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CICLO DA BORRACHA

O Ciclo da Borracha corresponde ao período da história brasileira em que a


extração e comercialização de látex para produção da borracha foram
atividades basilares da economia.
De fato, ocorreram na região central da floresta amazônica, entre os anos de
1879 e 1912, revigorando-se por pouco tempo entre 1942 e 1945.

Neste período, conhecido como “Belle Époque Amazônica” que vai de 1890 a
1920, cidades como Manaus, Porto Velho e Belém, tornaram-se as capitais
brasileiras mais desenvolvidas, com eletricidade, sistema de água encanada e
esgotos, museus e cinemas, construídos so b influência europeia.

Contudo, os dois períodos de “ciclos da borracha” acabaram de maneira


repentina, o que se agravou pela falta de políticas públicas para
desenvolvimento da região.

Principais Causas e Consequências

A demanda provocada pela Revolução Industrial, fez da borracha natural um


produto super valorizado, especialmente após o advento do processo de
vulcanização, um tratamento industrial que elimina as impurezas da
coagulação, tornando a borracha um bom material para ser utilizado em pneus
de automóveis, motocicletas e bicicletas, bem como na fabricação de correias,
mangueiras, solas de sapatos, etc.

Nesse período, cerca de 40% de toda a exportação brasileira era proveniente


da Amazônia, paga em libra esterlina (£), a moeda do Reino Unido.
Como consequência deste “boom”, muitas vilas e povoados ribeirinhos
surgiram e as cidades que já existiam prosperaram e cresceram,
desenvolvendo desde infraestruturas básicas, como escolas e hospitais, até as
mais suntuosas, como hotéis de luxo e teatros.
Além do desenvolvimento socioeconômico, centenas de milhares de
trabalhadores, sobretudo do nordeste, migraram para a região, resolvendo em
partes o problema de povoamento.

Contexto Histórico

Em 1495, Cristóvão Colombo já anunciava a borracha brasileira; contudo, a


economia regional da colônia para Amazônia ficou restrita ao extrativismo das
“Drogas do Sertão”.
Somente em 1743, quando o naturalista francês Charles Marie la Condamine
descreveu o processo de extração e fabricação da goma de látex é que a
borracha despertou interesses comerciais.
Portanto, em 1763, químicos franceses descobrem como dissolver borracha
com terebintina e éter e, em 1770, Joseph Priestley cria a borracha para
apagar grafite.
A partir do início do século XIX, a exploração da borracha já era uma realidade:
em 1803, na cidade de Paris, era fundada a primeira fábrica de produtos de
borracha; em 1823, o inglês Thomas Hancock cria o elástico e, em 1839,
Charles Goodyear desenvolve o processo de vulcanização, tornando o látex
um material viável para utilização industrial.

Em 1903, o governo brasileiro, em negociação com o governo boliviano,


adquire oficialmente o controle do Estado do Acre, mediante o pagamento de 2
milhões de libras esterlinas, da entrega de territórios do Mato Grosso e da
construção de uma ferrovia para escoar os produtos da Amazônia.
Assim, as obras para construção da ferrovia tiveram início em 1907 e foram
concluídas em 1912, resolvendo o problema de navegação do rio Mamoré, com
mais de vinte cachoeiras.
Contudo, a estrada de ferro Madeira-Mamoré entrou em decadência na década
de 1930 e foi desativada em 1972.
Em 1910, tem início a concorrência da Hevea brasiliensis plantada na Ásia,
utilizando aquelas sementes contrabandeadas décadas antes e produzindo a
custos muito inferiores aos da mata nativa no Brasil.
Isso provoca uma queda brusca no preço do látex, tornando impossível a
exploração comercial da borracha amazônica. Com isso, a fabricação de
borracha brasileira entra em crise, paralisando a economia nas regiões
produtoras.

Segundo Ciclo da Borracha

Por sua vez, o “segundo Ciclo Da Borracha” ocorreu entre os anos de 1942 a
1945, durante o contexto da Segunda Guerra Mundial. Em 1941, o governo
brasileiro fez um acordo com o governo norte americano para extração de látex
na Amazônia.

Desse modo, quando os japoneses invadiram a Malásia em 1942, tomando o


controle dos seringais, os EUA, por meio de seu Departamento de Guerra,
repassou mais de 100 milhões de dólares ao Brasil em troca de artigos
necessários à defesa nacional, dentre eles, a borracha.
A comoção foi tanta, que foi preciso a criação de um Serviço Especial de
Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, instituído em 1943 para o
alistamento compulsório, especialmente de nordestinos que sofriam com a
seca. Este evento ficou conhecido como a “Batalha da Borracha”, a qual
mobiliza mais de 100 mil “Soldados da Borracha”.

Por fim, a borracha sintética produzida após a Segunda Guerra, destroem


qualquer pretensão comercial da borracha amazônica, a qual irá definhar até
1960. Atualmente, São Paulo é o maior produtor brasileiro de borracha natural.

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Tratado de Petrópolis

O Tratado de Petrópolis foi um acordo diplomático entre o governo brasileiro e


boliviano, firmado em 17 de novembro de 1903 na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro,
o qual anexou o território do Acre ao Brasil, pertencente à Bolívia desde 1750.
Composto de 10 artigos, o Tratado contou com a permuta de alguns territórios entre os
países, ou seja, para o Brasil ficou declarado que o Acre inferior (142.000 km²) e o Acre
superior (48.000 km²) seria anexado ao território, enquanto que a Bolívia ficaria com
parte da região do estado do Mato Grosso, numa área correspondente a 3.164 km.
O ciclo da borracha (seringueiras) foi um dos principais fatores de desenvolvimento de
parte da região norte do país, sobretudo do estado do Acre, na Floresta Amazônica. Em
finais do século XIX a borracha tornou-se um dos principais produtos de exportação, o
que levou a exploração e povoação da região pelos brasileiros, principalmente
nordestinos os quais se deslocavam a fim de melhores condições de vida e trabalho.
Embora fosse uma região pertencente à Bolívia, os bolivianos não se preocuparam
muito em povoar o espaço, o que levou ao maior interesse do governo brasileiro, o qual
pagou 2 mil libras esterlinas para anexar o território ao país, rico em florestas e reservas
de seringais.
Esse evento de anexação territorial, ocorreu na cidade serrana do estado do Rio de
Janeiro, Petrópolis, no início do século XX e reuniu figuras dos dois governos, a saber:
José Maria da Silva Paranhos do Rio Branco (Barão do Rio Branco), Ministro das
Relações Exteriores e Joaquim Francisco de Assis Brasil, ex-governador do Rio Grande
do Sul; por sua vez, do lado Boliviano estavam presentes o Presidente da República
Fernando E. Guachalla e o Senador Claudio Pinilla.

Com isso, o Brasil avançou nas obras de infraestrutura a fim de facilitar o


transporte bem como a exploração da região, declarado no Artigo VII: “Os
Estados Unidos do Brasil obrigam-se a construir em território brasileiro, por si
ou por empresa particular, uma ferrovia desde o porto de Santo Antônio, no Rio
Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, com um ramal que, passando por Vila
Murtinho ou outro ponto próximo (Estado de Mato Grosso), chegue a Vila Bela
(Bolívia), na confluência do Beni e do Mamoré. Dessa ferrovia, que o Brasil se
esforçará por concluir no prazo de quatro anos, usarão ambos os países com
direito às mesmas franquezas e tarifas. ”
Assim, devemos ressaltar que ambas as partes obtiveram vantagens com o
Tratado de Petrópolis, que além de estreitar os laços entre os dois países
facilitou as relações exteriores, comerciais, políticas, exemplificado no Artigo III:
“Por não haver equivalência nas áreas dos territórios permutados entre as
duas Nações, os Estados Unidos do Brasil pagarão uma indenização de £
2.000.000 (dois milhões de libras esterlinas), que a República da Bolívia aceita
com o propósito de a aplicar principalmente na construção de caminhos de
ferro ou em outras obras tendentes a melhorar as comunicações e desenvolver
o comércio entre os dois países.”

Importante destacar que esse acordo estabeleceu relações amistosas entre os


países, e ainda evitou um conflito bélico entre as partes. Nesse sentido, a
Bolívia enviou missões militares, as quais foram mal sucedidas visto que o
território já estava, em grande parte, ocupado pelos brasileiros.

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