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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

Produção de Energia Eléctrica II

Grupo III

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e


Regeneração

Discentes: Docente:

Arsénio Soares César Engo. Maxcêncio A. Tamele

Camilo Caetano Monteiro

Dércio Alberto Mucale

Manuel João Baptista

Sengiyunva Elie

Songo, Maio de 2018


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

Produção de Energia Eléctrica II

Grupo III

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e


Regeneração

Discentes: Docente:

Arsénio Soares César Engo. Maxcêncio A. Tamele

Camilo Caetano Moisés

Dércio Alberto Mucale

Manuel João Baptista


O presente trabalho foi elaborado
Sengiyunva Elie
por estudantes do Instituto
Superior Politécnico de Songo, do
terceiro ano do curso de
Engenharia Eléctrica, no âmbito da
cadeira de Produção de Energia
Eléctrica II, para fins de avaliação.

Songo, Maio de 2018


Índice

1. Introdução ................................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos............................................................................................................................. 2
1.1.1. Objectivo Geral.............................................................................................................. 2
1.1.2. Objectivos Específicos .................................................................................................. 2
1.2. Metodologia de Investigação ............................................................................................... 2

2. Definições e Generalidades......................................................................................................... 3

3. Ciclo de Brayton ......................................................................................................................... 4

4. Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração ................... 5

4.1. Análise dos processos adiabáticos de compressão e expansão ............................................ 8


4.1.1. Análise dos processos adiabáticos de compressão ........................................................ 8
4.1.2. Análise dos processos adiabáticos de expansão .......................................................... 10
4.2. Análise dos processos regeneração .................................................................................... 11
4.3. Análise dos processos de reaquecimento arrefecimento intermédio .................................. 12
4.4. Exercícios Resolvidos ........................................................................................................ 14
4.4.1. Exercício Resolvido 1 .................................................................................................. 15
4.4.2. Exercício Resolvido 2 .................................................................................................. 17
4.4.3. Exercício Resolvido 3 .................................................................................................. 20
4.4.4. Exercício Resolvido 4 .................................................................................................. 22
4.4.5. Exercício Resolvido 5 .................................................................................................. 23

5. Conclusão.................................................................................................................................. 25

6. Bibliografia ............................................................................................................................... 26
1. Introdução

A turbina a gás experimentou progresso e crescimento fenomenais desde o início de seu


desenvolvimento nos anos de 1930. Devido a baixa eficiência do compressor e da turbina bem
como a baixa temperatura na entrada da turbina em virtude das limitações metalúrgicas da época,
as primeiras turbinas a gás tinham eficiências de ciclo simples de cerca de 17%, de acordo com
Çengel e Boles (2006). Este facto traduziu-se no uso limitado destas turbinas, sendo que para
melhorar a eficiência do ciclo concentrou-se em três áreas: (1) aumento das temperaturas de
entrada na turbina; (2) aumento das eficiências dos componentes das turbo-máquinas; e (3)
incorporação de modificações ao ciclo básico.

O presente trabalho se propõe a descrever a terceira medida que foi a incorporação de


modificações ao ciclo básico. Com a incorporação do arrefecimento intermédio, reaquecimento e
regeneração, as eficiências do ciclo das primeiras turbinas a gás praticamente dobraram.
Entretanto, essas melhorias trazem consigo custos inicial e de operação maiores, não podendo ser
justificadas a menos que a diminuição nas despesas com combustível compense o aumento dos
outros custos.

Porém, os preços relativamente baixos do combustível, o desejo natural e geral da indústria de


minimizar os custos das instalações, e o grande aumento para cerca de 40% na eficiência do ciclo
básico limitam o desejo de optar por essas modificações. Contudo, suas vantagens estão se
tornando mais visíveis devido ao surgimento de uma maior conscientização do uso racional e
eficiente dos recursos disponíveis, o que faz com que a incorporação destas modificações passe a
ser frequentemente empregada quando a relação custo-benefício se torna satisfatória.

No presente trabalho começa-se por efectuar-se uma revisão acerca do ciclo de Brayton e por
conseguinte, desenvolver os principais pontos relacionados a incorporação de modificações ao
ciclo básico. Em seguida, são apresentados 5 exercícios resolvidos para uma melhor
consolidação da matéria. Por fim, são tecidas considerações finais e apresentada a bibliografia
que serviu de apoio para a elaboração do presente trabalho.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 1


1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Estudar o ciclo de Brayton com arrefecimento intermédio, reaquecimento e regeneração

1.1.2. Objectivos Específicos

 Apresentar conceitos básicos;


 Apresentar a constituição;
 Descrever o funcionamento do ciclo;
 Analisar os processos adiabáticos de compressão e expansão;
 Analisar os processos de arrefecimento intermédio, reaquecimento e regeneração;
 Apresentar alguns exercícios resolvidos;

1.2. Metodologia de Investigação

A elaboração do presente trabalho baseou-se em pesquisas científico-didácticas com base em


artigos electrónicos, livros e materiais digitais.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 2


2. Definições e Generalidades

Processo: toda mudança pela qual um sistema passa de um estado de equilíbrio para outro.

O prefixo iso- é quase sempre usado para designar um processo em que determinada propriedade
permanece constante. O processo isotérmico, por exemplo, é um processo no qual a temperatura
T permanece constante; O processo isobárico, por exemplo, é um processo no qual a pressão P
permanece constante.

Ciclo: diz-se que um sistema executou um ciclo quando ele retorna ao seu estado inicial no final
do processo. Ou seja, para um ciclo, os estados inicial e final são idênticos.

Energia interna: é a energia total contida em um sistema termodinâmico (contendo pressão,


volume e temperatura), isto é, é a soma de todas as formas microscópicas de energia de um
sistema e é indicada por U.

Calor: forma de energia transferida entre dois sistemas (ou entre um sistema e sua vizinhança)
em virtude da diferença de temperaturas.

Trabalho: é a transferência de energia associada a uma força que age ao longo de uma distância,
e é indicada por W.

Eficiência: é o grau de sucesso com o qual um processo de transferência ou conversão de


energia é realizado.

Entropia: é uma medida de desordem molecular ou da aleatoriedade molecular numa


substância.

Entalpia: é uma combinação das propriedades , é indicada por h.

Combustão: é uma reacção química exotérmica ente uma sustância (combustível) e um gás (o
oxigénio).

Volume específico: é o volume ocupado por uma substancia por unidade de massa.

Calor específico: é a quantidade de calor por unida de massa.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 3


3. Ciclo de Brayton

O ciclo de Brayton é o ciclo ideal das turbinas a gás. Em geral, estas operam em um ciclo aberto,
conforme mostra a Figura 1. O ar fresco em condições ambientes é admitido no compressor,
onde a temperatura e a pressão são elevadas. O ar à alta pressão entra na camara de combustão,
no qual o combustível é queimado à pressão constante. Em seguida, os gases resultantes a alta
temperatura entram na turbina, onde se expandem até a pressão atmosférica enquanto produzem
potência. Os gases de exaustão que deixam a turbina são rejeitados para o ambiente (não re-
circulam), assim, o ciclo é classificado aberto, (Çengel e Boles, 2006).

Ainda de acordo com os mesmos autores, o ciclo de turbina a gás aberto pode ser modelado
como um ciclo fechado, utilizando as hipóteses de padrão a ar. Neste caso, os processos de
combustão e expansão permanecem os mesmos, mas o processo de combustão é substituído por
um processo de fornecimento de calor a pressão constante a partir de uma fonte externa, e o
processo de exaustão é substituído por um processo de rejeição de calor à pressão constante para
o ambiente. O ciclo ideal pelo qual passa o fluido de trabalho nesse circuito fechado é o ciclo
Brayton, formado por quatro processos internamente reversíveis:

 Processo 1-2: compressão adiabática isentrópica;


 Processo 2-3: adição de calor a pressão constante;
 Processo 3-4: expansão adiabática isentrópica;
 Processo 4-1: rejeição de calor a pressão constante.

Os diagramas T-s e P-v de um ciclo de Brayton ideal são apresentados na figura 2.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 4


Figura 1: Motor turbina a gás a ciclo aberto (a esquerda); Motor turbina a gás a ciclo fechado (a
direita)
Fonte: Çengel e Boles, 2013.

Figura 2: Diagrama T-s (a) e P-v (b) de um ciclo de Brayton ideal


Fonte: Çengel e Boles, 2006.

4. Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração

Para Çengel e Boles (2006), o trabalho líquido de um ciclo de turbina a gás é a diferença entre o
trabalho produzido pela turbina e o trabalho consumido no compressor. Ao diminuir-se o
trabalho do compressor, aumentar-se o trabalho da turbina ou ambos, o trabalho líquido aumenta.
Entretanto, para minimizar o trabalho do compressor o processo de compressão deve ser
executado de forma internamente reversível (minimizando as irreversibilidades como atrito,
turbulência e a compressão em não equilíbrio).

Uma forma prática de se reduzir o trabalho do compressor é manter o volume específico do gás
no menor nível possível durante o processo de compressão. Isso é feito mantendo a mais baixa
temperatura possível para o gás durante a compressão. Uma técnica para diminuir o trabalho de
compressão é realizar a compressão em múltiplos estágios com arrefecimento intermédio, no
qual o gás é comprimido em estágios e resfriado entre cada estágio, quando passa no por um
trocador de calor chamado arrefecedor intermédio ou intercooler.

Os mesmos autores afirmam ainda que, de igual modo que o arrefecimento intermédio no
compressor diminui o trabalho, a expansão em múltiplos estágios com reaquecimento aumenta o

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 5


trabalho produzido. Este processo é feito sem elevar a temperatura máxima do ciclo, sendo que à
medida que o número de estágios aumenta, o processo de expansão se torna quase isotérmico.

“O trabalho de compressão ou expansão em regime permanente é proporcional


ao volume específico do fluido. Portanto, o volume específico do fluido de
trabalho deve ser o mais baixo possível durante um processo de compressão e o
mais alto possível em um processo de expansão.” (Çengel e Boles, 2006).

É exactamente isso que o arrefecimento intermédio e o reaquecimento realizam.

Em geral, a combustão nas turbinas a gás ocorre com quatro vezes a quantidade de ar necessária
com a finalidade de efectuar uma combustão completa e evitar temperaturas excessivas. Assim,
os gases de exaustão são ricos em oxigénio e o reaquecimento pode ser realizado simplesmente
aspergindo combustível adicional nos gases de exaustão entre dois estágios de expansão.

Quando o arrefecimento intermédio e o reaquecimento são utilizados, o fluido de trabalho deixa


o compressor a uma temperatura mais baixa e a turbina a uma temperatura mais alta. Isso torna a
regeneração mais atraente.

As figuras 3 e 4 abaixo apresentam um diagrama esquemático e o diagrama T-s de um ciclo de


turbina a gás ideal de dois estágios com arrefecimento intermédio, reaquecimento e regeneração.

Çengel e Boles (2006) descrevem o ciclo nos seguintes termos: O gás entra no primeiro estágio
do compressor no estado 1, é comprimido de forma isentrópica até uma pressão intermédia P2, é
arrefecido a pressão constante até o estado 3 (T3=T1), e é comprimido no segundo estágio de
forma isentrópica até a pressão final P4. No estado 4, o gás entra no regenerador, no qual ele é
aquecido até T5 à pressão constante. Em um regenerador ideal, o gás deixa o regenerador à
temperatura de exaustão da turbina, ou seja, a T5=T9. O principal processo de fornecimento de
calor (ou combustão) tem lugar entre os estados 5 e 6. O gás entra no primeiro estágio da turbina
no estado 6 e expande-se de uma forma isentrópica até o estado 7, no qual ele entra no
reaquecedor. O gás é reaquecido à pressão constante até a estado 8 (T8=T6), no qual ele entra no
segundo estágio da turbina. O gás deixa a turbina no estado 9, e entra no regenerador, no qual e
arrefecido até o estado 10 à pressão constante. O ciclo é concluído pelo arrefecimento do gás até
o estado inicial (ou pela eliminação dos gases de exaustão).

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 6


Figura 3: Um motor de turbina a gás com compressão de dois estágios e arrefecimento
intermédio, expansão de dois estágios com reaquecimento e regeneração.
Fonte: Çengel e Boles, 2012.

Figura 4: Diagrama T-s de um ciclo de turbina a gás ideal de dois estágios com arrefecimento
intermédio, reaquecimento e regeneração.
Fonte: Çengel e Boles, 2012.

O trabalho fornecido ao compressor de dois estágios é minimizado quando razões de pressão


iguais são mantidas ao longo de cada estágio. Assim como esse procedimento também maximiza
o trabalho realizado pela turbina. Então para obter-se o melhor desempenho:

(1)

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 7


4.1. Análise dos processos adiabáticos de compressão e expansão

4.1.1. Análise dos processos adiabáticos de compressão

Figura 5: Esquema e Diagrama T-s de um ciclo de Brayton de dois estágios com arrefecimento
intermédio, reaquecimento e regeneração. Fonte: Repinaldo, 2013.

Um processo de compressão real difere do processo ideal por sempre requisitar uma maior
potência de entrada para que seja realizada sua operação.
Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 8
Quanto maior forem as irreversibilidades presentes neste processo maior será a diferença entre a
potência requerida no compressor real pela potência que seria necessária para operar o
compressor ideal. Estas irreversibilidades surgem devido a perdas por atrito e podem ser
avaliadas de acordo com a eficiência isentrópica do compressor, definida como a relação entre a
potência específica de entrada para o processo de compressão isentrópico e a potência específica
para o processo de compressão não-isentrópico:

̇
̇
(2)

Para o processo adiabático no compressor de baixa pressão a eficiência isentrópica pode ser
escrita como a relação entre as variações de entalpia durante os processos 1-2s e 1-2, já que a
vazão mássica ̇ é a mesma para ambos:

̇
̇
(3)

Considerando a análise de ar-padrão frio, com o fluido de trabalho comportando-se como um gás
ideal, e os calores específicos sendo constantes, a equação (3) pode ser reescrita da seguinte
maneira:

(4)

Em que é o calor específico a pressão constante do fluido de trabalho.

De maneira similar, a eficiência isentrópica do compressor de alta pressão é dada por:

(5)

A partir das eficiências isentrópicas definidas pelas Equações (4) e (5) obtêm-se relações para
e :

(6)

(7)

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 9


Também é definida uma relação x entre as temperaturas isentrópicas para o compressor de baixa
pressão considerando o fluido de trabalho como gás ideal com calores específicos constantes.
Esta relação pode ser calculada conhecendo a razão de pressão do processo da seguinte
maneira:

( ) (8)

Em que k é a relação entre o calor específico a pressão constante e o calor específico a volume
constante do fluido de trabalho.

Com isso, uma relação para , a partir da Equação (8), pode ser obtida:

(9)

4.1.2. Análise dos processos adiabáticos de expansão

Ao contrário dos processos de compressão, os processos de expansão reais sempre apresentam


uma potência menor que nos processos ideais devido às irreversibilidades que também surgem
principalmente devido a perdas por atrito.

Esta eficiência isentrópica da turbina pode ser definida como a potência específica gerada
durante um processo não-isentrópico pela potência específica de um processo isentrópico:

̇
̇
(10)

Como na análise de ar-padrão frio dos processos de compressão, a eficiência isentrópica da


turbina de alta pressão é dada pela variação de entalpia do processo 5-6 pela do processo 5-
6s:

(11)

Fazendo uma análise similar para a turbina de baixa pressão, tem-se que sua eficiência
isentrópica é dada por:

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 10


(12)

Desta forma, são encontradas relações tanto para 6T quanto para ST8 utilizando, respectivamente,
as Equações (11) e (12):

(13)

(14)

Para a turbina de alta pressão é definida, similarmente à análise do processo de compressão de


baixa pressão, uma relação y entre as temperaturas isentrópicas:

( ) (15)

A qual pode ser calculada conhecendo a razão de pressão deste processo, dada a relação
entre as pressões de entrada e a de saída da turbina de alta pressão.

Através da Equação (15) uma relação para o valor de é obtida:

(16)

4.2. Análise dos processos regeneração

Os gases de exaustão que saem da última turbina, normalmente com uma temperatura
consideravelmente acima da temperatura ambiente, ainda possuem um grande potencial térmico
para utilização no ciclo e, caso fosse descartado para o ambiente, consistiria numa considerável
perda de oportunidade para se incrementar a eficiência do ciclo.

Para aproveitar estes gases quentes pode ser utilizado um regenerador, o qual permite que os
gases que saem do último compressor a alta pressão sejam pré-aquecidos antes de entrarem no
trocador de calor de alta temperatura, ou na câmara de combustão no caso de ciclos abertos,
reduzindo a quantidade de calor a ser adicionada ao ciclo e, consequentemente, a quantidade de
combustível. Este procedimento permite que a mesma potência seja obtida com uma menor taxa
de transferência de calor entrando no sistema, levando a uma maior eficiência térmica.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 11


Como a troca de calor acontece dos gases de exaustão em direcção aos gases que deixam o
compressor de alta pressão, observa-se, a partir da Figura 4, que a temperatura do ponto 9 deve
ser maior ou igual a do ponto 5 e o mesmo deve ocorrer para o ponto 10, cuja temperatura
também deve ser maior ou igual que a do ponto 4. Desta forma, garante-se que os gases de alta
pressão sejam aquecidos pelos gases de exaustão.

Caso o contrário aconteça, a transferência de calor ocorrerá em direcção aos gases de exaustão,
prejudicando a eficiência térmica ao invés de favorecê-la. Esta situação é uma possibilidade caso
seja utilizado o processo de regeneração em ciclos operando com razões de pressão muito altas.

Para um melhor desempenho de regenerador estas diferenças de temperaturas entre os dois


escoamentos são diminuídas aumentando o número de unidades de transferência do trocador de
calor. Para o caso limite, em que o número de unidades de transferência é dado como infinito, as
diferenças de temperatura entre os fluxos tendem a zero, se aproximando da reversibilidade.

Com isso, e pelo fato do regenerador operar em um fluxo de contracorrente, a temperatura do gás
a alta pressão que sai deste processo (estado 5) chegaria a seu valor máximo se igualando ao dos
gases de exaustão que entram no regenerador (estado 9).

Esta igualdade de temperaturas também aconteceria com o estado 10, alcançando seu limite ao se
aproximar da temperatura dos gases que saem do compressor no estado 4, caracterizando assim
um comportamento ideal e com uma efectividade de trocador de calor de 100%.

Esta efectividade é uma medida para quantificar o quanto o comportamento de um regenerador


real se desvia do de um ideal, e é definida como a relação entre a variação de entalpia dos
escoamentos do regenerador real e a variação de entalpia dos escoamentos se o regenerador
operasse reversivelmente.

4.3. Análise dos processos de reaquecimento arrefecimento intermédio

Outras modificações no ciclo Brayton simples, que auxiliam no incremento da potência líquida
produzida, são realizadas incluindo processos de adição de calor entre as turbinas e processos de
rejeição de calor entre os compressores.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 12


Isto devido ao facto de que o incremento de trabalho entregue durante estes processos depende
do volume específico do fluido de trabalho, sendo que quanto maior o volume específico no
processo de expansão da turbina maior a quantidade de trabalho produzida.

O contrário ocorre para o compressor, já que quanto menor o volume específico menor a
quantidade de trabalho necessária durante o processo. Com isso, a operação ideal destes
equipamentos seria através de processos isotérmicos, pois desta maneira o aumento de pressão
causado pelo compressor ocorreria a uma temperatura média menor, consumindo menos
potência, enquanto o decréscimo na pressão do fluido de trabalho que ocorre na turbina seria
efectuado a uma temperatura média maior, aumentando a potência fornecida.

Porém, a dificuldade de se transferir calor e controlar a temperatura do fluido durante a


compressão torna esta prática inviável, tornando inevitável o aumento de temperatura e,
consequentemente, do volume específico do fluido no compressor.

Evitar também a queda de temperatura e volume específico na turbina seria impraticável pelos
mesmos motivos. Por isso, a utilização do reaquecimento e do arrefecimento intermédio surge
como uma alternativa viável para que estes processos melhor se aproximem dos ideais
isotérmicos.

O processo de adição de calor, conhecido como reaquecimento, aproveita do excesso de ar,


utilizado para controlar a temperatura dos gases que irão entrar na turbina, para a queima
adicional de combustível na turbina de múltiplos estágios, aumentando assim a temperatura
média durante o processo de expansão. Por consequência, o volume específico médio também
aumenta, o que permite a geração de uma maior potência sem a inconveniência de esbarrar em
limitações metalúrgicas relacionadas ao aumento da temperatura máxima do ciclo.

Entretanto, o processo conduz a uma maior temperatura de saída da turbina de baixa pressão,
aumentando o potencial de regeneração. Isto pode significar um aumento na eficiência da planta
caso utilizado em combinação com um regenerador.

Outra vantagem surge do aumento causado por este processo na temperatura média do ciclo no
lado quente, o que leva a uma diminuição nas irreversibilidades inerentes à diferença de
temperatura entre o ciclo e os reservatórios a alta temperatura.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 13


A outra modificação, denominada arrefecimento intermédio, também consiste em aumentar a
potência de saída da planta, só que desta vez agindo na diminuição da potência requerida para a
compressão do fluido de trabalho. Isto é causado através de rejeições de calor intermediárias em
compressores de múltiplos estágios, que diminuem a temperatura média e, consequentemente, o
volume específico médio do fluido de trabalho durante os processos de compressão.

Este aumento na potência líquida pode ser facilmente deduzido, levando em consideração o ciclo
actuando através de processos internamente reversíveis, ao notar que a adição tanto do processo
de arrefecimento intermédio quanto do de reaquecimento aumenta consideravelmente a área
interna do ciclo, reflectindo no aumento da potência entregue pelo sistema.

Porém, da mesma forma que no reaquecimento, o aumento da potência de saída devido ao


arrefecimento intermédio não induz obrigatoriamente a uma maior eficiência térmica. Isto
ocorre, pois a temperatura de saída do compressor de alta pressão seria menor do que a que sairia
do compressor a mesma pressão de saída caso não houvesse dois estágios de compressão. Isto
leva a demanda de uma transferência de calor adicional ao fluido de trabalho que não seria
necessária previamente.

Porém, este processo ainda apresenta outra similaridade com o reaquecimento no quesito de
vantagens, já que à diminuição da temperatura média do fluido de trabalho no lado frio diminui
as irreversibilidades provenientes da resistência térmica entre ciclo e reservatório a baixa
temperatura. Este tipo de modificação também leva a um aumento no potencial para regeneração
devido à menor temperatura na saída do compressor, aumentando seu potencial para a
regeneração. Com isso, diminui-se a quantidade de calor adicional necessária que deve ser
injectada no ciclo devido ao arrefecimento intermédio caso este processo seja empregado em
conjunto com um regenerador.

Concluindo, a combinação dos processos de reaquecimento e arrefecimento intermédio junto à


regeneração pode resultar em um aumento relevante na eficiência do ciclo.

4.4. Exercícios Resolvidos

A seguir serão apresentados alguns exercícios resolvidos relacionados com o ciclo de Brayton
com arrefecimento intermédio, reaquecimento e regeneração.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 14


4.4.1. Exercício Resolvido 1

Considere um ciclo de turbina a gás ideal com dois estágios de compressão e dois estágios de
expansão. A razão de pressão de cada estágio do compressor e turbina é 3. O ar entra em cada
estágio do compressor a 300 K e em cada estágio da turbina a 1200 K. Determine a razão de
consumo de trabalho e a eficiência térmica do ciclo, considerando que (a) nenhum regenerador é
usado e (b) é usado um regenerador com 75% de efectividade. Use calores específicos variáveis.

Solução

Um ciclo de turbina a gás ideal com dois estágios de compressão e dois estágios de expansão é
considerado. A razão de consumo de trabalho e a eficiência térmica do ciclo devem ser
determinadas para os casos de nenhuma regeneração e regeneração máxima.

Hipóteses: (1) Operação em regime permanente. (2) As hipóteses de ar-padrão são aplicáveis.
(3) As variações das energias cinética e potencial são desprezíveis.

Analise: O diagrama T-s do ciclo a gás ideal é mostrado na figura abaixo. Observe que o ciclo
envolve dois estágios de compressão, dois estágios de expansão e regeneração. Os trabalhos na
entrada de cada estágio do compressor são idênticos, assim o são os trabalhos na saída de cada
estágio da turbina desde que o ciclo seja ideal.

Assim, quando

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 15


a) Nenhum regenerador é usado:


{


{

( ) ⁄

Então:



b) É usado um regenerador (com 75% de efectividade), permanece o mesmo. A eficiência


térmica, neste caso, se torna:


Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 16


4.4.2. Exercício Resolvido 2

Um ciclo de turbine a gás ideal com dois estágios de compressão e dois estágios de expansão tem
uma razão de compressão global igual a 8. O ar entra em cada estágio do compressor a 300K e
em cada estágio da turbina a 1300K. Determine a razão de consumo de trabalho e a eficiência
térmica desse ciclo turbina a gás, considerando (a) nenhum regenerador, (b) um regenerador com
efectividade de 100%.

Resolução: um ciclo de turbina a gás ideal com dois estágios de compressão e dois estágios de
expansão é considerado. A razão de consumo de trabalho e a eficiência térmica do ciclo devem
ser determinadas para o caso de nenhuma regeneração e a regeneração máxima.

Análise: o diagrama T-s do ciclo turbina a gás ideal é mostrado na figura abaixo. Observemos
que o ciclo envolve dois estágios de expansão, dois estágios de compressão e regeneração.

Para compressão e expansão de dois estágios, o trabalho de compressão é minimizado e o


trabalho de expansão é maximizado quando ambos os estágios do compressor e a turbina tem a
mesma razão de compressão. Assim,

O ar entra em cada estágio do compressor a mesma temperatura, a cada estágio tem a mesma
eficiência isentrópica (neste caso 100%). Assim, a temperatura (e a entalpia) do ar na saída de
cada estágio do compressor será igual. Um argumento similar pode ser usado para a turbina.
Então,

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 17


Nas entradas:

Nas saídas:

Nessas condições, o trabalho fornecido a cada estágio do compressor será igual, bem como o
trabalho realizado por cada estágio da turbina.

(a) Na ausência de qualquer regeneração, a razão de consumo de trabalho e a eficiência


térmica são determinados usando-se os seguintes dados da Tabela A-17.

Então,

( )

( )

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 18


Assim,

(b) A adição de um regenerador ideal (nenhuma queda de pressão, 100% de efectividade)


não afecta o trabalho de compressor nem o trabalho da turbina. Assim, o trabalho líquido
e a razão de consumo de trabalho de um ciclo ideal da turbina a gás são idênticos com ou
sem regenerador. Um regenerador reduz a quantidade de calor que deve ser fornecida ao
ciclo devido ao pré-aquecimento do ar que deixa o compressor fazendo uso dos gases de
exaustão. Em um regenerador ideal, o gás comprimido e aquecido até a temperatura de
saída da turbina antes de entrar na camara de combustão. Portanto, utilizando a
hipótese do padrão a ar,
A quantidade de calor fornecida e a eficiência térmica neste caso são:

Podemos observar que a eficiência térmica quase dobra com a utilização de regeneração, se
comparada ao caso sem regeneração. O efeito global da compressão e expansão de dois estágios
com arrefecimento intermédio, reaquecimento e a regeneração sobre a eficiência térmica é um
aumento de 63%. A medida que o numero de estágios de compressão e expansão aumenta, o
ciclo se aproxima do ciclo Ericsson, e a eficiência térmica se aproxima de,

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 19


A inclusão de um segundo estágio aumenta a eficiência térmica de 42,6% para 69,6%, um
aumento de 27 pontos percentuais. Esse é um aumento significativo de eficiência e, em geral,
vale o custo extra associado ao segundo estágio. Entretanto, inclusão de mais um estágio
(independente do número) pode aumentar a eficiência em outros 7,3 pontos percentuais no
máximo e não pode ser economicamente justificada.

4.4.3. Exercício Resolvido 3

Uma turbina a gás com dois estágios de compressão e dois estágios de expansão é considerado.
A relação de trabalho de volta e a eficiência térmica do ciclo estão para ser determinadas para os
casos com e sem regenerador.

Suposição: 1. A suposição de ar padrão é aplicável. 2 O ar é um gás ideal com variação de calor


específico. 3 As mudanças de energia cinética e potencial são desprezíveis.

Propriedades: As propriedades do ar são dadas na tabela a seguir. (A-17)

Analises(a) A entrada de trabalho para cada estágio do compressor são idênticos. Assim são as
saídas de trabalho de cada estágio da turbina.

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( ) ⁄


Deste modo, ⁄


Quando um regenerador é usado, permanece o mesmo. A eficiência térmica neste caso


torna-se

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4.4.4. Exercício Resolvido 4

Considere uma usina de Potência com turbina a gás com dois estágios de compressão e dois
estágios de expansão. A razão de pressão global do ciclo é 9. Ar entra em cada estágio do
compressor a 300K e em cada estágio da turbina a 1200K. Considerando a variação dos calores
específicos com a temperatura, determine a mínima vazão mássica de ar necessária para
desenvolver uma potência líquida de 110MW.

Suposições:

 As hipóteses padrão do ar são aplicáveis; 2- O ar é um gás ideal com calores específicos


variáveis; 3- Alterações de energia cinética e potencial são insignificantes.

Propriedades:

 As propriedades do ar são dadas na Tabela A-17.

Análise:

 A taxa de fluxo de massa será um mínimo quando o ciclo é ideal. Ou seja, a turbina e os
compressores são isentrópicos, o regenerador tem uma eficácia de 100% e as taxas de
compressão em cada estágio de compressão ou expansão são idênticas. No nosso caso, é
Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 22
= √ = 3. Então as entradas de trabalho para cada estágio do compressor são idênticas,
assim como as saídas de trabalho de cada estágio da turbina.

, ;

4.4.5. Exercício Resolvido 5

Um ciclo de turbina a gás reservativo com dois estágios de compressão e dois estágios de
expansão. A vazão mássica mínima do ar necessário para desenvolver uma potência especificada
deve ser determinado.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 23


Suposição 1 O argónio é um gás ideal com calores específicos constantes.

Suposição 2 mudanças de energia cinética e potencial são insignificantes.

Propriedades: As propriedades do argónio a temperatura ambiente são ⁄ e


K=1.667 (Tabela A- 2).

Análise: a taxa de fluxo de massa será mínimo quando o ciclo for ideal, ou seja as turbinas e os
compressores são isentrópicos, o regenerador tem eficácia de 100%, e as taxas de compressão em
cada estágio de compressão e expansão são idênticas. No nosso caso é √ . Então as
entradas para cada estágio do compressor são idênticas, assim como as saídas de trabalho de cada
estágio da turbina.



( )

⁄ ⁄
( ) ( )

⁄ ⁄

⁄ ⁄

⁄ ⁄

̇ ⁄
̇ ⁄

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5. Conclusão

O trabalho, ora em conclusão, descreve uma das formas melhorar na eficiência do ciclo de
Brayton, que consiste na incorporação de modificações ao ciclo básico. Foi visto razão de
consumo de trabalho de um ciclo de turbina a gás melhora devido ao arrefecimento intermédio e
ao reaquecimento permitindo, assim, um aumento substancial na potência líquida da planta.
Entretanto, arrefecimento intermédio e o reaquecimento sempre diminuem a eficiência térmica,
ao menos que sejam acompanhados por regeneração. Isso acontece porque o arrefecimento
intermédio diminui a temperatura média com o qual o calor é fornecido, e o reaquecimento
aumenta a temperatura média com a qual o calor é rejeitado. Portanto, a combinação dos
processos de reaquecimento e arrefecimento intermédio junto à regeneração pode resultar em um
aumento relevante na eficiência do ciclo.

Existe ainda a possibilidade de seu desempenho ser incrementando com o aumento no número de
estágios de compressão ou expansão, podendo até, aproximar-se do limite teórico (eficiência de
Carnot). Contudo, a utilização de compressores ou turbinas de mais de dois ou três estágios
dificilmente é empregada, principalmente devido a questões económicas e ao facto de que a
contribuição na eficiência térmica para cada estágio adicional ser cada vez menor.

Da resolução de exercícios relacionados com o ciclo descrito comprovou-se, através de valores


numéricos, que a utilização do arrefecimento intermédio e do reaquecimento melhoram a razão
de consumo de trabalho mas prejudicam a eficiência térmica. Por outro lado, a adição de um
regenerador não afecta o trabalho do compressor nem o da turbina. De facto, o regenerador reduz
a quantidade de calor que deve ser fornecida ao ciclo. Logrou-se, desta forma, uma melhor
consolidação da matéria.

Ciclo de Brayton com Arrefecimento Intermédio, Reaquecimento e Regeneração Página 25


6. Bibliografia

[1] ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 5. ed. São Paulo: McGraw Hill,
2006.
[2] ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinámica. 7. ed. Interamericana Editores,
S.A: McGraw Hill, 2012.
[3] REPINALDO, V. P. Optimização de um ciclo Brayton irreversível com
regeneração, inter-resfriamento e reaquecimento. Bauru – SP: Universidade
Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho”, 2013.
[4] RODRIGUES, G. GUANIPA. Ciclo Brayton com regeneração, inter-resfriamento
e reaquecimento. Complexo académico el sabino Punto Fijo, Julio de 2009.
[5] DE ANDRADE. A. Sulato. Máquinas Térmicas. Universidade Federal do Parana,
Curso de Engenharia Industrial Madeireira. SP-2011.
[6] ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Thermodynamics Solutions. 5ed. São Paulo:
McGraw Hill, 2006.

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