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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação


Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática
Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Matemática

DION ESPÍRITO SANTO DA CUNHA

DIAGNÓSTICO DE ENSINO DE SISTEMA DE EQUAÇÕES


POLINOMIAIS DE 1º GRAU

Belém
2021
DION ESPÍRITO SANTO DA CUNHA

DIAGNÓSTICO DE ENSINO DE SISTEMA DE EQUAÇÕES


POLINOMIAIS DE 1º GRAU

Elaboração de um artigo sobre o Diagnóstico de


ensino de Sistema de Equações Polinomiais de
1º grau, referente à Atividade 4 da Disciplina
Currículo e Avaliação da Aprendizagem em
Matemática do curso de Mestrado Profissional
em Ensino de Matemática da Universidade do
Estado do Pará, sob orientação da Professora
Drª Ana Kely e da Professora Drª Maria de
Lourdes.

Belém
2021
Diagnóstico de ensino de Sistema de equações polinomiais de 1º grau
Dion Espírito Santo da Cunha11

Ana Kely Martins da Silva2 2

Maria de Lourdes Silva Santos33

Resumo

Neste trabalho apresentamos os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo a realização de
um diagnóstico do processo de ensino-aprendizagem de Sistema de Equações Polinomiais de 1º grau
a partir da opinião de professores de matemática. A nossa questão de pesquisa foi: “Quais as principais
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem de Sistema de equações polinomiais de 1º grau
apresentadas por alunos do 8º ano do ensino fundamental?”. A metodologia de pesquisa foi a
bibliográfica e a de campo onde trabalhamos com 21 professores de Matemática da rede estadual de
educação do Pará. As informações foram produzidas no mês de maio/2021 por meio de uma consulta
virtual a esses docentes, mediante a aplicação de um questionário de pesquisa. A sistematização das
informações produzidas ocorreu por meio da construção de quadros e gráficos estatísticos relativos às
perguntas do questionário. Os resultados indicaram que o perfil identificado foi de 17 homens e apenas
4 mulheres, quanto às metodologias adotadas pelos docentes percebemos que 61,9% (13
respondentes) abordam os assuntos por meio de situações problemas e que a forma de avaliação
predominante continua sendo a prova escrita (90,5%). Os dados de Campo reveleram que os
professores de Matemática tem necessidade de um material pedagógico específico e de mais formação
continuada.

Palavras-chave: Ensino. Ensino de Matemática. Sistema de equações polinomiais de 1º grau.

Abstract

In this paper, we present the results of a research that aimed to carry out a diagnosis of the teaching-
learning process of a 1st degree Polynomial Equation System based on the opinion of mathematics
teachers. Our research question was: “What are the main difficulties in the teaching-learning process of
a System of 1st degree polynomial equations presented by students of the 8th year of elementary
school?”. The research methodology was bibliographic and field, where we worked with 21 Mathematics
teachers from the state education system of Pará. The information was produced in May/2021 through
a virtual consultation to these teachers, through the application of a survey questionnaire. The
systematization of the information produced occurred through the construction of tables and statistical
graphics related to the questions in the questionnaire. The results indicated that the profile identified
was 17 men and only 4 women. As for the methodologies adopted by the professors, we noticed that
61.9% (13 respondents) approach the issues through problem situations and that the predominant form

1 Aluno do Mestrado Profissional do PPGEM da Universidade do Estado do Pará. e-mail: dionchess@hotmail.com


2 Doutora em Educação - Pontifícia Universidade Católica do Rio Janeiro PUC-RJ. e-mail:2011malu.melo@gmail.com
3 Pós- Doutora em Educação - Universidade de Flores / Argetina. e-mail: ana.kely@uepa.br
of assessment continues to be the written test (90.5%). Field data reveal that Mathematics teachers
need specific pedagogical material and more continuing education.

Keywords: Teaching. Teaching of Mathematics. System of 1st degree polynomial equations.

1. Introdução

O assunto “Sistema de equações polinomiais de 1º grau” é de grande


interesse pessoal pois foi um dos primeiros conteúdos de Matemática que me
despertou o interesse pela ciência dos números e da abstração. Foi onde comecei a
perceber a aplicabilidade de ideias e conceitos na Matemática.

Essa escolha também se justifica, entre outras coisas, pela sugestão da


própria BNCC no que se refere ao desenvolvimento do pensamento algébrico e por
considerarmos que os conhecimentos algébricos previstos no ensino desse assunto
são de fundamental importância ao desenvolvimento intelectual de nossos alunos,
sobretudo quando eles passarem pelo 9º ano do Fundamental II e todo o Ensino
Médio. Ressaltamos ainda que tal objeto do conhecimento tem grande versatilidade
algébrica e que os algoritmos e conceitos/ideias nele desenvolvidos são de grande
importância para aplicações em outros assuntos como funções, trigonometria etc.

Considerando o que sugere Barreto (1995, apud GODOY e SANTOS, 2012,


p. 264-265) segundo o qual devemos trabalhar a Matemática como um todo orgânico
e não como compartimentos estaqueados, acreditamos que eventuais dificuldades em
equações do 1° grau possam ser corrrigidas paralelamente com o desenvolvimento
de sistema de equações, numa tentativa de descaracterizar o aspecto ainda muito
criticado de uma Matemática ensinada por “degraus” de conhecimento.

Esse estudo envolveu uma amostra de 21 professores de Matemática da rede


estadual de educação do estado do Pará que teve por objetivo responder à seguinte
questão de pesquisa: “Como professores de Matemática do 8º ano do Ensino
Fundamental II estão ensinando Sistema de equações polinomiais de 1º grau?”

Apresentou como objetivo geral “Analisar como professores do 8º ano do


ensino fundamental estão ensinando Sistema de equações polinomiais de 1º grau” e
os objetivos específicos foram: “- Identificar qual o perfil dos professores que atuam
no do 8º ano do ensino fundamental”, “Constatar quais metodologias os professores
do 8º ano do EF utilizam para ensinar Sistema de equações polinomiais de 1º grau” e
“Verificar Como os professores avaliam o aprendizado de Sistema de equações
polinomiais de 1º grauno 8º ano do EF.”

A metodologia de pesquisa que adotamos foi a bibliográfica e a de campo a


qual contou com o uso das mídias sociais que nesse período sombrio da pandemia
de COVID-19 mostrou-se extremamente útil e necessário para a efetivaçao da coleta
de dados. Entre as tais mídias destacamos o WhatsApp.

Nosso estudo está teoricamente embasado em diferentes trabalhos tais como


dissertações e artigos como, por exemplo, os artigos de Goulart (2013) e Cataneo e
Rauen (2018), além da dissertação de Rocha (2010) e ainda das orientações e textos
como o de Mello (2014) e Godoy e Santos (2012) discutidos nas aulas do mestrado
pelas professoras da disciplina Currículo e Avaliação da Aprendizagem em
Matemática as quais são também co-autoras neste trabalho.

Este artigo está organizado em 5 partes dedicadas a apresentar a


Introdução, Revisão de Literatura, Procedimentos Metodológicos, Sistematização de
Resultados e Análises e Considerações Finais.

2. Revisão de Literatura

Apresentaremos a seguir uma breve descrição das pesquisas que realizamos


a fim de darmos o embasamento teórico necessário e indispensável para a produção
desse artigo.

Nossa pesquisa bibliográfica relacionada ao tema deu-se exclusivamente por


meio da busca em sites como SciElo, CAPES-banco de teses e dissertações,
Repositórios de Universidades e Google Acadêmico. Os textos que embasam nossa
pesquisa foram todos obtidos no Google Acadêmico por ser este a fonte de pesquisa
em que tivemos mais facilidade no uso e acesso.

O artigo de Goulart (2013), intitulado: “A leitura e a escrita no ensino de


sistemas de equações do 1º grau por meio da resolução de problemas” apresenta
uma proposta de abordagem sobre o ensino de sistema de equações polinomiais de
1° grau focada na metodologia de ensino a partir da resolução de problemas levando-
se em conta as competências por parte dos alunos no que diz respeito à leitura e
escrita.
Em Goulart (2013) foi possível perceber as seguintes questões de pesquisa:
“Em que momentos o uso de problemas deve surgir dentro de uma aula de
Matemática? Como deve ser feito o trabalho com resolução de problemas em relação
à interpretação dos enunciados e a conversão de linguagens? Que cuidados o
professor precisa ter ao elaborar atividades que utilizem a resolução de problemas
para introduzir um novo conteúdo e que gere uma aprendizagem significativa?”

Foi ao tentar levantar quais eram os conhecimentos prévios dos seus alunos
que autora percebeu que para que eles compreendessem os problemas deveriam
antes compreender o processo de leitura, na linguagem natural, e de escrita, na
linguagem algébrica, coisas sempre presentes em questões sobre expressões
algébricas, equações do 1º grau e sistemas de equações do 1º grau e está de acordo
com o que pensamos ser indispensável para resolver problemas em Matemática: a
capacidade de interpretação/associação com conceitos e ideias algébricas.

Foram os elementos tais como situações-problema, competência em leitura e


escrita, entre outros que nos chamou a atenção no artigo, pois tais elementos, a nosso
ver, são de fundamental importância para um bom desempenho diante do nosso
objeto de conhecimento. Além disso, o trabalho de Goulart (2013) nos atraiu a atenção
pela referência que faz às orientações estabelecidas pelo Conselho Nacional de
profesores de Matemática dos EUA por meio da “An agenda for action: recomendations
for School Mathematicsof 1980s (NATIONAL COUNCIL OF TEACHERS OF MATHEMATICS
1980)(“Um plano de ação para a Matemática escolar da década de 80”- livre tradução) que
visava um ensino mais efetivo de Matemática. Entre essas recomendações
encontramos aquela que sugere a resolução de problemas como foco da Matemática.
o que vai totalmente de encontro com o que lemos em: ”

[...] tais orientações tinham a fnalidade de atender melhor as necessidades


matemáticas de uma população diversifcada de estudantes em uma
sociedade marcada progressivamente pela presença de tecnologias. As
recomendações foram: a resolução de problemas como foco; as destrezas
básicas deveriam ir além do cálculo; obter vantagens do uso de
calculadoras e computadores; aplicar Standards rigorosos de efcácia e
rendimento; avaliar o êxito dos programas de Matemática; desenvolver
currículo flexível para promover o acesso com grande variedade de
opções; ajuda pública para o ensino de matemática para se alcançar níveis
compatíveis com a importância da compreensão matemática. (SANTOS,
2008, p. 4 apud GODOY e SANTOS, 2012, p. 262-263).

Goulart(2013) usa uma sequência didática como metodologia de ensino e a


aplica em uma turma de alunos do 8º ano do enino fundamental de uma escola
particular. A autora, pôde notar que o ensino por meio da resolução de problemas
provocou nos alunos maior compreensão do que está sendo feito. Este tipo de
abordagem permitiu aos alunos compreenderem o porquê da necessidade de utilizar
o sistema de equações do 1º grau para resolver determinadas situações-problema.
Além disso, como a própria autora afirma, a partir da abordagem houve efetivamente
uma aprendizagem significativa no sentido em que os alunos alcaçaram
independência na busca de soluções para os problemas propostos.

No artigo “Registros de representação semiótica, relevância e conciliação de


metas: uma análise do capítulo Sistemas de equações do 1º grau com duas incógnitas
do livro Matemática compreensão e prática de Ênio Silveira” dos pesquisadores
Raeun e Cataneo (2018) podemos perceber uma certa preocupação em analisar um
capítulo de livro didático que trata de nosso objeto matemático. Foi esse um dos
motivos que nos levou a escolher esse trabalho. Outro fator igualmente importante se
deve ao fato da conideração feita pelos auotres sobre os “Registros de representações
semiótica”, teoria desenvolvida por Raymond Duval que a grosso modo trata das
diferentes maneiras de se representar um objeto e que para que o mesmo seja
efetivamente compreendido é necesserário e suficiente que se possa compreender
esses diferentes tipos de registros conforme Silveira (2015, p. 339 apud RAUEN e
SANTOS 2018, p. 169):

[...] o aluno alcança a apreensão conceitual quando lhe é exigida a


coordenação de diferentes registros, como, por exemplo, o registro
algébrico, registro gráfico, registro figural, registro em língua materna etc.
Isso se dá porque cada um dos registros caracteriza o conceito matemático
de uma maneira e todas as maneiras se complementam.

Os autores concluem seu trabalho afirmando que os resultados sugerem


prevalência de exemplos e atividades que demandam conversão de representações
de situações-problema em língua natural para a representação no registro algébrico,
pouco desenvolvimento de interpretações gráficas, casos raros de conversões
inversas e ausência de propostas de elaboração de problemas.
Assim, enqunto a trabalho de goulart sugere uma abordagem de ensino de
sistema de equações por meio de resolução de problemas, o trabalho de Rauen e
Cataneo enveredam pela importância de se discutir os vários tipos de registros de
representação semiótica. Acreditamos que ambos os trabalhos são complementares
no sentido de que um trabalho pode ser usado como embasamento teórico para o
ensino de sistema de equações polinomiais de 1º grau no ensino fundamental.

O trabalho de Rocha (2010), intitulado “Aprendizagem da resolução de


sistemas de equações do 1º grau por alunos do 8º ano do ensino fundamental: método
da substituição” nos interessou pelo fato de trazer logo de início qual método de
resolução utilizaria no desenvolvimento do seu trabalho. Comungamos com a ideia
deste autor que em se tratando de pouco tempo para se trbalhar todos os métodos o
método de resolução de sistema de equações mais geralmente útil para se aplicar em
resolução de situações-problema, na nossa opnião particular, é o método da
subistituição.

No seu trabalho, Rocha (2010), objetivou analisar como ocorre a


aprendizagem da resolução de sistemas de equações do 1º grau pelo método da
substituição trabalhando com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental de uma escola
municipal no Mato Grosso do Sul, a partir de situações-problema, utilizando papel e
lápis e o software Aplusix. O autor aplicou, assim como Goulart (2013), uma sequência
didática.

É interessante destacar que assim como Rauen e Cataneo (2018) e Goulart


(2013), Rocha (2010) também faz considerações em relação aos documentos oficiais
que regulam a questão curricular dos objetos matemáticos. Ele ainda revela uma
preocupação metodológica com relação ao ensino do nosso objeto matemático ao
citar que os documentos oficiais garatem a finalidade dos estudos, por exemplo, do
nosso objeto de investigação em questão:

De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio – PCNEM


(2006, p. 77), “as posições relativas entre reta e círculo devem ser
interpretadas sob o ponto de vista algébrico, o que significa discutir a
resolução de sistemas de equações”. Como vemos, o documento oficial
recomenda a utilização desse conceito como ferramenta de discussão de
conteúdos no Ensino Médio. Diante disso, por que alguns alunos não
sabem aplicar um conhecimento que aprenderam no Ensino Fundamental
para trabalharem conceitos aprendidos no Ensino Médio, uma vez que os
PCNEM (2006) orientam que deve ser utilizada a resolução de sistemas na
interpretação das posições relativas entre reta e círculo? Por que não se
faz ligação entre o que se aprendeu sobre sistemas no Ensino
Fundamental com o que se vai aprender no Ensino Médio na medida em
que se deve utilizar esse conhecimento como ferramenta? Rocha (2010, p.
14-15)

Entre as diversas questões norteadoras de Rocha (2010) a principal foi:


“como se dá a aprendizagem da resolução de sistemas de equações do 1º grau pelo
método da substituição, bem como a resolução de problemas envolvendo esse
conceito por alunos do 8º ano do ensino fundamental diante de situações adidáticas,
em ambiente papel e lápis e com software Aplusix?”

Para responder suas questões de pesquisa Rocha (2010) se apoiou nas


Teorias das situações Didáticas de Guy Brousseau a partir das quais conseguiu
mostrar que os alunos se apropriaram dos conceitos presentes nas atividades da
sequência didática e assim, conclui Rocha (2010), houve aprendizado.

Para encerrar nosssa revisão de literatura apresentamos um quadro com os


principais elementos que caracterizaram o material bibliográfico pesquisado.

Quadro 1 - Caracteres dos artigos/disertações consutados


PERÍODO 2013-2019
FORMA DE ANÁLISE DAS Caracterização, Comparação de metodologias,
PRODUÇÕES Confrontamento de ideias e Análise dos resultados
Nº CARACTERES DAS PRODUÇÕES INVESTIGADAS
AUTORES Vanessa Cataneo e Fábio Rauen
Registros de representação semiótica, relevância e conciliação
TÍTULO de metas: uma análise do capítulo Sistemas de equações do 1º
grau com duas incógnitas do livro Matemática compreensão e
prática de Ênio Silveira.
1 OBJETIVO analisar o capítulo Sistemas de equações do 1º grau com duas
incógnitas do livro Matemática Compreensão e Prática: 8º ano,
de Ênio Silveira
METODOLOGIA Pesquisa Bibliográfica
SUJEITO DA PESQUISA Professor
AUTORA Andreza Gourlart
TÍTULO A leitura e a escrita no ensino de sistemas de equações do 1º
grau por meio da resolução de problemas.
OBJETIVO verificar quais as implicações que o ensino por meio da
resolução de problemas traz para a aprendizagem significativa
2 de sistemas de equações do 1º grau.
METODOLOGIA Pesquisa Bibliográfica, Sequência Didática
SUJEITOS DA PESQUISA 1 turma do 8º ano em uma escola particular em SP
AUTOR Florisvaldo Rocha
TÍTULO Aprendizagem da resolução de sistemas de equações do 1º
grau por alunos do 8º ano do ensino fundamental: método da
substituição.
analisar como ocorre a aprendizagem da resolução de sistemas
3 de equações do 1º grau pelo método da substituição por alunos
do 8º ano do Ensino Fundamental, a partir de situações
OBJETIVO problemas, em ambiente papel e lápis e com o software Aplusix

METODOLOGIA Pesquisa Bibliográfica, Engenharia Didática, Sequência


Didática.
SUJEITOS DA PESQUISA 10 alunos do 8º ano EF Escola Municipal em MS.
Fonte: Os autores.

A seguir faremos a explanação dos Procidementos Metodológicos de nosso


artigo.

3. Procedimentos Metodológicos

Nesta seção faremos um detalhamento das etapas de nossa pesquisa como


por exemplo metodologia adotada, nosso universo e amostra da pesquisa, técnica de
pesquisa, tabulação dos dados de campo etc.

Nossa metodologia de pesquisa adotada foi a pesquisa bibliográfica, além de


consultas a documentos como BNCC, artigos sobre Currículo e Avaliação no Ensino
de Matemática além de um questionário de pesquisa que foi elaborado via Google
Forms.

Nosso universo amostral consistiu em professores de Matemática da rede


estadual de educação do Pará. Fizemos uma entrevista, via o questionário do Google
Forms, com uma amostra de 21 professores de Matemática que foram devidamente
orientados quanto à pesquisa que estávamos realizando a fim de levantarmos dados
quanto ao ensino de “Sistema de equações polinomiais de 1º grau”. Todos os
profesores tiveram acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que entre
outras coisas lhes informava que nossa pesquisa buscava realizar um diagnóstico do
ensino de Sistema de equações polinomiais de 1º grau no 8º ano do ensino
fundamental a partir da opinião que eles pudessem nos informar e que a colaboração
deles seria preencher o questionário com as perguntas norteadoras importantes para
a realização da pesquisa.

Não poderíamos deixar de falar, antes de encerrar essa seção, sobre as


dificuldades enfrentadas na confecção e principalmente aplicação do nosso
questionário de pesquisa. Foi graças à ajuda de colegas professores de outras
disciplinas que conseguimos alcançar um número aceitável de respondentes ao nosso
questionário. Nossa meta era 50 respondentes, porém só alcançamos 21.
Criado um link pelo próprio Google Forms conseguimos fazer o
compartilhamento dele via WhatSapp com uma mensagem de solicitação, com
explicação sobre do que se tratava o link. Os poucos professores que conseguimos
para responderem nosso questionário foram muito solícitos. Só uma minoria de
professores foi que precisamos enviar mais de uma mensagem socilitando as
respostas que provavelmente demoraram em responder devido às suas jornadas de
trabalho. Importante destacar que o uso da tecnologia na consulta aos professores foi
consideravelmente eficiente, prática e rápida. Com alguns cliques(não poucos), foi
possível coletarmos os dados de que precisávamos para este nosso trabalho de
pesquisa.

Encerramos assim, a seção sobre os procediementos metodológicos. E a


seguir falaremos da Sistematização de Resultados e Análises.

4. Sistematização de Resultados e Análises

Apresentamos a seguir os dados obtidos por meio das respostas às perguntas


constantes em nosso questionário de pesquisa que enviamos, via WhatSapp, à nossa
amostra de 21 professores de Matemática da rede estadual do Pará. Esses dados
serão apresentados abordando três categorias: perfil dos 21 professores quanto ao
sexo, idade, experiência profissional etc, metodologia de ensino que adotam e à
maneira como avaliam.

Quanto ao perfil nossa pesquisa de campo revelou que dos 21 respondentes


do questionário, 17 são do sexo masculino e apenas 4 são do sexo feminino. Isso
revela o quanto a área de ciências exatas ainda é uma área de conhecimento
predominantemente frequentado por pessoas do sexo masculino.

Figura 1 - Perfil dos professores de Matemática quanto ao sexo


Fonte: Os autores
Quanto ao quesito idade os resultados foram os apresentados na figura 2.

Figura 2 Perfil dos pofessores de Matemática quanto à idade

Fonte: Os autores

Esse é um dado que nos chama a atenção por revelar que nossa amostra de
professores tem apenas 3 professores com idade até 31 anos, o que poderíamos
considerar pessoas jovens. Isto significa que há 18 professores com idades superiores
ao 31 anos. O que quer dizer, possivelmente, que são pessoas com uma certa
experiência profissional e que quem sabe carregam consigo um modelo didático
pedagógico tradicional no seguinte sentido: professores mais maduros na idade tem
mais relutância em mudar certos hábitos pedagógicos, em usar novas tecnologias de
ensino, novos métodos de ensino.

Quanto à formação dos professores constatamos que 3 tem apenas o ensino


médio. Dos 18 professores restantes há 8 com mestrado concluído ou em andameto,
3 com doutorado concluído ou em andamento e 10 com especialização. Isso significa
que dos 21 professores de nossa amostra, 18 ou já cocluíram ou estão com uma pós-
graduação em andamento. De certa forma isso soa estranho pois isso significa que
são 85% dos professores com estudos de pós-graduação e que ainda assim
apresentam alguma dificuldade no proceso de ensino-aprendizagem como os dados
de campo mostrarão mais à frente. E isso nos remete ao texto de Godoy e Santos
(2012) no qual afirmam que os professores fazem o que querem e entendem ser o
melhor para os alunos, sem, conduto, nos deixar saber se isso é ou não é o melhor.

Neste sentido, quando as portas das salas de aulas se fecham, cada


professor de Matemática, de acordo com as suas ideologias, crenças,
concepções, formação etc. faz o que quer e entende ser o melhor para ele e
para os seus alunos, contudo, se o que o professor faz ao fechar a porta da
sua sala é bom ou ruim, não sabemos. Godoy e Santos (2012, p. 275)

Quanto à Metodologia de ensino dos professores os dados de campo revelam


que apenas 6 professores ainda começam suas aulas a partir das definições, seguido
de exemplos e exercícios, ou seja, da velha prática do ensinar por meio de exemplos,
mostrando como se faz sem deixar que o aluno consiga construir por si mesmo o
caminho da solução do problema o que diverge da ideia de Goulart (2013) “nunca
induzindo a solução, mas deixando que cada aluno encontre a solução por si mesmo.”

Notamos ainda que cerca de 13 professores (aproximadamente 62%) sentem


falta ou de recursos didáticos ou metodológico diferenciados para o ensino de
Matemática, conforme a figura 3. Este é dado a que nos referimos alguns parágrafos
antrás quando dissemos que embora um número significativo de professores tenham
estudos de pós-graduação, ainda assim sentem falta de alguma ferramenta
metodológica ou material específico para o ensino de sistema de equações
polinomiais de 1º grau.

Figura 3 - Metodologia dos professores

Fonte: Os autores

Ainda quanto à metodologia, nossa pesquisa indica que cerca de 43% dos
professores seleciona o conteúdo de Matemática sobre “Sistema de equações
polinomiais de 1º grau” a partir de livros didáticos e outros, por volta de 33%, o fazem
a partir da da BNCC. Isso nos remete à seguinte indagação: Tal seleção, ou pelo livro
didático ou pela BNCC é seguida de que tipo de abordagem em sala? Esse número
nos revela que a maioria dos professores busca um apoio nos livros didáticos o que
nos indica que talvez seja preciso examinar com mais cuidado como estão sendo
feitas a abordagem do nosso tema em tal recurso metodológico, o principal recurso
dos professores de Matemática da educação básica.

Ao serem perguntados sobre se seus alunos gostam de Matemática, cerca de


15 professores de nossa amostra de pesquisa responderam que a minoria dos seus
alunos gostam de Matemática. Um dado importante que precisa ser mais investigado.
Esse fato é devido à metodologia do professor? É devido à falta de conhecimentos
básicos de Matemática?

A próxima figura é uma das mais importantes da nossa pesquisa, pois revela
qual é a principal dificuldade dos alunos do 8º ano do ensino fundamental diante do
assunto matemático tema dessa pesquisa: a resolução de problemas. A segunda
maior dificuldade dos alunos se refere à compreensão de conceito/ideas. Ou seja,
nossos respondentes nos fazem chegar à seguinte reflexão: Tais dificuldades não
estariam ligadas à problemas de interpretação da linguagem matemática? Isso
confirmaria que fizemos uma escolha acertada ao selecionar o trabalho de Goulart
(2013) segundo a qual para que os alunos compreendessem os problemas de sistema
de equações polinomiais de 1º grau deveriam antes entender o processo de leitura,
na linguagem natural, e de escrita, na linguagem algébrica.

Figura 4 – Metodologia dos Professores

Fonte: Os autores

Finalmente, quanto à avaliação praticada pelos professores de Matemática do


ensino fundamental da rede estadual do Pará, o que foi possível perceber, a partir da
nossa coleta de dados, é que 19 dos 21 respondentes do nosso questionário, o que
corresponde a cerca de 90% da amostra, condicionam a avalição à prova escrita. Esse
dado nos parece preocupante pois a partir dele nos questionamos se os professores
ao avaliarem quase que exclusivamente via prova escrita estariam levando em
consideraçao uma avaliação por aprendizagem de competências segundo o que
preceitua a BNCC e o que informa Mello (2014) “Muitos países ainda se encontram
em fase de transição entre o currículo centrado no conhecimento “disciplinarizado” e
a organização curricular que coloca os conteúdos disciplinares a serviço da
aprendizagem de competências”. Já teríamos superado essa transição?

Uma avalição por competências estaria em consideração por esses


professores? Sabemos que as provam do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)
são marcadas por questões com esse tipo de avaliação.

Figura 5 - Avaliação dos professores de Matemática

Fonte: Os autores
Isto conclui a sistematização dos resultados e análises do questionário da
nossa pesquisa sobre o ensino de sistema de equações polinomiais de 1º grau.

5. Considerações finais

Este trabalho objetivou investigar quais são as principais dificuldades


enfrentadas por alunos do 8° ano do ensino fundamental na compreensão dos
métodos de resolução de um sistema de equações polinomiais de 1º grau.

A partir dos dados obtidos foi possível perceber que de fato há uma grande
dificuldade enfrentada por alunos do 8º ano do ensino fundamental diante do objeto
do conhecimento matemático investigado nessa pesquisa. Além disso, os resultados
também revelam que há uma dificuladade por parte dos profesores quanto à
metodologia de ensino desse objeto. Uma dificuldade, segundo os professores, que
passa pela necessodade de um material com novas metodologias de ensino desse
conteúdo matemático, mais formação continuada, mais recurso pedagógicos etc. Aqui
seria interessante retomar a questão da necessidade de se revisar os livros didáticos,
principal ferramenta de trabalho dos professores de Matemática.

Quanto à questão que norteou nossa pesquisa: “Quais as principais


dificuldades no processo de ensino-aprendizagem de sistema de equações
polinomiais de 1º grau apresentados por alunos do 8º ano do ensino fundamental?”
o que nossa amostra nos revelou é que as principais dificuldades estão ligadas à
resolução de problema (38,1%, ou seja, para 8 professores, as maiores dificuldades
dos seus alunos concentra-se na resolução de problemas). Além dessa, a segunda
maior dificuldade dos alunos se refere à compreensão de conceito/ideas, o que
corresponde a 23,8%, isto é, na opinião de 8 professores, seus alunos não
compreendem adequadamente os conceitos/ideias sobre os métodos de resolução de
sistema de equações polinomiais de 1º grau.

A partir da análise das resposta do questionário, acreditamos que essas


dificuldades poderiam ser amenizadas se os professores recebessem um material
específico sobre o objeto do conhecimento matemático aqui investigado, como por
exemplo uma sequência didática, antecedida de uma formação continuada temática
e específica(tipo Álgebra e Equações do 1º grau, Álgebra e Sistema de equações
polinomiais de 1º grau, Álgebra e gráficos no plano cartesiano etc).

Uma carga horária especial para os professores de Matemática, quem sabe,


poderia ajudar na superação das dificuldades dos alunos, pois com mais tempo com
a mesma turma para se trabalhar os assuntos e sem a preocupação de muitas turmas
e em escolas e horários diferentes seria muito bom tanto para os alunos quanto para
os professores.

Os dados da nossa pesquisa mostram também que cerca de 52% dos


professores não participam de formações continuadas quando são oferecidas por
suas escolas. Acreditamos que talvez isso se deva ao fato das formação continuada
pouco ou quase nada contribuam efetivamente para a prática pedagógica desses
professores, criando assim uma desmotivação na participação nessas formações.
Quem sabe outras pesquisas semelhantes a esta possam investigar com mais
precisão a eficiência dessas formações bem como o interesse da parte dos
professores de Matemática nelas. Além disso, entendemos que uma pesquisa
investigativa possa esquadrinhar ainda mais onde residem as dúvidas dos alunos e
como seja possível superá-las efetivamente. Uma pesquisa envolvendo
essencialmente os alunos também seria de grande interesse. Um momento para ouvir
as queixas e as frustrações dos sujeitos para quem todos os esforços de quem ensina
Matemática deveria se concentrar.

De acordo com os 21 professores que aceitaram participar da pesquisa


geradora deste nosso trabalho, os resultados mostraram que nosso objeto
matemático investigado : “Sistema de equações polinomiais do 1° grau” continua
sendo ensinado majoritarimaente por professoress do sexo masculino, com uma
abordagem a partir de uma situação-problema para então se introduzir o assunto que
para fixá-lo os professores usam listas de exercícios. O assunto é selecionado a partir
do livro didático e da BNCC e é avaliado ainda primordialmente através de prova
escrita. Julgamos que uma avaliação do tipo oral poderia também servir de critério
para o professor avaliar qual ponto da matéria precisa de mais atenção.

Os professores reclamaram por novas metodologias de ensino, novos


recursos pedagógicos para o ensino-prendizagem do assunto investigado neste
artigo. Esse é um ponto interessante uma vez que nos fez refletir e pensar em
sugestões sobre novas abordagens de ensino para o assunto em questão que
pudesse ser útil àqueles professores que estão na linha de frente do ensino de
Matemática.

Os professores de Matemática precisam de mais formação continuada,


precisam de salas especiais com recursos pedagógicos para o ensino de Matemática.
Precisam de um plano estratégico para detectar as dificuldades tanto de professores
de Matemática (em ensinar) quanto de alunos (em aprender), além de recursos
materiais que a escola precise. Tal plano, no entato, deve ser pensado por professores
especialistas, pedagogos, administradores do ensino público, para que assim, se
possa, definitivamente, combater a aversão que a maioria dos alunos sentem pela
Matemática, uma ciência tão rica em cultura, em ideias criativas e que está tão
presente em nossa vidas diárias e que ainda não se conseguiu desmistificá-la para a
maioria dos estudantes da Educação Básica.
Sendo assim acreditamos que novos estudo possam ser realizados a fim de
confirmar os problemas que aqui foram expostos que dizem respeito tanto aos
professores (perfil, metodologia, avaliação etc) quanto aos alunos (suas dificuldades,
frustações etc) no processo ensino-aprendizagem de Matemática ou até mesmo
ampliada em favor de um ensino de Matemática mais próximo da realidade dos
alunos. Reforçando assim a busca para melhorar o panorama do ensino da
Matemática no Pará, e em especial no ensino de Sistema de equações polinomiais de
1º grau.

Referências Bibliográficas

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concepções e políticas. Disponível em: <https://movimentopelabase.org.br/wp-
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