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Geofísica

PERFIS DE IMAGEM

Esses perfis fornecem imagens obtidas a


partir do mapeamento de uma dada
propriedade física na parede do poço. Essas
propriedades são:
• resistividade elétrica
• velocidade de propagação da onda P
que é refletida na parede do poço.

Perfis convencionais à uma medição a cada 20 cm (aproximadamente);


Perfis de imagem à vários registros azimutais da propriedade física a
intervalos de profundidade da ordem de mm.

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Principais perfis de imagem:

1. Dipmeter (SHDT): É a precursora dos perfis de imagem. Embora o


seu produto não seja exatamente o que se entende atualmente por
um perfil de imagem, ela é assim classificada porque as ferramentas
de imagem que exploram o mapeamento da resistividade elétrica
herdaram a sua filosofia de construção ferramental.

2. Formation Micro-Scanner (FMS ou FMI): Estas ferramentas


possuem o mesmo princípio físico do Dipmeter, no entanto,
possuem um número muito maior de eletrodos em cada patim, o que
lhe confere muito maior cobertura lateral.

3. Borehole Televiewer (BHTV) ou UBI: Estas ferramentas mapeiam


as variações de tempo de trânsito das ondas compressionais que
são refletidas na parede do poço.

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DIPMETER

É uma ferramenta do tipo patim que registra propriedades elétricas das


formações, na parede do poço, com uma resolução muito alta, de modo
que a correlação destas propriedades, ao longo do poço, de patim para
patim, permite o cálculo da direção e mergulho das camadas.

Os patins de corrente alternada e a parte inferior da ferramenta são


mantidos no mesmo potencial que os eletrodos. Isto estabelece uma
superfície eqüipotencial que é localmente paralela à ferramenta e ao
patim, portanto forçando a corrente do eletrodo a entrar na formação.

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A FERRAMENTA HDT

A ferramenta HDT (High-Resolution Dipmeter Tool) possui quatro braços


hidráulicos, tendo cada um deles um patim com um eletrodo. O eletrodo
é relativamente largo, mas possui apenas alguns milímetros de altura. A
amostragem vertical é feita a cada 0,2 polegada.

A medição consiste na razão entre a corrente de saída de cada eletrodo


e a voltagem entre a parte inferior da ferramenta, onde os patins estão
localizados, e a corrente de retorno na parte superior da ferramenta.

Uma bússola interna fornece a orientação da ferramenta com relação ao


Norte magnético. A correlação entre os registros dos quatro eletrodos
(separados de 90° entre si) fornece os valores de mergulho e direção
das camadas se houver mudança de resistividade associada à mudança
de camada.

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A FERRAMENTA SHDT

A ferramenta SHDT (Stratigraphic High-Resolution Dipmeter Tool),


possui dois eletrodos circulares em cada patim, espaçados
horizontalmente de cerca de 3 cm. Outra ferramenta deste tipo possui
seis eletrodos no mesmo número de patins. Ambas as ferramentas
possuem uma melhor cobertura azimutal, o que permite a detecção de
mudanças laterais na espessura das camadas.

A detecção de fraturas também tem sido muito facilitada através do uso


deste tipo de ferramenta. Para isso, o intervalo de amostragem pode
ser diminuído para 0,1 polegada, e a bússola pode ser substituída por
um magnetômetro triaxial. Um acelerômetro triaxial grava os
movimentos da ferramenta, possibilitando um maior controle da
velocidade da ferramenta e, portanto, da posição da medida a cada
instante.

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Cálculo dos mergulhos


Um dos métodos para cálculo dos mergulhos a partir das curvas de
resistividade do Dipmeter é o método CLUSTER:
• uma janela de correlação é estabelecida, da ordem de 1,20 m;
• começando pela base da janela de correlação, dentro da qual o
mergulho será calculado, pares de curvas de resistividade são
correlacionadas entre si;
• o coeficiente de correlação é calculado como função do
deslocamento relativo entre as curvas correlacionadas;
• um coeficiente de correlação máximo é obtido na posição onde as
duas curvas apresentam maior similaridade, e o deslocamento
relativo hmax entre as duas curvas é calculado;
• em uma ferramenta com quatro eletrodos, numa dada profundidade,
seis deslocamentos máximos são calculados: hmax(1,2), hmax(1,3),
hmax(1,4), hmax(2,3), hmax(2,4) e hmax(3,4);

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• esses deslocamentos podem ser representados como vetores de
uma curva para a outra. Para a interface de uma camada plana,
todos os vetores estão contidos num plano, e assim o mergulho e a
direção da camada podem ser determinados;
• a janela de correlação é então movida para cima por um passo de
distância e todo o procedimento é repetido.

Outro método de cálculo dos mergulhos está baseado no


reconhecimento de padrões e é conhecido como GEODIP:
• cada curva é analisada por elementos como vales, picos, platôs, e
cada um desses elementos é caracterizado por seus atributos
numéricos, como por exemplo, largura ou amplitude do pico;
• esses elementos são correlacionados, começando pelos maiores e
mais proeminentes e evoluindo para os elementos menores;
• finalmente, para cada elemento dois mergulhos são calculados, um
para a interface superior e outro para a interface inferior.

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Apresentação dos resultados


Os resultados do perfil Dipmeter são
apresentados de forma diferente dos
outros perfis.
Os resultados do tipo CLUSTER padrão
são apresentados com os mergulhos no
eixo horizontal, em escala logarítmica para
os primeiros 60 graus, seguidos por uma
escala linear para os trinta graus restantes.
Os símbolos usados para os mergulhos
são os chamados tadpoles. A direção da
“cauda” do tadpole indica o azimute, com o
norte apontando para cima e o leste para a
direita. Assim, mergulho e azimute, podem
ser apresentados num único perfil.

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Além da apresentação tadpole, há uma variedade de outros tipos de


apresentação para os resultados Dipmeter.
Gráficos estereográficos são usados para visualização rápida dos
mergulhos de um intervalo de interesse.
Gráficos de freqüência de azimute somam todas as ocorrências de
mergulho sobre um histograma de azimutes.
A apresentação do tipo FAST é uma projeção das camadas mergulhantes
sobre uma superfície cilíndrica. Isto ajuda a visualizar a atitude real das
camadas.
Os gráficos do tipo STICK são constituídos por projeções das camadas
mergulhantes sobre uma linha específica da seção, para, por exemplo,
correlacionar perfis de um poço para outro.

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Interpretação do Dipmeter
A interpretação do Dipmeter lembra mais arte do que ciência. Aqui serão
apresentados exemplos de padrões de mergulhos geológicos simples,
relativamente sem ambigüidade.
É comum o uso de seções geológicas 2D para representar variações
geológicas laterais das camadas. No entanto, é essencial manter em
mente o caráter tridimensional de todas as situações geológicas.
O resultado principal de uma interpretação Dipmeter é geométrico: a
direção na qual uma camada mergulha, o plunge de um eixo de dobras, a
elongação de canais, a atitude de um plano de falha, etc. Este perfil é
corrido principalmente em áreas ainda em exploração, onde o
conhecimento acerca da geometria do reservatório é ainda incompleto.
A figura a seguir apresenta modelos simples de interpretação geológica
dos dados do Dipmeter.

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Interpretação do Dipmeter
Em uma seqüência conglomerática a presença de grandes seixos é
detectada na forma de picos de alta resistividade que não guardam
correlação entre os vários patins. Isto explica porque há poucas
indicações confiáveis de mergulho nesse tipo de seqüência.
Outra aplicação é na análise de formações geológicas fraturadas, onde
fraturas condutivas geram fortes picos de condutividade. Dependendo do
tipo de fratura e do mergulho dela, esses picos podem se correlacionar ou
não de um patim para outro.
Como o Dipmeter amostra a cada 2,5mm (SHDT) ou 5,0mm (HDT), ele
possui uma resolução vertical muito superior a todos os outros perfis. Sua
capacidade para detectar pequenos elementos tais como seixos, camadas
finas, vugs, fraturas e outros, pode ser utilizada para caracterização das
formações. Por exemplo, a presença de fraturas é normalmente uma
indicação de baixos valores de “m” na equação de Archie, enquanto que
vugs estão associados a valores de “m” maiores que 2,0.

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PERFIL DE IMAGEAMENTO ELÉTRICO – FMS ou FMI

O princípio físico das medições é o mesmo da ferramenta Dipmeter, mas


estas ferramentas possuem um número muito maior de eletrodos em cada
patim, o que lhe confere muito maior cobertura lateral.
Uma corrente alternada de baixa freqüência é emitida por pequenos
eletrodos montados sobre patins, os quais são pressionados contra a
parede do poço.
Os patins são mantidos no mesmo potencial que os eletrodos e, assim,
agem como mecanismos de focalização da corrente. O eletrodo receptor
está posicionado, no corpo da ferramenta, a cerca de 90 centímetros
acima dos patins.
Os eletrodos em cada patim são arranjados em duas ou quatro linhas
escalonadas. O número total de eletrodos varia de 54, na ferramenta de
dois patins, para até 256 na ferramenta de oito patins. A ferramenta de 128
eletrodos fornece uma cobertura lateral de aproximadamente 80% em um
poço com diâmetro 8,5”.

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A amostragem lateral (distância horizontal entre duas trajetórias verticais


de eletrodos) varia de 2,5 a 5 mm, enquanto que a amostragem vertical
é sempre de 2,5 mm. O diâmetro dos eletrodos varia entre 5 e 7 mm.
Magnetômetros triaxiais e acelerômetros fornecem a velocidade da
ferramenta e a sua orientação dentro do poço.
As figuras a seguir apresentam um esquema da construção da
ferramenta de imageamento elétrico FMI onde pode-se visualizar o
posicionamento relativo das suas diversas partes e um esquema
detalhado do posicionamento dos eletrodos em cada patim.

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Imagens elétricas da parede do poço representam variações de


resistividade da formação geológica, dentro de uma região muito
próxima da parede do poço.
Elas mostram padrões estruturais das camadas rochosas com uma
resolução muito alta, estimada da ordem de 1 centímetro, embora
fraturas condutivas tão estreitas quanto 10 micra possam ser
individualizadas.
Os patins precisam correr em contato direto com a parede do poço, sem
afastadores, pois a profundidade de investigação da ferramenta é de
apenas poucos centímetros dentro da formação.
Este tipo de ferramenta não pode ser corrido em poços com lama à
base de óleo.
A cobertura azimutal das ferramentas mais antigas é menor, o que pode
se constituir num fator limitante ao seu uso, pois em alguns casos, uma
boa cobertura azimutal se faz necessária.

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Aquisição e processamento da imagem


O imageamento de poço é o registro a cabo das propriedades da superfície
da parede do poço. Essas propriedades são registradas em função de duas
variáveis independentes: profundidade e azimute.
O processamento de imagens de poço é semelhante ao dispensado a outros
tipos de imagens digitais. Operações típicas como aumento de contraste,
suavização, detecção de bordas, segmentação, etc, são feitas da mesma
forma que nas imagens digitais comuns.
A apresentação gráfica dos perfis de imagem é geralmente feita num sistema
de coordenadas de profundidades e azimutes, isto é, o poço é “aberto” num
plano, cortado por definição, ao longo da direção do norte magnético.
Nessa projeção um plano com mergulho tem a forma de uma senóide. Os
níveis de resistividade relativa podem ser mapeados em tons de cinza, com
os tons mais claros para as resistividades mais altas, ou com paletas de
cores.

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Interpretação
A interpretação das imagens elétricas de poço é direta e muito mais fácil
que a interpretação da sua precursora, a ferramenta Dipmeter. Imagens
de poço são equivalentes a testemunhos ou fotografias de afloramentos e,
como tal, elas trazem informações sobre a estrutura das rochas.
Um técnico treinado pode reconhecer imediatamente elementos
estruturais típicos como estratificação paralela, cruzada ou lenticular,
dobras, fraturas, etc. Desta forma, além da informação geométrica contida
fornecida pelo Dipmeter, os perfis de imagem fornecem informação acerca
do tipo de estratificação, que se manifesta no arranjo espacial das
condutividades. As figuras a seguir ilustram este aspecto.

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Imagens de poço fornecem importantes informações quantitativas as quais


são utilizadas como dados de entrada para a modelagem de reservatórios.
Da análise das imagens se pode criar perfis verticais que seriam registrados
através das camadas mergulhantes. Sedimentólogos e geólogos de
reservatório usam esses perfis verticais para o estabelecimento de modelos
deposicionais e de evolução dos reservatórios.
Mergulhos e azimutes das principais camadas, inconformidades, falhas e
fraturas são informações essenciais na definição da geometria de um
reservatório. Estes elementos podem ser medidos tanto de forma interativa
quanto automaticamente por um programa de interpretação.
Este procedimento difere da interpretação estrutural do Dipmeter, onde os
mergulhos são calculados e a estrutura da rocha é então derivada dos
padrões de mergulho. Nos perfis de imagem, a estrutura é detectada
primeiro, e os mergulhos são calculados apenas para as camadas de
interesse.

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BOREHOLE TELEVIEWER - BHTV ou UBI
A ferramenta BHTV possui um transdutor ultra-sônico o qual gira em torno do
eixo do poço enquanto emite pulsos ultra-sônicos. Estes pulsos são refletidos
na parede do poço e registrados pelo transdutor o qual age também como
receptor.
Tipicamente o transdutor gira a 3 rotações por segundo (rps) e faz 200
medições a cada rotação. A freqüência central do transdutor está geralmente
no intervalo de 400 KHz a 1,5 MHz.
Normalmente registra-se o tempo de trânsito e a amplitude do sinal refletido.
Uma vez que a velocidade de propagação da onda P na lama é normalmente
conhecida, o tempo de trânsito torna-se uma medida da distância do
transdutor à parede do poço e, portanto, descreve a geometria do poço.
A ferramenta BHTV se constitui na mais detalhada ferramenta de Caliper
disponível e pode ser empregada na localização de breakouts (quebra da
parede do poço por concentração de tensões) com a finalidade de estimar o
estado de tensões in situ.

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A amplitude da onda refletida é uma medida da impedância acústica da


formação. Na prática, entretanto, há pouca incidência perpendicular à
formação e ocorre ainda muita perda de energia devido ao espalhamento da
onda nas pequenas rugosidades da parede do poço.
Assim, torna-se difícil usar as amplitudes refletidas de forma quantitativa, mas
mudanças de litologia devido ao acamamento são geralmente bem
reconhecidas nas imagens do BHTV.
Outros problemas que podem afetar a qualidade da medição do BHTV são a
possível excentricidade da ferramenta, elipticidade do poço e a presença de
lamas fortemente atenuadoras. Técnicas como o uso de transdutores
focalizados de mais baixa freqüência e o tratamento digital dos dados têm
melhorado muito a performance deste tipo de ferramenta.
Em poços abertos, o BHTV é corrido para a detecção de fraturas e
identificação da direção de breakouts, além de aplicações estratigráficas.
Essa ferramenta também pode ser usada em poços revestidos com o objetivo
de inspecionar o revestimento.

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