TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/MCP PROCESSO Nº 31.609/17

ACÓRDÃO

Bote “SHAMMAR-II”. Ficando à deriva durante navegação na área marítima

da bacia petrolífera do Ceará, nas proximidades à cidade de Paracuru-CE,
sem, no entanto provocar acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio
ambiente marinho. Caso Fortuito. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.

Tratam os autos de IAFN, instaurado pela Capitania dos Portos do Ceará,
para analisar e determinar as causas e responsabilidades pelo fato da navegação, previsto
no artigo 14, alínea “b”, da Lei nº 2.180/54, materializado pela deriva, do bote
“SHAMMAR-II” com 9,68 metros de comprimento, 5 AB, classificada para a atividade
de pesca com área de navegação interior de cabotagem 20 milhas náuticas, inscrita no
porto do Ceará, sob o nº 1610065832 de propriedade da Sra. Dionisia de Souza
Rodrigues, ocorrida no dia 08 de novembro de 2016, por volta das 06h30min, durante
navegação na área marítima da bacia petrolífera do Ceará, nas proximidades à cidade de
Paracuru - CE. Com pedido de arquivamento pela D. Procuradoria Especial da Marinha -
PEM (fls. 69 a 71), pelos seguintes fatos e fundamentos.
Consta dos autos que no dia 1º de novembro de 2016, o bote “SHAMMAR-
II” suspendeu da praia da cidade de Paracuru - CE com o Sr. Cesanildo Praciano Carneiro
e Francisco Pereira da Silva, ambos pescadores profissionais, e mais 3 passageiros
desconhecidos, para pescar no litoral de Paracuru.
No dia 07 de novembro de 2016, por volta do meio dia, houve rompimento
dos parafusos que afixavam o cadaste à popa da embarcação, ocasionando a perda do
leme que caiu no mar.
No dia 08 de novembro de 2016, por volta das 06h30min, foi comunicado via
sala de rádio de Atum-3 - PAT-3, o pedido de socorro do bote “SHAMMAR-II” que se
encontrava à deriva no mar. Às 9h do mesmo dia, a lancha “VICTORIA” iniciou o
reboque do referido bote até o píer da Petrobras em Paracuru.
Os Peritos, em Laudo de Exame Pericial, (fls. 45 a 49), ilustrado com fotos,

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atestaram que a embarcação estava em boas condições de manutenção e sem avarias e
com a documentação válida.
E concluiram que com os dados disponíveis obtidos através da perícia direta
da embarcação, das informações prestadas pelos entrevistados, bem como, de
informações colhidas dos pescadores da cidade de Paracuru, a causa determinante da
deriva do bote “SHAMMAR-II” foi a perda do leme e de todo o seu sistema decorrente
da ruptura dos três parafusos que afixavam o cadaste à popa da embarcação.
No relatório (fls. 58 a 61), o Encarregado do Inquérito após descrever,
características da embarcação, analisar e transcrever resultado da perícia, resumir os
depoimentos, sequência e consequências do fato, em uniformidade de entendimento com
os peritos conclui que a causa determinante para que ocorresse a deriva do bote
“SHAMMAR-II” decorreu perda do leme e de todo o seu sistema decorrente da ruptura
dos três parafusos que afixavam o cadaste à popa da embarcação, que em consequência
não houve vítima, apenas o prejuízo decorrente da perda do cadaste e do leme e que o
acidente aconteceu por caso fortuito, não havendo responsável direto ou indireto pelo
ocorrido.
Após análise dos autos, a D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM, em
manifestação (fls. 69 a 71), requereu o Arquivamento dos presentes autos, sustentando
“analisados os elementos de prova coligidos, verifica-se que o fato foi de natureza
fortuita, visto que não resultou de comportamento culposo, mas de um acontecimento
possível, de efeito imprevisível e inevitável, razão pela qual, esta Procuradoria, promove
pelo arquivamento do presente IAFN”.
Publicada nota para Arquivamento. Prazos preclusos, sem manifestações de
possíveis interessados.
Decide-se.
De tudo o que consta nos presentes autos, deve-se acolher o pedido da D.
Procuradoria Especial da Marinha - PEM em sua promoção de fls. 69 a 71,
determinando-se o arquivamento dos presentes autos eis que as provas trazidas à colação
dão conta de demonstrar que, o acidente da navegação sob análise, tipificado no art. 14,
alínea “b”, da Lei nº 2.180/54 e suas consequências teve como causa determinante perda
do leme e de todo o seu sistema decorrente da ruptura dos três parafusos que afixavam o
cadaste à popa da embarcação caracterizando assim um evento resultado de natureza

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fortuita.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente da navegação: deriva do bote “SHAMMAR-II” durante
navegação na área marítima da bacia petrolífera do Ceará, nas proximidades à cidade de
Paracuru - CE, sem, no entanto provocar acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio
ambiente marinho; b) quanto à causa determinante: perda do leme e de todo o seu sistema
decorrente da ruptura dos três parafusos que afixavam o cadaste à popa da embarcação,
caso fortuito; e c) decisão: mandar arquivar os presentes autos como requerido pela D.
Procuradoria Especial da Marinha - PEM em sua promoção de fls. 69-71, considerando o
acidente da navegação, previsto no artigo 14, alínea “b”, da Lei nº 2.180/54 como
decorrente de caso fortuito.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 25 de abril de 2019.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA

Juíza Relatora

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.

Rio de Janeiro, RJ, em 13 de setembro de 2019.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO

Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Capitão-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Dados: 2019.10.02 10:48:57 -03'00'