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Resumo:
O propósito deste trabalho é apresentar uma metodologia de projeto otimizado de
embarcações rebocadoras, em alternativa ao clássico processo de evolução por espiral
usualmente empregado no projeto de navios. A metodologia tem como finalidade automatizar e
otimizar cada uma das etapas do projeto, aperfeiçoando o resultado final do produto mediante a
busca de soluções viáveis que minimizem os atributos definidos pelo projetista e atendam aos
requisitos do armador. Por fim é apresentada uma análise da Fronteira de Pareto conceitual
determinada, comparando-a com as embarcações rebocadoras atualmente em operação.
4
porto e o reboque costeiro. Podem-se 3.3 – Rebocadores de alto mar, salvamento
observar informações gerais de rebocadores
Os rebocadores de alto mar e salvamento,
de porto e alto mar na Tabela 2.
por seu tamanho e potência, podem efetuar
reboques oceânicos e dar assistência a navios
Tabela 2 – Rebocadores de porto e alto mar
em perigo no alto mar. Na Tabela 3, têm-se as
Parâmetros informações gerais de rebocadores de alto mar
Rebocadores L B D T Pot. Δ e salvamento.
(m) (m) (m) (m) (HP) (ton)
BOA MASTER 30.00 10.00 5.40 4.48 4000 675 Tabela 3 – Rebocadores de salvamento
ELHAMDAB 30.00 8.84 4.40 4.35 2600 461
Parâmetros
ZEETIJGER 30.08 9.10 4.40 3.20 3344 350
Rebocadores L B D T Pot. Δ
PILBARA NEPTU. 30.60 11.20 5.00 3.81 5000 680 (m) (m) (m) (m) (HP) (ton)
PAWLINA 30.60 11.20 5.00 3.56 5600 635 ADMIRAL S 41.45 11.12 5.84 4.97 5750 980
KARLOO 30.60 11.24 5.00 3.45 5600 597 CCS 1 42.00 10.00 4.20 3.00 3200 839
AKHILL 30.82 10.20 4.80 3.75 4520 664 SIR MICHAEL 42.42 11.14 5.55 4.65 4300 1104
VENTSPILS 30.82 10.20 4.80 3.84 3500 686 AL SALAAM 45.70 11.22 4.90 4.04 4000 1135
KIBOKO II 30.82 10.20 4.80 3.60 4626 525 WARRIS 45.70 11.22 4.90 5.12 7268 1458
SULTAN HABIB A. 30.82 10.20 4.80 3.68 4750 602 CCS 4000BHP 57.62 12.00 5.00 4.20 4000 1852
SMIT OWENA 30.82 10.20 4.80 3.88 4930 640 ATRIYA 58.55 12.67 5.90 4.69 3000 1615
HELIOS 31.91 8.84 4.40 3.95 4750 624 AGAT 58.55 12.67 5.90 4.69 3000 1651
LAMNALCO PUM. 32.14 13.29 5.50 4.62 6530 998 STLS1423 60.52 12.80 5.03 4.27 6140 2398
SMIT PANTHER 32.14 13.29 5.50 4.93 7268 1035 KAPITAN KLYU. 72.50 13.64 7.20 5.96 6800 2786
STANFORD 32.22 11.24 5.00 4.15 5310 840 SPRAVEDLIVYJ 74.41 18.32 9.00 6.70 7600 4388
SMIT LYNX 32.22 11.24 5.00 4.07 5605 790 SMIT LONDON 74.83 15.68 7.60 6.79 13494 4821
SMIT RIO MUNI 32.22 11.24 5.00 4.16 5605 804 SINGAPORE 75.32 15.68 7.60 6.80 13500 4819
BULGU 32.70 12.82 5.35 4.10 5600 772 DE ZHOU 89.96 17.20 8.50 6.80 15866 6850
MULTRATUG 19 32.70 12.82 5.35 4.10 6772 806 DE HONG 96.37 16.40 8.40 6.92 15437 6004
MARS 33.00 11.00 5.30 4.10 3594 737 DE DA 98.00 15.80 8.00 6.44 20800 6294
SMIT MANDJI 35.26 8.85 4.40 3.76 3959 678 SB‐131 99.00 19.45 9.00 7.20 24120 980
SARAH‐1 35.53 8.84 4.40 3.24 4136 570 Fonte: Tug of the World (2007), SVITZER-COESS (2012),
1402.0049 35.59 8.18 2.80 2.50 2640 346 DAMEN (2012) e RS (2012).
CCS 3 36.02 10.60 4.80 3.60 5000 630
ALEXANDER K 38.91 9.82 5.50 4.83 4000 1035 Dos dados levantados, podem-se
Fonte: Tug of the World (2007), SVITZER-COESS (2012), determinar algumas características típicas dos
DAMEN (2012) e RS (2012). rebocadores de salvamento:
BHP / NC (HP/m^3)
4.00
Potência por unidade de volume em função 3.00
do ano de construção
6.0 2.00
5.0 1.00
BHP / NC (HP/m^3)
4.0 0.00
0 20 40 60 80 100
3.0
Com prim ento (m )
2.0
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
1.0
Figura 8 – Relação entre a potência instalada
0.0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 e o número cúbico da embarcação em função
Ano de Construção
do comprimento para as diferentes classes de
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
rebocadores.
0.40
Cb = 0.0021 * L + 0.506 40
0.30
0.20 20
0.10
0.00 0
0 20 40 60 80 100 0 500 1000 1500 2000 2500
Com prim ento (m ) Deslocam ento (ton)
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
100
Bollard Pull (ton)
80
60
20
3.4.2 – Bollard Pull e potência instalada Figura 16 – Bollard Pull em função do número
cúbico da embarcação.
Um dos aspectos mais importantes a cerca
do projeto de rebocadores diz respeito a sua Novamente observa-se que a capacidade
capacidade de reboque. de reboque de uma embarcação é
Embora a capacidade de reboque dependa proporcional ao seu porte.
de vários fatores, como por exemplo, o Por fim, o estudo apresentado na Figura
diâmetro do propulsor, é possível estabelecer 17, permite observar que existe uma relação
uma correlação entre o deslocamento e o direta entre a potência instalada na
Bollard Pull de um rebocador. embarcação e sua capacidade de reboque. É
No gráfico da Figura 15 é apresentado o interessante observar que esta relação
Bollard Pull em função do deslocamento para independe do porte do rebocador, sendo a
os rebocadores selecionados no mesma para rebocadores portuários, de alto
levantamento de dados. mar e de salvamento.
8
Bollard Pull em função do BHP amplamente utilizado para tratar problemas
300
com múltiplos objetivos.
250
BP = 0.0107 * BHP + 6.9406
R2 = 0.95 4.1 – Variáveis
Bollard Pull (ton)
200
Durante a fase do projeto
150
conceitual/preliminar do rebocador portuário, a
100 solução de projeto será descrita unicamente
por meio de suas dimensões geométricas e
50
coeficientes de forma.
0 Esses parâmetros descritivos constituem as
0 5000 10000 15000 20000 25000 variáveis de projeto do modelo de síntese
Potência Instalada (HP) proposto e são apresentados na Tabela 4,
Bollard Pull em função do BHP juntamente com suas respectivas faixas de
120 variação, obtidas por meio do levantamento
bibliográfico.
100
BP = 0.0107 * BHP + 6.9406
Bollard Pull (ton)
R2 = 0.95
80 Tabela 4 – Variáveis de Projeto
60 Variáveis
Símbol
o Minimo Máximo
40 Descrição
(m) (m)
20 L Comprimento 10 100
B Boca 5 30
0
0 2000 4000 6000 8000 T Calado 1 15
Potência Instalada (HP) D Pontal 1.5 15.5
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento Cb Coeficiente de Bloco 0.4 0.7
Figura 17 – Bollard Pull em função da
potência instalada na embarcação. É importante observar que as faixas de
valores das variáveis de projeto, embora se
baseiem nos dados de navios semelhantes,
4 – Modelo de síntese não constituem restrições absolutas do
modelo. Caso as soluções encontradas
Conforme já apresentado, a maioria dos estejam nos limites da região viável convém
problemas de engenharia naval e oceânica expandi-la, reavaliando os resultados obtidos.
envolve critérios conflitantes. Grande parte
dos projetos se baseia na espiral de projeto, 4.2 – Atributos avaliados
que resulta numa solução viável, mas não
ótima. Num mercado onde se exige cada vez Nesta secção são apresentados os
mais eficiência, as técnicas de otimização se atributos avaliados pelo modelo de síntese
inserem como uma importante ferramenta na proposto.
busca de uma solução ótima global, achando
um ponto de equilíbrio, no qual há 4.2.1 – Estabilidade
compromisso entre os critérios conflitantes. Para a avaliação da estabilidade estática
Primeiramente, foi desenvolvido um transversal, utilizou-se as clássicas
modelo de síntese onde os principais atributos formulações propostas por WATSON (1998) e
da embarcação, como o deslocamento e que são apresentadas nas equações de 1 a 5.
Bollard Pull, são determinados a partir dos
parâmetros e variáveis de projeto.
KB =T * (0.9 - 0.3 * Cm - 0.1 * Cb) (1)
O conceito de projeto paramétrico de
embarcações é bastante conhecido e pode KG = 0.76 * D (2)
ser visto em diversos trabalhos tais como
MISTREE et al. (1990), PARSONS (2004) e o BM = C1 * Lwl * B ^ 3 / Δ (3)
recente trabalho de XUEBIN (2009). C1 = 0.0727*Cwp² + 0.0106 * Cwp - 0.003 (4)
Finalmente, uma técnica de otimização
multiobjetivo foi aplicada ao modelo de Cwp = 0.262 + 0.81 * Cp (5)
síntese por meio do algoritmo de natureza Onde:
evolutiva NSGA-2, originalmente proposto por Cm representa o coeficiente da secção mestra.
DEB ET AL.(2000). Este algoritmo tem sido Cp representa o coeficiente prismático.
Cwp representa o coeficiente da área de linha d’água.
9
4.2.2 – Potência instalada (BHP) A aplicação das formulações (9) e (10)
pode ser visto na figura abaixo.
Existem diversas formulações para a
estimativa da potência instalada (BHP) de um
BHP em função do numero cubico
rebocador. 14000
As propostas mais clássicas tentam
correlacionar a potência instalada de um 12000
BHP
6000
4000
(GERR, 2001)
4.15 (6)
BHP = 100 + ( Lwlf ) / 111000 2000
0
(ALLAN, 2005)
(7) 0 2000 4000 6000 8000 10000
BHP = (95.3 * L) – 597 NC (m ^3)
Porto (ALLAN, 2005)
Porto e Alto Mar (ALLAN, 2005)*
(ALLAN, 2005)*
(0.1002 * L) (8) Alto Mar e Salvamento
BHP = 127.25 * E
Figura 19 – Potência instalada (BHP) em
Onde: função do número cúbico da embarcação.
Lwlf representa o comprimento molhado medido em
pés e foi estimado como sendo 90% do comprimento total
do rebocador.
Embora os resultados sejam melhores do
que as formulações anteriores, apenas a
Conforme pode ser visto no gráfico da formulação (9) apresentou bons resultados e
Figura 18, nenhuma das formulações apenas na determinação da potência instalada
propostas representa corretamente os dados para navios com NC menores do que 3000 m3.
existentes para os rebocadores construídos Analisando os dados apresentados nos
nos últimos 25 anos. gráficos das figuras 18 e 19, percebeu-se que
a potência instalada independia do
BHP em função do Comprimento comprimento da embarcação. Por essa razão
14000 o autor propõe que, ao invés do NC seja
utilizado o produto da boca pelo pontal da
12000
embarcação na determinação da potência
10000
instalada no rebocador.
8000 A relação da potência instalada em função
BHP
6000
do produto B * D da embarcação pode ser
vista no gráfico da figura abaixo.
4000
6000
Figura 18 – Potência instalada (BHP) em
função do comprimento da embarcação. 4000
2000
Um segundo conjunto de formulações,
apresentado a seguir, segue na linha de 0
0 20 40 60 80 100 120
(LAMB, 2003) e propõe correlacionar a
Boca * Pontal (m ^2)
potência instalada com o número cúbico (NC)
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
do rebocador.
(ALLAN, 2005)
Figura 20 – Potência instalada em função do
(9) produto boca e pontal da embarcação.
BHP = 1.958 * NC + 304
Peso (ton)
4.2.4 – Velocidade em corrida livre 80
60
Uma segunda estimativa da velocidade do
rebocador em corrida livre foi obtida utilizando 40
R2 = 0.89
(ton^2/3 * nos^3 / HP)
120 10
Peso (ton)
100 8
80 6
60
4
40
2
20
0
0
0 20 40 60 80 100
0 500 1000 1500 2000
Potência (HP)
Com prim ento (m )
Caterpillar Wartsila MAN Parsons
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
Figura 22 – Peso do motor em função da
Figura 21 – Coeficiente de Almirantado em potencia fornecida.
função do comprimento da embarcação.
R2 = 0.82
2500 complexidade do modelo e não representaria a
2000 atual tendência da presença de duplo fundo
1500
entre os rebocadores modernos.
A espessura mínima requerida para cada
1000
uma das chapas e conveses é obtida por meio
500 do gráfico especifico para o projeto de
0 rebocadores portuários, apresentado na figura
0 1 2 3 4 5 6 abaixo.
Pontal (m )
Capacidade de Combustivel
Combustivel = 3.460E-05 * Δ^2 + 0.1668 * Δ
400
R2 = 0.99
está associada ao arranjo e a estabilidade
avariada da embarcação. No caso dos 300
(m^3)
rebocadores, foi assumido que a distância
200
entre anteparas corresponde ao comprimento
da praça de máquinas, o qual foi estimado a 100
partir dos navios semelhantes.
0
0 500 1000 1500 2000
4.2.8 – Integração casco hélice motor Deslocam ento (m ^3)
Esse processo consiste em se determinar Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
o ponto de operação do motor, partindo da
potência consumida pelo casco, e analisando Figura 26 – Capacidade de combustível em
a eficiência do propulsor. função do comprimento da embarcação.
Tradicionalmente, essa integração é feita a
partir do emprego das curvas Kt e Kq do
propulsor. O modelo de síntese construído 4.2.11 – Comprimento entre perpendiculares
considera apenas os hélices da série B- Analisando-se os dados de navios
Troost, já que esta é uma das séries mais semelhantes observa-se uma excelente
utilizadas e cobre uma grande faixa de correlação entre o comprimento total dos
aplicações. Eventualmente, poder-se-ia rebocadores e seu comprimento entre
considerar qualquer outro propulsor que fosse perpendiculares. Essa relação é apresentada
de interesse do projeto. na figura abaixo.
Assim, partindo-se dos dados do motor, do
diâmetro do propulsor e da curva de Comprimento entre Perpendiculares em função
resistência ao avanço é determinado o do Comprimento Total
coeficiente de avanço (J) para a condição de 90
50
Embora, conforme já mencionado, a 40
capacidade de manobra seja uma 30
característica importante para a avaliação de 20
desempenho de um rebocador, esta se deve 10
muito mais aos equipamentos e sistemas de 0
governo do que do projeto 0 20 40 60 80 100
Loa (m )
conceitual/preliminar da embarcação. Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
Ou seja, a capacidade de manobra de um
rebocador é mais influenciada pelas Figura 27 – Comprimento entre
características do leme, a existência de bow perpendiculares em função do
thrusters, hélices azimutais, etc., do que pelas comprimento total da embarcação.
características geométricas do casco da
embarcação. Por essa razão, esse atributo
não será avaliado diretamente pelo modelo de 5 – Projeto otimizado
síntese proposto.
Entre os diversos atributos avaliados pelo
modelo de síntese descrito na secção anterior,
4.2.10 – Capacidade de combustível
foram definidos dois atributos para servirem de
A estimativa da capacidade de combustível critério na avaliação das soluções de projeto: o
foi realizada com base nos dados obtidos de deslocamento e a capacidade de reboque
navios semelhantes. (Bollard Pull).
13
Conforme visto na Figura 15, o objetivo de Bollard Pull por unidade de potência em função
minimizar o deslocamento da embarcação é 22
da Densidade de Potência
Potência (kg/kW)
18
conjunto de soluções que representem um
balanço entre esses dois atributos. 16
14
5.1 – Objetivos
12
Nesta secção serão apresentados os
10
atributos do rebocador que serão utilizados 200 300 400 500 600 700
como critérios de qualificação e otimização Densidade de Potência (kW/m ²)
das soluções propostas.
Figura 29 – Determinação do Bollard Pull em
5.1.1 – Deslocamento função da densidade de potência instalada.
Fonte: (MAN, 2012).
O primeiro objetivo a ser analisado no
projeto será o deslocamento do navio, sendo
É importante observar que o modelo
que este pode ser determinado pela equação:
proposto pressupõe um sistema propulsor
composto por dois eixos paralelos de mesmo
Δ = Lwl * B * T * Cb (6) diâmetro.
Para a utilização do gráfico da Figura 29, é
Onde:
Lwl representa o comprimento molhado e foi estimado
necessário determinar a densidade total da
como sendo 90% do comprimento total do rebocador. potência instalada, a qual é função da potência
dos motores e do diâmetro do propulsor:
A minimização do deslocamento está
associada a redução do peso leve e
Densidade
eventualmente ao custo de fabricação e
de Potência = SHP / (π / 4 * Dprop² ) (7)
operação da embarcação, além de
representar menor massa inercial a ser Onde:
movida durante as manobras da embarcação. Dprop é o diâmetro do propulsor (m).
A influência do deslocamento na SHP é a potência disponível nos eixos propulsores
capacidade de manobra do rebocador pode (kW),
foi estimado como 0.97 da potência instalada.
ser vista no gráfico da figura abaixo.
Para verificar a aderência do modelo
proposto, as informações dos barcos
disponíveis foram comparadas as estimativas
realizadas. Os resultados são apresentados na
figura abaixo.
120
100
Figura 28 – Influência do deslocamento na
Bollard Pull (ton)
de (NOMOTO, 1960). 60
40
20
5.1.2 – Bollard Pull
0
O segundo objetivo será o Bollard Pull, o 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69
qual foi modelado segundo o trabalho de MAN Rebocador
(2012), e pode ser calculado por meio do Valor Estimado Valor Real
14
O gráfico da Figura 30 está dividido em 3 5.2.1 – Restrições de arranjo
grupos de dados: O primeiro correspondendo
O projeto do rebocador está diretamente
as embarcações portuárias, o segundo aos
associado ao arranjo da praça de máquinas.
rebocadores de porto e de alto mar e o último
O modelo proposto estima a potência
correspondendo ao rebocadores de alto mar e
instalada a partir do porte da embarcação.
salvamento.
Essa relação está eventualmente associada a
Os resultados obtidos apresentam um erro
relação existente entre a potência fornecida e
médio de 6.6% representando uma aderência
as dimensões geométricas dos motores.
suficientemente boa para serem utilizados na
No entanto, o arranjo típico da praça de
metodologia proposta.
maquinas somente é viável se certas
É importante considerar que este modelo
proporções geométricas forem respeitadas,
de predição já considera a existência de dutos
permitindo assim a instalação correta dos
nos propulsores. Segundo (MAN, 2012), o
motores e demais equipamentos.
rendimento de um hélice com duto na
Para assegurar esse arranjo, foram
atividade de reboque pode ser de 25% a 40%
incluídas duas restrições (R12 e R13),
superior ao sistema sem duto.
apresentadas nas Figuras 31 e 32, que
Por outro lado, a existência do duto
relacionam os valores mínimos admissíveis de
aumenta o arrasto do rebocador em corrida
B e D em função da potência instalada na
livre. Por essa razão alguns rebocadores de
embarcação.
alto mar e salvamento (que precisam realizar
longas viagens em alto mar) não apresentam
Boca em função da potência instalada
dutos, sendo justamente nesses casos os
20
maiores erros do modelo desenvolvido para a 18
predição da capacidade de bollard pull. 16
14
5.2 – Restrições
Boca (m)
12
10
O projeto de um navio está sujeito a 8
restrições que vão desde os requisitos do 6
armador até restrições de construção e 4
B min = -1.776E-08 * BHP2 + 1.059E-03 * BHP + 4.235
modelagem. 2
0
0 2500 5000 7500 10000 12500 15000
5.2.1 – Restrições explícitas BHP
Porto Porto e Alto Mar Alto Mar e Salvamento
O primeiro grupo de restrições está
relacionado a faixa de variação admissível Figura 31 – Restrição de boca em função da
para cada uma das variáveis de projeto. potência instalada na embarcação. (R12)
Essas restrições são chamadas de restrições
explicitas e foram apresentadas na Tabela 4.
É importante observar que essa faixa de Pontal em função da potência instalada
valores não deve ser muito restritiva para não 10
condicionar as soluções determinadas pelo 9
processo de otimização, fornecendo apenas 8
7
uma restrição preliminar para o inicio do
Pontal (m)
6
processo.
5
Inicialmente o modelo considerava o 4
coeficiente de bloco (Cb) como uma variável 3
de projeto. No entanto, o modelo de síntese 2
D min = -8.889E-09 * BHP2 + 5.102E-04 * BHP + 1.916
construído indica que o Cb não influência no 1
15
Ao se minimizar o deslocamento, o 1984). No caso dessas restrições serem
processo resultava na óbvia convergência ao violadas, a avaliação da resistência ao avanço
menor valor de L/B admissível, pois, no da embarcação deve ser feita a partir do
modelo desenvolvido, o comprimento não emprego de outro método, como por exemplo,
resultava em aumento da capacidade de a simulação numérica computacional.
reboque do rebocador.
Para contornar esse problema o autor Tabela 6 – Faixa de validade dos métodos
sugere duas alternativas: a inclusão da
formulação proposta na Figura 19, que estima Parâmetro Sigla Mínimo Máximo
a potência instalada no rebocador com base Número de Froude R6 Fn 0.00 0.55 (*)
(HOLTROP, 1977)
no número cúbico, ou a inclusão de uma Coeficiente Prismático R15 Cp 0.55 0.85
restrição de mínimo comprimento admissível. Coeficiente de Bloco R16 Cb 0.4 0.8
Na ausência de informações sobre o
Boca / Calado B/T 2.1 4.0
comprimento requerido pela praça de
máquinas em função da potência instalada, a Comprimento / Boca R18 L/B 3.9 14.9
alternativa foi a substituição da predição da Comprimento R10 L ‐ 100 m
(DNV,
2012)
potência instalada em função do produto B * Altura Duplo Fundo 1.0 m ‐
D, pelo modelo preditivo baseado no número Raio do Bojo R11 ‐ T
cúbico.
Sistema de eixo duplo ‐ ‐ ‐
(MAN,
2012)
5.2.2 – Restrições funcionais Existência de duto ‐ ‐ ‐
A seguir encontram-se as restrições Comprimento / Boca R17 L/B 2.2 ‐
referentes aos requisitos normativos, as quais
Semelhantes
Comprimento / Boca R18 L/B ‐ 5.5
estão listadas na Tabela 5. Essas são as
Navios
17
7 – Resultados Bollard Pull em função do Deslocamento
300
Por essa razão, um estudo inicial do 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Deslocam ento (m ^3)
problema foi feito a partir de uma busca Sobol Viáveis
70
60 Wstell Massa da Estrutura (ton) 46.7 383.9
50
40
Gsteel Pos. Vertical do Centro Estrutural (m) 1.88 3.80
30 BL Borda Livre 1.65 2.96
20
Carga ou Lastro (ton) 5.9 375.6
10
0 (*) Foi considerado um limite de 1200 m3 de deslocamento, para
0 200 400 600 800 1000 1200 que a solução encontrada estivesse na categoria de reboque
Deslocam ento (m ^3) portuário.
NSGA2 - 200 Gerações NSGA2 - 120 Gerações
NSGA2 - 80 Gerações NSGA2 - 40 Gerações
Por fim, apresenta-se na Figura 39 uma
Figura 38 – Fronteira de Pareto comparação entre a Fronteira de Pareto
estabelecida e os pontos obtidos através do
Sobol de exploração da região viável.
(5)
A aplicação das técnicas de otimização (NSGA2), busca
exploratória (Sobol) e análise de correlação foram feitas com o
auxílio do programa modeFrontier.
19
Bollard Pull em função do Deslocamento Boca em função do Deslocamento
300 20
18
250 16
14
Bollard Pull (ton)
200
12
Boca (m)
150 10
8
100
6
50 4
2
0 0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 0 200 400 600 800 1000 1200
Deslocam ento (m ^3)
Deslocam ento (m ^3)
Sobol Viáveis Fronteira de Pareto
Rebocadores Reais Pareto - Baixo Deslocamento
Pareto - Médio Deslocamento Pareto - Alto Deslocamento
Figura 39 – Comparação entre a Fronteira de
Pareto e o Sobol exploratório Figura 40c – Comparação dos barcos reais e
da Fronteira de Pareto (Boca)
7.3 – Avaliação da Fronteira de Pareto
Nesta secção são comparadas, na Figura Calado em função do Deslocamento
40, as embarcações existentes, apresentadas 6
3
Bollard Pull em função do Deslocamento
2
100
1
80
0
Bollard Pull (ton)
5
Pontal (m)
4
Comprimento em função do Deslocamento 3
60
2
50 1
Comprimento (m)
40 0
0 200 400 600 800 1000 1200
30 Deslocam ento (m ^3)
Rebocadores Reais Pareto - Baixo Deslocamento
20
Pareto - Médio Deslocamento Pareto - Alto Deslocamento
10
Figura 40e – Comparação dos barcos reais e
0 da Fronteira de Pareto (Pontal)
0 200 400 600 800 1000 1200
Deslocam ento (m ^3)
A análise dos resultados permite concluir
Rebocadores Reais Pareto - Baixo Deslocamento
que o modelo de síntese desenvolvido e
Pareto - Médio Deslocamento Pareto - Alto Deslocamento
apresentado neste artigo forneceu resultados
Figura 40b – Comparação dos barcos reais e extremamente coerentes com a realidade dos
da Fronteira de Pareto (Comprimento)
20
rebocadores portuários atualmente em meio de um problema de otimização
operação. multiobjetivo.
Os rebocadores projetados por meio da Apresenta-se a construção de um modelo
metodologia de otimização apresentaram de síntese e os resultados da Fronteira de
valores maiores de Boca e Pontal quando Pareto para o projeto de rebocadores de
comparados aos rebocadores atualmente em máximo Bollard Pull e mínimo deslocamento.
operação. Por outro lado os rebocadores Os resultados da Fronteira de Pareto
projetados apresentam menores valores de conceitual são então comparados aos dados
Calado. referentes as embarcações reais analisadas.
A seguir é apresentada na Figura 41 a É importante observar que todas as
dispersão das variáveis e atributos das embarcações consideradas no levantamento
soluções da Fronteira de Pareto para o projeto de dados foram analisadas e consideradas
otimizado de rebocadores. viáveis segundo o modelo de síntese
desenvolvido e apresentado nesse artigo.
Como recomendação futura, busca-se uma
melhor modelagem do Coeficiente de Bloco do
rebocador portuário. Eventuais variações entre
os dados de embarcações reais e o modelo
preditivo devem-se, em grande parte, a
variabilidade do Coeficiente de Bloco.
9 – Referências Bibliográficas
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22