Karen Horney foi uma psicanalista que enfatizou influências sociais e culturais no desenvolvimento da personalidade, ao invés de fatores biológicos como Freud. Ela desenvolveu teorias sobre neuroses, tipos de caráter e mecanismos de defesa, e propôs que o tratamento psicanalítico deveria se concentrar no processo neurótico atual, não nas memórias da infância. Sua abordagem enfatizava a cooperação entre paciente e analista para liberar estruturas neuróticas e promover o autoconhecimento.
Karen Horney foi uma psicanalista que enfatizou influências sociais e culturais no desenvolvimento da personalidade, ao invés de fatores biológicos como Freud. Ela desenvolveu teorias sobre neuroses, tipos de caráter e mecanismos de defesa, e propôs que o tratamento psicanalítico deveria se concentrar no processo neurótico atual, não nas memórias da infância. Sua abordagem enfatizava a cooperação entre paciente e analista para liberar estruturas neuróticas e promover o autoconhecimento.
Karen Horney foi uma psicanalista que enfatizou influências sociais e culturais no desenvolvimento da personalidade, ao invés de fatores biológicos como Freud. Ela desenvolveu teorias sobre neuroses, tipos de caráter e mecanismos de defesa, e propôs que o tratamento psicanalítico deveria se concentrar no processo neurótico atual, não nas memórias da infância. Sua abordagem enfatizava a cooperação entre paciente e analista para liberar estruturas neuróticas e promover o autoconhecimento.
A médica psicanalista Karen Horney (1885-1952) enfatizou a preeminência
de influências sociais e culturais sobre o desenvolvimento psicossexual, focalizou sua atenção sobre as psicologias divergentes de homens e mulheres e explorou as vicissitudes dos relacionamentos maritais.
Sua visão de que a repressão e a sublimação de impulsos biológicos
não são os determinantes primários do desenvolvimento da personalidade levaram à sua remoção como instrutora no New York Psychoanalytic Institute e a que ela fundasse, em 1941, o American Psychoanalytic Institute.
TEORIA DA PERSONALIDADE. Horney sustentou que o
desenvolvimento da personalidade resulta da interação de forças biológicas e psicossociais que são singulares para cada pessoa. Na medida em que o cerne de cada personalidade é um self real duradouro equivalente parcialmente ao ego freudiano e parcialmente ao estado de ego infantil de Eric Berne, o self real combina escolha, vontade, responsabilidade, identidade, espontaneidade e vivacidade. Um processo natural em desenvolvimento de auto-realização conduz ao desenvolvimento do potencial humano em três direções básicas: em direção aos outros, a expressão de amor e confiança; contra os outros, para a expressão de oposição saudável; e para longe dos outros em direção à auto-suficiência.
Embora as condições, durante a infância, possam bloquear o
desenvolvimento psicológico, o crescimento saudável é sempre possível se os bloqueios internos são removidos. As crianças cujas situações familiares as levaram a sentir-se sob perigo concentram em sobrevivência psicológica e podem fazer isso desenvolvendo mecanismos de enfrentamento esterotipados.
Horney pensou que os atributos de passividade e sofrimento não eram
biologicamente específicos às mulheres conforme ensinados pelos analistas da sua época e que personalidades masculina e feminina são, em realidade, culturalmente determinadas.
TEORIA DA NEUROSE. Horney definiu neurose tanto em termos
intrapsíquicos como interpessoais. Ela observou que seus pacientes queixavam-se não das neuroses sintomáticas como fobias e compulsões, mas de infelicidade, bloqueio e falta de preenchimento no trabalho e inabilidade de estabelecer ou manter relacionamentos. Ela viu estes pacientes como apresentando complexos sistemas de padrões defensivos autoperpetuantes contra a ansiedade básica que iniciou na primeira infância - neuroses de caráter. Busca de segurança. As crianças movem-se psicologicamente em três direções para aliviar sua ansiedade, para tornar a vida segura e previsível e para obter satisfação. Elas buscam afeto e aprovação ou elas se tornam hostis ou elas se retraem. As crianças por fim usam a estratégia de enfrentamento que melhor satisfaz suas necessidades, mas se apenas uma estratégia básica é usada, as crianças tornam-se limitadas em seu repertório de enfrentamento em sua experiência de si mesmas e do seu mundo. Seu senso de segurança é tênue porque elas têm perigo vindo de dentro de sentimentos e impulsos suprimidos ou reprimidos. Se as condições ambientais desfavoráveis continuam, seus sentimentos conflitantes são dirigidos para o inconsciente e tais crianças são deixadas com um senso de desconforto, ansiedade e apreensão e com um senso de self inseguro. Nesta junção, seu ponto de referência é externalizado, padrões de comportamento enrijecem e crescentes bloqueios ao crescimento se desenvolvem. Horney designou estas atitudes complexas, relativamente fixas em direção ao eu e aos outros como tendências neuróticas.
TIPOS DE CARÁTER. Os três principais tipos de caráter de Horney
são embasados no modo predominante de relacionar-se com outros. O tipo self-apagado, anuente resulta da operação defensiva de agarrar-se a outros. Tais pessoas tentam obter o favor dos outros através de lisonja, subordinam-se aos outros e são relutantes em discordar por medo de perder favor. O tipo expansivo, agressivo resulta de manobrar contra outros e colocar forte confiança em poder e domínio como um meio de obter segurança. O tipo desapegado, resignado resulta de afastar-se de outros para evitar tanto dependência como conflito. Eles são pessoas muito privadas que, embora se recusando a competir abertamente, vêem-se como se elevando acima dos outros.
MEIOS COMPLEMENTARES PARA ALIVIAR A TENSÃO INTERNA.
O superdesenvolvimento de um dos três estilos interpessoais básicos suprime os outros dois. De um modo análogo aos complexos de Jung, os impulsos reprimidos continuam ativos e produzindo conflitos. Uma harmonia artificial é obtida pelo uso de mecanismos mentais como pontos cegos, comportamentalização, racionalização e técnicas de enfrentamento como autocontrole excessivo, arbitrariedade, elusividade, cinismo e externalização.
Imagem idealizada. Durante seus anos de adolescência, os futuros
pacientes neuróticos criam uma imagem ideal fantasiada que, caso atingida, promete terminar com seus sentimentos dolorosos e supre o autopreenchimento. A imagem idealizada contrabalança a alienação dos eus centrais pela qual as pessoas neuróticas passam porque as técnicas de sobrevivência que elas adotaram anteriormente as forçam a anular seus desejos, sentimentos e pensamentos genuínos. A imagem idealizada cobre todas as contradições, oculta a natureza defensiva do seu comportamento e restaura um senso de integridade. A energia anteriormente disponível para a auto-realização é usada em esforços para tornar-se como a imagem idealizada. Por exemplo, uma pessoa que adotou a estratégia de mover-se em direção aos outros e é conseqüentemente dependente de outros para obter afeto e aprovação experimenta o medo de auto-asserção razoável como humildade imaculada e a consideração pelos outros.
Porque o eu ideal é imaginário, as pessoas neuróticas são
prontamente machucadas por confrontos com a realidade e elas trabalharam demasiado arduamente para provar que elas são, de fato, os seus eus ideais. Fazer isso resulta em um tipo de perfeccionismo que insiste em excelência imaculada na qual "eu deveria" substituir "eu quero" ou "eu preciso". Isso também resulta na ambição neurótica de ser o primeiro e em um forte impulso de vingança sobre os percebidos como tendo interferido em que eles se tornassem seus eus ideais.
Reivindicações, deveres e auto-ódio. Apesar da sua freqüente
autodepreciação, as pessoas neuróticas esperam ser tratadas como se fossem seus eus ideais. Estas reivindicações a tratamento especial, quando frustradas, produzem raiva, indignação e ressentimento os "Deveres", demandas auto-impostas de que eles devem viver à altura dos seus eus idealizados são irracionais e não relacionados às realidades da vida cotidiana. Os "Deveres" são projetados e experimentados como demandas feitas por outros e são também exigidos dos outros. Fazer isso resulta em que a pessoa neurótica seja crítica dos outros e sensível ao criticismo.
O auto-ódio resulta quando surge a ameaça que as pessoas neuróticas
podem ser incapazes de atingir seus eus idealizados. Se o apoio não fosse necessário para o self idealizado, as alegações, "os deveres" e o auto-ódio não seriam partes tão importantes do aparelho psíquico.
Orgulho neurótico e o mecanismo do orgulho. Aspectos
glorificantes do self idealizado, orgulho neurótico substitui autoconfiança saudável. Deste modo, quando seu orgulho é ferido por outros, as pessoas neuróticas tornam-se enfurecidas e buscam vingar sua mágoa e ocultar sua autodecepção obtendo uma vitória vingativa sobre a pessoa ofensiva. Junto com apoiar alegações e deveres, o orgulho neurótico e o auto-ódio formam uma rede defensiva ou mecanismo do orgulho que protege o self idealizado. Qualquer tentativa de reduzir elementos do mecanismo do orgulho é experimentada como um ataque sobre a pessoa. Apesar da couraça da sua rede defensiva, as pessoas neuróticas não estão em paz porque elas estão em conflito interno com as forças que as protegem. O conflito entre o mecanismo do orgulho e as forças impulsionando em direção à auto- realização saudável é o conflito interno central.
Conflito também existe dentro do próprio mecanismo do orgulho. O
orgulho neurótico e as reivindicações estão associados à imagem idealizada glorificada; auto-ódio e "deveres" estão associados aos aspectos inaceitáveis do self. Quando tentativas são feitas para satisfazer ambas as forças simultaneamente, o conflito surge. Tentativas de evitar estes conflitos envolvem alienação adicional do self.
Alienação. A alienação do self é uma das conseqüências mais sérias
do desenvolvimento neurótico. A alienação resulta da combinação entre negação repetida da realidade externa e a repressão de pensamentos, sentimentos e impulsos genuínos. À medida que o processo de alienação continua, as pessoas neuróticas perdem contato com o cerne do seu ser e não mais podem determinar ou agir sobre o que é certo para elas. Seus sentimentos podem variar de incerteza e confusão à morte e vazio internos.
TRATAMENTO ANALÍTICO. Horney não considerou as pessoas
neuróticas adultas como recapitulando experiências infantis, portanto, não focalizou na recuperação de memórias da infância. Ela lidou, ao invés disso, com o processo neurótico autoperpetuante. Ela enfatizou a importância dos sonhos em análise e, posteriormente, a exploração do relacionamento paciente-analista. Ela foi uma das primeiras analistas a reconhecer e fazer uso construtivo de seus próprios sentimentos em relação aos pacientes. Para Horney, a psicanálise é um empreendimento cooperativo que capacita os pacientes a liberarem-se de suas estruturas neuróticas e a mobilizarem- se em direção à auto-realização. A responsabilidade do analista é auxiliar a liberar os pacientes de bloqueios, forças que impedem o crescimento saudável.
Cedo na terapia, durante o processo de desilusão, os dois tipos de
bloqueio são identificados e examinados. O primeiro grupo de bloqueios orientados à segurança, os bloqueios protelares, ajudam a evitar a ansiedade causada pela autopercepção. Os bloqueios protetores incluem silêncio, atraso, depreciar o analista, o uso de drogas e até mesmo o uso de auto-acusação para evitar exploração adicional. Os bloqueios de valor positivo reforçam a satisfação dos pacientes consigo mesmos e apóiam seus eus idealizados. No processo de desilusão, o analista identifica ambos os tipos de bloqueio, expondo os bloqueios protetores antes de expor os bloqueios que defendem a imagem idealizada. Analisar os bloqueios de valor positivo primeiro despertaria medo excessivo.
Qualidades do analista. As qualidades do analista, posteriormente
descritas por Cari Rogers como condições oferecidas pelo terapeuta, incluem maturidade, crença construtiva em resolução de conflito e a habilidade de comunicar esperança e respeito. O analista escuta, esclarece, provê direções e sugere resoluções alternativas para conflitos. Horney enfatizou a necessidade do analista ajudar a tirar os pacientes de sua alienação e sugeriu que os terapeutas sejam flexíveis, talhando suas intervenções às necessidades dos pacientes no momento. Ela não enfatizou usar o divã ou um número preestabelecido de sessões por semana.
Processo terapêutico. Homey acreditou que mudanças
fundamentais são o melhor meio para mudar comportamentos autoderrotadores, auto-alienantes. Ela criou um cenário no qual os pacientes eram capazes de avaliar a si mesmos como pessoas livres para descobrir e escolher valores pessoais que se encaixam com seus eus reais. Este tipo de reorientação inicia após a fase de desilusão do tratamento. À medida que os pacientes começam a questionar seus valores presentes e seu processo idealizador diminui, eles são capacitados a revisar seus valores e desenvolver valores mais flexíveis consoantes com seus eus interiores. Os sonhos são usados em todas as fases do tratamento para levar os pacientes em melhor contato com seus eus reais. Como tentativas inconscientes para resolver conflitos, os sonhos podem mostrar forças construtivas em funcionamento que não estão ainda discerníveis nos pensamentos conscientes e no comportamento do paciente.
À medida que os pacientes mobilizam suas forças construtivas, eles
experimentam a luta entre o sistema de orgulho e o eu real, No processo, eles experimentam incerteza, dor psíquica e auto-ódio. À medida que o conflito central é resolvido exitosamente, os pacientes passam para a fase final do tratamento, a descoberta e o uso dos seus eus internos reais.
Feminista à frente do seu tempo, Karen Horney estudou psicanálise
freudiana em Berlim. Descrevia seu trabalho como sendo uma extensão do sistema de Freud e não como uma tentativa de suplantá-lo
Karen Horney nasceu em Hamburgo, na Alemanha. O pai era capitão de um navio, homem religioso e taciturno, muito mais velho que a esposa, mulher ativa e liberal. Ela deixava muito claro a Karen que desejava a morte do marido e que se casara apenas por medo de permanecer solteira. Rejeitava a filha e demonstrava nitidamente a preferência pelo filho mais velho, de quem Karen sentia muita inveja simplesmente por ser menino, e o pai a menosprezava por causa da sua aparência e inteligência. Consequentemente, ela se sentia inferior, inútil e hostilizada (Sayers, 1991). Essa falta de amor por parte dos pais provocou o surgimento, mais tarde, do que ela chamou de *ansiedade básica, outro exemplo da influência da experiência pessoal na visão do teórico. Um biógrafo comentou: "Em todos os trabalhos psicanalíticos de Karen Horney era visível a sua luta para encontrar o sentido da própria existência e para superar as dificuldades" (Paris, 1994, p. xxii).
Precocemente, já aos 14 anos, Horney teve várias paixões de adolescente na busca frenética do amor e da aceitação que não encontrava em casa. Criou um jornal que chamava de "órgão virginal para supervirgens" e andava pelas ruas frequentadas por prostitutas. Em seu diário escreveu: "Na minha imaginação não há sequer uma parte de mim que não tenha sido beijada por uma boca ardente. Na minha imaginação não existe depravação do mais baixo nível que eu não tenha experimentado" (Horney, 1980, p. 64).
Contra a vontade do pai, Horney ingressou na escola de medicina da University of Berlin, recebendo, em 1913, o título de Doutora em Medicina. Casou-se, teve três filhas (duas das quais se submeteram a análise de Melaine Klein) e começou a sofrer de profunda depressão. Ela afirmava sentir-se muito tempo infeliz e oprimida e passar por dificuldades no casamento. Apresentava sintomas como crises de choro, dores de estômago, cansaço crônico, comportamento compulsivo e incapacidade para trabalhar, além de pensamentos de suicídio. Depois de manter vários casos, divorciou-se para continuar a busca incansável pela aceitação pelo resto da vida. Seu relacionamento mais duradouro foi com o psicanalista Eric Fromm e, quando a realção terminou, ela ficou arrasada. Resolveu submeter-se à psicanálise para tratar da depressão e dos problemas sexuais. Seu analista freudiano disse-lhe que a busca por amor e a atração por homens mais fortes refletiam paixões edipianas que da infância pelo pai severo (Seyers, 1991). Quando Horney percebeu que a análise freudiana não estava ajudando, passou para a auto-análise, prática que adotou pelo resto da vida. Impressionada com a observação de Adler sobre a falta de atrativos físicos como causa dos sentimentos de inferioridade, concluiu que, estudando medicina e adotando uma vida sexual promíscua, estava agindo mais como homem que como mulher. Essa atitude a ajudava a sentir-se superior, mas, mesmo assim, nunca desistiu de encontrar o amor. De 1914 a 1918, Horney estudou psicanálise ortodoxa no Berlin Psychoanalytic Institute. Mais tarde, tornou-se professora do instituto e começou a atender pacientes particulares. Escrevia artigos de revista abordando os problemas da personalidade feminina, descrevendo alguns pontos discordantes em relação a conceitos de Freud. Em 1932, seguiu para os Estados Unidos para ser diretora adjunta do Chicago Institute for Psychoanalysis. Lecionou também no New York Psychoanalitic Institute e continuou a atender seus pacientes. O crescente descontentamento com a teoria freudiana logo a levou ao rompimento com o grupo. Fundou o American Institute of Psychoanalysis e ali permaneceu como diretora até a morte. *Ansiedade básica: definição de Horney para a solidão invasiva e a impotência, sentimentos que dão origem a neurose.