adequar as técnicas empregadas na ela-
boração de modelos tridimensionais.

Sólidos não poliedros

Apresentamos agora alguns sólidos não poliedros denominados esfera, cone


e cilindro que também são conhecidos como sólidos de revolução. Acreditamos
que mais importante que memorizar uma lista de sólidos é conhecer o mecanismo
por trás da sua formação.
Preparamos uma sequência simples para ajudar a entender esses objetos.
Observe o esquema abaixo que mostra o processo de obtenção do sólido a partir
da rotação de uma superfície através de um eixo.

capítulo 3 • 60
Na figura seguinte, confira as características básicas desses sólidos, relacionan-
do sua forma e algumas medidas peculiares de cada um.

Tronco é a parte de um sólido obtido


por cortes de planos geralmente em
pirâmides ou cones. As interseções
geradas, paralelas ou não, são bases
do tronco.

capítulo 3 • 61
Embora os sólidos e superfícies tridimensionais descritos neste capítulo encon-
trem na geometria analítica das funções reais e equações uma descrição de extrema
precisão matemática, na apresentação dessas formas tridimensionais adotaremos
uma abordagem mais simples e direta, buscando descrever de forma intuitiva o
processo de obtenção de cada forma, tendo como foco incentivar a formação de
um repertório imagético através de associações diretas com figuras e objetos da
vivência dos alunos.
A ideia é que a manipulação das formas que serão confeccionadas através dos
modelos reduzidos será melhor e mais rapidamente elaborada se os alunos visua-
lizarem em sua mente essa volumetria naturalmente antes de iniciar o processo de
construção manual.

Já vimos sólidos como cilindros, co-


nes e prismas, entre outras formas
cujo entendimento é mais direto,
sendo inclusive planificáveis, mesmo
os troncos obtidos a partir de pirâ-
mides e cones conforme a figura.

Apresentaremos a partir de agora outras superfícies tridimensionais curvas


que também podem ser geradas a partir da revolução ou rotação de uma superfície
plana através de um eixo conhecidas como não regradas. Desse grupo, veremos
o toro e a serpentina.

capítulo 3 • 62
A seguir, exemplos de superfícies tridimensionais regradas que são consti-
tuídas a partir da reunião de retas assim como o hiperboloide de uma folha e o
paraboloide hiperbólico, ambos não planificáveis.

Exemplos de arquiteturas baseadas ou não em sólidos apresentados neste livro

Conhecer as principais formas, sólidos e superfícies geométricas e sua ma-


nipulação através de modelos reduzidos é o primeiro passo para identificar suas
aplicações práticas e desenvolver o senso espacial capaz de caracterizar os diversos
processos compositivos utilizados por arquitetos.

O Auditório "Adán Martín", em Santa


Cruz de Tenerife, destaque na arquite-
tura espanhola, adota formas inspira-
das em superfícies de não poliedros a
partir de justaposição de conoides.

Fonte imagem: wikimedia.org

capítulo 3 • 63
Criado pelo escritório Jakob + MacFarlane, o Orange
Cube, erguido nas docas de Lyon, zona portuária da
famosa cidade francesa, apresenta design em forma
de cubo oco com subtrações de elipsoides.

Fonte imagem: wikimedia.org

Às vezes, no entanto, a interpretação das formas utilizadas na composição


volumétrica não se dá simplesmente pelas formas apresentadas neste capítulo, mas
a partir da relação entre mais de uma forma primária, podendo haver adições,
subtrações, interseções justaposições, etc.
Ainda assim, os princípios apresentados aqui certamente formarão o reper-
tório inicial que possibilitará aos alunos abordar formas adotadas em diferentes
arquiteturas. Além disso, para atender aos desafios propostos a cada disciplina de
ateliê presentes desde o primeiro período do curso de arquitetura, é necessário
dotar os alunos de competências mínimas quanto ao entendimento do espaço 3D.
É cada vez mais recorrente na produção dos arquitetos da atualidade a elabo-
ração de formas que não são obtidas por vias compositivas diretas, mas por uma
associação de técnicas ou ainda por um processo de composição que não parte de
nenhuma técnica aparente, porém manipula livremente sólidos e superfícies 3D.

Estádio Nacional em Pequim, "ninho


dos pássaros", do grupo formado pe-
los suíços Herzog & De Meuron, bri-
tânicos Arup Sport e chineses China
Architeture Design & Research.

Fonte imagem: wikimedia.org

capítulo 3 • 64
Vista noturna do Estádio Nacional
em Pequim, "ninho dos pássaros",
destacando como a forma vazada em
3D com iluminação interna repercu-
te no entorno à noite.

Fonte imagem: wikimedia.org

Detalhe do Estádio Nacional em


Pequim, "ninho dos pássaros", desta-
cando como a forma vazada em 3D se
relaciona com as estruturas internas
das arquibancadas e acessos.

Fonte imagem: wikimedia.org

Concepção de estudo bidimensional para confecção de


modelo tridimensional

Bases

Faz muito tempo que PCs e notebooks de baixo custo apresentam configura-
ções de processamento gráfico suficientes para viabilizar a utilização de softwares
3D capazes de simular ambientes virtuais.
A ideia desta obra é associar o aprendizado eletrônico com as técnicas artesa-
nais consagradas de produzir modelos reduzidos tanto na sala de aula quanto ao
alcance do aluno onde ele estiver, aproveitando o grande auxílio que o computa-
dor fornece para o desenvolvimento de ambientes virtuais.
Figuras bidimensionais e formas tridimensionais uma vez apresentadas nesse
ambiente vêm atraindo a atenção dos alunos pelas características similares aos
dispositivos empregados usualmente por eles. É possível estimular o acesso ao co-
nhecimento pela via eletrônica devido ao seu potencial como ferramenta útil para
estudos despertado nas gerações atuais.
Apenas a forma tradicional de ensino exclusivamente dependente do professor
em sala de aula limita as oportunidades para compreensão das atividades práticas

capítulo 3 • 65
fundamentais nessa disciplina. A percepção antecipada do objetivo das atividades
práticas por meio de simulações realísticas na tela possibilita ao aluno aprender,
diminuindo a distância entre a prática e a teoria.
Além disso, em disciplinas de caráter prático, é fundamental estimular a in-
teração entre os estudantes entre si; tal fator de interatividade está no DNA do
curso de arquitetura, em especial nas disciplinas de ateliê. Nossa proposta é que os
professores utilizem ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas para que
cada aluno se alinhe com a forma que melhor se adaptar a sua percepção.

COMENTÁRIO
Para isso, exploraremos simulações e visualizações 3D de elementos que seriam difíceis
de entender antes da sua execução em sala de aula; apresentaremos objetos na tela via data
show, antes mesmo de sua necessidade em sala de aula, poupando tempo; analisaremos
informações e visualizações de objetos, representando-os mais próximos ao mundo real do
que uma imagem bidimensional seria capaz de fazer.

Modelo simplificado integrado

Objetivo

Relacionar as formas bidimensionais e tridimensionais num mesmo raciocínio


integrado, permitindo aos alunos juntar as etapas de entendimento do processo de
produção de modelos reduzidos.

Concepção da atividade

O objetivo dessa atividade é juntar numa folha de papel tamanho A3 diversas


etapas de um modelo tridimensional para uma visualização global de todo o pro-
cesso pelo aluno desde a criação até o arremate final desse modelo.
O aluno inicia pela composição criativa bidimensional de um espaço aber-
to conceitual tomando a escala 1:250 como base. Em seguida, ainda numa fase
criativa mas limitada aos alinhamentos da vista aérea superior, o aluno concebe
uma vista da maior fachada. Daí, escolhendo um dos volumes (podendo ser pris-
mas ou pirâmides preferencialmente oblíquos), o aluno determina VG (verdadeira

capítulo 3 • 66
grandeza) de cada face. A base ou bases já estão em VG por estarem projetadas
diretamente sobre a folha A3. Com a base ou bases e as faces laterais, o aluno faz a
marcação para desenvolvimento que antecede a montagem. A finalização consiste
na dobra e colagem para construção do volume.

Desenvolvimento da atividade

Abaixo vemos a figura da folha A3 pronta com as fases já descritas.

capítulo 3 • 67
•  Composição da vista superior
Nesta fase, o aluno desenvolverá uma composição criativa bidimensional de
um espaço aberto conceitual, podendo ser relacionada a uma pequena praça pú-
blica em planta tomando a escala 1:250 como base. Essa composição servirá de
base para todas as etapas seguintes. A figura da síntese acima e a figura da compo-
sição abaixo não devem ser copiadas, mas apenas servir de referência para enten-
dimento do processo.

•  Composição da vista da fachada maior

Nesta fase ainda criativa, o aluno parte dos alinhamentos da vista aérea su-
perior para conceber uma vista da maior fachada. Note que uma mesma vista
superior pode dar origem a diferentes composições de vistas de fachada. Exercite
sua criatividade tentando fazer pelo menos 3 vistas de fachada diferentes entre si.
Observe na figura abaixo as diferentes alturas das árvores que não podem ser per-
cebidas na vista superior. Veja também a hierarquia de proximidade apresentada
pelos volumes.

•  Encontro da VG das faces


Selecionando uma das pirâmides, neste caso oblíqua, determine a VG (verda-
deira grandeza) de cada face; para isso, rotacione a base para que fique perpendi-
cular à linha de referência horizontal. Isso fará com que essa face se projete num
plano vertical correspondente à própria folha A3 em verdadeira grandeza. Repita
esse procedimento para cada face, obtendo as vistas conforme a figura abaixo.

capítulo 3 • 68
•  Desenvolvimento
Com a base já determinada da fase 1, posicione as faces em VG nas arestas cor-
respondentes dessa base. Bordas para colagem deverão ser acrescidas para possibi-
litar a finalização do modelo. Esta fase denominada desenvolvimento requer, além
da obtenção das medidas, marcação e corte do objeto íntegro ligado pelas arestas.
Observe as atividades descritas tanto na figura acima quanto na que está abaixo.
•  Dobra, montagem e colagem do volume
Nesta última fase, devemos vincar precisamente as arestas para que ao dobrar-
mos o objeto por elas obtenhamos o volume final com os encontros precisos. Após
a verificação da precisão da junção das arestas, faça a colagem, sempre utilizando
uma quantidade moderada de cola.

Confecção de modelo simplificado referenciado aos eixos x, y e z

Para entendimento das principais representações ortogonais da arquitetura e


manipulação (corte da maquete física) para compreensão dos cortes.

capítulo 3 • 69
Objetivo

Este exercício visa a confeccionar um modelo reduzido em papel pluma em


escala 1:50 para que as paredes tenham uma proporção compatível com uma
construção no mundo real. Ao se utilizar as técnicas já adotadas em exercícios
anteriores, deve ser dada atenção especial ao desconto a ser dado para a espessura
das paredes a fim de garantir as medidas externas precisas do modelo.
Uma vez concluído, ele deverá ser cortado com régua de aço e estilete cui-
dadosamente. O sentido do corte será definido pelo professor da disciplina.
Preferencialmente, o professor pode definir diferentes posições de corte para cada
aluno a fim de que a turma possa visualizar e tirar proveito dessa variedade.
Visamos a contribuir para a compreensão de um corte associando a experiên-
cia nesta disciplina aos desenhos em croqui desenvolvidos em outras disciplinas
deste e dos próximos períodos.

O projeto

capítulo 3 • 70
As vistas

Vista frente

Vista lado direito

capítulo 3 • 71
Vista fundos

Vista lado esquerdo

capítulo 3 • 72
capítulo 3 • 73
REFLEXÃO
Assista ao vídeo de Frank Gehry no link www.youtube.com/watch?v=0N1HGtVV50g
com especial atenção a partir dos 20 minutos de vídeo. Observe como todas as técnicas de
representações tridimensionais podem ser interligadas, não havendo um modelo “certo” de
criação ou composição volumétrica.

capítulo 3 • 74
4
Modelo
tridimensional
físico aplicado a
arquitetura
Modelo tridimensional físico aplicado
a arquitetura

Introdução

O processo de concepção em atividades projetuais como Design, Arquitetura,


Artes e Engenharia possui natureza complexa e interdisciplinar, com especificida-
des e também semelhanças em seus métodos de trabalho. Como já foi apresentado
nos capítulos anteriores, entre os procedimentos e técnicas comuns está o uso de
recursos de representação de ideias através de modelagens bi e tridimensionais.
Tais representações amplificam as possibilidades de aproximação do projetista
com o objeto em estudo e podem ser denominadas ferramentas, instrumentos ou
mesmo tecnologias. Apesar de variadas em seus meios de realização e suas finali-
dades, costumam ser empregadas de modo complementar, agregando maior rigor
e aumento da probabilidade de sucesso do projeto. Entre as ferramentas de repre-
sentação comumente utilizadas na Arquitetura e Urbanismo, estão os modelos
reduzidos físicos em escala ou maquetes.
O presente capítulo visa a aprofundar as relações na produção de modelos
reduzidos tridimensionais como instrumento de visualização nas diferentes etapas
de concepção da Arquitetura. Serão abordadas algumas das técnicas mais comu-
mente utilizadas para confecção de modelos reduzidos de estudo, tanto por sua
contribuição nos processos circunscritos ao ato de projetar quanto pela possibili-
dade de uma análise em três dimensões das soluções desenvolvidas.

OBJETIVOS
•  Apresentar um breve histórico da utilização dos modelos reduzidos ao longo da história
da arquitetura;
•  Mostrar o panorama atual da utilização dos modelos reduzidos diante da democratização
das novas tecnologias de modelagem;
•  Apresentar categorias de tipos de modelos e suas aplicações;
•  Fomentar a compreensão dos tipos de modelos reduzidos e suas qualidades específicas;
•  Auxiliar o aluno na escolha da natureza construtiva de cada parte de um modelo como
estratégia para lidar com recursos escassos.

capítulo 4 • 76
Especificidades da utilização dos modelos reduzidos aplicado
a arquitetura

Breve histórico

A confecção dos modelos reduzidos em escala acompanha grande parte da his-


tória da arquitetura e humanidade, cujos primeiros registros documentados datam
dos períodos do Egito Antigo e Greco-Romano, conforme dito anteriormente no
Capítulo 1, em que eram utilizados como ferramenta de apresentação dos edifí-
cios, monumentos e esculturas a serem construídos, e também como símbolos de
poder político. Essa forma de utilização se manteve predominante até o início do
século XX, embora tenha sido utilizado como ferramenta de estudo ou mesmo de
testes ao longo dos séculos – podemos aqui citar as catedrais em estilo gótico que
demandavam novas soluções estruturais para a época e a simulação das edificações
em miniatura que contribuíram para minimizar os erros.

Contudo, no final do Século XIX, o arquite-


to espanhol Antonio Gaudí utiliza as maquetes
como ferramenta para explorar soluções estrutu-
rais e desenvolver a linguagem arquitetônica de
seus projetos. Esses modelos configuram uma
excrescência em relação aos demais arquitetos
de sua época e são considerados até a atuali-
dade referência paradigmática dessa utilização.
Utilizando cordas, correntes e contrapesos, ele
simulava as estruturas de suas torres de ponta-
-cabeça e analisava as soluções com o auxílio de
um espelho que refletia a estrutura.
Imagem de uma maquete de estudo para as
cúpulas da Basílica da Sagrada Família em Bar-
celona, arquiteto Antonio Gaudí.
Fonte: pinimg.com

capítulo 4 • 77
Nas décadas de 1920 e 1930, arquitetos e designers da Bauhaus como Le
Corbusier e Walter Gropius elevaram a confecção de modelos reduzidos a um
componente essencial tanto no ensino quanto na prática profissional de projeto.
Entretanto, esse panorama perdurou pouco tempo devido às evoluções das tecno-
logias da construção aliadas à demanda de reconstruir cidades inteiras no período
pós-guerra, as quais impuseram um novo ritmo de projeto. Dessa maneira, a uti-
lização de uma ferramenta de caráter artesanal e confecção demorada não atendia
as necessidades da maioria dos arquitetos nesse momento.

Imagem da turma de alunos da Bauhaus apresentando seus modelos reduzidos.


Fonte: blogs.lt.vt.edu

Entretanto, acredita-se que a arquitetura moderna não tenha abandonado comple-


tamente o modelo; supõe-se que seu “desaparecimento” esteja ligado ao desenvol-
vimento completo do sistema de representação gráfica, no qual a axonometria e as
perspectivas de um ou dois pontos de fuga passaram a suprir parcialmente o papel da
maquete, de forma mais rápida, na apresentação dos projetos de arquitetura.

O seu uso manteve-se ao longo das décadas; contudo, os modelos retornam


de maneira expressiva para os campos da Arquitetura e do Design na década de
1990, momento em que se inicia o período da contemporaneidade, associados às

capítulo 4 • 78
novas possibilidades de desenho CAD¹, momento em que os projetos se tornam
mais experimentais e complexos. Associado às tecnologias de modelagem digital,
observa-se a rápida democratização de novas tecnologias que vêm contribuindo
para a consolidação das maquetes instrumentais como ferramenta de projeto na
ultima década.

CONCEITO
CAD: computer aided design, que em português significa desenho assistido
por computador.

Hoje, já existem profissionais especializados em processos de impressão tridi-


mensional, também denominados como uma das formas de prototipagem rápida.

Imagem da maquete do Museu Guggenheim, em Bilbao, arquiteto Frank Gehry.


Fonte: pinimg.com

capítulo 4 • 79
Imagem do modelo eletrônico Museu Guggenheim, em Bilbao, arquiteto Frank Gehry.
Fonte: moreaedesign.files.wordpress.com

Conclui-se que os modelos reduzidos constituem uma das ferramentas de re-


presentação mais antigas que se tem registro, e eles são ainda hoje utilizados e
valorizados por sua importância e suas atribuições específicas.

O modelo reduzido enquanto ferramenta projetual

Há um consenso entre os especialistas em modelagem sobre a importância da


utilização de maquetes nos diferentes estágios de projeto, tanto no ensino quanto
na prática profissional. Dentre as ferramentas de representação, os modelos redu-
zidos configuram uma das que melhor simulam a construção do objeto com suas
proporções em escala reduzida, permitindo uma visualização eficaz das soluções de
projeto, pois não demanda conhecimento prévio de técnicas de representação para
uma leitura apurada. Um exemplo recorrente da situação oposta são os croquis
iniciais dos designers e arquitetos.

capítulo 4 • 80
Croquis de criação de etapas variadas do projeto COHabitat, arquiteto Romulo Guina.
Fonte: croquis produzidos pelo autor Romulo Guina.

Esses croquis podem não ser compreendidos nem mesmo por outros profis-
sionais da mesma área técnica por serem desenhos pessoais com características
singulares do processo de criação e representação do projeto. O fato de melhor
simular o objeto em processo de projeto faz com que as maquetes potencializem a
reflexão sobre as soluções adotadas.

capítulo 4 • 81
Modelo reduzido de estudo do projeto COHabitat, arquiteto Romulo Guina, técnica mista.
Fonte: maquete de estudo produzida pelo autor Romulo Guina.

Embora não seja exclusividade dos modelos reduzidos, as reflexões durante o


seu processo de construção, assim como a decisão sobre os aspectos que sintetizam
o mundo real no modelo, permitem o resgate da história vivida e absorvida do
lugar. Outra questão relevante é o fato da pessoa que constrói a miniatura se tornar
íntimo dela. Ao trabalhá-la no mundo real, seus gestos ensaiam sua construção.
O relacionamento entre objeto e executor intensifica as reflexões acerca da
investigação, e fica claro que, quanto mais atenção dedicada ao modelo e seu de-
talhamento, melhor resposta o modelo dará às questões levantadas pelo projetista
e, consequentemente, amplia-se a qualidade do projeto.

capítulo 4 • 82
Perspectiva a mão livre do projeto COHabitat, arquiteto Romulo Guina.
Fonte: ilustração produzida pelo autor Romulo Guina.

Portanto, é pertinente que a partir dos primeiros croquis se dê sequência ao


processo de projeto com a construção de maquetes que permitiram a confirmação
de cada decisão durante as etapas de realização do projeto. Nesse caso, a maquete
adquire caráter de ferramenta de testes, de tentativa-e-erro. O termo tentativa-e-
-erro se aplica, pois os esforços – sejam bem ou mal sucedidos – raramente são
registrados, divulgados ou compartilhados a ponto de produzirem efeitos em ou-
tros casos ou permitirem a reflexão que prepare o campo para a próxima tentativa.

capítulo 4 • 83
Perspectiva a mão livre e transposição em maquete de um pavilhão, arquiteto Romulo Guina.
Fonte: croqui e maquete produzidos pelo autor Romulo Guina.

Os modelos reduzidos possuem diferentes utilizações para além do processo


projetual, e existem inúmeros trabalhos que se dedicaram a estabelecer uma taxo-
nomia abrangente dos tipos de modelos. Contudo é possível afirmar que existem
3 categorias básicas de modelos: modelos de trabalho, modelos de testes (ou la-
boratoriais) e modelos de apresentação. Dentro dessa categorização, os modelos
de estudo se enquadram na utilização durante as etapas preliminares de projeto;

capítulo 4 • 84
os modelos de testes (também conhecidos como mockups) são utilizados em dife-
rentes etapas de projeto para averiguar resistência, ergonomia, entre outros; e os
modelos de apresentação são utilizados nas etapas finais de projeto, o momento de
apresentação dele para o cliente.

É preciso ressaltar que existe uma tendência de que os modelos reduzidos sejam
utilizados em maior proporção nas etapas finais de projeto, como modelos de apresen-
tação ou protótipos, sendo que esses muitas vezes na vida profissional são terceirizados
e confeccionados por outros profissionais e/ou empresas especializadas nesse tipo de
modelos. Isso se deve ao alto grau de precisão e fidelidade com o objeto projetado para
que esse possa ser, juntamente com os demais suportes de representação bidimensio-
nal, devidamente compreendido pelos contratantes do projeto.

Conclui-se que a instrumentalização dos projetistas em confecção de modelos


reduzidos tanto potencializa a formação acadêmica quanto a atuação no mercado
de trabalho.

Impacto da democratização das tecnologias de modelagem

Não se trata exatamente de uma nova tecnologia, pois sua criação data de
mais de duas décadas. Porém seu impacto na confecção de modelos reduzidos
hoje se deve à democratização do acesso às máquinas, como as impressoras 3D e
as máquinas de corte a laser. Como exemplo, é possível citar que no ano de 2008
havia apenas 20 fabricantes de impressoras 3D no mundo, enquanto que no ano
de 2014 foram registradas centenas de novos fabricantes espalhados pelo planeta.
Em 2015, uma impressora 3D é comercializada hoje por aproximadamente U$
200,00 - valor cinco vezes menor que há quatro anos.
Diante desse cenário, é natural que essas novas tecnologias gradativamente
influenciem a forma como se projeta nas áreas do design, arquitetura e engenha-
ria. Há trinta anos, o modelo reduzido era confeccionado antes de o projeto ser
digitalizado em CAD. Hoje, a utilização da tecnologia CAM² funciona como uma
validação do projeto que já é desenvolvido em CAD. Isso é um indicativo de que
as máquinas CNC³ possibilitaram que a modelagem seja mais comumente inseri-
da nas etapas preliminares de projeto.

capítulo 4 • 85
CONCEITO
²CAM: Computer Aided Manufacturing, que em português significa manufatura assistida
por computador.
³CNC: Comando numérico computadorizado.

Portanto, ainda é impossível precisar se o impacto da popularização do CAM


está gerando mudanças efetivas no processo de projeto. A confecção de modelos
reduzidos possui caráter artesanal e de alto nível de complexidade de execução.
Como as tecnologias acessíveis ainda são limitadas à produção de peças com ape-
nas um tipo de material por vez, não é possível executar um modelo de alta com-
plexidade em um objeto único. É necessária a confecção de peças separadamente,
e ela deve ser feita posteriormente à montagem, tornando a sua utilização mais
coerente com as etapas finais de apresentação de projeto. Para modelos de estudo,
objetivo principal deste livro, as possibilidades ainda são limitadas.

Outro limitador contundente é o fato de


que a tecnologia CAM é limitada à criatividade
de quem produz os desenhos, de quem pro-
jeta. Portanto haverá progressivamente um
maior número de máquinas de prototipagem
rápida em escritórios e domicílios, porém limi-
tados pela qualidade dos projetos. Conclui-se
que é difícil prever com acerto e precisão o
futuro dos modelos reduzidos diante da demo-
cratização das tecnologias CAM.
Fonte: cca.edu

Por fim, é preciso ressaltar as suas limitações no que diz respeito ao proces-
so de projeto. Assim como os croquis configuram a extensão do pensamento
criativo do projetista de forma gráfica, os primeiros modelos de estudo, rústi-
cos e simples, são as primeiras materializações tridimensionais do projeto, per-
mitindo com maior rapidez avaliar as decisões de projeto, configurando um

capítulo 4 • 86
desdobramento natural dos primeiros croquis. Não há uma perspectiva que
aponte para o fim dos modelos de estudo feitos manualmente, mas as novas
tecnologias podem contribuir na consolidação das tecnologias anteriores, evi-
denciando suas qualidades inerentes.

Categorias de modelos reduzidos de estudo

Categorização dos modelos por objetivos

Conforme já foi comentado anteriormente neste capítulo, existem 3 catego-


rias gerais que dividem os modelos reduzidos, que são respectivamente os modelos
de estudo, os modelos de testes e os modelos de apresentação. A seguir, uma breve
descrição de cada um dos tipos e suas aplicações mais comuns.

Os modelos de estudo se configuram


como os primeiros desdobramentos tridimen-
sionais físicos das ideias iniciais de um projeto.
Por seu caráter instrumental, podem e devem
ser utilizados nas diferentes etapas de projeto.
Podem e devem ser feitos quantas vezes se
fizerem necessárias, garantindo maior certeza
e qualidade nas decisões de projeto. Assim,
adquirem profunda importância no processo
de projeto.
Fonte: archinect.net

capítulo 4 • 87
Os modelos de teste têm objetivo espe-
cífico de serem utilizados em testes laborato-
riais. Embora sejam mais comumente utiliza-
dos em outras áreas como a engenharia e o
design, também são utilizados na arquitetura.
Devido à diferença de escala, na arquitetura
os modelos de teste são feitos em escala re-
duzida para testes de insolação e resistência
aos ventos. Por exemplo: assim como a con-
fecção de protótipos na escala 1:1 para testes
de trechos específicos de projeto, as esqua-
drias são desenhadas especificamente para
um projeto.
Fonte: cafa.com.cn

Os modelos de apresentação têm


como objetivo, como o próprio nome indica, a
apresentação da etapa do projeto finalizado.
Não têm, portanto, caráter experimental ou de
teste; são a representação fiel da edificação
com alto nível de acabamento e detalhamento.
Esse tipo de modelo é mais comumente uti-
lizado em apresentações de projetos de dis-
ciplinas da porção final do curso (incluindo o
Trabalho de Conclusão de Curso) e na vida
profissional, tanto apresentando projetos para
seus clientes quanto para exposição de proje-
tos em eventos ou concursos.
Fonte: hitec-ams.com

capítulo 4 • 88
É importante ressaltar que essas categorias são gerais e muito abrangentes. É
possível que, por exemplo, uma maquete de estudo seja continuamente desenvol-
vida até o ponto de ter um nível de detalhamento e acabamento que a torne capaz
de configurar uma maquete de apresentação. O mesmo vale para o inverso: uma
maquete de apresentação de uma etapa intermediária de projeto pode retornar
para a equipe de trabalho e adquirir caráter de modelo de estudo.

Modelos de estudo

Pela própria natureza, os modelos de estudo configuram o espectro mais am-


plo dos tipos de modelos, possuindo grande liberdade de representação, técnicas
e métodos. Essa característica pode e deve ser fomentada, sobretudo no contexto
acadêmico no qual os alunos dos primeiros semestres ainda estão se familiarizando
com o campo da arquitetura. Contudo, existem gradações no desenvolvimento
de um projeto que estrutura tipos de modelos de estudo mais utilizados. A seguir,
uma breve lista dos tipos mais comuns de modelos de estudo.

Os modelos de estudo de massa são


os modelos mais rústicos e elementares. Con-
figuram os primeiros esboços tridimensionais
físicos dos volumes básicos e suas relações
com o espaço. Devem ser de confecção rápi-
da e utilizar materiais de fácil manuseio e mon-
tagem. Para esse tipo de modelo, são mais
comumente utilizadas as escalas pequenas
como 1:1000, 1:500, 1:250 ou 1:200.
Fonte: cnccutting.ca

capítulo 4 • 89
Os modelos de refinamento volumé-
trico configuram o desdobramento natural
dos estudos de massa. Neles são trabalhadas
adição e subtração, relações entre as partes
inferior e superior do projeto. Podem ser tra-
balhados diretamente nos primeiros estudos
de massa ou utilizando os mesmos tipos de
materiais. Para esse tipo de modelo, são mais
comumente utilizadas as escalas pequenas
como 1:500, 1:250, 1:200, 1:125 e 1:100.
Fonte: dspncdn.com

Os modelos de detalhamento, por sua


natureza, exigem um salto de escala. Em geral,
é sugerido que se dobre a escala, passando,
por exemplo, da escala 1:200 para a 1:100.
Isso se deve à necessidade de maior apro-
ximação do objeto arquitetônico visando a
melhor visualização das aberturas, diferenças
de texturas, cores e materiais, assim como a
relação com o entorno e o paisagismo. Para
esse tipo de modelo, é sugerida a utilização
de materiais de maior precisão que permitam
a simulação mais correta dos elementos que
compõem a arquitetura, como paredes, lajes,
cobertura, etc. Para esse tipo de modelo, são
mais comumente utilizadas as escalas peque-
nas como 1:250, 1:200, 1:125, 1:100 e 1:50.
Fonte: cargocollective.com

capítulo 4 • 90
Os modelos de estudo e apresentação
são o desdobramento com alto nível de de-
talhamento e acabamento da etapa anterior,
permitindo que eles adquiram o potencial de
apresentação. Para esse tipo de modelo, to-
das as escalas são aplicáveis; a decisão ficará
a cargo de qual melhor representa o objeto
arquitetônico.
Fonte: blog.aaronopsal.com

Tipos de modelos pela sua natureza física

Partindo das categorias gerais dos tipos de modelos e dos desdobramentos


dos modelos de estudo, este item tem como objetivo categorizar os modelos pela
sua natureza física/construtiva. Não se trata das questões construtivas do projeto
arquitetônico, e sim das questões inerentes à construção do modelo reduzido, à
maquete, independentemente do seu objetivo final. Podemos categorizar a natu-
reza dos modelos da seguinte forma:
•  Sólidos: modelos, ou partes de um modelo, confeccionados em peças intei-
riças de um mesmo material;
•  Planos sobrepostos: sobreposição de peças confeccionadas em chapa de
material de espessura regular, visando à configuração do objeto desejado pelo em-
pilhamento das peças;
•  Planos adjacentes: construção do objeto a partir de peças confeccionadas
em chapa de material de espessura regular, conformando as superfícies do objeto
e gerando o interior oco;
•  Dobraduras: Construção do objeto a partir de sua planificação onde todas
as peças adjacentes são confeccionadas em chapa inteiriça, em material que per-
mita dobra e colagem;
•  Mistos: modelos que mesclam duas ou mais tipologias de natureza
dos objetos.
Essa categorização pretende ajudar na decisão da maneira como cada modelo
ou parte dele será feito, levando em consideração tanto o tempo quanto o custo,
ambos os recursos limitados e que precisam ser lembrados no planejamento de
uma maquete.

capítulo 4 • 91
Como exemplos, podemos afirmar que os objetos sólidos possuem natureza
mais rápida em sua execução, sem tanta precisão, embora sejam adequados para
estudos de massa preliminares; por outro lado, as dobraduras permitem alto grau
de fidelidade e precisão do objeto, demandando precioso planejamento prévio e
rigor de execução, sendo mais aconselhável para estudos de refinamento de volu-
metria e/ou detalhamento. O gráfico abaixo busca facilitar a compreensão dessas
diferenças e servir como base para decisão:

Gráfico apresentando uma síntese das características gerais de cada tipo de modelo.
Fonte: ilustração produzida pelo autor Romulo Guina.

capítulo 4 • 92
ATENÇÃO
É importante ressaltar que essa categorização é uma generalização das situações recor-
rentes. É possível, por exemplo, fazer um modelo de alta precisão sólido e de forma rápida.
Mas isso estará associado ao nível de habilidade, às ferramentas disponíveis e aos objetivos
do projetista. Raramente uma maquete será toda feita com um único tipo de raciocínio cons-
trutivo. Em sua maioria, serão sempre modelos ditos mistos; portanto, é importante elencar
qual trecho terá melhor resultado para seu objetivo final escolhendo a natureza de confecção
mais adequada.

Tipos de modelos pelo seu acabamento

Os modelos reduzidos, independentemente de sua categoria, sua tipologia ou


característica física, podem ser definidos pelo seu acabamento. Essa categorização
não está associada necessariamente aos seus materiais, mas ao efeito final do objeto
produzido. A seguir, os três tipos mais comumente utilizados na Arquitetura e
no Urbanismo:
•  Modelo monocromático: modelo em que todos os seus elementos apresen-
tam a mesma cor, independentemente de haver diferença de materiais ou texturas;

capítulo 4 • 93
Fonte: pinimg.com

•  Modelo conceitual: modelo que tira partido de diferentes cores e texturas


de materiais, visando a uma representação dos elementos do projeto de forma
criativa e de forte apelo plástico e sensorial;

Fonte: coop-himmelblau.at

capítulo 4 • 94
Modelo realista: modelo que busca uma representação fiel das cores, texturas e
espessuras dos elementos que compõem o projeto.

Fonte: zoyeseast.com

Em todos eles, é preciso ressaltar a importância de se preservar a escala do que


está sendo representado, pois ela é uma das principais qualidades que irão garantir
um melhor acabamento e, consequentemente, a leitura adequada e mais correta
dos projetos.

ATIVIDADE
Faça uma pesquisa nos meios que a faculdade disponibiliza: biblioteca física, WebAula, acer-
vos disponíveis no SIA e também de forma mais abrangente na internet. O objetivo dessa pesqui-
sa é buscar projetos notáveis de arquitetura existentes cujas formas sejam atraentes e despertem
a curiosidade sobre a geometria que as compõem. Essa pesquisa visa a permitir a escolha de
diferentes projetos na turma com o foco de ter variedade de tipologias arquitetônicas.
O tema deste exercício é:
A geometria por trás da composição da arquitetura: análise e reprodução da forma
Para isso, você deve tomar como referência o seguinte roteiro que sugerimos e escolher
um total de “3” projetos de um mesmo arquiteto:

capítulo 4 • 95
Etapa 1
•  Seleção de imagens, plantas, cortes e elevações do projeto para servir de base para com-
preensão do projeto em sua morfologia geral;
•  Produção de uma breve análise gráfica em técnica livre, visando a identificar a possível
lógica de composição geométrica existente na composição geral do projeto. Essa análise
será feita em 3 folhas (1 projeto por folha) de papel tipo Canson, gramatura mínima 180 g,
técnica livre.
Etapa 2
•  Partindo de um dos projetos analisados, desenvolver “5” modelos de estudo do mesmo
projeto, deixando clara a composição geométrica identificada na análise anterior. Cada um
dos modelos deverá ser feito conforme as diferentes tipologias construtivas: sólido, sobrepo-
sição, planos adjacentes, dobradura e misto;
•  A escala dos modelos é livre, o critério que deve ser levado em consideração é que ela
deve permitir que todos os modelos fiquem posicionados lado a lado na mesma base para
comparação entre potenciais e diferenças das diferentes formas de construção de mode-
los reduzidos;
•  A escolha dos materiais é livre desde que eles permitam as diferentes formas de constru-
ção espacial.
A apresentação final será baseada na apresentação dos resultados das etapas 1 e 2,
relatando as características positivas (prós) e negativas (contras) levantadas pelo aluno du-
rante a pesquisa para debater em sala de aula.

REFLEXÃO
O quarto capítulo deste livro se destina ao aprofundamento da utilização dos modelos re-
duzidos no campo da Arquitetura e do Urbanismo com ênfase nos modelos de estudo. Nele, foi
proposto um aprofundamento no tema partindo de um breve histórico dos modelos, apresen-
tação de suas especificidades enquanto ferramenta projetual e os desdobramentos diante dos
avanços tecnológicos. Trata-se também de um momento para compreensão das categorias de
modelos existentes, para que servem, e como e quando podem ser utilizados. Devido ao fato de
ser uma das formas de representação que apresentam alto grau de complexidade de execução
devido ao caráter essencialmente artesanal, essa reflexão permite aperfeiçoar tempo e outros
recursos visando a tirar o melhor proveito dessa ferramenta de projeto.

capítulo 4 • 96
5
Desenvolvimento de
modelos físicos de
estudo
Desenvolvimento de modelos físicos de estudo

Introdução

A confecção dos modelos físicos de estudo, também chamados de maquetes


de estudo, tem caráter altamente artesanal, envolvendo relativo alto nível de ra-
ciocínio construtivo e necessitam de suporte técnico para sua confecção, tanto do
ponto de vista dos materiais a serem utilizados quanto das ferramentas adequadas
para tal. Contudo, existem questões pouco abordadas relacionadas ao planejamen-
to do modelo, começando desde o levantamento de recursos necessários e a orga-
nização do espaço de trabalho até a escolha das melhores técnicas para execução
de cada modelo ou parte dele.
Partindo dos insumos apresentados no capítulo 2 deste livro, do raciocínio
geométrico apresentado no capítulo 3 e das especificidades e tipologias de mode-
los apresentados no capítulo 4, o capítulo 5 se propõe a sintetizar de forma prática
e categorizada meios de se planejar e executar modelos reduzidos.

OBJETIVOS
•  Instrumentalizar o aluno para confecção de modelos reduzidos físicos;
•  Afirmar a importância do planejamento prévio antes da confecção dos modelos reduzidos;
•  Fomentar o raciocínio em torno da melhor estratégia de confecção dos modelos baseada
nos recursos disponíveis;
•  Transposição das diferentes formas de representação bi e tridimensional para a represen-
tação através de modelos reduzidos físicos;
•  Integração da disciplina de Representações Tridimensionais com os objetivos da disciplina
de Ateliê de Projeto em que o aluno estiver inscrito.

Planejamento da confecção do modelo reduzido

Identificação do objetivo do modelo

Seja um exercício de construção de um volume simples, um breve estudo de


massas, um modelo de refinamento volumétrico ou uma maquete de apresentação,

capítulo 5 • 98
o primeiro passo que o aluno deve tomar rumo ao planejamento da confecção do
modelo é o seu objetivo. Como já vimos anteriormente, não há tipo universal de
modelo que dê conta de todas as formas de apresentação com a mesma velocidade
e utilização de recursos.
Em geral, nas disciplinas dos dois primeiros ciclos do curso de Arquitetura e
Urbanismo, os alunos seguem as diretrizes apontadas pelo plano de aulas, não ha-
vendo grande necessidade de reflexão sobre esse aspecto. Contudo, é importante
que o discente exercite reflexão crítica a respeito de por que determinado modelo
está sendo feito com determinados materiais e em determinada escala.
Partindo da identificação do tipo de modelo apontado no item 4.4.1, é pos-
sível elencar o tipo de modelo a ser adotado em função de seu objetivo final entre
estudo, testes e apresentação. Entretanto, este livro tem como foco os modelos de
estudo como forma de instrumentalizar os alunos; portanto, a escolha deve ser
feita entre as categorias apontadas no item 4.4.2.

Definição da escala do modelo de estudo

O segundo ponto a ser definido pelo projetista é a escolha da escala na qual o


modelo reduzido será executado. Para essa decisão, é necessário colocar em pers-
pectiva algumas questões distintas, embora interconectadas, que são:
•  A escala que melhor apresentará o projeto do ponto de vista da natureza
do projeto;
•  A escala que gerará um objeto de dimensões exequíveis diante dos recursos
disponíveis e das possibilidades de transporte do mesmo nos trajetos casa-univer-
sidade e universidade-casa;
•  A escala que permitirá o nível de detalhamento adequado à etapa de projeto
à qual o modelo está inserido.
Para sairmos do campo da abstração, seguem alguns exemplos que ilustram
essas questões. Vamos imaginar um modelo de estudo de um pavilhão de médio
porte inserido no espaço público. Nas etapas preliminares de projetos, os estudos
de massa e de refinamento volumétrico podem ser confeccionados em escalas me-
nores, e espera-se que possam ser confeccionados em quantidade e transportados
sem dificuldades. Esse mesmo projeto, numa etapa final, deve ter características
de um modelo de apresentação numa escala que permita a leitura adequada das
soluções de forma, cheias e vazias, esquadrias e relações com o entorno. Deve ser
feito numa escala mediana, mas que não seja demasiadamente grande para não

capítulo 5 • 99
dificultar o transporte e também não comprometer o modelo com uma necessida-
de de alto nível de detalhamento que ainda não é exigido dos alunos, além de não
comprometer a qualidade geral do modelo. É uma relação estreita entre escala,
tamanho do modelo, nível de detalhamento e objetivo final.

Escolha dos materiais e ferramentas

O capítulo 2 deste livro aborda a questão dos insumos necessários para o de-
senvolvimento da disciplina; entre eles, estão as ferramentas básicas e os materiais
mais comumente utilizados. Existem materiais mais apropriados para representar
determinados tipos de materiais do que outros, porém nada impede que o pro-
jetista aborde os mesmos com criatividade, conseguindo resultados variados com
os mesmos materiais. Além disso, é fundamental ressaltar a falta de tradição da
confecção de modelos no território brasileiro, o que dificulta a compra de alguns
materiais existentes em outros países e, consequentemente, limita as possibilidades
de representação dos modelos.

Esse fato pode ser contornado com criatividade e olhar atento a materiais pouco
usuais que podem conferir resultados excelentes sem grande esforço, inclusive per-
mitindo a reutilização de materiais descartados e recicláveis. De qualquer modo, é ne-
cessário levar em consideração que materiais irão representar quais elementos, cores
e texturas, mantendo a qualidade geral do modelo, e também quais insumos serão
necessários para corte, montagem, colagem e acabamento final das peças que estão
dentro da listagem proposta neste livro - e quais deverão ser incluídos.

Confecção das bases gráficas

Embora o modelo reduzido seja uma das várias formas de representação do


projeto, não é possível fazer uma transposição direta das dimensões apresentadas
nas peças gráficas planimétricas (plantas, cortes e elevações) para a confecção das
peças que irão compor a maquete. Isso se deve ao fato de que o modelo reduzido
deverá sempre ser condicionado às características dos materiais com os quais a
maquete será executada, e isso possivelmente acarretará sempre que necessários

capítulo 5 • 100
pequenos ajustes nas peças para que o objeto final apresente o grau de fidelidade e
bom acabamento condizente com seus objetivos.
Sugere-se que, a partir de cópias dos desenhos que compõem o jogo de plan-
tas, cortes e elevações, sejam criados esquemas gráficos de como serão descontadas
ou adicionadas as possíveis diferenças existentes entre espessuras dos materiais do
modelo reduzido e as espessuras dos elementos em projeto. Esse tipo de planeja-
mento permite a redução da quantidade de erros no momento da montagem final
das maquetes.
Nessa etapa do planejamento, é possível adiantar o planejamento dos tipos
de encaixes que serão adotados para a fixação dos elementos que compõem a ma-
quete, caso eles existam. A maioria dos modelos de estudo no contexto brasileiro
é confeccionada exclusivamente com derivados da celulose (papéis tipo sulfite,
cartão, papelão e variações), sendo, na maioria das vezes, facilmente montáveis
com processo de colagem.
Porém é interessante fomentar que os projetistas mesclem diferentes tipos de
materiais visando a maiores experimentações no campo tridimensional, resulta-
dos plasticamente mais interessantes, além de ampliar o leque de reutilização de
materiais descartados e recicláveis - e, nesse caso, nem sempre os processos de
colagem irão resultar em modelos satisfatórios. Portanto, tanto os modelos feitos
exclusivamente com papéis quanto os que mesclam diferentes tipos de materiais
podem, sempre que possível, incluir encaixes do tipo mecânico, pois eles aceleram
o encaixe, reduzem a necessidade de colagem e possibilitam melhor acabamento e
maior resistência dos objetos construídos.
Por fim, esse item fomenta que essas bases gráficas sejam complementadas
com um pequeno cronograma de organização das diferentes etapas de confecção,
acabamento e montagem das peças conforme será tratado mais à frente.

Transposição dos desenhos das peças para os materiais nos quais serão executadas

Com base na produção do item anterior, é necessário pensar em como serão


transpostos os desenhos das peças para as superfícies dos materiais nos quais eles
serão executados. A maneira mais comum e facilmente utilizável pelos alunos des-
ta disciplina é desenhar as peças com lapiseira a grafite e instrumental de desenhos
técnicos diretamente sobre a superfície. Essa técnica é válida para todos os deriva-
dos de celulose que apresentarem aderência ao grafite.

capítulo 5 • 101
Quando se trata de materiais onde o grafite não tenha aderência, como chapas de
acrílico, isopores, entre outros, é necessário utilizar canetas de tinta permanente tipo
nanquim descartável para que haja aderência do traço na superfície.

Outra maneira de fazê-lo é utilizar bases impressas com as peças fixadas sobre
as chapas com fita crepe ou dupla-face; convém ainda que o corte seja efetua-
do diretamente utilizando esses desenhos como guias. Para essa metodologia, é
importante ressaltar que o raciocínio envolvido no item “Confecção das bases
gráficas” deve ser mais rigoroso e que as bases originais não sejam destruídas. No
caso de desenhos feitos à mão, sugere-se a utilização de cópias feitas em Xerox ou
impressoras multifuncionais; no caso de bases confeccionadas em meio digital,
como AutoCAD, devem ser impressas na escala determinada para o modelo.

Definição dos processos de montagem

Como já foi apontado anteriormente, é preciso pensar nos tipos de encaixes


e formas de fixação entre as peças que compõem o modelo reduzido. Neste mo-
mento, é sugerido que esse processo seja listado e ordenado gerando um guia de
montagem como um passo a passo. Esse momento da organização deve levar em
consideração o tempo de colagem, secagem e confecção dos diferentes itens que
compõem o modelo visando à otimização do tempo.
Embora cada modelo apresente suas especificidades, existem algumas lógicas
que contribuem para a melhor qualidade do resultado final. De uma forma geral,
a maioria dos modelos apresentam melhores resultados quando são montados de
fora para dentro e de baixo para cima.
De forma análoga, no desenho de arquitetura feito manualmente com ins-
trumental aconselha-se que o perímetro geral dos espaços arquitetônicos tanto
em planta quanto em elevação seja desenhado inicialmente, enquanto os demais
elementos que compõem o desenho sejam inseridos de fora para dentro. Isso se
deve ao fato da espessura da linha à mão livre permitir uma pequena variação que,
num somatório final, configurará um erro acumulado, mesmo que o desenho seja
executado com alto nível de rigor.
Da mesma forma, todo o planejamento da confecção de uma maquete não ex-
cluiu os possíveis erros acumulados das variações milimétricas dos materiais nem

capítulo 5 • 102
as espessuras geradas pelas colas (geralmente desconsideradas pela sua imprevisi-
bilidade). Portanto, a montagem dos objetos de fora para dentro permite que os
possíveis erros acumulados sejam descartados nas áreas não visíveis do modelo,
garantindo a qualidade do acabamento.
No caso da sugestão de se montar um modelo de baixo para cima, busca-se
evitar as possíveis dificuldades de fixação de objeto superior em um inferior –
como no caso da fixação de um pequeno edifício em sua base.

Novamente existe a possibilidade de erro acumulado; assim, quando isso ocorre


de cima para baixo, dificulta a fixação do objeto em sua base, possibilitando o efeito
indesejado de edifício “flutuando”. Em contrapartida, montando o objeto de baixo para
cima, há a possibilidade de controlar os erros acumulados na vertical e torná-los menos
perceptíveis, além do fato de o modelo ficar mais resistente e bem acabado.

Organização do espaço de trabalho

Nem sempre o projetista ou aluno dispõe das condições ideais de espaço para
confecção de modelos reduzidos. Por esse motivo, se torna ainda mais prudente
que o planejamento do espaço de trabalho ocorra com um mínimo de antecedên-
cia para que, após o início dos trabalhos, não seja necessário o interromper suces-
sivamente para resolver questões operacionais. Segue uma lista de itens que devem
ser levados em consideração no momento da confecção dos modelos reduzidos:
•  Separar previamente todas as ferramentas necessárias para confecção de to-
das as etapas do processo de trabalho;
•  Providenciar todos os materiais planejados para serem utilizados na confec-
ção do modelo, tendo o cuidado de obter a quantidade correta de cada material,
incluindo uma margem excedente, levando em consideração a possibilidade de
erro e retrabalho – muitas vezes, o horário em que o projetista estará trabalhando
no modelo não permitirá providenciar mais material;
•  Ter uma lixeira ou sacola para armazenamento dos restos não aproveitáveis
de material. Essa medida pode evitar o efeito “montanha de lixo” que não só causa
estresse pela desordem como consome tempo, além de também permitir a perda
de ferramentas e instrumentos como lapiseiras e estiletes no meio do material a
ser descartado;

capítulo 5 • 103
•  Tenha sempre um ou mais pincéis para aplicação de cola e esteja munido
de um copo com água e um pano para enxugar os pincéis. Essa medida garante
que sempre após o término da utilização do pincel ele seja depositado no copo,
evitando que a cola endureça e ele fique inutilizável. Cada vez que precisar utilizar
o pincel novamente, basta enxugá-lo, usar e repetir o processo;
•  No caso de colas que não sejam à base de água, repita o item anterior, utili-
zando solvente no lugar da água;
•  Tente sempre que possível ter um local onde o modelo está sendo montado
que não se misture com a área de confecção. Essa medida evita possíveis acidentes
com o modelo em processo de finalização;
•  Tente organizar um sistema “triangular”, onde você tem, de um lado, os
materiais e as bases gráficas; no centro, a área de trabalho; e, do lado oposto, as
ferramentas. Isso minimiza a necessidade de deslocamento, e, consequentemente,
economiza-se tempo;
•  Fazer um planejamento prévio da quantidade de tempo disponível e a quan-
tidade necessária para confeccionar o modelo. É pouco provável prever o tempo
exato que será utilizado devido aos imprevistos e ao caráter artesanal desse meio
de representação; contudo, é possível aperfeiçoar o uso do tempo, distribuindo o
trabalho em jornadas de trabalho em vez de tentar fazê-lo todo de uma vez;
•  De tempos em tempos, é comum, mesmo que se tente seguir todas as su-
gestões aqui apontadas, ocorrer o efeito “montanha de lixo” e/ou a desorganização
parcial ou total da área de trabalho. Sempre que isso ocorrer, o nível de estresse
tende a aumentar, e é um momento adequado para uma pausa a fim de descansar
e, após isso, voltar reorganizando o espaço de trabalho. É um tempo bem in-
vestido, pois o retorno ao trabalho ocorrerá em ambiente novamente adequado,
garantindo velocidade e maiores chances de bom acabamento;
•  Evite a todo custo desrespeitar as especificidades de cada material ou ferra-
menta. Um exemplo disso é o erro comum de, por pressa, desatenção ou espaço
de trabalho desordenado, utilizar esquadro ou escalímetro no lugar da régua de
aço. Esse tipo de erro pode causar danos como a perda da peça em processo de
corte, danificação dos instrumentos de desenho e até possibilitar ferimentos com
as lâminas;
•  Por fim, sugere-se que todo o planejamento e a organização sejam pauta-
dos pela calma e pela paciência. Como já foi dito anteriormente neste livro, os
modelos reduzidos configuram os meios de representação com mais alto grau de
complexidade de execução; portanto, não se trata de uma ferramenta de projeto
que deva ser feita sem os cuidados necessários.

capítulo 5 • 104
Técnicas de confecção

Tipos de corte

O tipo de corte a ser adotado estará vinculado ao tipo de material no qual a


peça a será executada. Conforme já foi indicado nos capítulos anteriores, entre os
insumos básicos estão presentes as ferramentas básicas de corte, tais como estiletes,
lâminas sobressalentes, régua metálica (aço ou alumínio), outros tipos de lâminas
de corte (como as facas tipo bisturi), arco de serra, microrretífica, etc. A seguir,
serão elencados os tipos de corte associados aos tipos de materiais.

Lâminas tipo estilete

•  Ferramentas: estilete com lâmina larga ou estreita, estojo de lâminas so-


bressalentes, régua metálica (sugestão: ter dois tamanhos, 15 cm e 40 cm), facas
tipo bisturi, base de corte (sugestão de formato: A3) e compasso de corte.
•  Aplicação: papéis em geral, papel cartão, papelão comum, papelão tipo
Paraná ou couro, papel corrugado, isopor em placa, cartão pluma, cortiça, madei-
ra balsa, MDF (3 mm no máximo), placa tipo Eucatex, EVA, borracha em placa,
tecidos, telas plásticas ou de borracha e outros materiais que tenham propriedades
similares.
Outros materiais que podem ser trabalhados parcial ou totalmente com estile-
te são os isopores maciços, poliuretano expandido, argila, massa de modelar, massa
de biscuit, bloco de madeira balsa e todos os outros materiais que apresentarem
propriedades e características similares. No caso desses materiais, a utilização tem
caráter mais escultórico, demandando mais atenção e rigor do projetista.
•  Forma de utilização: com o desenho da(s) peça(s) previamente transposto
para a placa (seja com instrumental de desenho técnico ou com algum molde
desenhado em CAD), o projetista apoiará a régua de aço sobre a placa junto ao de-
senho de modo que a linha a ser cortada possa ser vista. Pressionando a régua para
que ela não se movimente durante o corte com a mão oposta que você utilizará
para manusear a ferramenta, o corte será feito com a régua como guia, garantindo
a qualidade do corte e a proteção da mão de quem está manuseando a ferramenta.

capítulo 5 • 105
ATENÇÃO
É importante que, sempre que possível, o corte seja feito de pé, aproveitando o peso
do nosso corpo e garantindo que a lâmina varie pouco seu ângulo em relação à placa. É
necessário fazer alguma força, mas não demais. Nunca tente cortar a peça de uma só vez.
O risco de estragar a peça e se ferir aumentam, e isso sempre acrescenta mais tempo no
processo de confecção. Passe o estilete quantas vezes forem necessárias para que o corte
seja finalizado.

Dicas: cole fita adesiva tipo crepe em toda a superfície do lado de trás da régua
metálica. Isso irá garantir maior atrito dela com o material, reduzindo a necessidade
de força ao pressionar a régua e, consequentemente, reduzindo as chances de ela se
mover durante o corte.
Outra dica é sempre manter a lâmina afiada. As lâminas de estilete possuem sulcos
que permitem a quebra, aumentando sua vida útil. Uma lâmina cega aumenta conside-
ravelmente o tempo de corte e diminui a qualidade do acabamento.

Cortador de acrílico

•  Ferramentas: cortador de acrílico, régua metálica (sugestão: ter dois tama-


nhos, 15 cm e 40 cm) e base de corte (sugestão de formato: A3).
•  Aplicação: chapas de acrílico (translúcidas, leitosas ou opacas de qualquer
espessura), chapas de PVC, de PET e de PSAI (poliestireno de alto impacto), além
das demais chapas de materiais com propriedades similares.
Outros materiais que podem ser trabalhados parcialmente para vincos e mar-
cações com o cortador de acrílico são aqueles indicados no item “Lâminas tipo
estilete”, outras espessuras de MDF, chapas de madeiras e compensados em geral,
além de folha de madeira, plásticos em geral e demais materiais com proprieda-
des similares.
•  Forma de utilização: com o desenho da(s) peça(s) previamente transposto
para a placa (seja com instrumental de desenho técnico utilizando canetas de nan-
quim descartável ou, preferencialmente, com algum molde desenhado em CAD),

capítulo 5 • 106
o projetista apoiará a régua de aço sobre a placa junto ao desenho de modo que
a linha a ser cortada possa ser vista. Pressionando a régua para que ela não se
movimente durante o corte com a mão oposta que você utilizará para manusear
a ferramenta de corte, o mesmo será realizado com estilete comum para iniciar o
corte e romper o filme de proteção que pode estar cobrindo a chapa (sobretudo se
ela for de acrílico). Mantendo a régua no mesmo lugar, irá se iniciar o corte com o
cortador de acrílico. Será notória a diferença de atrito e o tipo de corte que retira
parte do material. Assim como no corte com estilete, deve-se passar algumas vezes
o cortador, sempre retirando parte do material.
Não é necessário nem aconselhável que se faça o corte até o fim. Ele deve ser
feito aproximadamente até a metade ou um pouco mais da espessura da placa.
Feito isso, com as duas mãos o projetista irá “quebrar” a peça, usando o corte
como guia para a quebra. Se ele tiver sido suficientemente profundo, a placa se
dividirá em duas partes sem maiores dificuldades. Se apresentar muita resistência,
volte com a placa para a base de corte e passe o cortador mais vezes até que a
quebra ocorra de forma tranquila, sem risco de destruir o material. Esses cuidados
irão garantir a qualidade do corte e a proteção da mão de quem está manuseando
a ferramenta.

ATENÇÃO
Assim como no item anterior, é importante que, sempre que possível, o corte seja feito de
pé, aproveitando o peso do nosso corpo e garantindo que a lâmina varie pouco seu ângulo
em relação à placa. É necessário fazer alguma força, mas não demais. No caso do uso do
cortador estar restrito à marcação de vincos, basta seguir todas as regras apresentadas para
o corte e não efetuar a quebra do material. É sugerido que o projetista conte o número de
vezes que está passando o cortador e que utilize o mesmo número de passadas em todas as
linhas para que os vincos fiquem regulares.

Dicas: cole fita adesiva tipo crepe em toda a superfície do lado de trás da régua
metálica. Isso irá garantir maior atrito dela com o material, reduzindo a necessidade
de força ao pressionar a régua e, consequentemente, reduzindo as chances de ela se
mover durante o corte.

capítulo 5 • 107
Arco de serra

•  Ferramentas: arco de serra, fitas de serra e serrote.


•  Aplicação: alguns dos materiais apresentados no item “Lâminas tipo es-
tilete” (papelão couro de 3 mm ou mais, Eucatex, mdf, bloco de madeira balsa,
chapa de madeira balsa superior a 5 mm de espessura, etc.), todos os itens apre-
sentados no item “Cortador de acrílico” e outros materiais, tais como chapas de
derivados de madeira em geral (chapas de madeira maciça, chapa de madeira tipo
Teca, MDF, Eucatex, compensados, OSB, aglomerados etc.), bloco de concreto
celular, bloco de madeira maciça, bloco de acrílico maciço e demais materiais que
apresentem propriedades similares aos materiais já indicados.
•  Forma de utilização: com o desenho da(s) peça(s) previamente transposto
para a placa (seja com instrumental de desenho técnico utilizando canetas de nan-
quim descartável ou, preferencialmente, com algum molde desenhado em CAD),
o projetista irá trabalhar de pé com o material parcialmente apoiado em uma mesa
de trabalho e parte fora dela. Com uma das mãos, irá segurar a peça pressionan-
do-a contra a mesa, enquanto que, com a outra, irá iniciar o corte com o arco de
serra ou serrote. O corte se faz preferencialmente apenas em uma direção, mas é
possível efetuá-loindo e voltando com a ferramenta sobre a superfície do material.

ATENÇÃO
É importante ressaltar que esse tipo de corte é aplicável a materiais com espessuras
maiores e/ou que apresentem grande rigidez; logo, a força a ser empregada no corte é
substancialmente maior que num outro feito com estilete ou cortador de acrílico. Portanto,
é fundamental que o corte seja feito obrigatoriamente de pé, aproveitando o peso do nosso
corpo e garantindo que a lâmina varie pouco seu ângulo em relação à placa. O corte deve
ser feito até o fim.

Dicas: Tente criar um ritmo do corte tanto para que esse trabalho não se es-
tenda por muito tempo quanto para que o projetista não fique demasiadamente
cansado após a execução do corte.

capítulo 5 • 108
Microrretífica

•  Ferramentas: microrretífica e acessórios de corte.


•  Aplicação: alguns dos materiais apresentados no item “Lâminas tipo esti-
lete” (papelão de couro de 3 mm ou mais, Eucatex, mdf, bloco de madeira balsa,
chapa de madeira balsa superior a 5 mm de espessura etc.), todos os itens apresen-
tados nos itens “Cortador de acrílico” e “Arco de serra”, além dos demais materiais
que apresentarem propriedades similares aos já indicados.
•  Forma de utilização: com o desenho da(s) peça(s) previamente transposto
para a placa (seja com instrumental de desenho técnico utilizando canetas de nan-
quim descartável ou, preferencialmente, com algum molde desenhado em CAD),
o projetista irá trabalhar de pé com o material parcialmente apoiado em uma
mesa de trabalho e parte fora da mesa. Com uma das mãos, irá segurar a peça,
pressionando-a contra a mesa, enquanto que, com a outra, irá iniciar o corte com
a microrretífica seguindo as instruções de cada tipo de acessório de corte. Como
exemplo, podemos indicar os acessórios mais comumente utilizados que são os
discos de areia, que servem para fazer cortes em linha reta ou curva, ou mesmo sec-
cionar perfis de materiais mais rígidos como os de latão ou aço piano, e as pontas
tipo broca, que auxiliam na confecção de furos de diferentes diâmetros. O corte
deve ser feito até o fim.

Dicas: Tente criar um ritmo do corte tanto para que esse trabalho não se estenda
por muito tempo quanto para que o projetista não fique demasiadamente cansado após
a execução do corte.

Alicates

•  Ferramentas: alicates de corte.


•  Aplicação: perfis em plásticos, perfis metálicos, telas metálicas, barbante,
cordas e outros materiais que apresentem características similares.
•  Forma de utilização: com o desenho da(s) peça(s) previamente transposto
para a placa (com instrumental de desenho técnico utilizando canetas de nanquim
descartável), o projetista irá executar cortes como se fosse uma tesoura. Tenha

capítulo 5 • 109
certeza de que a parte de corte do alicate esteja corretamente posicionada no ponto
a ser cortado e faça pressão para que o corte seja executado.

Dicas: Tente criar um ritmo do corte tanto para que esse trabalho não se estenda
por muito tempo quanto para que o projetista não fique demasiadamente cansado após
a execução do corte.

Acabamento

Corte preciso

Para a maioria dos materiais apresentados no item “Lâminas tipo estilete”,


a qualidade do acabamento das peças está relacionada à qualidade e precisão do
corte. Quando bem cortadas, as peças sequer necessitam de outros tipos de acaba-
mento em seus topos. No caso dos papelões e madeira balsa, é possível melhorar
parcialmente o acabamento do corte quando necessário com uma lixa.

Lixar a superfície

Utilizando lixas montadas, lixas de unha e limas, é possível garantir o bom


acabamento dos materiais apresentados em todos os subitens do item “Tipos de
corte”. Este material didático tem como objetivo fomentar a utilização das lixas
encontradas em lojas de material de construção, tanto pelo seu preço acessível
quanto pela qualidade de acabamento conseguida.
As lixas possuem diferentes tipos de granulação, sendo as de menor numera-
ção com grãos maiores (lixa 50, por exemplo) e as de maior numeração com grãos
menores (lixa 1200, por exemplo). A escolha da numeração dependerá do que se
deseja fazer. Se for necessário gastar excesso de uma peça de MDF ou acrílico, por
exemplo, utiliza-se inicialmente uma lixa mais bruta, de grão maior, para gastar
rapidamente o material. Com outras lixas de granulações intermediárias e mais
finas, irá se gastar o material até que o topo atinja o acabamento desejado.
Sugere-se que as lixas sejam utilizadas “montadas”, ou seja, fixadas em uma
superfície rígida de tamanho confortável à mão do projetista. Pode ser um pedaço
de derivado de madeira ou algumas placas de papelão Paraná coladas umas às

capítulo 5 • 110
outras, formando uma placa rígida. A lixa será colada em ambos os lados com fita
dupla-face ou cola de contato para que se acelere o processo. Sugere-se também
que se utilizem granulações diferentes de lixas em cada superfície.
As limas são geralmente feitas em metal e têm como objetivo o acabamento
de detalhes como vincos e arestas internas. Para os modelos reduzidos, sugere-se a
utilização de limas para ourivesaria ou relojoaria por elas terem tamanho e preci-
são adequados à escala da miniatura. Não é necessário ter vários tipos de lima, uma
seção triangular e/ou quadrada são suficientes para projetistas iniciantes. Outras
podem ser adquiridas para situações específicas.

Polimento

Trata-se de uma variação do acabamento com lixas usualmente utilizadas em


materiais brilhantes como metais e plásticos em geral. Após o tratamento total da
peça com as lixas, utiliza-se um disco de polimento de forma manual ou acoplado
a uma microrretífica. Existem também pastas de polimento que auxiliam no pro-
cesso. Esse tipo de acabamento não é muito usual nos modelos reduzidos.

Verniz

O verniz não apenas permite o acabamento da peça, mas também funciona


como proteção para o envelhecimento dos materiais e a ação de pestes. Sugere-se
a utilização de verniz em spray fosco mate para acabamentos foscos e verniz em
spray brilhante para acabamentos com brilho. Vernizes líquidos também podem
ser utilizados, porém apresentam dificuldades de aplicação e demandam cuidados
similares aos da pintura que serão vistos no item “Pintura”.

Revestimentos

Uma das práticas mais comuns na confecção de modelos reduzidos é o reves-


timento das superfícies com outros materiais para se conseguir a representação das
diferentes cores e texturas do projeto. Trata-se da fixação de materiais de natureza
plana a serem fixados na superfície das peças que estruturam o modelo. Podem ser
os mais variados materiais, mas a situação mais comum é a utilização de materiais
rígidos para confecção das peças e outros mais maleáveis como revestimento.

capítulo 5 • 111
Esse é outro momento em que o acabamento é fundamental. É necessário
que o corte e o acabamento tanto das peças de estruturação quanto de revesti-
mento sejam precisos e bem executados. Outro fator determinante é o tipo de
colagem a ser aplicado. A limpeza e o cuidado na aplicação do revestimento são
fundamentais para a garantia do bom acabamento. A colagem será tratada a
seguir no item “Colagem”.

Pintura

Em geral, em modelos de estudo, não é muito aconselhável a utilização de


pintura. Isso se deve à necessidade de a superfície ser adequada para receber deter-
minado tipo de tinta sem que se alterem as propriedades da mesma (por exemplo,
um papel ou papelão pintado com tinta à base de água poderá enrugar e empenar,
além de haver efeitos indesejáveis e que podem tornar a peça inutilizável); além
disso, também deve-se estar atento com relação ao respeito às especificidades de
aplicação da tinta, como tempo de secagem e formas de aplicação. Muitas vezes, é
mais fácil revestir uma superfície com papel colorido do que a pintar, por exemplo.
Contudo, não é uma técnica que deva ser excluída do repertório do projetista.
Ela apenas precisa ser usada de forma consciente e que se tenha tempo para tal.
Para abordar esse assunto, é preciso caracterizar os tipos de tinta mais comumente
utilizados em modelagens tridimensionais:
•  Tintas à base de água: guache, aquarela diluída, tinta acrílica, tinta PVA
e demais tintas à base de água. Sua utilização deve ser feita respeitando o tempo
de secagem entre demãos, ao toque e total. Aconselha-se a utilização de pincéis
de cerdas macias (preferencialmente sintéticas) ou rolinhos de pintura para que o
acabamento fique melhor;
•  Tintas à base de óleo: tinta acrílica, tinta óleo e demais tintas à base de
água. Sua utilização deve ser feita respeitando o tempo de secagem entre demãos,
ao toque e total. Aconselha-se a utilização de pincéis de cerdas macias (preferen-
cialmente sintéticas) ou rolinhos de pintura para que o acabamento fique melhor.
Cuidado em não deixar a tinta endurecer nos instrumentos; além disso, esses de-
vem ser limpos com solvente apropriado;
•  Tintas em spray: tinta automotiva, tinta para plásticos, tinta para metais
e demais tintas em spray. Apresentam grande qualidade de acabamento quando
respeitada a forma de utilização descrita em suas embalagens. Pode-se aplicar em
praticamente todos os tipos de material com exceção dos isopores, pois esse reage
à tinta, derretendo.

capítulo 5 • 112
Colagem

A colagem deve ser planejada de acordo com o tipo de encontro entre as pe-
ças. Existem alguns tipos básicos de encaixe que determinam o tipo de cola a ser
utilizada e também materiais que não podem ser colados com determinadas colas
devido às reações adversas.

Montagem

O processo de montagem precisa ter sido pensado previamente ainda no pla-


nejamento da maquete. Deve ser feito com calma e levando em conta que ajustes
serão necessários para que os encaixes funcionem bem - e que o acabamento geral
fique o melhor possível. Caso haja momentos de dificuldade de encaixe, utilize as
diretrizes dos itens “Tipos de corte” e “Acabamento”:
•  Cola branca extra à base de água: é a cola mais comumente utilizada para
fixação dos mais variados tipos de encaixes e não apresenta reação adversa a nenhum
material. Pode colar superfícies, peças de topo, peças em meia esquadria, etc. O mais
aconselhável é a utilização para montagem de peças em topo e em materiais porosos
como madeiras e derivados, papéis e derivados, além de papelões em geral;
•  Cola de contato: diferentemente da cola branca, é aconselhável basicamen-
te para colagem de superfícies extensas. Por ser um material tóxico, reagente com
alguns materiais e de aplicação muito específica, deve ser utilizada com o devido
cuidado. Os materiais mais aconselháveis de utilização são os de espessuras supe-
riores a 2 mm e que não sejam isopores ou derivados;
•  Cola instantânea: apesar de o quesito tempo ser escasso, essa é uma cola
que deve ser usada com muito cuidado. O seu resíduo dificilmente é removível,
as peças tendem a partir no ponto onde a cola foi aplicada, apresenta alto valor
de investimento e também reage muito mal com alguns materiais (acrílicos e ace-
tatos em geral). Sugere-se que sua utilização seja pontual para fixação de figuras
humanas e demais elementos delicados. Os únicos materiais que apresentam boa
resposta a essa cola são o PVC e o PSAI.

Elementos vegetais

Existem tantas formas de representar vegetação quantas forem possíveis de


imaginar. Por se tratar de elementos altamente orgânicos e naturais, é preciso ter

capítulo 5 • 113
muito cuidado com representações realistas e excessivamente detalhadas. É fun-
damental que se faça uma pesquisa prévia do tamanho médio de altura e diâme-
tro de copa das árvores, palmeiras e arbustos para que eles sejam representados
corretamente na escala. Existem duas maneiras básicas de categorizar os tipos de
representação de vegetação: construídas ou selecionadas.
As construídas se caracterizam pela confecção de estrutura que simule o tron-
co e os galhos da vegetação e de outro material para compor suas copas. Os tron-
cos podem ser feitos com palitos, arame, pedaços de galhos de árvore ou alfinetes,
apenas para citar alguns exemplos. As copas podem ser feitas com espuma moída
(é possível moer em um liquidificador) ou bucha vegetal. Trata-se de um processo
mais longo e com grandes chances de ficar visualmente excessivo. As selecionadas
geralmente são pedaços de galhos utilizados integralmente. Esse processo é rápido
e garante leveza ao modelo reduzido. Contudo, é preciso fazer uma procura prévia
de galhos adequados à escala que irá ser utilizada.
Em ambos os casos, é necessário começar sua confecção com uma certa ante-
cedência para garantir o bom acabamento e que se tenha o número de exemplares
necessários para representar adequadamente o projeto.

Humanização

A humanização das maquetes é a inserção de figuras humanas, carros, mobi-


liários e demais elementos que denotem que o espaço está habitado e em uso. É a
ultima etapa do processo de confecção de um modelo, demandando uma organi-
zação prévia. Não é uma tarefa fácil executar esses elementos, sobretudo as figuras
humanas, e não existem bons bonecos sendo comercializados em papelarias brasi-
leiras, tanto em termos de acabamento quanto de preço. O projetista deve procu-
rar contatos de pessoas ou empresas que produzem esses elementos e encomendar
com antecedência e/ou ter um estoque das escalas mais comuns.
É possível confeccionar figuras humanas, mas a forma mais comum é o corte
da silhueta das pessoas em materiais em chapa. Muitas vezes, devido à quantidade,
esse processo pode ser muito demorado, e é preciso organizar essa confecção com
antecedência. Para a forma de confecção, seguir as diretrizes apontadas no item
“Tipos de corte”.
Sugere-se ainda que o projetista leve em consideração o uso do projeto e que a
humanização represente o projeto habitado. Isso irá garantir maior apelo plástico
ao objeto, assim como ajudará na compreensão geral da ocupação do projeto. A

capítulo 5 • 114
proporção humana está no inconsciente de qualquer ser humano; portanto, ao
olhar uma maquete, o nosso cérebro executa um processo cognitivo instantâneo
de dimensionar as proporções do projeto em relação a uma pessoa - e, assim,
apreende-se melhor o projeto.

ATENÇÃO
Partindo do projeto que o projetista estiver desenvolvendo na disciplina de ateliê de pro-
jeto, sugere-se que este trabalho final configure a confecção da maquete desse projeto.
Trata-se de uma interdisciplinaridade desejável ao curso de Arquitetura e Urbanismo e que
potencializa o aprendizado do aluno, tanto no ato de projetar quanto no de representá-lo tridi-
mensionalmente, auxiliando na fixação dos conteúdos e numa visão transversal de formação.
O tema do exercício é: “Maquete do Ateliê de Projeto”.
Com os desenhos do projeto em mãos, propõe-se um exercício estruturado que consiste
nas seguintes etapas:
Etapa 1
•  Seleção de imagens, plantas, cortes e elevações do projeto para servir de base para com-
preensão do projeto em sua morfologia geral;
•  Definição da escala;
•  Definição da tipologia da maquete e das peças e subpeças;
•  de acordo com o item “Planejamento da confecção do modelo reduzido”.
Etapa 2
•  Confecção das peças que compõem os diversos elementos, levando em consideração os
itens do capítulo 5;
•  Acabamentos gerais;
•  Montagem;
•  Humanização.
A apresentação final será baseada na apresentação dos resultados das etapas 1 e 2,
relatando as características positivas (prós) e negativas (contras) levantadas pelo aluno du-
rante a pesquisa para debater em sala de aula. Esse exercício será apresentado nas duas
disciplinas envolvidas.

capítulo 5 • 115
REFLEXÃO
O quinto capítulo deste livro encerra o conteúdo do livro de Representações Tridimen-
sionais. Seu objetivo é o de instrumentalizar e auxiliar na construção geral dos projetos em
escala reduzida. Espera-se que os projetistas compreendam o alto grau de complexidade
dessa forma de representação e suas características tipicamente artesanais, seu necessário
planejamento prévio e as especificidades das técnicas de confecção, além dos materiais
mais comumente utilizados. Todas essas questões apresentadas têm como objetivo final a
criação de uma mentalidade do projeto da maquete.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Urbanismo). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.
BORSELEN, J. The Model as the Method: Precedent-based architectural design exploration and
communication. Form & Modelling Studies. Delft: Delft University of Tech, 2009.
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JANCIC, L. The Impact of Layered Technologies on Architectural Model Production and Use. Arhitektura,
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MARANGONI, R. A Maquete Manual como estímulo à criatividade na formação de Arquitetos e
Urbanistas. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Campinas: Universidade Estadual de
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MEDEIROS, L. O Desenho como suporte cognitivo nas etapas preliminares de projeto. Tese (Doutorado
em Engenharia). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002.
MILLS, C. Designing with Models: a studio guide to making and using Architectural Design Models.
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YAMAKI, R. O Uso da Miniatura no Desenvolvimento e Passagem das Formas Técnicas: subjetividade e
Materialidade. Dissertação (Mestrado em Design). Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, 2012.

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