Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo SBCC - Ed 46 - A Psicrometria e A Carga Térmica - Parte 1 PDF
Artigo SBCC - Ed 46 - A Psicrometria e A Carga Térmica - Parte 1 PDF
42
Cabe lembrar que, embora de acordo com as leis da termodinâmica a entropia
sempre irá aumentar e no final toda energia se transformará em calor (uma forma
menos organizada de energia), na grande maioria das vezes, o resultado do
trabalho (comprimidos, blisteres, ampolas, etc.) provavelmente não permanecerá
tempo suficiente no ambiente onde este foi processado, para permitir a
dissipação completa do calor absorvido pelo produto durante seu
onde: processamento.
Além disso, embora uma parte da energia parte da energia utilizada durante o
Q: carga térmica
processamento efetivamente será dissipada no ambiente, outra parte ficará
h NNNN: fluxos de calor armazenada no produto sob outras formas de energia, tais como as tensões
internas devidas aos processos de conformação (moagem, compressão) ou
ainda sob forma de energia química (reatividade, metabolismo) resultante da
adição ou remoção de elementos do composto, dentre outras.
Sol
luminárias luminárias
Calor residual
insolação Força de Calor
compressão F
pessoas
Tensões
Internas
equipamentos
divisórias
Pó à
comprimir
Produto Acabado
Processo de Compressão (Sólido Compactado)
43
artigo técnico
lecer o equilíbrio energético entre dois fluidos (no caso) U: coeficiente global de condutibilidade térmica
com diferentes temperaturas, através do contato físico de A: área da superfície de troca (no caso, constante)
ambos com uma superfície comum, transferindo o calor dtml: diferencial média logarítmica da temperatura entre os fluidos
do ambiente (carga térmica) em contato com um dos flui- Deste modo, introduzimos mais um termo na igualdade, sendo:
calor, a equação da carga térmica é: mAR * cAR * (t1AR - t0AR) = U * A * dtml = mÁGUA * cÁGUA * (t1ÁGUA - t0ÁGUA)
Água
quente
Água
quente t
Água
fria
t
Água
fria
(ºC) (ºC)
Q AR = Q ÁGUA
função da carga térmica Q, porém como seu próprio das vezes, um sobredimensionamento na área do troca-
nome indica, sua seleção ocorre em função dos diferen- dor de calor, desequilibrando um dos termos (QTROCA-
ciais de temperatura entre as faces de uma superfície à DOR) da igualdade e a própria incerteza desequilibra o
qual são expostas as fontes de calor com temperaturas outro termo da equação (QAR).
44
Só resta ao terceiro termo (QÁGUA) tentar reequili- Sala de granulação: com uma de suas paredes
brar a equação, ajustando-se a vazão e/ou temperaturas submetidas à insolação e voltada para o Leste, outra
de suprimento e saída da água resfriada. para o Sul e as restantes contíguas ao corredor de
Como no caso das salas limpas o fluxo de ar (mAR) circulação e à sala de mistura.
deve ser mantido constante para garantir a concentra- Sala de mistura: com uma de suas paredes voltada
ção de partículas em suspensão nos ambientes (ou seja, para o Sul, outra para o Oeste e outra para o mesmo
a classificação do ambiente), então o equilíbrio entre a corredor.
carga térmica dissipada nos ambientes e absorvida pelo Corredor: com três faces externas, voltadas
fluxo de ar, ocorre alterando a temperatura do ar no am- respectivamente para o Leste, Norte e Oeste. A face
biente (t1AR). restante é contígua às demais salas.
Sala de mistura: com uma de suas paredes voltada para o Sul, outra para o
Como a área do trocador de calor é fixa, este reage OesteCertamente
e outra para oomesmo
leitor corredor.
já percebeu que a carga devida à
Corredor: com três faces externas, voltadas respectivamente para o Leste,
à carga imposta pelo ambiente ao fluxo de ar, solicitando insolação
Norte e Oeste.sobre
A faceas paredes
restante externas
é contígua irá variar
às demais salas. ao longo
anuncio
Ou seja, teremos três fluxos de ar de entrada (insuflação) de valores constantes,
com cargas térmicas extremamente variáveis e completamente independentes
entre si, recebendo ar de uma única fonte de suprimento, a uma mesma
temperatura.
Considerando-se apenas a variável temperatura do ar nos ambientes (t1 AR), no
começo do dia a sala de granulação estaria dentro das condições de controle e
a sala de granulação estaria fria. À tarde a condição se inverteria.
O corredor estaria frio durante praticamente todo o dia, sendo tanto mais frio
quando maior for o número de trocas requerido por sua classe de limpeza.
Quando se adota uma estratégia de controle pela média das temperaturas nos
ambientes, é aproximadamente isto que ocorre, porém o fato pode ser
parcialmente minimizado adotando-se uma condição de insuflação (t0 AR )
adequada para cada caso e reduzindo-se a difusão (diferença entre as
temperaturas de insuflação e do ambiente).
Obviamente, do ponto de vista do processo seria desejável dispormos de um
equipamento independente para cada sala, porém considerações de
ordem financeira nem sempre permitem tal condição.
Outra estratégia é utilizar dispositivos de reaquecimento independentes para
cada ambiente e definir a condição de saída do trocador de calor em função
artigo técnico
46
quando tratamos de ambientes onde as exigências costumam ser muito maiores,
como frequentemente ocorre no caso dos ambientes de processo.
Retomemos então a igualdade entre a carga térmica e os fluxos de calor
associados ao trocador de calor:
mAR * cAR * (t1AR - t0AR) = U * A * dtml = mÁGUA * cÁGUA * (t1ÁGUA - t0ÁGUA)
Considerando-se que o fluxo de ar deve permanecer constante e que tanto o
calor específico do ar como o da água são considerados constantes, assim como
a área e o coeficiente de condutibilidade térmica do trocador de calor, então,
para compensar a variação da carga térmica do ambiente e equilibrar a
saturação
equação em relação em função
à carga térmicadado
passagem de uma
ar, mantendo pequena
a temperatura ra, ado
interna ordenada a umidade específica e as curvas a umi-
ambiente constante, devemos alterar a condição de suprimento do ar (t0 AR), o
parcela do fluxo de ar que não troca calor com as dade relativa (até a curva de saturação, à esquerda do
que, por sua vez, afeta a carga térmica do lado da água (fluxo e/ou
temperatura). paredes do sistema e acaba por reaquecer o fluxo a gráfico).
No entanto, emjusante
sistemas com controle
do trocador. de temperatura e umidade, dotados de
Podemos verificar nesta figura que, ao elevarmos a
resfriamento e desumidificação do ar, ao modificarmos a temperatura do
suprimento de ar, também alteramos a quantidade de umidade que pode ser temperatura de saída da serpentina de tA para tB, para
removida do arAao passar
figura pela serpentina,
5 (acima), a qualparte
representando está de
associada
uma cartaà condição da
preservar a temperatura do ambiente (t AMB), a serpentina
saída do ar na serpentina de resfriamento.
psicrométrica, onde a abscissa representa a temperatu- remove menos umidade absoluta (de ωA para ωB), deter-
Ou seja, à medida que a temperatura do ar na saída da serpentina se eleva,
também pode aumentar a quantidade de umidade contida no mesmo, minando o que que a umidade (tanto específica quanto relativa)
pode se refletir na condição interna do ambiente, como verificamos na figura do 5:
ambiente se eleve.
QB < Q A Deste modo, em sistemas de tratamento de ar em que
(g/kg) se necessite controlar ao mesmo tempo a temperatura e
QA URB umidade relativa dos ambientes, impõem-se a necessi-
URA dade de se implantarem dispositivos de reaquecimento,
B B de forma a compensar a variação da carga térmica do
ambiente.
A
A Desta forma, mantém-se a condição de saída do ar na
serpentina de resfriamento e desumidificação e se com-
tA tB tAMB t (ºC) pensa a variação da carga térmica (QB < Q A) elevando-
se a temperatura de insuflação com a utilização de um
Figura 5 – Variação da umidade em função da variação
Figura 5 – Variação da umidade em função da variação da dispositivo de reaquecimento sensível do ar (tB > t A), sem
temperatura de saída da serpentina
anuncio
artigo técnico
alteração da umidade específica do sistema (ωA = ωB = Se a umidade relativa for analisada independente-
constante), como verificamos no gráfico da figura 6: mente da temperatura, a lógica ditaria que, uma vez que
Isto certamente implica em uma demanda maior de o elemento responsável pela remoção da umidade (no
energia, pois há a necessidade de se resfriar o fluxo de ar caso) é a serpentina de resfriamento e desumidificação,
até a condição termoigrométrica requerida para obtenção deve-se então aumentar a vazão de água gelada na ser-
da umidade específica (ωA) e posteriormente reaquecer pentina (ou ligar o compressor) para combater a elevação
o fluxo até a condição solicitada pela carga térmica do da umidade relativa.
ambiente. Entretanto, se considerarmos que o problema se
da temperatura de saída da serpentina
deve à redução da carga térmica sensível no interior do
Controlando a umidade
ocorre quando a temperatura do ar atinge sua condição de saturação temperatura interna do ambiente, isto causaria uma re-
(curva à esquerda), momento em que ocorre a mudança de fase da água
contida no ar sob a forma de vapor superaquecido (umidade), o qual se dução ainda maior na temperatura do ambiente (t’AMB <
transforma em gotículas de água e é removido
Como se verifica no gráfico da figura 7, à medida que do sistema por efeito da t AMB), com a consequente elevação na umidade relativa
impactação contra as paredes (no caso, as aletas) do trocador de calor e
a carga térmica sensível interna se reduz,
da gravidade. Ocorre, no entanto, um pequeno afastamento da curva de reduzindo a do ambiente (URB > UR A), já que a nova temperatura es-
saturação em função da passagem de uma
temperatura do ambiente, o ponto de operação (t AMB, ωA) pequena parcela do fluxo de tará cada vez mais próxima da curva de saturação, até
ar que não troca calor com as paredes do sistema e acaba por reaquecer
irá interceptar uma
o fluxo a jusante do trocador. curva de umidade relativa mais à es- o ponto onde o sistema de reaquecimento iniciaria sua
Como verificamos na figura 5 (acima), representando parte de uma carta
querda (t’ , ωA) e, consequentemente, mais próxima à operação devido à baixa temperatura do ambiente, como
psicrométrica, ondeAMB as abscissas representam a temperatura, as ordenadas a
saturação, ou seja, com umidade relativa maior (UR’A >
umidade específica e as curvas a umidade relativa (até a curva de saturação, se
à verifica na figura 8:
esquerda do gráfico), ao elevarmos a temperatura de saída da serpentina de tA
UR ):
para tB para Apreservar a temperatura do ambiente (t AMB), a serpentina remove
Em sistemas onde não é possível analisar a umidade
menos umidade Como os
(de da
A
temperatura
para sensores
B ), de saída
permitindo daqueserpentina
fornecem separadamente os
a umidade (tanto específica específica do ar (ωA), recomenda-se que o algoritmo de
quanto relativa) do ambiente se eleve.
dados de temperatura
Deste modo, em sistemas de tratamento (t A
) e umidade relativa
de ar em que se necessite (UR A
) do controlar controle de umidade opere primeiramente reaquecendo
Obs.: Em processos de resfriamento e desumidificação a remoção da umidade
concomitantemente
ambiente, a temperatura
o temperatura
sensor de do e umidade
umidade relativa dos ambientes, impõem-
ocorre quando a ar atingerelativa
sua condição de saturaçãoo ar de insuflação (tal como ocorre na figura 6, onde tB >
interpretará
se a necessidade de se implantarem dispositivos de reaquecimento, de forma a
(curva à esquerda), momento em que ocorre a mudança de fase da água
compensar a variação da carga térmica do ambiente e ainda assim do
apenas que houve um aumento na umidade relativa se manter taA), de forma a recuperar primeiramente a temperatura do
contida no ar sob a forma de vapor superaquecido (umidade), o qual se
condição ambiente.
de saída do ar na serpentina de resfriamento e desumidificação, como
transforma em gotículas de água e é removido do sistema por efeito daambiente (tAMB).
verificamos no gráfico da figura 6:
impactação contra as paredes (no caso, as aletas) do trocador de calor e Deste modo, à medida que a temperatura do ambien-
da gravidade. Ocorre, no entanto, um pequeno afastamento da curva de
saturação em função da passagem de uma pequena parcela do fluxo dete subir, a umidade relativa tenderá a diminuir e, caso os
ar que não troca calor com as paredes do sistema e acaba (g/kg)por reaquecer
Como os sensores fornecem separadamente os dados de temperatura (tA) e
o fluxo a jusanteQdo trocador. umidadeparâmetros
relativa (URAde ) docontrole de otemperatura
ambiente, sejam superados,
sensor de umidade relativa interpretará
A
Q apenas que
Como verificamos na figura 5 (acima), representando parte de uma cartao controlador de temperatura começará a aumentar
B houve um aumento na umidade relativa do ambiente. a ca-
URA Se a umidade relativa for analisada independentemente da temperatura, a lógica
psicrométrica, onde as abscissas representam a temperatura, as ordenadas a
umidade específica e as curvas a umidade relativa (até a curva de saturação, àpacidade
ditaria que, uma vezde querefrigeração do sistema.pela remoção da umidade (no
o elemento responsável
esquerda do gráfico), ao elevarmos a temperatura de saída da serpentina caso) deé ta serpentina de resfriamento e desumidificação, deve-se então aumentar
A B
A
a vazão de água Já em sistemas
gelada mais (ou
na serpentina sofisticados, nos quais
ligar o compressor) se
para combater a
para tB para preservar a temperatura do ambiente (t AMB), aserpentina A remove
elevação da umidade relativa.
menos umidade (de A para B), permitindo que a umidade (tanto específicadispõem de CLPs, pode-se analisar a umidade especí-
Reaquecimento Entretanto, se considerarmos que o problema se deve à redução da carga
quanto relativa) do ambiente se eleve. térmica fica diretamente
sensível no interior edoiniciar-se
ambientepor(QB reduzir
< QPROJ),a que
demanda
resultoude
em uma
Deste modo, em sistemas de tratamento de ar em que se necessite redução controlarda temperatura interna do ambiente, isto causaria uma redução ainda
tA t (ºC) refrigeração, elevando a temperatura de saída do ar na
concomitantemente a temperatura etBumidade relativa
tAMB dos ambientes, maior impõem- na temperatura do ambiente (t’AMB < tAMB), com a consequente elevação
se a necessidade de se implantarem dispositivos de reaquecimento, dena forma a
umidade relativa do ambiente (URde
B > ativar
URA), jáoque a nova temperatura
Figura 6 – carga
Reaquecimento serpentina, antes mesmo reaquecimento, eco- estará
compensarFiguraa variação da
6 – Reaquecimento térmica dopara manutenção
ambiente
para manutenção das e aindadas assim se manter
cada vez a mais próxima da curva de saturação, até o ponto onde o sistema de
condição de dassaída das condições
do ar
condições termoigrométricas
na serpentina de
termoigrométricas do ambiente
resfriamento e desumidificação,
do ambiente comonomizando
reaquecimento ainda
iniciaria mais energia.
sua operação devido à baixa temperatura do ambiente,
verificamos
A condiçãono degráfico
saída dada serpentina
figura 6: de resfriamento e desumidificação écomo se verifica na figura 8:
mantida
constante e a variação da carga térmica é compensada através do dispositivo
de reaquecimento.
Isto certamente implica em uma demanda maior de energia, (g/kg) pois há a (g/kg)
necessidade de seQresfriar o fluxo de ar até a condição termoigrométrica Q PROJ
A
QB
URA URB URA
QB
A B A A
A
B B
Reaquecimento
48
A condição de saída da serpentina de resfriamento e desumidificação é mantida
Em sistemas onde não é possível analisar a umidade específica do ar ( A),
constante e a variação da carga térmica é compensada através do dispositivo
recomenda-se que o algoritmo de controle de umidade opere primeiramente
de reaquecimento. reaquecendo o ar de insuflação (tal como ocorre na figura 6, onde tB > tA), de
Isto certamente implica em uma demanda maior de energia, pois há aarecuperar primeiramente a temperatura do ambiente (tAMB).
forma
Deste modo, à medida que a temperatura do ambiente subir, a umidade relativa
necessidade de se resfriar o fluxo de ar até a condição termoigrométrica
tenderá a diminuir e, caso os parâmetros de controle de temperatura sejam