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COMPÊNDIO DE ENSINAMENTOS DE SANTOS PAPAS, SANTOS

DOUTORES E TEÓLOGOS:

IGREJA NÃO PODE ERRAR GRAVEMENTE E NEM OFERECER


ENSINAMENTOS AMBÍGUOS

Este documento contém ensinamentos da Igreja no que se refere à própria


Igreja. São ensinamentos feitos por Santos Papas, Santos Doutores e teólogos
aprovados.

Assim, o que está reunido aqui é simplesmente aquilo que a Igreja ensina sobre
si mesma. Aquilo que a Igreja ensina sobre o Papa e o Papado. Aquilo que a
Igreja ensina sobre o alcance da Infalibilidade Papal (e a necessária distinção
entre a “infalibilidade positiva” e a “infalibilidade negativa”).

As linhas que seguem abaixo não tratam de temas referentes ao


sedevacantismo, ao tradicionalismo ou ao conservadorismo: tratam-se somente
do mais puro e autêntico...catolicismo!

Aquele que montou este compêndio de ensinamentos crê que a Igreja não
possa errar doutrinariamente de nenhuma maneira, nem gravemente e nem
levemente. Porém, como alguns doutos católicos ensinaram que ela, em tese,
poderia cometer pequenos erros em seu Magistério colocamos aqui também
estes ensinamentos somente para que os interlocutores não pensem que se age
de má fé, e para efeitos de concessão argumentativa.

SANTOS PAPAS

"A sede do príncipe dos apóstolos, a Igreja Romana, seja por Pedro mesmo, seja
por seus sucessores, não há condenado, refutado e vencido todos os erros dos
hereges? Não há confirmado os corações dos irmãos na fé de Pedro, que até
agora não há falhado e que até o fim nunca falhará?” - Carta In Terra Pax do
Papa São Leão IX onde ele admoesta os cismáticos gregos Miguel Cerulario e
León de Acrida - 2 de septiembre de 1053

“O Senhor insinua claramente que os sucessores de Pedro não se desviarão


nunca da fé católica, mas que, ao contrário, ajudarão os desviados a voltarem e
fortalecer os vacilantes” - Papa Inocêncio III - Apostolicae Sedis Primatus
“Se alguém disser que as cerimônias, os ornamentos e os sinais exteriores que a
Igreja Católica utiliza na celebração das missas incitam à impiedade, seja
anátema” - Concílio de Trento, Sessão XXII, Can. 7

“856. Cân. 13. Se alguém disser que os ritos aceitos e aprovados pela Igreja
Católica, que costumam ser usados na administração solene dos sacramentos,
podem ser desprezados ou sem pecado omitidos a bel-prazer pelos ministros,
ou mudados em novos e em outros por qualquer pastor de igrejas — seja
excomungado” – Concílio de Trento

“5. Infalibilidade - Governada pelo Espírito Santo, esta Igreja é a única que *não
pode errar no ensino da fé e da moral*. Todas as outras, porém, que se
arrogam o nome de 'igrejas' caem fatalmente nos erros mais perigosos quanto à
fé e aos costumes porque são guiadas pelo espírito do demônio" - Catecismo de
Trento, X. 9° Artigo, parágrafo 16

“Sucede também, algumas vezes, que a ilusão diabólica facilmente se oculta em


erros disfarçados pelas aparências de verdade; como também um leve
acréscimo ou troca de palavras corrompem *o verdadeiro sentido da
doutrina*. Assim é que a profissão de fé, em lugar de produzir a salvação, leva
por vezes o homem à morte, em virtude de alguma *alteração que sutilmente
lhe tenha sido feita*” - Papa Clemente XIII - Encíclica In Dominico Agro - 14 de
junho de 1761

"Eles [os Papas nossos predecessores, os Bispos, e certos Concílios Gerais]


conheciam bem a arte maliciosa própria dos inovadores, os quais, temendo
ofender os ouvidos dos católicos, se esforçam por encobrir sob fraudulentos
jogos de palavras os laços das suas astúcias, afim de que o erro, escondido
entre sentido e sentido (São Leão Magno., Carta 129 da edição Baller), se
insinue mais facilmente nos espíritos e aconteça que — alterada a verdade da
sentença por meio de um curtíssimo acréscimo ou variante — o testemunho
que devia dar a salvação, em consequência de uma sutil modificação, conduza à
morte. Se esta indesejável e falaz maneira de dissertar é viciosa em qualquer
manifestação oratória, de nenhum modo deve ser praticado num Sínodo, cujo
primeiro mérito deve consistir no adotar no ensino uma expressão de tal modo
clara e límpida que não deixe espaço ao perigo de controvérsias. Porém, se no
falar se engana, não se pode admitir aquela subdola defesa que se costuma
aduzir e pela qual, quando tenha sido dita alguma expressão dura demais, se se
encontra a mesma explicada mais claramente em outra passagem, ou ainda
corrigida, como se esta desenfreada licença de afirmar e de negar a bel prazer,
que sempre foi uma fraudulenta astúcia dos inovadores como cobertura do
erro, não tivesse que valer antes para denunciar o erro mais do que para
justificá-lo: como se às pessoas particularmente despreparadas a afrontar
casualmente esta ou aquela parte de um Sínodo exposto a todos em língua
vulgar estivessem sempre presentes as outras passagens a contrapor, e que ao
confrontá-las cada um dispusesse de tal preparo a reconduzi-las sozinho, a tal
ponto de evitar qualquer perigo de engano que eles difundem erroneamente. É
danosíssima esta habilidade de insinuar o erro que Nosso Predecessor
Celestino (São Celestino, Carta 13, n. 2, in Coust) descobriu nas cartas do Bispo
Nestório de Constantinopla e condenou com duríssimo apelo. O impostor,
descoberto, repreendido e alcançado por tais cartas, com o seu incoerente
multilóquio envolvia o verdadeiro com o obscuro e, confundindo de novo uma
coisa com outra, confessava aquilo que havia negado ou se esforçava em negar
aquilo que tinha confessado. Contra tais insídias, apesar de tudo renovadas em
toda época, não foi colocada obra melhor em ação do que aquela de expor as
sentenças que sob o véu da ambigüidade envolvem uma perigosa discrepância
de sentidos, assinalando o perverso significado sob o qual se acha o erro que a
Doutrina Católica condena” – Papa Pio VI, Constituição Auctorem Fidei -
condenação dos erros do Sínodo de Pistóia (jansenista) - 29 de Agosto de 1794

“A prescrição do Sínodo... na qual, depois de advertir previamente como em


qualquer artigo se deve distinguir o que diz respeito à fé e à essência da religião
do que é próprio da disciplina, acrescenta que nesta mesma disciplina deve-se
distinguir o que é necessário ou útil para manter os fiéis no espírito do que é
inútil ou mais oneroso do que suporta a liberdade dos filhos da Nova Aliança, e
mais ainda, do que é perigoso ou nocivo, porque induz à superstição ou ao
materialismo, enquanto pela generalidade das palavras compreende e submete
ao exame prescrito até a disciplina constituída e aprovada pela Igreja - como se
a Igreja que é governada pelo Espírito de Deus pudesse constituir uma
disciplina não só inútil e mais onerosa do que o suporta a liberdade cristã, mas
também perigosa, nociva e que induza à superstição e ao materialismo – é
falsa, temerária, escandalosa, perniciosa, ofensiva aos ouvidos pios”, injuriosa à
Igreja e ao Espírito de Deus pelo qual ela é governada, e pelo menos errônea” -
Papa Pio VI – Constituição Auctorem Fidei, condenação dos erros do Sínodo de
Pistóia, jansenista - Denz. 2678

Obs.: isso significa dizer que a liturgia promulgada pelo Papa, ou por ele
tolerada na Igreja inteira, *sempre é assistida pela assistência prudencial
infalível* que garante que ela não será nociva para os fiéis. Além dessa
assistência sempre presente, a liturgia pode ser assistida também pela
assistência infalível absoluta, que garante que a doutrina contida nela é uma
doutrina verdadeira, infalivelmente certa.

"Agora, como é possível para um homem estar unido com o Vigário de Cristo, se
ele rejeita sua autoridade sagrada, se ele viola os direitos em virtude daquilo
que o Vigário assegura ser, na cabeça da Igreja, no centro da unidade, possuidor
da primazia da ordem e jurisdição, e do divino poder transmitido para ele em
toda plenitude de pastorear, reger e governar a Igreja Universal?" - Papa
Gregório XVI - Encíclica Commissum Divinitus

“4. Tudo isto cumprireis plenamente, se, segundo vosso dever, cuidardes de vós
mesmos e da doutrina, tendo sempre presente que *a Igreja universal repele
toda novidade* (S. Caelest. PP., ep. 21 ad episc. Galliar) e que, conforme
conselho do Pontífice Santo Agatão, nada se deve tirar daquelas coisas que hão
sido definidas, nada mudar, nada acrescentar, mas que se devem conservar
puras, quanto à palavra e quanto ao sentido (Ep. ad imp. apud Labb. Tomo II, p.
235, Ed. Mansi). Daqui surgirá a firmeza da unidade, que se radica, em seu
fundamento, na Cátedra de Pedro, a fim de que todos encontrem baluarte,
segurança, porto bonançoso e tesouro de inumeráveis bens, justamente onde
as Igrejas possuem a fonte de seus direitos (S. Innocent. Papa, ep. II, apud
Constat.). Para reprimir, portanto, a audácia dos que ora intentam infringir os
direitos desta Sé, somente na qual se apoiam e recebem vigor, preciso é incular
um profundo sentimento de fidelidade e veneração para com ela, clamando, a
exemplo de São Cipriano, que em vão protesta estar na Igreja o que
abandonou a Cátedra de Pedro, sobre a qual está fundada (S. Cypr., De unitate
eccles.).

5. Deveis, pois, trabalhar e vigiar assiduamente, para guardar o depósito da fé,


apesar das tentativas dos ímpios, que se esforçam por dissimulá-lo e desvirtuá-
lo. Tenham todos presente que o julgar da sã doutrina, que os povos têm de
crer, e o regime e o governo da Igreja universal *é da alçada do Romano
Pontífice*, a quem foi dado por Cristo pleno poder, para apascentar, reger e
governar a Igreja universal, segundo os ensinamentos legados pelos Padres do
Concílio de Florença (Sess. 25, in definit. apud Labb., tom. 18, col. 527. Edit.
Venet.). Portanto, todo Bispo deve aderir fielmente à Cátedra de Pedro, guardar
o depósito da fé santa e apascentar religiosamente o rebanho de Deus que lhe
foi confiado. Os presbíteros estejam sujeitos aos Bispos, considerando-os,
segundo aconselha São Jerônimo, como pais da alma (Ep. 2 ad Nepot., a. 1, 24);
e jamais esqueçam que os cânones mais antigos lhes vedam o desempenho de
qualquer ministério, o ensino e a pregação sem licença do Bispo, a cujo cuidado
foi confiado o povo e de quem se hão de pedir contas das almas (Ex can., app 33
apud Labb., tomo I, p. 38, edt. Mansi.). Por fim, tenha-se por certo e estável que
quantos intentarem contra esta ordem estabelecida, enquanto depender de sua
parte, *perturbam o estado da Igreja*.

6. Reprovável seria, na verdade, e muito alheio à veneração com que se devem


acolher as leis da Igreja, condenar, somente por néscio capricho de opinião, a
doutrina que foi por ela sancionado, na qual estão contidas a administração
das coisas sagradas, a regra dos costumes e dos direitos da Igreja, a ordem e a
razão dos seus ministros, ou então acoimá-la de oposicionista a certos princípios
de direito natural, julgando-a deficiente e imperfeita, ou ainda sujeitando-a à
autoridade civil. Constando, com efeito, como reza o testemunho dos Padres do
Concílio de Trento (Sess. 13, dec. de Eucharistia in procem.), que a Igreja
recebeu sua doutrina de Jesus Cristo e dos seus Apóstolos, e que *o Espírito
Santo a está continuamente assistindo*, ensinando-lhe toda a verdade, é por
demais absurdo e altamente injurioso dizer que se faz necessária uma certa
restauração ou regeneração, para fazê-la voltar à sua primitiva incolumidade,
dando-lhe novo vigor, como se fosse de crer que a Igreja é passível de defeito,
ignorância ou outra qualquer das imperfeições humanas; com tudo isto
pretendem os ímpios que, constituída de novo a Igreja sobre fundamentos de
instituição humana, venha a dar-se o que São Cipriano tanto detestou: que a
Igreja, coisa divina, se torne coisa humana (Ep. 52, edit. Baluz.). Pensem, pois, os
que tal supõem, que somente ao Romano Pontífice como atesta São Leão, tem
sido confiada a constituição dos cânones; e que somente a ele, que não a outro,
compete julgar dos antigos decretos dos cânones, medir os preceitos dos seus
antecessores para moderar, após diligente consideração, aquelas coisas, cuja
modificação é exigida pela necessidade dos tempos (Ep. ad. episc. Lucaniae)” -
Papa Gregório XVI - Encíclica Mirari Vos

"Poderia a Igreja (que é a coluna e o fundamento da verdade e a quem o


Espírito Santo, como consta, ensina sempre todas as verdades) ordenar,
conceder ou permitir essas coisas que tendem para a destruição das almas e a
desonra e detrimento *de um sacramento instituído por Cristo?*" - Papa
Gregório XVI - Quo Graviora

*Obs. 01*.: neste texto o Papa se referia a permissão de “culto privado” e as


“missas cotidianas”

*Obs. 02*: (segue o trecho completo em espanhol): "Tanto más deplorable es la


ciega temeridad de estos hombres que quieren reformar radicalmente el el
santísimo instituto de la penitencia sacramental, se burlan contumeliosamente
de la Iglesia y casi la acusan de error como si hubiese enervado ese mismo
saludable instituto y menoscabado su eficacia y virtud, ordenando la confesión
anual, concediendo indulgencias con la condición de que se practique la
confesión y PERMITENDO EL CULTO PRIVADO Y LAS MISAS COTIDIANAS. ¿Podrá
la Iglesia que es columna y fundamento de la verdad y a quien el Espíritu Santo
como consta enseña siempre todas las verdades, mandar, conceder y PERMITIR
cosas que conduzcan a la ruina de las almas y a la deshonra y detrimento de un
Sacramento instituido por Cristo? "¿No será propio de una insolentísima locura,
como decía San Agustín, disputar si se debe hacer lo que acostumbra hacer por
todo el orbe de la Iglesia? No queremos pensar que estos innovadores que
ostentan un celo tan vivo por fomentar la piedad en el pueblo, sólo desean que,
disminuida o más bien suprimida del todo la frecuencia de los sacramentos,
languidezca paulatinamente y se destruya por último la Religión entera" (Quo
Graviora).
“6 - (...) Nem podemos passar em silêncio a audácia de quem, não podendo
tolerar os princípios da sã doutrina, pretendem "que aos juízos e decretos da Sé
Apostólica, que têm por objeto o bem geral da Igreja, e seus direitos e sua
disciplina, enquanto não toquem os dogmas da fé e dos costumes, se pode
negar assentimento e obediência, sem pecado e sem nenhuma violação da fé
católica". Esta pretensão é tão contrária ao dogma católico do pleno poder
divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso Senhor ao Romano Pontífice para
apascentar, reger e governar a Igreja, que não há quem não o veja e entenda
clara e abertamente.

7 - Em meio de esta tão grande perversidade de opiniões depravadas, Nós, com


plena consciência de Nossa missão apostólica, e com grande solicitude pela
religião, pela sã doutrina e pela saúde das almas a Nos divinamente confiadas,
assim como até pelo próprio bem da sociedade humana, temos julgado
necessário levantar de novo Nossa voz apostólica. Portanto, todas e cada uma
das perversas opiniões e doutrinas determinadamente especificadas nesta
Carta, com Nossa autoridade apostólica as reprovamos, proscrevemos e
condenamos; e queremos e mandamos que todas elas sejam tidas pelos filhos
da Igreja como reprovadas, proscritas e condenadas” - Papa Pio IX - Quanta Cura

“Pois, mesmo que se tratasse daquela submissão que deve ser prestada com ato
de fé divina, não se poderia limitá-la, porém, às verdades definidas por
decretos expressos dos concílios ecumênicos ou dos Romanos Pontífices desta
Sé Apostólica, mas seria necessário estendê-la também àquilo que é
transmitido como divinamente revelado pelo Magistério Ordinário de toda a
Igreja espalhada pela Terra” - Papa Pio IX - Carta Apostólica Tuas Libenter [ao
Arcebispo de Munique – 1863 – conferir em Mansi LI, 224 C12 – 225 A5]

“Mas, como se trata daquela sujeição à qual estão obrigados em consciência


todos os católicos que se dedicam às ciências especulativas, para que possam
trazer com seus escritos novos proveitos para a Igreja, por essa razão, os
homens desse mesmo congresso devem reconhecer que não basta aos sábios
católicos aceitar e reverenciar os supracitados dogmas da Igreja, mas é
também necessário a eles submeter-se às decisões que, pertencentes à
doutrina, são emanadas das Congregações Pontifícias, bem como àqueles
capítulos de doutrina que, pelo comum e constante sentir dos católicos, são
considerados como verdades e conclusões teológicas tão certas que as opiniões
contrárias a esses capítulos de doutrina, ainda que não possam ser chamadas de
heréticas, merecem, sem embargo, alguma censura teológica” – Papa IX, Carta
Apostólica Tuas Libenter [ao Arcebispo de Munique – 1863 [Denzinger 1684]
"(...) estão separados da comunhão da Igreja aqueles que *não estão em
concordância com a Sé Apostólica*" - Papa Pio IX - Letter From the Holy Office,
1864

"A obrigação à qual estão absolutamente vinculados os mestres e os escritores


católicos se limita àquelas coisas que pelo infalível juízo da Igreja são propostas
como dogmas de fé para serem acreditadas por todos" - *Proposição nº 22
condenada pelo Papa Pio IX* no Silabo dos Erros Modernos, 8 dez. 1864.)

“Como todos os fautores de heresia e de cisma, gabam-se eles falsamente de


ter conservado a antiga fé católica, enquanto que subvertem o próprio
fundamento principal da fé e da doutrina católica. Eles bem reconhecem na
Escritura e na Tradição a fonte da Revelação divina, mas recusam-se a escutar o
Magistério sempre vivo da Igreja (…)” - Papa Pio IX, Carta Inter Gravissimas, 28
de outubro de 1870, dirigido à assembleia episcopal de Fulda; E.P.S. E. 374-375

"A Igreja nunca pode ser conciliada com o erro, e o Papa não pode estar
separado da Igreja” – Papa Pio IX - Allocution to Roman Pilgrims From Abroad –
1871

“Certamente na guarda dos povos desta comunhão e obediência ao Romano


Pontífice se oferece um caminho curto e reto para mantê-los na confissão da
verdade católica. Não é possível, com efeito, que ninguém jamais se rebele
contra a fé católica em parte alguma sem que rechace ao mesmo tempo a
autoridade da Igreja romana, na qual reside o imutável magistério da fé,
fundado pelo divino Redentor, e na qual se conservou sempre a tradição que
procede dos apóstolos. Daqui que não somente os hereges antigos, mas
também os recentes protestantes, entre os quais, além disso, existem tão
acusadas divergências doutrinais, sempre tiveram de comum o impugnar a
autoridade da Sede Apostólica, da qual não logrou jamais, nem com argúcias
nem com ataques, que tolerasse o mais insignificante de seus erros. A isto se
deve que também os inimigos atuais de Deus e da sociedade humana provem
todas as tentativas para apartar aos povos da Itália da obediência tanto nossa
quanto da própria Santa Sé, convencidos, sem dúvida, de que por este meio
poderia ocorrer que contaminassem a própria Itália com a impiedade de suas
doutrinas e com a peste dos novos sistemas” - Papa Pio IX, Nostis et Nobiscum

"Mas os neo-cismáticos dizem que não era um caso de doutrina, mas de


disciplina, de modo que o nome e as prerrogativas dos católicos não podem ser
negadas àqueles que se opõem. Nossa Constituição Reversurus, publicada em
12 de julho de 1867, responde a esta objeção. Não duvidamos que vós sabeis
como é inútil e vã esta evasão. Pois a Igreja Católica sempre considerou como
cismáticos aqueles que obstinadamente se opõem aos prelados legítimos da
Igreja e, em particular, o principal pastor de todos. Os cismáticos evitam
cumprir suas ordens e até mesmo negam sua própria posição. Como a facção da
Armênia é assim, *eles são cismáticos, mesmo que ainda não tenham sido
condenados como tais pela autoridade apostólica*. Pois a Igreja consiste do
povo em união com o sacerdote, e o rebanho que segue o seu pastor.
Consequentemente, o bispo está na Igreja e a Igreja no bispo, e quem não está
com o bispo não está na Igreja. Além disso, como o nosso predecessor Pio VI
advertiu na sua carta apostólica que condena a constituição civil do clero na
França, a disciplina é muitas vezes estreitamente relacionada com a doutrina e
tem uma grande influência na preservação de sua pureza. De fato, em muitos
casos, os sagrados Concílios foram cortados sem hesitação da Igreja por seu
anátema aqueles que infringiram sua disciplina” - Pio IX - Quartus Supra

“1827. Ensinamos, pois, e declaramos que a Igreja Romana, por disposição


divina, tem o primado do poder ordinário sobre as outras Igrejas, e que este
poder de jurisdição do Romano Pontífice, poder verdadeiramente episcopal, é
imediato. E a ela [à Igreja Romana] devem-se sujeitar, por dever de
subordinação hierárquica e verdadeira obediência, os pastores e os fiéis de
qualquer rito e dignidade, tanto cada um em particular, como todos em
conjunto, não só nas coisas referentes à fé e aos costumes, mas também nas
que se referem à disciplina e ao regime da Igreja, espalhada por todo o mundo,
de tal forma que, guardada a unidade de comunhão e de fé com o Romano
Pontífice, a Igreja de Cristo seja um só redil com um só pastor. Esta é a doutrina
católica, da qual ninguém pode se desviar, sob pena de perder a fé e a
salvação” – Concílio Vaticano I

“1836. (...) Pois o Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de S. Pedro
para que estes, sob a revelação do mesmo, pregassem uma nova doutrina, mas
para que, com a sua assistência, conservassem santamente e expusessem
fielmente o depósito da fé, ou seja, a revelação herdada dos Apóstolos. E esta
doutrina dos Apóstolos abraçaram-na todos os veneráveis Santos Padres,
veneraram-na e seguiram-na todos os santos doutores ortodoxos, firmemente
convencidos de que esta cátedra de S. Pedro sempre permaneceu imune de
todo o erro, segundo a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo feita ao príncipe
dos Apóstolos: Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez
convertido, confirma os teus irmãos [Lc 22, 32]” - Concílio Vaticano I

“1837. Foi, portanto, este dom da verdade e da fé, que nunca falece, concedido
divinamente a Pedro e aos seus sucessores nesta cátedra a fim de que
cumprissem seu sublime encargo para a salvação de todos, para que assim todo
o rebanho de Cristo, afastado por eles do venenoso engodo do erro, fosse
nutrido com o pábulo da doutrina celeste para que assim, removida toda
ocasião de cisma e apoiada no seu fundamento, se conservasse unida a Igreja
Universal, firme e inexpugnável contra as portas do inferno” – Concílio Vaticano
I
"Mas, para que o próprio episcopado fosse uno e indiviso, e pela coesão e união
íntima dos sacerdotes toda a multidão dos crentes se conservasse na unidade
da mesma fé e comunhão, antepondo S. Pedro aos demais Apóstolos, *pôs nele
o princípio perpétuo e o fundamento visível desta dupla unidade*, sobre cuja
solidez se construísse o templo eterno e se levantasse sobre a firmeza desta fé a
sublimidade da Igreja, que deve elevar-se até ao céu. E como as portas do
inferno se insurgem de todas as partes de dia para dia com crescente ódio
contra a Igreja divinamente estabelecida, a fim de fazê-la ruir, se pudessem, Nós
julgamos necessário para a guarda, para a incolumidade e para o aumento da
grei católica, após a aprovação do Concílio, propor a crença dos fiéis a doutrina
sobre a instituição, a perpetuidade e a natureza do *santo primado Apostólico,
no qual reside a força e a solidez de toda a Igreja*, segundo a fé antiga e
constante da Igreja universal, proscrevendo e condenando os erros contrários,
tão perniciosos a grei do Senhor” - Sessão IV - Concílio Vaticano I)

“Quanto à determinação dos limites da obediência, não imagine alguém que


basta obedecer à autoridade dos pastores de almas e, sobre todos, do Pontífice
Romano, nas matérias de Dogma, cuja rejeição pertinaz traz consigo o pecado
de heresia; nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas doutrinas
que, apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, são
todavia propostas à nossa Fé pelo Magistério Ordinário e Universal da mesma
como divinamente reveladas e, as quais, por definição do Concílio Vaticano [de
1870], devem ser cridas com Fé Católica e Divina. *Faz-se necessário, também,
que os cristãos contem entre os seus deveres o de se deixarem reger e
governar pela autoridade dos bispos e, principalmente, desta Sé Apostólica*.
Vê-se facilmente a razoabilidade desta sujeição pois, efetivamente, das coisas
contidas nos divinos oráculos, umas referem-se a Deus e outras ao mesmo
homem e aos meios necessários para chegar à eterna salvação. Pois bem, nestas
duas ordens de coisas, isto é, quanto ao que se deve crer e ao que se deve fazer,
compete, por Direito Divino à Igreja e, na Igreja, ao Romano Pontífice
determiná-lo: e eis a razão do porque compete ao Romano Pontífice julgar
autoritativamente que coisas contenha o assim chamado Depósito da Fé [a
Sagrada Escritura e a Tradição] e que doutrinas concordem com ela e quais dela
desdigam; e, do mesmo modo, determinar o que é Bem e o que é Mal; o que se
deve fazer ou deixar de fazer para conseguir a salvação eterna e, *se isso não
pudesse fazer, o Papa não seria intérprete infalível da vontade de Deus ou
guia seguro da vida do homem*" - Leão XIII – Encíclica Sapientiae Christianae -
§35

"(...) Por certos índices que se observam, não é difícil constatar que, entre os
católicos, certamente em razão da infirmeza do tempo, existem os que, pouco
contentes com sua situação de súditos que têm na Igreja, *crêem poder ter
alguma parte em seu governo ou pelo menos imaginam que lhes é permitido
examinar e julgar à sua maneira os atos da autoridade*. Se isto prevalecesse,
seria um grande dano na Igreja de Deus, na qual, pela vontade manifesta de seu
divino Fundador, distingue-se no seu pessoal os que são ensinados e os que
ensinam, o rebanho e os pastores, entre os quais *um é o chefe e o pastor
supremo de todos*.
Apenas aos pastores foi dado poder de ensinar, de julgar, de corrigir, aos fiéis
foi imposto o dever de seguir os ensinamentos, de submeter-se com docilidade
ao julgamento e de deixar-se governar, corrigir, conduzir à salvação. Assim é
absolutamente necessário que os simples fiéis se submetam de espírito e de
coração a seus próprios pastores, *e esses com eles ao Chefe e Pastor
supremo*; é nesta subordinação e dependência que gira a ordem e a vida da
Igreja; é nela que se funda a condição indispensável do bem fazer e tudo levar a
bom porto.

Ao contrário, se ocorre que os simples fiéis se atribuem autoridade, *se eles a


pretendem como juízes e senhores*; se os subordinados, no governo da Igreja
universal, preferem ou tentam fazer prevalecer uma diretriz diversa daquela
traçada pela autoridade suprema, *é uma subversão da ordem*; leva-se dessa
forma a confusão a muitos espíritos, e sai-se do caminho.

E não é necessário, para faltar a um dever tão santo, fazer ato de oposição
manifesta, seja aos bispos, *seja ao chefe da igreja*, é bastante que tal
oposição se faça por meios indiretos, *tão mais perigosos quanto mais ocorre a
preocupação de escondê-los por aparências contrárias*. Desta forma, falta-se
a esse dever sagrado desde que, ao mesmo tempo que se manifesta zelo pelo
poder e as prerrogativas do Supremo Pontífice, não se respeitam os bispos que
a ele estão unidos, não se tem em conta suficiente a sua autoridade, e se
interpretam lamentavelmente seus atos e suas intenções sem aguardar o
julgamento da Sé Apostólica.

Da mesma forma, *é prova de uma submissão pouco sincera estabelecer uma


como que oposição entre um Pontífice e outro*. Aqueles que, entre duas
direções diversas, repudiam o presente para prender-se ao passado, *não dão
prova de obediência à autoridade que tem o direito e o dever de guiá-los*: e
sob um certo aspecto se assemelham aos que, *condenados*, quisessem apelar
ao Concílio futuro ou a um *Papa melhor informado*.

Sob esse aspecto, o que é necessário fixar é que *no governo da Igreja*, salvo
os deveres essenciais impostos a todos os Pontífices por seu cargo apostólico,
*cada um deles pode adotar a atitude que julgar a melhor, segundo os tempos
e outras circunstâncias*. Disto é ele o único juiz; considerando que para isso ele
tem não somente *luzes especiais*, mas ainda o conhecimento de condições e
necessidades de toda a catolicidade a que convém que condescenda sua
previdência apostólica.
*É ele que cuida do bem e todos os outros que são submetidos a esta ordem*
devem secundar a ação de um diretor supremo e servir ao fim que ele quer
atingir. Como a Igreja é uma e um o seu chefe, assim é uno o governo *a que
todos devem conformar-se*" - Papa Leão XIII - Carta Epístola Tua ao Cardeal
Guibert, 17 de junho de 1885; em Papal Teachings: The Church, p. 263 [em
francês: "Lettre de Sa Sainteté a Son Em Le Cardinal Guibert]"
http://ia600308.us.archive.org/21/items/cihm_56618/cihm_56618.pdf

(a partir da página 12)

Conferir também:

https://catolico247.com/2017/04/26/o-argumento-do-papa-mau/

"(...) receba e grave em suas mentes todos vocês: pelo mandamento de Deus, a
salvação não é encontrada em nenhum lugar que não seja na Igreja, o
instrumento forte e efetivo da salvação *não é nada mais que o Pontificado
Romano*" - Papa Leão XIII - Allocution For The 25th Anniversary Of His Election
– 1903

“(...) Jesus Cristo instituiu na Igreja um Magistério vivo, autêntico e, além disso,
perpétuo, que ele investiu da sua própria autoridade, revestiu do espírito de
verdade, confirmou por milagres e quis e mui severamente ordenou que os
ensinamentos doutrinais desse Magistério fossem recebidos como os seus
próprios” - Papa Leão XIII – Encíclica Satis Cognitum § 20

“Toda vez que a palavra deste Magistério declara que esta ou aquela verdade
faz parte do conjunto da doutrina divinamente revelada, todos devem crer com
certeza que isso é verdadeiro” – Papa Leão XIII - Encíclica Satis Cognitum § 20

“(...) O Papa é o guardião do dogma e da moral; é o depositário dos princípios


que formam honestas as famílias, grandes as nações, santas as almas; é o
conselheiro dos príncipes e dos povos; é a cabeça sob a qual ninguém deve
sentir-se tiranizado, pois representa o próprio Deus; ele é o pai por excelência,
que em si reúne tudo o que pode haver de amável, de terno, de divino.

Parece inacreditável, e é contudo doloroso, que haja padres aos quais se deve
fazer esta recomendação, mas nos nossos dias nós estamos infelizmente nesta
dura e triste condição de dever dizer a padres: Amai o Papa!

E como se deve amar o Papa? Não por palavras somente, mas por atos e com
sinceridade. (…) E se Nosso Senhor Jesus Cristo dizia de si mesmo: “Se alguém
me ama, guardará minha palavra”, assim, para mostrar nosso amor ao Papa, é
necessário obedecer.

É por isso que, quando se ama o Papa, não se fica a discutir sobre o que ele
manda ou exige, a procurar até onde vai o dever rigoroso da obediência, e a
marcar o limite dessa obrigação. Quando se ama o Papa, não se objeta que ele
não falou muito claramente, como se ele fosse obrigado a repetir diretamente
no ouvido de cada um sua vontade e de exprimi-la não somente de viva voz,
mas cada vez por cartas e outros documentos públicos.

Não se põem em dúvida suas ordens, sob fácil pretexto, para quem não quer
obedecer, de que elas não vieram diretamente dele, mas dos que o rodeiam!
Não se limita o campo onde ele pode e deve exercer sua autoridade; não se
opõe à autoridade do Papa a de outras pessoas, por muito doutas que elas
sejam, que diferem da opinião com o Papa. Por outra parte, seja qual for sua
ciência, falta-lhes santidade, pois não poderia haver santidade onde há
dissentimento com o Papa.

É o desabafo de um coração dolorido… para deplorar a conduta de tantos


padres que, não somente se permitem discutir e criticar as vontades do Papa,
mas que não têm a receio de chegar a atos de desobediência imprudente e
atrevida, para grande escândalo dos bons e para a ruína das almas” - Papa São
Pio X - Discurso aos Sacerdotes da União Apostólica - 18 de novembro de 1912

“Serão estes os deveres dos membros do Conselho: investiguem com cuidado


os vestígios do modernismo, tanto nos livros como no magistério, e com
prudência, rapidez e eficácia providenciem quando houver mister pela
preservação do clero e da mocidade. Combatam as novidades de palavras e
lembrem-se dos avisos de Leão XIII (Instr. S.C. NN. EE. EE. 27/01/1902): ‘Nas
publicações católicas não se poderia aprovar uma linguagem que, inspirando-
se em perniciosas novidades, parecesse escarnecer da piedade dos fiéis e
falasse de nova orientação da vida cristã, de novas direções da Igreja, de novas
aspirações da alma moderna, de nova vocação do clero, de nova civilização
cristã’. Não se tolerem tais dislates nem nos livros nem nas cátedras. Não se
descuidem dos livros em que se tratar das piedosas tradições de cada lugar, ou
das sagradas Relíquias” – Papa São Pio X – Encíclica Pascendi Dominici Gregis -
1907

“O primeiro e maior critério da fé, a regra suprema e inquebrantável da


ortodoxia é a obediência ao magistério sempre vivo e infalível da Igreja,
estabelecido por Cristo columna et firmamentum veritatis, a coluna e o sustento
da verdade” - Papa São Pio X - Alocução Cum Vera Soddisfazione - 1909
“O sucesso de toda sociedade humana, seja qual for o motivo de sua formação,
depende da harmonia e concórdia dos membros tendo em vista o interesse
comum. Devemos, pois, devotar especial atenção ao apaziguamento das
discórdias e dos conflitos de qualquer sorte entre católicos e evitar o
surgimento de novas contendas a fim de que possa haver entre os católicos
unidade no pensar e no agir.

Bem sabem os inimigos de Deus e da Igreja que qualquer querela interna entre
os católicos lhes dá uma vitória: donde usarem com frequência do expediente
de, quando encontram os católicos fortemente unidos, tratarem de plantar
astutamente entre eles as sementes da discórdia, a fim de quebrar essa
unidade.

Quem dera não tivesse o resultado de tal sistema com frequência justificado
suas esperanças, para o grande detrimento dos interesses da religião! Assim,
pois, quando quer que a autoridade legítima tenha dado uma ordem, a
ninguém seja legítimo transgredi-la, pela razão de não lhe agradar; mas que
cada um submeta sua própria opinião à autoridade daquele que é seu
superior, e obedeça-lhe por dever de consciência.

Novamente, que nenhum indivíduo privado, quer por livros ou pela imprensa,
ou ainda em discursos públicos, tome sobre si a posição de mestre da Igreja.
Todos sabem a quem a autoridade de ensino tem sido confiada por Deus: a
Ele, pois, deixe-se livre o campo a fim de que fale quando e como creia
oportuno. O dever dos demais é prestar-Lhe atenção com reverência quando
este fala e seguir o que ele diz.

Quanto às matérias em que sem dano à fé à disciplina - na ausência de qualquer


intervenção autoritativa da Sé Apostólica - há espaço para opiniões divergentes,
é claro que há o direito de se exprimir e defender sua própria opinião. Mas em
tais discussões não devem ser usadas expressões que possam constituir grave
falta de caridade; que cada um livremente defenda sua opinião, mas que isso
seja feito com a devida moderação, de tal modo que ninguém se ache no
direito de afixar naqueles que discordam de suas ideias o estigma da
deslealdade à fé e à disciplina” – Papa Bento XV - Encíclica Ad Beatissimi
Apostolorum, novembro de 1914.

“Os cristãos devem, por conseguinte, afastar-se de uma exagerada


independência de pensamento e de uma falsa “autonomia” da razão humana,
ainda com respeito a certas questões que acerca do sacramento do matrimônio
se debatem em nossos dias. Mal ficaria, efetivamente, a qualquer cristão digno
deste nome o fiar-se na sua inteligência soberbamente a ponto de querer
acreditar só nas verdades cuja natureza intrínseca venha a conhecer por si, *o
julgar que a Igreja, por Deus destinada para mestra e orientadora de todos os
povos, não está suficientemente esclarecida quanto às coisas e circunstâncias
modernas*, ou então o não prestar-lhe assentimento e obediência senão no
que impõe por meio de definições mais solenes, *como se fosse lícito pensar
que suas outras decisões pudessem ter-se como falsas ou não robustecidas
por motivos suficientes de verdade e honestidade*. Ao contrário, é próprio de
qualquer verdadeiro e fiel cristão, sábio ou ignorante, deixar-se dirigir e guiar
pela Santa Igreja de Deus *em tudo o que respeita à fé e aos costumes*, por
meio do seu Supremo Pastor, o Pontífice Romano, que, por sua vez, é dirigido
por Jesus Cristo Nosso Senhor” - Papa Pio XI - Encíclica Casti Connubii, § 109

"(...) ninguém está nesta única Igreja de Cristo e ninguém nela permanece a não
ser que, *obedecendo*, reconheça e *acate o poder de Pedro* e de seus
sucessores legítimos" - Papa Pio XI - Encíclica Mortalium Animos

“56. Como, em verdade, *nenhum católico fiel pode rejeitar as fórmulas da


doutrina cristã compostas e decretadas com grande vantagem em época mais
recente da Igreja*, inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, para voltar às antigas
fórmulas dos primeiros concílios ou *repudiar as leis vigentes para voltar às
prescrições das antigas fontes do direito canônico*; assim, quando se trata da
sagrada liturgia, não estaria animado de zelo reto e inteligente aquele que
*quisesse voltar aos antigos ritos e usos recusando as recentes normas
introduzidas por disposição da divina Providência* e por mudança de
circunstâncias.

57. Este modo de pensar e de proceder, com efeito, faz reviver o *excessivo e
insano arqueologismo* suscitado pelo ilegítimo concílio de Pistóia e se esforça
em revigorar os múltiplos erros que foram as bases daquele conciliábulo e os
que se lhe seguiram com grande dano das almas, e que a Igreja – guarda
vigilante do "depósito da fé" confïado pelo seu divino Fundador – condenou
com todo o direito. (53) De fato, deploráveis propósitos e iniciativas tendem a
paralisar a ação santificadora com a qual a sagrada liturgia orienta salutarmente
ao Pai celeste os filhos de adoção.

58. Tudo, pois, *seja feito em indispensável união com a hierarquia


eclesiástica*. Ninguém *se arrogue o direito de ser lei para si mesmo* e de
impô-la aos outros por sua vontade. *Somente o sumo pontífice*, na qualidade
de sucessor de Pedro, ao qual o divino Redentor confiou o rebanho universal,
(54) e juntamente os bispos, que sob a dependência da Sé Apostólica "o Espírito
Santo colocou para reger a Igreja de Deus", (55) *têm o direito e o dever de
governar o povo cristão*. Por isso, veneráveis irmãos, toda vez que defendeis a
vossa autoridade oportunamente, ainda que com severidade salutar não
somente cumpris o vosso dever, *mas defendeis a própria vontade do
Fundador da Igreja*.
188. É absolutamente necessário, porém, que em tudo isso vigieis atentamente
a fim de que, no campo do Senhor, não se introduza o inimigo para semear a
cizânia no meio do trigo, (181) para que, em outras palavras, não se infiltrem no
vosso rebanho os perniciosos e sutis erros de um falso "misticismo" e de um
nocivo "quietismo" – erros por nós já condenados como sabeis (182) – e para
que as almas não sejam seduzidas por um perigoso "humanismo", nem se
introduza uma falsa doutrina que altera a própria noção da fé, nem, enfim, *um
excessivo "arqueologismo" em matéria litúrgica*. Cuidai com igual diligência
por que não se difundam as falsas opiniões daqueles que erradamente crêem e
ensinam que a natureza humana de Cristo glorificada esteja realmente e com a
sua continua presença nos justificados, ou que uma graça única e idêntica junte
Cristo com os membros do seu Corpo” – Encíclica Mediator Dei – Papa Pio XII
(20 de novembro do ano de 1947)

“(...) Nem se deve crer que os ensinamentos das Encíclicas *não exijam per se o
assentimento*, sob o pretexto de que os Pontífices não exercem nelas o poder
de seu Supremo Magistério. Tais ensinamentos fazem parte do Magistério
Ordinário, *para o qual também valem as palavras: "Quem vos ouve, a mim
ouve*" (Lc 10,16), além do que, quanto vem proposto e inculcado nas Encíclicas
pertence já, o mais das vezes, por outros títulos, ao patrimônio da doutrina
católica. Ademais, se os Sumos Pontífices no exercício do seu Magistério
emitem de caso pensado uma decisão em matéria até então controvertida, é
evidente que tal questão, segundo a mente e a vontade dos mesmos Pontífices,
não pode já constituir objeto de livre discussão entre os teólogos” - Papa Pio XII
- Humani Generis

"Encontram-se em perigoso erro, portanto, aqueles que pensam poder estar


com Cristo, cabeça da Igreja, *sem aderir fielmente* ao seu Vigário na Terra” -
Papa Pio XII - Encíclica Mystici Corporis, 40

“*Sem mancha alguma brilha a Santa Madre Igreja nos sacramentos com que
gera e sustenta os filhos*; na fé que sempre conservou e conserva
incontaminada; *nas leis santíssimas* que a todos impõe, nos conselhos
evangélicos que dá; nos dons e graças celestes, pelos quais com inexaurível
fecundidade produz legiões de mártires, virgens e confessores. Nem é sua culpa
se alguns de seus membros sofrem de chagas ou doenças; por eles ora a Deus
todos os dias: ‘Perdoai-nos as nossas dívidas’ e incessantemente com fortaleza e
ternura materna trabalha pela sua cura espiritual” - Papa Pio XII - Encíclica
Mystici Corporis, 65

“Seguindo o exemplo de Santo Tomás de Aquino e dos membros eminentes da


Ordem dominicana que brilharam pela piedade e santidade de vida, a partir do
momento em que se faz ouvir a voz do Magistério da Igreja, *seja ordinário ou
extraordinário*, recolhei esta voz com ouvido atento e espírito dócil, sobretudo
vós, diletos filhos que, por singular benefício de Deus, dedicai-vos aos estudos
sagrados nesta Cidade augusta, perto da ‘Cátedra de Pedro e igreja principal,
donde a unidade sacerdotal tirou a sua origem’ (São Cipriano). E o vosso dever
não é apenas dar vossa adesão exata e sem delongas às regras e decretos do
Magistério sagrado referentes às verdades divinamente reveladas – pois a Igreja
Católica e somente ela, Esposa de Cristo, é a guardiã fiel desse depósito sagrado
e sua intérprete infalível; mas devem-se receber também, com humilde
submissão do espírito, *os ensinamentos que tratam de questões da ordem
natural e humana*; pois aí também há, para os que professam a fé católica, e –
é evidente – sobretudo para os teólogos e os filósofos, verdades que eles devem
estimar enormemente, no mínimo quando esses elementos de ordem inferior
são propostos como conexos e unidos às verdades da fé cristã e ao fim
sobrenatural do homem” - Papa Pio XII - Alocução aos professores e alunos do
Angelicum - 14 de janeiro de 1958.

“O Papa tem as promessas divinas, *mesmo em suas fraquezas humanas, ele é


invencível e inabalável*. Ele é o mensageiro da verdade e da justiça, o princípio
da unidade da Igreja. *Sua voz denuncia erros, idolatrias, superstições*, ele
condena as iniquidades, ele faz a caridade e a virtude amadas” - Papa Pio XII,
Discurso “Ancora Una Volta” - 20 de fevereiro de 1949.

SANTOS E SANTOS DOUTORES

“*A Igreja apostólica (de São Pedro)*, situada acima de todos os bispos, de
todos os pastores, de todos os chefes da Igreja e dos fieis, *permanece pura de
todas as seduções e de todos os artifícios dos hereges* em seus pontífices, em
sua fé *sempre inteira e na autoridade de Pedro*. Enquanto as outras igrejas
são desonradas pelos erros de certos hereges, somente Ela reina, apoiada
sobre fundamentos inabaláveis, impondo silêncio e fechando a boca de todos
os hereges; e nós (...), confessamos e pregamos em união com Ela *a regra da
verdade e da santa tradição apostólica*” (citação de São Cirilo de Alexandria
por Santo Tomás de Aquino em sua “Catena Áurea” [comentário sobre o
Evangelho de São Mateus, XVI, 18])

"Os apóstolos e seus sucessores são vigários de Deus no governo da Igreja, que
é construída sobre a fé e os sacramentos da fé. Portanto, da mesma forma que
ela não pode instituir uma outra Igreja, *ela não pode oferecer uma outra fé,
nem instituir outros sacramentos*" – São Tomás de Aquino, Summa
Theologica, III, q. 64, art. 2, ad. 3

“Se se considera a Providência divina que dirige sua Igreja pelo Espírito Santo
para que ela não erre, como ele mesmo prometeu em João 14,26, que o
Espírito quando viesse ensinaria toda a verdade, quer dizer, com relação às
coisas necessárias à salvação, é certo ser impossível que o julgamento da Igreja
universal erre sobre as coisas que dizem respeito a fé” - São Tomás de Aquino:
23. Quod. IX, q.8, a.1.

“O que possui a mais alta autoridade é o costume da Igreja, que deve ser
preferido a tudo o mais, pois a própria doutrina dos doutores católicos tira da
Igreja a sua autoridade. Por onde, devemos nos apoiar, antes, na autoridade da
Igreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer outro doutor” – São
Tomás de Aquino: Summa Theologica, II-II, q. 10, a.12.

“O costume da Igreja não pode errar, pois é dirigido pelo Espírito Santo” - São
Tomás de Aquino - IIIa. q.83, art.5

"Ademais *a Igreja universal não pode errar*: porque aquele que em todas as
coisas foi ouvido por sua reverência, disse a Pedro, sobre cuja confissão foi
fundada a Igreja: Eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça. Mas a Igreja
universal aprova as indulgências: logo as indulgências tem valor diante de
Deus" (Santo Tomás, In Sent. IV, D. 20, Q. 1. A.3)

“Se não se fizer agora uma definição formal, dever-se-ia pelo menos preceituar
a todos os eclesiásticos seculares e regulares que recitassem o Ofício da
Imaculada Conceição como o recita a Igreja: pois assim, *sem definição, obter-
se-ia o que se procura*” - São Roberto Bellarmino - parecer lido na Sagrada
Congregação do Santo Ofício em presença do Papa sobre a eventual definição
do Dogma da Imaculada Conceição

“Porque os homens não estão destinados, nem são capazes de ler os corações;
porém, quando veem que alguém é um herege *pelas obras externas que
realiza, julgam-no como herege puro e simples* e o condenam como a um
herege" - São Roberto Bellarmino - De Romano Pontifice - Lib. IV, c. 9, n.° 15

“(...) pois os de Bereia não eram ainda cristãos, nem tinham certeza de que São
Paulo tivesse o Espírito Santo e não pudesse errar, e por isso faziam bem em
estudar as Escrituras dos profetas que São Paulo citava, pois por esse meio Deus
dispunha-os a receber a fé. Mas os cristãos, que já têm a luz da fé e *têm a
certeza de que o Papa e os Concílios legítimos são guiados pelo Espírito
Santo*, não merecem louvor, mas censura, se duvidando das suas decisões
quiserem esclarecer-se com o estudo da Escritura Santa" (São Roberto
Bellarmino, Sobre a obediência cega e sem exame Refutação à Proposição XII
dos Sete teólogos de Veneza -1606)

"E como seria a Igreja Una e Santa, tal como as Escrituras e Símbolos a
descrevem? Porque se ela tivesse um Pastor *e o pastor errasse, como seria
Santa?* E *se não o seguissem, como seria Una?* E que desordem não se veria
no Cristianismo *se uns achassem má uma lei e os outros boa?* E se as ovelhas
em lugar de pastar e engordar nos pastos da Escritura e Santa Palavra *se
distraíssem em fiscalizar os juízos do superior?*

É, pois, necessário que, segundo a divina Providência, tenhamos por fechado o


que São Pedro feche com suas chaves, e por aberto o que ele abra, estando
sentado na Cátedra, ensinando a toda Igreja” - São Francisco de Sales –
Controvérsias

“(...) *o Pastor não pode conduzir ao erro seus filhos*; portanto, os sucessores
de São Pedro têm todos seus mesmos privilégios, que não são anexos à pessoa,
mas *à dignidade e ao cargo público*” - São Francisco de Sales - Controvérsias,
p. II, cap. VI, art. XIV

“A Igreja de Deus, cercada por tanta palha e cizânia, tolera muitas coisas, mas
ela não aprova nem faz o que é contrário à fé ou à virtude e ela não fica calada
perante essas coisas” – Santo Agostinho - Epístola 55

“É fora de dúvida que se um papa fosse herege declarado, como seria aquele
que definisse publicamente uma doutrina oposta à lei divina, ele poderia não
ser deposto por um concílio, mas ser declarado caído do pontificado na sua
qualidade de herege” - Santo Afonso de Ligório [Doutor da Igreja], Les Vérités
de la Foi, in: OEuvres Complètes, tomo IX, 1769, p. 262; apud J. S. DALY, “A
Igreja estaria desprotegida contra os hereges?”

"Sem o Papa não há Igreja: *fora do Papa somente existe cisma e esterilidade*;
contra o Papa é a heresia, o escândalo, *o maior crime após o deicídio dos
judeus*, crime que atrai todas as vinganças divinas, todas as infelicidades
reservadas aos sacrilégios" - São Pedro Julião Eymard

"Dizem que alguns Papas caíram em erro? São *calúnias inventadas* ou que se
referem a atos que não se relacionam com a Fé da Igreja. Todos os que
*estudaram imparcialmente a história eclesiástica* concordam em que essas
asserções são falsas" - Dom Bosco - O cristão bem formado

"(...) *nenhum Papa deixou reviver uma heresia condenada por seus
antecessores* e nem colocou em dúvida uma verdade proclamada antes dele" -
Dom Bosco - O cristão bem formado

"A Igreja Romana (...) foi sempre conhecida como sociedade visível dos fiéis
reunidos na mesma fé, sob a direção de um mesmo Chefe, o Romano Pontífice,
o qual, como pai de uma grande família, guiou no passado e *guiará para o
futuro todos os fiéis sinceros pelo caminho da verdade, até o fim dos tempos*
- Dom Bosco - O cristão bem formado

TEÓLOGOS

“69. - Na Igreja, como são garantidas a integridade e a exatidão do ensino.

R. A integridade e a exatidão do ensino são garantidas na Igreja pelo privilégio


da infalibilidade.

Entende-se por esta palavra a prerrogativa que Jesus Cristo deu à sua Igreja de
*não poder enganar-se no ensino da verdade religiosa*. Envolve, esta
infalibilidade, duas coisas: 1º) a assistência divina que *preserva a Igreja de
qualquer erro*: é o que se chama *infalibilidade negativa*;

2º) o poder de formular decisões dogmáticas ou morais obrigatórias para todos


os cristãos: é o que se denomina *infalibilidade positiva*;

O privilégio da infalibilidade resulta da promessa formal de Nosso Senhor: "Eis ,


diz ele, que estarei convosco até a consumação dos séculos" (S. Mat., 28, 20 ).

Ali onde está Jesus Cristo, aí está a autoridade: *aí não pode existir o erro*.

Notemos, entretanto, que esta promessa não respeita senão à religião e,


portanto, a Igreja é infalível somente nas questões de fé, costumes ou disciplina
geral.

70. A quem cabe o privilégio da infalibilidade?

R. Este privilégio cabe: 1º) a Igreja em geral; 2º) ao *Papa em particular* -


Monsenhor Cauly (Vigário Geral de Reims) - Curso de Instrução Religiosa para
uso dos Catecismos de Perseverança, das Casas de Educação e Pessoas do
Mundo (Honrado com um Breve do Papa Leão XIII) – Tomo I: Catecismo
Explicado – Livraria Francisco Alves

"Nem tenham medo os católicos de cair no excesso de obediência ao Papa,


que alguns fariseus do catolicismo liberal, com simulação estudada, fingem ter,
pois faz mal «às almas»: e por isso contra os jornalistas, promotores fervorosos
desta obediência, lançam as flechas mais envenenadas dos suas aljavas
jansenistas. Nessa matéria, o excesso, não só não é temível mas nem mesmo
possível. Um excesso de obediência cristã e verdadeira, como aquela que nós
falamos, se reduziria a um excesso de amor por Jesus Cristo, isso é, a um
excesso daquela virtude que, única entre todas, não é capaz de excessos. O
pharisaei hypocritae, [O fariseu hipocrita N.d.R.] Você ainda pode participar de
uma culpa assim tão bela!" (Raffaele Ballerini, Da obediência dos católicos ao
Papa, LA CIVILTÀ CATTOLICA, 1877)

“No que diz respeito à substância e à moral da lei que o Pontífice comumente
propõe como regra de costumes a seguir, seria herético afirmar que a Igreja
pode errar de tal maneira a permitir ou prescrever algo destrutivo, quer contra
os bons costumes, quer contra a lei natural, quer contra a lei divina” - João de
São Tomás

“A Igreja ‘deixaria de ser santa’, e, portanto, ‘deixaria de ser a verdadeira Igreja


de Cristo’ caso ‘preceituasse a todos os fiéis, através da sua suprema
autoridade, algo contra a fé e os bons costumes’ – Hervé - Man. Theol. Dogm.,
vol. I, p. 508 e 510.

“Os atos da liturgia tem um valor dogmático; são as expressões do culto de


Deus na Igreja. Ora, a manifestação exterior do culto tem uma relação intima
com a fé. Para ser razoável, o culto não pode deixar de ser conforme a fé” –
Haegy - Manuel…” t. I, p 2.

“Ademais, no tratado da fé (II-II, q. 1, a. 10; q. 2, a. 6, ad 3um), reconhece à


Igreja uma autoridade doutrinal plena e infalível, que se estende até os fatos
dogmáticos, como o demonstra quando trata da canonização dos santos
(Quodh, IX, a. 16). O Papa tem pleno poder e até pode determinar as fórmulas
do símbolo enquanto seja necessário para condenar as heresias” - Garrigou-
Lagrange: A Síntese Tomista

“Os Romanos Pontífices são infalíveis ao fazer leis universais sobre a disciplina
eclesiástica, de modo que jamais estabeleçam qualquer coisa contra a fé e os
bons costumes, embora não atinjam o supremo grau de prudência” - Wernz e
Vidal - Manual... t. I, p 2

“Esta infalibilidade consiste em que a Igreja num juízo doutrinal nunca possa
estabelecer uma lei universal, que seja contrária à fé, aos bons costumes e à
salvação das almas...(no entanto) em lugar algum foi prometido à Igreja um
sumo grau de prudência para promulgar as melhores leis para todos os tempos,
lugares e circunstâncias” - Tanquerey: Theol. Dogm. Fundamentalis, n. 932

“A Igreja é infalível na sua disciplina geral. Pelo termo disciplina geral


entendem-se as leis e as práticas que pertencem à ordenação externa de toda a
Igreja. Isto diz respeito a elementos tais como o culto externo, como a liturgia e
as rubricas ou a administração dos sacramentos (...) Se ela fosse capaz de
prescrever ou de ordenar ou de tolerar em sua disciplina alguma coisa contrária
à fé e aos costumes, ou alguma coisa prejudicial à Igreja ou nociva aos fiéis, ela
falharia na sua missão divina, o que seria impossível” - Hermann: Institutuiones
Theol. Dogm. Roma, 4th ed., Roma: Della Pace, 1908, vol. 1, p. 258.

"(...) Ao cometerem o mal, tornaram-se eles, quaisquer que sejam os pecadores,


desobedientes a Deus e à Igreja, mas a ignomínia das suas ações, sendo
pessoais, em nada afeta a santidade da lei cristã. Às épocas de corrupção,
porém, sucederam-se rejuvenescimentos esplêndidos pela volta à prática
sincera da religião, sempre santa e pura. Uma coisa, porém, muito digna de
notar-se é que, fosse qual fosse a vida particular de qualquer Papa, nenhum
houve que publicasse algum decreto contrário a pureza da fé e dos costumes;
nenhum ensinou nem instituiu coisa alguma, que tivesse em mira justificar as
suas desordens. Não se pode certamente afirmar a mesma coisa acerca dos
cabeças dos protestantes" - Pe. Devivier, Curso de Apologética Cristã, 3.ª ed.,
precedido de Carta de Recomendação de São Pio X quando Patriarca de Veneza.
São Paulo: Melhoramentos, 1925, pp. 444-445, § IX – Os Maus Papas

“(...) cremos que um exame cuidadoso da questão do Papa herege, com os


elementos teológicos de que hoje dispomos, permite concluir que um eventual
Papa herege perderia o cargo no momento em que sua heresia se tornasse
notória e divulgada de público. E pensamos que essa sentença não é apenas
intrinsecamente provável, mas certa, uma vez que as razões alegáveis em sua
defesa nos parecem absolutamente cogentes. Ademais, nas obras que
consultamos, não encontramos argumento algum que nos persuadisse do
oposto” - Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira – Considerações sobre o Ordo
Missae – 1970

“(...) em nenhum caso, mesmo de heresia, o Pontífice é privado de sua


dignidade e de seu poder imediatamente pelo próprio Deus, antes do
julgamento e da sentença dos homens” – Suarez – citação extraída do livro
“Considerações sobre o Ordo Missae” de Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira

“(...) apesar de eu afirmar que o Sumo Pontífice, como uma pessoa privada, é
capaz de se tornar um herege e, portanto, deixar de ser um verdadeiro membro
da Igreja, (…) ainda assim, enquanto ele for tolerado pela Igreja, e reconhecido
publicamente como pastor universal, ele realmente desfrutará do poder
pontifício, de tal forma que todos os seus decretos não terão menos força e
autoridade do que teriam se ele fosse um verdadeiro fiel” - Pe. Paul Laymann,
Theol. Mor., Lib II, tract I, cap, VII, 153

"Mas fique definitivamente entendido que o dever do católico de *aceitar os


ensinamentos transmitidos nas encíclicas, mesmo quando o Santo Padre não
propõe tais ensinamentos como parte de seu magistério infalível*, não se
alicerça somente nas sentenças dos teólogos. A autoridade que impõe essa
obrigação é a do próprio Romano Pontífice.

À responsabilidade do Santo Padre de cuidar das ovelhas do rebanho de Cristo,


corresponde, por parte do efetivo da Igreja, a obrigação básica de seguir as
diretrizes dele, nas matérias doutrinais bem como nas disciplinares. Nesse
campo, Deus deu ao Santo Padre uma *espécie de infalibilidade distinta do
carisma da infalibilidade doutrinal em sentido estrito*.

Ele edificou e ordenou a Igreja de tal maneira, que aqueles que seguem as
diretrizes dadas ao inteiro reino de Deus na terra *nunca serão colocados em
posição de arruinar-se espiritualmente mediante essa obediência*. Nosso
Senhor habita no interior de Sua Igreja de uma tal maneira, que aqueles que
obedecem às diretivas disciplinares e doutrinais desta sociedade *nunca podem
achar-se desagradando a Deus mediante sua adesão aos ensinamentos e aos
preceitos dados à Igreja militante universal*. Logo, *não pode haver razão
válida nenhuma para discordar até mesmo da autoridade magisterial não-
infalível do Vigário de Cristo* na terra (Mons. Joseph Clifford FENTON, A
Autoridade Doutrinal das Encíclicas Papais – Parte I, agosto de 1949; trad. br. de
dez. 2013)

“(...) Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu S. Pedro e seus sucessores como
doutores, chefes supremos e sumos sacerdotes da sua Igreja; quer dizer,
colocou nas mãos do papa a sorte da Igreja. O papa é, pois, o piloto
responsável pela nave, que é a Igreja. Para essa tarefa sobre-humana, ele
precisa de um auxílio sobre-humano. Com efeito, se o papa não estivesse certo
da assistência do Espírito Santo, se pudesse enganar-se quando dá à Igreja de
Cristo regras de fé ou de moral, abrir-se-ia na vida da Igreja uma ferida da qual
mais cedo ou mais tarde, ela teria de perecer” (...) Se a Igreja de Cristo não deve
nem cessar nem enganar-se, certamente também não o pode o seu chefe.
Porquanto, se o piloto pudesse enganar-se e extraviar-se, a embarcação se
esfacelaria contra um rochedo pérfido. Cumpre que o piloto da Igreja de Cristo
seja infalível nas questões de fé e de moral (...) Se examinarmos os deveres que
Nosso Senhor Jesus Cristo impôs à sua Igreja verificaremos que esses deveres, e
os fins da Igreja, exigem a infalibilidade do papa.

Exigem: A) a pureza da fé; B) a unidade

A) A pureza da fé exige a infalibilidade do papa. Que vantagem haveria em


Cristo ter vivido aqui na Terra, ter ensinado a conhecer e a adorar a Deus
convenientemente, ter morrido por nós e nos ter adquirido os tesouros da
redenção; de que serviria tudo isso, se Ele não tivesse velado também para que
os homens, no correr dos séculos, não falsificassem a sua doutrina, não lhe
acrescentassem nem tirassem nada, isto é, se não tivesse dado a S. Pedro, e aos
seus sucessores o dom que os preserva de todo erro no ensino do dogma e da
moral? A pureza da fé exige que o Magistério eclesiástico seja isento de toda
possibilidade ele erro, e que, se ele declara alguma coisa como doutrina de
Cristo, ela o seja, certamente. (...) O mundo católico sempre soube que S. Pedro
e seus sucessores são os doutores infalíveis das verdades da fé. Por isto, cada
vez que surgia dúvida se uma doutrina era, ou não, conforme ao ensino do
Evangelho, os maiores sábios e os Doutores da Igreja volviam-se para Roma. Foi
o que se produziu em Corinto; em vida mesmo do apóstolo S. João. Para
obterem uma decisão, os fiéis de Corinto não se dirigiram a S. João, que vivia
perto deles, em Éfeso, mas ao sucessor de S. Pedro, a S. Clemente, Bispo de
Roma, que ficava muito mais longe. Eles sabiam, com efeito, que o Divino
Mestre rogara por Pedro e por seus sucessores para que eles fossem *isentos
de todo erro quando explicam e pregam a sua doutrina*.

B) Assim também, a unidade de fé exige a infalibilidade do papa. Se Cristo


realmente quis conservar sua doutrina até o fim do mundo, era necessário
instituir um Magistério doutrinal infalível” - Mons. Tihamer Toth - A Igreja
Católica, C. VII, A Infalibilidade do Papa

“O Papa pode ser herege enquanto pessoa privada, ainda que não o possa ser
em suas decisões públicas" – O triunfo da Santa Sé - Veneza, 1832, página 221 –
Capítulo IV – Bartolomeu Alberto Cappellari [futuro Papa Gregório XVI] - Obra
dedicada a sua Excelência Reverendíssima Jacopo Mónaco, Patriarca de Veneza

"(...) *Não é necessária para a Igreja a fé interior do Romano Pontífice*, nem


que o erro oculto e privado de sua mente possa afetar a Igreja de Cristo. De
onde não é necessário que Deus sempre assista aos Romanos Pontífices na
conservação da fé interior. Porque ao decretar aquelas coisas que devem ser
cridas pelos fiéis, e *ao dirigir na fé a Igreja de Cristo não falham* porque são
sustentados pela mão divina. Isto é necessário a Igreja e portanto *isto não será
negado aos bispos romanos*, nem tampouco aos fracos que erraram em outras
coisas privadamente, de modo que pelo erro da autoridade publica não façam
estar na Igreja a comum ignorância da verdade” (De Locis Theologicis Melchoris
Cani, Opera de Ecclesiae Romanae Autoritate, Tomus I, Liber Sextus, ed.
Typographia Regia - Vulgo de la Gazeta- Matriti 1776, p. 441-443)

"(...) No es necesaria para la Iglesia la fe interior del Romano Pontífice, ni que el


error oculto y privado de su mente pueda dañar a la Iglesia de Cristo. De
donde no es necesario que Dios siempre asista a los Pontífices Romanos en la
conservación de la fe interior. Porque, mientras decreten aquellas cosas que
deben ser creídas por los fieles, y mientras dirijan en la fe a la Iglesia de Cristo
no fallen, sino que sean sostenidos por la mano divina, esto es necesario a la
Iglesia, y por consiguiente, esto no será negado a los Obispos Romanos, ni
tampoco a los débiles que yerran en otras cosas privadamente, para que por el
error de la potestad pública no hagan estar a la Iglesia en la común ignorancia
de la verdad” (De Locis Theologicis Melchoris Cani, Opera de Ecclesiae Romanae
Autoritate, Tomus I, Liber Sextus, ed. Typographia Regia - Vulgo de la Gazeta-
Matriti 1776, p. 441-443

https://aciesordinata.wordpress.com/2010/03/13/luzeiros-da-igreja-em-lingua-
portuguesa-i/

“Os livros litúrgicos prescritos pelos bispos e especialmente pelos Romanos


Pontífices são de grande importância em argumentos tocantes ao dogma. As
leis, ritos e orações neles contidas dão testemunho da fé dos pastores e dos
fiéis. Do consenso com que todas as igrejas ocidentais e orientais concordam na
fé advém obrigação de prestar o assentimento de fé. O Papa Celestino I [422-
432] ensinou isto: ‘Olhemos também para os mistérios sagrados das orações
dos sacerdotes, que foram transmitidas desde os Apóstolos e são
uniformemente celebradas no mundo todo e em todas as igrejas católicas, a
fim de que a lei da oração fixe a lei da crença (Epist. 21, 11)’. A doutrina dos
bispos considerados conjuntamente, exatamente como a definição ex cathedra
do Romano Pontífice, não é tornada infalível pelo assentimento que a Igreja
discente dá a ela; pelo contrário, é infalível por si mesma em razão da
assistência divina, pela qual é preservada de erro” - Pe. Francis Diekamp -
Theologiæ Dogmaticæ Manuale – 1917

“As leis disciplinares são definidas como ‘leis eclesiásticas emanadas para dirigir
a vida e o culto cristãos’ (...) A questão de se a Igreja é ou não é infalível ao
promulgar uma lei disciplinar refere-se à substância das leis disciplinares
universais; isto é, se estas leis podem ou não ser contrárias a um ensinamento
de fé ou costumes, e, assim, prejudicar espiritualmente os fiéis…

Tese. A Igreja, ao estabelecer leis universais, é infalível no que se refere à


substância delas

A Igreja é infalível em questões de fé e moral. Mediante as leis disciplinares, a


Igreja ensina sobre questões de fé e moral, não doutrinariamente ou de
maneira teórica, mas de modo prático e eficaz. Uma lei disciplinar, portanto,
envolve um juízo doutrinal.

A razão, pois, e o fundamento da infalibilidade da Igreja na sua disciplina geral é


a íntima conexão que existe entre as verdades de fé ou moral e as leis
disciplinares. A matéria principal das leis disciplinares é a seguinte: a) o culto
(…)” - R.M. Schultes - De Ecclesia Catholica – [1931] - Paris: Lethielleux 314-7

“A autoridade de governo, no Soberano Pontífice, deve ser considerada


absoluta. Quando o Papa comanda, e sob qualquer forma em que ele comande,
todos na Igreja devem obedecer. Mas é necessário dizer que o Papa, quando
comanda, mesmo como Papa e enquanto chefe da Igreja, não pode enganar-se?
Cumpre falar aqui de infalibilidade? Não pode se tratar, em todo o caso, de um
infalibilidade idêntica à Infalibilidade doutrinal. Ninguém admite que o Papa,
quando comanda, ordene necessariamente tudo o que há de melhor e de mais
excelente para o bem dos indivíduos, dos diversos grupos, ou da Igreja inteira.
Não se trata de uma infalibilidade positiva. Trata-se somente de uma
infalibilidade negativa; e isso equivale a dizer que o Papa não tem como
ordenar nada que vá contra o bem definitivo daqueles a quem ele se dirige.
Nesse sentido, será dificílimo de não admitir que o Papa é infalível, ao menos
quando se trata de leis ou de medidas disciplinares que obrigam toda a Igreja.
Mas, como se vê, não se trata mais da infalibilidade em sentido estrito” - Rev.
Pe. Thomas Pègues, O.P., L’Autorité des Encycliques pontificales, d’apres saint
Thomas [A autoridade das Encíclicas pontifícias segundo Santo Tomás de
Aquino], in: Revue Thomiste, XII, 1904, pp. 513-32, cit. à p. 520-1

“Não é de modo algum incomum encontrar a opinião, senão expressa ao menos


cultivada, de que nenhuma doutrina deve ser considerada dogma de fé a não
ser que tenha sido definida solenemente por um Concílio ecumênico ou pelo
próprio Soberano Pontífice. Isso não é necessário de maneira nenhuma. É
suficiente que a Igreja a ensine em seu Magistério Ordinário, exercido através
dos Pastores dos fiéis, os Bispos, cujo ensinamento unânime por todo o orbe
católico seja comunicado expressamente através de cartas pastorais, catecismos
emitidos pela autoridade episcopal, sínodos provinciais, seja implicitamente
através de orações e práticas religiosas permitidas ou encorajadas, ou através
do ensinamento de teólogos aprovados, é não menos infalível do que uma
definição solene promulgada por um Papa ou um Concílio geral” - Cônego
Smith, “Must I Believe It?”, Clergy Review [“Tenho o Dever de Crer Nisso?”,
Revista do Clero], anos 40

“Si alguien, por un motivo razonable, tiene por sospechosa la persona del Papa y
rechaza su presencia e incluso su jurisdicción, no comete delito de cisma, ni
ningún otro, a condición de que esté dispuesto a aceptar al Papa si él no fuera
sospechoso. Va de suyo, que se tiene el derecho de evitar lo que es perjudicial y
de prevenir los peligros…” (Tommaso de Vio Cardenal Cayetano O.P.
Commentatarium in II-II, 39, 1. Citado en: Catéchisme Catholique de la Crise
dans l’Eglise, Mayo 2008, Abbé Matthias Gaudrom FSSPX).

“…nem os concílios gerais nem o Papa podem estabelecer leis que contêm
pecado…e nada pode estar contido no Código de Direito Canônico que seja de
qualquer modo oposto às regras da fé ou à santidade do Evangelho” - Pe. Sixtus
Cartechini - De Valore Notarum Theologicarum – Sobre o Significado das
Qualificações Teológicas, página 37
“O que torna sempre mais firme e mais serena a reflexão do historiador cristão
é a certeza que lhe dá a Igreja, que marcha diante dele como uma coluna
luminosa e alumia divinamente todos os seus juízos. Ele sabe que vínculo
estreito une a Igreja ao Deus-Homem, como ela é assegurada por Sua
promessa contra todo erro no ensinamento e na direção geral da sociedade
cristã, como o Espírito Santo a anima e conduz; é, pois, nela que ele buscará o
critério dos seus juízos.

“(...) ele sabe onde se manifesta a direção, o espírito da Igreja, seu instinto
divino. Recebe-os, aceita-os, confessa-os corajosamente; aplica-os(…)
Igualmente, nunca trai, nunca sacrifica; diz que é bom o que a Igreja julga bom,
mau o que a Igreja julga mau. Que lhe importam os sarcasmos, as chacotas dos
covardes medíocres? Ele sabe que está com a verdade, porque ele está com a
Igreja e a Igreja está com Cristo” – Dom Guéranger, Le Sens Chrétien de
l’Histoire [O Sentido Cristão da História], Paris, 1945, p. 21-22

“Devemos ser leais à Igreja até em nossos mínimos pensamentos sobre ela.
Devemos amar os seus caminhos, além de obedecer aos seus preceitos e crer
nas suas doutrinas. Devemos estimar tudo o que a Igreja abençoa, tudo o que a
Igreja afeta.

A nossa deve ser sempre uma atitude de submissão, não de crítica. Quem está
desapontado com a Igreja, deve estar perdendo a fé, ainda que não o saiba.

O amor de um homem pela Igreja é o teste mais seguro do seu amor por Deus.
Ele sabe que a Igreja toda é informada com o Espírito Santo. A vida divina do
Paráclito, Seus conselhos, Suas inspirações, Suas operações, Suas
conaturalidades, Sua atração, estão nela por toda parte.

O dom da infalibilidade é somente uma concentração, o ponto culminante, a


exteriorização solene e oficial, da inabitação do Espírito Santo na Igreja. Ao
passo que ele pede, como a Revelação, absoluta submissão de coração e alma,
todos os arranjos, maneiras e disposições menores da Igreja pedem submissão,
docilidade e reverência globais, em razão de a Igreja toda ser um templo
preenchido com a vida do Espírito Santo” - Pe. Faber - Cong. Orat. D.D., op. cit.,
Burns and Oates, 4.ª ed. pp. 187-9

“Além da pregação do episcopado conjunto ao Papa, manifestam o


ensinamento do Magistério Ordinário Universal: a Sagrada Liturgia (Enc.
Mediator Dei, nn. 41-44), o consenso dos Santos Padres, dos teólogos e do povo
cristão. Padres e teólogos não pertencem à Igreja docente (salvo quando
pessoalmente ungidos da graça episcopal). Todavia, se estão concordes em
afirmar que uma doutrina é revelada, falam na qualidade de testemunhas da fé
da Igreja (Denz., n. 1683 [Pio IX]). Errassem eles no seu ensinamento, e seriam
em seguida censurados pelo Papa e os Bispos. É impossível que a Igreja
docente aprove – posto que tacitamente – um erro geral.

Nem basta acolher este ensinamento com um silêncio respeitoso; impõe-se


uma adesão intelectual (Denz., nn. 1350 [Clemente XI], 2007 [S. Pio X]). Dando-
a, nossa piedade filial se curva a Cristo, que conferiu autoridade sobre nós à sua
Esposa. Assim, embora essa modalidade de ensino não esteja garantida, de
maneira absoluta, contra o erro, sempre acertamos, aceitando-a com
docilidade, porque rendemos homenagem ao Senhor Jesus, nosso Mestre. À
primeira vista, parece estranha essa adesão interna a uma doutrina, afinal de
contas, passível de reforma. Guarde-se silêncio: é questão de disciplina; mas,
que se dê assentimento verdadeiro, espanta. Atentemos todavia em que,
frequentes vezes, um sábio admite, como cientificamente certas, doutrinas que,
mais tarde, novas descobertas obrigá-lo-ão a abandonar. Nem essa atitude se
lhe afigura como incoerente. Com efeito, ao assentir, o sábio subentendia uma
condição: ‘certa – no estado atual da ciência’. De modo semelhante, quando o
Santo Ofício ou a Comissão bíblica publicam um decreto com sanção pontifícia,
devemos admitir-lhe a doutrina como certa – no estado atual da teologia ou
da exegese católicas.

Em relação ao Magistério eclesiástico, a única atitude condizente com a


qualidade de católico é a obediência aquiescente. Quando a Igreja propõe a fé,
podemos chamar essa obediência de ‘teologal’, porque, de fato, obedecemos
imediatamente a Deus (a Igreja, já foi dito, é mensageira e não autora da
Revelação). Quando aceitamos o ensinamento não infalível, poderia nossa
obediência ser denominada ‘eclesiástica’, pois então é a própria autoridade da
Igreja que motiva nosso assentimento.

Não mais ouvimos a voz do Esposo, senão a da Esposa (porém da Esposa guiada
pelo Esposo). E embora o Magistério possa errar neste ou naquele caso
particular, podemos todavia atribuir-lhe uma infalibilidade ‘global’, porque, em
conjunto, tais decisões são verídicas e santificantes. Cristo Jesus está com a
Igreja não apenas quando ela define o dogma e a moral, senão ‘todos os dias’
(Mt 28, 20). Muito melhor do que ‘obediência eclesiástica’, diríamos ‘docilidade
filial’. Filial docilidade, acrescentamos: não aquiescência automática e forçada,
como a de soldados, mas aceitação afetuosa e grata, como ouvimos a uma Mãe
muito querida. De quanta perplexidade nos livra o ensinamento da Santa Madre
Igreja!

Possível é o erro, em compensação, no que se refere a decisões menos


importantes e gerais. Porém, ainda aqui devemos crer que a ‘assistência’ divina
não falta. As diretivas eclesiásticas serão acertadas, o mais das vezes. Já
aludimos a certa ‘infalibilidade global’, entendendo por aí que o governo da
Igreja é de tal forma dirigido pelo Espírito Santo que, em conjunto, leva ao
estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra, em que pesem os enganos ou
deficiências pessoais deste ou daquele hierarca. A crença na ‘assistência’ do
Espírito Santo confere a nossa obediência de fiéis um caráter religioso.

Obedecendo aos pastores, obedecemos ao Espírito que os constitui Bispos, para


governarem a Igreja de Deus (At 20, 28). Mas podem errar? – Seja. Em última
análise, Deus saberá tirar o bem do mal. De qualquer forma foi Deus servido
permitir aquele erro.

Filial docilidade, acrescentamos: não aquiescência automática e forçada, como a


de soldados, mas aceitação afetuosa e grata, como ouvimos a uma Mãe muito
querida. De quanta perplexidade nos livra o ensinamento da Santa Madre
Igreja! De pouco valeria, houvesse Cristo confiado a sua Igreja dogma profundo
e sublime moral, se ela malograsse na aplicação cotidiana desse dogma e dessa
moral; se não conseguisse praticamente afastar seus filhos do mal e encaminhá-
los ao bem.

O Magistério quando não ensina com autoridade imediatamente divina mas


com simples autoridade pastoral não é absolutamente infalível v. g. o Papa
falando sem intenção de definir. Devemos a tais ensinamentos, não já adesão
de fé, mas assentimento interno, filial, por ser tal magistério também assistido
pelo Espírito Santo, embora não de maneira absoluta. Maior ou menor a
obrigação de assentir, segundo o Magistério urge mais ou menos a aceitação da
verdade ou a repulsa do erro. Em conjunto, tais decisões da Igreja são verídicas
e santificantes” - Mons. Dr. Maurílio Teixeira-Leite Penido - Iniciação Teológica
[vol. I: O mistério da Igreja, 2.ed., Petrópolis: Vozes, 1956, pp. 292-324]

"Nestas declarações, embora a verdade da doutrina não seja infalível — dado


que por hipótese não há a intenção de fechá-la — há, entretanto, uma
segurança infalível, enquanto para todos é seguro abraçá-la, e não é seguro
rejeitá-la, nem isto pode ser feito sem violação da submissão devida ao
Magistério constituído por Deus" - Cardeal Franzelin - Tract. de Div. Trad. et
Scrip

“3) Acerca dos decretos disciplinares em geral, que são por sua finalidade
conexos com as coisas que Deus revelou.

A. A finalidade do Magistério infalível exige a infalibilidade para os decretos


desse tipo

Especificamente, que a Igreja reivindique para si própria a infalibilidade nos


decretos litúrgicos se demonstra pela lei que os Concílios de Constança e de
Trento solenemente estatuíram acerca da comunhão eucarística sob uma
espécie. Também se pode provar isso copiosamente por outros decretos, pelos
quais o Concílio de Trento confirmou solenemente os ritos e cerimônias
empregados na administração dos sacramentos e na celebração da Missa” –
Joachim Salaverri [1962] - Sacrae Theologiae Summa. 5.ª ed. Madrid: BAC 1962.
1: 722, 723

“Ahora bien, Pío XII nos dice sin restricción alguna de las Encíclicas pontificias,
que son actos del Magisterio ordinario y que de suyo exigen el asentimiento
de la mente; legítimamente podemos concluir, pues, que en ellas deben ser
tenidas como *enseñanzas infalibles del Magisterio ordinário* todas aquellas
afirmaciones que imponen con obligación absoluta de fe católica. (...) Si pues la
Iglesia *ejerce su infalibilidad de dos modos, uno extraordinario y el otro
ordinário*; debemos admitir que también el Papa la puede ejercer de esos
mismos dos modos. De lo contrario se seguiría que esa potestad del Papa era, al
menos en el modo de su ejercicio, más restringida que la de la Iglesia; lo cual no
se puede conciliar con el hecho de que el Papa es quien en la Iglesia tiene la
plenitud de la suprema potestad en todos los órdenes” - Joaquín Salaverri, De
Ecclesia, n. 645-649. Cf. E. Dublanchy, Dict. Théol. cath. 7, 1705; M. Labourdette,
Rev. Thom. 50 (1950) 38. - Joaquín Salaverri de la Torre, S. J., Valor de las
Enciclicas a la luz de la “Humani generis”, Miscelanea Comillas 17 (1952) 135-
171, 513-532; cit. p. 156-157 e nn. 120-122

“A noção genérica é que o Romano Pontífice goza de infalibilidade quando,


desempenhando o seu encargo de pastor e doutor supremo, ele define uma
doutrina, sobre a fé e os costumes, a ser aceita por toda a Igreja; por essa noção
genérica, nós somos informados de que o Pontífice romano falando ex cathedra
é infalível ao definir alguma coisa que tenha relação com a fé e os costumes.
Mas, pela noção específica que é ajuntada, nós ficamos sabendo que há uma
distinção a ser feita, na extensão dessa infalibilidade, para sua aplicação a cada
um dos decretos do Romano Pontífice; de tal maneira que alguns destes (como
também é o caso em se tratando das definições dogmáticas dos concílios) são
certos de fé; e, consequentemente, quem negar que o Papa é infalível ao emitir
tais decretos, por esse fato mesmo, – quer o Papa negue ou afirme a doutrina
em questão –, tornar-se-ia herege; os outros decretos do Romano Pontífice
são, também eles, certos quanto à infalibilidade deles, mas essa certeza não é
igual, assim como, nas demais definições e decretos dos concílios, a certeza não
é igual no que se refere à infalibilidade do concílio.

De fato, essa certeza é uma certeza teológica somente, no sentido de que quem
negar que a Igreja – ou, de igual maneira, o Papa – é infalível em tais decretos
não seria, enquanto tal, abertamente herege, mas cometeria um erro
extremamente grave e, junto desse erro, um pecado dos mais graves. Assim, em
nossa fórmula, nós enunciamos todo o objeto em uma só proposição mas sob
uma dupla noção, genérica e específica: de maneira que, pela noção genérica,
aparece somente o objeto da infalibilidade em geral e, com a noção específica,
aparece a certeza dessa infalibilidade: de fé, ou certeza teológica somente” -
Dom Gasser, em nome da Deputação da Fé, explicando a questão do objeto na
definição da infalibilidade pontifícia - 16 de julho de 1870 (M. 52, 136-1317)

“(…) Nosso Senhor Jesus Cristo (…) quis que o carisma da verdade dependesse
da relação pública do Pontífice com a Igreja Universal; senão, esse dom da
infalibilidade não seria um meio eficaz para conservar e proteger a unidade da
Igreja. Por isso, não é preciso temer que por má fé ou negligência do pontífice
a Igreja universal possa ser induzida em erro sobre a fé. Com efeito, a tutela de
Cristo e a assistência divina prometida aos Sucessores de Pedro é uma causa tão
eficaz, que o juízo do Sumo Pontífice, se fosse errôneo e nocivo para a Igreja,
seria impedido; ou então, se o Pontífice efetivamente faz uma definição, esta
será infalivelmente verdadeira” - Dom Gasser - Mansi, 52, 1214

“A Deputação da Fé, nota Dom Conrado Martin, ‘quis dirigir esse parágrafo
contra aqueles teólogos que dizem que devem ser cridas com fé divina somente
as coisas definidas claramente pelos concílios ecumênicos. A Deputação da Fé
extraiu seu pensamento da Carta Apostólica do Soberano Pontífice Pio IX ao
Arcebispo de Munique de 1863 (Tuas Libenter), na qual isto está escrito (ao fim
da carta): [Pois, mesmo que se tratasse daquela submissão que deve ser
prestada com ato de fé divina, não se poderia limitá-la, porém, às verdades
definidas por decretos expressos dos concílios ecumênicos ou dos Romanos
Pontífices desta Sé Apostólica, mas seria necessário estendê-la também àquilo
que é transmitido como divinamente revelado pelo magistério ordinário de
toda a igreja espalhada pela terra]. Foram essas palavras que a Deputação teve
diante dos olhos quando ela definiu qual é o objeto material da fé” (Mansi LI,
224 C12 – 225 A5)

“Certos estados ou funções na Igreja poderão postular a intervenção


carismática do Espírito Santo, ao menos em certas ocasiões; assim ocorre, por
exemplo, com o carisma da infalibilidade papal. Mas esta intervenção não se
produzirá devido as disposições íntimas do sujeito favorizado por tal carisma,
mas sim para satisfazer as necessidades da Igreja e a promessa da assistência
feita por Cristo” – Héris, C. –V. Notes explicatives. In: Tomás de Aquino. Somme
Théologique – 27 bis: La Grâce (qq. 109-114). Éditions de la Revue des Jeunes.
Paris: Cerf, 1961, p. 291 (Tradução padre Renato Coelho).

"Com respeito à infalibilidade das coisas que pertencem à disciplina, deve-se


brevemente notar que ela consiste inteiramente em que a autoridade suprema
da Igreja, em virtude da assistência do Espírito Santo, não pode jamais instituir
leis que são de um modo ou de outro opostas aos preceitos revelados da fé e
da moral. Pio VI exprime-o em poucas palavras na bula Auctorem Fidei, contra a
proposição 78 do Sínodo de Pistoia: ‘A prescrição do Sínodo que concerne à
ordem das matérias a serem tratadas nas conferências: pela qual diz primeiro
que em cada artigo se deve distinguir o que é necessário ou útil para manter os
fiéis no espírito do que é inútil ou mais oneroso do que suporta a liberdade dos
filhos da Nova Aliança, e mais ainda, do que é perigoso ou nocivo, porque induz
à superstição ou ao materialismo; na medida que, pela generalidade das
palavras, o sínodo compreende e submete ao exame prescrito até a disciplina
constituída e aprovada pela Igreja – como se a Igreja que é governada pelo
Espírito de Deus pudesse constituir uma disciplina não só inútil e mais onerosa
do que o suporta a liberdade cristã, mas também perigosa, nociva e que
induza à superstição e ao materialismo – é [condenada como] falsa, temerária,
escandalosa, perniciosa, ofensiva aos ouvidos pios, injuriosa à Igreja e ao
Espírito de Deus pelo qual ela é governada, e pelo menos errônea’” – (Cardeal
Louis Billot, S.J. - Tractatus De Ecclesia Christi PP, T. I., Ed. 5a, Thesis XXII,
Romae, 1927).

Cf. https://catolico247.com/2017/04/01/a-infalibilidade-da-igreja-na-disciplina-
universal-por-cardeal-louis-billot-s-j/

“Afinal, o que quer que ainda se pense sobre a possibilidade ou impossibilidade


da referida hipótese (do Papa herege), pelo menos um ponto deve ser tido
como absolutamente inconcusso e firmemente posto acima de qualquer dúvida:
a adesão da Igreja universal será sempre, por si só, sinal infalível da legitimidade
de determinado Pontífice, e portanto também da existência de todas as
condições requeridas para a própria legitimidade. A prova disso não precisa ser
buscada muito longe, mas encontramo-la imediatamente na promessa e na
providência infalíveis de Cristo: ‘As portas do inferno não prevalecerão contra
ela’, e ‘Eis que estarei convosco todos os dias’. Pois a adesão da Igreja a um
falso Pontífice seria o mesmo que sua adesão a uma falsa regra de fé, visto que
o Papa é a regra viva de fé que a Igreja deve seguir e que de fato sempre segue
(...)" [Cardeal Billot, “Tract. De Eccl. Christi”, tom. I, pp. 620-621. cit. Acies
Ordinata, 9.2.2012].

"‘Acreditas na autoridade divina da Igreja? Sim ou não?’, perguntava o Cardeal


Mercier. Aceitas exteriormente e com o coração sincero que ela comanda em
nome de Cristo? Consentes em obedecê-la? Caso consintas, ela oferece a ti seus
Sacramentos e encarrega-se em guiá-lo, com segurança, ao porto da salvação.
Se não, então, deliberadamente, cortas o laço que te une a ela e rompes a
ligação consagrada por sua graça. Diante de Deus e de tua consciência, não
deves pertencer a ela nem um dia mais. Não permaneças em hipocrisia
obstinada, fingindo ser um membro de sua grei. Tu não podes, honestamente,
passar-te como um de seus filhos e como ela não pode ser cúmplice de
qualquer hipocrisia e sacrilégio, ela ordena-te, se assim tu a forças a fazer, que
abandones suas fileiras [...] O Modernismo condenado pelo Papa é a negação
do ensino da Igreja" - citado em F. A. Forbes, Papa Sarto O Papa Santo, A vida de
São Pio X, pp. 82-83, Editora Loreto, 2016.

"Os decretos disciplinares para toda a Igreja, como são as leis do Direito
Canônico, os decretos litúrgicos universais, etc., é claro que não podem conter
nada contra a fé e os bons costumes, se a Igreja que os impõe tem que
responder ao seu fim; é portanto, teologicamente certo que em tais decretos se
inclui a infalibilidade do magistério que neles se implica.

Mas, adverte-se bem o objeto preciso desse magistério infalível; que não é de
que a lei imposta seja a ideal e a mais oportuna; e nos decretos litúrgicos seja a
celebração de culto ou festa e a recitação de certas orações e fórmulas. O que
se afirma infalivelmente em todos esses atos, é que no que se manda não existe
nada contra a fé e os bons costumes. Estes decretos disciplinares universais,
pelo caráter de infalibilidade que lhe é próprio (no objeto e sentido explicados),
se aproximam da maneira de ser dos atos mencionados anteriormente, do
magistério extraordinário do Papa.

Mas outros irão preferir incluir entre os atos de um magistério ordinário, dada a
frequência com que se realizam tais decretos universais, além de que, carecem
com frequência de especial solenidade e circunstâncias extraordinárias. Por
outro lado, são atos primários e que formalmente se referem mais à disciplina
que ao magistério” - Miguel Nicolau, “MAGISTERIO «ORDINARIO - EN EL PAPA Y
EN LOS OBISPOS”, «Salmanticensls», 9 [1962]

“Las señales por las cuales se reconoce una doctrina enseñada infaliblemente
por el Magisterio Ordinario y Universal deben pues mostrar que la soberana
autoridad del Pontífice Romano o del cuerpo episcopal propone esta doctrina a
la creencia de la Iglesia. Es posible, por otra parte, sacar esta conclusión del
hecho de que una doctrina es creída y considerada obligatoria por el conjunto
de los fieles, puesto que su fe es siempre el eco de la enseñanza de los pastores.
Aunque el magisterio ordinario se extiende a toda la doctrina de la Iglesia,
puede suceder, por lo demás, que una verdad obligatoria no sea enseñada
expresamente por la mayoría de los obispos ni creída expresamente por la
mayoría de los fieles. Hay, en efecto, puntos de doctrina ciertos e impuestos
como tales, incluso por juicios solemnes, y que están por encima del alcance del
mayor número de los laicos. Por eso sería sin ningún motivo que alguien
buscaría darse cuenta de la fe de la Iglesia sobre estos puntos por la fe del
pueblo. Lo mismo valdría — dice Melchor Cano1 — pedir a un ciego que viera
los colores. Tampoco podrá nadie darse cuenta de aquella por la enseñanza
expresa que el cuerpo episcopal formula cada día, puesto que esta enseñanza
va dirigida principalmente al pueblo y por lo tanto se refiere generalmente a las
únicas verdades que están a su alcance. ¿Debe decirse que las materias cuya
inteligencia exige estudios particulares no son el objeto de la enseñanza diaria?
Sería caer en un grave error pensarlo; ya que este magisterio se extiende a toda
la doctrina de la Iglesia, como lo hemos observado en sucesivas ocasiones. El
cuerpo episcopal enseña infaliblemente y el pueblo fiel acepta todos los puntos
obligatorios de la doctrina cristiana; pero los obispos enseñan expresamente las
principales verdades de la fe, aquellas cuyo conocimiento es fácil a todos,
mientras que las verdades que apenas se comprenden fuera de las escuelas de
teología son principalmente objeto de su enseñanza tácita. En efecto, si estas
verdades estudiadas en las escuelas fueron el objeto de definiciones solemnes,
la enseñanza de la teología extrae su autoridad del papa o los obispos que
pronunciaron antes estas definiciones, y de sus sucesores que siguen
afirmándolas tácitamente. Si al contrario se trata de verdades sobre las cuales ni
el papa ni los obispos nunca se han pronunciado y que sin embargo son ciertas
en virtud del acuerdo unánime de los santos Padres o teólogos, nuevamente
este acuerdo unánime extrae su autoridad de las declaraciones reiteradas del
papa, los concilios y el episcopado disperso. Por lo demás, el pueblo cristiano, al
aceptar todo lo que enseña la Iglesia, cree implícitamente todo lo que enseña
tácitamente el colegio de los obispos” (De Vacant)

“A infalibilidade da igreja se estende a (...) *leis eclesiásticas emanadas para a


Igreja universal para o direcionamento do culto cristão e da vida cristã*... Mas
a Igreja é infalível ao emanar um decreto doutrinal como foi declarado acima —
e isso *a tal ponto que ela nunca pode sancionar uma lei universal que esteja
em discrepância com a fé* ou a moralidade, ou que seja por sua própria
natureza conducente ao dano das almas (...) Se a Igreja viesse a cometer erro,
da maneira exposta, quando legislasse para a disciplina geral, *ela deixaria de
ser uma guardiã fiel da doutrina revelada ou uma mestra confiável do modo de
vida cristão*. Não seria guardiã da doutrina revelada, pois a imposição de uma
lei nociva seria, para todos os fins práticos, *equivalente a uma errônea
definição de doutrina*; todos concluiriam naturalmente que aquilo que a Igreja
havia mandado quadrava com a sã doutrina. Não seria mestra do modo de vida
cristão, pois introduziria por suas leis a corrupção na prática da vida religiosa”
[Van Noort, Dogmatic Theology. 2:91.]

PAPAS CONCILIARES

"Se lança o descrédito sobre a autoridade da Igreja em nome de uma tradição


sobre a qual atesta-se meramente *respeito verbal e material*; os fiéis se
afastam tanto dos laços de *obediência à Sé de Pedro* quanto dos seus
legítimos bispos, sendo *a autoridade de hoje rejeitada em nome da
autoridade de ontem*. E o fato é ainda mais grave, posto que a oposição da
qual falamos não é apenas encorajada por alguns sacerdotes, mas liderada por
um bispo, por nós sempre venerado, Mons. Marcel Lefebvre"
"(...) É dolorosíssimo notá-lo, mas como poderíamos deixar de ver nessa atitude,
seja lá qual for a intenção dessas pessoas, um *colocar-se fora da obediência e
da comunhão com o sucessor de Pedro*, e portanto, da Igreja?"

"(...) Pois esta é, infelizmente, a consequência lógica quando se afirma ser


preferível desobedecer, sob o pretexto de manter intacta a própria fé,
trabalhando a sua maneira para a preservação da Igreja Católica, ao mesmo
tempo em que nega a obediência efetiva. E o faz abertamente! Se ousa afirmar
que *o Concílio Vaticano II não é vinculante*, que também a fé estaria em
perigo por causa das reformas e diretrizes pós-conciliares, que é preciso
desobedecer para preservar certas tradições. Quais tradições? É este grupo - *e
não o Papa, não o Colégio Episcopal, nem o Concílio Ecumênico* - que
determina quais dentre as inúmeras tradições devem ser consideradas como
norma de fé! Como vemos, veneráveis irmãos, esta é a atitude que se coloca
como juiz daquela vontade divina que colocou *Pedro e seus legítimos
sucessores como Cabeça da Igreja* para confirmarem os irmãos na fé e
alimentarem o rebanho universal, que o estabeleceu como guardião e
garantidor do depósito da Fé".

"(...) E isso é ainda particularmente mais grave quando se introduz a divisão


onde [nós nos congregamos em Cristo por Amor], na Liturgia e no Sacrifício
Eucarístico, rejeitando o respeito pelas normas litúrgicas. *É em nome da
Tradição que NÓS EXIGIMOS a todos os nossos filhos e a todas as
comunidades católicas celebrarem a liturgia segundo o rito renovado com
dignidade e fervor*. O uso do Novus Ordo não está de modo nenhum deixado à
discricionariedade dos sacerdotes e dos fiéis".

"(...) A Instrução de 14 de Junho de 1971 provisionou que a celebração da Missa


segundo o rito antigo somente se pode permitir, com a permissão do Ordinário,
a sacerdotes velhos ou enfermos, quando celebrem sem ninguém presente. O
Novus Ordo se promulgou para substituir o Vetus Ordo depois de madura
deliberação e para cumprir as decisões do Concílio. É exatamente *da mesma
maneira* que nosso predecessor São Pio V tornou obrigatório o missal
reconhecido por sua autoridade debaixo do Concílio de Trento. *Pela mesma
autoridade suprema que Nós recebemos de Cristo, Nós DECRETAMOS a
mesma pronta obediência a todas as demais reformas, sejam litúrgicas,
disciplinares ou pastorais* que nos anos recentes emanaram dos decretos do
Concílio" - Paulo VI - 24 de maio de 1976

https://w2.vatican.va/content/paul-vi/it/speeches/1976/documents/hf_p-
vi_spe_19760524_concistoro.html

"La Iglesia es ‘columna y fundamento de la verdad’. La fidelidad al Magisterio de


la Iglesia impide que la conciencia moral se desvíe de la verdad sobre el bien del
hombre. La autoridad de la que, por voluntad de Cristo, goza el Magisterio,
existe para que la conciencia humana alcance la verdad y la posea siempre" -
João Paulo II, Audiência geral de 24 de agosto de 1983.

“Mas é sobretudo contraditória uma noção de Tradição que se opõe ao


Magistério universal da Igreja, do qual é detentor o Bispo de Roma e o
Colégio dos Bispos. Não se pode permanecer fiel à Tradição rompendo o vínculo
eclesial com aquele a quem o próprio Cristo, na pessoa do Apóstolo Pedro,
confiou o ministério da unidade na sua Igreja [Cf. Mt 16, 18; Lc 10, 16; Conc.
Ec. Vat. I, Const. Pastor æternus, cap. 3: DS 3060]. (...) a) O êxito a que chegou
o movimento promovido por Mons. Lefebvre, pode e deve ser motivo, para todos
os fiéis católicos, de uma sincera reflexão sobre a própria fidelidade à
Tradição da Igreja, autenticamente interpretada pelo Magistério
eclesiástico, ordinário o extraordinário, de modo especial nos Concílios
Ecuménicos desde o de Niceia ao Vaticano II” – João Paulo II – Motu Proprio
“Ecclesia Dei” – Julho de 1988.

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