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RAY, Sonia.

Pedagogia da Performance Musical, Capítulo III: Os Termos


Pedagogia, Didática, Ensino, Método e Técnica a Perfomance Musical. Goiânia: Ed
Espaço Academico, 2019. P. 47 a 56.

“[...] a contextualização dos termos [...] é indispensável no planejamento de ensino da


performance musical.”
“[o resultado artístico] apenas ocorrerá se a técnica não for estudada de forma isolaa do
contexto artístico-musical a qual serve”.

No capítulo 3, Sonia Ray expõe as diferenças conceituais entre pedagogia,


didática, ensino e método voltados à area de performance musical, levando em
consideração que a melhor compreensão de tais conceitos e sua aplicabilidade podem
otimizar suas aplicações no processo pedagogico de música e sua performance.
Para a autora, pedagogia refere-se tanto ao ensino quanto às bases filosóficas
que norteiam sua teoria e prática enquanto que a didática compreende as relações
existentes entre ensinar e aprender (RAY, 2019, p. 48). Assim, o ensino apresenta-se
como “a ação que se quer estudar e realizar por meio da didática”, estando o conteúdo
organizado pela atividade de ensinar e ambos sob domínio do professor. Diante disso,
ressalta que a performancel musical, tanto no ambiente escolar quanto em ambientes
informais e suas práticas educativas, é de natureza interdisciplinar e acontece na relação
que se estabelece entre os elementos que a constituem e que se encaixam neste tipo de
contexto (RAY, 2019, p. 49) formal e não formal de sua prática.
Desse modo, segundo a autora, método para a performance musical trata dos
materiais didáticos ou processos de estudos progressivos das etapas da formação, assim
como seus procedimentos didáticos, que não são contudo autossuficientes e pressupõem
a intervenção do professor. Para tanto, a autora apresenta diversos exemplos de livros de
estudos de diferentes épocas e então pondera que as demandas do músico prático
ficaram mais distantes do registro escrito, mas que a reflexão não deixou de existir
(IDEM, 2019, p. 54). A técnica então é definida por Ray enquanto o conjunto de
habilidades necessárias para se executar um instrumento, cantar ou reger, e que esta não
trata apenas de ‘etapas a serem cumpridas’, mas de relações interativas entre domínio
técnico, de estilo e de estética, condições emocionais, capacidade de raciocínio e de
expressão, além da condição física de execução, que promovem o avanço progressivo da
qualidade de execução de determinado repertório (IDEM, 2019, p. 55)
A autora pondera que
“O uso sem reflexão dos termos aqui apresentados no exercício pedagógico da
performance musical distancia professores e alunos e um processo eficiente de ensino
aprendizado, gerando concepções equivocadas de quais sejam os caminhos para se atingir o
tão desejado prazer por fazer performance musical de qualidade. Por isso, a
contextualização dos termos ‘pedagogia’, ‘didática’ e ‘ensino’ é indispensável no ensino da
performance musical.” (RAY, 2019, p. 55)
Em diálogo com o universo do ensino de canto, tais reflexões nos fazem
pensar sobre valores e proporções da utilização de dadas etapas do aprendizado, tal qual
a técnica vocal, no sentido de que ela serve à performance em canto enquanto veículo
execucional, parte formadora do método, mas não o é isoladamente. Bem como Ray
considera em seus escritos, o ensino destas práticas performáticas (dentre elas inclusa o
canto), deve ser contido de saberes estéticos e habilidades execucionais que passam pelo
treinamento cognitivo e físico em construção e aprimoramento da performance em seus
mais diferentes níveis. Assim, para o ensino e formação do performer em canto, é
preciso que o professor, em domínio inclusive prático destas habilidades, avalie e
perceba o momento de aprendizado de seu aluno em busca das práticas educacionais
mais pertinentes à etapa de desenvolvimento que este se encontra, no que se refere às
habilidades físicas, cognitivas e emocionais deste fazer interdisciplinar.

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