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UM ESTUDO DOS ERROS E DAS DIFICULDADES NA

RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU

Rosineide Sousa Jucá, UEPA/ PPGEMC-UFPA, rosejuca@yahoo.com.br


José dos Santos Guimarães Filho, UEPA, js_guima@hotmail.com
Tarcísio Roger Noronha Napomuceno, UEPA, roger_tr4@hotmail.com

RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada junto aos alunos do
ensino médio e tem por objetivo realizar a análise dos erros e das dificuldades dos alunos
em reação a equação do 2º grau. Como instrumento de pesquisa utilizamos um teste com 5
questões sobre equações do 2º grau. O instrumento foi aplicado a 23 alunos do primeiro ano
do ensino médio de uma escola pública de Belém do Pará. Ao analisar as respostas dos
alunos, observamos que os alunos não apresentaram outro método de resolução, além da
fórmula de Bhaskara, entretanto não dominam a utilização da mesma. Os erros detectados
estão relacionados às operações de potenciação e radiciação e o desconhecimento da regra
de sinais dos números relativos, assim como, a dificuldade na compreensão da linguagem
algébrica para resolver problemas e na aplicação da fórmula de Bhaskara.

Palavras chave: Educação Matemática, Avaliação da aprendizagem, Análise de erros,


Equação do 2º grau.

ABSTRACT
This paper presents the results of a survey among high school students and aims to carry
out the analysis of errors and difficulties of students in response to the second degree
equation. The research instrument used a test with five questions about the equations of the
second degree. The instrument was administered to 23 students the first year of high school
at a public school of Belém do Pará In analyzing student responses, we found that students
had no other method of resolution, in addition to the formula of Bhaskara, though not
dominate the using the same. Errors detected are related to operations and radiciação
potentiation and lack of rule of signs of the relative numbers, as well as the difficulty in
understanding the algebraic language for solving problems and applying the formula of
Bhaskara.

Keywords: Mathematics Education, Evaluation of learning, error analysis, Equation of 2


degree
1. Introdução

Segundo Pinto (2000) a análise de erros, enquanto meio, possibilita que os


erros sejam explorados e compreendidos a partir de suas origens, fornecendo
valiosos subsídios para o professor planejar a partir de uma pedagogia diferenciada
ações pertinentes à evolução do processo. Ao analisar os erros dos alunos em
matemática o professor pode ter pistas de como melhorar sua prática e buscar
outras metodologias que ajudem os alunos na superação das dificuldades.
Os estudos sobre análise de erros na matemática vêm apontando as
dificuldades que os alunos sentem, principalmente em relação à álgebra. Esses
estudos relatam principalmente as dificuldades dos alunos no desenvolvimento do
pensamento algébrico. Os resultados do relatório do Sistema de Avaliação da
Educação Básica – SAEB, Brasil (2011) apontam uma quantidade de erros
significativos em relação às questões relacionadas à função e equações.
Os alunos desde as séries iniciais estão habituados a trabalharem com a
aritmética, ao chegarem ao sétimo ano e iniciarem o estudo da álgebra por meio das
equações começam a apresentar baixo desempenho e dificuldades na compreensão
da linguagem algébrica. Dessa forma, a álgebra passa a ser um amontoado de letras
sem nenhum significado para o aluno. Booth (1995) observa que muitas das
dificuldades que os alunos apresentam ao iniciar o estudo de álgebra estão
relacionadas à sua aprendizagem em aritmética, ele ressalta que uma das
diferenças marcantes entre a aritmética e a álgebra é obviamente, o papel das
letras, nesta última a utilização de letras é para indicar valores, entretanto em
aritmética, o uso das letras possui significado diferente, pois são usadas para
representar uma unidade de medida.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, Brasil (1998) o estudo
da Álgebra constitui um espaço bastante significativo para que o aluno desenvolva e
exercite sua capacidade de abstração e generalização, além de lhe possibilitar a
aquisição de uma poderosa ferramenta para resolver problemas. Entretanto, o que
percebemos no ensino da álgebra nas escolas é que o aluno apresenta dificuldade
em compreender a álgebra e seus significados.
O quadro 1 sintetiza de forma bastante simplificada as diferentes
interpretações da álgebra escolar no ensino fundamental e as diferentes funções das
letras.
Quadro 1 diferentes interpretações da álgebra
Dimensões Aritmética Funcional Equações Estrutural
da Álgebra Generalizada

Letras como Letras como Letras como Letras como


Uso das letras Generalizações variáveis incógnitas símbolo
do modelo para abstrato
aritmético expressar
relações e
funções

Conteúdos Propriedades Variação de Resolução Obtenção de


(conceitos e das operações grandezas de equações expressões
procedimentos) generalizações cálculo equivalentes
de padrões algébrico
aritméticos

Fonte: PCN (1998)


Entre as investigações sobre as questões algébricas estão os estudos dos
erros e dificuldades dos alunos na resolução de equações do 2º grau. Dentre esses
estudos, destacamos o de Bona (2006), Nabais (2010) e Cury, Bisogni e Bisogni
(2011).

2. Alguns estudos sobre equações do 2º grau

Apresentaremos um “recorte” de alguns estudos que tratam dos erros e das


dificuldades nos alunos em relação às equações do 2º grau. Ao revisarmos os
estudos de Bona (2006), Nabais (2010) e Cury, Bisogni e Bisogni (2011) buscou-se
compreender as dificuldades dos alunos e os erros que estes cometem na resolução
dessas equações.
O estudo de Bona (2006) tem como objetivo analisar as dificuldades
manifestadas pelos alunos quando aplicam a fórmula de Bhaskara para resolução
de equação e de problemas matemáticos. A pesquisa foi desenvolvida junto aos
alunos do 1º ano do ensino médio de duas escolas, uma particular e outra pública.
Bona (2006) coloca que ao entrevistar os professores sobre o tema em
questão, observou que na fala dos professores, percebe-se que, cada qual a sua
maneira, procura sanar as dificuldades dos alunos. Porém, ainda é muito forte a
repetição dos procedimentos convencionais como de “explicar” várias vezes o
caminho trilhado que gerou a dificuldade ou erro cometido pelo aluno. A
preocupação maior é com a memorização dos passos a seguir no uso da fórmula do
que com a elaboração das ideias conceituais envolvidas.
Segundo a autora as preocupações dos professores trazem a crença de que
a ordenação das operações a serem realizadas no emprego da fórmula de Bhaskara
é suficiente para os alunos atribuir-lhe significado e sentido. Isso passa ser a
garantia de que a única forma de ensinar é “explicar” o que o aluno tem que fazer
com a fórmula e a aprendizagem ideal se daria imediatamente.
Ao analisar os erros dos alunos, Bona (2006) concluiu que as dificuldades,
geradoras de erros, com a fórmula de Bhaskara são as mesmas, nos seguintes
aspectos:
 O sinal em –b, quando o coeficiente b da equação é negativo;
 No cálculo da potência em b2, multiplicam a base pelo expoente;
 A regra de sinal das operações matemáticas;
 Na extração da raiz quadrada, dividem o radicando por 2;
 Em 2.a esquecem-se de observar quando o coeficiente “a” é negativo,
ou não percebem quando a ≠ 1.
A autora também cita as dificuldades em operacionalizar com frações e na
resolução de problemas com equações do 2º grau.
O outro estudo revisado foi o de Nabais (2010) que visa saber como lidam os
alunos e quais as dificuldades mais frequentes que se deparam ao resolver
equações do 2º grau. A pesquisa foi desenvolvida junto aos alunos do 9º ano em
Lisboa-Portugal.
Nabais (2010) concluiu que os alunos apresentaram dificuldades na resolução
de equações do 2º grau, e que os erros ocorrem na aplicação do processo de
fatorização e na lei de anulamento do produto. Outra dificuldade apontada é a
dificuldade na tradução da linguagem natural para a linguagem algébrica. Pois, os
alunos apresentam dificuldade de representar e entender certas palavras que
aparecem no texto natural, como as palavras: “excede”, “produto”; “área”, sendo que
esta última o aluno entende como se fosse perímetro.
Em relação à resolução de problemas a autora observou que os alunos
sentem dificuldades na compreensão e aplicação da resolução das equações do 2º
grau, como também, apresentam dificuldade na escrita da equação que traduz
simbolicamente o problema.
Cury, Bisogni e Bisogni (2011) realiza uma pesquisa junto a 22 professores da
educação básica, com o objetivo de analisar o desempenho de professores em
formação continuada em questões relacionadas a conteúdos da educação básica.
Os autores apresentam ao grupo de professores soluções de problemas resolvidos
por alunos, para que aqueles analisassem a resolução e identificassem os erros e
oferecessem estratégias de ensino para superar tais erros.
Em relação às formas de resolução da equação do 2º grau, percebemos no
estudo de Cury, Bisogni e Bisogni (2011) que alguns professores optaram pela
fórmula de Baskara como única opção de resolução.
Segundo as autoras, muitos dos professores, para realizar a análise dos erros
dos alunos, primeiramente resolveram a equação. E afirmam que os mesmos
encontraram dificuldades na resolução das atividades, principalmente em entender
os processos de resolução de uma equação de 2º grau, e que apresentaram falta
de domínio desse conteúdo e uma certa rigidez de certos procedimentos que
parecem ser esperados dos alunos.
Outro ponto que chamou a atenção de Cury, Bisogni e Bisogni (2011) foi à
alta porcentagem de erros ou ausência de resposta nas questões dos professores.
Segundo as autoras, os professores alegaram falta de tempo para resolver os
problemas, o que não foi considerado pelos autores como uma justificativa válida.
Visto que as questões escolhidas para a pesquisa são questões que esses
professores deveriam estar acostumados a propor aos próprios alunos. Desse modo,
as autoras concluem que a amostra de professores evidencia dificuldades em
termos de conteúdo e de metodologia de ensino da Matemática, pois os professores
que participaram da pesquisa não sabem aproveitar os erros cometidos pelos alunos
para retomar conteúdos ensinados e que não têm ideia de aproveitar os erros dos
alunos como estratégias didáticas para a aprendizagem.

Diante do exposto nestes estudos, surgiu o interesse pela pesquisa, que se


desenvolveu inicialmente na disciplina Fundamentos da Avaliação da Aprendizagem
da Matemática, na Universidade do Estado do Pará. Na qual, discutimos a análise
de erros em Matemática. Assim, nos propomos neste trabalho, realizar a análise de
alguns erros que os alunos cometem em equações do 2º grau.

3. A metodologia de pesquisa
Esta pesquisa é do tipo investigativo e foi desenvolvida junto aos alunos do
primeiro ano do ensino médio da rede pública de ensino da cidade de Belém do
Pará. Utilizamos como instrumento de pesquisa um questionário fechado com
algumas questões referentes a matemática e um teste com cinco questões sobre
equações do 2º grau que foi aplicado a 23 alunos do primeiro ano do ensino médio
de uma escola da rede publica. Também realizamos a revisão de alguns estudos
relacionados a equações do 2º grau que apresentam as dificuldades e os erros dos
alunos neste tema.

4. Análise das questões


O levantamento das respostas das questões do questionário nos mostrou que
turma é composta por 13 alunos do sexo masculino e 10 do sexo feminino, ambos
com uma faixa etária de 14 a 18 anos. Perguntamos aos alunos se apresentavam
dificuldades para aprender matemática, 13% dois alunos responderam que sim; 74%
responderam que apresentam um pouco de dificuldades, os outros 13%
responderam que não. Ao questionar se os alunos costumam estudar matemática:
69% deles responderam que estudam apenas no período de prova; 26%
responderam que estudam no final de semana e os outros 5% disseram que nunca
estudam; Os alunos foram questionados se sabem o que é uma equação do 2º grau
e se já haviam estudado este conteúdo; 100% deles responderam que sabiam o que
é uma equação do 2º grau e 100% dos alunos responderam que já haviam
estudado.
Solicitamos aos alunos que marcassem suas dificuldades em alguns
conteúdos de Matemática, o quadro 2 mostra o resultado.
Quadro 2 Dificuldades dos alunos em Matemática
Assunto estudado Dificuldades dos alunos
Potenciação 60%
Calculo de área 90%
Calculo de perímetro 73%
Resolução de equações do 1 grau 30%
Resolução de equações do 2º grau 69%
Aplicação da fórmula de Baskara 38%
Tabuada 44%
Fonte: questionário aplicado aos alunos

Podemos observar que uma grande parte dos alunos apresenta dificuldade
em cálculo de perímetro e área, seguido de dificuldades em potenciação e na
resolução de equações do 2º grau.
Para a investigação dessa pesquisa, aplicamos um teste contendo 5
questões sobre equações do segundo grau explorando as ideias de incógnita,
coeficientes numéricos, aplicação da fórmula de Bhaskara e representação de
problemas na forma algébrica. Tomamos como base os erros apontados nos
estudos supracitados para criar nossas categorias de análises:
C1 – A representação de uma equação na linguagem algébrica;
C2 - Os métodos de resolução de uma equação do 2º grau;
C3 - A aplicação da fórmula de Bhaskara.
Apresentamos a seguir as questões do teste, seu objetivo e as análises
realizadas.
1. Observe a equação -3x2 – 26x + 9 = 0 e responda.
a) Quem representa a incógnita dessa equação?
A questão A tinha por objetivo verificar se o aluno capaz de reconhecer quem
representa a incógnita da equação.
Observa-se que 83 % acertaram e 9% erram. Apesar do número de erros
serem pequeno, percebemos uma dificuldade nos alunos em entender quem
representa a incógnita da equação.
b) Qual o grau dessa equação?
O objetivo dessa questão era saber se o aluno consegue identificar o grau de
uma equação.
Observa-se que 17,4 % erraram esta questão, muitos deles responderam que
era “a maior expressão”, ou responderam: – 26, 9, -3; percebe-se que confundiram o
grau da equação com os coeficientes da mesma.
c) quais os coeficientes numéricos da equação?
O objetivo dessa questão era saber se o aluno consegue reconhecer os
coeficientes numéricos de uma equação do 2º grau.
Observou-se que 30,5% dos alunos erraram, pois confundiram com a
incógnita da equação.
Percebemos que para os alunos não ficou clara a ideia de incógnita,
coeficientes da equação e grau de uma equação, confirmando o estudo de Nabais
(2010) que apresenta estes mesmos erros cometidos por alunos em Portugal. Isso
mostra que as ideias algébricas que se iniciam no ensino fundamental parece não
fazer sentido para os alunos.
2. Determine as soluções da equação 5x2 – 1= 2x2 + 1
O objetivo da questão era:
 Verificar se o aluno consegue escrever a equação na forma completa:
ax 2 + bx + c =0;
 Conhecer quais as formas de resolução que os alunos conhecem para
resolver equações;
 Verificar se utilizam corretamente a fórmula de Bhaskara.
Observou-se que 83% dos alunos erraram, pois não conseguiram escrever a
equação corretamente na forma ax2 + b x + c =0. Contudo, os alunos que chegaram
a escrever uma equação do 2º grau, desses apenas 17% souberam utilizar
corretamente a fórmula de Bhaskara. O quadro 2 confirma a dificuldade apresentada
pelos alunos pois mostra que 38% desses alunos disseram que não sabem utilizar a
fórmula de Bhaskara.
Os erros mais comuns nessa questão estão relacionados à falta de
compressão dos alunos para conseguir escrever a equação na forma de uma
equação completa. Ao tentar utilizar a fórmula de Bhaskara observamos que os
alunos confundem coeficientes com incógnita, utilizando a incógnita na hora de fazer
a substituição na fórmula, dessa forma, percebe-se que os alunos não estão
pensando sobre suas ações, apenas utilizando um mecanismo de memorização.
Outros erros detectados foram erros de potenciação, pois erraram ao calcular
o valor de b2, erros relacionados às operações básicas como a de multiplicação,
erros com as regras de sinais, mostrando que não dominam essas regras; erros no
cálculo da raiz quadrada, em um dos casos o aluno ao extrair a raiz quadrada realiza
uma divisão, pois ao extrair a raiz quadrada de 6 ele divide por 2 e coloca como
resultado 3.
Também percebemos que 100% dos alunos não apresentaram outra forma de
resolução de equação do 2º grau, nos parece que isso está relacionado à escolha
didática do professor em apenas utilizar como método de resolução a fórmula de
Bhaskara, e isso foi confirmado nos estudos de Bona (2006), Nabais (2010) e Cury,
Bisogni e Bisogni (2011), que citam a fórmula de Baskara como a única opção do
professor.

3. Examine a região retangular da figura. Sua área é 15 cm² e o perímetro


é 16 cm. Escreva uma equação do 2º grau.

X-2

X-7
O objetivo desta questão era saber se o aluno consegue representar a
situação por uma equação do 2º grau.
Observa-se que 4% dos alunos acertaram e 21% dos alunos erraram a
questão, sendo que muitos alunos deixaram a questão em branco. Os erros mais
comuns estão relacionados ao conceito de área e perímetro. O aluno por não
possuir domínio desses conceitos, acaba confundindo e utilizando os conceitos de
forma errônea. Ao observar o quadro 2 percebemos que o maior índice de
dificuldades apontados pelos alunos se referem ao cálculo de área e perímetro.
Outros erros detectados é na operação algébrica, um dos alunos tentou adicionar x
+ x e encontra x2, mostrando que não tem compreensão das operações com letras,
entendemos assim que as ideias de termos semelhantes parece não ter ficado clara
para os alunos.

4. O triplo do quadrado de um número x, adicionado ao próprio número é


igual a 14.
5. O dobro do quadrado de um número x, somado a 1 é igual ao
quíntuplo desse número.
O objetivo da 4ª e 5ª questão era saber se o aluno consegue expressar na
forma algébrica os problemas.
Observou-se que 40% dos alunos erraram as questões 4 e 5. Esses alunos
apresentaram grande dificuldade de expressar e interpretar os problemas na forma
algébrica. Um dos alunos ao tentar representar o dobro do quadrado, ele escreve x 4,
fazendo confusão entre dobro e a quarta potência. Percebemos que estes alunos
possuem uma deficiência grande em relação à representação algébrica. Todavia,
estes alunos iniciaram o estudo da álgebra no 7º ano do ensino fundamental, na qual
nesta etapa, os alunos começam a estudar a representação de mensagens escritas
por meio de uma linguagem algébrica, entretanto, percebemos a dificuldade que
estes alunos possuem para realizar tal transformação, mostrando que os mesmos
não tiveram esta aprendizagem consolidada.
Essas dificuldades de representação algébrica também foram apontadas nos
estudos de Bona (2006) e Nabais (2010), pois mostram as dificuldades dos alunos
em expressar na linguagem algébrica os problemas.
Em síntese, os erros e dificuldades que encontramos na realização deste
estudo podem ser apresentados levando em consideração as categorias de análises
escolhidas:
C1 – Em relação à representação de uma equação na linguagem algébrica:
os alunos tiveram muita dificuldade em expressar literalmente os problemas,
apresentando dificuldade em entender essa representação literal. Ficou claro que os
alunos não possuem a compreensão para realizar a decodificação da mensagem
escrita para a forma algébrica. Desse modo, os alunos não conseguiram resolver os
problemas, porque não conseguiram escrever a equação que o representava.
Em relação a isso Nabais (2010) coloca que estas dificuldades estão
relacionadas à falta de um vocabulário geral e especifico (desconhecimento da
palavra “excede”, “produto” etc.); ausência de significado para os conceitos
envolvidos ( não entendem o que significa “área”, perímetro,etc.) e ausência de rigor
na escrita simbólica ( o aluno não utiliza parênteses quando precisa representar uma
multiplicação algébrica de polinômios, como no caso da questão 3 ao realizar o
produto, x - 7 e x - 2).
C2 - Em relação aos métodos de resolução de uma equação do 2º grau:
observamos que todos os alunos que tentaram resolver as questões, somente
conheciam a fórmula de Baskara como método de resolução, e isso podem está
relacionado à escolha didática do professor, pois nos estudos de Bona (2006),
Nabais (2010) e Cury, Bisogni e Bisogni (2011) observamos a preferência dos
professores pela utilização da fórmula de Bhaskara. Não encontramos nas respostas
dos aluno, nem como tentativa, uma resolução por fatoração ou por processos
geométricos.
C3 – Em relação à aplicação da fórmula de Baskara: percebemos que
muitos alunos cometeram vários tipos de erros, alguns relacionados ao cálculo de
potencias, extração de raiz quadrada, regras de sinais e outros escreveram a
fórmula de forma incorreta, mostrando que não apresentavam o domínio da mesma.
Segundo Cury, Bisogni e Bisogni (2011), alguns professores optam pela
fórmula de Bhaskara como método de resolução, pois com este método o aluno não
tem como errar. A utilização da fórmula aparece como uma opção “mágica” que
serve para resolver qualquer tipo de equação, o aluno a utiliza sem raciocinar sobre
as ações que realiza, cometendo assim erros absurdos. Bonna (2006) afirma que
para os professores a preocupação maior é com a memorização dos passos a seguir
no uso da fórmula do que com a elaboração das ideias conceituais envolvidas.

5. Considerações finais

O objetivo deste trabalho era analisar os erros e as dificuldades dos alunos do


primeiro ano do ensino médio quanto à resolução de equações do 2º grau. A
dificuldade dos alunos em expressar na linguagem algébrica problemas com
equações do 2º grau mostra que os mesmos não possuem domínio do pensamento
algébrico e de termos e conceitos que são necessários para um bom aprendizado da
álgebra. Como por exemplo, os conceitos de área e perímetro, as palavras “dobro”,
“excede”, pois os mesmo não conseguiram resolver os problemas que envolviam
equações do 2º grau porque não conseguiram representar na linguagem algébrica
os problemas.
Outros erros detectados foram: os alunos na leitura de uma equação não
sabem diferenciar o que é uma incógnita dos coeficientes de uma equação do 2º
grau, não sabem calcular potências e nem extrair raiz quadrada. Observamos
também que os alunos apresentam grandes dificuldades em utilizar a fórmula de
Bhaskara, além do que, os mesmos não sabem ou não apresentaram outra maneira
de resolver equação do 2º grau e talvez isso esteja relacionado à prática do
professor.
O estudo de análise de erros se justifica porque ao conhecer ou reconhecer
os erros dos alunos o professor pode buscar estratégias de ensino que os ajudem a
superar essas dificuldades, além do que, o professor poderá refletir sobre sua
prática e sobre suas escolhas metodológicas. Desse modo, em pesquisas futuras
pretendemos desenvolver uma trabalho oferecendo aos professores sugestões de
como utilizar os erros de seus alunos em equações do 2º grau como uma estratégia
didática em sala de aula.

6. Referencia

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