Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESTABILIDADE DINÂMICA
verticais diferentes.
198
energia específica para os limites determinados são os chamados critérios de estabilidade.
Esses critérios de estabilidade são determinados pelas autoridades com ingerência na
segurança da navegação, sendo que a IMO recomendou os critérios de Rahola, (Eng. Naval
finlandês, que defendeu tese de mestrado sobre critérios mínimos de estabilidade), sendo que
essa recomendação se transformou em lei na Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Espanha,
etc. A Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana, 1974, foi emendada na
parte de carregamento de grãos, para inserir os critérios de estabilidade para navios que
transportam grãos.
Suponhamos o navio adriçado. Partimos dessa posição de equilíbrio para uma inclinação
a:
dT = GZ d
pois sabemos da física que trabalho é conjugado ( GZ ) vezes r
T GZ d (fórmula 13.1)
0
12º, aproximadamente)
GZ = GM sen
A fórmula 13.2 só se emprega na faixa de estabilidade inicial. Para grandes bandas usa-
se a fórmula de Moseley. Vejamos sua dedução.
199
Figura 13.1
navio se tivesse movimentado para cima da distância que o centro de gravidade subiu em
relação ao plano de flutuação, e para baixo da distância que o centro de carena se movimentou
em relação ao dito plano de flutuação.
O trabalho efetuado para adernar o navio, ou seja, a estabilidade dinâmica é igual ao
peso do navio vezes o aumento na separação vertical entre G e B. Assim:
T= BG)
T= BG)
rtical do centro de carena, que como sabemos de dedução
anterior é:
v (gh g' h' )
e RZ = pG = BG cos
Substituindo, vem:
v (gh g' h' )
T= ( + BG cos BG)
Nessa fórmula:
= deslocamento
v = volume da cunha que imerge ou emerge
= deslocamento vertical do centro de gravidade da cunha, ou seja, a distância
vertical que se deslocou o centro da cunha.
BG = distância vertical entre o centro de carena e o centro de gravidade
= Volume de carena
Essa fórmula não é usada a bordo, pois não dispomos de meios para calcular v e
200
13.4 ÁREA SOB A CURVA DE BRAÇOS DE ADRIÇAMENTO
Mas já sabemos que esse valor é igual à variação da distância vertical entre B e G.
dT =
A figura 13.5 mostra um ramo da curva de braços de adriçamento. Tomemos um ângulo
A dA GZ d
0 0
T dT GZ d
0 0
T GZ d (3)
0
T A
(fórmula 13.4)
A estabilidade dinâmica é igual á área limitada pela curva de braços de adriçamento
multiplicada pelo deslocamento.
201
Figura 13.2 Área limitada pela curva de braços de adriçamento e o eixo das abcissas.
dA' ( GZ)d GZ d
202
E a área total: A' dA' GZ d
0 0
A' GZ d
0
T GZ d
0
E portanto temos:
(fórmula 13.5)
Como vemos pela fórmula 13.4, para termos a estabilidade dinâmica basta determinar a
área limitada pela curva de braços de adriçamento e multiplicá-la pelo deslocamento.
Para calcular a área usa-se um dos processos conhecidos, estudados no Capítulo 1.7
desta apostila. O mais comum é usar a 1ª fórmula de Simpson.
Devemos lembrar que o comprimento da abscissa deve ser tomado em radianos (caso
usemos a fórmula de Simpson, d intervalo comum entre as ordenadas deve ser
transformado em radianos) embora em Cadernos de Estabilidade de alguns navios tenhamos
encontrado o mesmo em graus.
Determinada a área, como os braços de adriçamento são medidos em metros, e a base
em radianos, o resultado será em metros x radianos.
Exemplo
Foram determinados os braços de estabilidade de 0,165m; 0,325m; 0,520m; 0,710m;
0,650m; 0,450m; 0,150m e -0,112m para ângulos de banda de 10º, 20º, 30º, 40º, 50º, 60º, 70º
e 80º respectivamente. O deslocamento é 8000t. Pede-se a estabilidade dinâmica total e a
estabilidade dinâmica até 40º.
Solução:
(a) Traçado da curva:
Traçada a curva de braços de estabilidade na escala:
15mm = 10º 5cm = 1m
Determinamos a faixa de estabilidade: ela vai de 0º a 74º - figura 13.7.
Só nos interessa a parte positiva da curva: a curva de braços de adriçamento, cuja área
será calculada usando a 1ª fórmula de Simpson. Escolhemos oito espaçamentos, e o valor do
intervalo será 9,25º. Traçamos as ordenadas a partir de 0º, guardando um intervalo de 9,25º
entre elas, e obtemos os seguintes valores.
203
y0 = 0
y1 = 0,15m
y2 = 0,31m
y3 = 0,48m
y4 = 0,69m
y5 = 0,70m
y6 = 0,52m
y7 = 0,26m
y8 = 0 .
Figura 13.7 Faixa de estabilidade.
N DE
O
VALOR DA MULTIPLICADOR PRODUTOS
ORDENADAS ORDENADA SIMPSON POR ÁREA
y0 0 1 0
y1 0,15 4 0,60
y2 0,31 2 0,62
y3 0,48 4 1,92
y4 0,69 2 1,38
y5 0,70 4 2,80
y6 0,52 2 1,04
y7 0,26 4 1,04
y8 0 1 0
= 9,40
d = 9,25º = 0,161rad
d 0,161
A= = 9,4
3 3
A = 0,5044 m.rad
T= A = 8000 x 0,5044 = 4035,2 t.m.rad (toneladas x metro x radiano)
Vejamos, agora, a estabilidade dinâmica de 0º a 40º. Como são dadas cinco ordenadas
espaçadas de 10º, não necessitamos traçar a figura.
Temos ordenadas:
y0 = 0, y1 = 0,165 y2 = 0,325 y3 = 0,520 y4 = 0,710
O cálculo da área é o seguinte:
204
O
N DE VALOR DA MULTIPLICADOR PRODUTOS
ORDENADAS ORDENADA SIMPSON POR ÁREA
y0 0 1 0
y1 0,165 4 0,660
y2 0,325 2 0,650
y3 0,520 4 2,080
y4 0,710 1 0,710
= 4,100
d 0,1745
A= = 4,1 = 0,2385 m.rad
3 3
T= A = 8000 x 0,2385 = 1908 t.m.rad
0,0195 u 2 A V z cos 2
MV (fórmula 13.6)
1000
E para braços inclinantes, temos:
0,0195 u 2 A V z cos 2
braço inclinante (fórmula 13.7)
1000
Os elementos das fórmulas 13.6 e 13.7 são:
= deslocamento
u = velocidade do vento em nós
205
AV =
ao vento)
z = braço de alavanca que vai de um ponto R cujas coordenadas são a metade do
calado e a linha de centro, até o centróide das áreas projetadas (área exposta ao
vento).
= ângulo de banda, em graus.
Com a fórmula 13.7 podemos traçar a curva de braços inclinantes devido ao vento. Se
essa curva for traçada sobre a curva de braços de estabilidade, obedecendo a mesma escala,
o ponto onde as duas curvas, a de braços de estabilidade e a de braços inclinantes, se cortam,
nos indica a banda permanente que o navio adquire devido ao vento. Se bem que de quase
nenhuma importância para navios cargueiros convencionais, mas já é de alguma importância
para navios de passageiros, full- containers e ro-ros e de importância máxima para navios à
vela. A figura 8 abaixo nos dá um aspecto de explicado.
M O V I ME N TO D E C A R G A S D E U M B O R D O P A RA O U T R O
Durante as operações de carga e descarga do navio e, na maioria das vezes, é
impossível deslocar simultaneamente os pesos a BB e a BE da linha de centro. Isso provoca
um desequilíbrio, fazendo com que o navio aderne. No carregamento (ou descarga) de grandes
pesos, principalmente quando feito com aparelhamento de bordo, a distância do peso à linha
de centro fica aumentada da projeção do aparelho sobre a linha de centro (figura 13.9),
aumentando a distância de descentralização. Enquanto o peso está suspenso, sendo movido,
o navio pode adernar para o bordo do peso.
206
A G L O M E R AÇ Ã O D E P A S S A G E I R O S E M U M S Ó B O R D O .
Nas saídas e chegadas nos portos, os passageiros costumam correr todos para o bordo
do navio que fica voltado para terra. Isso cria um peso descentralizado. Sabemos que os
navios de passageiros, devido suas grandes superestruturas, têm geralmente pequena altura
metacêntrica. O peso descentralizado faz com que o navio aderne, mas sempre, em navios de
relativo tamanho, de poucos graus. Em embarcações de recreio, entretanto, é muito perigoso o
acúmulo de passageiros de um só bordo, pois pode inclusive levar a embarcação a emborcar.
I N CL I N A Ç ÃO Q U A N D O F A Z E N D O U MA C U R V A G I RO E M A L T A V E L O CI D AD E
Quando o navio está guinando firmemente, atua sobre ele a força centrífuga.
v2
F
r g
(fórmula 13.8)
onde:
= deslocamento em toneladas métricas
v = velocidade em metros por segundo
g = aceleração da gravidade (9,81m/s2)
r = raio do círculo de evolução (metade do diâmetro final)
F = força centrífuga
A aplicação dessa força cria braços inclinantes, da mesma maneira que o vento, dados
seus valores pela expressão 13.9 a seguir:
v 2 GR
Braço inclinante = cos (fórmula 13.9)
r g
Nesta fórmula temos:
v = velocidade do navio em metros por segundo
GR = distância, em metros, entre o centro de gravidade e o centro de resistência lateral
r = raio de evolução (metade do diâmetro final), em metros
g = aceleração da gravidade (9,81m/s2)
Figura 13.10
207
O traçado da curva de braços inclinantes é mostrado na figura 13.10, e o ponto em que
ela cruza com a de braços de estabilidade (ponto de corte mais próximo da origem) nos indica
o ângulo de banda permanente durante o giro.
O ângulo de banda permanente durante o giro do navio pode ser calculado pela fórmula:
v 2 GR
tg 0,1 (fórmula 13.10)
GM r
A1
A2
Figura 13.11
Visto isso, passemos para os critérios recomendados pela IMO: (Resolução A-167 e
A 749)
a ) A área sob a curva de braços de estabilidade não deve ser menor que:
(1) 0,055 metros.radianos até uma inclinação de 30º.
(2) 0,090 metros.radianos até uma inclinação de 40º ou até a inclinação em que a
aresta inferior de quaisquer aberturas no costado, que não possuam fechamento
estanque a água, fique imersa quando essa inclinação for menor que 40º .
208
(3) 0,030 metros.radianos entre os ângulos de inclinação de 30º e 40º, ou entre 30º
e o ângulo menor que 40º em que fiquem submersas as arestas inferiores de
quaisquer aberturas que não disponham de fechamento estanque à água, como
referido em (2) acima.
b) o braço de adriçamento máximo deve ocorrer num ângulo de inclinação igual ou maior
que 25º, e ter um valor mínimo de 0,20m a 30º.
c) a altura metacêntrica inicial não deve ser menor que 0,15 metros. No caso de um navio
com carregamento de madeira no convés, que cumpra o exigido na alínea (a) acima, levando
em consideração o volume de carga de madeira no convés e altura metacêntrica inicial não
deverá ser menor que 0,05 metros.
A curva de braços de estabilidade, em qualquer situação, deve manter o acima
determinado.
O cálculo das áreas fica facilitado se dividirmos o eixo dos x em intervalos de 10º, de 0º a
40º. A área de 0º a 40º é então calculada pela 1ª fórmula de Simpson. A área entre 30º e 40º
pode ser calculada pela fórmula dos cinco e oito ou pela fórmula dos trapézios.
Exemplo:
Num navio de 6800t de deslocamento foram determinados os seguintes braços de
estabilidade:
Solução:
(1) Traçado da curva de braços de estabilidade para medida da área, medida da GM
inicial, posicionamento e medida do braço de adriçamento máximo: ver figura 13.13.
209
Figura 13.13
d = 10º = 0,175rad
0,175
A40º = 12,050 0,703m.rad
3
Cálculo da área entre 30º e 40º;
pela fórmula dos trapézios
y3 y4 1,600 1,850
A30º:40º = d 0,175 0,302m rad
2 2
Pela fórmula dos cinco e oito (3ª Fórmula de Simpson)
d
A= 5 y4 8 y3 y2
12
0,175
A30º:40º = 9,250 12,800 1,050 0,306m ra
rad
12
210
Cálculo da área até 30º:
Podemos calcular diretamente pela 2ª fórmula de Simpson, ou fazer por subtração:
A30º = A40º A30º:40º
A30º = 0,706 0,306 = 0,400 m·rad
Braço de adriçamento máximo:
Lido na curva, igual a 1,9m
Ângulo correspondente ao GZ máximo:
Lido na curva, igual a 44º
Altura metacêntrica inicial:
Marca-se no eixo dos x o ângulo correspondente a 57,3º, levantando-se uma
perpendicular; Tira-se uma tangente à curva na origem, prolongando até encontrar a
perpendicular traçada aos 57,3º. O valor dessa ordenada é a GM inicial que, lida nas curvas,
nos dá 2,5m. Ou melhor, ainda: GM = GZ:10°/sen 10° = 0,425 / 0,174 = 2,44m
Determinação d os percentuais:
Os percentuais são os valores calculados em função dos valores exigidos, se fizermos o
valor exigido igual a 100.
VALOR VALOR
DESCRIÇÃO PERCENTUAL
CALCULADO EXIGIDO
OBSERVAÇ ÃO
Em certos Cadernos de Estabilidade poderemos encontrar os valores das áreas
calculadas em metros·graus . Para obter os valores em metros·radiano basta multiplicar por
0,017453. Assim como, para passar de metros·radiano para metros·graus, multiplica-se aquele
valor por 57,296.
Podemos encontrar, também, em certos países, valores de critérios de estabilidade
diferentes dos da IMO, bem como para alguns tipos de embarcação, a IMO apresenta critérios
adicionais.
Cabe ao oficial usuário, examinar atentamente o Caderno (Manual) de Estabilidade de
sua embarcação, como também o software de carregamento.
211