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O que são campos de experiência?

A Base Nacional Comum Curricular seguinte forma na BNCC: bebês, de


(BNCC) ressalta alguns aspectos em zero a dezoito meses; crianças bem
relação à Educação Infantil: os pequenas, de dezenove meses a
Direitos de aprendizagem e três anos e onze meses; e crianças
desenvolvimento e os Campos de pequenas, se referindo às crianças
Experiências, os quais devem ser de quatro anos a cinco anos e onze
considerados para propiciar apren- meses.
dizagens e desenvolvimento para as
crianças.

São apresentados no documento os


cinco Campos de Experiências e,
em cada um deles, propõem-se
objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento por faixa etária.
As faixas etárias são divididas da

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Também é ressaltado que as
propostas pedagógicas da
Educação Infantil devam considerar
a criança no centro do plane-
jamento curricular, uma vez que ela
é vista como sujeito histórico e de
direitos, que, nas interações,
relações e práticas cotidianas que
vivencia, constrói sua identidade
pessoal e coletiva, brinca, imagina,
fantasia, deseja, aprende, observa,
Um importante aspecto a ser experimenta, narra, questiona e
destacado é a definição de criança constrói sentidos sobre a natureza e
proposta na BNCC, que provém das a sociedade, produzindo cultura
Diretrizes Curriculares Nacionais da (BRASIL, 2009).
Educação Infantil (DCNEI,
Resolução CNE/CEB nº 5/2009).
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as experiências concretas da vida
cotidiana das crianças e seus
saberes, entrelaçando-os aos
conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural” (BNCC, 2017,
p.38).

Os Campos de Experiências foram


delineados e nomeados se pau-
Percebe-se então que para a tando naquilo que as Diretrizes Cur-
Educação Infantil o principal é riculares Nacionais da Educação
compreender quais são os eixos Infantil propõem que sejam conhe-
norteadores, os direitos de aprendi- cimentos fundamentais a serem
zagem e campos de experiências, oferecidos às crianças para, a partir
que são cinco. “Os campos de de suas experiências, construam
experiências constituem um arranjo novos saberes.
curricular que acolhe as situações e

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Ressaltando habilidades, noções, passa, o que nos acontece, o que
atitudes, valores e afetos que as nos toca. Não o que se passa, não o
crianças devem desenvolver, a que acontece, ou o que toca. A cada
divisão por Campos de Experiências dia se passam muitas coisas,
enfatiza que as aprendizagens porém, ao mesmo tempo, quase
decorrem das experiências das nada nos acontece. Dir-se-ia que
crianças no ambiente escolar, ou tudo o que se passa está
seja, elas devem vivenciar situações organizado.
que as permitam aprender e se
desenvolver.

Larrosa Bondía (2002, p.21) discute


o que significa a palavra experiência
que, em português, entende-se que
“o que nos acontece”. Assim o autor
afirma que experiência é o que nos

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acontece ao redor. Muitas coisas
acontecem no meu entorno, mas
nem tudo me toca, nem tudo eu
sinto. Esta é uma preocupação a ser
levada em conta.

Vejamos alguns trechos da BNCC


em relação aos Campos de
Experiências. Vale relembrar que na
Base a descrição de cada Campo é
bem maior do que os recortes feitos
aqui. É importante que cada Campo
de Experiência seja lido na íntegra,
O que o autor quer chamar atenção pois a seguir foram pinçados
é que a experiência é aquilo que eu apenas alguns aspectos.
vivo, que ME toca, e não o que

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O eu, o outro e o nós “É na interação com os pares e com
adultos que as crianças vão cons-
tituindo um modo próprio de agir,
sentir e pensar e vão descobrindo
que existem outros modos de vida,
pessoas diferentes, com outros
pontos de vista. (...) Nessas expe-
riências, elas podem ampliar o
modo de perceber a si mesmas e ao
outro, valorizar sua identidade, res-
peitar os outros e reconhecer as
diferenças que nos constituem
como seres humanos.” (BNCC,
2017, P. 40).

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Corpo, gestos e
movimentos

Com o corpo (por meio dos


sentidos, gestos, movimentos
impulsivos ou intencionais, coorde-
nados ou espontâneos), as crianças,
desde cedo, exploram o mundo, o
espaço e os objetos do seu entorno,
estabelecem relações, expressam- entrelaçamento entre corpo,
se, brincam e produzem conheci- emoção e linguagem. As crianças
mentos sobre si, sobre o outro, conhecem e reconhecem as
sobre o universo social e cultural, sensações e funções de seu corpo
tornando-se, progressivamente, e, com seus gestos e movimentos,
conscientes dessa corporeidade. identificam suas potencialidades e
Por meio das diferentes linguagens, seus limites, desenvolvendo, ao
como a música, a dança, o teatro, as mesmo tempo, a consciência sobre
brincadeiras de faz de conta, elas se o que é seguro e o que pode ser um
comunicam e se expressam no risco à sua integridade física.
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Traços, sons,
cores e formas
Conviver com diferentes manifes-
tações artísticas, culturais e cientí-
ficas, locais e universais, no coti-
diano da instituição escolar, possi-
bilita as crianças, por meio de expe-
riências diversificadas, vivenciar
diferentes formas de expressão e
linguagens, como as artes visuais
(pintura, modelagem, colagem,
fotografia, etc), a música, o teatro, a
dança e o audiovisual, entre outras
física.

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Escuta, fala, pensamento
priando-se da língua materna – que
e imaginação se torna, pouco a pouco, seu veículo
privilegiado de interação.
Desde o nascimento, as crianças
participam de situações comuni-
cativas cotidianas com as pessoas
com as quais interagem. As
primeiras formas de interação do
bebê são os movimentos do seu
corpo, o olhar, a postura corporal, o
sorriso, o choro e outros recursos
vocais, que ganham sentido com a
interpretação do outro.

Progressivamente, as crianças vão


ampliando e enriquecendo seu
vocabulário e demais recursos de
expressão e de compreensão, apro-
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Espaços, tempos, quantidades,
Desde muito pequenas, elas
relações e transformações procuram se situar em diversos
espaços (rua, bairro, cidade) e
tempos (dia e noite; hoje, ontem e
As crianças vivem inseridas em amanhã). Demonstram também
espaços e tempos de diferentes curiosidade sobre o mundo físico
dimensões, em um mundo consti- (seu próprio corpo, os fenômenos
tuído de fenômenos naturais e atmosféricos, os animais, as
socioculturais. plantas, as transformações da
natureza, os diferentes tipos de
materiais e as possibilidades de sua
manipulação) e o mundo sociocul-
tural (as relações de parentesco e
sociais entre as pessoas que
conhece; como vivem e em que
trabalham essas pessoas; quais
suas tradições e seus costumes; a
diversidade entre elas, etc).

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Referência Bibliográfica

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras.


Educ., Rio de Janeiro , n. 19, p. 20-28, Apr. 2002
. Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141
3-24782002000100003&lng=en&nrm=iso>.
accesson 02 Nov. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
24782002000100003.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica.


Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de
dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&al
ias=2298-rceb005-09&category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>.
Acesso em: 29 out. 2018.

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Referência Bibliográfica

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: a etapa da Educação Infantil.


Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/pdf/3_BNCC-
Final_Infantil.pdf>. Acesso em 07 jan. 2018.

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