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Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Ciências Humanas – Campus IV


Colegiado de Letras, Língua Portuguesa e Literaturas

Disciplina: Texto e Discurso


Docente: Girleide Ribeiro
Discente: Jobervan Rios Evangelista Filho

REFERÊNCIA: PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do


óbvio. 4ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2009. p. 129-168.

RESUMO:
O presente texto discute, no tocante à análise do discurso, as condições ideológicas relativas à
luta de classes, ou seja, sob a perspectiva do marxismo, sendo este o contexto sócio-político
analisado. No decorrer da discussão alguns pontos são elencados, principalmente no que tange
à formatação de uma ideologia dominante e dos aparelhos ideológicos do Estado. Discute-se
também a formatação do sujeito discursivo e a tomada de posição deste na formação
discursiva.
CITAÇÕES
SOBRE AS CONDIÇÕES IDEOLÓGICAS DA REPRODUÇÃO/TRANSFORMAÇÃO
DAS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO
 “Começaremos por explicitar expressão [...] é preciso, porém, para evitar certos mal-
entendidos especificar alguns pontos de alcance mais geral, relacionados à teoria das
ideologias, à prática de produção de conhecimentos e à prática política (PÊCHEUX, 2009,
p. 129);
 “[...] a luta de classes atravessa o modo de produção em seu conjunto, o que, na área da
ideologia significa que a luta de classes “passar por” aquilo que L. Althusser chamou os
aparelhos ideológicos do Estado” (PÊCHEUX, 2009, p. 130);
 “[...] é pela instalação dos aparelhos ideológicos de Estado, das quais essa ideologia
[ideologia da classe dominante] é realizada e se realiza, que ela estava dominante […]”
(PÊCHEUX, 2009, p. 131);
 “[...] este estabelecimento [dos aparelhos ideológicos de Estado] não se dá por si só, é, ao
contrário, palco de uma dura ininterrupta luta de classes significa que os aparelhos
ideológicos estado constituem, simultânea e contraditoriamente, o lugar e as condições
ideológicas da transformação das relações de produção...” (PÊCHEUX, 2009, p. 131);
 “[...] essas condições contraditórias são constituídas, em momento histórico dado, e para
uma formação social dada, pelo conjunto complexo dos aparelhos ideológicos de Estado
que essa formação social comporta [...] Seria absurdo pensar aqui todos aparelhos
ideológicos de Estado contribuem de maneira geral para a reprodução das relações de
produção e para sua transformação” (PÊCHEUX, 2009, p. 131-132);
 “É aí, na verdade, que o vínculo contraditor entre a reprodução e transformação das
relações de produção se liga o nível ideológico, na medida que não são os “objetos”
ideológicos regionais tornados um a um, mas sim o próprio desmembramento em regiões
(deus, a moral, a lei, a justiça, a família, o saber, etc) e as relações desigualdade
subordinação entre essas regiões que constituem a cena da luta de classes” (PÊCHEUX,
2009, p. 132);
 “A relação de classes é dissimulado no funcionamento do aparelho de Estado pelo próprio
mecanismo que realiza, de modo que a sociedade, o estado do sujeito de direito (livres e
iguais em direitos no modo de produção capitalista) são produzidos reproduzidos como
evidências naturais” (PÊCHEUX, 2009, p. 134);
 “[...] a aparição do termo “sujeito” na exposição teórica (aparição que, voltaremos a ela, se
caracteriza gramaticalmente pelo fato de que este não é nem sujeito e objeto, mas tributo
objeto) rigorosamente contemporânea emprego do termo “Ideologia” no singular, o
sentido de “toda” ideologia” (PÊCHEUX, 2009, p. 136);
IDEOLOGIA, INTERPELAÇÃO, “EFEITO MUNCHHAUSEN”
 “Em outros termos, enquanto “as ideologias têm uma história própria” uma vez que elas
têm uma existência histórica concreta, a “Ideologia em geral” não tem história, mesmo
que ela se caracteriza por “uma estrutura e funcionamento tais que fazem dela uma
realidade não-histórica, isto é omni- histórica, no sentido de que esta estrutura e este
funcionamento se apresentam na mesma forma imutável em toda história, no sentido em
que o Manifesto defina a história como “história de luta de classes ou seja história das
sociedades de classe” (PÊCHEUX, 2009, p. 137);
 “O conceito de ideologia em geral aparece, assim, muito pacificamente com o meio de
designar, no interior do marxismo-leninismo, o fato de que as relações de produção são
relações entre “homens”. (PÊCHEUX, 2009, p. 137-138);
 “História imensa sistema natural e fio mãe em movimento, cujo motor é a luta de classes”
(PÊCHEUX, 2009, p. 138);
 “[...] o caráter comum das estruturas-funcionamentos designadas, respectivamente, como
ideologia inconsciente é o de dissimular sua própria existência do interior mesmo do seu
funcionamento, produzindo um tecido de evidencias “subjetivas”, devendo entender-se
este último adjetivo não como que afetam sujeito” mas “nas quais se constitui o sujeito”
(PÊCHEUX, 2009, p. 139);
 “[...] a questão da constituição do sentido se junta a constituição do sujeito e não de um
modo marginal… Mas no interior da própria “tese central” na figura da interpelação”
(PÊCHEUX, 2009, p. 140);
 “A ideologia interpela os indivíduos em sujeitos” (PÊCHEUX, 2009, p. 141);
 “O apagamento do fato de que o sujeito resulta de um processo, apagamento necessário no
interior do sujeito como “causa de si” (PÊCHEUX, 2009, p. 143);
 “[...] pelo qual o indivíduo é interpelado em sujeito – o nome de “efeito Munchhausen”
(PÊCHEUX, 2009, p. 144);
A FORMA SUJEITO DO DISCURSO
 “Sob a evidência de que eu sou realmente eu (com meu nome, minha família, meus
amigos minhas lembranças, minhas ideias, minhas intenções e meus compromissos), ao
processo de interpelação-identificação que produz o sujeito lugar deixado vazio: “aquele
que…” isto é o X ,o quindam que se achará ali, e isso sob diversas formas, impostas pelas
“relações sociais jurídicos ideológicas”.” (PÊCHEUX, 2009, p. 145);
 “[...] as palavras, expressões, proposições etc, mudam de sentido segundo as posições
sustentadas por aqueles que as empregam, o que quer dizer que elas adquirem sentido em
referência a essas posições, isto é, em referência às formações ideológicas” (PÊCHEUX,
2009, p. 146-147);
 “[...] os indivíduos são “interpelados” em sujeitos falantes (sujeito do seu discurso) pelas
formações discursivas que apresentam “na linguagem” formações ideológicas que eles são
correspondentes” (PÊCHEUX, 2009, p. 147);
 “[...] se se admite que as mesmas palavras, expressões e proposições mudam de sentido ao
passar de informação discursiva a uma outra, é necessário também admitir que as
palavras, expressões e proposições literalmente diferentes podem, no interior de uma
formação exclusiva dada, “ter o mesmo sentido “, o que — se estamos sendo bem
compreendidos — representa, na verdade, a condição para cada elemento (palavras,
expressão ou proposição) seja dotada de sentido. A partir de então a expressão processo
discursivo passará a designar o sistema de relações de substituição, paráfrase, sinonímias,
etc, que funcionam entre elementos linguísticos — “significantes” — em uma formação
discursiva dada” (PÊCHEUX, 2009, p. 148);
 “Diremos, então, que o “pré-construído” corresponde ao “sempre-já-aí” da interpelação
ideológica que fornece-impõe a “realidade” seu “sentido” sob forma de universalidade (o
mundo das coisas), ao passo que a “articulação” constitui o sujeito em sua relação com
sentido de modo que ela representa no interdiscurso, aquilo que determina dominação da
forma-sujeito” (PÊCHEUX, 2009, p. 151);
 “[...] o que chamamos anteriormente “articulação” (ou “processo de sustentação”) está em
relação direta com o que acabamos agora de caracterizar sob o nome de discurso-
transverso, uma vez que se pode dizer articulação (o efeito da incidência “explicativa”
que a ele corresponde) provém da linearização( ou sintagmatização ) do discurso-
transverso no eixo do que designaremos pela expressão intradiscurso...” (PÊCHEUX,
2009, p. 151);
 “[...] o interdiscurso, enquanto discurso transverso atravessa e põe em conexão entre si os
elementos discursivos constituídos pelo Interdiscurso enquanto pré- construído, que
fornece, por assim dizer a matéria prima na qual o sujeito se constitui como sujeito
falante, com a formação discursiva que o assujeita. Nesse sentido, pode-se bem dizer que
o interdiscurso, enquanto “fio do discurso” sujeito é a rigor, um efeito do interdiscurso
sobre si mesmo, uma interioridade inteiramente determinada pelo tal do exterior”
(PÊCHEUX, 2009, p. 154);
 “[...] do assujeitamento ideológico, que permite compreender que o pré-construído, tal
como o redefinimos, remete simultaneamente Àquilo que todo mundo sabe, isto é aos
conteúdos de pensamento do sujeito universal suporte da identificação e aquilo que todo
mundo tem uma situação dada [...]” (PÊCHEUX, 2009, p. 158-159);
 “Nessas condições, a tomada de posição resulta de um retorno do “Sujeito” no sujeito de
modo que não- coincidência subjetiva que caracteriza a dualidade sujeito/objeto, pela qual
o sujeito se separa daquilo de que ele toma consciência e a propósito do que ele toma
posição fundamentalmente homogênea coincidência-reconhecimento pelo qual o sujeito
se identifica consigo mesmo, com seu semelhante [...]” (PÊCHEUX, 2009, p. 160);
 “[...] uma formação discursiva no sentido que a definimos, isto é, como espaço de
reformulação paráfrase onde se constitui a ilusão necessária de uma intersubjetividade
falante pela qual cada um sabe de antemão o que o outro vai pensar e dizer ... e com razão,
já que o discurso de cada um reproduz o discurso do outro[...]” (PÊCHEUX, 2009, p.
162);
 “[...]o pré-consciente caracteriza a retomada de uma representação verbal (consciente)
pelo processo primário (inconsciente), chegando a formação de uma nova representação
que parece conscientemente ligada a primeira embora sua articulação real com ela seja
inconsciente. É esse vínculo entre as duas representações verbais em causa que é
restabelecido na discursividade, na medida que ambas podem ser unidas à mesma
formação discursiva...” (PÊCHEUX, 2009, p. 163);
 “A primeira “solução” consiste em imaginar uma saída do sujeito para fora da ideologia
por meio de um ato (individual ou coletivo) que permita “atravessar a barreira” para
“passar do outro lado/’ na ciência e no real, isto é, para “atingi as próprias coisas” […] Em
suma “transportando as aparências” [...]esse primeiro caminho é o do realismo matafísico
[...]” (PÊCHEUX, 2009, p. 167);
 “[...] a segunda solução consiste em imaginar que a ciência é a ideologia mais cômoda, em
um momento dado e em circunstâncias dadas [...] reconhecemos todos os traços do
empirismo- construir, pragmática e subjetivamente, esse ponto de vista da ideologia[...]”
(PÊCHEUX, 2009, p. 167);

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