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REPRESENTAÇÃO GEOMETRICA DAS FRAÇÕES IMPRÓPRIAS

Aires Feliciano Afonso1, airesa225@gmail.com


Ali Momade Buanamade2, alibuanamade07@gmail.com

Resumo
O artigo se constitui a partir de uma pesquisa quali-quantitativa realizada com os estudantes
do 1º e 2º anos do Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática da Universidade Rovuma.
No desenvolvimento da pesquisa foram apresentadas aos estudantes 2 questões, cuja análise
possibilitou a identificação e compreensão dos entendimentos produzidos pelos estudantes
acerca do significado de frações e representação geométrica das frações impróprias.
Percebemos o domínio de um determinado conteúdo pelos estudantes, quando são
contempladas situações em contextos diferentes. Nas questões propostas os estudantes
reconhecem o conceito apenas em determinadas situações, onde muitas vezes, aquelas onde
pela escola é dada com prioridade, por exemplos representações na forma geométricas de
fracções próprias.
Palavras-chave: Significados de fracções; fracções; represntação geométrica de frações
impróprias.

Introdução
As frações são muito utilizadas na resolução e compreensão de diversos problemas de
matemática e do cotidiano das pessoas como, por exemplo, problemas que envolvem medidas
de grandezas ou o resultado de uma divisão, dentre outros. É um assunto de destaque na grade
escolar e, apesar do trabalho desenvolvido em sala de aula, pesquisas apontam que a
aprendizagem não é significativa.

Diversos estudos apontam que, embora seja um tema importante, pouco se tem investigado a
respeito do desenvolvimento da compreensão dos estudantes no campo dos Números
Racionais, concretamente a representação geométrica de frações impróprias.

Assume-se, no presente estudo, como necessária e importante a compreensão da


representação dos geométrica das frações impróprias pelos estudantes do Curso de
Matemática visto que estes são os futuros profissionais de educação desta disciplina e
portanto, o não conhecimento deste detalhe prejudicará de alguma forma a futura geração de
alunos. Tal como (Teixeira & Santos, 1998) afirmam, “[…] as dificuldades de aprendizagem

1
Licenciando em Ensino de Matemática na Universidade Rovuma. Cell: (+258) 868736192
2
Licenciando em Ensino de Matemática na Universidade Rovuma. Cell: (+258) 847591235
dos alunos têm várias causas e muitas delas dizem respeito ao preparo dos seus professores e
ao tratamento dispensado ao ensino da matemática”.

Como apontado acima, o significado mais usual de fração, para o aluno, é o de “parte e todo”
(os professores, principalmente nas classes iniciais do Ensino Básico, começam a abordagem
desse conteúdo partindo em pedaços iguais pizzas, bolos, laranjas, etc...), contudo esse
significado não é o único. Outros significados associados à fração são: quociente da divisão,
probabilidade, operador multiplicativo, número, medida e razão.

A seguir apresentamos 3 (três) dos significados (com suas definições e exemplos) conforme
encontrado em Cavalcanti e Guimarães (2008).

Quadro 1: definição e exemplos dos significados

Significado Definição Exemplos


Partição de um todo em n partes iguais, em
que cada parte pode ser representada como Uma jarra com suco foi dividida
1 entre 3 copos. João bebeu um
Parte/Todo . Um procedimento de dupla contagem, das
n copo. Que fração representa o que
partes do todo e das partes tomadas, no geral, ele bebeu na jarra?
é o suficiente para solucionar o problema.
A fração indica uma divisão e seu resultado.
Em uma festa foram distribuídos
Nas situações de quociente, temos duas
2 bolos para 6 crianças
Quociente variáveis, sendo que uma variável
igualmente. Quanto cada uma vai
corresponde ao numerador e a outra ao
receber?
denominador.
A fração é um número em si, não sendo
Onde posso marcar na recta
necessário que expresse uma relação ou
Número 1
contexto para ser compreendida numa dada numérica ?
3
situação.
Fonte: Cavalcanti e Guimarães (2008)

A ideia de escolher apenas três significados como objeto de pesquisa, surgiu em face da
extensão do trabalho e da impossibilidade de abarcar todos os significados no Método adotado
em curto período de tempo. É neste contexto que este estudo se insere, uma vez que, ele nasce
como produto de uma proposta para apresentar nas II Jornadas Ciêntíficas.
Assim, nós estruturamos esta pesquisa no sentido de analisar a compreensão, as estratégias e o
desempenho dos estudantes do curso de Matemática dos 1º e 2º anos da Universidade
Rovuma, quanto à represntação geométrica de frações impróprias.

Metodologia
O presente estudo trata-se de uma diagnose que tem o propósito de investigar o conhecimento
dos estudantes sobre o campo dos Racionais, na representação de fracções impróprias. Assim,
as investigações foram realizadas em duas turmas do curso de Matemática (1º e 2º anos).
Portanto, na fase de coleta dos dados, cada estudante resolveu individualmente, um conjunto
de problemas apresentados em uma lista.

O instrumento foi criado pelos autores desta pesquisa e envolve Números Racionais, no qual
constam 2 (questões) questões que abrangem a Ideia de representação fracionária.

No primeiro momento as questões foram entregues aos estudantes, em seguida os


pesquisadores fizeram uma leitura dos itens em voz alta de todas as questões e,
posteriormente, os alunos iniciaram a resolução. A atividade foi realizada durante o período
de aulas de cada uma das turmas escolhidas com duração aproximada de 10 minutos. Para
análise dos dados, foi realizado um mapeamento das varáveis a serem observadas. Em seguida
foram organizadas as seguintes categorias: Estrutura (distribuição equitativa), Variáveis:
(discreta e contínua); notação (livre, estruturada); habilidade (resolução da questão,
representação). Os dados foram codificados, digitados no programa SPSS tratados e
analisados à luz do referencial teórico que embasa este estudo.

O quadro a seguir apresenta as questões utilizadas na pesquisa e em seguida algumas


respostas dadas pelos estudantes.

Quadro 2: Questões apresentadas aos estudantes para investigação

1. Represente geometricamente as seguintes fracções:


7 3
a) 3 b) 7
Fonte: Autores (2022)
Resultados obtidos ou esperados
Iniciamos as nossas análises investigando o acerto e erro dos estudantes em relação às
questões dadas. A tabela 1 mostra que na questão 1. b), que envolvia fração própria, tinha o
índice de acertos bastante expressivo ao contrário da questão 1. a) que envolviam fracção
imprópria. Na tabela 1 visualizamos o percentual das respostas dos estudantes por questão.

RESPOSTAS DOS ESTUDANTES


Não
Acertou Errou
Respondeu
1. a) 5,3% 86,8% 7,9%
QUESTÃO
1. b) 36,8% 50% 13,2%
Tabela 1: Acerto/Erro por questão

Na questão 1. a), por exemplo, dos 38 estudantes investigados apenas 5,3% responderam
correctamente. Na questão 1. b) dos 38 estudantes amostrais desta pesquisa, o número de
acertos subiu para 36,8%. Esse resultado nos mostra que dependendo do tipo de fracção, os
alunos podem não responder ou responder de maneira inadequada a questão proposta.

As respostas possíveis para a questão consistem no uso dos diagramas circulares e/ou os
rectângulares que, para (Palhares, Gomes, & Amaral, 2011), são os modelos mais
frequentemente utilizados na interpretação e representação de fracções.

No caso do problema 1. a), possivelmente, o estudante deveria seguir a estratégia de escrever


1
a fracção imprópria em número misto e, portanto, teria 2 (que lê-se dois inteiros e um
3
terço); a seguir apresentar três figuras rectangulares ou circulares divididas em 3 partes iguais
e, finalmente, duas delas considerar, selecionar ou tomar todas as parte e a outra uma das
partes.
Destacamos como exemplo duas respostas dadas por dois estudantes, que:

 O 1º escreveu a fracção imprópria em número misto e representou por três esboços de


figuras rectangulares divididas em 3 partes e, duas delas as tomou por completo e a
outra tomou uma das três partes.

Figura 1 - Resposta da questão 1. a) do estudante 18

 O 2º estudante, no problema 1. a) escreveu representou por três esboços de figuras


rectangulares divididas em 3 partes e, duas delas as tomou por completo e a outra
tomou uma das três partes. Para 1. b) representou a fracção por um esboço de figura
rectangular e dividida em 7 partes e tomou três partes.

Figura 2 - Resposta da questão 1. a) e 1. b) do estudante 27


Considerações finais
Em relação a nossa pergunta de pesquisa, que era se os estudantes do curso de Matemática
(nos primeiros dois níveis sabem representar geometricamente as fracções impróprias,
percebemos que cerca de 94,7% destes não compreendem a representação geométrica das
fracções, ou quando compreendida, a sua representação ocorre de maneira inadequada. Sendo
que este facto fica evidenciado pelas respostas da questão 1. a).

Os resultados apontam para a lacuna no ensino e aprendizagem dos números racionais como
representação de frações impróprias. A fração é representada geometricamente pelo aluno
quase que exclusivamente quando se trata de fração em que o numerador é menor que o
denominador (Frações Próprias). Este resultado traz luz aos futuros professores e educadores
matemáticos para a necessidade de dirigir atenção na elaboração, experimentação e análise de
abordagens de ensino que tragam os demais significados do racional, para além os mais
conhecido “parte-todo”, com o uso de sua representação fracionária, para os anos iniciais do
ensino básico.
Referências
Brandt, C. F., & Moretti_(Org.), M. T. (2016). Ensinar e Aprender Matemática:
Possibilidades para a prática educativa. Ponta Grossa: Editora UEPG.

Cavalganti, E. M., & Guimarães, G. L. (2008). O significado de frações em livros didáticos


das Séries Iniciais.

Palhares, P., Gomes, A., & Amaral, E. (2011). Complementos de Matemática para
Professores do Ensino Básico. Lisboa: Lidel.

Teixeira, L. R., & Santos, V. d. (1998). Dificuldades de aprendizagem em matemática e


formação docente. São Leopoldo: Anais.

Vergnaud, G. (1986). Psicologia do desenvolvimento cognitivo e didática das matemáticas.


Um exemplo: as estruturas aditivas. Análise Psicológica.

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