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Dwarfel, o Elfo-anão

Por Victor Cabral "Drokan" Andrade

“Vêm, projeto de elf... Quase no mesmo instante entrava em cena o outro


AAAAAAAAAAAHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!” hobgoblin, com espada em uma mão e tocha na outra.
- Últimas palavras de um bugbear, Quando viu aquele pequeno elfo, fez uma pergunta já
dirigidas a um pequeno elfo. esperada:

Já era noite. Dois hobgoblins estavam andando há – Que raios de criatura é você!?
muitas horas, a procura do acampamento onde
iriam passar uma temporada. Era hora de fazer O elfo olhou para trás e viu outro hobgoblin. Como
uma pausa para poderem descansar um pouco, que um relâmpago, saltou para frente e embainhou sua
afinal, eles não eram de ferro. Estabeleceram-se espada:
perto de uma floresta, acendendo uma fogueira
para aquecerem-se do frio noturno. A fogueira já – Deixarei você ir, monstro. Mas quero que você
estava apagando e um dos hobgoblins decidiu espalhe para seus semelhantes que agora existe uma
arranjar mais gravetos para manter a chama. Para criatura os exterminando. E essa criatura se chama
tal, embrenhou-se na mata com uma tocha. Dwarfel, o elfo-anão. Ou, se preferirem, o
Exterminador.
O hobgoblin não se aprofundou muito nos limites da
floresta. Não por receio, mas sim porque não era Ao anunciar essas palavras, o elfo se embrenhou na
necessário. Estava curvando-se para pegar a lenha mata e desapareceu por entre as árvores.
quando escutou o barulho de gravetos sendo
quebrados, vindos de trás. Desembainhou sua espada, Dwarfel, o elfo-anão
voltou-se para trás e iluminou o local com a tocha: Dwarfel nasceu com um problema: era um elfo-
anão. Nasceu no continente de Lamnor, no vilarejo
– Apareça, criatura da noite, estou preparado para
de Weakisland. Sua mãe, uma elfa extremamente
você! Venha se tiver coragem!
atraente, acobertou por muito tempo o fato de ter
gerado um elfo-anão em seu ventre.
Foi o que a criatura fez. O fogo da tocha iluminou um
elfo empunhando sua espada, saindo de trás de uma
O pai de Dwarfel, um guerreiro que daria a própria
árvore. Mas esse elfo não era como os outros. Ele era
vida por sua raça, ficou indignado com o nascimento
pequeno, parecia uma criança. O hobgoblin apenas
do filho, como já era de se esperar. Esse fato o levou a
sorriu:
ajudar sua esposa a encobertar o fato. Sempre que
– HAHAHAHAHAHA!!!!!!!!!!! O que uma criança algum parente ou amigo perguntava sobre o filho,
como você vai fazer comigo? esboçavam uma face triste e diziam que a criança
havia morrido logo após o nascimento.
Daquele elfo saiu uma voz adulta e rouca:
Essa situação perdurou por um bom tempo, até que
– Quem é a criança aqui, monstro? Eu? Fique sabendo Dwarfel cresceu e começou a sentir vontade de sair
que essa “criança” aqui já tirou a vida de muitos de daquele lugar fechado para ver o resto do mundo, sem
seus semelhantes. E agora, quem vai morrer é você. ser impedido pelas paredes. Mas seus pais hesitavam
em deixá-lo sair.
O hobgoblin não entendeu nada. Um elfo-anão?
Como? Enquanto o hobgoblin pensava, o “elfinho” Dwarfel ficou preso em casa por longos 20 anos (sabe-
atacava vorazmente. Não demorou muito e o se lá como). Já não agüentava mais ficar naquele lugar
hobgoblin tombava morto de costas, sem ter tido a fechado. Era o limite. Tinha que sair. Ser livre. Foi o
mínima chance de contra-atacar o veloz elfo. que tentou fazer. Quando o dia se trocou pela noite,
Dwarfel juntou as coisas que pensava ser necessárias.
Arrumou-as em uma mochila. Colocou-a nas costas e
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foi fazer uma visita ao quarto dos pais para os olhar E assim morria o pai de Dwarfel. O elfo-anão chorava.
pela última vez. Já que não pretendia voltar. Não em Mas não podia se dar por vencido. Sua vida começaria
breve. Não obteve sucesso. Sua mãe estava acordada. novamente a partir desse momento. Dwarfel reuniu
Quando ela abriu a boca para brigar com Dwarfel, suas forças e seguiu para a direção que seu pai
ambos simplesmente pararam. Escutaram rugidos que apontara.
vinham bem ao longe, e pareciam que estavam indo à
direção do vilarejo. Ficaram aterrorizados. Não podia O elfo-anão finalmente chegou a um aglomerado de
ser. Os hobgoblins nunca atacariam aquele vilarejo. gente. Uma coisa muito estranha. Devia ser isso que
Ele era tão bem escondido... Mas o problema é que seu pai mencionou antes de morrer. Seguiu em frente e
estavam atacando. Essa sim era a preocupação do entrou naquele lugar.
momento. Dwarfel e sua mãe trocaram olhares:
Lá era descriminado, pois era um povoado
– Aqui, pegue suas coisas meu filho. Agora corra. Saia basicamente formado por elfos. Mas Dwarfel teve
do vilarejo o mais rápido possível e não olhe para trás. sorte. Encontrou um velho halfling, um pouco menor
Vai! Rápido! que ele, chamado Ornocklet. Ornocklet era um
halfling bondoso, muito generoso com todos que o
Foi o que fez. Pela primeira vez viu o mundo fora de procuravam. Também era um bom conselheiro.
casa. Dwarfel corria o quanto podia. Conseguiu, como
que por um milagre dos deuses, sair do vilarejo Sem muita escolha, Dwarfel acabou se hospedando na
enquanto o mesmo era destruído pelos goblinóides. casa de Ornocklet ao convite do mesmo. O tempo
Agora Dwarfel estava em uma floresta não muito passou e Ornocklet tornou-se parte da vida do elfo-
distante do vilarejo. Ele queria voltar. Queria tirar seus anão. O pequeno elfo foi treinado por Ornocklet para
pais das garras dos goblinóides, mas sabia que não se tornar um guerreiro, já que Ornocklet havia sido um
teria a mínima chance. Resolveu ficar onde estava e halfling aventureiro. Dwarfel aprendeu a utilizar arco
ver tudo de longe. Sem poder fazer nada. e espadas largas. Ornocklet morreu após alguns anos.
Absolutamente nada. Dwarfel já havia completado 60 anos e se tornado um
guerreiro. Como tinha prometido para si mesmo, a
Dwarfel tentava se manter acordado, pois tinha medo. razão de sua vida era matar goblinóides. Ele não era
Muito medo. Não sabia o que podia acontecer. Estava um guerreiro extraordinário. Mas tinha potencial. A
escuro e ele fora de casa. Pela primeira vez em sua única coisa que atrapalhava era o tamanho.
vida queria estar em casa com sua mãe e seu pai. Mas
agora era tarde. Não havia mais casa. Nem pai. Nem Dwarfel começou a se aventurar pelo continente de
mãe. Lamnor. Sua caminhada se estendeu por dois anos,
quando resolveu que tinha que aprimorar suas técnicas
O ataque ao vilarejo terminara e Dwarfel estava em combate. Esse motivo o levou até Arton Norte.
dormindo. Não conseguiu burlar o sono. Na manhã Pensava que algum tempo com humanos o faria um
seguinte, Dwarfel acordou e pôde ver o que realmente grande guerreiro. Resolveu ir até Khalifor e daí para
havia acontecido. Foi até Weakisland e desejou nunca Malpetrim e Valkaria.
ter concordado com a última ordem de sua mãe.
Restos de elfos estavam espalhados pelas ruínas do Em Arton Norte, Dwarfel era só mais uma das figuras
pobre vilarejo. Ele, como todo elfo que se preze, estranhas que habitavam aquele local. Por isso, não era
declarou guerra a todos os goblinóides. Dwarfel ainda tão desprezado por seu “pequeno” defeito.
andou bastante pelas ruínas do vilarejo, a fim de
encontrar seu pai e mãe. E encontrou seu pai. Ele Dwarfel ficou poucas semanas em Khalifor e logo
estava sem as duas pernas e com o corpo banhado em seguiu para Malpetrim. Lá ficou por alguns meses,
sangue. Ainda restava um pouco de vida naquele elfo mas logo resolveu seguir para Valkaria. Na grande
desmembrado. Dwarfel olhou aquilo aterrorizado e capital do Reinado, encontrou alguns velhos
escutou as últimas palavras de seu pai: guerreiros dispostos a ajudá-lo. O elfo não fez miséria:
aceitou a ajuda de todos.
– Dwarfel, meu filho. Desculpe... Desculpe a mim e a
sua mãe. Nós não queríamos ter lhe aprisionado como Ainda em Valkaria, Dwarfel também encontrou
fizemos. Agora escute, siga para aquela direção e você membros da raça dos anões. Os pequenos o aceitaram
irá encontrar uma cida... em sua espécie, apesar de Dwarfel ser um elfo.

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Dwarfel achou outra semelhança com os anões além
do tamanho: a apreciação pela bebida. Por incrível que
pareça, o pequeno elfo não ficou bêbado ou desmaiou
após experimentar a forte bebida anã. Daí nasceu um
forte apego pela raça dos “pequenos brigões”. É claro
que nem só de bebida se deu à relação de Dwarfel com
anões, o pequeno elfo também aprendeu a manejar
machados e a apreciar armaduras de guerra.

Quando se sentiu realmente preparado para tomar


parte na Guerra em Lamnor, fez a jornada de volta e lá
ficou até o fim da Infinita Guerra.

No dia do ataque a Lenórienn, Dwarfel estava lá. Ele


odiava os goblinóides, mas fugiu. Sabia que, se
ficasse, seria morto por um daqueles porcos
desgraçados. E o pior: se fosse morto, não poderia
matar mais goblinóides.

Mesmo sabendo que a Infinita Guerra tinha acabado,


Dwarfel ainda continua em Lamnor, tentando um dia
acabar com todos os goblinóides que ali vivem, mas
sabe que sozinho não pode fazer isso. Por isso
caminha por todo o continente de Lamnor a procura de
outros aventureiros que aceitem o desafio de se juntar
a ele para lutarem por um Lamnor melhor. Sem
goblinóides.

GURPS
ST 15, DX 18, IQ 12, HT 14 Mov/Esq: 9/ 8
Vantagens e Desvantagens: Elfo, Reflexos em
Combate, Ultra Flexibilidade das Juntas, Força de
Vontade +3, Prontidão +2, Estigma social (elfo-anão),
Nanismo, Intolerância: goblinóides.
Peculiaridades: Aversão: lugares fechados, Referir a
goblinóides como monstros, Adora a bebida dos
anões.
Perícias: Cavalgar 15, Arco 20, Espadas de Lâmina
Larga 26, Machado/Maça de duas mãos 17, Briga 16,
Culinária 12, Primeiros Socorros 12, Sobrevivência
em Floresta 20, Corrida 16, Furtividade 17, Acrobacia
15.

3D&T
F 2, H 3, R 3, A 2, PdF 2, 15 PVs
Vantagens e Desvantagens: Elfo, Sobrevivência,
Aceleração, Modelo Especial (pequeno), Má
Reputação (elfo-anão), Devoção: livrar Lamnor dos
goblinóides.

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