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PROFESSORES
1. INTRODUÇÃO
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Acadêmico do curso de pedagogia (2ª graduação) pelo Instituto Souza de Pedagogia Ead.
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professores em concursos públicos? Qual o grau de responsabilidade que deve ser atribuído às
Instituições de Ensino Superior (IES) e quais alternativas para tal problema em questão?
Estimativas apontam que a cada ano, cerca de 300 mil servidores 2 adquirem o direito a
aposentadoria – isso significa, destarte, 300 mil novas vagas para aqueles que se candidatam e
prestam concursos públicos. O grande número de vagas atrai também um significativo
número de participantes que, todavia, além dos questionamentos anteriormente elencados,
ignoram preceitos fundamentais para um bom desempenho em qualquer processo seletivo os
quais detalharemos neste artigo.
Diante do exposto, a presente pesquisa objetiva investigar e tecer considerações acerca
do processo de aprovação em concursos públicos enquanto categoria da formação de
professores.
2. METODOLOGIA
uma prática social que não se faz só, mas que depende do coletivo e implica sempre um norteamento
moral e uma singular concepção de mundo suscitando questionamentos e oportunizando, dessa forma,
respostas para problemas sociais.
Acreditamos que o fenômeno da aprovação em concursos públicos no que diz respeito
à aprovação no magistério é em grande parte sujeito às condições desiguais de ingresso,
seleção e permanência impostas pelo modo de produção capitalista que oportuniza muito mais
candidatos que vagas.
A noção de concurso público surge como fruto das condições materiais de existência
do homem a partir do período helênico e dessa forma, assume diferentes constituições dentro
da dinâmica da humanidade. Conforme Cretella Júnior (1994, p. 455, 460), a seleção dos
indivíduos que estariam aptos ao exercício do serviço público historicamente adotou
diferentes procedimentos de seleção a saber:
Ultrapassando dois séculos desde os primeiros concursos no final do século XIX até o
século XXI, o que se observa é que a adoção de processos de avaliação e aprovação ainda não
apresenta consenso enquanto método ideal para a investidura em cargos públicos, todavia, se
mostra o meio mais utilizado atualmente e que, teoricamente apresenta maior fidedignidade.
A fidedignidade dos concursos públicos, no entanto, hora ou outra suscitou
questionamentos sobre a lisura dos processos com registros históricos que acompanham,
desde os primeiros eventos de tal natureza, problemas estruturais como registra Mancini
(1999, p.41) ao afirmar que: “[...] – em alguns casos significativos não apresentavam
características de neutralidade e sim de protecionismo político.” E ainda reforça tais
afirmativas ao evidenciar o questionamento de candidata que se considerou prejudicada em
relação à outra durante o referido processo no ano de 1884:
O caso anteriormente citado, lamentavelmente não pode ser considerado “um raio em
céu sereno” uma vez que atualmente é comum observarmos denúncias de incorreções e
fraudes em concursos públicos. Desencadeada em Maio de 2017 uma operação policial
denominada “Operação Gabarito” apurou e constatou conforme a página virtual “Edital
Concursos Brasil”, a ação de quadrilhas especializadas em aprovações fraudulentas em cerca
de 80 concursos públicos realizados no país3.
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A reportagem na íntegra está disponível em: <https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/as-maiores-fraudes-em-
concursos-publicos-da-historia-recente>. Acesso em 15 de junho de 2018.
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O Brasil soube escolher o pior dos dois mundos possíveis. Dotado de ensino médio
bastante frágil, optou pelo modelo de profissionalização precoce, que deixou
indelével rastro na sociedade brasileira durante o século XX. Meninos e meninas, de
17 anos, às vezes menos, precisam decidir se serão médicos, advogados, professores,
economistas, cientistas, filósofos ou poetas, opção que lhes assombrará todo o
percurso de estudos universitários. O brasileiro que vai à universidade precisa ter
certeza sobre seu futuro profissional, sua escolha de campo Edson Nunes –
0207/MZG 13 PROCESSO Nº: 23001.000207/2004-10 de saber ao qual dedicará
maiores esforços, quando ainda nem finalizou adequadamente sua preparação para
entender o mundo das distintas ciências, dos variados saberes. O candidato à
educação superior precisa saber que profissão terá, antes mesmo de claramente
entender a complexidade do mundo do conhecimento. É candidato à profissão antes
de ser candidato ao saber.
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Diante do exposto observa-se o primeiro problema que é uma formação inicial com
restrita carga horária pressionada, sobretudo, pela necessidade de alimentação do mercado
capitalista para a formação de trabalhadores, dessa forma, se produz rápido mas se produz
com qualidade duvidosa e o que é pior, professores menos qualificados formam professores
também menos qualificado, num continuum vicioso que necessita ser quebrado.
Outra problemática, a estruturação metodológica dos concursos públicos também
merece críticas: provas na maioria das vezes compostas por questões fechadas dentro de uma
proposta tradicional do eu pergunto e você responde. É verdade que uma questão bem
elaborada exige por parte do candidato, conhecimentos prévios que o permitam sua resolução,
no entanto, a existência da condição do chute possibilita que mesmo desconhecendo o assunto
seja possível acertar questões uma vez que em uma questão fechada com 4 alternativas,
matematicamente e aleatoriamente, existe ao menos 25% de probabilidade de êxito, e, caso o
candidato não conheça a resposta cerca mas conheça duas alternativas impossíveis, a
probabilidade de acerto aumenta para 75%.
Dessa forma, a mescla com adoção de questões discursivas, associado a questões
fechadas e a aulas práticas onde o professor ministra um tema sorteado, semelhante ao que
ocorre em diferentes concursos para a docência na educação superior, apresenta-se como
alternativa interessante4 para o ingresso no magistério.
Principal interessado no processo, o estudante, na condição de candidato, também
deve assumir sua parcial responsabilidade procurando não limitar-se ao conhecimento
oferecido durante as aulas da graduação. Cursos de extensão, encontros, publicações em
revistas, complementações e segundas graduações estão dentre as ricas opções para ampliação
da aprendizagem e dos recursos metodológicos que, indubitavelmente, são diferenciais diante
de concursos públicos, processos seletivos e da prática do ensino de maneira geral.
Dessa forma é necessário frisar que, além de perceber-se como indivíduo ativo dentro
do processo de aprendizagem, o estudante precisa conhecer sua forma particular de
aprendizagem para obter maiores resultados. Conforme Gladwell (2008) em seu polêmico
livro Fora de série, leva-se o equivalente a 10.000 horas para a obtenção do conhecimento
necessário que qualifica um indivíduo como especialista em qualquer área. Dessa forma,
partindo do pressuposto que já na educação básica com a exigência de 200 dias letivos e 800
horas anuais conforme exige a LDB 9394/1996 já alcançaríamos semelhante, distribuídos
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Interessante, todavia, não perfeita uma vez que a análise subjetiva de uma prova discursiva também pode gerar
discussões, todavia, a mesma quando realizada em formato tripartite, com 3 avaliadores, assegurando a lisura e
questionamento por parte do candidato após a divulgação do resultado pode sanar possíveis problemas de
iniquidades e equívocos de análise.
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4. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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