Você está na página 1de 10

DO CONCURSO PÚBLICO À APROVAÇÃO: O DESAFIO DA FORMAÇÃO DE

PROFESSORES

Ronaldo Rodrigues Moises1

O presente trabalho se constitui em exigência obrigatória para a obtenção do título de


licenciado em pedagogia (2ª licenciatura) do Instituto Souza de Educação e presenta como
objetivo científico tecer considerações acerca da preparação para aprovação em concursos
públicos do magistério superior enquanto condição de subitem inerente à categoria de análise
formação de professores. Acredita-se que a preparação formativa tendo como um dos focos a
aprovação em concursos públicos tem sido uma etapa com tratamento negligenciado dentro
do processo de formação dos professores. Utilizou-se de revisão bibliográfica dentro da
perspectiva do materialismo-histórico-dialético considerando o fenômeno observado em três
etapas, preparação, concurso (avaliação) e resultado final. A conclusão é que existem poucas
pesquisas acerca do objeto observado e que, os concursos, engendrados dentro de um
processo de competição inerente ao modo de produção capitalista, o qual prevê muito mais
espaço para desaprovados que eleitos, resulta em um grande exército profissional de reserva,
que é subempregado o que culmina com o reforço da desvalorização da categoria magistério.

Palavras-chave: Concurso público. Formação de Professores. Aprovação.

1. INTRODUÇÃO

Anualmente, milhares de pessoas se inscrevem em concursos públicos de diferentes


áreas e com expectativas variadas que, todavia, podem ser resumidas da seguinte forma: busca
de estabilidade profissional e financeira. O ingresso no restrito grupo de servidores efetivos,
aqueles aprovados mediante concursos públicos, traz consigo a possibilidade de ascensão e
prestígio social, plano de saúde, qualificações custeadas pelo setor público, férias
remuneradas, dentre outras vantagens que tem atraído cada vez maior número de candidatos.
No campo do magistério superior, notadamente, observa-se que a grande maioria dos
inscritos nos concursos públicos não atinge a pontuação mínima estabelecida para aprovação
e posterior ingresso no quadro de servidores públicos (professores) seja em esfera estadual,
municipal ou federal. Tal situação de reprovação maciça, além de preocupante sob o ponto de
vista formativo, suscita questionamentos inerentes à categoria de análise Formação de
Professores dos quais destacaremos os seguintes: A reprovação de grande parte dos
professores é reflexo de uma má formação inicial (graduação) ou denota com maior ênfase
um rígido, tradicional e equivocado processo avaliativo por parte da estruturação
metodológica dos concursos públicos? Por que o conhecimento oportunizado mediante a
graduação não tem sido suficiente, em grande parte dos casos, para a aprovação dos

1
Acadêmico do curso de pedagogia (2ª graduação) pelo Instituto Souza de Pedagogia Ead.
2

professores em concursos públicos? Qual o grau de responsabilidade que deve ser atribuído às
Instituições de Ensino Superior (IES) e quais alternativas para tal problema em questão?
Estimativas apontam que a cada ano, cerca de 300 mil servidores 2 adquirem o direito a
aposentadoria – isso significa, destarte, 300 mil novas vagas para aqueles que se candidatam e
prestam concursos públicos. O grande número de vagas atrai também um significativo
número de participantes que, todavia, além dos questionamentos anteriormente elencados,
ignoram preceitos fundamentais para um bom desempenho em qualquer processo seletivo os
quais detalharemos neste artigo.
Diante do exposto, a presente pesquisa objetiva investigar e tecer considerações acerca
do processo de aprovação em concursos públicos enquanto categoria da formação de
professores.

2. METODOLOGIA

Faremos uso de pesquisa bibliográfica como forma de embasamento. A pesquisa


bibliográfica caracteriza-se, de acordo com Gil (2002, p.45), como método investigativo que
faz uso de levantamento de dados por meio de livros, artigos, periódicos, fotografias e demais
fontes e/ou documentos não especificados e, de acordo com o autor:

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao


investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente [...] A pesquisa bibliográfica também é
indispensável nos estudos históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de
conhecer os fatos passados se não com base em dados bibliográficos.

Partindo do pressuposto que as pesquisas partem a partir daquilo que já foi


socialmente construído em termos de conhecimentos previamente desenvolvidos, a pesquisa
bibliográfica possibilita uma ampla análise e diálogo com diferentes pesquisadores em
diferentes lócus situacionais estabelecendo assim interlocuções, semelhanças e diferenças
diante de um objeto investigado, neste caso o precário foco da formação de professores para o
posterior ingresso em concursos públicos.
Acreditamos, assim como Saviani (1991) que o exercício da prática da investigação
científica por si só já suscitaria contribuições para discussões acadêmicas posteriores, por se tratar de
2
Conforme notícia veiculada pelo caderno de economia do site do jornal Estadão, “Um terço dos funcionários
públicos do Brasil já completou 50 anos. Na prática, isso significa que são quase 2 milhões de servidores
cinquentões, entre os 6,2 milhões de funcionários públicos do Brasil com cargos estáveis na União, nos Estados
e nos municípios. Esse grupo, com direito à aposentadoria nos regimes de Previdência pública, vai atingir a
idade mínima necessária para deixar a ativa ao longo da próxima década, causando enorme pressão sobre os
gastos”. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,quase-2-milhoes-de-servidores-podem-
se-aposentar-nos-proximos-dez-anos,70001923600>. Acesso em: 15 de junho de 2018.
3

uma prática social que não se faz só, mas que depende do coletivo e implica sempre um norteamento
moral e uma singular concepção de mundo suscitando questionamentos e oportunizando, dessa forma,
respostas para problemas sociais.
Acreditamos que o fenômeno da aprovação em concursos públicos no que diz respeito
à aprovação no magistério é em grande parte sujeito às condições desiguais de ingresso,
seleção e permanência impostas pelo modo de produção capitalista que oportuniza muito mais
candidatos que vagas.

3. DA ORIGEM DOS CONCURSOS PÚBLICOS

A noção de concurso público surge como fruto das condições materiais de existência
do homem a partir do período helênico e dessa forma, assume diferentes constituições dentro
da dinâmica da humanidade. Conforme Cretella Júnior (1994, p. 455, 460), a seleção dos
indivíduos que estariam aptos ao exercício do serviço público historicamente adotou
diferentes procedimentos de seleção a saber:

 Sorteio – utilizado durante a Antiguidade clássica até a Idade Média, com


maior destaque entre as pólis gregas Esparta e Atenas quando o cidadão, ou
seja, aqueles que possuíam direito político, poderiam se candidatar ao exercício
de funções.
 Compra e venda: mediante a alienação de uma função do Estado para o
particular através da compra, condição utilizada, sobretudo durante a idade
média, através de títulos de duques, barões etc.
 Herança: que se concretizava através da hereditariedade, isto é posição passada
de pai para filho ex: a condição de senhor feudal.
 Livre nomeação absoluta: com a designação para cargo realizada por um só
indivíduo que em muitos casos se auto intitula.
 Livre nomeação relativa: que exige o desenvolvimento de processo complexo
com a participação de terceiros e vontade de órgão público.
 Concurso público: tal qual o conhecemos mediante a aprovação em provas ou
provas e títulos.

No caso do Brasil, os concursos públicos remontam ainda ao período imperial,


antecedendo até mesmo o surgimento da escola tal qual a conhecemos hoje e os cursos para
formação de professores como registra Mancini (1999).
4

Na condição de colônia imperial que começava a respirar os ideários de


independência, apresentando consigo, ainda que parco, algum desenvolvimento em virtude da
expansão mercantilista, sobretudo em virtude da produção de cana de açúcar e café, tem-se
anunciada, ainda durante o século XVIII, a necessidade de formação ainda que mínima da
população da provável nação que surgia.
De acordo com Tanuri (1969, p. 6-7) a partir do decreto n.6 de 1772:

[...] muito antes que se fundassem as primeiras instituições destinadas a formar


professores para as escolas primárias, vamos observar preocupações no sentido de
selecioná-los. Selecionar mestres, ao invés de formá-los, foi o primeiro cuidado
para garantir professores eficientes [...]. (grifo nosso)

Do conceito “selecionar” observa-se, conforme Tanuri (1969), a preocupação precípua


em “escolher” dentre os interessados aquele que apresentava maiores condições intelectuais,
formativas e técnicas para o exercício da função docente, todavia, o curioso é que tal
propositura antecedeu a própria institucionalização de centros de formação de professores
apresentando dessa forma, o gérmen liberal que atribui ao candidato a “liberdade” – que
deveria ser compreendida mais como “responsabilidade absoluta”, de formar-se por conta
própria isentando, dessa forma, o poder público que encarregava-se, unicamente, de
selecioná-lo.
Conforme Hochman (1987) o primeiro concurso público brasileiro deu-se em 1937
durante o estado novo para o provimento de cargos no extinto Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Industriários (IAPI) acompanhando uma tendência internacional que vislumbrava
a formação de um aparato humano qualificado à serviço da sociedade. Conforme o autor: “O
concurso para o preenchimento dos quadros do IAPI reuniu 5.000 candidatos, número
expressivo para época, realizado a nível nacional no segundo semestre de 1937”.
Indubitavelmente, o número expressivo de 5.000 vagas no concurso de 1937 citado
por Hochman, o qualifica como o pioneiro em número expressivo de vagas, entretanto,
acredita-se que os concursos públicos em nosso país tenham início ainda no século XIX como
nos reporta Mancini (1999) ao registrar que a partir do último quarto do século XIX a
ocorrência de concursos públicos voltados para o preenchimento de professores que iriam
ministrar aulas nas escolas da corte.
A constituição de 1934 deve ser considerada a primeira carta magna brasileira a tratar
claramente sobre os concursos públicos enfatizando, em seus artigos 168 e 170, a condição do
concurso público como recurso para “[...] a primeira investidura” em cargos públicos.
5

Ultrapassando dois séculos desde os primeiros concursos no final do século XIX até o
século XXI, o que se observa é que a adoção de processos de avaliação e aprovação ainda não
apresenta consenso enquanto método ideal para a investidura em cargos públicos, todavia, se
mostra o meio mais utilizado atualmente e que, teoricamente apresenta maior fidedignidade.
A fidedignidade dos concursos públicos, no entanto, hora ou outra suscitou
questionamentos sobre a lisura dos processos com registros históricos que acompanham,
desde os primeiros eventos de tal natureza, problemas estruturais como registra Mancini
(1999, p.41) ao afirmar que: “[...] – em alguns casos significativos não apresentavam
características de neutralidade e sim de protecionismo político.” E ainda reforça tais
afirmativas ao evidenciar o questionamento de candidata que se considerou prejudicada em
relação à outra durante o referido processo no ano de 1884:

Na colocação das duas últimas candidatas classificadas, deram-se irregularidades


para as quaes sou forçado a pedir atenção a V.Ex.a, solicitando providencias que
moralizem o julgamento dos futuros concursos, e até mesmo a anulação do presente
se preciso fôr.[...] Este procedimento incorreto demonstrou à evidência que o dito
examinador, cedendo à pressão do patronato, que se desenvolveu em favor desta
última candidata, como posso assegura a V.Exª, levou sua fraqueza ao ponto de
prejudicar os direitos legítimo da candidata classificada em 4ª logar. Não parou por
ahi a irregularidade[...]

O caso anteriormente citado, lamentavelmente não pode ser considerado “um raio em
céu sereno” uma vez que atualmente é comum observarmos denúncias de incorreções e
fraudes em concursos públicos. Desencadeada em Maio de 2017 uma operação policial
denominada “Operação Gabarito” apurou e constatou conforme a página virtual “Edital
Concursos Brasil”, a ação de quadrilhas especializadas em aprovações fraudulentas em cerca
de 80 concursos públicos realizados no país3.

3.1- Das hipóteses esposadas

Apesar da inegável existência de fraudes, deve-se considerar que, um processo


composto por uma sistematização seletiva que aborde os conhecimentos necessários ao
exercício do magistério em suas diversas nuances, se constitui, para o momento, o método
mais adequado de ingresso no concurso público. A afirmação anterior, no entanto, não
qualifica o concurso público coo mecanismo perfeito havendo, dessa forma, a necessidade de
frisarmos a responsabilidade de todos os membros envolvidos dentro de um concurso público.

3
A reportagem na íntegra está disponível em: <https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/as-maiores-fraudes-em-
concursos-publicos-da-historia-recente>. Acesso em 15 de junho de 2018.
6

Abordando inicialmente o processo de formação de professores, observa-se, no campo


científico, um contingente significativo de pesquisas sobre o aumento do número de pesquisas
sobre formação de professores ratificando assim, sua importância no cenário de investigação
científica. Conforme André (2010, p. 178), “um indicador adicional da constituição da área é
a insistente atenção dos políticos, administradores e investigadores à formação de professores
como peça chave da qualidade do sistema educativo”.
Apesar do grande número de pesquisas sobre formação de professores, ainda é
pequeno o número daquelas que versam sobre a formação voltada para a em concursos
públicos e quais os motivos das reprovações maciças.
Tentando contribuir com a resposta dos questionamentos entendemos que as
reprovações se devem, em parte, a um processo de achatamento dos cursos com tempos cada
vez mais reduzidos para a conclusão do mesmo. Atualmente, um curso de graduação pode ser
obtido em apenas 3 anos o que obriga a sintetização de disciplinas seguramente necessárias
em concursos públicos e, mais que isso, conhecimentos que podem fazer a diferença na
prática docente. Associado à educação superior, observamos uma educação básica que ocupa
uma das piores colocações no mundo conforme relatório PISA (2016) adotando um regime
precoce de ingresso ao mercado de trabalho e condições, sobretudo de permanência na escola,
totalmente brutais que expulsam o filho do assalariado da escola posto que precisa trabalhar
para ajudar no sustento da família, o país monta um exército de subempregados, pois
conforme o parecer CNE/CES nº 8/2007, (p.13-14):

O Brasil soube escolher o pior dos dois mundos possíveis. Dotado de ensino médio
bastante frágil, optou pelo modelo de profissionalização precoce, que deixou
indelével rastro na sociedade brasileira durante o século XX. Meninos e meninas, de
17 anos, às vezes menos, precisam decidir se serão médicos, advogados, professores,
economistas, cientistas, filósofos ou poetas, opção que lhes assombrará todo o
percurso de estudos universitários. O brasileiro que vai à universidade precisa ter
certeza sobre seu futuro profissional, sua escolha de campo Edson Nunes –
0207/MZG 13 PROCESSO Nº: 23001.000207/2004-10 de saber ao qual dedicará
maiores esforços, quando ainda nem finalizou adequadamente sua preparação para
entender o mundo das distintas ciências, dos variados saberes. O candidato à
educação superior precisa saber que profissão terá, antes mesmo de claramente
entender a complexidade do mundo do conhecimento. É candidato à profissão antes
de ser candidato ao saber.
7

Diante do exposto observa-se o primeiro problema que é uma formação inicial com
restrita carga horária pressionada, sobretudo, pela necessidade de alimentação do mercado
capitalista para a formação de trabalhadores, dessa forma, se produz rápido mas se produz
com qualidade duvidosa e o que é pior, professores menos qualificados formam professores
também menos qualificado, num continuum vicioso que necessita ser quebrado.
Outra problemática, a estruturação metodológica dos concursos públicos também
merece críticas: provas na maioria das vezes compostas por questões fechadas dentro de uma
proposta tradicional do eu pergunto e você responde. É verdade que uma questão bem
elaborada exige por parte do candidato, conhecimentos prévios que o permitam sua resolução,
no entanto, a existência da condição do chute possibilita que mesmo desconhecendo o assunto
seja possível acertar questões uma vez que em uma questão fechada com 4 alternativas,
matematicamente e aleatoriamente, existe ao menos 25% de probabilidade de êxito, e, caso o
candidato não conheça a resposta cerca mas conheça duas alternativas impossíveis, a
probabilidade de acerto aumenta para 75%.
Dessa forma, a mescla com adoção de questões discursivas, associado a questões
fechadas e a aulas práticas onde o professor ministra um tema sorteado, semelhante ao que
ocorre em diferentes concursos para a docência na educação superior, apresenta-se como
alternativa interessante4 para o ingresso no magistério.
Principal interessado no processo, o estudante, na condição de candidato, também
deve assumir sua parcial responsabilidade procurando não limitar-se ao conhecimento
oferecido durante as aulas da graduação. Cursos de extensão, encontros, publicações em
revistas, complementações e segundas graduações estão dentre as ricas opções para ampliação
da aprendizagem e dos recursos metodológicos que, indubitavelmente, são diferenciais diante
de concursos públicos, processos seletivos e da prática do ensino de maneira geral.
Dessa forma é necessário frisar que, além de perceber-se como indivíduo ativo dentro
do processo de aprendizagem, o estudante precisa conhecer sua forma particular de
aprendizagem para obter maiores resultados. Conforme Gladwell (2008) em seu polêmico
livro Fora de série, leva-se o equivalente a 10.000 horas para a obtenção do conhecimento
necessário que qualifica um indivíduo como especialista em qualquer área. Dessa forma,
partindo do pressuposto que já na educação básica com a exigência de 200 dias letivos e 800
horas anuais conforme exige a LDB 9394/1996 já alcançaríamos semelhante, distribuídos

4
Interessante, todavia, não perfeita uma vez que a análise subjetiva de uma prova discursiva também pode gerar
discussões, todavia, a mesma quando realizada em formato tripartite, com 3 avaliadores, assegurando a lisura e
questionamento por parte do candidato após a divulgação do resultado pode sanar possíveis problemas de
iniquidades e equívocos de análise.
8

entre as diferentes disciplinas é preciso ressaltar, e que posteriormente observamos no mínimo


de 2400 horas para a educação superior ou 1200 no caso de segunda graduação.
Conforme já registrado, o quantitativo de horas já seria necessário para a obtenção da
expertise de Gladwell, todavia, ressaltamos que na prática, os assuntos acadêmicos são
diversos, quando não antagônicos em virtude da universidade com especiais exceções carecer
de um entendimento orgânico sobre a formação dos professores. Associado a isso, temos um
acadêmico trabalhador que muitas vezes, vê na graduação o seu terceiro ou quarto turno, e
ainda que cansado da luta, esforça-se pois vê no curso superior sua única possibilidade
ascensão social e econômica sua e de sua família .

4. CONCLUSÕES

O desafio na aprovação em um concurso público possui como alternativa de resposta


ações que buscam, mais que ações pontuais, uma proposição orgânica, ou seja, com foco
multifatorial.
Atribuir responsabilidade exclusiva ao estudante, às universidades, ou à metodologia
tradicional dos concursos, consiste em equívoco por observar tão somente uma parte do
problema. A compreensão da totalidade da questão envolve o entendimento, a rigor, que o
modo de produção capitalista com seu discurso liberal falacioso, causa a falsa impressão da
existência de uma meritocracia perfeita onde quem se esforça será sempre vitorioso.
Afirmamos ser falaciosa a proposta da meritocracia do capital, pois, de fato, existem
mais candidatos que vagas e, nem sempre aquele que não alcançou a almejada posição é
“ruim. É necessário que cada um, em especial as universidades, utilizem com propostas
pedagógicas que contemplem a estrutura metodológica dos concursos, também se faz
necessário questionar até que ponto provas com questões fechadas apenas dão conta da
seleção dos candidatos mais aptos.
Aos graduandos e graduados da educação superior, em especial da pedagogia, curso o
qual busco concluir com a presente pesquisa, ratifico a necessidade de busca constante por
atualizações uma vez que o conhecimento é dinâmico e as práticas são superadas em um curto
espaço de tempo. Dessa forma, e dentro de uma ideia de narrativa pessoal a qual nunca é
isolada pois reflete uma totalidade social que se manifesta do modo de ser e agir dos homens,
identifico como principal contribuição de minha segunda graduação (agora em Pedagogia, a
anterior fora em Educação Física) a possibilidade de aprofundamento e maior coerência nas
práticas didáticas dentro do ofício de professor.
9

O rico e atualizado material oferecido, o aporte coerente, ético e critico dos


professores atuantes através de plataforma Ead, além de suscitar uma significativa
aprendizagem, também contribuíram para a desconstrução de um senso comum e preconceito
que, confesso, também possuía, que os cursos à distância apresentavam pouco potencial
formativo. De fato, me sinto um professor mais capacitado para os desafios do dia-a-dia e
com maiores recursos para me sair bem em minha prática e também nos concursos públicos.
Diante do exposto, concluo que é necessário que os estudantes busquem cada vez mais
os conhecimentos socialmente elaborados não se restringindo aos conteúdos das disciplinas
sempre tendo em conta que cada vez mais existirão mais candidatos e menos vagas.

REFERÊNCIAS
10

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n.8, de


31 de janeiro de 2007. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à
integralização e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial.
Brasília, 2007. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/pces008_07.pdf>. Acesso em 16 de junho de
2018.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de
dezembro de 1996.
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de direito administrativo. 13. Ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1994.
GLADWELL, Malcolm. Fora de Série (Outliers). Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
HOCHMAN, Gilberto. Aprendizado e difusão na constituição de politicas: a previdência
social e seus técnicos : 1940-1960.   Imprenta: Rio de Janeiro, Iuperj, 1987.
MANCINI, Ana Paula Gomes. Concursos públicos para admissão de professores no
município da corte: 1876 – 1886. Dissertação de Mestrado em Educação, Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande: MS, 1999.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (MEC). Brasil no PISA 2015: análises e
reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiros / OCDE-Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico. — São Paulo: Fundação Santillana, 2016.
SAVIANI, Dermeval. “Concepção de mestrado centrada na ideia de monografia de
base”. Educação Brasileira: 159-168, 1991.

Você também pode gostar