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L Influencia PDF
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ANÁLISE DE ESTRUTURAS
Eduardo Pereira
1994
NOTA INTRODUTÓRIA
Pretende-se com estes apontamentos fornecer aos alunos da disciplina de Análise de Estruturas I um
elemento escrito que os auxilie na aprendizagem da determinação de Linhas de Influência. Neste
sentido, constituem estes apontamentos um complemento aos textos de apoio sobre Análise Elástica de
Estruturas, considerando-se como apreendidos os conhecimentos relativos à formulação e aplicação
dos métodos de análise matricial de estruturas: o Método das Forças e o Método dos Deslocamentos.
Da mesma forma, a notação aqui utilizada coincide com a adoptada na apresentação desses métodos.
Nestes apontamentos são introduzidas as noções básicas sobre Linhas de Influência, dando-se uma
panorâmica geral dos principais métodos utilizados para a determinação de funções de influência em
pórticos. Para cada um dos métodos, indica-se quais os princípios em que se baseiam listando-se em
seguida as principais etapas que os compõem. A utilização de exemplos de aplicação procura
demonstrar a sua forma de aplicação prática.
São utilizadas as tabelas de Análise de Estruturas, anexas aos textos de apoio sobre Análise Elástica de
Estruturas, para obter os valores das matrizes de flexibilidade e de rigidez dos elementos de barra, bem
como para os valores das deformações devidas às cargas de vão e das forças de fixação.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 1
Cargas Móveis, Combóios de Cargas Móveis e Caminho de Rolamento.................................................. 1
Função de Influência, Linha de Influência e Superfície de Influência ........................................................ 2
Utilização de Linhas de Influência.................................................................................................................... 3
CONCLUSÕES .................................................................................................................................................................... 35
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................................. 37
INTRODUÇÃO
Por forma a sistematizar o estudo das linhas de influência, interessa definir o que se entende por carga
móvel, combóio de cargas móveis e caminho de rolamento.
Considera-se como carga móvel uma força generalizada de direcção, sentido e intensidade
determinadas, mas sem posição fixa na estrutura. Na representação gráfica deste tipo de cargas utiliza-
se uma simbologia que consiste em associar uma circunferência ao vector que indica a direcção e
sentido da carga por forma a realçar o carácter móvel da acção. Na figura 1
apresentam-se diferentes tipos de cargas móveis.
Figura 1
Um combóio de cargas móveis corresponde a um conjunto de cargas móveis que mantêm entre si uma
posição relativa constante. Simula a acção de veículos automóveis, composições ferroviárias, pontes
rolantes ou outro tipo de solicitação móvel.
Figura 2
Os diferentes tipos de cargas móveis a considerar no projecto de estruturas são, em geral, definidos ou
pelo dono da obra ou pelos regulamentos aplicáveis. No caso de pontes rodoviárias de classe I, o
Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA) define, no seu artigo
41º, o veículo tipo representado na figura 2. É um veículo de três eixos equidistantes, cada um com
1
dois rodados de 0.20m por 0.60 m, e com uma carga de 200 kN por eixo. O caminho de rolamento
associado a este veículo é constituído pela faixa de rodagem da ponte, considerando-se o eixo do
veículo paralelo ao eixo da ponte.
Quando se consideram estruturas com comportamento elástico linear e se admite como válida a
hipótese dos pequenos deslocamentos pode ser aplicado, na sua análise, o teorema da sobreposição
de efeitos. Assim, o conhecimento do comportamento das estruturas face à actuação de cargas móveis
unitárias permite conhecer a sua resposta para a actuação de combóios de cargas.
Define-se como função de influência de determinado efeito, E(x), o valor desse efeito (esforço,
deslocamento ou reacção) em função da posição, x, de uma carga móvel unitária. O domínio de
variação da posição da carga móvel corresponde ao caminho de rolamento considerado.
Figura 3
2
No caso do caminho de rolamento corresponder a uma superfície, a representação gráfica da função
de influência designa-se por superfície de influência.
Conhecendo o traçado da linha de influência de determinada grandeza é possível definir o valor dessa
grandeza para cargas móveis isoladas ou para combóios de cargas.
MS = ∫ p E( x) dx + P E(x 3 ) ,
x1
M S = p A(x1, x 2 ) + P E(x3 ) ,
Figura 4
3
MÉTODO DIRECTO PARA A DETERMINAÇÃO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA
A determinação da função de influência e o consequente traçado da linha de influência pode ser feito a
partir da sua definição. Neste caso, a estrutura é resolvida considerando como acção a carga móvel
unitária colocada numa posição genérica, função da coordenada no caminho de rolamento. Quando se
trata de estruturas isostáticas a sua resolução é feita recorrendo unicamente às condições de equilíbrio,
enquanto que no caso das estruturas hiperstáticas é necessário recorrer a um método de análise de
estruturas, o qual poderá ser o Método das Forças ou o Método dos Deslocamentos.
Este método para a determinação de linhas de influência é habitualmente designado como Método
Directo visto recorrer directamente à definição de linha de influência.
Por forma a exemplificar a aplicação deste método considere-se, para a viga isostática representada na
figura 5a, a determinação das linhas de influência das reacções verticais e do momento flector e do
esforço transverso na secção S. Na figura 5b representa-se o sentido arbitrado para as reacções
verticais, bem como qual a coordenada escolhida para referenciar a posição da carga móvel.
Figura 5a Figura 5b
x x
R A (x ) = 1 - RB( x) =
L L
4
O momento flector e o esforço transverso na secção S podem ser definidos a partir das reacções de
apoio na forma,
x
M S ( x) = (L - x0 ) para 0 ≤ x ≤ x 0
L
x
M S ( x) = x 0 1 - para x 0 ≤ x ≤ L
L
x
VS ( x) = - para 0 ≤ x < x0
L
x
VS ( x) = 1 - para x 0 < x ≤ L
L
Figura 6
5
Aplicação do Método Directo em Estruturas Hiperstáticas
Figura 7a Figura 7b
A resolução da estrutura sob a acção da carga móvel unitária é feita recorrendo ao método das forças.
Para tal é necessário, com base na escolha de um sistema base isostático, determinar as parcelas
complementar e particular da solução. A parcela complementar resulta da actuação das incógnitas
hiperstáticas unitárias. A parcela particular define a actuação isolada da carga rolante em cada um dos
elementos de barra que constituem o caminho de rolamento. A solução da estrutura é obtida por meio
da imposição das equações de compatibilidade ao nível dos deslocamentos associados às incógnitas
hiperstáticas.
Descrição do método
6
• Considerando separadamente a actuação da carga unitária em cada elemento de barra pertencente
ao caminho de rolamento:
• Parcela particular: Aplicação da carga móvel unitária, determinação dos esforços e
deformações, determinação dos deslocamentos associados às incógnitas hiperstáticas e da
parcela particular do esforço, reacção de apoio ou deslocamento do qual se pretende a
linha de influência E0;
• Resolução da equação do método das forças (F p + v0 = 0), obtenção das expressões das
funções de influência das incógnitas hiperstáticas p para a actuação da carga no elemento
de barra considerado;
• Obtenção da expressão da função de influência para a actuação da carga no elemento de
barra considerado a partir da sobreposição de efeitos : E = Ec p + E0.
Comentários
A solução obtida para a equação do método das forças corresponde à função de influência dos
esforços ou reacções de apoio escolhidas como incógnitas hiperstáticas.
Exemplo de aplicação
A estrutura em análise tem um grau de hiperstatia igual a 1. Assim, é necessário introduzir uma
libertação na estrutura por forma a obter um sistema base. Na figura 8a representa-se o sistema base
escolhido, o qual consiste na libertação do momento flector na secção inicial da barra 2. Para este
sistema base, apresenta-se na figura 8b a distribuição de momentos flectores associada à aplicação da
incógnita hiperstática unitária.
Figura 8a Figura 8b
7
A matriz dos esforços independentes que equilibram as incógnitas hiperstáticas unitárias toma assim a
forma, Bt = [0 1 1 0 ]. A partir da definição deste operador de equilíbrio e das características
geométricas e mecânicas das diferentes barras é possível obter, considerando unicamente a
deformabilidade por flexão, a matriz de flexibilidade da estrutura,
F* =
2L
.
3EI
x
O momento flector na secção S devido à actuação da incógnita hiperstática unitária é igual a 0 .
L
L
O momento flector na secção B é igual a 1 e o valor da rotação do nó B é de medido no
3EI
sentido directo.
- Solução particular
Na análise da acção da carga móvel deve-se considerar separadamente a colocação da carga em cada
um dos tramos. Nas figuras 9a e 9b apresenta-se a distribuição de momentos flectores referentes ao
caso em que a carga móvel se encontra na barra 1 e na barra 2, respectivamente.
Figura 9a Figura 9b
A acção da carga móvel é quantificada a partir do vector dos esforços, X0, bem como do vector das
deformações devidas às cargas de vão, u . Assim, para a carga na barra 1 obtém-se,
ut = 1 0 ,
x ( L - x1 ) (2L - x1 ) x1 ( L - x1 ) (L + x1 )
X t0 = [0 0 0 0] e 0
6 LEI 6 LEI
sendo o momento flector na secção S igual a x1 - 0 x1 , para a carga entre A e S
x
L
( 0 ≤ x1 ≤ x 0 ) e igual a x 0 - 0 x1 , para a carga entre S e B ( x0 ≤ x1 ≤ L ) .
x
L
8
x L2 - x2
O valor do momento flector na secção B é nulo e a rotação do nó B é igual a
1 1 ( )
6 L EI
u t = 0
x 2 (L - x 2 ) (2L - x2 ) x2 (L - x 2 ) (L + x 2 )
X t0 = [0 0 0 0] e 0 ,
6 LEI 6LEI
x1 (L - x1 ) ( L + x1 )
v0 = ,
6LEI
quando a carga se encontra na barra 1 e,
x 2 (L - x2 ) (2 L - x2 )
v0 = ,
6LEI
9
Linha de influência do momento flector na secção S
1 - x0 x 0 ≤ x1 ≤ x 0
x (L - x1) (L + x1) x0 L 1
MS = - 1 + ,
4 L2 L
x0 - x 0 x1 x 0 ≤ x1 ≤ L
L
ou simplificando,
5 x0 x0 3
1 - 4 L x1 + 4 L3 x1 0 ≤ x1 ≤ x 0
MS = .
x0 - 5 x0 x1 + x 03 x31 x0 ≤ x1 ≤ L
4L 4L
( )
x2 (L - x2 ) (2L - x2 ) x 0 x0
MS = - = - 2 L2 x2 - 3 L x 22 + x32 .
4 L2 L 4L 3
x2 (L - x2 ) (2L - x 2 )
MB = p = - .
4 L2
θB
x (L - x1 ) (L + x1)
= - 1
L
+
x1 L2 - x21 ( ) ,
4 L2 3EI 6 L EI
10
ou simplificando,
θB =
(
x1 L2 - x12 ) .
12 L EI
A resolução da estrutura para a acção da carga móvel unitária é feita recorrendo ao método dos
deslocamentos. Para tal é necessário identificar os deslocamentos independentes e determinar as
parcelas complementar e particular da solução. A parcela complementar resulta da imposição dos
deslocamentos independentes unitários. Na parcela particular deve-se considerar separadamente a
actuação isolada da carga rolante em cada um dos elementos de barra que constituem o caminho de
rolamento. A solução da estrutura é obtida por meio da imposição do equilíbrio de forças associadas
aos deslocamentos independentes.
Descrição do método
11
Comentários
A solução obtida para a equação do método dos deslocamentos corresponde à função de influência
dos deslocamentos independentes.
Exemplo de aplicação
- Solução particular
12
Figura 11a Figura 11b
A acção da carga móvel é quantificada a partir do vector das forças de fixação. Assim, para a carga na
barra 1 obtém-se,
(
x1 L2 - x12
= -
)
Q0 2 ,
2 L
sendo o momento flector na secção S igual a
x1 + x1 - 3 L x1 x 0 , para a carga entre A e S ( 0 ≤ x1 ≤ x 0 )
3 2
2 L3
e igual a
x 0 + x1 - 3 L x1 x0 , para a carga entre S e B ( x0 ≤ x1 ≤ L ) .
3 2
2 L3
x (L - x 2 ) (2L - x2 )
Q0 = 2
2 L2 ,
13
- Equação do Método dos Deslocamentos
x1 ( L2 - x12 )
- carga na barra 1 q = ;
12 L EI
x 2 (L - x2 ) (2L - x 2 )
- carga na barra 2 q = - .
12 L EI
x13 - 3 L2 x1
x
1 + x0 0 ≤ x1 ≤ x0
x ( L2 - x12 ) 3EI 2L
3
MS = 1 x0 + ,
12 L E I L2 3 2
x 0 + x1 - 3 L x1
x0 x0 ≤ x1 ≤ L
2L 3
ou simplificando,
5 x0 x0 3
1 - 4 L x1 + 4 L3 x1 0 ≤ x1 ≤ x 0
MS = .
x
x0 - 5 x0 x1 + 03 x31 x0 ≤ x1 ≤ L
4L 4 L
x2 (L - x 2 ) (2L - x2 )
MS = -
12 L EI
3EI
L2
x0 = -
x0
4 L3
(
2 L2 x 2 - 3 L x 22 + x32 ) .
Como era de esperar, a expressão obtida para a linha de influência do momento flector na secção S é
idêntica à obtida recorrendo ao método das forças. O seu traçado é apresentado na figura 12.
14
- carga móvel na barra 1
MB =
x1 ( L2 - x12 ) 3EI
-
(
x1 L2 - x12 ) = -
(
x1 L2 - x12 ) .
2 2
12 L E I L 2L 4L
x2 (L - x 2 ) (2L - x 2 ) 3 EI x2 (L - x 2 ) (2L - x 2)
MB = - = - .
12 L EI L 4 L2
Figura 12
A expressão obtida para a função de influência do momento flector na secção B é idêntica à obtida
utilizando o método das forças. O traçado da respectiva linha de influência é apresentado na
figura 13.
Figura 13
Figura 14
15
MÉTODO INDIRECTO PARA A DETERMINAÇÃO
DE LINHAS DE INFLUÊNCIA
Princípios gerais
provocado por uma força unitária, λx=1, é igual ao deslocamento, δ x , correspondente a λx, obtido a
partir da introdução da deformação unitária associada ao esforço X, u x0 =1.
Este teorema é válido na hipótese dos pequenos deslocamentos e deformações. No caso de estruturas
hiperstáticas, é necessário garantir a linearidade física (comportamento elástico e linear).
Este resultado não é mais do que uma aplicação do Princípio da Dualidade, visto que exprime a
[ ]
dualidade entre relações de equilíbrio e compatibilidade na forma: se X x0 = f (x, x 0 ) λx então
[ ]
verifica-se que δ x = f (x,x 0 ) u x 0 desde que o deslocamento δ x seja o deslocamento
correspondente à força λx e a deformação u x0 seja a correspondente ao esforço X x0 .
Para o caso das reacções de apoio, devido ao facto de se tratar de forças exteriores, é necessário
adaptar estas relações da seguinte forma: R = [f (x )] λx e δ x = - [f (x)] r , representando r o
deslocamento correspondente à reacção de apoio R.
Assim, a determinação das linhas de influência de esforços e reacções pode ser considerada como a
determinação da deformada do caminho de rolamento, na direcção e sentido da carga móvel, sob a
acção da descontinuidade unitária dual do esforço ou da reacção pretendida.
Figura 15
16
As deformações unitárias positivas a considerar para o caso do momento flector, esforço transverso e
esforço normal encontram-se representadas na figura 15.
O valor do deslocamento na secção x0, δ x0 , quando a carga móvel unitária, λx =1, actua na secção de
abcissa x, é igual ao valor do deslocamento da secção de abcissa x, δ x, quando se aplica uma carga
unitária, λ x 0 , na secção de abcissa x0.
[
Esta relação pode ser escrita na forma: se δ x0 = f (x, x 0 ) λ x ] então verifica-se que
[ ]
δ x = f (x,x 0 ) λ x 0 , desde que o deslocamento δ x seja o deslocamento correspondente à força λx e
a força λ x 0 seja a correspondente ao deslocamento δ x0 .
Assim, a determinação das linhas de influência de deslocamentos pode ser considerada como a
determinação da deformada do caminho de rolamento, na direcção e sentido da carga móvel, sob a
acção da força generalizada unitária correspondente ao deslocamento em análise.
No caso de esforços ou reacções, as linhas de influência correspondentes serão definidas por troços
rectos. Este facto deve-se a que a introdução de uma deformação ou de um deslocamento de apoio
numa estrutura isostática, por se realizar através da introdução da libertação correspondente, não
provoca esforços. Sendo assim, as deformações são nulas e a deformada é unicamente devida aos
deslocamentos de corpo rígido dos vários elementos.
17
curvatura, em peças rectas de secção transversal constante, ser proporcional ao momento flector, o
qual apresenta um andamento linear tendo em conta que o carregamento é constituído apenas por
cargas concentradas unitárias.
Exemplo de aplicação
Considere-se a estrutura representada na figura 16, para a qual se pretende determinar as linhas de
influência do momento flector na secção S1, do esforço transverso na secção S2, da reacção vertical
no apoio C e do deslocamento vertical da secção B, utilizando o método indirecto.
Figura 16
Figura 17
18
- Linha de influência do esforço transverso em S2
Figura 18
Figura 19
19
- Linha de influência do deslocamento vertical da secção B
Figura 20
Tendo em conta o diagrama de momentos flectores apresentado na figura 20, é possível concluir que
apenas a barra AB se deforma pois só neste troço da estrutura os esforços são não nulos. Assim,
considerando apenas a deformabilidade por flexão, é possível determinar qual o deslocamento vertical
L3 43
do ponto B, ∆ = = e, com base neste deslocamento, a deformada do troço BF.
3 EI 3 EI
Figura 21
L3 3 x2 x3
δ vC = − em que 0 ≤ x ≤ L e L = 4m .
3 EI 2 L2 2 L3
20
Método Indirecto Aplicado a Estruturas Hiperstáticas
Descrição do método
Comentários
21
A parcela particular da função de influência corresponde à função de influência do esforço, reacção ou
deslocamento na estrutura isostática que serve de sistema base.
Exemplo de aplicação
Para ilustrar a aplicação do Método Indirecto associado ao Método das Forças, é utilizado o exemplo
apresentado anteriormente para a determinação de linhas de influência pelo método directo em
estruturas hiperstáticas, representado nas figuras 7a e 7b.
Quando do estudo deste exemplo para aplicação do Método Directo associado ao Método das
Forças, já foi analisada a parcela complementar tendo sido obtida a matriz de equilíbrio,
Bt = [0 1 1 0 ] , e a matriz de flexibilidade da estrutura F =
2L
.
* 3EI
Além destes dois operadores, torna-se necessário obter a expressão da deformada na parcela
particular. Tendo em conta unicamente a deformabilidade de flexão, e com base no diagrama de
momentos flectores representado na figura 8b, é possível obter a seguinte deformada:
elemento de barra 1
L x3
δ c1 = x1 - 12 ;
6 EI L
elemento de barra 2
L x2 x 32
δ c1 = 2 x2 - 3 2 + ;
6 EI L L2
22
Linha de influência do momento flector na secção S
-Solução particular
Figura 22
O mesmo resultado podia ser obtido por dualidade, v 0 = Bt u0 , em que o operador B agrupa os
momentos flectores na secção S devidos às incógnitas hiperstáticas unitárias, e u0 representa a
deformação de flexão imposta na secção S.
Barra 1
x0
1 - x1 0 ≤ x1 ≤ x0
L
δ0 =
1 -
x1
x x0 ≤ x1 ≤ L
L 0
Barra 2
δ0 = 0
23
- Equação do Método das Forças
x0
1 - x1 0 ≤ x1 ≤ x 0
L 3 EI
x13 L
MS = x1 - - x 0 + ,
6 EI L 2 L2
2
1 -
x1
x x 0 ≤ x1 ≤ L
L 0
ou simplificando,
5 x0 x0 3
1 - 4 L x1 + 4 L3 x1 0 ≤ x1 ≤ x 0
MS = .
x0 - 5 x0 x1 + x 03 x31 x0 ≤ x1 ≤ L
4L 4L
L x 32 3 EI
( )
x2
x =
x0
MS = 2 x2 - 3 2 + - - 2 L2 x2 - 3 L x 22 + x 32
6 EI L L2 2 L2 0 4L 3
-Solução particular
Tendo em conta o facto da incógnita hiperstática coincidir com a grandeza para a qual se pretende
determinar a função de influência, a deformada correspondente à solução particular é nula. Contudo, o
valor do deslocamento associado à incógnita hiperstática toma um valor unitário,
v0 = 1 ,
como se pode verificar a partir da representação apresentada na figura 23.
24
Figura 23
MB =
L
x -
x13 3 EI
- = -
x1 L2 - x21 ( ) .
6 EI 1 L2 2 L 4 L2
L x2 x32 3 EI x 2 (L - x2 ) (2L - x2 )
MB = 2 x2 - 3 2 + - = - .
6 EI L L2 2 L 4 L2
-Solução particular
Figura 24
25
hiperstática para a actuação deste momento unitário. Na figura 24 apresenta-se a configuração da
deformada para a solução particular,
- elemento de barra 1
L x3
δ0 = x1 - 12 ;
6 EI L
- elemento de barra 2
δ0 = 0 .
L
A descontinuidade associada à incógnita hiperstática é igual a v 0 = .
3 EI
θB =
L x31
x - 2 -
1
+
L x13
x - 2 =
(
x1 L2 - x12 ) ,
6 EI 1 L 2 6 EI 1 L 12 L EI
L x2 x32 1 x (L - x 2 ) (2L - x 2 )
θB = 2 x2 - 3 2 + - = - 2 .
6 EI L L 2
2 12 L EI
26
deslocamentos para a resolução da estrutura.
A estrutura deve considerar-se solicitada pela acção unitária (deslocamento, deformação ou força)
associada à grandeza (reacção, esforço ou deslocamento) para a qual se pretende a linha de influência.
A aplicação desta acção induz na estrutura campos de esforços e deslocamentos. O deslocamento do
caminho de rolamento na direcção e sentido da carga rolante corresponde ao traçado da linha de
influência.
No caso de estruturas hipercinemáticas (β > 0), a resolução da estrutura para a acção unitária pode
ser feita recorrendo ao método dos deslocamentos, o que corresponde à aplicação do método
indirecto associado ao método dos deslocamentos.
Descrição do método
Comentários
No caso da determinação de linhas de influência de esforços, encontra-se tabelado o valor das forças
de fixação para a deformação unitária e a expressão da parcela particular da linha de influência para os
diferentes elementos de barra. Há a considerar os termos Q0 e δ 0 sendo os termos QN nulos.
27
apenas os termos QN sendo os termos Q0 nulos. No caso de deslocamentos de vão os termos QN
são nulos, existindo os termos Q0, bem como a parcela particular δ 0.
Exemplo de aplicação
Para ilustrar a aplicação do Método Indirecto associado ao Método dos Deslocamentos é utilizado o
exemplo apresentado anteriormente para a determinação de linhas de influência em estruturas
hiperstáticas, representado nas figuras 7a e 7b.
A parcela complementar já foi analisada quando do estudo deste exemplo para aplicação do Método
Directo associado ao Método dos Deslocamentos, tendo sido obtida a matriz de rigidez da estrutura
K =
6EI
.
L
elemento de barra 1
δ c1 =
1
2 L2
(
L2 x1 - x31 ;)
elemento de barra 2
δ c1 = -
1
2 L2
(2 L2 x2 - )
3 L x 22 + x32 ;
-Solução particular
28
Figura 25
O valor da força de fixação devida à acção da descontinuidade unitária, como se indica na figura 25, é
dado por:
3 EI
Q0 = - x0 .
L2
Barra 1
x - x + 3 x 0 (L - x1 )2 -
x0
(L - x1 )3 0 ≤ x1 ≤ x 0
1 0
2 L2 2 L3
δ0 =
3x0 x0
(L - x1 )2 - (L - x1 )3 x0 ≤ x1 ≤ L
2 L2 2 L3
Barra 2
δ0 = 0
29
3 x 0 (L - x1)
2
x0 (L - x1 )
3
1
x - x + - 0 ≤ x1 ≤ x0
L2 x1 - x31 x0 0
2 L2 2 L3
MS = +
2 L2 3 x 0 (L - x1 ) x0 (L - x1 )
2L 2 3
- x 0 ≤ x1 ≤ L
2 L2 2 L3
ou simplificando,
5 x0 x0 3
1 - 4 L x1 + 4 L3 x1 0 ≤ x1 ≤ x 0
MS = .
x0 - 5 x0 x1 + x 03 x31 x0 ≤ x1 ≤ L
4L 4L
MS = -
1
2 L2
(2 L2 x2 ) x
- 3 L x 22 + x32 0 = -
2L
x0
4 L3
(
2 L2 x2 - 3 L x 22 + x32 )
-Solução particular
Neste caso a solução particular corresponde à deformada da estrutura sob a acção da descontinuidade
unitária de flexão na secção B. Considerando a secção B como a secção final da barra 1, representa-
se na figura 26 a acção desta descontinuidade no sistema base.
Figura 26
O valor da força de fixação devida à acção da descontinuidade unitária, como se indica na figura 26, é
dado por:
3 EI
Q0 = - .
L
Barra 1
3 1
δ0 = x1 - L + (L - x1) -
2
(L - x1 )
3
2L 2 L2
30
Barra 2
δ0 = 0
MB =
L2 x1 - x31 1
+ x1 - L +
3 (L - x1 )
2
-
(L - x1 )
3
= -
(
x1 L2 - x12 )
2 L2 2 2L 2 L2 4 L2
x2 (L - x 2 ) (2L - x 2 )
(2 L2 x2 - ) 12
1
MB = - 3 L x 22 + x 32 = -
2 L2 4 L2
31
- Sobreposição de efeitos. Obtenção da expressão da linha de influência da rotação do nó B
x2 (L - x2 ) (2L - x2 )
θB = -
1
2 L2
(2 L2 x2 - 3 L x 22 + x 32 ) L
6 EI
= -
12 L EI
.
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ESCOLHA DO MÉTODO DE CÁLCULO
O objectivo fundamental deste texto de apoio foi o de apresentar os principais métodos para
determinação de linhas de influência. Contudo, tem grande interesse reflectir sobre que método
escolher quando se pretende determinar linhas de influência numa estrutura.
Estruturas Isostáticas
A escolha do método de cálculo, para estruturas isostáticas, limita-se à opção entre o método directo e
o método indirecto, dependendo esta escolha do tipo de estrutura em causa.
No caso de vigas Gerber, ou vigas de rótulas, a utilização do método indirecto parece ser a mais
adequada visto que a simplicidade destas estruturas permite uma fácil determinação não só das
deformadas resultantes da imposição de deformações unitárias (linhas de influência de esforços ou
reacções) como também a determinação da deformada para a actuação de cargas unitárias (linhas de
influência de deslocamentos).
No caso de linhas de influência de esforços ou reacções em pórticos isostáticos, devido ao facto das
deformações unitárias poderem induzir movimentos de corpo rígido mais complexos, é, em geral,
aconselhável a utilização do método directo. Para o caso da determinação de linhas de influência de
deslocamentos neste tipo de estruturas, o método indirecto parece ser de mais fácil aplicação.
Em treliças isostáticas pretende-se geralmente a determinação das linhas de influência dos esforços
normais nas barras. O método mais eficiente para se proceder à determinação destas linhas de
influência consiste na determinação das linhas de influência das reacções de apoio utilizando o método
indirecto, aplicando-se em seguida as relações de equilíbrio, equilíbrio de nós ou método das secções,
para a determinação das linhas de influência dos esforços normais nas barras.
Estruturas Hiperstáticas
Se, no caso das estruturas isostáticas, a escolha do método se limita à opção entre método directo ou
método indirecto, no caso das estruturas hiperstáticas, além desta escolha, é necessário optar pelo
método das forças ou pelo método dos deslocamentos para a resolução da estrutura. Uma forma
simples de decidir qual o método a utilizar para a resolução da estrutura pode ser a comparação entre
o grau de indeterminação estática, α, e o grau de indeterminação cinemática, β. Assim, quando α<<β
será aconselhável a utilização do método das forças, optando-se pelo método dos deslocamentos
sempre que α>>β .
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Contudo, esta opção encontra-se também condicionada pelas ferramentas de cálculo disponíveis.
Presentemente, devido ao facto de ser menos condicionado pela topologia das estruturas, a maioria
dos programas de cálculo automático de estruturas têm como base a utilização do método dos
deslocamentos. Assim, tem-se generalizado a utilização deste método no cálculo de linhas de influência,
apesar de para alguns tipos de estruturas, como é o caso das vigas contínuas, o método das forças ser
de muito fácil aplicação.
Os métodos mistos consistem na utilização do método directo ou do método indirecto para o cálculo
das linhas de influência dos deslocamentos independentes ou das incógnitas hiperstáticas, utilizando em
seguida a sobreposição de efeitos para a determinação das linhas de influência pretendidas. Assim,
para a determinação de linhas de influência utilizando o método dos deslocamentos procede-se da
seguinte forma:
Determinar o valor da grandeza da qual se pretende a linha de influência, Eci , para a acção de
cada um dos deslocamentos independentes, qi ;
β
Aplicar a sobreposição de efeitos E(x ) = ∑ [Eci q i (x)] + E0 (x) .
i=1
O procedimento para a aplicação do método misto associado ao método das forças é em tudo
análogo ao descrito para o método dos deslocamentos. Assim:
Determinar as linhas de influência das incógnitas hiperstáticas, pi(x), utilizando o método directo
ou o método indirecto (em geral o método indirecto);
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Determinar a parcela particular, que corresponde à linha de influência da grandeza pretendida,
no sistema base, E0(x). Este cálculo pode ser feito utilizando o método directo ou indirecto
(estes valores coincidem com a linha de influência na estrutura isostática que serve de sistema
base);
Determinar o valor da grandeza da qual se pretende a linha de influência, Eci , para a acção de
cada uma das incógnitas hiperstáticas, pi ;
α
Aplicar a sobreposição de efeitos E(x ) = ∑ [Eci pi (x )] + E 0( x) .
i=1
CONCLUSÕES
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BIBLIOGRAFIA
L Fialho, "Estruturas II", Assoc. dos Estudantes do Inst. Sup. Técnico, Lisboa, 1978/79;
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