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Em concomitância, adentrando naquilo que concerne a criatura, pode ser observado que
ao longo da história, a Igreja, seja por meio do tripé da Revelação, a saber, Sagrada Escritura,
Tradição e Magistério, buscou (busca) conduzir e fornecer meios para que o humano possa
alcançar a glória unitiva com Deus. Por certo, o matrimônio, para além de um evento que une
duas pessoas distintas – homem e mulher – para que possam se constituir como uma realidade
separada em vista da perpetuação da espécie, Traz em si aquilo que é natural e sobrenatural.
Em outras palavras, seguindo a instância natural, a união de modo especial e universal é em
vista do gerar a prole. Essa perspectiva natural não detém nada de sacralidade, é um simples
casamento que vem sendo realizado desde a antiguidade onde o sujeito começou a prescrutar
a razão de ser até a atualidade onde o ser humano encontra miríades de respostas para a sua
existência, porém, nenhuma o satisfaz.
Em elo, o seu quesito sobrenatural está naquilo que é eterno, ou seja, a sua
indissolubilidade. A realidade cristã é o expoente da glória eterna, é o meio para a santificação
constante. Portanto, não se deve pensar que o matrimônio é algo que possa ser tratado como
um simples ato de unir – um casamento, um contrato –, mas sim como aquilo que expressa
uma dinâmica de unidade onde o homem e a mulher se tornam um só corpo, uma só mente e
alma. Não é em vista de um perpetuar da espécie, quer dizer, não é somente isto! Todavia,
direciona o casal e seus filhos a caminhar no Caminho, isto é, santificar-se em direção a Deus
por meio da fidelidade, unidade, fecundidade e aquilo que distingue o estado natural e
sobrenatural do matrimônio/casamento, a sua indissolubilidade – isto é, ele é sacramento.
Logo, a sagrada escritura elenca desde a origem ao fim dos tempos (do Gênesis ao
Apocalipse) um contrato de amor entre Deus/semelhante com o seu povo. Exemplo se dá na
união entre o homem e a mulher, a aliança entre Deus e Israel, como também, nas núpcias
entre o Cordeiro e sua noiva, a Jerusalém celeste, a sua Igreja. Portanto, da transição do
Antigo Testamento ao Novo, perceber-se-á que o casamento tenha o protagonismo humano,
ele é em sentido ontológico aquilo que é divino. É Deus que confere esse caráter por meio do
mistério de Cristo. No mais, aos participantes desse mistério, ou seja, os batizados, o
matrimônio não é um simples contrato, ele é graça santificante que expressa as “dimensões”
de Deus. É, portanto, possível afirmar, mas não com tanta certeza que a Trindade se expressa
na unidade do casal, o ser Criador na fecundidade, o Deus fiel na fidelidade dos cônjuges e a
indissolubilidade que expõe o caráter nupcial entre o Cordeiro e a sua Noiva.