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Conto Contigo7

Grupo I
Oralidade

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Para responderes aos itens que se seguem,
vais ouvir uma peça jornalística da RTP1,
emitida a 10 de fevereiro de 2017.

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15 1. Classifica as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).

(A) Nesta peça jornalística pretende-se dar a conhecer o lançamento de


textos inéditos de Agustina Bessa Luís.
20 (B) A escritora foi também jornalista na televisão portuguesa.
(C) Lourença Baldaque recorda momentos em que privava com a avó.
(D) Augusto Luís, avô de Lourença Baldaque, apoiou a iniciativa da neta.
(E) Os textos compilados constituem uma seleção de entre muitos outros
textos dispersos.
25 (F) As fontes consultadas por Lourença incluíram cartas, ensaios, artigos
escritos e recibos de pagamento.
(G) A leitura de “Ensaios e artigos” permite compreender melhor as relações
interpessoais de Agustina.
(H) A obra foi lançada pela primeira vez, na biblioteca de Serralves, no Porto.
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2. De acordo com Lourença Baldaque, quais os traços da personalidade da
escritora Agustina Bessa Luís patentes nesta publicação?
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Conto Contigo7

Grupo II
Texto A

45Lê o texto de António Lobo Antunes com atenção.

(…) Dava mais do que um ano de ordenado, dava


tudo para tornar a ver os desenhos animados da minha
infância, que a tia Madalena nos levava a assistir aos
50domingos à tarde, num sítio chamado Chiado Terrasse,
que de certeza já não existe e onde me sentia o garoto
mais feliz do mundo. As luzes apagavam-se
devagarinho, o ecrã iluminava-se e principiava a
minha alegria, uma alegria como nunca voltei a sentir.
55Não apenas a alegria: um prazer sem fim. Girafas pestanudas e risonhas, abelhas
lindíssimas, de cinturinhas estreitas, muito mais bonitas que as mais bonitas atrizes,
mais bem maquilhadas, pelas quais, de imediato, me apaixonava, avôs ursos, de
óculos e voz grossa, alguns a fumarem cachimbo, veados simpáticos pelos quais as
abelhas, comigo cheio de ciúmes, se apaixonavam, avôs elefantes, de óculos, tão
60ternos para os seus netos coelhos, gatos ao princípio embirrentos que um corvo, já
careca da idade, tornava boas pessoas, joaninhas prestáveis, um bode vestido de
polícia que não fazia mal a ninguém apesar do cassetete no cinto, corvos donos de
mercearias a oferecerem caramelos a meninos ratos, uma fada borboleta com dois
filhos peixes, hipopótamos ótimas criaturas que convenciam zebras embirrentas a
65tornarem-se agradáveis, tudo isto a falar com sotaque brasileiro, claro, um papagaio
gago, de início quezilento e, afinal só tímido e generoso, catatuas muito mais
irresistíveis que as amigas das minhas primas. Às vezes, antes destes milagres, havia
uma reportagem sobre o Canadá, filmada de um avião de que se estava sempre a ver
uma asa, tremendo sobre uma floresta interminável, e que continuava quando outra
70voz brasileira anunciava a presença de Jimmy, o idoso alce da floresta:
- Este é Jimmy, o rei da selva.
António Lobo Antunes, Visão N.º 1293, 14/12 a 20/12/2017

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Conto Contigo7

Para responderes a cada item (1. a 4.), seleciona a opção que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto.

801. Os filmes de desenhos animados que António Lobo Antunes viu na infância

(A) fizeram dele uma pessoa generosa.


(B) lembram-lhe situações tristes passadas em família.
(C) são memórias alegres inesquecíveis.
85(D) fazem manter vivas recordações violentas.

2. As tardes de domingo passadas no Chiado Terrasse, com a tia Madalena,


foram tão importantes que

90(A) o escritor quer comprar todos os filmes que vira nessa altura.
(B) o escritor dispõe-se a dar tudo para voltar a reviver essas experiências.
(C) o escritor partilha, frequentemente, a alegria então vivida com os amigos.
(D) o escritor resolveu escrever um livro de memórias sobre a infância.

953. António Lobo Antunes apaixonou-se por algumas personagens femininas


dos filmes porque

(A) eram mais belas e irresistíveis que as bonitas atrizes ou as amigas das
primas.
100(B) usavam roupas coloridas, elegantes e modernas e maquilhavam-se bem.
(C) sabiam comportar-se adequadamente em privado e em sociedade.
(D) sabiam ultrapassar eventuais momentos de mau-humor e de embirração.

4. O comportamento das personagens dos filmes animados era de tal forma


105 positivo que o escritor define as histórias como

(A) vulgaridades.
(B) prazeres.
(C) oportunidades únicas.
110(D) milagres.

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Conto Contigo7

Grupo II
Texto B

Lê o excerto de Dentes de Rato, de Maria Agustina Bessa-Luís.


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O pai

O pai era uma pessoa amável e que se levantava


tarde. Parecia uma visita, e a mãe tratava-o com muito
125respeito. Lavava-lhe os pés e preparava-lhe comida especial.
Ele nunca falava alto. Tinha até uma voz rouca, que se ouvia
mal. Tinha o direito de encher a banheira até à borda e de
demorar no banho uma manhã inteira. Nunca estava para
jantar e saía sempre às cinco da tarde, vestido como outros
130faziam para ir à missa.
Às vezes trazia presentes fabulosos; mas nunca se lembrava dos anos de ninguém.
Eram as criadas que cobriam de flores as cadeirinhas altas de Lourença e de Falco,
quando eram mais pequenos; elas davam-lhes prendas que traziam do mercado, junto
com as compras. O pai e a mãe não reparavam naquilo. De repente aparecia uma
135bicicleta em casa, ou uma bola de cores; mas parecia que ninguém trazia aquilo, e não
dava gosto encontrar essas coisas. Lourença partia as bonecas sem saber como. Não
duravam nada nas mãos dela, e era o mesmo com os outros brinquedos.
- És um espírito de destruição – dizia a mãe. Dentes de Rato não percebia o que
ela queria dizer. Também não percebia como as bonecas caíam tão facilmente das
140mãos dela. Segurava-as com todo o cuidado, apertava-as mesmo contra o peito, e elas
caíam da maneira mais desastrosa. Serafina, que fora ama da mãe, escondia os cacos
durante algum tempo e calava-se. Mas as coisas sempre acabavam por ser
descobertas.
- Não há crime perfeito – dizia Falco.
145 - Porquê? – Lourença queria saber porquê.
- Porque não há. – Falco, como era costume, passava o inverno na cama e
estava entretido a folhear o seu álbum de selos. Era outro presente do pai, mas Falco
não se interessava nada com aquilo. Preferia jogar as cartas e fazia batota quando
podia. Lia revistas policiais e deixava que Lourença as lesse, mas só quando ele
150próprio as tinha lido até à última linha, o que demorava muito tempo. Como sabia o

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desfecho, não era possível que ficasse calado e descobria tudo. Dentes de Rato tapava
os ouvidos; gostava de adivinhar as coisas, e não havia nada que mais a aborrecesse
do que revelassem os segredos que ela mesmo devia perceber. Ninguém ensina tão
bem como a necessidade; aquilo que se aprende antes do tempo não se aprende
155verdadeiramente, só se acumula na cabeça. Mas o coração não toma parte.
O pai era uma pessoa diferente doutra qualquer. Sentava-se à cabeceira da
mesa e, quando não estava, ninguém podia ocupar-lhe o lugar. Lourença olhava para o
sítio vazio e, de repente, a comida não passava e os olhos cresciam por dentro com a
chegada das lágrimas. Depois acalmava. Não gostava de chorar; achava uma perda de
160tempo, porque as coisas não se arranjavam com o choro. Marta chorava por tudo e por
nada, e conseguia que as pessoas se interessassem por aquilo que ela queria. Mas
Lourença ficava humilhada só com a ideia de inspirar pena a alguém.
Agustina Bessa-Luís, Dentes de Rato, Guimarães Editores, 2012.

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Responde, de forma completa e bem estruturada, às questões que se seguem.

1. No início do texto, o narrador apresenta-nos o pai de Lourença como sendo uma


pessoa que gozava de determinadas regalias, atualmente pouco usuais.
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1.1. Indica-as e justifica a tua resposta.
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175 1.2. Explica o significado da comparação “Parecia uma visita” (linha 2).
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1.3. Tendo em conta a caracterização apresentada no excerto exprime a tua
opinião sobre este tipo de pai.
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1.4. «- És um espírito de destruição – dizia a mãe.» (linha 16)
Relaciona o significado desta afirmação da mãe com a reação posterior de
Lourença.
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2. No último parágrafo, o narrador refere que Lourença e Marta se emocionavam.

190 2.1. Salienta a diferença na forma como as duas irmãs encaravam o choro.
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2.2. Explica o significado da frase “Lourença ficava humilhada só com a ideia de
inspirar pena a alguém.” (linha 40)
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Grupo III
200 Gramática

1. Identifica os constituintes das frases que desempenham a função sintática


de predicativo de sujeito.
a) O pai era uma pessoa amável e levantava-se tarde.
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b) Serafina fora ama da mãe e escondia os cacos durante algum tempo.
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2. Reescreve as frases substituindo as expressões destacadas por um único
210 pronome pessoal.
a) Lourença partia as bonecas.
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b) As coisas acabavam por ser descobertas.


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c) Os pais davam presentes aos filhos.


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220 d) Falco fará sempre batota.


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2.1. Reescreve as frases obtidas na negativa.


a) ________________________________________________________
b) ________________________________________________________
230 c) ________________________________________________________
d) ________________________________________________________

3. Preenche os espaços com as formas verbais nos tempos e modos indicados.

235 a) Pretérito Imperfeito do Indicativo


Lourença e os irmãos _______________ (ter) características diferentes.
b) Pretérito Mais-que-Perfeito composto do Indicativo
Nunca ninguém _______________ (ocupar) o lugar do pai à mesa.
c) Pretérito Perfeito do Indicativo
240 Falco _______________ (deixar) sempre Lourença ler as suas revistas.
d) Futuro do Indicativo
A mãe _______________ (tratar) sempre do pai com cerimónia.

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Grupo IV
Escrita

Escreve um texto narrativo sobre um dia de aniversário passado em família.


265O teu texto deve incluir uma breve descrição de um elemento da tua família que
se caracteriza pela alegria e boa disposição. Deves escrever entre 100 e 180 palavras.

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Bom trabalho! 😊

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