Você está na página 1de 20

SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA

CHEFIA DE GABINETE
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA ”DR. LUIZ CAMARGO WOLFMANN”

CURSO DE FORMAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL PARA


AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO (CEP)

AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA

2017
SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
CHEFIA DE GABINETE
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA ”DR. LUIZ CAMARGO WOLFMANN”

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

JOÃO DORIA
Governador do Estado

NIVALDO CÉSAR RESTIVO


Secretário de Estado

LUIZ CARLOS CATIRSE


Secretário Executivo

AMADOR DONIZETI VALERO


Chefe de Gabinete

2
SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
CHEFIA DE GABINETE
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA ”DR. LUIZ CAMARGO WOLFMANN”

COORDENADORI AS REGIONAIS DE UNIDADES PRISIONAIS

ANTONIO JOSÉ DE ALMEIDA


Coordenador de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo

NESTOR PEREIRA COLETE JUNIOR


Coordenador de Unidades Prisionais do Vale do Paraíba e Litoral

JE AN ULISSES CAMPOS CARLUCCI


Coordenador de Unidades Prisionais da Região Central do Estado

CARLOS ALBERTO FERREIRA DE SOUZA


Coordenador de Unidades Prisionais da Região Noroeste do Estado

ROBERTO MEDINA
Coordenador de Unidades Prisionais da Região Oeste do Estado

SOLANGE AP ARECIDA G. DE MEDEIROS PONGELUPI


Coordenadora de Saúde do Sistema Penitenciário

MAURO ROGÉRIO BITENCOURT


Coordenador de Reintegração Social e Cidadania

3
SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
CHEFIA DE GABINETE
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA ”DR. LUIZ CAMARGO WOLFMANN”

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA


“Dr. LUIZ CAMARGO WOLFMANN”

LEDA MARIA GONZAGA


Diretor Técnico III

GISELE ANGÉLICA SILVEIRA RODRIGUES RAMPAZZO


Diretor Técnico II

HELLEN CRISTINA DA SILVA


Diretor Técnico I

MÁRCIA C. COSTA CORTELLINE


Diretor Técnico I

RACHEL SOBREIRA BARROSO


Diretor Técnico I

4
Sumário

1- COMUNICAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO ...................................................................... 6


2 - LINGUAGEM (comunicação) VERBAL E LINGUAGEM (comunicação) NÃO-VERBAL ... 8
3 - QUALIDADES DO TEXTO ................................................................................. 8
4 - MODALIDADES REDACIONAIS ........................................................................ 10
4.1- Narração ................................................................................................... 10
4.2- Descrição .................................................................................................. 10
4.3 - Dissertação ............................................................................................... 11
5 - REDAÇÃO OFICIAL ....................................................................................... 11
5.1- COMUNICADO DE EVENTO ........................................................................... 12
5.2- LIVRO DE OCORRÊNCIAS ............................................................................ 13
6 - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ............................................................................... 15
6.1- GÍRIAS MAIS USUAIS NO SISTEMA ............................................................... 16
7 - VÍCIOS DE LINGUAGEM ................................................................................ 17
8 - PONTUAÇÃO ................................................................................................ 18
8.1- VÍRGULA ................................................................................................... 18
8.2- PONTO ...................................................................................................... 19
8.3- PONTO E VÍRGULA ...................................................................................... 19
8.4- DOIS PONTOS ............................................................................................ 19
8.5- ASPAS ....................................................................................................... 20
8.6 - PARÊNTESES............................................................................................. 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 20

5
APRESENTAÇÃO

Comunicação é uma palavra derivada do termo latino "communicare", que


significa "partilhar, participar algo, tornar comum". A comunicação é uma necessidade

básica da pessoa humana, do homem social. Ela movimenta o mundo. Está presente no
estádio de futebol, na Câmara dos Deputados, na feira livre e na reunião familiar. Não
poderia existir comunicação sem comunidade, nem comunidade sem comunicação, de
acordo com Juan Enrique Díaz Bordenave (1982).
Para o estudioso, a comunicação confunde com a própria vida. Temos tanta
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos. Somente
percebemos a sua essencial importância quando, por acidente ou uma doença, perdemos
a capacidade de nos comunicar. Pessoas que foram impedidas de se comunicarem durante
longos períodos, enlouqueceram ou ficaram perto da loucura.
As organizações têm compreendido que o êxito de estratégias e as ações estão
diretamente relacionados à comunicação e sua importância dentro das instituições.
É com base nesse contexto, assim como as demais instituições que visam assegurar
o caráter estratégico e a eficácia nos processos de trabalho, que o Sistema Prisional enfatiza
os seus meios de comunicação, a saber: rádio HT - nível oral; comunicado de evento e livro
ata - nível escrito.
No campo laboral, a atenção especial em relação à forma escrita impera, visto que
o registro adequado é essencial para o entendimento comum, para a participação, troca
de conhecimentos e experiências. Supõe-se nessas relações intercâmbio e comunicação,
que se concretizam essencialmente pela língua, cujo papel é cada vez mais importante
nas interdependências do ser humano e do trabalho.
Desse modo, um texto oficial com atributos qualitativos, em especial aqueles que
podem criar direitos, obrigações e compromissos, depende de critérios fundamentais, de
ordem ética, legal, estética e linguística, os quais serão compreendidos no decorrer do
estudo de Comunicação e Expressão.

1- COMUNICAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

A comunicação é um dos instrumentos mais antigos formadores de uma sociedade.


Ocorre com o ser humano já em seu desenvolvimento embrionário e nasce com ele ao ser
concebido. A mãe consegue decodificar todos os signos que o bebê emite, inclusive pelo
choro, se de sono, fome, dor, etc. Pode ser feita por intermédio do olhar, dos gestos, das
mímicas, das expressões faciais, das carícias e, mais tarde, a criança depois de desenvolver
a fala, a escrita e a leitura, será um emissor e um receptor em potencial. O objetivo da
comunicação é transmitir conhecimentos e informações, pois é literatura, linguagem e
socialização. Seus elementos são:

6
 Emissor: quem emite os signos;
 Receptor ou decodificador: quem decifra os signos;
• Signos: elementos de uma comunicação (fala escrita, gestos, etc.);
• Canal: instrumento reprodutor da mensagem (rádio, televisão, revistas, jornais,
livros, discurso, palestras, etc.);

• Mensagem: é o objeto da comunicação;


• Ruídos: elementos que interferem no entendimento da mensagem (barulhos,
manchas, interferências, etc.), celular sem sinal, falta de rede.

• Feedback: é a resposta ou a reação do receptor ao receber a mensagem


(entusiasmo, negação, concordância), o que deve ficar claro é que o termo feedback,
é utilizado em outros campos do conhecimento, como por exemplo na psicologia,
administração etc.

A socialização é a assimilação de hábitos característicos do seu grupo social,


todo o processo através do qual um indivíduo se torna membro funcional de uma
comunidade, assimilando a cultura que lhe é própria. É um processo contínuo que nunca
se dá por terminado, realizando-se através da comunicação, sendo inicialmente pela
"imitação" para se tornar mais sociável. O processo de socialização inicia-se, contudo, após
o nascimento, e através, primeiramente, da família ou outros agentes próximos, da escola,
dos meios de comunicação de massas e dos grupos de referência que são compostos pelas
nossas bandas favoritas, atores, atletas, super-heróis, etc. Socialização é o processo
através do qual o indivíduo se integra no grupo em que nasceu adquirindo os seus hábitos
e valores característicos. É através da Socialização que o indivíduo pode desenvolver a sua
personalidade e ser admitido na sociedade. A socialização é, portanto, um processo
fundamental não apenas para a integração do indivíduo na sua sociedade, mas também,
para a continuidade dos Sistemas Sociais. É o processo de integração do indivíduo numa
sociedade, apropriando comportamentos e atitudes, modelando-os por valores, crenças,
normas dessa mesma cultura em que o indivíduo se insere. • a) Socialização Primária: onde
a criança aprende e interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os
modelos comportamentais do grupo a que se pertence. A socialização primária tem um
valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em toda a sua vida, já
que é aí que se constrói o primeiro mundo do indivíduo. • b) Socialização Secundária: todo
e qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores
do mundo objetivo da sua sociedade (na escola, nos grupos de amigos, no trabalho, nas
atividades dos países que visitamos ou para onde emigramos, etc.), existindo uma
aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo depositam em nós
relativamente ao nosso desempenho, assim como dos novos papéis que vamos assumindo
nos vários grupos a que vamos pertencendo e nas várias situações em que somos
colocados.

7
A socialização é a transmissora da cultura e a transmissão se dá através da educação, e
que aqui se entenda qualquer forma de aprendizado passado de um indivíduo a outro. Seja
na escola, na empresa, na família, com os amigos, com os inimigos, nos cultos religiosos,
nos momentos de lazer, ao comprar algo, ao ler um livro, ao imitar alguém, ao assistir tv,
ao ir ao médico ou espetáculo cultural e até quando estiver olhando para um quadro para
descansar do “contato” com as pessoas, em qualquer destes momentos e em infinitos
outros, estará acontecendo a “socialização”.

2 - LINGUAGEM (comunicação) VERBAL E LINGUAGEM (comunicação) NÃO-


VERBAL

Segundo a professora Rosa Maria Mesquita (1997), há dois níveis de comunicação,


o verbal e o não-verbal e eles podem se apresentar e atuar simultaneamente nas
interações entre indivíduos, complementando-se ou contrapondo-se no discurso.
Estas duas formas de comunicação podem ainda corresponder no seu conteúdo
expresso ou ser discordante, criando uma desarmonia entre o que o indivíduo verbaliza e
o que se demonstra através de gestos e sinais.
Assim, no que diz respeito ao contexto prisional, o rádio HT e o diálogo figuram
como típicos exemplos de linguagem verbal-oral bastante empregados nas Unidades
Prisionais. Em relação à linguagem verbal-escrita, o Comunicado de Evento e o Livro Ata
são os dois documentos oficiais que representam esse nível comunicativo.

Não verbal Não verbal Verbal


Verbal e
Não verbal

3 - QUALIDADES DO TEXTO

A redação técnica é orientada pelos princípios básicos da clareza, da correção, da


coerência, da objetividade e da ordenação lógica. Pode-se dizer, então, que não existe
propriamente uma linguagem técnica, nem um modelo de redação pronto para ser
utilizado. O que existe é um modo de utilização da língua que dará ao texto seu caráter
técnico, adequado aos procedimentos burocráticos e aos expedientes administrativos.

• Concisão: é falar de forma objetiva, desprezando o supérfluo. A prolixidade é o


oposto, é a confusão de ideias e expressões.

8
Correção: a linguagem sempre deve estar de acordo com as normas gramaticais, em
qualquer modalidade textual.

• Clareza: confere ao leitor coerência, tornando o texto facilmente compreensível,


evitando períodos extensos e vocábulos rebuscados.

• Precisão: escolha acertada do termo próprio, da palavra exata para a ideia que se
quer exprimir.

• Coesão: é o encaixe lógico de expressões e ideias, concatenando-as no texto.

• Denotação: é o significado real da palavra, o que está pronunciado a seu respeito, o


que encontramos no dicionário, é o sentido real do vocábulo.

• Conotação: é o vocábulo utilizado num outro sentido, diverso de sua realidade e


significado nato. A linguagem poética explora esse recurso e também a linguagem
coloquial.

Fragmento de comunicado de evento

HISTÓRICO: Comunico a Vossa Senhoria que no dia e horário acima mencionados,


encontrava-me prestando serviços normais nesta Unidade Prisional, em auxílio na
realização de medidas preventivas e revista na cela número cento e um, do Pavilhão
Celular Três. (CONCISÃO) também auxiliava o funcionário: Beltrano, momento em que
indentifiquei a falta de uns pedaço do batente da porta, de aproximadamente vinte
centímetros, no canto superior, à esquerda, do lado intracelular. (CORREÇÃO) Ao fazer
vistoria minuciosa, encontrei uma faca tipo artesanal – de aproximadamente trinca e cinco
centímetros – escondida dentro de um pote de margarina. (CLAREZA) Solicitei ao
sentenciado Sicrano de quem era tal objeto, tendo ele me respondido: “Sei não sinhô”.
(PRECISÃO) Em seguida, chamei os demais sentenciados da mesma cela que estavam
na área extracelular e lhes perguntei. (COESÃO) O sentenciado Fulano de Tal, calado, na
tentativa de se sobressair, mas depois de questionado pelo agente Beltrano, assumiu a
posse do objeto e foi para o pote. (CONOTAÇÃO) Diante dos fatos, comunico ao superior
imediato e coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos.

9
4 - MODALIDADES REDACIONAIS

Tudo o que se escreve é redação. Elaboramos bilhetes, e-mails, mensagens


de aplicativos, respostas de questões discursivas empregando as modalidades
redacionais. Na redação oficial isso não é diferente. Geralmente, as modalidades
redacionais aparecem combinadas entre si, narrativo, descrito e dissertativo, no caso do
comunicado de evento, possuiu um caráter narrativo, podendo apresentar também o
descritivo.
Seja qual for o tipo de composição, a criação de um texto envolve conteúdo (nível
de ideias, mensagem, assunto) estrutura (organização das ideias, distribuição adequada
em função da introdução, desenvolvimento e conclusão), linguagem (expressividade,
seleção de vocabulário) e gramática (norma da língua).

4.1- Narração
É o relato de um ou de vários acontecimentos, reais ou fictícios. Num texto narrativo,
aparecem alguns elementos importantes:

• Personagens: são as pessoas que aparecem no texto e estão envolvidas no fato.


• Fatos: são os acontecimentos de que as personagens participam.
• Espaço: acontecimentos narrados que acontecem em diversos lugares, ou mesmo em
um só lugar.

• Tempo: acontecimentos se desenvolvem em um determinado espaço de tempo.


• Enredo: conjunto de fatos narrados.
• Foco Narrativo: é o ponto de vista através do qual a história está sendo contada. A
narração pode ser feita em 1ª ou em 3ª pessoa.

4.2- Descrição

Transmite informações sobre um lugar ou uma pessoa, de modo a permitir ao leitor formar
uma imagem do objeto descrito.

• Presença de adjetivos: a cela era grande, larga e iluminada.


• Ordenação de detalhes: consiste na seleção e ordenação de informações que serão
transmitidas ao leitor, a fim de que se possa imaginar o objeto descrito.

10
• Foco descritivo: trabalha como uma câmera de cinema ou televisão, selecionando
detalhes caracterizadores, transmitidos depois ao leitor, pela linguagem. Pode-se
descrever de Forma Objetiva e Subjetiva

4.3 – Dissertação

 É uma modalidade de redação ou composição, escrita em prosa ou apresentada de


forma oral, sobre um tema sobre o qual se devem apresentar e discutir
argumentos, provas, exemplos etc.

- Introdução: A introdução deve apresentar de maneira clara o assunto que será tratado
e delimitar as questões, referentes ao assunto, que serão abordadas.
Neste momento pode-se formular uma tese, que deverá ser discutida e provada no texto,
propor uma pergunta, cuja resposta deverá constar no desenvolvimento e explicitada na
conclusão.

- Desenvolvimento: É a parte do texto em que as ideias, pontos de vista, conceitos,


informações de que dispõe serão desenvolvidas; desenroladas e avaliadas
progressivamente.

- Conclusão: É o momento final do texto, este deverá apresentar um resumo forte de tudo
o que já foi dito. A conclusão deve expor uma avaliação final do assunto discutido.

Fragmento de comunicado de evento

HISTÓRICO: Comunico que ao realizar revista na cela número cento e um, do Pavilhão
Celular um, encontrei uma faca tipo artesanal, de aproximadamente vinte centímetros,
escondida dentro do vaso sanitário. Perguntei aos sentenciados da cela sobre a
propriedade da citada faca e o sentenciado acima citado assumiu a posse do objeto.
Encaminhei-o à cela disciplinar para aguardar as medidas que o caso requer.

5 - REDAÇÃO OFICIAL

Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos
normativos e comunicações. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade,
uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A
administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (LIMPE) (...)”. Sendo a publicidade e

11
a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que
devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.

5.1- COMUNICADO DE EVENTO

O comunicado de evento é a exteriorização formal de um fato ocorrido no interior


ou até mesmo fora das dependências de um estabelecimento prisional, é a comunicação de
forma escrita, para conhecimento e informação de um fato. É expediente utilizado dentro
da Administração Penitenciária com a finalidade de comunicar qualquer irregularidade de
forma atípica, envolvendo sentenciados ou funcionários. Por se tratar de um documento
meramente informativo, sua redação deverá ser de forma clara, concisa, retratando a
verdade, sempre em 1ª pessoa, pois quem comunica é o funcionário que constatou o
evento/fato. Não é facultativo/opcional ao funcionário, pelo contrário, é um dever previsto
em lei (Art. 241 Incisos V a XIII, art. 54 do RIP e Anexo II da Resolução SAP- 138
de 14/06/2011). O comunicante deve descrever o fato irregular que poderá,
posteriormente, ilustrar uma Apuração Preliminar (funcionários) e um Procedimento
Disciplinar Administrativo (reeducando), por isso a linguagem deve ser simples, de acordo
com as normas vigentes, evitando-se termos complexos. Todo comunicado de evento deve
presentar:

• Número da comunicação;
• Unidade da comunicação;
• Natureza do evento;
• Local, data e horário do fato e da comunicação;
• Autor, vítima, testemunha (s), exames solicitados e apreensões;
• Histórico, redigido em 1ª pessoa, e encaminhado ao superior imediato para
conhecimento e providências;
• Local e data da comunicação; nome do comunicante e de testemunhas por extenso,
RG, cargo ou função, bem como assinaturas.

Resolução SAP 138,


p.89.pdf

COMUNICADO DE EVENTO Nº 01/2017


DEPENDÊNCIA: Penitenciária “Primeira”
NATUREZA DO EVENTO: Apreensão de arma branca artesanal
LOCAL: Pavilhão Celular I
DATA DO FATO: 02-1-2017 HORÁRIO: 14h
DATA DA COMUNICAÇÃO: 02-1-2017 HORÁRIO: 16h
12
AUTOR: Fulano de Tal, matrícula 456.678
VÍTIMA: Não houve
TESTEMUNHA(S): Beltrano, RG: 44.444.444-4
APREENSÕES: 01 (uma) faca artesanal com serras de aproximadamente 20 (vinte) cm
HISTÓRICO: Comunico que ao realizar revista na cela número cento e um, do Pavilhão
Celular Um, encontrei uma faca tipo artesanal, de aproximadamente vinte centímetros,
escondida dentro do vaso sanitário. Perguntei aos sentenciados da cela sobre a propriedade
da citada faca e o sentenciado acima citado assumiu a propriedade do objeto. Encaminhei-
o à cela disciplinar para aguardar as medidas que o caso requer.

Sicrano
Agente de Segurança Penitenciária
RG: 11.111.111-X

COMUNICADO DE EVENTO Nº 02/2017

Dependência: Penitenciária “Segunda”


Local da ocorrência: Pavilhão II; cela 502
Natureza do evento: Apreensão de aparelho celular
Data do fato: 01-05-2017 Horário do fato: 16h30
Data da comunicação: 01/05/2017 Horário da comunicação: 16h50
Testemunha(s): Olivia Pacheco, RG: 11.111.111-X
Apreensões: 01 (um) aparelho celular, com bateria e “chip” acoplados.
Vítima: Não houve
Autor: Raimunda Norberto, matrícula 567.789

HISTÓRICO: Em revista de rotina na cela supracitada, eu Marina Oliveira, Agente de


Segurança Penitenciária, Classe II, encontrei um aparelho de telefonia celular, marca “RG”,
modelo “RGKX”, com bateria e um chip da operadora “Fim” acoplados. Os referidos objetos
foram encontrados no cesto de roupas da sentenciada acima mencionada e, quando
questionada sobre a propriedade dos objetos, declarou: “É tudo meu, senhora.” Encaminho
para conhecimento e providências.

5.2- LIVRO DE OCORRÊNCIAS

É o documento de valor jurídico, que consiste no resumo fiel dos fatos, ocorrências
e decisões de cada setor.
É geralmente lavrada em livro próprio, autenticada, com as páginas rubricadas pela
mesma autoridade que redige os termos de abertura e de encerramento.
13
A cada plantão executado, cabe ao servidor registrar no livro de ocorrências do setor
a data, o local, os funcionários, o horário, a contagem da população carcerária, bem como
qualquer eventualidade ocorrida no transcorrer do turno, devendo ser lavrado de próprio
punho.
5.2.1- Recomendações Técnicas

Os registros devem seguir a ordem cronológica dos fatos e, preferencialmente, no


transcorrer do dia;

• Os números deverão ser escritos, além de sua forma numérica, por extenso entre
parênteses.

• É opcional quanto ao uso do numeral cardinal colocá-lo entre parênteses ou por


extenso.

• Em caso de erro ou rasura, deverá proceder-se, precedida da partícula “digo”;


• Em caso de erro ou rasura ser notado apenas ao final das anotações, deverá

proceder-se com a ressalva, precedida da partícula “em tempo”;

• É vedada a utilização de abreviaturas ou siglas;


• As anotações deverão ser efetuadas com a utilização de caneta esferográfica nas
cores azul ou preta;

• O (A) servidor (a) que fizer os apontamentos deverá assinar o Livro de Registro de
Ocorrências ao final de cada plantão;

• É vedada a utilização de marcadores textuais;


• É vedada a inserção de anotações que não tenham relação direta com as atividades
desenvolvidas no Setor;

• O (A) Diretor(a) de Serviço do Núcleo de Portaria, Inclusão ou Plantão, deverá


periodicamente conferir os apontamentos realizados no Livro de Registro de
Ocorrências e assiná-lo, e ainda, ratificado pelo(a) Diretor(a) de Divisão do Centro
de Segurança e Disciplina;

• Unidades de medida: o numeral deve estar seguido da abreviatura específica, sem


ponto (.) ou (s) para indicar o plural.

• Não use: h. ou hr. ou hrs. ou hr ou hs ou hrs.


• Use: 125km 72m 350g 28cm 45ml 23h ou 23h00 21h15 ou
21h15min
• Nos meses, desconsidera-se o zero. Ex.: 22 (vinte e dois) dias de maio; 22-5-2005
ou vinte e dois (22) dias de maio.

Observação: nos casos das Unidades Prisionais subordinadas à COREMETRO, deve-se


seguir a Portaria Normativa 002/2012.

Portaria Normativa
002-2012.docx
14
6 - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

A diversidade linguística, de acordo com o professor Roberto Gomes Camacho, não


se restringe a determinações motivadas pela origem sociocultural e geográfica do falante.
Um mesmo indivíduo pode
optar por diferentes formas
linguísticas de acordo com a
variação das circunstâncias
que cercam a interação verbal,
incluindo o contexto social
propriamente dito, o assunto
tratado, a identidade social do
interlocutor, etc.
Portanto, é possível
considerar dois diferentes
Fonte: http://joanaguga.blogspot.com.br/2015/03/variedade-padrao-x-variedade-nao-padrao.html

15
estilos possíveis: o estilo informal e o estilo formal, cuja diferença essencial reside em
usar formas padrão ou variantes de prestígio no estilo formal e no estilo informal menor
adesão às formas prestigiadas ou cultas. Camacho salienta ainda que todos os falantes são
capazes de adaptar seu estilo de fala à diversidade das circunstâncias sociais da interação
verbal, e de discernir que formas alternativas são as mais apropriadas.
Quanto às gírias, o autor Dino Preti (1984) destaca que o aparecimento delas como
um fenômeno restrito é decorrente da dinâmica social e linguística inerente às línguas.

6.1- GÍRIAS MAIS USUAIS NO


SISTEMA

Acerto – receber suborno


Arapiraca – fumo desfiado, cigarro
Barraco – cela
Boi – vaso da privada Jacaré – objeto para serrar grade (serra)
Boia – alimentação no presídio Jega – cama
Boieiro – encarregado da boia Jumbo – sacolas com pertences para o preso
Bonde – caminhão que Lagarto – esquema, preso que faz a
transporta presos, ou mudança de correria (leva e trás) Laranja –
presos. novato, inocente
Bug – cela disciplinar, conhecida Latrô - colchão
também como “pote”. Macaca - banana
Chapéu atolado – não saber o Manual – artesanato
que aconteceu Maria Louca – pinga feita na cadeia com
Chico doce – cassetete restos de alimentos e frutas, fermentados
Dormir de valete – dormir junto, Marica – instrumento artesanal para fumar
com a cabeça em lados oposto maconha ou crack (cachimbo
Já era – acabou (o assunto, ou Marroco – pão
problema) Mixa – chave falsa
Mocó – esconderijo
Mona – homossexual (travestis, gays)
Passarinho – alcaguete
Patrício – negro (entre os presos)
Perereca – aquecedor improvisado com
pilhas ou pedaços de fio
Piolho – preso antigo
Pipa – bilhete, carta
Pirulito – barra da grade
Puto – preso que já teve envolvimento
homossexual
Quebrada – local onde o preso morava
(na rua)
Se jogar – sair do lugar
Subir o gás – matar na cadeia
Sumariar uma fita – investigar algo
https://pt.slideshare.net/Luiz_Neto/variao-
Sumário – esperando julgamento
Talarico – preso que sai com a mulher de
outro preso
Tatu – buraco de fuga
Tela – televisão
Tereza ou Tia – corda artesanal (com
panos) com gancho, para fuga
16
Treze – louco
Um sete um (171) – estelionatário
X-9 – dedo-duro, alcaguete

7 - VÍCIOS DE LINGUAGEM

As comunicações que partem dos órgãos públicos devem ser compreendidas por todo
e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que se evitar o uso de uma
linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida de que um texto marcado por
expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares, jargão
técnico e os vícios de linguagem comprometem a compreensão textual.

Os vícios de linguagem são palavras ou construções que desvirtuam ou dificultam a


manifestação do pensamento, mudam o sentido de um texto, de uma oração, dando a
oportunidade errônea de diversas possibilidades de interpretação, prejudicando muitas
vezes a comunicação, deixando em dúvida o receptor (quem recebe a mensagem) e o
próprio emissor (quem gera o conceito).

• Barbarismo ou silabada: uso errado de


pronúncia (rúbrica, interim, mortandela);
• Pleonasmo vicioso: formas redundantes
errôneas (elo de ligação, grande maioria, de manhã
cedo, subir pra cima);

• Cacofonia: som desagradável na união de palavras (a vez passada, um real por


cada, vamos então, a boca dela);

• Estrangeirismos: uso de palavras ou expressões estrangeiras (menu, gourmet);


• Solecismo: erro de sintaxe (fazem anos – faz; Vi ela/ Eu a vi);

17
• Arcaísmo: uso de expressões antigas, já ultrapassadas. (Vossa mercê/ Vosmercê
está bem?);

• Ambiguidade: duplo sentido ocorrido em frases. (João, o Pedro saiu com sua
namorada. Sua de quem?);

• Preciosismo: linguagem afetada, técnica ou muito rebuscada. (Meu pai sofre de


alopecia androgênica = careca);

• Eco: repetição desagradável de terminações iguais. (João dirige o caminhão para


Promissão);

• Neologismo: consiste na criação de palavras novas não reconhecidas pela


Língua.
(“gaioleiro”, “imexível”, “internetês”,).
Não é considerado vício de linguagem quando a nova palavra é criada para designar
algo igualmente novo. Ex.: A escola desfilou pelo sambódromo.
Observação: Caso haja necessidade do uso de vocábulo não existente, deverá ser
utilizado entre aspas ou outro recurso para salientá-lo na redação.

Fragmento de comunicado de evento

HISTÓRICO: Eu estava fazendo revista de rotina quando entrei para dentro


(PLEONASMO) da cela 324 e encontrei em um mocó (GÍRIA), na parede, 3 (três) bags
(ESTRANGEIRISMO) de uma substância branca, aparentando cocaína. Perguntei aos
moradores da sela (BARBARISMO) sobre o ilícito e o maluco (GÍRIA) Fulano de Tal me
disse a mim mesmo (PLEONASMO) que era seu. O (SOLECISMO) encaminhei à cela
disciplinar para aguardar providência complementar. (ECO)

8 - PONTUAÇÃO

8.1- VÍRGULA: marca pausa de curta duração. Empregar-se-á entre termos de


uma oração e entre orações.

a) separa elementos de uma comunicação (enumeração).


Ex. A cela tinha uma cama, uma cadeira e uma mesinha de cabeceira.
b) separa o Aposto;
Ex. O diretor desse plantão, um ASP chamado Luciano, pediu aos demais que
mantivessem a ordem.
c) separa o vocativo;
Ex.: Guarde as armas, Rodrigo!
d) separa o adjunto adverbial antecipado;
Ex. Rapidamente, os agentes do plantão resolveram a situação.
e) Isola o nome do lugar das datas.
Ex.: São Paulo, 26 de setembro de 2009.
f) Isola as expressões retificadoras ou explicativas. Ex.: isto é, ou seja, por exemplo, etc.
g) Mostra sujeitos diferentes em uma frase.
Ex.: João saiu para o banho de sol, Pedro ficou na cela.

18
Observação: Caso o sujeito seja único em uma frase, a vírgula não será utilizada.
Ex.: João saiu para o banho de sol e depois retornou para a cela.

Não usamos vírgula entre:


a) Sujeito e predicado;
b) Verbo e seus complementos;
c) O nome e o complemento nominal;
d) O nome e o adjunto adnominal.

Importância da vírgula:

a) pode ser uma PAUSA ou Não.


Ex.: Não, espere. Não espere.
b) pode criar heróis.
Ex.: Isso só, ele resolve. Isso, só ele resolve.
c) pode forçar o que não se quer.
Ex.: Aceito, obrigado. Aceito obrigado.
d) pode acusar a pessoa errada.
Ex.: Esse, juiz, é corrupto. Esse juiz é corrupto.
e) pode mudar uma opinião.
Ex.: Não quero ler. Não, quero ler.
f) pode finalizar um destino.
Ex.: Irás para a guerra, voltarás, não morrerás na guerra. Irás para a guerra, voltarás
não, morrerás na guerra.

8.2- PONTO
Empregado para indicar o final de uma frase declarativa, que pode ser período simples ou
composto e nas abreviaturas:
Ex.: Meu filho foi embora e eu não o conheci.
a.C. / etc./ d.C.

8.3- PONTO E VÍRGULA

Marca uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula.


a) separa orações coordenadas quando uma delas já possuir vírgula no seu interior.
Ex.: Não estava magra, estava transparente; era impossível que não morresse de uma
hora para outra.
b) separa orações que se opõem quanto ao sentido.
Ex.: Uns gritavam; outros silenciavam.

8.4- DOIS PONTOS


Introduz uma citação, uma enumeração de um
esclarecimento. a) citação textual:
Ex.: Este meu filho, chamou-me e disse:
- Fica comigo, só um pouquinho, pai!
b) enumeração:
Ex.: Os economistas clássicos falavam em quatro fatores de produção: terra, capital,
energia e trabalho.

c) esclarecimento textual:
Ex.: Estava muito magro: perdeu vinte dos sessenta quilos que tinha.
19
8.5- ASPAS
a) Isola citações textuais.
Ex.: “Os jardins têm vida e morte.” (Cecília Meireles)

b) realça palavra ou expressões que não fazem parte de nosso idioma.


Ex.: Aquele “mãozinha esperta” foi preso hoje.

8.6- PARÊNTESES
São empregados para isolar palavras, expressões ou frases que não se encaixam na
sequência lógica do enunciado. É uma explicação, reflexão ou comentário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. 2. ed.


Brasília: Departamento de Imprensa Nacional, 2002.

CARRASCO, Sandra Ceraldi. Curso de português para concursos. São Paulo. Madras
Editora. 2009.

DÍAZ BORDENAVE, Juan E. O que é comunicação. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982. 105
p. (Coleção primeiros passos; 67)

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de


Janeiro, Nova Fronteira. 2000.

MESQUITA, R.M. Comunicação não-verbal: atuação profissional e percepção da


psicodinâmica do movimento expressivo. São Paulo, 1997. 217p. Tese (Doutorado) -
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo.

PRETI, D. A gíria e outros temas. São Paulo: Edusp, 1984. 150p.

RODRIGUES, Guilherme Silveira. Código de Cela-O Mistério das prisões.São Paulo: Madras
Editora Ltda. 2001.

Revisada em 2017 por:


MÁRCIA C COSTA CORTELLINE
FÁBIO MARMEROLA SCHLITTLER
ROSANA RAMOS
Revisada em 2014 por:
DENISE BENELI FERRARO
FÁBIO MARMEROLA SCHLITTLER
FLÁVIO REZENDE SOARES
ROGÉRIO CRISTIANO ESPERIDIÃO RIBEIRO
Revisada em 2012 por:
FÁBIO MARMEROLA SCHLITTLER
MARCELLA LUCIANA PAOLONI CHAVES
ROSANA RAMOS
Revisada em 2011 por:
VALÉRIA RONCATTI
VANDERLEI JOSÉ LEONEL
Reformulada em 2009 por:
CLAUDEMIR DOS SANTOS
LUIZ FERNANDO BATAGIN
MÁRCIA CLEMENTINO COSTA CORTELLINE
SANDRA CERALDI CARRASCO
VANDERLEI JOSÉ LEONEL
Colaboração do docente:
OSMAR NUNES DE ARAÚJO

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

São Paulo - 2017

20

Você também pode gostar