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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

Faculdade de Humanidades e Direito


Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião

WALMIR VIEIRA

CAPELANIA ESCOLAR BATISTA:


as práticas pastorais desenvolvidas pela capelania dos Colégios
Batistas - um estudo de caso do sistema batista mineiro de educação

SÃO BERNARDO DO CAMPO


2009
Walmir Vieira

CAPELANIA ESCOLAR BATISTA:


as práticas pastorais desenvolvidas pela capelania dos Colégios
Batistas - um estudo de caso do sistema batista mineiro de educação

Dissertação apresentada em cumprimento às


exigências parciais do Programa de Pós-
graduação em Ciências da Religião, para
obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof.Dr. Geoval Jacinto Silva

São Bernardo do Campo - SP


2009
BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Professor Doutor Geoval Jacinto da Silva
Orientador

__________________________________________
Professor Doutor Paulo Bessa da Silva
UMESP

__________________________________________
Professor Doutor Lourenço Stélio Rega
FTBSP
Dedico este trabalho aos capelães escolares de todo Brasil, cujo trabalho, muitas vezes sem
o saber, tem influenciado gerações. O ministério que desenvolvem geralmente é invisível e
nem sempre reconhecido no seu tempo, mas que de alguma maneira aparecerá muitos
anos mais tarde nas palavras, ações e comportamento das crianças e jovens, agora adultos,
que tiveram suas vidas marcadas e seu caráter forjado pela ajuda deles.
AGRADECIMENTOS

Agradeço

... a Deus, o privilégio de existir, pensar e ser útil e produtivo.

... a minha família pelo carinho e incentivo, meus filhos Lucas, Laila e Laura, e
especialmente minhas esposa Marcilene, companheira apoiadora por 23 anos

... ao meu orientador Professor Doutor Geoval Jacinto da Silva, por seus conselhos,
dicas e força, que me ajudaram a não esmorecer.

... ao IEPG por sua ajuda financeira nos últimos seis meses de meu curso, que tanto
me ajudaram.
VIEIRA. Walmir. Capelania Escolar Batista: as práticas pastorais desenvolvidas pela
capelania dos colégios batistas. Um estudo de caso do Sistema Batista Mineiro de
Educação. Dissertação para o Programa de Mestrado em Ciências da Religião da
Universidade Metodista de São Paulo. Área de Pesquisa: Práxis Religiosa e
Sociedade. São Bernardo do Campo: UMESP, 2009, 206p

RESUMO

Este trabalho estuda a capelania escolar desenvolvida no Sistema Batista


Mineiro de Educação (STBM), organização formada por seis colégios, uma
faculdade, um instituto de idiomas e três projetos socio-educacionais, localizados em
Minas Gerais, mantida pela Jutna de Educação da Convenção Batista Mineira,
instituição das igrejas batistas de Minas Gerais. Apresenta a origem, contexto,
desenvolvimento e constituição do Sistema Batisa Mineiro de Educação, bem como
sua relação com a estrutura da deominação batista. Descreve os objetivos,
importância, funções e legalidade da capelania escolar e o papél, a formação e o
perfil ideal de um capelão ou capelã escolar. A capelania (ou pastoral) escolar está
presente em praticamente todas as instituições educacionais confessionais, isto é,
naquelas que estão ligadas a uma religião e que adotam os princípios de fé e vida
dessa tradição religiosa como norteadores de sua ação poliítico-pedagógica. O
objetivo da capelania escolar é ministrar aos alunos, funcionários administrativos e
docentes e familiares de uma instituição de ensino, em suas necessidades
emocionais, espirituais e morais, ajudando-os a superarem suas dificuldades e lutas,
a fim de que o processo de formação do ser integral aconteça. A Capelania do
SBME, como todas as capelanias escolares, enfrenta muitos desafios oriundos do
exercício da sua confessionalidade, do ambiente interno e externo da escola, da
sociedade e de vários problemas que vivenciam o jovem estudante contemporâneo,
relacionados ao longo do texto. Para responder a esses desafios e demandas a
capelania do SBME usa uma série de estratégias e desenvolve várias ações. Entre
as estratégias e possibilidades de ação pastoral apresentadas neste trabalho,.
destaca-se o Projeto “Ética e Caráter na Escola”, que objetiva ajudar aos corpos
docentes, discente e adminsitrativo a construirem e adotarem valo res e princípios
éticos cristãos, ao longo de todo o processo educativo na escola e para a vida

Palavras chaves: Capelania, pastoral, sistema educacional, valores, confissão e


espiritualidade, vocação e missão.
VIEIRA. Walmir. Baptist School Chaplaincy: pastoral actions developed by Baptist
Schools Chaplaincy. A case study of the Baptist Educational Corporation of Minas
Gerais. Dissertation for the Master’s Degree Program in Religious Science of the
Methodist University of São Paulo UMESP). Research Area: Society and Religious
Praxis. São Bernardo do Campo: UMESP, 2009, 206p

ABSTRACT

This work is a study of the school chaplaincy developed in the Baptist


Educational Corporation of Minas Gerais (SBME), institution formed by six schools, a
college, a language institute and three social educational projects, all of them located
in the state of Minas Gerais and maintained by the Educational Board of the Baptist
Convention of Mi nas Gerais, institution to which the Baptist Churches of the state are
affiliated. It presents the origin, the context, the development and the constitution of
the Baptist Educational Corporation of Minas Gerais, as well as, its relationship with
the Baptist denominational structure. It also describes the objectives, the importance,
the functions and the legality of school chaplaincy along with the role, the educational
formation and the ideal profile of a school chaplain. The school chaplaincy (or
pastoral) is present in almost all denominational educational institutions, that is, those
which are connected to a religion and adopt the faith and life principles of its religious
tradition as guidance of their political and pedagogical actions. The goal of school
chaplaincy is to minister to students, employees, teachers and families of an
educational institution based on the faith principles of the institution, helping them in
their emotional, spiritual and moral needs, helping them to overcome their difficulties
and daily fights, so as to make the process of total development of the person flow
smoothly. The SBME chaplaincy like all others has to face a lot of challenges related
to faith confession principles, school internal and external environment, society
problems and a series of other problems the contemporary young student has to face
which are described in this paper. In order to face and respond to these many
challenges and demands, the chaplaincy of the SBME uses a series of strategies
and develops several actions. Among the strategies and possibilities of pastoral
actions, the project “Ethics and Character in the School” is accentuated. The project
has as its goal to help students, employees and teachers to build character qualities
and ethic principles, along the educational process of the school and also to be used
in life

Key words: Chaplaincy, pastoral, educational system, values, faith confession and
spirituality, vocation and mission.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Organograma do Sistema Batista Mineiro de Educação ............................ 34


FIGURA 2 Organograma atual da Capelania do Colégio Batista Mineiro - SBME .... 39
FIGURA 3 Proposta de Nova Estrutura - Organograma de Função ............................ 40
15
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Evolução histórica – Sistema Batista Mineiro de Educação .................... 29

QUADRO 2 O perfil ideal dos capelães e auxiliares ....................................................... 60

QUADRO 3 Quadro estatístico das religiões no Brasil - Em porcentagem da


população ............................................................................................................................... 78

QUADRO 4 pesquisa de interesse religioso dos jovens entre 15 a 24 anos.............. 79


LISTA DE SIGLAS

ABIEE - Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas


AEA- Associação de Escoas Adventistas
ANEB- Associação Nacional de Escolas Batistas
ANEP- Associação Nacional de Escolas Presbiterianas
CBB- Convenção Batista Brasileira
CNAS- Conselho Nacional de Assistência Social
COGEIME- Conselho Geral de Instituições Metodistas de Ensino
ER- Ensino Religioso
FONAPER- Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso
IBGE- Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS- Instituto Nacional de Seguridade Social
ITC- Character Training Institut -Instituto de Treinamento do Caráter
JECBM- Junta de Educação da Convenção Batista Mineira
LDB- Lei Diretriz Brasileira
MEC- Ministério da Educação e Cultura
PECE- Projeto Ética e Caráter na Escola
PPP- Projeto Político-Pedagógico
SBME- Sistema Batista Mineiro de Educação
TCC- Trabalho de Conclusão de Curso
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15

1 OS COLÉGOS BATISTAS, A DENOMINAÇÃO BATISTA E A CAPELANIA


ESCOLAR.............................................................................................................................. 21
1.1 Os colégios batistas e a denominação batista .................................................... 21
1.1.1 As igrejas batistas locais, lideranças denominacionais e os colégios batistas. 23
1.1.2 Ações de cooperação dos colégios batistas para com as Igrejas ...................... 23
1.2 A origem do Sistema Batista Mineiro de Educação.................................................. 26
1.3 O Sistema Batista Mineiro de Educação Hoje...................................................... 29
1.4 O desenvolvimento da capelania do Sistema Batista Mineiro de Educação35
1.5 A estrutura da capelania do Sistema Batista Mineiro de Educação .............. 36
1.5.1 Estrutura Física ........................................................................................................... 36
1.5.2 Estrutura de Pessoal .................................................................................................. 38
1.5.3 Organograma da estrutura atual .............................................................................. 39
1.5.4 Proposta de Nova Estrutura - Organograma de Função...................................... 40

2 A CAPELANIA ESCOLAR .............................................................................................. 41


2.1 Capelanias e capelania escolar................................................................................ 41
2.1.1 O que é capelania....................................................................................................... 41
2.1.2 A origem do termo “capelania”.................................................................................. 41
2.1.3 Capelania Escolar....................................................................................................... 44
2.1.4 A importância do serviço de capelania escolar...................................................... 46
2.2 Os objetivos da capelania escolar .......................................................................... 46
2.3 As funções dos capelães escolares no SBME..................................................... 49
2.3.1 Do Capelão-geral do SBME...................................................................................... 51
2.3.2 Dos Capelães de Unidades....................................................................................... 52
2.3.3 Dos Auxiliares de Capelania..................................................................................... 53
2.3.4 Processos e de atividades da capelania................................................................. 53
2.4 O perfil ideal dos capelães escolares..................................................................... 54
2.4.1 O que significa ser capelão ....................................................................................... 55
2.4.2 As características esperadas e as responsabilidades do Capelão .................... 57
2.5 A formação dos capelães escolares ....................................................................... 61
2.6 As necessidades da capelania e dos capelães escolares ................................ 64
2.7 Modelos de organização de escolas diferentes .................................................. 65
2.8 A legalidade da capelania escolar ........................................................................... 66

3 OS DESAFIOS DA CAPELANIA ESCOLAR............................................................... 69


3.1 O desafio da confessionalidade............................................................................... 69
3.1.1 O que é confessionalidade?...................................................................................... 70
3.1.2 Como se manifesta a confessionalidade?.............................................................. 70
3.1.3 A confessionalidade como elemento definidor de identidade ............................. 71
3.1.4 O lugar da confessionalidade no SBME.................................................................. 73
3.1.5 A evangelização nas escolas confessionais .......................................................... 76
3.2 Desafios da “macrocontemporaneidade” ............................................................. 77
3.2.1 Competição com um mundo tecnologicamente avançado e as nossas escolas
com recursos limitados ........................................................................................................ 77
3.2.2 Declínio na confiança da religião tradicional e a secularização.......................... 77
3.2.3 Ecumenismo e Liberdade Religiosa ........................................................................ 80
3.2.4 Espiritualidade esotérica............................................................................................ 81
3.2.5 Calendário e feriados escolares ............................................................................... 81
3.2.6 Desarranjo da família tradicional e seu novo desenho......................................... 85
3.2.7 “Pós-modernidade” ..................................................................................................... 85
3.2.8 Os livros didáticos....................................................................................................... 86
3.3 Desafios do exercício da função.............................................................................. 87
3.3.1 A ética no exercício da função.................................................................................. 87
3.3.2 Exemplos inadequados dos ditos cristãos dentro da escola .............................. 87
3.3.3 Número excessivo de alunos em sala de aula....................................................... 88
3.3.4 Necessidade de mais capacitação e atualização dos capelães e professores de
educação cristã ..................................................................................................................... 89
3.3.5 Apoio da direção e coordenação da escola ........................................................... 89
3.3.6 Pais que não apóiam ou dificultam o trabalho da escola,.................................... 90
3.3.7 Entrosamento entre capelania e coordenações e orientações pedagógicas ... 90
3.3.8 “independência” da capelania (pastores):............................................................... 91
3.3.9 Indefinição sobre como tratar a escola (igreja ou escola?) ................................. 92
3.4 Desafios específicos da vida do jovem estudante .................................................... 93
3.4.1 Falta de ideais e de esperança da juventude.. ...................................................... 93
3.4.2 Preconceitos e discriminações ................................................................................. 94
3.4.3 Violência (Bullyng) ...................................................................................................... 94
3.4.4 Indisciplina - ............................................................................................................... 95
3.4.5 Drogas (entorpecentes) ............................................................................................. 96
3.4.6. “Cola” e mentira.......................................................................................................... 97
3.4.7 Falta de referenciais ético-morais - CARÁTER...................................................... 98
3.4.8 Exacerbação da sexualidade - - ............................................................................. 98
3.4.9 Homossexualidade e anormalidades sexuais -...................................................... 99
3.4.10 Gravidez na adolescência....................................................................................... 99

4 ESTRATÉGIAS DE PRÁTICA PASTORAL NA CAPELANIA ESCOLAR ...........102


4.1 Estratégias variadas que são utilizadas ou com possibilidades de utilização
pela capelania do SBME .................................................................................................102
4.1.1 Culto com os Alunos.................................................................................................102
4.1.2 Culto com os Funcionários......................................................................................103
4.1.3 Estudos e Dinâmicas em Pequenos Grupos........................................................104
4.1.4 Escola de Pais - Cultos da Família - Jantares com os pais...............................104
4.1.5 Assistência aos Enfermos e em Funerais.............................................................105
4.1.6 Programa de Aconselhamento- .............................................................................106
4.1.7 Programações do Calendário Escolar...................................................................107
4.1.8 Acampamentos- ........................................................................................................107
4.1.9 Excursões Culturais e Assistenciais ou de Lazer................................................108
4.1.10 Espaço de Oração - Pedidos de Oração ............................................................108
4.1.11 Jornal da Capelania................................................................................................109
4.1.12 “Site” da Capelania.................................................................................................109
4.1.13 Cinema ou sessão de vídeos................................................................................110
4.1.14 Grupos teatrais........................................................................................................110
4.1.15 Ações sociais e comunitárias- ..............................................................................111
4.1.16 Musical “Gospel”.....................................................................................................111
4.1.17 Banda “Gospel”.......................................................................................................112
4.1.18 Congressos Temáticos e Palestras-....................................................................112
4.1.19 Programações para despertamento espiritual e de evangelização ...............113
4.1.20 Conferências de despertamento de vocação para os ministérios cristãos ...113
4.1.21 Parcerias ..................................................................................................................114
4.1.22 Programas de Visitas .............................................................................................114
4.1.23 Cultos especiais para o Ensino Médio................................................................115
4.1.24 Grupos de Coreografia ..........................................................................................115
4.1.25 Coros do Colégio: de alunos e de funcionários .................................................115
4.1.26 Encontro de casais .................................................................................................116
4.1.27 Jogos Estudantis.....................................................................................................116
4.1.28 Projeto “Show de Escola”.....................................................................................116
4.2 O Projeto “Ética e Caráter na Escola”..................................................................118
4.2.1 A origem e os objetivos do Projeto ........................................................................118
4.2.2 A descrição e o desenvolvimento do Projeto .......................................................121
4.2.3 As virtudes estudadas no Projeto ...........................................................................124
4.2.4 A metodologia do Projeto ........................................................................................126
4.2.5 Avaliação e resultado do Projeto ............................................................................129
4.3 O Ensino de Educação Cristã (Ensino Religioso) em sala de aula no SBME
...............................................................................................................................................132

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................137

APÊNDICES ........................................................................................................................145
APÊNDICE A - ENTRVISTAS COM SEIS CAPELÃES DO SISTEMA BATISTA
MINEIRO DE EDUCAÇÃO ...............................................................................................146
APENDICE B - CONHECIMENTO DAS QUESTÕES QUE DIFERENCIAM OS
BATISTAS DE OUTRAS DENOMINAÇÕES CRISTÃS E DOS OUTROS GRUPOS
RELIGIOSOS ......................................................................................................................158
APÊNDICE C - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CHAMADA “PÓS-
MODERNIDADE”...............................................................................................................162
APÊNDICE D - AS NECESSIDADES DOS CAPELÃES E PROFESSORES DAS
INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS BATISTAS ..............................................................164
5. Apoio material ...............................................................................................................167
APÊNDICE E - O QUE SE ESPERA DOS CAPELÃES E PROFESSORES DAS
INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS BATISTAS ..............................................................169
ANEXOS ..............................................................................................................................175
ANEXO A - MADDOX E SUA ESPOSA EFIGÊNIA MADDOX *Fundadores do
Colégio Batista Mineiro)..................................................................................................176
ANEXO B - O PALACETE (PRIMEIRA SEDE DO COLÉGIO BATISTA MINEIRO)
...............................................................................................................................................177
ANEXO C - UNIDADE DO COLÉGIO BATISTA EM BELO HORIZONTE (SÉRIES
INICIAIS) ..............................................................................................................................178
ANEXO D - UNIDADE DO COLÉGIO BATISA EM BELO HORIZONTE (SÉRIES
FINAIS).................................................................................................................................179
ANEXO E - FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS .........................................180
ANEXO F - INSTITUTO BATISTA DE IDIOMAS..........................................................181
ANEXO G - NÚCLEO DE SOCIALIZAÇÃO INFANTO-JUVENIL (CAPELÃO
MINISTRANDO AOS PAIS E ALUNOS)........................................................................182
ANEXO H - UNIDADE DE BETIM ...................................................................................183
ANEXO I - UNIDADE DE UBERLÂNDIA.......................................................................184
ANEXO J - UNIDADE DE OURO BRANCO..................................................................185
ANEXO K - UNIDADE DE NOVA CONTAGEM............................................................186
...............................................................................................................................................186
ANEXO L - PASTOR JÚLIO DE OLIVEIRA SANCHES.............................................187
...............................................................................................................................................187
ANEXO M - PASTOR JOÃO FILSON SOREN.............................................................188
...............................................................................................................................................188
ANEXO N - PASTOR RUBENS EDUARDO CORDEIRO – CAPELÃO-geral
ATUAL SBME .....................................................................................................................189
ANEXO O - IMAGEM DE SÃO MARTIN DE TOURS..................................................190
ANEXO P - VIRTUDES DO PROJETO ÉTICA E CARÁTER NA ESCOLA...........191
ANEXO Q - PROJETO “ÉTICA E CARÁTER NA ESCOLA “ – FACSÍMILES DAS
CAPAS DOS CADERNOS DO PROJETO – LADO ESQUERDO: SÉRIES INICIAIS.
LADO DIREITO: SÉRIES FINAIS ...................................................................................195
ANEXO R - CONTEÚDOS MINISTRADOS NAS DISCIPLINAS - EDUCAÇÃO ...201
CRISTÃ, FILOSOFIA E ÉTICA CRISTÃ. .......................................................................201
ANEXO S - CÓDIGO DE ÉTICA DA CAPELANIA ESCOLAR ..................................207
ANEXO T - FORMULÁRIO ELABORADO PELA CAPELANIA PARA
LEVANTAMENTO DO PERFIL RELIGIOSO DO ALUNADO (NO PRELO) ...........213
ANEXO U - FORMULÁRIO PARA CONHECER AS SUGESTÕES DOS ALUNOS
PARA O TRABALHO DA CAPELANIA E AVALIAR SATISFAÇÃO – (SERÁ
TESTADO NO INÍCIO DE 2010)......................................................................................215
ANEXO V – FORMULÁRIO PARA CONHECIMENTO DA SATISFAÇÃO E
SUGESTÃO DOS ALUNOS PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA
(ENSINO ELIGIOSO) .........................................................................................................218
ANEXO X – ALUNOS NAS CHAMADAS “ASSEMBLEIAS” NO SBME ................220
ANEXO W – RELAÇÃO DE ESCOLAS ASSOCIADAS À ANEB.............................221
ANEXO Y - QUATRO DE UNIDADES DO SBME E NÚMERO DE MATRICULADOS
NOS ANOS DE 2008 E 2009............................................................................................223
15

INTRODUÇÃO

Capelania é uma espécie de espaço do sagrado, de apoio espiritual e ético, e


de consolo dentro das instituições que a adotam. Atualmente , sabe-se da existência
de capelães e capelanias: militar, hospitalar, governamental, prisional ou carcerária,
empresarial, escolar e universitária. Em alguns grupos cristãos, capelanias são
chamadas de “pastorais”. A capelania militar é a gênese de todas as capelanias.
O enfoque deste trabalho é a capelania escolar. Mais especificamente o
objetivo é estudar as práticas pastorais ou capelania desenvolvidas pelos colégios
batistas ligados ao Sistema Batista Mineiro de Educação. É, com isso, levantar os
principais desafios, antigos e novos, que a capelania escolar enfrenta e descrever as
ações estratégicas que estão sendo usadas e buscadas para responder com
eficiência aos desafios que lhe são apresentados. Também estuda as questões
ligadas a legalidade da capelania e as relacionadas ao exercício da
confessionalidade, tendo como campo de estudo o SBME;
O SBME é uma instituição educacional, sem fins lucrativos, com título de
filantropia, pertencente à Convenção Batista Mineira (igrejas batistas de Minas
Gerais) que engloba dez unidades educacionais, sendo três delas exclusivamente
de caráter assistencial, oferecido ensino exclusivamente a pessoas em situação de
vulnerabilidade social. Faz parte do SBME o Colégio Batista em Belo Horizonte
(Anexos C e D), a Faculdade Batista de Minas Gerais (Anexo E), o Instituto Batista
de Idiomas – IBI (Anexo F), o projeto social denominado Núcleo de Socialização
Infanto-juvenil (Anexo G), o Colégio Batista de Betim (Anexo H), o Colégio Batista
Mineiro em Uberlândia (Anexo I), o Colégio Batista de Ouro Banco (Anexo J), o
Colégio Batista de Nova Contagem (Anexo K) e o Programa de Educação de Jovens
e Adultos, incluindo neste o Projeto de Qualificação Profissional. O SBME tem
atualmente 7.547 alunos matriculados - matrículas de 2009 - e 780 funcionários,
incluindo professores. Dos 7.547 alunos, 1.050 recebem bolsa integral de estudo.
Todo este universo, corpos discente, docente e administrativo e seus familiares, é
alvo de atenção da capelania do SBME.
Por sete anos o autor desta dissertação trabalho u no Sistema Batista Mineiro
de Educação (SBME). Nele incentivou, apoiou e investiu na capelania escolar e
procurou dar as condições para que ela pudesse desenvolver seu trabalho com mais
16

eficiência. Durante sua gestão investiu na implantação do Projeto “Ética e Caráter na


Escola”, sobre o qual esta dissertação também tratará, que deu maior dinâmica,
visibilidade e relevância ao trabalho da capelania escolar e ao ensino religioso
desenvolvido nas escolas do SBME. Por isso, o interesse de estudar (descrevendo,
analisando, criticando e propondo alternativas outras) o trabalho de capelania
desenvolvido no SBME e, por extensão, nas escolas confessionais no Brasil.
O serviço de capelania ou pastoral escolar geralmente é oferecido pelos
colégios confessionais e por alguns colégios de direção evangélica. É difícil pensar
em um colégio confessional sem um mínimo de ação pastoral ou de capelania.
Possuir esse serviço é intrínseco à natureza de uma escola confessional e razão de
ser e de existir dela, além do oferecimento de uma esperada educação de
qualidade. São a vivência e o ensino de valores e princípios religiosos saudáveis
que diferenciam um colégio confessional de um não confessional.
Há um trabalho de capelania ou pastoral escolar que também se realiza nos
colégios confessionais de tradição Metodista, Presbiteriana, Adventista, Luterana.
Católica entre outras, mas os limites proposto ao trabalho impedem de descrevê -los
em suas peculiaridades..
A lei educacional do país favorece e incentiva a inserção dos valores e da
ética religiosa no processo de formação dos alunos, desde que a escola não assuma
uma postura proselitista. A orientação da Lei Diretriz Brasileira (LDB) de se trabalhar
a transversalidade, a interdisciplinaridade e a integralidade do ser humano, para
infundir valores universais, torna a escola confessional e, em especial, sua equipe de
capelania (incluindo os professores de ensino religioso ou cristão), muito relevantes.
A escola, especialmente a escola confessional é uma instituição que pode
trazer ainda alguma esperança, tendo em vista as enormes dificuldades que as
famílias têm enfrentado. Os colégios confessionais geralmente definem em seu
Projeto Político-Pedagógico e em seu Regimento Escolar os valores, princípios,
razão de existir e cosmovisão bíblica que abraçam. Cabe principalmente a
capelania, reafirmar e incentivar a vivência deles no contexto escolar e familiar.
Portanto, o serviço de capelania e a disciplina de Ensino Religioso são meios
estratégicos, adequados, pedagógicos e legais para os colégios batistas e
confessionais exercerem a sua missão de educar segundo sua teologia.
Para viabilizar uma melhor compreensão didática de fenômeno sócio-
17

religioso-educacional “capelania escolar batista”, esta Dissertação está


dividida em quatro capítulos que trazem, entre si, relação e interlocução.
No primeiro capítulo é descrita a relação político-administrativa dos colégios
batistas com a estrutura da denominação batista. São apresentados, também, o
lugar e o papel dos colégios batistas no contexto denominacional. O capítulo
também conta a história do SBME e o descreve em sua estrutura atual. Também
descreve a história da capelania, com foco na capelania do SBME. Mostra seu
desenvolvimento, seu funcionamento operacional (física e de pessoal), seu lugar no
SBME e seu organograma.
O segundo capítulo explica o que é capelania, a origem do termo e as
diversas possibilidades de capelania, chegando à capelania escolar, objeto de
estudo da dissertação. Apresenta um serviço de capelania escolar ideal, sob o ponto
de vista de vários autores e dos próprios capelães em atividade. Relata o que se
entende por escola confessional, o trabalho da capelania e de um capelão escolar
padrão ou modelar: seus objetivos,importância, funções e responsabilidades. Traça
o perfil ideal de habilidades e competências necessárias ao exercício da função. As
necessidades da capelania e dos capelães e a questão da legalidade do serviço
diante da legislação brasileira.
O terceiro capítulo trata dos desafios e demandas que a capelania precisa
enfrentar e atender, segundo o que mostraram os próprios capelães e alguns
autores. A questão da confessionalidade, suas implicações e os cuidados a serem
tomados na sua adoção no ambiente escolar ganha destaque neste capítulo em
função de sua importância como diferencial de uma escola ligada a uma religião. No
capitulo são tratados, também, os desafios que o autor chama de
“macrocontemporaneidade”, isto é, aquilo que é gerado na cultura e na sociedade
em geral contemporânea e que afeta o contexto escolar, como o avanço da
tecnologia, o declínio da religião tradicional, o ecumenismo, o esoterismo, as
comemorações do calendário escolar, o desarranjo da família nuclear e seu novo
modelo, a cultura da chamada “pós-modernidade” e os desacordos com os ensinos
dos livros didáticos escolares. O capitulo ainda relaciona os desafios relacionados à
própria função de capelão: a questão da ética, e apresenta o “Código de Ética da
Capelania Escolar” (Anexo S), do mau exemplo dados pelos cristãos, a lotação das
salas de aula, a necessidade de capacitação e mais atualização, a questão do
18

entrosamento e apoio de pais, direção e coordenações, a “independência” do


capelão pastor e a tensão “igreja x escola”. O capitulo termina apresentando dez
situações geradoras de conflito enfrentadas pela juventude e famílias neste tempo,
que vão desde a falta de ideais e esperança, passando pelas questões da
indisciplina, da sexualidade exacerbada, da violência, das drogas, da gravidez e
aborto entre outras, com as quais a capelania tem que lidar.
O quarto capítulo apresenta vinte e oito projetos, programas e propostas que
as capelanias desenvolvem ou podem desenvolver, tendo em vista o que tem
acontecido, com algum êxito, em outros colégios que oferecem o serviço de
capelania, colhidos das entrevistas com capelães, das leituras diversas, de
participações em congressos e da própria experiência do autor. São relacionadas
estratégias que podem ser usadas para tornar tanto o ensino religioso quanto a ação
pastoral da capelania mais interessante, dinâmica e útil, principalmente para as
crianças, adolescentes e jovens.
Ainda no quarto capítulo é reservado um espaço expressivo para apresentar o
Projeto “Ética e Caráter na Escola” desenvolvido pelos colégios do SBME. Sua
metodologia de funcionamento e seu desenvolvimento e aplicação são descritos.
São mostrados alguns resultados alcançados e destacados os pontos positivos, as
deficiências e o potencial ainda não aproveitado do Projeto.
São apensados quatro textos produzidos pelo autor desta dissertação e
publicados em outras ocasiões e que se relacionam diretamente com o tema
desenvolvido. Dois textos tratam dos capelães e dos professores de educação cristã,
escritos com o objetivo de analisar dois enfoques, o da instituição e o dos
profissionais: “O que se espera dos capelães e dos professores de ensino religioso
das escolas batistas” (Apêndice E) e “As necessidades dos capelães e dos
professores de ensino religioso das escolas batistas” (Apêndice D); um texto no qual
o autor faz uma síntese das práticas, princípios e teologia distintivos dos batistas
(Apêndice B) e um esboço da compreensão deste autor sobre as características da
chamada “pós-modernidade” (Apêndice C)
Um dos documentos em anexo é o “Código de Ética do Capelão” (Anexo S),
elaborado pelo pastor Damy Ferreira em seu livro Capelania Escolar Evangélica,1 e
adaptado pelo autor desta dissertação. É anexado, ainda, um modelo do formulário
1
FERREIRA. São Paulo: Rádio Transmundial, 2008
19

elaborado juntamente com os capelães do SBME para coletar sugestões e opiniões


dos alunos e funcionários (administrativos e docentes) a respeito da capelania
(Anexo U). São apresentadas também algumas fotos dos alunos em ações
promovidas pela capelania (Anexo X), os fac-símiles dos cadernos usados pelo
Projeto “Ética e Caráter na Escola” (Anexo Q) e o currículo usado pelos capelães e
professores de Educação Cristã ou Ensino Religioso nos colégios do SBME (Anexo
R) entre outros anexos que serão citados no escopo do trabalho.
O autor fez entrevistas com seis capelães das unidades escolares do SBME.
Foram feitas oito perguntas iguais para todos eles, sem que um conhecesse a
resposta do outro. A partir das respostas dadas foi possível elaborar uma parte deste
trabalho dissertativo. Eles sinalizaram suas necessidades, seus principais desafios,
as estratégias que usam, seus projetos entre outras coisas. A transcrição dessas
entrevistas é o Apêndice A deste trabalho.
Muitos são os capelães em atividade, mas poucos escrevem sobre seu
trabalho. Dois livros sobre o assunto foram recentemente lançados: Capelania
Escolar Evangélica de Damy Ferreira, citado anteriormente e Manual de Instrução do
Capelão Escolar: fazendo a diferença no ambiente escolar, de Márcio Alexandre dos
Santos, ambos publicados pela Rádio Transmundial, em São Paulo, no ano de 2008.
Dois trabalhos monográficos de conclusão de curso de graduação em Teologia de
1999 e 2008 também tratam do assunto. Ironicamente, nenhum desses autores
trabalhou diretamente com Capelania Escolar. Seus livros foram escritos a partir de
testemunho, entrevistas e observações do trabalho de capelães escolares. A falta de
vivência na área é percebida em vários momentos, nesses textos. Duas pequenas
mais substanciosas apostilas, produzidas por dois capelães batistas, ajudaram muito
na fundamentação deste trabalho, a de Ruben Eduardo Cordeiro e a de Paulo
Roberto Sória, capelães escolares de larga e longa experiência, cujas idéias estão
expressas em apostilas, palestras, artigos e convivência pessoal do autor com eles,
citados nas referências.
O assunto desta dissertação está relacionado à área de Práxis Religiosa e
Sociedade do programa de Mestrado em Ciências da Religião da Universidade
Metodista de São Paulo , por estudar um fenômeno de cunho religioso (capelania
confessional) que acontece num ambiente da sociedade (escola) e que intervém
nesse social buscando transformá-lo.
20

Um fenômeno para ser considerado uma “práxis”, segundo Florestan, precisa


ser uma ação libertadora, radical, criadora e reflexiva que leve a mudança. Precisa
ser uma ação criadora e não meramente reiterativa 2, uma ação reflexiva e não
exclusivamente espontânea 3, uma ação libertadora e de nenhum modo alienadora 4 e
uma ação radical, mas não reformista 5.
Para ser considerada “religiosa” ela precisa estar respaldada ou
fundamentada por uma teologia, uma intenção de relação com o transcendente. Um
compromisso de colocar em prática os pressupostos e as exigências da fé.
O serviço de capelania de uma escola confessional, e em especial do SBME,
é uma “práxis religiosa”. Ele atende aos quatro pressupostos indicados por
Floresta n. Primeiro, tem uma intenção e uma ação criadora, inovadora e não
somente repetidora, reiterativa, na medida em que busca novas estratégias de ação
para desenvolver seu trabalho e envolver o aluno. Segundo, porque leva os alunos a
uma ação reflexiva, crítica dos conteúdos através das aulas com debates, das ações
sociais e, principalmente pelo Projeto Ética e Caráter na Escola (apresentado no
capítulo 4). Eles são levados a refletir sobre a importância, as vantagens e o
significado de cada boa virtude e ação. Terceiro, a capelania promove uma ação
libertadora. Através de mensagens e dos diversos programas ela procura
conscientizar os alunos das vantagens e desvantagens em assumir virtudes e ações
positivas. Eles terão a liberdade de adotá-las ou não, assumindo, conscientes, as
conseqüências de sua decisão. O programa é libertador, pois não aliena o
participante, nem lhe impõe uma única alternativa, evitando ser proselitista. Quarto,
a capelania tem uma intenção radical e não apenas reformista. Na sua ação pastoral
a capelania escolar busca uma mudança total dos maus hábitos e de caminhos
inadequados eventualmente adotados pelos alunos. Espera-se, subjacentemente,
conversão à radicalidade do evangelho de Cristo .

2
FLORISTAN C. Teologia Prática: teoria e Práxis de la Accion Pastoral, p. 179.
3
Idem, p.180
4
Idem, p.180.
5
Idem, p.180.
21

1 OS COLÉGOS BATISTAS, A DENOMINAÇÃO BATISTA E A


CAPELANIA ESCOLAR

A história dos colégios batistas no Brasil se confunde com o surgimento da


denominação batista brasileira. Alguns colégios batistas, como os de Recife, de São
Paulo e do Rio de Janeiro, têm tempo de fundação que coincidem com a
organização da denominação batista no Brasil, há mais de 100 anos 6.
O surgimento dos colégios e da denominação foi fruto do trabalho missionário
pioneiro principalmente dos batistas do sul dos Estados Unidos que aqui chegaram
na segunda metade do século XIX.
Em geral, com fundos recebidos das igrejas norte-americanas adquiriam
terrenos estratégicos e, num mesmo espaço, construíam um colégio, um seminário e
um templo batista. Esse modelo de tripla função de uma mesma extensa
propriedade está presente em grandes centros como o Rio de Janeiro, São Paulo,
Vitória, Recife e Belo Horizonte. Esse modelo também se repete nas grandes
propriedades dos metodistas, presbiterianos, luteranos entre outros grupos
denominacionais históricos7.

1.1 Os colégios batistas e a denominação batista

A denominação batista no Brasil é formada pela união cooperativa de cerca de


7.000 igrejas organizadas e 4.0008 missões9 batistas ligadas à chamada Convenção
Batista Brasileira (CBB), esta com sede na cidade do Rio de Janeiro. Os chamados
batistas somam hoje cerca de 1.800.000 membros 10, sendo que aproximadamente

6
PEREIRA, José dos Reis. História dos Batistas no Brasil. Rio de Janeiro: JUERP, 1991
7
FERREIRA, Ebenézer Soares. Centenário do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Rio de
Janeiro, O Jornal Batista, 10.jun.2008.
8
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 2009.
9
Grupos de pessoas que se reúne sob o patrocínio de uma igreja organizada com o fim de constituir-
se futuramente em igreja organizada, também chamada de “congregações”.
10
Conforme Censo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2001. Existem outros
grupos denominados de Batistas, como os Batistas Regulares, Bíblicos, Independentes, do Sétimo
Dia entre outros que se denominam batistas. A soma dos membros das igrejas batistas, incluídos os
da Convenção Batista Brasileira, somavam em 2.000, 1,8 milhão.
22

1.350.00011 estão ligados à CBB. A CBB é formada pelo conjunto de suas igrejas
locais. As igrejas locais também se organizam em por meio de convenções
estaduais (hoje são 24 convenções estaduais) e associações regionais (dentro de
cada estado). 12 Mas, cada conve nção estadual tenha autonomia para tomar suas
decisões administrativas.
A CBB não tem nenhum colégio de educação básica (Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Médio) ligado diretamente a ela. Somente estão ligados a ela,
e a têm como mantenedora, os três grandes seminários de formação teológico-
ministerial: Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (no Rio de Janeiro),
Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (em Recife) e o Seminário Teológico
Batista Equatorial (em Belém). O Seminário Equatorial já tem seu curso de Teologia
reconhecido pelo MEC. O Seminário do Sul tem seu curso de Teologia autorizado
13
pelo MEC. O Seminário do Norte ainda não tem o credenciamento do MEC.
Quase todas as convenções estaduais possuem pelo menos um colégio
batista ligado a ela. A instituição, foco do presente estudo, o Sistema Batista Mineiro
de Educação, que congrega cinco colégios, uma faculdade, um instituto de idiomas
e três projetos sociais, está ligada diretamente à Convenção Batista Mineira, que
tem sua sede na cidade de Belo Horizonte.
Além dos colégios batistas ligados às convenções estaduais, há também
colégios ligados a igrejas ou sociedade e fundações ligadas a igrejas batistas. Há,
ainda, colégios pertencentes a igrejas batistas locais, colégios pertencentes a
sociedades formadas por crentes batistas e colégios pertencentes a donos que
professam a fé batista e que dão o nome e orientação confessional batista aos seus
colégios.
Hoje, há 90 colégios batistas no Brasil14. Esses colégios se uniram para

11
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 2009.
12
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 2009.
13
O Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil tem também o Curso de Pedagogia reconhecido e
em 2009 recebeu do MEC autorização para funcionamento curso de Licenciatura em Música.
14
Segundo informa a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCOLAS BATISTA, 2009. (Com sede em Belo
Horizonte, à Rua Sabará 769, Floresta, BH.MG). Relação das escolas no Anexo Y.
23

formar a Associação Nacional de Escolas Batistas (ANEB). 15 A maioria dos colégios


batistas sofre com os males que afetam todo o setor educacional brasileiro, como: o
empobrecimento da classe média, a redução do número de filhos das famílias, a
imensa concorrência, a inadimplência, favorecida pela legislação e, também, por
certo amadorismo na gestão dessas escolas. Algumas estão fechando suas portas,
outras resistem bravamente.16

1.1.1 As igrejas batistas locais, lideranças denominacionais e os colégios batistas

Ainda que os grandes colégios pertençam às convenções estaduais de


igrejas, essas mesmas igrejas, e, em especial, seus membros, de uma maneira
geral, têm um sentimento generalizado expresso em assembléias convencionais17
de que não se sentem “proprietários” nem dos colégios próximos a elas. Com isso,
afirmam os discursos de líderes pastores ou leigos que as igrejas não se sentem
motivadas a orar, apoiar e promover os colégios.
Também, as entidades denominacionais que servem as igrejas não têm
desenvolvido parcerias e esquemas de cooperação. As gestões dos colégios
batistas, por diversas razões, que fogem aos objetivos deste trabalho descrevê-las,
isolam-se, consciente ou inconscientemente, do restante da denominação, buscando
se proteger do excesso de ingerência e por outras razões. Não é à toa que os
líderes denominacionais costumam ser mais contundentes, críticos e, às vezes, até
hostis no trato das dificuldades dos colégios.

1.1.2 Ações de cooperação dos colégios batistas para com as Igrejas

Com o objetivo de servir às igrejas e de aproximar a instituição delas, os


colégios batistas geralmente oferecem descontos ou bolsas para filhos de pastores
15
A adesão à ANEB é voluntária e depende da disposição de cada escola participar. Contudo, os
colégios batistas ligados às convenções estaduais têm obrigação maior de manter o funcionamento
da ANEB, como membros natos ou fundadores, de acordo com o Regimento Interno da NEB.
Relação das escolas no Anexo Y.
16
VIEIRA, Walmir. Não Abram Colégios Batistas, publicado em O Jornal batista, em 10.06.2004, p. 8.
17
Assembléias anuais ou bienais em que a entidade mantenedora do ou dos colégios presta seu
relatório aos convencionais (representantes das igrejas).
24

na ativa e aos membros das igrejas cooperantes.


Além disso, muitos deles disponibilizam suas dependências (auditório, salas,
quadras etc.) para serem utilizadas pelas igrejas, sem custo ou com um custo
simbólico. Alguns colégios oferecem patrocínio para eventos ou projetos das
instituições denominacionais, especialmente as que desenvolvem trabalho com
adolescentes, jovens, senhoras, homens e pastores (congressos, ações sociais,
retiros etc.) Alguns (bem poucos) oferecem apoio na reforma ou construção das
salas das entidades denominacionais18.
Os colégios batistas, também, utilizam-se de pastores locais para servirem
como capelães ou professores de educação cristã.19
Em alguns colégios batistas estaduais, funcionam em suas dependências
(sem custo ou com apenas o rateio das despesas) faculdade de Teologia ou
seminário teológico. Ainda que compartilhem das mesmas instalações, a gestão
dessas instituições teológicas não está ligada à direção do colégio. Além disso,
alguns colégios oferecem apoio à Convenção de seu estado na realização de ações
missionárias, disponibilizando: alimentação, transporte, material evangelístico e mão
de obra. Também, muitos colégios doam às igrejas móveis, carteiras e outros
equipamentos que não lhes servem mais ou foram substituídos. 20
No entanto, essas ações não são tão frequentes como poderiam ser ou não
são tão conhecidas como deveriam ser. Se acontecessem mais, elas poderiam
ganhar o comprometimento maior das igrejas e a simpatia dos pastores para com o
colégio, tornando os membros da igreja aliados e divulgadores do colégio. Também
poderiam melhorar o relacionamento com as outras entidades denominacionais, que,
em geral, precisam de bem pouco dos colégios para terem suas principais
necessidades atendidas.
Ainda mais. Os colégios podem e devem atuar dentro do conceito de empresa
18
Entidades denominacionais são organizações ligadas à Convenção, que atuam em áreas
específicas do trabalho da denominação batista (jovens, mulheres, homens, comunicação, educação
teológica e educação secular entre outras)
19
A exemplo, todos os sete capelães do SBME e 4 dos 7 professores da disciplina Eduicação Cristã
são pastores efetivos ou auxiliares das igrejas locais. Os capelães dos Colégios Batistas do Rio,
Recife, Maceió, Manaus são pastores de igrejas locais,.
20
Palestra “Integração entre colégios batistas e denominação”, proferida por Walmir Vieira no
Congresso “Transformação Integral”, ocorrido em jun./2006, nas dependências do Colégio Batista
Mineiro em Belo Horizonte. Em 2005, o SBME adquiriu cerca de 400 carteiras novas para substituir
as antigas. Essas antigas foram doadas a várias igrejas.
25

cidadã, consciente e preocupada com o social, patrocinando ações relevantes e


significativas no contexto em que estão inseridos.
Em função da natureza não econômica (não lucrativa) da grande maioria dos
colégios batistas, eles não podem distribuir lucro ou transferir recursos para projetos
que não estejam ligados diretamente à sua finalidade ou às suas ações empresariais
(como pedagógico, custeio e marketing), os gestores dessas escolas tomam cuidado
para evitar caracterização documental de repasse de verba. Os colégios,
geralmente, procuram controlar o que podem ou não podem fazer ao ajudar ações e
projetos denominacionais e precisam ter recursos e disponibilidade para atender,
principalmente, as demandas de seu próprio calendário de ati vidades escolares;
O cuidado às vezes exagerado e os temores acima da medida com as
questões legais têm servido de álibi para que muitas escolas batistas, mesmo as
ligadas diretamente à denominação, sirvam menos às igrejas e a denominação
como poderiam.
Têm se observado que alguns gestores de colégios têm usado o seu poder de
emprestar as dependências da escola, doar móveis e utensílios e patrocinar eventos
para se fortalecer politicamente, especialmente em momentos de crise de gestão.21
De todas as escolas batistas no Brasil, apenas as de Recife, Campos,
Fortaleza e Minas Gerais detêm o Certificado de Filantropia22 e, por isso, estão
obrigadas pela legislação específicas para as Entidades de Assistência Social a
gastar 20% de sua receita em gratuidades e projetos educacionais para a população
de baixa renda. Para atender essa exigência, o SBME mantém três unidades
educacionais que atendem exclusivamente a alunos de famílias com renda inferior a
23
um salário mínimo per capta . Muitos membros mais pobres das igrejas batistas e

21
VIEIRA, Walmir. Entrevista: A força da confessionalidade. Revista Soma, Rio de Janeiro, Ano 6, n.
12, p. 16-19, 2009.
22
Certificação concedida pelo Conselho Nacional de Ação Social (CNAS) que, pela concessão de
20% de gratuidade aos mais pobres, isenta a instituição dos tributos federais, estaduais e municipais
e do recolhimento da parte patronal da contribuição para o INSS sobre a Folha de Pagamento.
23
As unidades do Colégio Batista em Nova Contagem, o Núcleo de Socialização Infanto-juvenil, no
bairro Jatobá, em Belo Horizonte, e o programa de Profissionalização e Alfabetização de adultos
realizado na sede do colégio em Belo Horizonte.
26

das comunidades mais pobres são contemplados com bolsas de estudos integrais
ou quase integrais. 24

1.2 A origem do Sistema Batista Mineiro de Educação

O SBME 25 teve início com a criação da Escola Baptista Americana Mineira,


em Belo Horizonte, no dia 1º de março de 1918, por iniciativa dos missionários Otis
P. Maddox e sua esposa Efigênia Maddox (Anexo A). A primeira turma foi formada
por 13 alunos, alguns filhos dos próprios missionários e outras crianças batistas. A
escola começou no próprio salão de cultos da Primeira Igreja Batista de Belo
Horizonte, à época localizada na Rua Tupinambás, 527.26 A professora dessa
27
primeira classe foi a própria Efigênia Maddox.
Segundo o Professor Armindo de Oliveira Silva (2002), ex-diretor do SBME e
historiador, duas tentativas de se organizar uma Escola Batista em Belo Horizonte
aconteceram no final do século XIX, mas não prosperaram em função de diversas
razões. Impunha-se a necessidade de se ter uma escola batista, pois os filhos dos
batistas e de outras denominações evangélicas eram discriminados nas escolas
públicas. O autor, fala ainda que:

Se atentarmos para as palavras do fundador no dia da abertura da escola


veremos que sua finalidade era bem estreita [;;;]: para que os filhos dos
batistas, discriminados na escola pública, bem assim as crianças de outras
denominações religiosas, também preteridas, pudessem ter uma escola
democrática, onde não eram levadas em conta questões de cor, raça,
crença e classe social. (SILVA, 2002, p. 27)

Embora tenha sido o fato de os alunos batistas estarem sendo discriminados


nas escolas públicas em função de sua condição de evangélicos, a razão mais
urgente que motivava a criação da escola batista, segundo Silva (2002, p. 27), na

24
No SBME estudam 1.200 alunos,(conforme relatório bienal para a Assembléia da Convenção
Batista Mineira de 2008) com bolsa integral. Estes precisam comprovar que fazem parte de um grupo
de vulnerabilidade social e que sua família tem renda per capta de até um salário mínimo.
25
Essa nomenclatura de SBME só começou a ser usada nos anos 90 do Século 20.
26
SILVA, Armindo de Oliveira Silva. Uma Estrela que brilha na Floresta: memórias de um.
educador batista.Belo Horizonte: Colégio Batista Mineiro, 2002. p. 23.
27
SILVA, idem, p.. 24
.
27

mente dos missionários havia outros planos e outros objetivos grandes e duradouros
“que justificavam plenamente a existência de uma Escola Batista, não para esta fase
da história, mas para sempre. Na realidade o colégio não foi fundado para socorrer
28
emergência, foi criado para defender princípios”.
Novos alunos foram sendo agregados à escola. A necessidade de se adquirir
um espaço mais amplo se impunha. Por apelo do casal Maddox, que dirigia a Escola
no seu início, com recursos da Missão Batista do Sul do Brasil, entidade ligada à
Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos,
sediada em Richmond, foi adquirida uma ampla gleba de terra próxima ao centro da
cidade, no dia 04 de dezembro de 1920, propriedade de 225.109 metros quadrados
e, com ela, o Palacete Dr. Sabino Barroso, situado na Rua Pouso Alegre, 605, no
Bairro Floresta.29
Segundo Silva (2002), a aquisição dessa imensa propriedade e o palacete
como sede deu ao colégio, algum tempo depois, condições de crescer. Depois das
dificuldades iniciais para abrir a mata, parte da propriedade foi loteada e vendida.
Com os recursos levantados com a venda foi possível a construção de instalações
maiores e melhores. Foram construídos, inclusive, dois prédios para funcionarem
como internatos masculino e feminino e atender aos alunos que vinham do interior
estudar na capital. Mas, com a expansão do ensino para o interior, a necessidade
dos internatos diminuiu e os prédios foram transformados em salas de aula.30
Em seu início, o Colégio Batista foi uma escola primária, mas já na primeira
assembléia da Convenção Batista Mineira, em 1918, discutiu-se a necessidade de
funcionar o curso secundário.
O Quadro 1, a seguir, representa a Evolução Histórica desta instituição:

Evolução histórica – Sistema Batista Mineiro de Educação


1918 Organizado o Colégio Batista com 13 alunos, pelos missionários
1920 Adquirida a chácara e o Palacete Sabino Barroso, com 225.109
1920 Assume a direção F. A. R. Morgan
1921 60 alunos

28
SILVA, idem, p. 27
29
Palacete - Anexo B
30
SILVA, idem, p. 20
28

1927 134 alunos


1927 Dois diretores interinos: J. R. Allen e Miss Jennie Lu Swearingen.
1928 Assume a direção W. H. Berry
1929 97 alunos
1928 a Loteamento e venda de terrenos da área adquirida
1931
1931 Volta à direção J. R. Allen
1932 Construção do prédio do internato masculino, Rua Ponte Nova, 555(
1933 Volta à direção o casal fundador: O.P. Maddox e Efigênia Maddox
1937 Assume a direção interina o Dr. S. L. Watson e, depois,
1939 Primeiro diretor brasileiro, Dr. Alberto Mazoni Andrade
1944 Assume a direção a esposa do Dr. Alberto, D. Ida Moratti Mazoni
1945 Inauguração do prédio de aula da Rua Plombagina.
1946 Novos diretores assumem: Arnaldo e Edna Harrington (americanos)
1947 Implantação do Curso Científico
1948 Construção de mais cinco salas
1949 Implantação do Curso Normal
1950 Inauguração do Internato Feminino (atual prédio das Séries Iniciais)
1959 1.342 alunos
1964 Implantação do Instituto Teológico Batista Mineiro, com 50 alunos
1965 1.566 alunos
1965 Além das duas quadras, o colégio ainda tinha mais 80 terrenos.
1966 Assume a direção o Prof. Armindo de Oliveira Silva
1968 2.213 alunos
1968 Inaugurado o novo prédio da administração, Rua Ponte Nova, 665
1968 Comemoração dos 50 anos
1975 5.160 alunos
1980 6.782 alunos
1981 Inauguração do Colégio Batista de Ouro Branco, com 362 alunos
1983 7.300 alunos
1987 Inaugurado o Colégio Batista de Betim
1988 Assume a direção-geral o Prof. Ader Alves de Assis, auxiliado pelo diretor
administrativo e financeiro, Pr. Sílvio Franco de Oliveira Filho, e pelo diretor
pedagógico, Prof. Lenir José da Silveira
1991 1.438 alunos em Ouro Branco, 1.233 em Betim, 7.898 em BH, Total:10.569 alunos
1994 6.269 em BH, 982 em Ouro Branco, 757 em Betim = 8008 alunos
1996 6.350 alunos em BH + 1.184 em OB + 988 em Betim + 436 no IBI + 126 no STBM
= 9.084
1998 Inaugurado o Colégio Batista de Uberlândia, com 303 alunos.
1998 6.464 alunos em BH + 676 em OB + 832 em Betim + 137 no STBM +467 no IBI +
303 em Uberlândia = total: 8879
29

1999 Assume a direção a chamada Triarquia 31 (Pr. José Rene Toledo, superintendente,
Sr. Felício de Oliveira, assessor administrativo financeiro, e Pr. Ader Alves de
Assis, diretor-geral) .
2000 Assume o Prof. Lenir José da Silveira no lugar do Pr. Ader, na chamada
triarquia
2000 4.980 alunos em BH + 529 em OB + 748 em Betim + 466 em Uberlândia + 138 no
STBM + 480 no IBI = 7676
- Criação da Faculdade Batista de Minas Gerais, com o curso de
Administração.
2001 Assume o lugar do Prof. Lenir Silveira, na triarquia, como coordenadora
pedagógica, a Profa. Marilene Coutinho Cavalcante
2001 7.626 alunos
2002 Inauguração da unidade filantrópica de Nova Contagem
2002 Assume a direção-geral o Prof. Walmir Vieira e é extinta a triarquia.
2002 7.910 alunos
2003 7.973 alunos
2004 Criação da unidade de alfabetização de jovens e adultos em BH - Implantação do
Curso de Direito da Faculdade Batista - 7.670 alunos
2005 7.984 alunos
2005 7.984 alunos
2007 8.080 alunos- Autorização do MEC para funcionamento do curso de Teologia.32
2008 Criação do Programa de Qualificação Profissional em BH - Criação do Núcleo
Batista de Socialização Infanto-juvenil em BH - 8.220 alunos
2008 Em junho de 2008 assume a direção-geral do SBME o professor Valseni Pereira
Braga.
Quadro 1: Evolução histórica – Sistema Batista Mineiro de Educação
Fonte: Documento: Planejamento Estratégico do SBME para 2007 a 201333,.

1.3 O Sistema Batista Mineiro de Educação Hoje

A Convenção Batista Mineira hoje é composta por quase 900 igrejas batistas
localizadas em 620 dos 850 municípios mineiros 34 e está ligada por espontânea
cooperação à Convenção Batista Brasileira (CBB), mas têm autonomia para gerir

31
Triarquia é o nome dado a um grupo de interventores que assumiu o SBME em momento de
diversas dificuldades.
32
Planejamento Estratégico do SBME, publicado em 2007.
33
Idem, p. 6.
34
Livro do Mensageiro à Assembléia da Convenção batista Mineira, realizada em Janaúba, em julho
de 2008, pagina 20. Belo Horizonte: Conselho Coordenador da DBM, 2008.
30

suas atividades. A Convenção Batista Mineira (CBM) bienalmente, se reúne em


assembléia para ouvir e aprovar os relatórios de suas entidades e renovar a
composição dos Comitês e da Junta de Educação da CBM. A Junta de Educação
35
recebe também o nome de “Comitê de Educação” . É formada por 12 (doze)
membros indicados e referendados pela Assembleia da Convenção 36 e mais 7 (sete)
componentes da diretoria da Convenção,37 totalizando 19 (dezenove) seu colegiado,
A Junta reúne-se trimestralmente para acompanhar o andamento do Sistema Batista
Mineiro de Educação.
Os membros de todos os comitês (Educação, Educação Cristã, Evangelismo e
Ação Social, mais os presidentes das Associações regionais de igrejas) formam o
Conselho Geral da Convenção Batista Mineira, órgão decisório maior que funciona
no interregno das assembléias bienais. Todas as decisões significativas dos comitês
precisam ser referendadas pelo Conselho.38
O Comitê de Educação ou Junta de Educação da Convenção Batista Mineira
elege um diretor-geral para desenvolver atividades executivas das instituições,
acompanhar o desempenho e promover o desenvolvimento de todas as unidades do
Sistema Batista Mineiro de Educação (SBME). Esse diretor-geral tem mandato de
cinco anos podendo ser renovado por mais cinco anos, e não mais, segundo o
Estatuto da entidade39.
A Junta de Educação da Convenção Batista Mineira (JECBM) é a
organização, pessoa jurídica, mantenedora do Sistema Batista Mineiro de Educação
é o um nome “fantasia”.
O SBME é formado por um conjunto de cinco escolas, uma faculdade, um
instituto de idiomas e três projetos sócio-educacionais.

35
Há, também, os Comitês de Ação Social, de Evangelismo e de Educação Cristã.
36
Os doze membros recebem mandatos para comporem a Junta de Educação por seis anos.
37
Os 7 componentes da Diretoria da Convenção fazem parte da Junta de Educação pelo período em
que compõem a diretoria (dois anos ou mais, se reeleitos, conforme Estatuto da CBM).
38
ESTATUTO DA CONVENÇÃO BATISTA MINEIRA, 2009.
39
ESTATUTO DA JUNTA DE EDUCAÇÃO DA CONVENÇÃO BATISTA MINEIRA, Belo Horizonte:
JECBM, 2002., artigo 22.
31

O SBME tem em 2009, 7.531 alunos matriculados 40. Destes, 1.35041 são
bolsistas integrais e em torno de 3.500 são bolsistas parciais42. Apenas 3.000 alunos
pagam integralmente.
Como quase toda escola particular, o Sistema sofre com uma inadimplência
que começa com 30% no mês de março e termina com 15% em dezembro. Destes
15%, apenas 8% são recuperados ao longo dos anos, e em torno de 7% representa
perda financeira anual43. Isto é, além de oferecer 20% de bolsas, ainda precisa
enfrentar mais 7% de perda com inadimplência. Por essa razão, a situação
financeira de instituições educacionais confessionais e filantrópicas costuma não ser
muito tranqüila.
O SBME tem sua maior e principal escola em Belo Horizonte. Dois grandes
quarteirões onde estudam cerca de 3.400 alunos, desde a Educação Infantil até o
Ensino Médio. São 13 prédios que também abrigam a Faculdade Batista de Minas
Gerais, (Anexo C) 44. Nesse espaço em BH também se concentra toda a parte
administrativa do Sistema. Os setores diversos (Departamento de Pessoal,
Compras, Transportes, Obras e Manutenção, Jurídico, Programação Visual,
Marketing etc.) prestam serviço a todas as unidades, inclusive as mais distantes,
como a de Uberlândia, otimizando os resultados e diminuindo custos.
Na cidade de Belo Horizonte ficam também o Instituto Batista de Idiomas
(Anexo D)45, no mesmo bairro (Floresta). Na sede, utilizando as dependências do
colégio em Belo Horizonte, dezenas de jovens e adultos pobres são alfabetizados e
podem estudar até a oitava série do ensino fundamental através do projeto EJA
(Educação de Jovens e Adultos). O Sistema oferece o ensino gratuito, lanche e todo
o material didático.
No bairro Jatobá, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, o SBME mantém
40
Anexo Z – Relação das Unidades do SBME com o número de matriculados em 2008 e em 2009.
41
Neste número estão incluídos alunos que são filhos dos funcionários administrativos e docentes
que têm bolsa integral por acordo coletivo de trabalho entre o sindicato patronal e das classes.
42
Caderno do Conselheiro, Relatório das Atividades da Direção-geral, preparado para a Reunião do
Conselho da CBM pelo Conselho Diretor, mar./2009, p. 14-18.
43
Livro do Mensageiro, Assembléia da Convenção Batista Mineira, Janaúba, 2008, p.182.
44
Conforme Relatório da Direção-geral, ao Conselho Geral da CBM em Março de 2009, Foto ____.
45
Idem, Foto Anexo D. No Anexo Z a relação completa com os números de matriculados em 2008e
2009.
32

o Núcleo de Socialização Infanto-juvenil, onde atende a 100 crianças e adolescentes


de 6 a 14 anos (Anexo E) 46 no contra-turno da escola, com alimentação, reforço
escolar e atividades socializadoras, em parceria com o Projeto NAF (Núcleo de
Apoio à Família) da Prefeitura de Belo Horizonte.
A unidade de Betim, a 40km de Belo Horizonte, tem hoje 787 alunos (Anexo
F)47. A de Uberlândia (a 600km de Belo Horizonte, no triângulo mineiro) tem
585(Anexo G) 48. A de Ouro Branco (a 120km de Belo Horizonte) tem 510 alunos na
Educação Básica e 205 nos Cursos Técnicos (Anexo H) 49.
A unidade de Nova Contagem é exclusivamente filantrópica. Lá estudam 465
crianças de 3 a 6 anos sem nada pagar (Anexo I) 50. Oferece ensino, alimentação,
uniforme e material escolar. A parceria com a Prefeitura e com a ONG “Casa de
Apoio de Nova Contagem” viabiliza essa ação.
Em todas essas unidades o Projeto "Ética e Caráter na Escola” é desenvolvido
com maior ou menor eficiência. Cada unidade tem um capelão responsável por
desenvolver o projeto e dirigir as chamadas “assembléias” (cultos semanais com os
diversos segmentos de alunos). Além do capelão, algumas unidades têm
professores, também chamados de capelães auxiliares, para ministrar em sala de
aula a disciplina de Educação Cristã, Filosofia e Ética Cristã. Os capelães também
reservam parte do seu tempo para ministrarem essas disciplinas em sala de aula.
(Anexo J) 51 Ao todo são seis capelães, 15 auxiliares de capelania ou professores de
Educação Cristã e o capelão-geral. Todos desenvolvem seus programas de ensino
com base a virtude em destaque naquele mês ou bimestre52.
A Faculdade Batista está procurando caminhos para implantar o Projeto em
sua estrutura programática. A entidade mantenedora entende que na Faculdade
deve ser criado o espaço de testemunho cristão e que o Projeto do Caráter

46
Idem, foto Anexo E
47
Idem, foto Anexo F
48
Idem, foto, Anexo G
49
Idem, foto Anexo H
50
Idem, foto Anexo I
51
No anexo J são apresentados os conteúdos ministrados nessas disciplinas.
52
Anexo K - Projeto “Ética e Caráter na Escola”, além dos conteúdos das disciplinas.
33

viabilizaria isto.
O capelão-geral coordena o projeto e acompanha os capelães e professores
de Educação Cristã das unidades, não obstante estarem subordinados à direção das
unidades locais. Esta dupla submissão não tem gerado, até então, nenhum
problema, conforme eles declararam em entrevista feita. Reuniões periódicas dos
capelães e professores de Educação Cristã servem para aprimorar e corrigir rumos
do Projeto.
Na próxima página é apresentado o organograma de funções do Sistema
Batista Mineiro de Educação retirado do Planejamento Estratégico do SBME de
2006 a 2013 (Figura 1). Para melhor compreensão dele são apresentados alguns
esclarecimentos:

Figuras 03 - Organograma do Sistema Batista Mineiro de Educação


Explicação do Organograma:

a) O órgão máximo de decisão é a Assembléia da Convenção Batista Mineira que ocorre


bienalmente.

b) No interregno das Assembléias da CBM o Conselho Diretor responde e tomas as decisões. A


Diretoria da Convenção é a diretoria do Conselho Diretor.

c) A Assembléia nomeia os membros da Junta de Educação da Convenção Batista Mineira, da qual


também faz parte a Diretoria da Convenção.

d) A Junta de Educação da CBM elege e demite o Diretor geral do SBME, com anuência do Conselho
Diretor, e acompanha seu trabalho.

e) A Capelania geral é ligada diretamente à Direção-geral e cada unidade tem seu capelão. Este tem
dupla subordinação: capelão-geral e com a direção da unidade
34

Figura 1: Organograma do Sistema Batista Mineiro de Educação


Fonte: Documentos: Atividades da Capelania das Séries Finais do CBM 2005
35

1.4 O desenvolvimento da capelania do Sistema Batista Mineiro de Educação

O trabalho de capelania mais estruturado só teve início no SBME em


meados da década de 70 do século passado. No entanto, desde a sua fundação,
mais propriamente a partir de 1921, o Colégio já tinha em seu currículo o que se
chamava “aula de Bíblia”. As lições eram passadas por meio das aulas de História
Sagrada e das Assembléias, que eram encontros semanais de todos os alunos nos
quais cantavam-se cânticos cristãos e se ouviam mensagens extraídas dos
evangelhos. Segundo Rubens Eduardo Cordeiro, capelão-geral, em palestra:

de um modo geral, esses momentos eram conduzidos por pastores


especialmente convidados. Pastores que deixaram muita saudade, como
o Pr. Murylo Cassete e o Pr. Ruy Franco de Oliveira. O pastor Ruy foi
quem, pela primeira vez, organizou um programa de estudos bíblicos
53
para todas as séries, seguido durante muitos anos. .

Somente na década de 70 é que, considerando o grande crescimento da


escola, evidenciou-se a necessidade de um serviço de capelania mais bem
estruturado. O primeiro capelão dessa nova fase foi o Pastor Júlio de Oliveira
Sanches 54, que atendia os alunos, funcionários e professores nas suas dificuldades
de relacionamento e em questões da vida espiritual. Além desse atendimento, o Pr.
Júlio fazia reflexões bíblicas com todos os setores da escola. O modelo seguido foi
mais ou menos o mesmo da capelania militar.
A capelania mantem intensa interação com a escola como um todo
(pedagógico e administrativo, alunos, funcionários e familiares), especialmente nas
confessionais, onde o trabalho pastoral é reconhecido como importante. No caso do
SBME e nos colégios confessionais de uma maneira geral, as lideranças
denominacionais dão grande importância ao trabalho da pastoral escolar. No SBME
a capelania interage com as diversas áreas do Sistema, de diversas maneiras.
Segundo Rubens Eduardo Cordeiro (2008), a capelania interage:
a) por meio das “assembleias” (cultos ou louvor) com os alunos;
b) nos aconselhamentos;
c) por meio das visitas aos enfermos nos hospitais e nos lares de alunos,
53
Palestra proferida por Rubens Eduardo Cordeiro no Workshop sobre Capelania, realizado no
Auditório da Direção Geral em 11 de dezembro de 2008. Dados em Poweirpoint. Da palestra..
54
Foto Anexo L
36

professores e funcionários em geral;


d) por meio da presença solidária nos velórios e sepultamentos;
e) por meio da avaliação de material didático à luz dos princípios ético-morais
ressaltados pela nossa Confissão de Fé; e,
f) por meio dos cultos especiais, dos cultos setoriais, nas formaturas, sempre
55
trazendo uma palavra inspirativa.

1.5 A estrutura da capelania do Sistema Batista Mineiro de Educação

Para funcionar bem, a capelania escolar precisa de uma adequada estrutura


tanto de recursos materiais como de pessoas. Muitas capelanias se ressentem
dessas coisas. Crêem poder prestar um serviço melhor se fossem providas da
estrutura ideal abaixo descrita.

1.5.1 Estrutura Física

Conforme foi observado em capelanias visitadas pelo autor (Colégio Batista


do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Vitória e de Minas Gerais) e através do registro
das idéias surgidas numa atividade livre de “explosão de idéias”. O espaço ideal
construído e os equipamentos necessários para o bom funcionamento de uma
capelania são:
1) Um espaço chamado “Sala de Oração”, onde os alunos e pais podem ir
para seus momentos devocionais, uma espécie de capelinha, e onde houvesse
alguém responsável para incentivar seu uso e manter organizado o espaço.
2) Pelo menos três salas. Uma para o prévio atendimento, com uma
secretária, e duas para atendimento mais particular. Essas salas precisam ser
confortáveis, principalmente a sala do atendimento privativo. “Quem chega com
problema interno deve ter ambiente externo favorável e aconchegante”, alegaram.
3) Mesa com cadeiras confortáveis para cada sala.
4) As salas para atendimento podem ter sofás individuais, para tornar o
atendimento mais agradável.
55
CORDEIRO, em palestra, op cit p. 4..
37

5) A capelania deve ser provida dos seguintes equipamentos:


- Computador de grande performance, com vários programas instalados e, se
possível, um laptop de transporte fácil.
- Impressora colorida.
- Scaner com copiadora.
- Projetor de multimídia.
- Telefone com linha para contato com alunos e pais.
- Flip Shart
- Tela para projeção portátil.
- Equipamentos de som portáteis.
- Instrumentos musicais: teclado e violão, pelo menos.
6) A capelania deve ter alguns acervos colocados em estantes ou em
arquivos:
- Várias versões da Bíblia.
- Algumas Bíblias de Estudo.
- Livros sobre Metodologia de Ensino e Didática.
- Livros de Educação Cristã produzidos por outras confissões religiosas.
- CDs com músicas cristãs que podem ser usadas em sala de aula.
- DVDs com filmes, documentários ou curiosidades bíblicas para também
serem apresentados em aula.
- Concordância Bíblica, Dicionário Bíblico, Mapas Bíblicos e Enciclopédia
Bíblico-teológica.
- Livros que oferecem idéias para Dinâmicas de Grupo.
- Caixas de arquivo contendo figuras ampliadas (que também podem ser
digitalizadas) para ajudar na visualização de histórias bíblicas.
7) A capelania deve estar posicionada em local de fácil acesso dos alunos.
Sempre deve haver alguém de plantão, para atendimentos de emergência, ainda
que seja a secretária ou assistente.
8) A capelania deve estar sempre limpa, com um bom cheiro e, se possível,
com um som ambiente de músicas evangélicas. 56
No caso do SBME, cerca de 80% dessa estrutura, segundo os capelães, está
disponível a eles.
56
FERREIRA, 2008, p. 45.
38

1.5.2 Estrutura de Pessoal

Quanto à estrutura de pessoal, é apresentada abaixo a existente no SBME,


com exceção da coordenação pedagógica da capelania, que tem sido uma
reivindicação da capelania à direção-geral:

1) Um Capelão-geral
2) Capelães de Unidade. Tantos quanto for o número de unidades, podendo
alguns atenderem a d uas ou mais unidades, se estiverem no mesmo quarteirão.
3) Professores de Educação Cristã ou Ética Cristã, que são chamados
também de Auxiliares de Capelania, conforme o número de turmas, para ministrarem
as disciplinas.
4) Coordenação Pedagógica da Capelania. Esta é uma função que já existe
em algumas escolas batistas. Seria a pessoa responsável por ajudar os professores
na elaboração de aulas, na avaliação dos conteúdos a serem ministrados, na
preparação de apostilas, na elaboração, junto com os professores, de estratégias
didático-pedagógicas para tornar as aulas de Educação e Ética Cristã ainda mais
interessantes. Essa pessoa precisa ter formação teológica e pedagógica, com
experiência na área de capelania e em sala de aula.
Sória (1996) reconhece a importância desta pessoa na equipe de capelania e
a chama de Supervisora pedagógica, com as seguintes funções:

São atribuições do Supervisor Pedagógico de Educação Religiosa:


a. elaborar, sob a orientação do Capelão e junto aos professores desta
equipe, a linha programática de Educação Religiosa para todos os cursos
do Colégio, assim como sua metodologia, estratégias e recursos, de acordo
com os objetivos desta Assistência Espiritual e com os fins do Colégio
Batista, definidos no Regimento;
b. supervisionar a rotina pedagógica de Educação Religiosa, cuidando para
o cumprimento dos programas, utilização dos meios didáticos, versatilidade
nos diários de classe e instrumentos adequados;
c. fazer-se representar nos encontros da equipe técnica de Coordenação
Administrativa, de Supervisão Escolar e de Orientação Educacional;
d. participar dos conselhos de classe e das reuniões de professores,
levando sua colaboração de análise e avaliação na dimensão de sua área
de atuação;
e. promover a integração da Educação Religiosa com as demais disciplinas
57
do currículo.

57
SÓRIA,1996, p. 06.
39

5) Secretária da Capelania. Pessoa responsável por agendar os


aconselhamentos, pelo atendimento das demandas de digitação, arquivo e outras
rotinas da capelania. Serviria tanto ao Capelão-geral quanto à Coordenadoria
Pedagógica da Capelania.
6) Assistentes de Capelania, que podem ser seminaristas ou estagiários,
responsáveis pela montagem e manuseio dos equipamentos, pelos cânticos
58
(tocando e ministrando) e no auxílio da disciplina.

1.5.3 Organograma da estrutura atual59


Direção-Geral do SBME

Capelão-Geral do
SBME

Capelães de Unidades

Auxiliares da Capelania
(Professores de Educação, Ética e
Filosofia Cristã)

Figura 2: Organograma atual da Capelania do Colégio Batista Mineiro - SBME


Fonte: Documentos: Atividades da Capelania das Séries Finais do CBM, 2005.

58
SANTOS, 2008, p.26.
59
Documento “Atividades da Capelania das Séries Finais do Colégio batista Mineiro”, p.1.
40

Explicação do Organograma:

a) O Capelão Geral, sob a Direção-geral do SBME


b) Os capelães das unidades prestam contas de seu trabalho ao Capelão geral
c) Os capelães auxiliares que são os professores de Educação Cristã, Filosofia Cristã e Ética cristã
recebem orientação dos capelães de unidade;

1.5.4 Proposta de Nova Estrutura - Organograma de Função

JECBM

Direção-Geral

Capelania- Geral Direção da


Unidade

Capelania
da
Unidade

Coordenação Coordenação
Pedagógica da Pedagógica do
Capelania Segmento

Secretaria da
Capelania

Docentes de Educação Religiosa


(Auxiliares de Capelania)

Apoio Musical, de
Mídia e Som

Figura 3: Proposta de Nova Estrutura - Organograma de Função. Foi construído pelo grupo de
capelães reunidos no Workshop realizado no dia 11 de dezembro de 2008, no auditório da Direção-
geral do SBME. Ele reflete parte do que já existe e acrescenta a figura da Coordenação Pedagógica
da capelania, cujas funções estão acima discriminadas.
Fonte: Apostila: Capelania Escolar Batista: Possibilidades e Desafios, produzida por Walmir Vieira, em
2008 para o Workshop de Capelania.
41

2 A CAPELANIA ESCOLAR

Para entender melhor o que é uma capelania escolar, o ideal é,


primeiramente, é preciso conhecer o que é “capelania”, como surgiu essa prática e o
caminho que percorreu até chegar a ela. Isto é, um espaço de atuação bem mais
específico nos dias de hoje.

2.1 Capelanias e capelania escolar

2.1.1 O que é capelania

A capelania é um serviço de apoio e assistência espiritual comprometida com


uma visão da integralidade do ser humano (corpo, emoções, intelecto, espírito). A
capelania pode ser exercida em regimentos militares, hospitais, presídios, asilos,
escolas etc. Ela tem a função de orientar e encorajar nos momentos de crise,
buscando reavivar a fé e a esperança. Faz-se presente nos momentos em que as
crises da vida são compartilhadas no aconselhamento pastoral, nas visitas aos
doentes nos hospitais, consolando e trazendo alento nos velórios (Informação
verbal).

2.1.2 A origem do termo “capelania”

Para entender o significado do termo há uma história que se conta que


fundamenta a origem do nome capelania.
A palavra “capelania”, portanto, tem sua origem na expressão “capa
pequena ”. A idéia é de alguém que empresta, compartilha ou cede sua capa ou
parte dela para proteger e abrigar o utro alguém das intempéries da vida.
Segundo Cordeiro (2008):

Conta-se que um certo Martinho de Tours, soldado romano que viveu na


época de Constantino, no século IV d.C., estava pensando em se tornar
cristão, mas estava em conflito consigo mesmo. Em uma noite muito fria,
frio de “rachar”, no inverno de 338, ele cavalgava de volta para sua casa
quando avistou um mendigo. Movido de compaixão, rasgou sua capa em
duas partes e deu a metade para aquele homem que parecia não suportar
42

mais a baixa temperatura. Naquela mesma noite, teve um sonho. No sonho,


Jesus Cristo aparecia com a metade da capa que dera ao mendigo. Aquela
experiência fez com que entregasse sua vida a Jesus Cristo com o objetivo
de ajudar a todos os que sofriam. Quando contou o sonho para outras
pessoas, ele chamou à metade daquela capa de capa pequena ou “capela”.
Essa capa foi preservada, e no sétimo século foi guardada em um oratório
que, por isso, passou a chamar-se cappella. Com o passar do tempo esse
termo passou a designar qualquer oratório e, com isso, o sacerdote que era
encarregado desses oratórios passou a ser chamado de cappellanus -
capelão. Em torno do século XIV, a palavra cappella passou a designar
generalizadamente qualquer pequeno templo destinado a acolher o Cristo
60
no acolhimento dos irmãos mais necessitados (MATEUS 25:31-40)

Não se sabe ao certo se a história é verdadeira ou totalmente verdadeira. No


entanto, ela passou à História e justificou o termo. A história de uma maneira
significativa ilustra e sintetiza p trabalho da capelana. Um trabalho de acolhimento,
apoio e incentivo em nome e por representação divinas. E esta ilustração se aplica
em qualquer realçidade onde a necessidade de uma assistência espiritual e material
se fizer necessária. Segundo Cordeiro (2008)

no seio da escola ou de um hospital ou de um regimento do exército, o


serviço de capelania pretende promover acolhimento, suporte emocional e
espiritual, solidariedade e companheirismo. Assim como “a capela” de
Martinho de Tours trouxe um pouco de calor ao Cristo que se escondia na
pele daquele sofrido mendigo do século IV d.C., do mesmo modo, o capelão
abriga ao que sofre, traz um pouco de alento ao solitário, compartilha com o
outro um pouco mais de fé, um pouco mais de esperança, um pouco mais
de amor. É essa a ação que primordialmente caracteriza o exercício da
61
capelania (Informação verbal) .

Na França, era costume transportar uma relíquia religiosa, como o oratório de


São Martin de Tours (Anexo O), para os acampamentos militares em tempo de
guerra. Montava-se uma tenda especial e a relíquia era posta ali, onde era mantido
um sacerdote para ofícios religiosos e aconselhamento. A tenda foi chamada de
“capela”. 62A capelania tem sua origem no terreno militar, pelo menos com esse
nome. Naturalmente, sempre houve, em todos os tempos pessoas que ministravam
a outras em momentos de necessidades.

60
Cordeiro em. palestra escrita “O trabalho da Capelania no Sistema Batista Mineiro de Educação”,
proferida por Rubens Eduardo Cordeiro em: 11.12.2008, no Auditório da Direção-geral do SBME, p. 6.
Ilustração no Anexo O.
61
CORDEIRO, idem, 2008 p.6
62
FERREIRA, 2008, p. 36.
43

No Brasil, a capelania evangélica se fez presente na figura emblemática entre


os batistas do Pastor João Filson Soren, considerado oficialmente o primeiro capelão
militar evangélico, com atuação expressiva durante a Segunda Guerra Mundial, na
Europa.
Ainda segundo Cordeiro 63,

a menção à capelania militar como “a mãe de todas as capelanias” no Brasil


é muito importante. No Brasil, a capelania se iniciou no exército brasileiro,
a
tendo prestado relevantes serviços especialmente no tempo da 2 Guerra
Mundial. Era chamada de capelania castrense, por se referir ao que é
próprio da vida na caserna (alojamento dos soldados no quartel), à vida
militar. A palavra castrense vem do latim castra, castrorum, significando
acampamento militar, vida regrada, disciplinada, leal, honesta e rígida
dentro das normas militares. Cabia ao capelão militar prestar assistência
religiosa nas diversas situações da vida, contribuindo para a formação
moral, ética e social dos integrantes das Unidades Militares em todo o
Brasil. É considerado o primeiro capelão evangélico do Brasil o Pastor João
64 65
Filson Soren , conhecido como o Combatente de Cristo. Serviu na Força
Expedicionária Brasileira (FEB) entre 1944 e 1954. Viveu quase um ano na
Itália e recebeu mais de dez condecorações militares, inclusive a Cruz de
Combate de 1º classe, a mais alta honraria do Exército Brasileiro. Na Itália,
o
servindo no glorioso Regimento Sampaio, que era o 1 Regimento de
o
Infantaria e atendendo também o 11 Regimento de Infantaria, o capelão
Sorem ouvia os dramas, as angústias e os sonhos dos soldados brasileiros
a
que lutavam bravamente na 2 Guerra Mundial. O trabalho de capelania foi
de tal maneira reconhecido que foi instituído no dia 21 de junho, pela Lei
Municipal número 3983/2005, o Dia do Capelão Evangélico, em memória ao
nascimento do ilustre Combatente de Cristo, o Pastor João Filson Sorem.
Na verdade, a capelania militar, desde os tempos de Martinho de Tours até
ao Pastor Soren, estabeleceu o padrão para o funcionamento de todas as
capelanias. O modo como deve atuar um capelão, suas ações, seu modo de
ser e agir parte, sem dúvida nenhuma, desse inesquecível modelo de
66
referência.

Capelania é, então, uma espécie de espaço do sagrado, de apoio espiritual,


de consolo dentro das instituições que a adotam. Atualmente sabe-se da existência
de capelães e capelania militar, hospitalar, governamental, prisional e escolar ou
universitária. Em algumas denominações como a Metodista e Católica capelanias

63
Anexo N; Rubens Eduardo ordeiro, Atual Capelão-geral do SBME
64
Anexo M - Pastor João Filson Soren
65
Segundo Lima, em sua monografia “A relevância da Capelania escolar”, “o primeiro registro de
capelania militar evangélica no Brasil data de 1828, no Rio Grande do Sul, através do pastor luterano
Fredrich Christiab Klingelhoffer. Pastor Friedrich dirigia uma pequena comunidade alemã na cidade
de Campo Bom e morreu em 1838 em pleno campo de batalha da revolução farropilha.” (LIMA,
(2008, p.69)
66
Palestra proferida por Rubens Eduardo Cordeiro no Workshop sobre Capelania, dez. 2008.
44

são chamadas de “pastorais”, um termo mais contemporâneo e mais abrangente.

2.1.3 Capelania Escolar

A capelania escolar é um dos ramos da capelania, voltada para a ação


pastoral dentro das escolas (infantil, fundamental, média e universitária). É a fé se
concretizando no dia-a-dia da escola através dos atos solidários, na presença amiga
quando se enfrenta as dores da alma e no levar a mensagem de Cristo.
Por diversas razões, o oferecimento de serviço de capelania parece encolher
ou ser menos presente a cada década, não obstante aumentarem a necessidade
dele e crescerem os desafios que as escolas enfrentam, os quais a capelania muito
ajudaria a enfrentar. Os desafios aumentam, mas, ao mesmo tempo, os fatores
intimidadores ou limitadores para uma ação pastoral mais efetiva também crescem.
A crítica parece generalizada no mundo evangélico: as escolas cristãs não
estão cumprindo o aspecto de sua missão evangelizadora e pastoral, que estava na
gênese de sua criação e no sonho dos pioneiros que as fundaram, e que as
diferenciavam das outras escolas seculares. 67
Segundo a Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas
(ABIEE), que congrega as associações de escolas adve ntistas, presbiterianas,
metodistas, batistas e luteranas, cerca de 60% dos alunos matriculados nas escolas
confessionais evangélicas não são evangélicos68. Qual a razão dessa preferência?
As famílias estariam buscando nas escolas confessionais, consciente ou
inconscientemente, uma ajuda para solucionar problemas que estão acima de suas
possibilidades de resolver no processo de criação e formação de seus filhos num
tempo de tantas complexidades e crises como este.
Há crises de toda sorte atingindo as vidas das pessoas neste tempo. Crises
espirituais, emocionais, éticas, sociais e existenciais que afetam famílias, alunos e
67
Tem sido as afirmações de alguns líderes batistas nas Assembléias convencionais estaduais, de
que as escolas batistas não têm evangelizado como em outros tempos. Em outros termos, elas não
têm evidenciado tanto sua confessionalidade como desejado por eles. A preocupação não se
restringe ao ambiente batista. Outras denominações como Presbiteriana e Metodista, suas lideranças
têm mostrado semelhante preocupação. Há um movimento de maior identificação denominacional e
confessional crescente nessas escolas, a começar por assumir o nome denominacional, como os
presbiterianos na razão social ou nome fantasia de suas instituições educacionais.
68
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES EVANGÉLICAS EDUCACIONAIS. Relatório para
os Associados, dezembro de 2007, p. 4.
45

escola. Sobre a capelania tem sido colocada uma grande expectativa de buscar
caminhos para lidar adequadamente com elas, pois influenciam o ambiente escolar e
o desempenho dos estudantes. Evidentemente, a expectativa é maior que as
condições e as possibilidades do serviço ou dos profissionais capelães podem
atender. O enfoque deste estudo é a capelania escolar, especialmente na Educação
Básica. O serviço de capelania (pastoral) escolar geralmente é oferecido pelos
colégios confessionais e por alguns colégios de direção evangélica.
O público-alvo do serviço de capelania escolar é variado. São assistidos
colaboradores do corpo docente e administrativo, alunos e seus familiares e
responsáveis diretos, enfim, todos os que se envolvem ou são envolvidos no
processo educativo e que estejam passando por conflitos nas esferas pessoal e
familiar. Ainda que não sejam capacitados para lidar profissionalmente com todos
os tipos de problemas, os capelães escolares, inevitavelmente, se depararão com
todos eles e terão que dar conta.
O Projeto Político Pedagógico do SBME afirma que os alunos que enfrentam
problemas familiares e crises pessoais normalmente apresentam baixo rendimento,
desinteresse pelos estudos, baixa auto-estima, indisciplina, revolta, comportamentos
violentos, atos beligerantes de tendência criminosa 69. A capelania precisa estar apta
a lidar com esses comportamentos e essas reações, que acontecem no ambiente
escolar, e saber trabalhar com uma equipe multidisciplinar (psicólogos, pedagogos e
médicos) na busca de soluções para eles.
Portanto, a capelania escolar atua no ambiente escolar:
a) por meio das aulas de Ensino Religioso (ou Educação Cristã);
b) por meio das assembléias e horas de louvor;
c) por meio do aconselhamento pastoral;
d) por meio da presença solidária nos velórios e sepultamentos;
e) por meio dos cultos especiais, setoriais, nas formaturas;
f) por meio das visitas aos enfermos nos lares e hospitais;
g) por meio da avaliação de material didático à luz dos princípios ético-morais
que constam de nossa Confissão de Fé.

69
Colégio Batista Mineiro. Projeto Político-Pedagógico, 2004, p. 12.
46

2.1.4 A importância do serviço de capelania escolar

O serviço de capelania contribui de forma decisiva na definição da identidade


de uma escola confessional. A sua existência revela que o discurso da
confessionalidade não se restringe a um arrazoado de idéias, mas que a fé se
concretiza nos atos solidários e na ate nção especializada ao que sofre; na te ntativa
de diminuir as dores da alma. Segundo Cordeiro:

Em uma sociedade tão problemática, que luta tão desesperadamente na


busca de algum sentido, que presencia o caos do excessivo individualismo,
da solidão e da perda de referências, o compromisso das escolas
confessionais na evangelização de todos os que circulam pelo universo da
escola é imprescindível. Evangelizar aqui significa levar a todos a
mensagem de salvação em Cristo de uma maneira não proselitista. Em
outras palavras, ensinar a Palavra de Deus através das histórias bíblicas,
através de cânticos de louvor, teatro, programações especiais como o Dia
dos Pais, o Dia das Mães, a Páscoa, aniversário do Colégio, o Dia da Pátria,
enfim, pregar a Palavra Divina a tempo e fora de tempo. Esse é, sobretudo,
70
o espaço de atuação da capelania escolar.

2.2 Os objetivos da capelania escolar

Para as escolas confessionais é imprescindível a presença da capelania. O


serviço dos capelães e as aulas de ER (cristão) são o que, fundamentalmente,
diferencia uma escola confessional.
A escola é um campo missionário. Os capelães e seus auxiliares constituem-
se em edicadores-missionários. Não é um simples emprego, é uma missão. Milhares
de jovens e seus familiares podem ser influenciados e ajudados com um trabalho
bem feito pela capelania.

São relacionados abaixo, de “a” a “z”, os objetivos e a necessidade da


existência da capelania e de sua importância vital numa escola cristã evangélica.
Esses objetivos foram relacionados a partir das entrevistas com os capelães e das

70
Palestra escrita “O trabalho da Capelania no Sistema Batista Mineiro de Educação”, proferida por
Rubens Eduardo Cordeiro em 11.12.2008, no auditório da Direção-geral do SBME
47

leituras de livros e textos relacionados ao assunto 71. São os seguintes, na visão


deste autor:
a) Mostrar a fé e a espiritualidade através das atividades e palavras dos
capelães e professores de Educação Cristã.
b) Compartilhar a fé através dos aconselhamentos, atendimentos de cunho
espiritual e orações individuais.
c) Inovar em sua prática pedagógica para que a rica mensagem que possui
possa chegar aos alunos com beleza, criatividade e inteligência, despertando-lhes o
interesse.
d) Ser um espaço de aconselhamento e de despertamento de consciência e
de vocação.
e) Ser um lugar de ministração de palavras de consolo, exortação e conforto
para quem está passando por momentos de tensão e necessidade.
f) Também ser uma área responsável por ministrar e reforçar princípios de
ética e fé ligados à confissão para que esses atuem preventivamente para que o seu
público-alvo seja instrumentalizado quando lidar com as situações estudadas.
g) Respeitar o direito do indivíduo quando este não aceitar ajuda.
h) Ser um espaço de encorajamento de alunos e funcionários, ajudando-os a
se fortalecerem nos momentos de crise.
i) Trabalhar em conjunto com psicólogos e coordenadores da escola.
j) Ser um lugar de debate dos fundamentos da pedagogia e do projeto
pedagógico da escola, para aperfeiçoar seu trabalho e estar em sintonia com outros
profissionais.
k) Contribuir para que toda a comunidade acadêmica tenha oportunidade de
vivenciar a espiritualidade e a comunhão entre si.
l) Estimular o desejo da pessoa de se relacionar com Deus.
m) Ser uma voz profética dentro da escola para a necessidade das pessoas
buscarem o reino de Deus e a sua justiça.
n) Ensinar princípios de autoridade responsável, sábia e influenciadora aos
pais, líderes e mestres.
o) Um lugar de auxilio amoroso, sempre que necessário, dando orientação ao
71
Alguns desses objetivos constam nos Livros “Manual do Capelão Escolar”, “Capelania Escolar
Evangélica”, na monografia de graduação “Capelania Escolar na ótica dos Batistas” e aqui foram
modificados livremente.
48

aluno sobre o procedimento inadequado que teve, levando-o a uma reflexão bíblica
sobre os seus atos.
p) Ouvir as pessoas aflitas. Muitas só desejam ser ouvidas.
q) Ser responsável pelo gerenciamento de todo o projeto Ética e Caráter na
Escola, desde sua tradução até sua divulgação, incluindo capacitação dos
professores para usá-lo. Ver no Projeto um grande diferencial da escola cristã,
cuidando para que ele seja sempre de caráter cristão e não humanista.
r) Ajudar a direção-geral a ser guardiã dos princípios e doutrinas que rezam a
confessionalidade da escola.
s) Ser a parte da escola, inserida no todo, que diferencia uma escola
confessional de outra não confessional, assumindo sua função diferencial com
responsabilidade, compromisso cristão e espírito de missão.
t) Uma área de envolvimento dos professores no Projeto do Caráter e ajudar,
em particular aos que tiverem mais dificuldade, a aplicá-lo à mensagem cristã.
u) Cuidar para que os cultos que acontecem nas solenidades de formatura,
abertura e encerramento do ano letivo etc. sejam bem elaborados e tenham uma
significativa mensagem cristã.
v) Ser um canal de mediação de conflitos e tensões, principalmente quando
eles podem ser resolvidos por uma mediação pastoral e espiritual.
w) Dar suporte espiritual à direção-geral e aos diretores de unidade,
intercedendo por e com eles.
x) Zelar para que músicas, festas, cartazes, textos etc. que são produzidos
pela escola expressem adequadamente a mensagem cristã.
y) Procurar ajudar a toda a estrutura de pessoal a manter um bom clima
organizacional e, se necessário, intervir junto ao setor competente para que algo que
esteja trazendo mal-estar seja resolvido.
z) Ser uma espécie de espaço do sagrado na escola.
Paulo Roberto Sória, Capelão por mais de 15 anos dos Colégios Batistas
Shepárd, no Rio de Janeiro e Colégio Batista Brasileiro, em São Paulo, entende que
os objetivos da capelania são assim descritos:

1. A Capelania do Colégio Batista como componente básico da estrutura


escolar e como agente da formação integral da criança e do adolescente,
visa:
a. o despertamento do educando para os valores humanos e cristãos,
49

conforme os ensinamentos do Evangelho, criando no Colégio um ambiente


de integração fraterna e de sadia espiritualidade;
b. a reflexão e a prática dos fundamentos cristãos no espaço da vida, de
acordo com os princípios revelados nas Sagradas Escrituras.

2. O Capelão assume a responsabilidade pastoral do Colégio e é nomeado


pela Junta de Educação em comum acordo com o Diretor Geral, ou
contratado por este com anuência daquela.

3. A orientação pelo Capelão do colégio far-se-á sistematicamente,


individual e coletiva mente, utilizando para tanto os meios de comunicação e
os recursos didático-pedagógicos que se fizerem necessários.

4. Para planejar e executar o programa de Educação Religiosa, o Capelão


contará com uma Equipe Pedagógica. Tal equipe constituir-se-á de um
supervisor e de todos os professores de Educação Religiosa, bem como de
auxiliares de capelania nas áreas de música, aconselhamento,
acampamentos, secretaria, etc. - Os professores de Educação Religiosa
serão selecionados pelo Capelão e nomeados pelo Diretor Geral.

5. Como parte integrante das grades curriculares, a Educação Religiosa, em


forma de atividade eminentemente educativa e formativa, tem freqüência
obrigatória e indispensável para a permanência do aluno no Colégio.
- A dispensa de algum aluno da freqüência na atividade regular de
Educação Religiosa será de responsabilidade exclusiva do Diretor Geral,
72
obedecidos os dispositivos constitucionais de liberdade religiosa.

2.3 As funções dos capelães escolares no SBME

O trabalho da capelania é tão complexo e tão abrangente que em uma escola


de 500 alunos seria necessário que o capelão desse tempo integral, dedicação
exclusiva, e tivesse uma formação em várias áreas de saberes afins à sua função ao
mesmo tempo. Além disso, teria que ter uma equipe grande de auxiliares
(professores) para as ministrações das aulas de Educação Cristã, com tempos a
mais para dividir com ele (ou ela) a tarefa da capelania. Imagine isso no universo de
colégios batistas em que suas unidades têm entre 600 a 2.200 alunos cada.
No entanto, a realidade econômica da escola nem sempre permite ter os
capelães em tempo integral, com salário condizente, como seria ideal. Por essa
razão, muitas tarefas não podem ser executadas tão bem e outras nem podem ser
cumpridas.
Mas não se pode deixar de mencionar o que se espera do capelão-geral, dos
capelães de unidade e dos auxiliares de capelania.

72
SÓRIA, Paulo Roberto. Capelania Escolar: Conceituação e objetivos. São Paulo, 1996. (Apostila)
50

De acordo com o Regimento Interno do SBME, cabe à capelania:

CAPÍTULO III
DO SERVIÇO DE CAPELANIA

Art. 57. A Escola, por sua natureza confessional, terá profissionais com
formação específica para atuar na Educação Cristã, no aconselhamento
pastoral e nas assembleias cívico-religiosas.

Parágrafo Único. A Educação Cristã buscará respeitar as diferenças


73
religiosas dos alunos. (SISTEMA BATISTA MINEIRO DE EDUCAÇÃO,

Cordeiro (2008) destaca que a capelania embora ajude a prevenir a


indisciplina, não é responsável por coibi-la ou puni-la. A capelania não pode ser
confundida com uma inspetoria ou com uma área disciplinar, sob pena de os alunos
se antipatizarem e ela perder seu espaço de influência. Nem pode ser confundida
com orientação pedagógica, para que não perca sua finalidade espiritual.

Não é função da capelania cuidar da disciplina da escola, embora participe


dos debates e contribua o máximo que pode; não é função da capelania
cuidar de questões ligadas ao Departamento de Pessoal, embora possa
ajudar na orientação de algum processo; não é função da capelania fazer
orientação pedagógica, embora esteja sempre disposta a ajudar naquilo que
for necessário etc.74

Em entrevista 75 dirigida aos capelães do SBME, foi perguntado a eles quais


eram as funções do capelão escolar, especialmente no SBME. As respostas abaixo
são apresentadas aqui de maneira sintetizada 76 e os itens repetidos por outro
capelão não são mencionados:

Cuidar da confessionalidade da escola; aconselhar” - “visitar os enfermos” -


“confortar e consolar nos momentos de perda” - “dirigir os cultos diários e os
especiais (Páscoa, Dia das mães, Dia dos Pais e etc.)” - “conduzir e
supervisionar as aulas de Ensino Religioso, Filosofia Cristã e as
Assembleias dos alunos e etc” (Rubens Eduardo Cordeiro)."Coordenar o
trabalho de Educação Cristã”. - “Auxiliar a direção da Unidade
(principalmente nas questões relacionadas à Filosofia da Escola)” “Atender
e orientar famílias, funcionários e alunos” (José Paulo) ”Aconselhar,
orientando alunos, familiares de alunos, e funcionários”. - “Auxiliá-los
espiritualmente”, - “viabilizar momentos para que os mesmos ouçam a

73
Regimento aprovado pela Junta de Educação da CBM em 2002.
74
Cordeiro, “O trabalho da capelania do SBME” em palestra escrita já citada anteriormente, p.5.
75
Apêndice A
76
As respostas completas estão no Apêndice A
51

mensagem bíblica”. - “Confortá-los em momentos necessários (luto,


separação familiar, enfermidades etc)” - “Possibilitar a interação e boa
relação entre escola e família” (Ierson) “educar”, “confortar”, “lecionar”,
“atender espiritualmente a comunidade escolar”.(Helio Spyer) Alemar
respondeu vários itens já mencionados.

As funções que este trabalho conseguiu relacionar, tiradas das entrevistas e


da prática diária da capelania do SBME, relacionadas às funções de capelão-geral e
capelães auxiliares são as seguintes:

2.3.1 Do Capelão-geral do SBME

1) Coordenar todo o serviço de capelania do SBME, respondendo diretamente


ao diretor-geral.
2) Designar capelães de unidade, mediante autorização do diretor-geral, e
capelães auxiliares (professores de Educação Cristã), estagiários de capelania e
voluntários para atuarem em áreas específicas e na ajuda do atendimento a
estudantes, famílias e funcionários da instituição.
3) Assegurar a observância do Regimento Escolar.
4) Convocar reuniões periódicas da sua equipe para planejamento,
organização de atividades e avaliação de desempenho e de conteúdos.
5) Dirigir ofícios fúnebres de funcionários ou familiares destes e de familiares
de aluno, quando solicitado.
6) Representar a escola em solenidades externas, a pedido da direção-geral.
7) Planejar e coordenar atividades evangélicas na escola com sua equipe, em
datas especiais, sempre em parceria com a diretoria da unidade.
8) Manter um bom relacionamento com os funcionários, professores e alunos
e ser um exemplo de fé, testemunho cristão e comportamento ético.
9) Acompanhar todo o processo de formatura das turmas, falando nos cultos,
trabalhando para que se evitem excessos.
10) Encaminhar alunos e funcionários a profissionais especializados cuja área
de atuação fuja de seu conhecimento e atuação.
11) Realizar cultos semanais nas dependências da escola com os
funcionários.
12) Coordenar e capacitar os professores e outros capelães a desenvolverem
52

o Projeto Ética e Caráter na Escola.


13) Zelar para que o ensino de educação e ética cristã reflita a
confessionalidade batista.
14) Selecionar e preparar o material do Projeto Ética e Caráter na Escola
PECE) para que ele esteja pronto em tempo hábil, bem como avaliar com a equipe a
sua eficácia.
15) Acompanhar o trabalho de cada capelão de unidade, requerendo dele
relatórios de suas atividades e oferecendo apoio e orientação em suas
dificuldades. 77

2.3.2 Dos Capelães de Unidades

1) Desenvolver sua atividade em harmonia com as orientações da capelania


geral e da direção da unidade, reportando-se a ambos, buscando conciliar eventuais
discrepâncias.
2) Coordenar e desenvolver todo o serviço de capelania (pastoral) de sua
unidade.
3) Dirigir ofícios fúnebres a pedido da família do aluno ou da escola, e cultos
especiais, a pedido da direção.
4) Estender seus atendimentos aos familiares dos alunos e funcionários, em
hora de aula, por correspondências e/ou telefone.
5) Representar a unidade escolar em outras solenidades externas a pedido da
direção da unidade.
6) Planejar e coordenar atividades evangélicas na escola com sua equipe, em
datas especiais, sempre em parceria com a diretoria da unidade.
7) Manter um bom relacionamento com os funcionários, professores e alunos
e ser um exemplo de fé, testemunho cristão e comportamento ético.
8) Acompanhar os alunos e professores em atividades extraclasse, tais como:
viagens, excursões e jogos estudantis.
9) Acompanhar todo o processo de formatura da turma para que se evitem
excessos, tais como: bebedeiras, orgias e drogas.
10) Ajudar na realização de programas nas datas comemorativas que
77
Esta lista de funções foi construída pelo autor e aperfeiçoada e aprovada pelo capelão-geral do
SBME e será incorporada ao Regimento Interno da Capelania que está em elaboração.
53

celebrem a família: Ano-Novo, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal etc., em
consonância com as coordenações.
11) Encaminhar alunos e funcionários a profissionais cuja área fuja de seu
conhecimento e atuação.
12) Realizar cultos semanais nas dependências da escola com alunos e
funcionários, tendo a ajuda para isso dos auxiliares de capelania (professores de
Educação Cristã).
13) Fazer visita a alunos que estejam doentes, oferecendo-lhes assistência
espiritual.
14) Promover e ajudar em todos os programas extracurriculares patrocinados
pela instituição, a menos que sejam delegados a outros.
15) Atender alunos e funcionários, ajudando-os a superar crises familiares,
emocionais, espirituais, de luto, de doenças físicas, com o apoio da oração, da
Palavra de Deus e das ferramentas do aconselhamento cristão.78

2.3.3 Dos Auxiliares de Capelania

1) Ministrar aulas de religião, cumprindo as orientações curriculares.


2) Ajudar o capelão da unidade a desenvolvendo tarefas por ele designadas.
3) Reportar-se tanto à coordenadora do segmento quanto ao capelão da
unidade.

2.3.4 Processos e de atividades da capelania79

O setor de capelania do SBME tem uma lista de tarefas para serem


desenvolvidas pelos capelães. Algumas dessas tarefas já foram apresentadas
anteriormente, mas o documento completo é reproduzido abaixo:

1) Aconselhamento (RC).
2) Análise de Livro Paradidático (RA).
78
Esta lista também foi elaborada pelo autor, a partir de suas vivências, apresentada ao capelão-
geral do SBME, Rubens Eduardo Cordeiro, que fez alguns acréscimos e será incorporada ao
Regimento da Capelania.
79
CASTRO, Virgínio de. Capelania Escolar na ótica dos Batistas. 1999. Monografia (Conclusão de
curso)- STBM, Belo Horizonte.
54

3) Assembleia Religiosa de Aluno. (RP)


4) Assembleia Denominacional. (RA)
5) Assessoria Religiosa. (RC)
6) Atendimento. (MP)
7) Atividade Musical nas Assembléias.(MP)
9) Aula de Educação Cristã.(MP)
10) Coordenação do Ensino Religioso.(RP)
11) Coordenação-Geral da Capelania. (RP)
12) Coordenação do Projeto Ética e Caráter na Escola. (RA)
13) Cultos Comemorativos.(RA)
14) Cultos de Período Letivo. (RC)
15) Cultos Setoriais.(RP)
16) Distribuição de Literatura.(RP)
17) Encaminhamento de Decididos.(RP)
18) Encaminhamento a Profissionais Auxiliares.(RC)
19) Estágio de Aluno de Teologia e Música.(RP)
20) Estágios de Outros Colégios.(RA)
21) Formação do Corpo de Profissionais Auxiliares.(RC)
22) Hora de Louvor.((RC)
23) Meditação em Eventos.(RA)
24) Palestras e Cursos.(RA)
25) Produção e Atualização de Apostilas Didáticas.(RA)
26) Produção dos Livros do Projeto do Caráter.(RC)
27) Produção e Atualização do Currículo de Ensino Religioso. (RP)
28) Produção e Atualização do Livro de Cânticos.(RA)
29) Produção e Atualização do Manual de Capelania Escolar. (RP)
30) Produção e Atualização dos Planos de Curso. (RA)
31) Produção e Atualização dos Formulários da Capelania.(RP)
32) Produção de Literatura de Apoio.(RC)
33) Produção de Textos para Jornais, Assembleias e Programas (RC).
34) Projeto de Extensão aos Pais.(RA)
35) Relatório Periódico para o Comitê de Educação.(RA)
36) Representação Denominacional.(RC)
37) Reunião Periódica de Avaliação.(RA)
38) Simpósio Anual de capacitação.(RC)
39) Solenidade de Formatura.(RC)
40) Supervisão de “Clubinhos Bíblicos” (RC).
41) Visita a Hospitais.(JM)
42) Visita a Residências.(JM))
80
43) Apoio em velórios (JM).

2.4 O perfil ideal dos capelães escolares

O capelão é o sacerdote, pastor ou padre a quem se confia de modo estável o


cuidado de alguma comunidade específica ou grupo particular de pessoas, mas não
uma igreja.. É o encarregado dos ofícios religiosos e o apoio espiritual do e para o
grupo.
É impossível a qualquer capelão ou auxiliar de capelania conseguir reunir em
80
CASTRO, Virgínio de. Capelania Escolar na ótica dos Batistas. 1999. Monografia (conclusão de
curso)- Seminário Teológico Batista Mineiro, Belo Horizonte. As letras colocadas no final de cada
tarefa refere-se as iniciais dos nomes do capelão ou auxiliar de capelania responsável pela atividade.
55

si todas as características esperadas de um capelão ideal, conforme mencionadas


mais a frente. Mas, apesar disso, pode-se ter ou construir o perfil ideal com
praticamente todas as características desejadas ou esperadas de um excelente
capelão(ã) para servir como alvo, por isso, neste subtópico é chamado de “perfil
ideal”.
Cabe a cada capelão perseguir este perfil ideal. Procurar estar mais próximo
possível dele. Ele serve de inspiração, de obje tivo. Devemos verificar as áreas em
que precisamos melhorar para investir tempo, estudo e treinamento nelas.

2.4.1 O que significa ser capelão

Na visão de Rubens Eduardo Cordeiro, como capelão batista há mais de 20


anos, ser capelão escolar significa possuir pelo menos treze aspectos:

1) Ser vocacionado. As atividades exercidas por um capelão exigem mais


do que simplesmente formação profissional. O capelão deve se sentir
chamado por Deus para a realização de uma tarefa que, sem dúvida
nenhuma, é primordial para uma escola de natureza confessional.

2) Ser um bom ouvinte. Trata-se de uma habilidade que é pré-requisito na


formação do capelão. Saber ouvir é ser empático, é ser capaz de se
deslocar na direção do mundo do outro de tal modo a entender suas dores,
suas dúvidas, suas angústias. É empático aquele que estrutura a sua
relação com o outro além dos limites impostos pela apatia, atitude em que
se considera o outro com indiferença; além dos limites da antipatia, em que
o outro é de antemão rejeitado; além dos limites da simpatia, em que o outro
é tratado com uma certa deferência, mas não se toma nenhuma atitude para
ajudá-lo.

3) Possuir mente aberta. Um capelão, ainda mais no universo da escola,


lida com pessoas oriundas dos mais diversos ambientes, das mais diversas
estruturas familiares, pessoas de meio cultural distintos. Seu modo de ser e
agir deve revelar uma compreensão mais aguda de toda essa diversidade.
Além disso, é necessário ter abertura para dialogar com as chamadas
ciências contemporâneas e ser capaz de se locomover em um mundo mais
acadêmico.

4) Ser paciente. O trabalho da capelania não pode ser feito a toque de


caixa. No aconselhamento pastoral, por exemplo, é preciso um certo tempo
para entender a problemática que o aconselhando traz. Via de regra, um
atendimento de uma hora apenas não é suficiente para que se elabore uma
compreensão mais profunda do outro, que torne esse encontro
minimamente significativo. Quando ministra a palavra divina, precisa ser
paciente para preparar a mensagem de acordo com as demandas do grupo
ao qual está se dirigindo. É preciso, também, ser paciente diante das
incompreensões geradas por sua ação na escola. O capelão, nesse caso,
precisa sempre andar mais “uma milha”. Não faz parte do papel do capelão
sair pela escola dando “canelada” naqueles que, às vezes por
56

incompreensão ou por má-fé, denigrem o seu trabalho ou menosprezam a


sua ação.

5) Atualizar-se sempre. Um capelão precisa estar “antenado” ao que se


passa a sua volta. Isso envolve, por exemplo, estar informado sobre o que
se passa no país e no mundo. Não há nenhuma necessidade de que seja
especialista em economia ou política, mas é preciso um entendimento
básico do que se vive e do que mobiliza as pessoas. Saber o que se passa
no mundo do entretenimento, no mundo dos esportes, no mundo da ciência
e tecnologia. Todo esse universo de conhecimento pode ser muito útil
quando se faz capelania em uma escola.

6) Conhecer bem o universo infanto-juvenil. Ser capelão implica


desenvolver um grau de conhecimento maior a respeito da faixa etária com
a qual trabalha. Por exemplo, aprimorar o seu conhecimento do que vem a
ser um adolescente, como ele se estrutura, o que o atemoriza, o que faz
sentido em sua vida, tudo isso é ou deve ser objeto de interesse do capelão.

7) Ser amoroso. Isso implica perceber o outro como pessoa digna de


consideração e respeito. Implica ser atencioso e prestativo. Demonstrar a
sua preocupação pelo bem-estar do outro através das orações e da
disponibilidade em ouvir e ajudar.
8) Ter vida espiritual abundante. Viver uma vida de comunhão com Deus,
amar a sua palavra, cantar canções cheias de fé e esperança faz do
capelão referência para a vida daqueles que o procuram, para os seus
alunos, para os funcionários da escola.

9) Possuir espírito conciliador. O capelão deve ser por natureza um


pacificador. Diante dos tumultos do cotidiano precisa serenidade para falar
palavras que sejam realmente “bem ditas”, que tragam paz e reflexão, que
promovam mudança, não pela força da imposição, mas pela coerência dos
seus argumentos respaldados por uma ação que faça sentido.

10) Possuir conhecimento bíblico adequado. A relação do capelão com a


Palavra Divina é de total comprometimento. Não basta apenas conhecer
bem o texto bíblico, é preciso amá-lo e ser capaz de transmitir aos outros a
profundidade desse sentimento.

11) Ser otimista. O capelão precisa ser uma pessoa otimista. A mente
excessivamente crítica, que só enxerga defeitos em tudo e em todos, não
corresponde ao perfil do capelão. Cabe, ainda, ao capelão, ser otimista a
ponto de perceber sempre uma possibilidade além na relação com os
outros. Esse outro deve ser, em sua maneira de “ler” o mundo, visto como
alguém que pode transcender os limites ou circunstâncias nas quais vive e
chegar além, bem mais além. Como Jesus fez com os pescadores do mar
da Galileia que, a princípio, só pescavam peixes, mas se transformaram em
81
“pescadores de homens”.

Perguntados aos capelães quais devem ser as principais qualidades (perfil) de


um capelão escolar, os capelães do SBME, responderam conforme abaixo (as
informações que se repetem não são mencionadas:

81
Palestra escrita proferida por Rubens Cordeiro, capelão-geral do SBME, no Workshop sobre
Capelania, em 11.12.2008, no auditório da Direção-geral p. 4-5.
57

Deve ser, primeiramente, um cristão convicto e envolvido profundamente


com a causa de Cristo” - “ser paciente” “saber ouvir” “interagir com todos os
segmentos da escola” - “gostar de pessoas” (Rubens). - “Ter equilíbrio” -
“Capacidade de mediar e resolver conflitos” - “Competência dentro da área”
(José Paulo) - “desejo de caminhar junto pacientemente ao necessitado” -
“Ser solicito” - “ter um coração amável” - “humano” - “saber olhar além dos
limites escolares e assim estar pronto a ajudar” - “Ser bíblico” - “atencioso”
“humilde” “determinado” (Hélio) - “Compromisso com Deus” - “Habilidade
interpessoal” -“Sensibilidade” - “Empatia” - “Comunicação” - “Abertura” -
82
“Flexibilidade” -“Ético” - “Integridade” (Alemar)

São relacionadas a seguir descrições da função do capelão, segundo a visão


do autor desta dissertação, expressas neste e em outros textos publicados, e a
contribuição de dois outros autores (SANTOS 2008; FERREIRA, 2008)
Como eles nunca trabalharam com capelania escolar, pesquisaram em vários
documentos e entrevistaram capelães para poderem descrever o seu perfil, inclusive
num texto elaborado pelo autor da dissertação, intitulado “O que se espera dos
professores dos colégios batistas” e “As necessidades dos professores das
instituições educacionais batistas”. 83

2.4.2 As características esperadas e as responsabilidades do Capelão

Além da descrição do que significa ser capelão, é possível ainda relacionar


algumas características a mais no perfil esperado num capelão escolar. Lembrando
que estas características são ideais. È impossível uma só pessoa reuni-as todas.
Elas são mencionadas a partir das várias entrevistas, observações e leituras:

1) ter uma postura irrepreensível, como líder cristão;


2) ser respeitado e aceito no meio em que vive;
3) ter um bom relacionamento com todos os que atuam na escola;
4) ser capaz de trabalhar em equipe, cooperativamente e inserir a capelania
(inter e transdisciplinarmente) no conjunto dos outros conhecimentos;
5) ser parte do corpo, interessado no progresso, sustentação e na boa
imagem da instituição onde trabalha.
6) ter um comportamento irrepreensível no relacionamento com seus alunos.

82
Apêndice A - resultado das entrevistas
83
Apedices D e E
58

Não permitir excesso de intimidade e de liberdade com sua pessoa, e vice-versa,


mesmo se relacionando o mais próximo e solidariamente possível com eles;
7) ser íntegro. Não usar de sua posição para oferecer vantagens e obter
favores de seus alunos e pais;
8) privilegiar a competência. Não se sustentar apenas pela simpatia e o bom
relacionamento com os alunos, mas, principalmente, pela sua habilidade pedagógica
e fundamentado conhecimento;
9) ter maturidade para aceitar e reagir às criticas, fazendo delas parte da base
para seu próprio crescimento;
10) não discutir descontroladamente para defender a Bíblia, mas ensiná-la e
divulgá-la com sabedoria e através de um testemunho de vida saudável;
11) ter uma linguagem que comunique com clareza às faixas etárias com as
quais irá trabalhar;
12) ter formação na área de capelania e/ou aconselhamento pastoral;
13) procurar sempre se atualizar, através de cursos que contribuam para seu
aprimoramento em capelania;
14) vestir-se adequadamente, evitando roupas indiscretas ou inadequadas à
sua condição de capelão;
15) manter o asseio, bem como a limpeza do corpo e da roupa;
16) cuidar da saúde e apresentar-se bem disposto física e emocionalmente.
Quando isso não for possível, solicitar substituição;
17) zelar pelo seu corpo, exercitando-o, lutando contra a má postura, a
obesidade e o uso inadequado da voz;
18) manter-se atualizado com relação às descobertas e avanços científicos,
especialmente no que se refere à bioética, dando assim uma “resposta” bíblica
coerente e atual a elas. Procurar discernir quando se trata claramente de
pseudociência ou apenas de teoria científica em estudo, questionando-a ou
refutando-a, quando necessário, à luz das verdades bíblicas.84
Ainda, segundo Márcio Santos o capelão escolar deve:

1) Ter convicção de chamada. Ser um capelão ou professor de Educação


Cristã com uma consciência de vocação, com uma visão espiritual, pois um
professor que se interessa pelo desenvolvimento do potencial humano de

84
Elaborado pelo autor e aprovado com alterações já incluídas pelo Capelão-geral do SBME, Rubens
Cordeiro.
59

um aluno pode não estar capacitado para olhar além da inteligência, para o
espírito da pessoa, do seu destino eterno e da necessidade de um
comprometimento com Deus.

2) Possuir capacidade para lidar com o contraditório. Uma pessoa


radical e inflexível não vai conseguir reagir adequadamente com os
questionamentos dos alunos, pois encontrará oposição, resistência e uma
série de posturas de confronto. Ele terá que saber lidar com essas coisas
com serenidade, sabedoria e espírito cristão.

3) Manter a mente aberta. Os capelães que vão lidar com adolescentes e


jovens que vivem num mudo aberto, de posições liberais na área moral,
precisa, pelo menos, estar pronto a ouvir o jovem e trabalhar com a sua
posição ou com o seu problema.

4) Desenvolver a paciência. É preciso paciência, ânimo longo, para


caminhar com os seus alunos, com sua forma de reagir e entender as
coisas.

5) Manter seu conhecimento atualizado. É preciso estar sempre atento


aos novos conhecimentos, aos novos conceitos, às novidades que surgem
principalmente no contexto da cultura da juventude.

6) Ter conhecimento do universo infantil. Os capelães devem ter um


conhecimento razoável das diversas faixas etárias dos jovens e como a
natureza humana se manifesta em cada uma delas.

7) Possuir uma vida espiritual contagiante. Os capelães não poderão


contar somente com sua técnica e com seu conhecimento. Vão precisar
muito contar com a sabedoria e ajuda divina para iluminá-los e fortalecê-los.

8) Ter uma vida familiar equilibrada.

9) Ser amoroso.

10) Possuir um espírito conciliador.

11) Ter autenticidade. Naturalmente que terá sua personalidade própria,


seus defeitos e problemas, mas todos devem notar que ele é ele mesmo.

12) Possuir espírito de trabalho em equipe.

13) Ter conhecimento bíblico adequado.


14) Desenvolver postura otimista.

15) Possuir autocontrole. Serem capazes de manterem-se serenos diante


85
de qualquer tempestade emocional. Domínio próprio.

Foram reunidas no Quadro 2 a seguir as características ideais esperadas em


um capelão ou professor de ER (cristão). Essas características se assemelham com
as de qualquer líder cristão, com algumas adaptações ao universo da escola. Como
dito anteriormente, trata-se de um ideal a ser perseguido.

85
SANTOS, Marcio. Manual de Instrução do capelão escolar. São Paulo, Transmundial, 2008, p.
24.
60

COMPETÊNCIA CARISMA CARÁTER CONVIVÊNCIA CONSAGRAÇÃO

Disciplinado Motivado Verdadeiro Perspicaz Cristocêntrico


Organizado Motivador Transparente Democrático Bibliocêntrico
Conhecedor Íntegro Igrejocêntrico
Dinâmico Sabe ouvir
Perseverante Imparcial
Bem-humorado Diplomata Salvo
Planejador Justo
Paciente Comprometido
Atualizado Comunicativo Confiável
Flexível Fiel
Criativo Otimista Leal
Pacificador Chamado
Capacitador Autoconfiante Reto
Bondoso Obediente
Educável Simpático Desprendido
Humilde Piedoso
Focado Envolvente Exemplar
Autocontrolado Missionário
Apaixonado Coerente
Didático Compreensivo Profeta
Persuasivo Responsável
Adaptável Sacerdote
Espírito de Equipe
Entusiasmado

Quadro 2: O perfil ideal dos capelães e auxiliares


Fonte: Capelania Escolar Batista: desafios e Possibilidades. Walmir Vieira.

SER... TER...
Competente na sua área Desejo de caminhar com o necessitado
Solícito Coração amável
Bíblico Um olhar além dos limites da escola
Atencioso Determinação
Humilde Compromisso com Deus
Comunicativo Habilidade relacionamento interpessoal
Ético Integridade
Aceito no meio Sensibilidade
Asseado e zeloso com o corpo Mente aberta
Leal à instituição onde trabalha Flexibilidade
Capaz de lidar com os contrários Postura responsável
Autêntico Capacidade de trabalhar em equipe
Vocacionado Maturidade para lidar com as críticas
Bom ouvinte Autocontrole (equilíbrio emocional)
Paciente Linguagem clara para cada faixa etária
Amoroso Disposição física e emocional
Otimista Convicção de chamada
Cristão convicto Vida familiar equilibrada
Capaz de resolver conflitos Postura irrepreensível
Respeitado Espírito conciliador
Integrado com toda a escola Conhecimento bíblico adequado
Integrado na sua igreja local Vida espiritual contagiante
61

Alguém que gosta de pessoas Conhecimento do universo infanto-juvenil


Atualizado sempre Entusiasmo
Responsável Capacidade de aconselhar com sabedoria
Fonte: Entrevistas com os capelães, conforme Apêndice A;

2.5 A formação dos capelães escolares

Em função da complexidade das exigências e da tarefa da capelania e dos


professores de ER, se requer deles, além de uma indispensável formação bíblico-
teológica, algo mais. As demandas são tantas e em tantas áreas que os capelães
precisam ser pessoas atualizadas e conhecer bem os problemas que afetam a sua
área e seu público-alvo (alunos e funcionários).
No perfil de formação abaixo, o autor desta dissertação usou o que escreveu
Damy Ferreira (2008) e fez uma série de adaptações e acréscimos tendo em vista a
realidade do Colégio Batista Mineiro.

1) Formação acadêmica. Curso superior de Teologia ou Educação Cristã. O


que implica conhecimento sobre e da fé cristã e da Bíblia. Pressupõe-se que o curso
terá dado base para os capelães dominarem a arte da pregação, do ensino, do
aconselhamento, do culto, da organização e planejamento, entre outras habilidades
afins.

2) Formação profissional. Os capelães escolares, de preferência, devem ter


alguma experiência na área. Devem ser aproveitados os que, formados em Teologia
ou Educação Cristã, já estejam envolvidos no ambiente escolar. A capelania deve
oferecer oportunidades de estágios para que formandos em Teologia possam
descobrir se a sua vocação está nessa área.
3) Experiência religiosa (espiritual) . Além da sua formação acadêmica, os
capelães precisam de reforço espiritual, isto é, de uma manutenção intensa e sadia
das suas condições espirituais. Esse preparo começa a partir de sua convivência
com a Bíblia.
62

4) Formação eclesiástica. Integração com uma igreja local. Os capelães não


podem perder o vínculo com a sua igreja local. Dela poderão receber apoio espiritual
e reforço para seu trabalho. Um capelão sem vínculo eclesiástico corre o risco de
perder sua identidade denominacional.

5) Preparo para dar assistência espiritual. Os capelães poderão estar


preparados para o “ensino religioso” ou o “ensino de religião”, mas há algo mais
profundo que eles precisam saber, que é a “assistência espiritual”, isto é, não é só
ensinar religião ou doutrinas, mas, principalmente, ajudar espiritualmente alunos e
professores.

6) Capacitação em aconselhamento pastoral. Nem todo psicólogo está


preparado para o chamado “aconselhamento pastoral ou bíblico”. Alguém que tenha
formação em Teologia e em Psicologia tem fundamentos para ser um conselheiro
mais bem sucedido, mas quem só tem o curso de Teologia precisa de uma
suplementação em Psicologia. Requer-se aí, inevitavelmente, um bom conhecimento
também em Psicologia da Religião. Muitas obras têm sido escritas na área de
aconselhamento pastoral e bíblico e na área de psicologia da religião que devem ser
lidas pelos capelães, além da participação em cursos e congressos destinados à
formação de conselheiros cristãos e capelães. Frisa-se que aconselhamento
pastoral ou bíblico é diferente de um atendimento profissional de um psicólogo. O
aconselhamento pastoral é mais diretivo e tem se fundamenta nas Escrituras.

7) Conhecimentos básico sobre entorpecentes. Um dos problemas muito


comum entre estudantes hoje, em todas as categorias de escolas, é a droga. Os
capelães precisam especializar-se nisto, não somente quanto aos diversos tipos de
drogas, como quanto aos efeitos que cada uma causa no ser humano, e, sobretudo,
aprender a identificar o viciado e os caminhos para o tratamento.

8) Conhecimento sobre sexologia. Ser informado sobre os problemas


atuais mais graves nessa área, os desvios, as doenças que geram etc. As
deformações nessa área são enormes. A pressão da mídia e da sociedade para a
liberdade sexual é intensa. Os capelães devem saber lidar com esse assunto de
63

maneira sábia e fundamentada.

9) Conhecimento do Código de Ética de Capelania Escolar. Não se trata


de ética como disciplina, como matéria, mas a chamada “ética profissional”, isto é,
como o capelão deve se comportar no seu relacionamento com a escola, com seus
funcionários, com os alunos e com seus familiares. (Anexo S)

10) Conhecimento das questões que diferenciam os batistas de outras


denominações cristãs e dos outros grupos religiosos (Apêndice B).

11) Conhecimento do perfil religioso de seus alunos e das características


que marcam a formação cultural de seus alunos e familiares. O modelo do
formulário para o levantamento do perfil religioso dos alunos foi elaborado por este
autor e foi colocado neste trabalho, embora não tenha sido testado e careça de
aperfeiçoamento. (Anexo T)

12. Conhecimento de comunicação e informática. Os capelães precisarão


dominar a arte de comunicar-se bem (voz, gestos, entonação, organização dos
conteúdos etc.) e ter um domínio de programas de computador, principalmente de
PowerPoint e, bem como, o uso dos equipamentos.
Hélio Alves, capelão das séries finais da unidade de Belo Horizonte, na
entrevista, reafirma a necessidade de preparo dos capelães e resume da seguinte
maneira:

Deve ser crente em Cristo Jesus, com reconhecida vocação para o


pastoreio,- Deve conhecer o ambiente escolar com todas as suas
peculiaridades,- Deve ter formação teológica e de preferência que tenha
outra graduação ou especialização em áreas afins ao trabalho de
capelania como pedagogia, psicologia, dentre outras.- Deve conhecer a
fundo a filosofia da escola e defendê-la,- Deve conhecer as
características dos alunos e as especificidades desta faixa etária, tendo
86
um bom diálogo com eles,,

86
Helio Alves da Silva, entrevista respondendo a pergunta 6. Anexo A
64

2.6 As necessidades da capelania e dos capelães escolares

Naturalmente, os capelães têm necessidades tanto pessoais como


profissionais. As pessoais referem-se às demandas próprias da natureza humana.
As profissionais são as relacionadas ao exercício da sua função. Ao serem
perguntados sobre “quais são suas principais necessidades pessoais como
capelão”, nas respostas misturaram as pessoais e profissionais. De forma sintética e
não repetindo as informações, as respostas foram:

Orar sempre” - ”constante reciclagem” - “informação atualizada” - “estar bem


consigo mesmo com o outro e com Deus”. (Rubens) - “ Constante busca da
orientação de Deus” (José Paulo) - “Estar ainda mais envolvido com as
famílias dos alunos” - “mais próximo dos professores” (Ierson)
.”Reconhecimento” - “compreensão” - “aceitação de que somos humanos,
temos carências que todos têm” (Hélio) - “Crescer cada dia mais na arte das
relações interpessoais, na empatia, na humildade e mansidão (Alemar);
“Maior capacitação para o exercício da função,- Maior tempo para uma
dedicação mais significativa, - Maior contextualização para entender a
87
cosmovisão do adolescente (Hélio Ales)

Ainda, perguntados sobre “que recursos ou condições precisam a mais para


desenvolver bem o seu trabalho”, as respostas foram:

“Turmas um pouco menores para um trabalho mais personalizado com os


alunos” - “mais tempo para preparar os eventos sob a regência da
capelania” (Rubens) “O reconhecimento da liderança da escola de que este
trabalho tem uma natureza especial” (José Paulo).” Tempo” (Ierson). “Maior
carga horária” - “cursos de capacitação” - “maior autonomia” (Hélio). - “mais
recursos tecnológicos para aprimorar a comunicação nas aulas (Alemar)
“Maior participação da direção e das coordenações nas atividades
promovidas pela capelania,- Maior divulgação do trabalho realizado pela
88
capelania” (Hélio Alves)
.
E por fim, perguntados sobre o que pode melhorar na estrutura de capelania
de sua unidade as respostas foram:

Precisamos melhorar a interação entre as diversas unidades do Sistema,


envolver mais os capelães na implementação do Projeto Ética e Caráter,
“melhorar o atendimento das demandas de pais, alunos e funcionários”
(Rubens). “Talvez a unificação das atividades” (José Paulo) “um
compartilhamento maior das atividades, interação...” (Ierson) “Envolvimento
e engajamento maior, nos projetos e gestão da escola” *(Hélio Spyer)) “Eu

87
Apêndice A - resposta à pergunta 8
88
Apêndice A - respostas à pergunta 9
65

creio que deve haver uma comunicação mais efetiva em todos os aspectos
89
(Alemar). Penso que temos uma estrutura adequada em nossa unidade

O que se percebe nas respostas é que os capelães se ressentem com


frequência de maior capacitação para enfrentar as demandas de seu trabalho, de
maior integração e comunicação com as outras unidades e a capelania geral.
Quanto as pessoais, a que mais se destaca é a necessidade de reconhecimento de
seu trabalho.

2.7 Modelos de organização de escolas diferentes

Existem basicamente seis modelos organizacionais de escolas:


1. Públicas: onde o Ensino Religioso deve ser oferecido;
2. Comunitárias ou Funcionais: São escolas organizadas por uma
comunidade ou por uma associação de pessoas ou empresa. Ensino religioso
opcional. Geralmente não há, mas ao menos deve haver algo que enfatize a
integralidade do ser humano (ser biopsicossocial e espiritual);
3. Particulares, de donos não-religiosos: Nem o ensino religioso nem o
serviço de capelania são oferecidos. (Pitágoras e COC 90, por exemplo);
4. Particulares com donos com responsabilidade religiosa: Têm serviço
de capelania e oferecem Ensino Religioso. (Colégio Batista de Varginha, por
exemplo, de donos batistas);
5. Confessionais abertas: Pertencentes a uma religião ou denominação,
com orientação de seu grupo confessional, mas abertas a todos, obrigando-se a
respeitar as diferenças.(Batistas, Metodistas, por exemplo).
6. Religiosas. Aquelas que direcionam seu programa de capelania e ensino
religioso segundo suas convicções. Os pais matriculam seus filhos nelas sabendo
que todo direcionamento será em função da fé da escola (Adventistas, Judias,
Islâmicas, por exemplo). 91

89
Apêndice A.
90
Duas escolas fraqueadas de sistemas spostilados de ensino presentes em vários lugares do Brasil
91
Classificação elaborada pelo autor desta dissertação á luz de sua análise dos aspectos que
diferenciam as escolas.
66

2.8 A legalidade da capelania escolar

A legislação dá respaldo a ação da capelania não somente nas escolas


particulares, mas também públicas, desde que respeitadas as opções religiosas
individuais. Ainda que não haja uma legislação específica sobre capelania escolar, o
que existe a respeito de ensino religioso é suficiente para dar segurança ao trabalho.
Muito se tem dito sobre a questão do Ensino Religioso nas escolas, alguns até sem
o conhecimento elementar da legislação que versa sobre o assunto: Constituição de
1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em seu artigo 33 - Lei n° 9.394 de
20 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 9475, de 22 de julho de
1997, que legisla sobre esse assunto do seguinte modo:

1) Constituição Federal de 1988

Artigo 5º - Inciso VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,


sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.

Artigo 5ª – Inciso VII - “É assegurada, nos termos da Lei a prestação de


assistência religiosa, nas entidades civis ou militares de internação coletiva.”

Artigo 210 - Inciso 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa,


constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental.

2) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996

Artigo 19 - Inciso III - (Escolas) Confessionais, assim entendidas as que


são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
jurídicas que atendem a orientação confessional e ideológica específicas....

Artigo 33 - “O e0nsino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante


da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais
das escolas públicas de ensino fundamental assegurado o respeito à
diversidade cultural do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”.
§ 1° - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a
definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas
para a habilitação e admissão dos professores.
§ 2° - Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas
92
diferentes denominações religiosas, para a definição do ensino religioso.

92
LDB 9496/94
67

- Comentários sobre a legislação:

a) Esta Lei é bastante ampla e ambígua, deixando várias lacunas a serem


preenchidas pelos Conselhos Estaduais de Ensino conforme realidade e vivências
regionais, ficando para as Secretarias Estaduais de Educação e os Conselhos de
Educação sua regulamentação. Além disso, existe a possibilidade do Projeto
Político-Pedagógico de cada unidade escolar adaptar tal legislação à sua realidade.
b) As escolas públicas de ensino fundamental são obrigadas a oferecer a
disciplina Ensino Religioso, com matrícula facultativa pelo aluno, com currículo e
outras orientações definidos por representantes dos principais grupos religiosos e
referendados por uma coordenação de educacional religiosa do sistema estadual de
ensino.
c) Para atender o Ensino Religioso nas escolas públicas há um grande
movimento através do Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso
(FONAPER). Os evangélicos estão muito distantes desse movimento. É um solo
fértil para se influenciar o Ensino Religioso nas escolas públicas com sugestões e
campo de trabalho para professores cristãos.
d) A confessionalidade das escolas cristãs, de todos os níveis, está
totalmente na responsabilidade da origem filosófica de sua constituição.
e) É necessário fazer uma distinção entre dois tipos de escolas cristãs, a
Escola Cristã propriamente dita e a Escola Confessional Cristã. A distinção tem tudo
a ver com o público-alvo, se é uma escola para o público predominantemente cristão
ou não. No caso específico do Brasil a prevalência é das Escolas Confessionais
Cristãs.
f) A Escola Confessional Cristã define em seu Projeto Político-Pedagógico e
em seu Regimento Escolar a sua Cosmovisão Bíblica.
g) A orientação da LDB de se trabalhar a transversalidade,
interdisciplinaridade e a integralidade, para infundir valores universais, torna a
Escola Confessional Cristã muito relevante no contexto atual.
h) O serviço de apoio da capelania e a disciplina de Ensino Religioso são
meios estratégicos, adequados, pedagógicos e legais para a Escola Confessional
Cristã exercer a sua missão de educar segundo sua teologia.
i) As escolas são um dos maiores campos missionários abertos e de fácil
68

acesso, à disposição para a ministração da confessionalidade. P E preciso


aproveitar com sabedoria.
j) A Capelania, portanto, pode se configurar como ensino religioso na escola.
k) Todo processo de ensino religioso e ação da capelania deve ser
desenvolvido sem a intervenção ou intercessão com aspecto eclesiástico
denominacional.
l) A exigência de um ensino não proselitista não é um fator limitador da Lei
para o trabalho da capelania, mas norteador. A LDB não quer catequese na escola.
69

3 OS DESAFIOS DA CAPELANIA ESCOLAR

Ao levantar e relacionar os desafios, preocupações, envolvimentos e


demandas que a capelania tem, a lista é de impressionar. São desafios de todo tipo,
externos e internos, de dimensão macro e micro, com envolvimento de uma ou
muitas pessoas. Enfim, é humanamente impossível atender a tudo plenamente.
Seriam necessárias uma superestrutura e uma grande equipe capacitada, engajada
e de tempo integral para tentar dar conta de tudo. Seria também necessário um
grande investimento financeiro para que o trabalho fosse feito com qualidade e
eficiência.
A grande maioria das capelanias, pelo menos as das escolas batistas, está
longe do ideal. Faltam recursos humanos e materiais, bem como capacitação. As
dificuldades financeiras é um dos principais fatores inibidores de uma ação mais
efetiva das capelanias93. Tendo disposição, iniciativa, criatividade, vocação e amor
pelo que se faz pode-se até superar as dificuldades e limitações.
Em entrevista com os capelães do SBME foi perguntado quais os principais
desafios que eles enfrentam no exercício de sua função. Em seguida estão
relacionados os desafios, problemas e situações que eles apontaram e que vivem no
seu dia-a-dia de trabalho. Ao relacioná-los, o autor tenta também apontar algumas
pistas que podem ajudar na resposta ou soluções desses desafios. São eles:

3.1 O desafio da confessionalidade

Este trabalho tem sua preocupação voltada mais para a capelania exercida na
Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) das
escolas batistas. Mas a capelania escolar pode ser exercida até a universidade,
chamada de capelania ou pastoral universitária. A maior parte do que se tem
refletido e será sugerido aqui se aplica tanto a este quanto àquele segmento.
Contudo, uma parte não se aplica. Outras estratégias de ação específicas precisam

93
Segundo a Associação nacional de Escolas Batistas cera de 80% das escolas associadas está em
dificuldades financeiras.Texto “Não abram colégio batista se...” de Walmir Vieira, seção de artigos.
70

ser pensadas para atingir o público universitário, visando à afirmação da


confessionalidade nesse segmento.
Todas as escolas confessionais, sejam elas batistas, presbiterianas,
metodistas ou católicas, possuem seus ditames de fé. Os capelães dessas escolas
naturalmente fundamentam seu trabalho em conformidade com a confissão de fé,
doutrinas e estrutura eclesiástica da denominação mantenedora da escola. Se
qualquer um discordar ou tiver dificuldade de trabalhar dentro desses parâmetros,
por uma questão de ética deve abster-se de atuar como capelão dessa escola
confessional. Diz Damy Ferreira:

Em escolas confessionais o ”ensino de religiões” pode ser transformado em


“ensino religioso” ou simplesmente em “educação religiosa ou cristã”. Os
alunos e seus pais, na matrícula, devem ser informados disso. Algumas
famílias, mesmo não evangélicas, gostam de matricular seus filhos em tais
escolas. Assim, no programa de atividade da capelania, essa parte deve ser
muito bem elaborada, e fará parte do currículo escolar. [...]. Evidentemente,
mesmo tendo essa liberdade, esse ensino deve ser calcado na Bíblia, sem
se tornar ‘proselitista’, uma vez que haverá alunos de outras confissões
evangélicas. De mente aberta para que haja um cerne de ensinamento
94
bíblico, sem ferir convicções particulares de alguns dos alunos.

3.1.1 O que é confessionalidade?

Ainda não existe a palavra “confessionalidade” no Dicionário Aurélio, por


exemplo, mas no latim “Confessare” significa declarar, revelar, confessar, seguir
sistema, doutrina, religião, seita, perceber, transparecer. Então, “confessionalidade”
é a identidade de uma denominação religiosa.95 Confessionalidade é o olhar da fé
sobre o mundo. É o que é relativo ou próprio de confissão, a uma crença religiosa, a
uma declaração de fé ou conjunto de princípios.

3.1.2 Como se manifesta a confessionalidade?

A confessionalidade não se expressa somente pelo ensino das doutrinas


religiosas, mas principalmente pelo exemplo e testemunho da escola. Manifesta-se

94
FERREIRA, Damy, 2008, opt cit, p. 143.
95
PANISSET, Ulisses de O. As marcas da Confessionalidade. São Paulo: Revista do COGEIME,
2º. Semestre, 2000, p. 123-130.
71

num tipo de ensino que aspira a excelência:


a) trabalhando bem e harmoniosamente em equipe;
b) visitando os doentes (alunos, funcionários e parentes destes) e assistindo
os enlutados são assistidos;
c) respeitando as diferenças e uns aos outros no ambiente escolar;
d) solidarizando-se com os que atravessam momentos de carências;
e) cuidando dos que passam momentos de crise; e,
f) partilhando as Boas Novas aos que estão ao alcance.
Através da adoração de uma confessionalidade a capelania tem princípios
fundamentados em uma confissão de fé e, com isso, pode definir, à luz dessa
confissão, o que julga certo ou errado, ético ou não ético, aceitável e inaceitável,
diante de tantas visões da realidade e posturas flexíveis de valores e ética que a
sociedade tem.
A confessionalidade precisa lidar com as interpretações subjetivas das
pessoas com relação aos fenômenos religiosos e aos seus padrões de
comportamentos: Como exemplos extremos, algumas demonizam toda a realidade
outros relativizam todos os valores. A confessionalidade busca oferecer parâmetros
coerentes de interpretação do mundo, do significado da vida e da existência. A
confessionalidade quer ser o referencial coerente para as interpretações religiosas
das pessoas. A confessionalidade quer uma escola ética, cidadã, em que se valoriza
uma espiritualidade saudável, que adota princípios de fé e esperança, se,
doutrinadora ou proselitista.

3.1.3 A confessionalidade como elemento definidor de identidade

De acordo com Cordeiro 96, a confessionalidade define a identidade de uma


tradição religiosa, pois estabelece os contornos, o lugar a partir do qual se constrói a
visão de mundo, ou seja, o modo como se interpreta a realidade. O sentido dessa
cosmovisão, dessa visão de mundo que se adota, pode muito bem ser definido pelo
termo alemão weltanschauung, que trata do modo como uma pessoa enxerga o
mundo, a imagem que ela constrói no seu íntimo a respeito do que é a vida e de

96
CORDEIRO, O trabalho da Capelania do SBME, 2008, palestra escrita, p.3, citada anteriormente.
72

como são os homens 97. Literalmente, Cordeiro vai afirmar que:

é a partir dessa base que somos diferentes das outras instituições de


ensino. Na verdade, é exatamente a partir de nossa identidade cristã e,
mais do que simplesmente cristã, identidade batista, é que definimos o
nosso olhar sobre o mundo. Esse olhar, caracteristicamente nosso, é
diferente do olhar da Rede Salesiana de Ensino, do Instituto Metodista
98
Izabela Hendrix, da Rede Pitágoras, do Colégio Cristão e etc

A rigor, a confessionalidade de uma escola deve ser a expressão do conjunto


de princípios que fundamentam e organizam a ação da escola confessional
.
O confessional, [...] é o que é relativo a ou próprio de confissão. É o que é
relativo a uma crença religiosa, a uma declaração de fé. Organizar a nossa
ação a partir de um conjunto de princípios é fundamental para a
sobrevi vência do SBME como Instituição Batista. É nesse sentido que um
serviço de capelania deveria até ser motivo de um “santo orgulho”, pois se
trata de concretamente fazer valer o que somos na vida cotidiana. Cada
ação que a escola realiza deveria expressar a sua confessionalidade. Desse
modo, um ensino que aspira permanentemente a excelência é expressão de
nossa confessionalidade em ação. É confessionalidade em ação o
tratamento gentil e respeitoso dispensado a todos que se aproximam de
nosso Sistema de ensino. É confessionalidade em ação trabalharmos em
equipe. É confessionalidade em ação visitarmos os doentes, é
confessionalidade em ação respeitarmos uns aos outros, é
confessionalidade em ação sermos solidários com os que sofrem a perda de
um ente querido, é confessionalidade em ação ouvirmos os que estão em
crise, é confessionalidade em ação partirmos o pão da Palavra Divina com
todos os que caminham conosco. Não há dúvida nenhuma quanto à
importância da confessionalidade como um dos pilares fundamentais de
99
nossa Instituição de Ensino.
Quanto a confessionalidade como promotora de identidade, afirma também,
Lockmann, Bispo da Igreja metodista, “se tivermos uma identidade clara. Certamente
vamos ter uma ação mais convencional com muito mais unidade”. 100 Tânia Maria
Vieira Sampaio, em encontro promovido pelo COGEIME para discutir
confessionalidade em 1008, afirma que a identidade metodista das suas escolas se
expressa na busca de democratização da educação, ma cpmstrução de uma
educação inovadora e humanizante e no entendimento de que a tarefa educativa

97
Idem, , p.3
98
CORDEIRO,, p. 4.
99
Idem p. 6
100
LOCKMANN, Paulo. Confessionalidade e Educação: uma abordagem pastoral missionária. São
Paulo, Revista de Educação do COGEIME, 2º. Semestre de 2000, p.73
73

visa a comprometer professores e alunos na luta por uma sociedade mais fraterna e
plena de dignidade para as pessoas. 101 No que este autor concorda.

3.1.4 O lugar da confessionalidade no SBME

A confissão de fé adotada pelo SBME é a batista. Ainda que vários


professores e funcionários, alunos e pais não sejam batistas, se espera que eles
compreendam e respeitem esse direcionamento. Segundo o capelão Alemar Quirino
da Silva, perguntado sobre os desafios que ele enfrenta como capelão: “algumas
resistências de professores e alunos quanto à Confessionalidade da escola que se
revela numa certa discordância das posturas adotadas pelo Capelão em virtude de
sua função” 102. O capelão da unidade de Betim, também responde: “a resistência de
algumas pessoas”. 103
No texto escrito por este autor, colocado no Apêndice E, é dito que o respeito
(pelo menos, não se manifestar publicamente contrário) aos princípios de fé da
instituição é esperado da parte dos colaboradores do SBME e de qualquer
instituição confessional. 104
Mas isto, na prática, no dia-a-dia, não é fácil, segundo o capelão-geral do
SBME:

Muito semelhantemente àquilo que os cristãos primitivos enfrentaram em


um mundo convulsionado por todo tipo de ideias e de interpretações, às
vezes extremamente exóticas e que traziam grande confusão, é o que
enfrentamos nos dias de hoje. De quando em quando nos vemos envolvidos
em questões de natureza doutrinária que refletem visões de mundo que,
nem sempre, correspondem ao padrão batista de compreensão. Nesse
caso, se não temos um grau de consciência maior acabamos por rotular as
ações da Capelania ou da Direção do Sistema ou de uma Unidade, todos,
por questão de princípio, comprometidos com a nossa confessionalidade,
como sendo ou ortodoxas excessivamente, o que é objetivado em
expressões tais como “a escola diz que não pode fazer assim ou fazer
assado...” ou muito liberais, que, por sua vez, se objetiva em expressões
105
como “para o Colégio Batista tudo pode, tudo passa, tudo é permitido [...]

101
SAMPAIO, Tânia Maria Vieira “Apontamentos sobre confessionalidade e ecumenicidade” In
Revista do CONGEIME, Ano 7, no. 13, 1998, p. 116.
102
Apêndice A - Entrevista com os capelães, pergunta 7, respondida por Alemar QuitinoSilva.
103
Apêndice A – Entrevista com os capelães. Pergunta 7 respondida por José Paulo da Silva
104
VIEIRA, Walmir. O que se espera dos capelães e dos professores das instituições educacionais
batistas”. Publicado em O Jornal batista, em 07.10.2007.. Anexo IV
74

Ainda que uma escola confessional adote os princípios de fé de sua mantenedora, ela
pode ainda, em sua prática, ser tida como mais ortodoxa ou mais liberal. Este é o problema
que Cordeiro aponta quando, ao usar traços da cultura geral como ponte para a transmissão
da mensagem cofnessional, pode ser mal interpretado pelos que acompanham e julgam o
exercício da confessionalidade na escola, o publico evangélico (líderes denominacionais,
pais e alunos). Afirma ele:

Cremos que o que deve definir o que é ortodoxo ou liberal não é a opinião
pessoal de cada um, mas a nossa confessionalidade, o nosso conjunto de
princípios. Essa é a base a partir da qual devemos estabelecer o que é
possível e o que não é possível. Caso não tenhamos clareza quanto a essa
questão nos tornaremos presa fácil de visões muito subjetivas da realidade.
Essas visões muito subjetivas da realidade fruto, via de regra, da pouca
compreensão e assimilação daquilo que nós somos, como pensamos e,
consequentemente, como interpretamos o mundo, pode conduzir a, pelo
menos, duas possíveis atitudes. De um lado, se a pessoa que analisa a
relação entre fé e cultura própria de uma escola confessional é
excessivamente rígida, tudo o que vê é liberal. Em uma visão de mundo que
demoniza a realidade ou que vê um diabo em cada canto, todo o folclore,
todo o Monteiro Lobato, todo o mundo Disney, dramaturgia brasileira, uma
canção de Antonio Carlos Jobim ou Dorival Caymmi ou Chico ou Caetano
ou Gil, Machado de Assis, José de Alencar, boa parte do universo poético, a
maneira como os judocas se cumprimentam logo que entram no tatame, ou
seja, praticamente tudo que é da ordem da cultura teria que ser prescrito por
ser carregado de malignidade. De outro lado, é indiscutível que há também
na nossa população de pais e mesmo entre os nossos funcionários e
professores pessoas que interpretam o mundo a partir de uma perspectiva
rigorosamente laica. Nesse caso, costumam avaliar certas preocupações de
natureza confessional como sendo puro ortodoxismo ou fundamentalismo e,
até mesmo, fanatismo. [...] Na verdade, à semelhança do que acontecia nas
primitivas comunidades de fé que precisavam de um padrão de referências
mais claro e devidamente assimilado pelos diversos grupos de cristãos cujo
número crescia cada vez mais, o que contribuía para uma fragilização na
internalização dos princípios da fé; nos dias de hoje, verifica-se fenômeno
parecido diante da explosão de seitas evangélicas, de pequenas
comunidades de fé que defendem ideias, como aconteceu no primeiro
século da era cristã, às vezes bem exóticas. Tudo isso cria uma espécie de
106
demanda fundamentalista muito intensa que pesa diretamente sobre nós.

Ainda há um outro público (pais e alunos) que avalia a ação da capelania.


Quanto as demandas dos pais evangélicos e não evangélicos sobre as posições da
capelania, afirma Cordeiro 107.

Por outro lado, em um polo diametralmente oposto, há a demanda do


mundo laico. Em outras palavras, pessoas que optaram por colocar os seus

105
CORDEIRO, O trabalho da Capelania do SBME,.p. 6.
106
CORDEIRO, p. 6,.
107
Idem, p.6
75

filhos no Sistema Batista Mineiro de Educação, mas que possuem uma


visão mais laicizada do mundo, que pensam a escola muito mais como uma
forma de apresentar o mundo da cultura às crianças e aos jovens com base
sim em princípios de vida éticos, mas não como uma organização
doutrinadora e proselitista. Uma escola confessional e, de modo especial,
dentro desse tipo de escola, o serviço de capelania, lida o tempo todo com
essa tensão. Tudo isso reforça grandemente a necessidade de uma
confessionalidade mais bem definida e conhecida por todo o corpo da
escola. É preciso que fique claro que, por uma questão de definição de
nossa identidade, da nossa confissão de fé, que não pensamos como os
diversos grupos neopentencostais que coexistem dentro do nosso Sistema
de Ensino, inclusive entre nossos professores e equipe técnica; assim
como, não nos identificamos com um modelo de escola laica, sem um
108
fundamento espiritual, sem princípios.

Um posicionamento de fé e conduta de uma instituição confessional precisa


estar escrito. Este posicionamento precisa estar, ainda que sinteticamente, presente
no Regimento Interno, no Estatuto e no Projeto Político-Pedagógico da instituição.
Uma vez elaborado, esse documento deve ser objeto de discussão entre todos os
segmentos da escola de maneira constante. As reafirmações da confessionalidade
precisam acontecer sempre no início de cada ano letivo, nas reuniões de comitê e
em palestras com professores e funcionários. Um momento especial para isso
poderia acontecer quando da admissão do funcionário de tal modo a que ficasse a
par, com toda a clareza, a respeito de onde está colocando os seus pés. Essas
ações devem ser conduzidas pelo serviço de capelania.
No Apêndice B, o autor preparou uma síntese das doutrinas, práticas e
princípios que são distintivos, peculiares dos batistas, que os diferenciam de outras
denominações. Esse documento serve de base para a reafirmação da
confessionalidade.109
As escolas confessionais têm na sua confessionalidade algumas vantagens:
a) a possibilidade da busca da espiritualidade;
b) o espaço para evidenciar os valores pela fé cristã;
c) fazer de sua confessionalidade um diferencial;
d) vivenciar a integralidade do ser humano;
e) ter um corpo docente e administrativo comprometido ou, no mínimo,
respeitando as convicções de fé da escola (mantenedora); e,
f) ser testemunha da fé, mas vivê-la acima de tudo. Como diz um slogan

108
CORDEIRO., p. 6
109
VIEIRA, “Doutrinas, práticas e princípios distintivos dos Batistas”. Apêndice A
76

permanente do Colégio Batista Mineiro: “O melhor ensino é o exemplo”.


Cabe a capelania a maior responsabilidade pela preservação e reafirmação da
confessionalidade na escola. É também o que pensa o Bispo Paulo Paulo
Lockmann, da Igreja metodista: “Cabe (...) nesse fator de confessionalidade a maior
responsabilidade à Pastoral. As Pastorais têm a maior responsabilidade dessa
ação”110
Um fator que interfere na confessionalidade e preocupa escolas ligadas a
igrejas está no uso de seu espaço ou na cessão de suas dependências para certas
expressões ditas culturais ou religiosas. Neste aspecto, afirma Lockmann: “a escola
[confessional] não é um território neutro”. Ele recomenda que a escola confessional
deve ser seletiva quanto aos eventos que ela vai permitir ser realizados em suas
dependências, sejam políticos religiosos ou culturais, pois a escola confessional não
pode se posicionar como neutra.111

3.1.5 A evangelização nas escolas confessionais

Apesar do preceito legal que exige que não se faça proselitismo nas escolas
confessionais e, principalmente, nas atividades de capelania, não se pode deixar de
evangelizar os estudantes e todos os que estão envolvidos no contexto escolar,
levando-os a aceitar a Cristo como Salvador.
Afirma Damy Ferreira (2008):

Entendendo que evangelizar é comunicar o Evangelho de Cristo ao pecador


para que se salve, isto deve ser feito da melhor maneira possível: simpática,
ordeira, discreta, sem ferir os bons princípios da ética. Em todas as
atividades de capelania, o capelão poderá estar inserindo elementos da
evangelização. O capelão pode desenvolver a habilidade de puxar uma
conexão para o Evangelho a partir de qualquer assunto e de qualquer
ensino bíblico. Para tanto, daremos a seguir os pontos fundamentais do
Evangelho, o plano de salvação. Assimilando o plano, o capelão, com
habilidade e cuidado, poderá fazer dele vários arranjos para que possa
colocá-lo nas mais variadas oportunidades. (...) Isto é muito importante,
mesmo tratando-se de escolas confessionais em que boa parte dos alunos
é de filhos de crentes. No entanto, já se aprendeu, de há muito, que “filho de

110
LOCKMANN, Paulo, Confessionalidade e Educação: uma abordagem pastoral missionária. São
Paulo: Revista de Educação do COGEIME, 2º. Semestre de 2000, p.73
111
LOCKMANN, Idem, p.71
77

peixe, peixinho é, mas filho de crente não é crentinho”. Cada um precisa


112
passar por sua experiência de salvação com Cristo .

3.2 Desafios da “macrocontemporaneidade”

Os autores Damy Ferreira (2008) e Márcio Santos (2008) e os capelães


entrevistados apresentaram uma série de dificuldades e desafios enfrentados pela
capelania, com os quais ela tem que lidar e que são oriundos da sociedade
contemporânea e suas mazelas ou em função de sua rápida transformação.
Nos aspectos da macrocontemporaneidade ou o que é pertinente a
contemporaneidade e afeta a todos, destacam-se:

3.2.1 Competição com um mundo tecnologicamente avançado e as nossas escolas


com recursos limitados113

Essa situação demanda um permanente investimento em tecnologia básica.


Busca constante de atualização tecnológica dos recursos da informática, dentro do
possível. Mais uso de recursos da mídia, da Internet, aulas com uso do projetor e o
programa PowerPoint e mais interativas. Explorar o universo de informação que a
Internet disponibiliza, para enriquecer e fundamentar as aulas, para que o trabalho
da capelania (em grandes eventos ou em sala de aula) não tenha uma cara de
ultrapassado. Segundo o capelão Alemar Quirino, “A competição com a tecnologia
avançada e as limitações de recursos de nossas escolas nos deixa em
desvantagem.” 114

3.2.2 Declínio na confiança da religião tradicional e a secularização115

A religião tradicional tem experimentado declínio no número de seus adeptos


112
FERREIRA, Damy. Capelania Escolar Evangélica. São Paulo Transmundial, 2008 p. 63
113
Apêndice A - Rubens Eduardo Cordeiro, em entrevista, pergunta 16.
114
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, em entrevista, pergunta 15
115
Apêndice A - Citado por Cordeiro, pergunta 14, em entrevista com capelães
78

nas últimas décadas apontando para um esvaziamento ainda maior.


É apresentado abaixo Quadro 3 estatístico com os dados dos censos de 1980,
1991 e 2000, mostrando os percentuais do número de adeptos das diversas
religiões e as suas variações ao longo de duas décadas:

RELIGIÃO 1980 1991 2000

Catolicismo 89,2 83,3 73,8

Protestantismo 6,6 9,0 15,4

Sem religião 1,6 4,8 7,4

Espiritismo 0,7 1,1 1,3

Religiões afro-brasileiras 0,6 0,4 0,3

Outras religiões 1,3 1,4 1,8

Quadro 3: Quadro estatístico das religiões no Brasil116 - Em porcentagem da população


Fonte: Recenseamentos demográficos do IBGE de 1980, 1991 e 2000.

As estatísticas mostram mudanças significativas no perfil religioso do brasileiro


a cada década. O Catolicismo declina, o Protestantismo, especialmente em função
do avanço do Neopentecostalismo.117 O número de sem religião também cresce.
Também, os adeptos das religiões afro-brasileiras diminuem.
Muitos jovens estão cada vez mais céticos em relação às religiões
tradicionais, históricas, como vai mostrar o Quadro 4 abaixo. Parecem não encontrar
mais as respostas para suas angústias, inquietações ou satisfação espiritual nelas.
O materialismo e a cultura do resultado imediato ganham espaço, e é em cima
disto que muitas igrejas da linha Neopentecostal têm trabalhado. Também a busca
do hedonismo, do prazer e de estar em sintonia com os movimentos, modas e

116
Revista VIVER (Minas), Dezembro de 2008, Belo Horizonte, MG.
117
Este autor crê que o crescimento espantoso do neopentecostalismo das últimas décadas, com
reflexo no crescimento do protestantismo, se estabilizará nos próximos anos em função de diversas
razões que os limites deste trabalho não permitem analisar.
79

tendências, o seguir a “galera” tornam-se mais importantes para os jovens na hora


de decidir sua religião. Ainda há os que optam pelo ateísmo, pela não-religião. Esse
número cresce a cada dia.
O secularismo, movimento de “desespirutalização” do mundo, de retirada ou
perda do caráter religioso das coisas, também contribui para a queda do interesse
pelas religiões tradicionais.
2000 2003 2004
Catolicismo 73,0 65,0 55,0
Evangélicos 14,2 20,0 21,5
Espírita / Afro 3,3 3,0 2,8
Sem religião 9,3 11,0 16,3
Quadro 4: pesquisa de interesse religioso dos jovens entre 15 a 24 anos
118
Fonte: Instituto de Cidadania (2003), Ibase/Pólis (2004) - % - Jovens de 15 a 24 anos e filiação
religiosa em três pesquisas: Censo (2000)

A diferença acentuada de um ano para outro (2003 e 2004) referente ao


declínio de jovens católicos se deve provavelmente a critérios diferenciados usados
pelas instituições de pesquisa (IBASE/Polis e Instituto de Cidadania). Censo de
2000, não separa jovens de 15 a 24 anos.
Outra parte dos jovens tem buscado uma espiritualidade mística. Têm seus
interesses despertados pelo ocultismo, religiões de mistério, religiões afro-
brasileiras, Nova Era e esoterismos em geral. Buscam emoção, situações radicais,
extremismos, por curiosidade, aventura ou por desesperança e descrédito nas
alternativas que têm.
A capelania não pode desconhecer essa realidade. Precisa estar ciente das
diversas manifestações religiosas. Por isso, um levantamento do perfil religioso dos
alunos com quem trabalha se faz necessário para que se possa direcionar o trabalho
em função das aspirações, preocupações e das tendências religiosas detectadas.
Cabe à capelania mostrar os caminhos que a fé tem e a transitoriedade e
riscos das alternativas que muitos têm buscado na solução de suas angústias. A
capelania pode promover encontros em uma ambiência jovem onde a alternativa da
confessionalidade possa ser apresentada, aprendida e sentida. Congressos,
acampamentos, passeios, ações socioevangelizadoras criativas, organizadas e

118
OBSERVATÓRIO JOVEM, 2004.
80

impactantes podem são ótimos momentos para isso.

3.2.3 Ecumenismo e Liberdade Religiosa119

Há alunos, com o apoio dos pais, que eventualmente se recusam a participar


das aulas ou atividades de educação cristã. Conforme declarou Alemar Quirino da
Silva, capelão da unidade em Uberlândia: “enfrentei problemas quanto à recusa de
participar das aulas de educação cristã por parte de alunos e de pais”. 120
Diz ele ainda:
Quanto à recusa de participar das aulas de educação cristã, minha posição
sempre foi a de esclarecer os conteúdos e o propósito dos mesmos dentro do
Colégio Batista, que não tem como finalidade fazer proselitismo, mas estudar os
conceitos e história bíblicos sem conotação religiosa/denominacional. Por isso,
não se justificava a dispensa do aluno de assistir às aulas. Deixava claro também
que faz parte da proposta de formação integral do aluno a ministração desse
121
conteúdo.

Neste caso prevalece o respeito à opção dos pais pela religião dos filhos. Os
pais precisam saber o que será ensinado (conteúdo programático) a seus filhos
naquele ano para ver se concordam.
Foi elaborado um formulário para verificar o “Perfil Religioso” dos alunos, a fim
de se ter uma idéia mais precisa da composição religiosa do alunado do SBME e de
seu pensamento religioso, mas a pesquisa ainda não foi testada pela Capelania.
Será aplicada no início de 2010. Como o formulário foi elaborado pelo autor ele é
colocado neste trabalho a título de exemplo e modelo. 122
O ecumenismo sinalizado como um desafio se deve ao fato da tradição batista
ter dificuldade de lidar com ele. Os capelães precisam vencer sua cultura
denominacional e preconceito para aprender a dialogar com outras expressões de
fé presentes no contexto escolar. Aprender a respeitar as opões religiosas
divergentes, sem, contudo, deixar de apresentar, sem arrogância, seu ponto de vista
de fé.

119
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, em entrevista, pergunta 15
120
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, em entrevista, pergunta 15,
121
Apêndice A- Alemar Quirino da Silva, entrevista, pergunta 16,
122
ANEXO T
81

O ensino não pode ser proselitista, mas de cunho geral. É bem possível que os
pais que optam por uma escola cristã estão optando, também, por um ensino cristão.
Às vezes superestimamos essa questão e diminuímos o conteúdo de nosso ensino,
quando, geralmente, ela não é tão importante para os pais.
Numa época de preocupação com a identidade, ou reafirmação dela,
quando escolas como metodistas e presbiterianas tentam resgatar sua
confessionalidade, os batistas também estão procurando reafirmar, com sabedoria e
coragem, a sua, sem medo de perder aluno.

3.2.4 Espiritualidade esotérica123

Outra pesquisa realizada pelo Instituto de Análises Sociais e Econômicas,


(IBASE) e do Instituto Polis, coordenada pela pesquisadora e antropóloga Regina
Novaes realizadas em seis regiões metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Porto
Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) mostra que a religião é o
principal motivo que une os jovens – 42,5%. Varias pesquisas de mais de uma
década têm mostrado que o jovem desenvolve sua espiritualidade cada vez mais,
mas esse crescimento tem se dado independente da religiosidade, ou seja, cresce o
número de “crentes sem religião”. Os jovens estão procurando alternativas religiosas
fora das religiões tradicionais. 124
Ao tempo em que, por um lado, cresce o desinteresse pela religião tradicional,
por outro, o número dos sem religião, também cresce o número de adeptos de
religiões de espiritualidade exotérica, Muitos jovens têm seu interesse despertado
para religiões de mistério, culturas “zens” e religiões cósmicas. Nessas se privilegia
as sensações, as emoções, as experiências e não necessariamente as regras
morais universais.

3.2.5 Calendário e feriados escolares125

Algumas celebrações periódicas nas escolas, dentro do calendário escolar,


123
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista, pergunta 4,
124
Disponível em <www.uff.br/obsjovem/mambo/index> - acesso em 23.07.2009.
125
Apêndice A - José Paulo, em entrevista aos capelães, pergunta 14
82

são bastante discutíveis e controversas para os conceitos evangélicos. O capelania


precisa ter um bom conhecimento sobre as origens de cada celebração para que
possa definir sobre a conveniência ou não de envolver-se nela ou de ser vivenciada
numa escola de linha confessional evangélica.
É possível que professores e coordenadores de escola podem não achar
nenhum problema em realizá-las, simplesmente por estarem inseridas no calendário
escolar e serem aceitas pela cultura da sociedade, mas muitos pais evangélicos e as
igrejas da denominação a que pertence o colégio pensam diferente.
Entre as festas mais polêmicas estão:

a) Festas Juninas - Essas festas são divididas em três datas em junho,


supostamente os aniversários de: Santo Antônio, dia 13; São João Batista, dia 24, e
São Pedro, dia 29. Algumas escolas evangélicas aproveitam a ocasião para
realizarem festas do folclore, festa da cultura ou festa na roça. 126

b) São Cosme e São Damião - Dia 27 de setembro - Irmãos gêmeos


médicos que viveram na Idade Média e que ajudavam doentes na Índia. Padroeiros
dos motoristas e dos cabeleireiros. Presenças fortes no candomblé.
Informa Damy Ferreira que os escravos africanos trouxeram do seu mundo
uma prática denominada “Ibejis ou Erês”, que quer dizer: criança que gosta de
oferendas. Como foram proibidos da prática aqui no Brasil, acharam em Cosme e
Damião a mesma idéia e então passaram a adaptar suas práticas às cristãs.127

c) Carnaval - Entre os gregos, os festejos ao deus Baco, do vinho, também


assumiam as mesmas características. Entre os romanos, os festejos giravam em
torno do deus Pã, em 15 de fevereiro. O cristianismo católico fazia festas
semelhantes no chamado Ano Bom e Dia de Reis, com jogos e disfarces com
máscaras. O carnaval, segundo o falecido Pr. João Filson Soren, ex-capelão militar
durante a II Guerra Mundial: 1) despe o povo; 2) embrutece o povo; 3) empobrece o
povo; 4) o carnaval desmoraliza o povo.128

126
FERREIRA, 2008, p. 74.
127
FERREIRA. 2008, p. 77
83

Em virtude de sua origem, forma e prática, o carnaval não se coaduna com


nossa escola, não havendo nenhuma possibilidade de adaptação,
recuperação ou aproveitamento dessa fes tividade.
Não devemos propiciar festas, bailes, concursos, gincanas ou qualquer
outra atividade es colar alusiva ao carnaval. Não nos cabe julgar, criticar ou
tentar demover pais ou alunos dessa prática, no entanto, não devemos
incentivá-Ia cedendo às pressões das fantasias, blocos ou outra
demonstração. Incluem-se aqui as derivações como MI-CARETA, PRÉ-
129
CAJU e outros regionalismos do carnaval.

d) Hallowenn ou Dia das Bruxas - Comemorado no dia 31 de outubro, teve


sua origem na Europa e depois foi transportado para os Estados Unidos onde hoje é
amplamente comemorado, inclusive por algumas igrejas evangélicas. É uma festa
que evoca a lembrança de bruxas e fantasmas, lua cheia, gatos e morcegos,
cabeças de abóboras (“Jack-o-lanterns”). As crianças visitam as casas, usando
máscaras e fantasias numa espécie de “intimidação”: “travessuras ou doces”? -
“Trick or Treat”?. Nesta festa as cores em destaque são o laranja e o preto. Muitos
também acendem fogueiras. Todos esses rituais, aparentemente inocentes, estão
ligados a um passado de feitiçaria, demonismo e paganismo.130

e) Natal - Mesmo o Natal cristão não está isento das influências culturais e
sociais que desviam-lhe o sentido original. Além da excessiva preocupação com o
consumismo, glutonaria e bebedeiras, há também uma forte associação dele com a
figura do “Papai Noel”, o bom velhinho. O desafio constante da capelania é ressaltar
o verdadeiro significado do Natal.

f) Páscoa - Da mesma forma, a Páscoa toma caminhos desviantes na medida


em que está associada a ovos de chocolate e coelho.131 Cabe à capelania ressaltar
o significado mais significativo da Páscoa e evidenciar a figura do Cordeiro e da
ressurreição.

g) O folclore é a riqueza natural dos povos. É a composição de atas, festas,

128
Citado por FERREIRA, p. 88.
129
SORIA (1996) p.16
130
SÓRIA, 1996, p. 12.
131
FERREIRA, 2008, p. 69
84

cantigas, contos e lendas que formam um patrimônio cultural. Devemos ajudar a


preservar o acervo cultural do nosso país e de nossa região. Afirma Sória que:

Há uma parte do folclore que na realidade é a tradição religiosa de culturas


ancestrais que foram agregadas ao folclore nacional. Devemos ter o bom
senso de separar o religioso do folclórico. As práticas afro-brasileiras não
fazem parte do folclore, mas sim das religiões animistas.
Algumas lendas do passado não são educativas e s.ó trazem o medo e a
instabilidade emocional, devendo ser evitadas; outras são de caráter
religioso pagão ou idólatra, e não devem ser utilizadas, mas há uma boa
quantidade que são úteis e agradáveis. Assim como o carnaval é colocado
indevidamente como sendo folclore, outras tantas práticas também o são.
As crendices e superstições colocadas como folclore desviam os jovens da
132
verdade bíblica e confundem religião com costumes.

Outras datas significativas devem ser comemoradas e, geralmente, se


mostram como ricas oportunidades para testemunho, evangelização,
conscientização e despertamento de cidadania e, no mínimo, aproximação das
pessoas com a fé, rompendo preconceitos e barreiras. As festas que geralmente são
comemoradas ou lembradas nas escolas são:
- Dia do Aniversário da Escola – Cada escola tem sua data de fundação
- Dia da Páscoa - dia variável
- Dia do Teatro – 27 de março
- Dia de Tiradentes – 21 de abril
- Dia do Trabalhador – 1º de maio
- Dia das Mães – 2º domingo de maio
- Dia do Meio Ambiente – 05 de junho
- Dia dos Namorados - 12 de junho
- Dia do Capelão Evangélico - 21 de junho
- Dia dos avos – 26 de julho
- Dia do Estudante – 10 de agosto
- Dia dos Pais – 2º domingo de agosto
- Dia da Proclamação da “Independência” - 7 de setembro
- Dia do Idoso – 21 de setembro
- Dia Internacional da Paz – 21 de setembro e 1º de janeiro
- Dia das Crianças – 12 de outubro
- Dia do Professor – 15 de outubro

132
SORIA (1996) p. 20
85

- Dia da Reforma Protestante -31 de outubro


- Dia da Cultura – 5 de novembro
- Dia do Diretor Escolar – 1 de novembro
- Dia da Consciência Negra – 20 de novembro
- Dia da Proclamação da República – 15 de novembro
- Dia de Finados – 02 de novembro
- Dia da Bíblia – 2º domingo de dezembro
- Natal – 25 de dezembro

Naturalmente não há condições de se comemorar todas elas, mas essas


datas devem ser lembradas em palestras, reflexões escritas, jornais e aulas. Para
cada uma dessas comemorações é preciso apresentar o ponto de vista cristão
evangélico.

3.2.6 Desarranjo da família tradicional e seu novo desenho133

A família desestruturada se reflete diretamente na escola através de


comportamentos inadequados ou não esperados dos alunos. Uma nova realidade de
relacionamento com os responsáveis pelos alunos, que nem sempre são os pais, se
afigura. Hoje a família nuclear (pai, mãe e filhos) nem sempre é uma realidade. Há
alunos que não conhecem o pai, alunos que são criados pelos avós ou pelo pai,
alunos filhos de pais separados e que vivem em dois lares (o do pai e o da mãe,
alternadamente).
A capelania precisa estar preparada para enfrentar a realidade da nova
família e as tensões provenientes dessa nova realidade.

3.2.7 “Pós-modernidade”134

Vive-se um tempo vulgarmente conhecido como “pós-moderno” ou a “pós-


modernidade”. Na verdade trata -se de uma outra modernidade, mas sem

133
Apêndice A - Ierson Batista, em entrevista, pergunta 15
134
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista aos capelães, pergunta 14
86

balizamentos claros. Uma modernidade na qual paradigmas, preceitos e estruturas


sociais, econômicas e políticas não são tão estáveis como na modernidade anterior.
Uma modernidade fluída, flexível, de difícil definição, em que se interagem vários
mundos, realidades, culturas, referências, éticas e posturas. Por si só. este tempo
traz consigo grandes desafios e enormes preocupações, como também pode trazer
boas oportunidades.
Várias características marcam este tempo. São comportamentos da
sociedade, e, por conseqüência, dos alunos, com os quais a capelania precisa lidar,
e os capelães terão que enfrentar.
No Apêndice C são apresentadas uma lista das principais características da
chamada “pós-modernidade” elaborada pelo autor desta dissertação de forma
conceitual e resumidamente. As marcas da chamada pós-modernidade são
denominadas pelo autor de: Pluralização, Privatização, Qualificação,
Descartalização, Globalização, Pragmatização, Secularização e Mistificação.135

3.2.8 Os livros didáticos

Algumas vezes, os livros de didáticos (livros textos das matérias do currículo)


trazem informações que não se coadunam com a confissão e os valores da escola,
como a questão da origem do mundo, onde só apresenta um ponto de vista, bem
como alguns desvios sutis dos princípios éticos adotados pela escola, presença de
preceitos de outras tradições religiosas entre outras questões problemáticas O
capelão muitas vezes precisa mostrar a contradição entre o que a escola crê e o que
ensina os livros. Nem sempre isso é bem aceito pelos professores, especialmente os
não evangélicos. Conforme pontuou Alemar Quirino da Silva, capelão: “Outra
questão que está presente no nosso trabalho é em relação aos livros didáticos,
atividades que vão de encontro à nossa filosofia.”136
Continua Alemar Silva:

No que se refere aos livros didáticos que chocam com a filosofia da escola, a
postura também é de serenidade, mas bastante firme no sentido de que qualquer
livro ou atividade que fira a nossa filosofia não pode ser permitido. Sempre há as

135
Anexo T - Verificar as definições destes termos “Características da chamada “Pós-modernidade”.
136
Apêndice A - Silva, entrevista, pergunta 15
87

reações dos proponentes e que geram certo desgaste, mas a prioridade é a


filosofia. Como alternativa sugerimos que se apontem outros livros e substituam as
137
atividades.

Entende o capelão Hélio Alves da Silva que é função da capelania examinar os


livros didáticos usados por todas as disciplinas:. Segundo ele a capelania deve
“Avalia livros pedagógicos, obras artísticas e dá parecer favorável ou não levando
em conta a filosofia da escola,138

3.3 Desafios do exercício da função

3.3.1 A ética no exercício da função

Toda função que tem como alvo a pessoa humana e trabalha com relações
sociais demanda um código de ética explícito (escrito, formal) ou implícito (presente
no ideário social). No caso da capelania escolar não se tinha conhecimento até
então de um código de ética escrito.
Por iniciativa de Ferreira (2008) 139, foi elaborado esse código. Ele carece de
maior aprofundamento e ampla discussão por parte dos capelães em exercício, até
por que, Ferreira não é e nunca foi capelão escolar. Mas seu bom senso, sua
pesquisa e sua vivência como pastor ajudaram-no a elaborar o documento.
O Código de Ética do Capelão Escolar é um dos anexos (Anexo S) deste
trabalho. Nas notas de referência do Código o autor desta dissertação fez alguns
acréscimos e substituições de termos para que o Código se adaptasse mais à
realidade da capelania escolar, e, em especial, à capelania escolar do SBME 140.

3.3.2 Exemplos inadequados dos ditos cristãos dentro da escola 141

Esse é um enorme desafio para a capelania. Numa escola confessional a

137
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, pergunta 16
138
Apêndice A, Hélio Alves da Silva, pergunta 16.
139
FERREIRA, Capelania Escolar Evangélica, p. 165
140
Anexo S
141
Apêndice A - José Paulo, em entrevista aos capelães, pergunta 14
88

maioria dos professores e funcionários administrativos geralmente é evangélica 142.


Os alunos não evangélicos ficam mais atentos ao comportamento desses.
Infelizmente, muitos ditos evangélicos não dão um bom testemunho cristão. Tratam
inadequadamente os alunos, usam palavras inconvenientes, têm posturas éticas
questionáveis, usam roupas inapropriadas, fazem comentários maliciosos etc. O
mau testemunho desses afeta profundamente o trabalho da capelania, que se sente
remando contra a maré e mantendo “inimigos dentro de casa”. Quanto a isso
Lockmann que observa o mesmo problema nas escolas metodistas vai afirmar:

Precisamos ter uma pastoral interna dos metodistas que trabalham na


Instituição; sentar com esses metodistas, mensalmente, e discutir com
eles como se dá o testemunho metodista diante da escola. Porque pode
haver toda a sinceridade de empenho da Direção Geral, da Pastoral,
mas nós estamos perdendo muito, por aquele veiozinho por onde está
escorrendo muito daquilo que poderíamos fazer; pois os próprios
metodistas, que estão dentro da Instituição, estão conspirando contra a
143
Igreja, [...]

Por isso, o primeiro campo de ação da capelania deve ser com os professores
e funcionários, evangélicos ou não. Eles precisam ser conscientizados de que estão
numa escola confessional que exige deles um comportamento coerente com os
valores adotados por ela. Se qualquer servidor da escola (da administração ou
docência) não estiver disposto a agir assim ou a respeitar a confessionalidade e os
valores da escola, deve ser convidado a deixá -la.

3.3.3 Número excessivo de alunos em sala de aula144

Os professores da unidade de Belo Horizonte do SBME 145 reclamam do


número excessivo de alunos por sala. Afirmam que poderiam fazer um trabalho

142
Segundo informação do Setor de Recursos Humanos do SBME no quadro de funcionários 90%
dos funcionários administrativos e 74% dos funcionários docentes são evangélicos.
143
LOCKMANN, Paulo, Confessionalidade e Educação: uma abordagem pastoral missionária. São
Paulo: Revista de Educação do COGEIME, 2º. Semestre de 2000, p.71
144
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista, pergunta 14
145
Uma reclamação antiga de quando o autor era diretor. Infelizmente pelo número excessivo de
bolsas e descontos que a escola precisa dar, suas turmas acabam por ter que ser grandes (cerca de
35 alunos por sala no Ensino Fundamental e 40 no Ensino Médio)
89

melhor, mais individualizado, se tivessem menos alunos na sala. Isso é verdade. A


quantidade estraga a qualidade. No entanto, a realidade financeira e social do SBME
leva seus gestores (diretores e coordenadores) a colocarem em sala de aula um
número grande de alunos 146. A existência de muitos bolsistas integrais, muitos
bolsistas parciais e muitos inadimplentes impõe esta ação administrativa .
Como não se pode mudar a realidade, cabem aos professores, em nosso
caso, os de Ensino Religioso (cristão), utilizar criatividade, carisma, capacidade de
comunicação, além de requisitar os recursos necessários (projetor, som etc.) para
tentar sobrepujar essa dificuldade. A direção da unidade, conhecedora do problema,
deve providenciar os recursos demandados.

3.3.4 Necessidade de mais capacitação e atualização dos capelães e professores de


educação cristã

Alguns professores têm boa formação didática. Outros têm boa formação
teológica. É preciso unir as duas competências, adequando linguagem, metodologia,
didática e conteúdos à idade de cada aluno. Trata-se de uma tarefa difícil,
especialmente no Ensino Religioso (cristão). Por isso, os professores devem ter
permanentes momentos de troca de idéias e atualizações com especialistas da área.
Seria ideal que, pelo menos anualmente, houvesse cursos de atualização para
todos os membros da capelania. O curso de Teologia dos seminários deveria ter
uma área de especialização para formação de capelães para as áreas escolar,
prisional, hospitalar, militar, governamental etc.

3.3.5 Apoio da direção e coordenação da escola

A direção de uma escola confessional cristã deve dar prioridade ao ensino


cristão. Recursos devem ser buscados para disponibilizar salas, equipamentos,
materiais adequados e eficientes para o ensino, a fim de tornar, especialmente o
ensino cristão bastante atraente. A direção da escola confessional cristã deve ter o

146
Em torno de 30 alunos por sala no primeiro segmento do Ensino Fundamental; 40, no segundo
segmento do Ensino Fundamental; e, 45, no Ensino Médio.
90

ensino cristão como de grande relevância. Reconhece-se que isso é mais difícil em
uma escola pública ou não confessional.
Por outro lado, compete ao professor de Ensino Religioso e capelães (quando
houver na escola) esforçarem-se, mobilizarem-se e apresentarem um trabalho de
qualidade para ganharem a confiança e o respeito de seu(sua) diretor(a) e
coordenador(a).

3.3.6 Pais que não apóiam ou dificultam o trabalho da escola147, 148

Há também casos de pais que não apóiam, não confiam ou são indiferentes à
ação educativo -religiosos da escola. Eles precisariam ver a escola como parceira na
caminhada da formação moral e espiritual de seus filhos. Para isso é preciso
permanente contato com eles através de reuniões, informativos e cartas, objetivando
esclarece-lhes do valor do ensino religioso e da importância do apoio e ajuda das
famílias.
Hélio Spyer, capelão, em entrevista, afirma como desafio ao seu trabalho
“desinteresse e demandas de alunos e famílias. A permissividade de alguns e a
rigidez e o fanatismo de outros”;149

3.3.7 Entrosamento entre capelania e coordenações e orientações pedagógicas

Embora este não tenha se apresentado como um problema para os capelães,


a relação é delicada. A equipe técnica também deve estar entrosada com os
professores de Ensino Religioso (ER) 150 e capelania. Ainda que a iniciativa deva
partir da coordenação ou da orientação do segmento onde o(a) professor(a) atua.
Quando isso não acontece, os professores de Ensino Religioso devem buscar essa

147
Apêndice A - Ierson batista, pergunta 15
148
Hélio Alves Anexo A - pergunta16
149
Apêndice A - Entrevista com os capelães, pergunta 7.
150
No SBME o nome da disciplina Ensino Religioso é Educação Cristã ou Filosofia e Ética Cristãs.
Mas este autor vai normalmente refererir-se a essas disciplinas como Ensino Religioso (ER), nome
oficialmente aceito pela legislação.
91

aproximação, esse apoio.

Quanto a esta questão reafirma Cordeiro em entrevista:

Penso que seja o conflito entre as demandas na maioria das vezes


informais, repentinas e surpreendentes tão próprias do caráter imponderável
das ações da capelania e a necessidade pedagógica dos processos muito
formais como, por exemplo, a rigidez da grade curricular, horários
151
excessivamente precisos e etc.

Os professores de ER não devem se isolar, mas devem estar bem integrados


ao grupo de professores das demais disciplinas. Muitos projetos interdisciplinares e
transdisciplinares podem ser desenvolvidos.
É preciso lembrar, também, que o capelão não é só capelão dos alunos, é
também dos professores e dos funcionários administrativos da escola. Por isso, ele
deve procurar ser uma pessoa acessível, simpática, amável, de bom relacionamento
e que inspira confiança, para poder despertar nas pessoas o desejo de procurá-lo
quando em necessidade.

3.3.8 “independência” da capelania (pastores):

Os capelães não assinalaram isso, mas, como diretor de escola, este autor
muitas vezes ouviu reclamações de coordenadoras de segmento de que é um pouco
mais difícil trabalhar com professores de ER e capelães que são pastores, pois as
demandas do ministério pastoral, em muitos momentos, se sobrepõem às
necessidades do colégio.
Nas escolas confessionais a maioria dos professores da disciplina Educação
Cristã (ER) ou capelães é formada de pastores que também ministram em igrejas
locais152. Por sua natureza pastoral, de líder, esses tendem a fazer um trabalho mais
isolado, mais independente. Não se entrosam tão adequadamente como deveriam.
Não dispõem de tanto tempo para as reuniões e participação em outras atividades

151
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista, Pergunta 7.
152
No SBME todos os capelães são pastores de igrejas locais e 60% dos professores de Ensino
Religioso são pastores. No Instituto Batista Ida Nelson em Manaus, colégio, o capelão era pastor e
metade dos professores de ER era pastor de igreja local.
92

da escola. Isso vai criando um clima de distanciamento da capelania em relação a


outros setores da escola.
Caberia aos capelães e professores-pastores viverem mais o ambiente
escolar e assumirem amplamente, com humildade, seu papel na escola, integrando-
se a ela de corpo e coração.

3.3.9 Indefinição sobre como tratar a escola (igreja ou escola?) 153

Essa é uma crise que muitas escolas confessionais vivem. Ser uma extensão
da igreja ou ser uma instituição com características próprias? Pode a escola adotar
todas as estratégias, ministérios e ações que são usadas na igreja? Tem a escola o
direito de ser uma igreja?
Os diretores das escolas confessionais batistas falam que sofrem pressão de
líderes denominacionais para que ocorram algumas ações dentro da escola que só
são possíveis numa igreja 154. Afirma Alemar Quirino da Silva, capelão da unidade de
Uberlândia: “alguns pais [evangélicos] e pastores não entendem que a escola não é
igreja e que a estratégia tem que ser diferente”. 155 Segundo Lima (2008) “O foco da
capelania deve ser agregar valores as vidas e não agregar vidas às
denominações”. 156 Os princípios ensinados podem ser os mesmos mas a linguagem,
os métodos e as estratégias precisam ser outros.
Por outro lado, a escola, excessivamente preocupada em não parecer igreja,
acaba não aproveitando a grande oportunidade de influenciar, edificar e evangelizar,
que se lhe é dada pela presença de muitas crianças e jovens diariamente.
É preciso encontrar um meio termo; Este trabalho não pretende dar a solução,
mas pode apontar algumas pistas:
a) é preciso haver um amplo trabalho de conscientização junto aos líderes da
denominação mantenedora para as peculiaridades e limites de uma instituição

153
Apêndice A - Alemar Quiino da Silva, entrevista, pergunta 15
154
Debate ocorrido na Assembléia da ANEB em São Luiz MA, em janeiro de 2008, em que v´´arios
diretores apresentaram esta demanda dos líderes de seu estado. Afirmam que a escola se
secularizou e perdeu os objetivos de seus pioneiros.
155
Apêndice A Alemar Quiino da Silva, entrevista
156
LIMA, (2008) p. 133,
93

educacional que precisa atender principalmente a transmissão da cultura e a


qualidade de ensino;
b) é preciso deixar claro os limites que a legislação impõe para uma ação religiosa
dentro da escola, que não pode ser proselitista e que os pais têm direito de não
aceitar qualquer forma de ação indutora em favor de uma ou outra religião;
c) é preciso entender que, como foi mostrado anteriormente, que o público
predominante nas escolas, mesmo as confessionais, é de não-evangélicos (ou de
pessoas não frequentadoras de igrejas) e que portanto, não estão acostumadas com
a cultura e rituais de igreja;
d) é preciso encontrar fórmulas legalmente permitidas que ajudem aos alunos a
aprenderem princípios e valores saudáveis ligados à fé, dentro do contexto escolar,
numa linguagem própria do ambiente escolar e com possibilidade de repercussão
interdisciplinar.

3.4 Desafios específicos da vida do jovem estudante

Abaixo são relacionados dez principais problemas que os capelães


apresentaram na entrevista, como percebidos por eles na vida dos jovens
estudantes com quem lidam cotidianamente. Algumas das percepções apontadas se
fundamentam na experiência de trabalho deles, na visão empírica que têm dos
fenômenos descritos, ainda que nem sempre consigam fundamentar cientificamente.
São elas:

3.4.1 Falta de ideais e de esperança da juventude.157.158

Examinando diversos artigos escritos analisando os problemas da juventude


atual, foram mencionados os a seguir relacionados:159

157
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista, pergunta 16
158
Textos acessados pela Google em 26.08.2009, a partir do tema: “principais problemas dos Jovens
de hoje”, (autores não mencionados): .”As pressões sobre os jovens de hoje”, “O que leva os jovens a
consumir drogas, álcool e tabaco”, “Problemas do Jovens na actualidade” e “Futuro sem esperança”,
159
LISBOA, Fábio Aguiar; O que o jovem pensa da igreja? Você sabe?. Rio demJaneiro> O Jornal
batista, 16.08.2009. página 6.
94

a) Há um crescente sentimento de que se deve viver inte nsamente o presente, sem


pensar nas consequências do amanhã.
b) Há pouca ou nenhuma esperança no coração de muitos jovens.
c) Muitos não estão preocupados em cultivar ideais, valores.
d) Temas ligados à cidadania, responsabilidade social, ecologia, caráter, ética,
construção de um mundo melhor, família, paz mundial, política e sociedade saudável
não fazem parte da agenda prioritária deles.
e) Ainda jovens já desacreditam no mundo, nos governos, nas políticas públicas, nas
religiões, no amor e até nas ciências.
Para muitos resta a desilusão e a busca de alternativas para fugir da realidade
(drogas, álcool, depressão e suicídio).
Muitos desses jovens estão em nossas escolas. É preciso que os capelães
conheçam o que pensam eles e ajam no sentindo de infundir em seus corações a
esperança que há na fé em Deus. As aulas e ministrações da capelania devem
ajudá-los a ver o mundo, as pessoas e o futuro de uma maneira mais otimista e
esperançosa. Devem ajudá-los a crer numa cultura cristã que deseja estabelecer
sinais do Reino de Deus neste mundo.

3.4.2 Preconceitos e discriminações160

Muitos jove ns já chegam à escola influenciados por preconceitos raciais,


sociais, religiosos entre outros mais sutis. Esses preconceitos se manifestam em
atos de discriminação, repúdio, isolamento, humilhações e gozações.
Cabe a toda a escola, com o apoio da capelania, ajudar esses alunos a
superar posturas e comportamentos preconceituosos, levando-os a ver as ilusões
dos muros e barreiras que os seres humanos criam entre si e que todos são iguais e
merecedores do amor diante de Deus.

3.4.3 Violência (Bullyng)161

Há um espírito beligerante da sociedade contemporânea (assaltos,


assassinatos, brigas, competições exacerbadas etc.) chegam às escolas. A
160
Apêndice A - José Paulo, pergunta 15 em entrevista aos capelães
161
Apêndice A - José Paulo, em entrevista, pergunta 15
95

agressividade é notória em muitos alunos. É preciso apresentar nas aulas uma série
de valores que são superiores e alternativos à violência (confronto) e que dão mais
certo: amor, generosidade, paciência, altruísmo, compaixão etc. Apresentar Jesus
como o modelo de homem pacífico.
É preciso que a capelania conheça as fontes ou as razões da violência, suas
manifestações (físicas, verbais ou escondidas) para que não tenha soluções
simplistas e ingênuas. É preciso também saber lidar com o bullyng162
Segundo a professora Maria Leonina Couto Cunha, o bullyng acontece em
100% das escolas e se manifesta por violência física, psicológica, sexual, verbal ou
moral. É caracterizado bullyng quando o comportamento de violência é repetitivo,
quando há desigualdade de força, quando é gratuito, isto é, sem motivo, Ela informa
ainda que cerca de 80% das vítimas de bullyng costumam trocar de papel depois. As
vítimas de bullyng geralmente são afetados por uma série de doenças de causa
psicossomáticas163

3.4.4 Indisciplina164 - 165 166

A indisciplina é um problema presente em quase todas as escolas.. É


essencial tratá-la com firmeza e sabedoria. Tentar compreender as razões dela:
familiar, idade, angústia, dúvidas etc. Fazer uma avaliação se as aulas, a escola, o
procedimento de outros professores ou de funcionários têm estimulado tal
comportamento, ainda que inconscientemente. É preciso repensar a família
contemporânea, repensar práticas pedagógicas atuais, olhar a nova família:
mudando conceitos, princípios básicos de convivência na escola para serem levados
à família.

162
Segundo a Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, (KOOGAN/HOUAISS, Rio de Janeiro: Edições
Delta, 1998).o termo bullyng compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e
repedidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro
ou outros, causando dor e angústia, e executados dentro de uma relação desigual de poder.
163
Em palestra no 2º Congresso de Capelania Escolar, realizado no Centro de Co nvenções Santa
Mônica em Guarulhos, São Paulo, no dia 24.07.2009.
164
Apêndice A - José Paulo, em entrevista, pergunta 14
165
Apêndice A - Ierson Batista, pergunta 15
166
Apêndice A – Helio Alves – pergunta 15
96

Parte da indisciplina tem origem na família, dos equívocos na criação e na


relação dos pais: a) que não estabelecem limites; b) que se ausentam ou se
distanciam no acompanhamento; c) que fogem de sua responsabilidade e terceiriza
a educação dos filhos; d) por sentirem culpa permitem quase tudo e dão quase tudo
que os filhos exigem; e, e) por falta de exemplo ou de posicionamento claro sobre os
valores certos fecha m os olhos e procuram justificas para os erros dos filhos.
Os casos mais graves de indisciplina ocorridos na escola são geralmente
encaminhados pelo professores, pessoalmente, com o apoio da coordenação aos
pais, buscando, juntos, acharem um caminho para ajudar o/a filho/a a superar a
dificuldade. A capelania faz o papel de ouvidoria e aconselhamento.
Também, a escola pode favorecer a indisciplina na medida em que, por
pressão financeira, não quer perder o aluno e não agem com firmeza no trato de
certos graves de indisciplina. A direção da escola sofre e cede à pressão dos pais e
se fragiliza.
O processo que conduz à melhora da disciplina começa pela conscientização.
Conversas francas e firmes, escola e pais falando a mesma linguagem, pagar o
preço da indisciplina contumaz (transferência), assistir e discutir com os alunos a
filmes alusivos ao assunto, que os fazem pensar sobre as consequências da
indisciplina, desobediência ou desorganização são ações que geram bons
resultados.
A capelania, não tem função disciplinar, mas orientadora e preventiva.
Respondendo a entrevista o capelão da unidade de Nova Contagem, coloca sua
preocupação de que o capelão “tenha sua imagem confundida com a de um
disciplinário somente”. 167

3.4.5 Drogas (entorpecentes) 168

Quanto as drogas a capelania pode fazer um trabalho preventivo. Pode


mostrar através de teatros, testemunho e/ou filmes que a alegria que buscam está
no Evangelho, em Jesus. Que a alegria e o prazer das drogas são efêmera e é
167
Apêndice A - entrevista com os capelães - pergunta 7 - Capelão da Unidade de Nova Contagem..
Disciplinário é o nome que se dá no SBME para o funcionário que cuida da disciplina, o antigo
inspetor de alunos.
168
Apêndice A - José Paulo em entrevista, pergunta 15
97

danosa e leva à morte espiritual, moral, social e emocional. Pode mostrar a oração,
o louvor e a Palavra como antídotos para o desejo das drogas. É preciso que o
capelão conheça os vários tipos de entorpecentes. Seus efeitos e o tratamento . As
drogas estão presentes dentro de todas as escolas e não podemos fechar os olhos
para isso.
Como a unidade do SBME localizada em Nova Contagem está numa área de
população de vulnerabilidade social o capelão de lá, Ierson da Silva Batista, enfrenta
este problema mais de perto,. Diz ele:

Em minha unidade é um pouco diferente e esta realidade de faixa etária


está muito por conta dos próprios pais de nossos alunos que por algumas
razões são pais ainda muito jovens, as relações familiares às vezes vão de
um extremo ao outro, ou seja, alguns por causa da condição sócio-
econômica se apegam ainda mais ao âmbito familiar como forma
de continuarem se mantendo, para alguns isso gera desgaste para outros é
muito comum; outros desprezam por completo a família, buscando recursos
e o sustento longe dos pais. Há muita influencia do tráfico. Em alguns
casos, a capelania tem prestado assistência em aconselhamento,
acompanhamento e encaminhado aqueles que desejam a centros de
169
"recuperação".

3.4.6. “Cola” e mentira

Estes são problemas muito comuns na realidade de uma escola e são reflexos
de falha de caráter. “Cola” é a ação de copiar a resposta da prova da prova de um
colega ou de anotações que o próprio aluno leva e as usa na hora da prova
escondidas do professor.. Diz Alemar Quirino da Silva, capelão: “muitas vezes tenho
que lidar pastoralmente com cola e mentira envolvendo o comportamento do
jovem”. 170
Novamente, cabe a capelania reafirmar os valores e princípios da ética,
principalmente cristã. Quem erra no aparentemente pouco abre caminho para
grandes erros e desvios. Mostrar os malefícios da cola e da mentira.
O Projeto Ética e Caráter na Escola visa diminuir a manifestação desses
comportamentos.

169
Apêndice A - Ierson Batista, em entrevista com os capelães, pergunta 15
170
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, em entrevista, pergunta 15
98

3.4.7 Falta de referenciais ético-morais - CARÁTER

A sociedade tem relativizado os preceitos éticos. Com isso, os jovens ficam


sem parâmetros. Muitos á não sabem o que é certo e o que é errado ou se sabem
apelam para relativização ou para o argumento comparativo do tipo “todo mundo
faz”.
A escola confessional busca, de todas as maneiras a seu alcance, ser
parceira da sociedade na restauração ou reconstrução dos valores perdidos,
destruídos ou fragilizados.
Neste aspecto, o SBME tem dado um grande avanço na medida em que
implantou o Projeto Ética e Caráter na Escola. Mais a frente serão trabalhados os
detalhes do Projeto.

3.4.8 Exacerbação da sexualidade171 - 172 - 173

Os meios de comunicação banalizam e vulgarizam a sexualidade. A liberação


irresponsável da sexualidade se apresenta como um grande dilema para a escola.
Os jovens estão sendo permanentemente bombardeados e concitados a uma
crescente liberdade sexual. As consequências dessa situação são: gravidez
precoce, doenças sexualmente transmissíveis, estupros, pedofilia, prostituição, e
outros tipos não naturais de sexualidade.
Uma educação saudável, aberta, compatível com cada idade se faz
necessária. Essa educação não caberá somente à capelania, mas ela deverá ser
parceira para referendar os valores da fé cristã quanto ao assunto, com maturidade
e sabedoria. Partes de programas como “Quem ama espera” podem ajudar.

171
Apêndice A - Ierson, entrevista com os capelães, pergunta 15.
172
Apêndice A - Ierson Batista, em entrevista, pergunta 15
173
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, em entrevista aos capelães, pergunta 15
99

3.4.9 Homossexualidade e anormalidades sexuais174 -175

Situação encarada como sendo normal pela sociedade moderna e que precisa
ser aceita como uma opção e não como outra coisa. Temos abundantes textos
bíblicos que condenam tal prática. A Lei da Homofobia está em tramitação e punirá
qualquer ato de discriminação para com os homossexuais. Existem várias chamadas
“opções” sexuais que fogem ao padrão normal ou natural da heterossexualidade.
Segundo Alemar Quirino da Silva, capelão em Uberlândia,

Quanto ao homossexualismo e ao sexo antes do casamento, minha postura foi


sempre a de respeitar a opinião dos alunos, mas sem contudo deixar de me
posicionar com base na Bíblia. Sempre tratei esses assuntos com serenidade, mas
176
com muita firmeza também.

Como pode ser visto na Bíblia essas “opções” remontam há milênios e


acompanham os homens que estão longe de Deus: bissexualidade (ambos os
sexos), transexualidade (mudança de sexo), homossexualidade (gays e lésbicas),
prostituição (sexo com vários parceiros), pedofilia (sexo com crianças), necrofilia
(sexo com cadáveres), bestialidade ou zoofilia (sexo com animais). Prostituição
(sexo pago), promiscuidade (sexo com vários parceiros) entre outras anormalidades.
Uma orientação cristã aliada a uma mente aberta para acolher eventuais
dificuldades de alunos em qualquer dessas áreas é imprescindível para ajudá-los a
superar a situação.

3.4.10 Gravidez na adolescência177

Damy Ferreira (2008) escreve em seu livro “Capelania Escolar Evangélica”:


que
em 2000, segundo dados do Ministério da Saúde, foram realizados 689 mil
partos de adolescentes no Brasil, o equivalente a 30% do total dos partos
do país. Hoje são mais de 700 mil partos de adolescentes por ano. O
número é um golpe contra as várias iniciativas voltadas para a prevenção da

174
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista, pergunta 15
175
Apêndice A - Alemar Quirino da Silva, entrevista, pergunta 15
176
Apêndice A. Alemar Quirino da Silva, pergunta 16
177
Apêndice A - Cordeiro, entrevista, pergunta 15
100

178
gravidez na adolescência.

Cita G.I. Ballbone:

O abandono do lar dos pais, o abandono pelo pai da criança, a opressão e


discriminação social, a interrupção dos estudos e suas consequências
futuras, tais como os empregos menos remunerados, a dependência
179
financeira dos pais por mais tempo.

O pai, se também é adolescente, vai arcar com outras dificuldades. Caso


assuma a paternidade e se case, vai ter que aprender, forçadamente, coisas de
adultos. Terá que interromper os estudos, conseguir trabalho para sustentar a
mulher e filho. Aprender a lidar com a criança, quando deveria viver sua juventude.
Em estudo publicado na Revista Época foi mostrado que 85% das
adolescentes que engravidam e tem recursos, fazem aborto.180
A solução permanente é um trabalho preventivo incansável. Para evitar esse
problema, que é muito volumoso, a capelania deve promover palestras bem
elaboradas para os adolescentes e falar “português claro” com eles. Costumo dizer
às jovens para terem cuidado com os “machos” que não raro só querem se
satisfazer, mas não se responsabilizam pelo que fazem. Então a jovem recebe “um
pacote” que vai ter que suportar sozinha, não só pelos nove meses da gestação,
mas por muito tempo no cuidado da criança. É um “pacote” pesadão demais, afirma
Damy Ferreira.
É preciso combater essa dita “nova moral”, em que alguns pais permitem seus
adolescentes namorados dormirem juntos em casa para evitar os ladrões lá fora.
Tem-se constatado isso até mesmo entre evangélicos.
Nesse caso, a orientação de ação constante no livro “Capelania Escolar
Evangélica”, de Damy Ferreira, é:

a) esperar que o caso lhe venha ao conhecimento, ou pela própria pessoa


ou pela direção da escola, ou, ainda, pelos pais;

b) averiguar se os pais estão sabendo do fato e qual a atitude deles;


178
FERREIRA, 2008. p. 132.
179
BALLBONE apud FERREIRA, 2008, p. 133.
180
SEGATTO, Cristiane. Rio de Janeiro 2007, p. 82. aborto, sim ou não. Revista Época, ed 485,
p. 82-90, 16 de abril de 2007.
101

c) jamais ser drástico com a adolescente, mas tratá-la como pessoa e com
muito cuidado, sem, contudo, aprovar a sua atitude errada;

d) uma vez que o caso aconteceu, jamais incentivar o aborto, em nenhuma


hipótese;

e) levar a adolescente a valorizar a vida que tem dentro dela e prepará-la


para encarar esse desafio;

f) não procurar resolver o problema do parceiro, a menos que seja solicitado


e, principalmente, se for também da escola;

g) manter o equilíbrio de tratamento: nem privilegiá-la pelo feito, nem


181
menosprezá-la pelo erro.

181
FERREIRA, 2008. p. 97.
102

4 ESTRATÉGIAS DE PRÁTICA PASTORAL NA CAPELANIA


ESCOLAR

Além de algumas ações estratégicas sugeridas, e antecipadas no capítulo


anterior, na medida em que os desafios eram apresentados, são relacionadas ao
longo deste capítulo outras ações ou atividades que a capelania pode desenvolver
para marcar ainda mais sua presença, enriquecer sua influência e aumentar o
interesse dos alunos pela sua mensagem (conteúdos cristãos). São estratégias que
estão sendo usadas também por outros colégios batistas e de outras confissões
visando a envolver e despertar o interesse dos alunos para a mensagem da
confessionalidade. Algumas das estratégias são usadas pelo SBME e outras ainda
não.

4.1 Estratégias variadas que são utilizadas ou com possibilidades de utilização


pela capelania do SBME

4.1.1 Culto com os Alunos 182

Nas chamadas “Assembleias”, que acontecem nas Séries Finais (6º ao 9º


ano), e os chamados “Louvor”, nas Séries Iniciais (Educação Infantil e Fundamental
do 1º ao 5º ano), ministrados pelos capelães ou auxiliares da capelania (professores
de Educação Cristã), busca-se, através de momentos de oração, reflexão, louvor e
dinâmicas de grupo, passar a mensagem cristã aos alunos. Esses momentos
precisam ser criativos, atraentes e interessantes para os alunos. Os capelães usam
temas diversos e buscam sempre enfocar os valores do Projeto Ética e Caráter na
Escola nesses momentos. No “Louvor” os alunos aprendem e cantam músicas e
ouvem histórias com mensagem cristã.

O momento de “Louvor” acontece quinzenalmente. São momentos de vinte


minutos em que os alunos, desde a Educação Infantil até ao 5° ano do
Ensino Fundamental, ouvem histórias bíblicas, cantam músicas de louvor,
participam de teatros etc. São momentos muito especiais com participação
183
intensa dos alunos.

182
Apêndice A - citado por todos os capelães em entrevistas nas perguntas 15, 16 e 17
103

Para o segmento da Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1ª. ao 5ª.


ano, os professores de Educação Cristã e capelães estão sempre buscando
recursos audiovisuais adequados a apreciados por essa faixa etária. Santos (2008)
sugere a utilização de fantoches:

Nas classes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I (séries iniciais)


os fantoches continuam sendo uma boa pedida para a comunicação visual.
Histórias bíblicas e princípios éticos e morais poderão ser passados por
histórias transmitidas pelos fantoches. Mesmo que não seja o capelão que
faça tais atividades, todas as histórias devem passar pelo crivo da
184
capelania.

Segundo José Paulo da Silva os cultos são “especiais para cada faixa etária,
com linguagem e músicas compatíveis”.185
No chamado “Louvor” (momento de culto da Educação Infantil) o capelão
Ierson Batista de Souza, informa que usa “vários momentos de encontro com as
turmas para louvor, "contação" de história, lúdico edificante e aprendizagem de
versículos bíblicos”.186;187
Nas chamadas “Assembléias” (cultos para os alunos do 6º. ao 9º. anos) a
proposta é que as músicas, mensagens e as diversas estratégias que são usadas
como teatro, bandas etc, tenham como ponto de partida os problemas e as
preocupações que os alunos dessa faixa etária tenham ou vivenciam e oferecer uma
resposta cristã a eles.

4.1.2 Culto com os Funcionários188

Os cultos semanais com os funcionários acontecem por segmento e área de


serviço. Há culto com os professores e culto e com os funcionários administrativos.

183
ATIVIDADES da Capelania do Colégio Batista Mineiro, 2006.
184
Santos, 2008, p. 32
185
Apêndice A - entrevista pergunta 16
186
Apêndice A - Souza, entrevista, pergunta 16
187
Apêndice A - Hélio Spyer, entrevista, pergunta 16
188
Apêndice A - Cordeiro, entrevista, pergunta 17
104

Em Belo Horizonte, onde se concentram muitos funcionários seis cultos acontecem


na semana em setores e áreas diferentes. Os capelães geralmente são os dirigentes
desses encontros.

4.1.3 Estudos e Dinâmicas em Pequenos Grupos

Essa estratégia visa à criação de pequenos grupos para estudo bíblico na


escola envolvendo alunos crentes e não crentes. A escola providenciaria espaços e
condições adequadas para que esses grupos funcionem sob a supervisão de um
auxiliar de capelania.
No que se refere a dinâmicas de grupo, Santos (2008) oferece algumas
idéias:
Essas dinâmicas devem ser usadas com frequência a cada encontro. A
comunicação é “a arte de transmitir uma mensagem a ser compreendida”,
por isso, elas não devem ser economizadas. As dinâmicas são um poderoso
canal de comunicação, de conhecimento mútuo e de reflexão:
Alguém já disse:
EU ESCUTO ESQUEÇO
EU VEJO LEMBRO
EU FAÇO ENTENDO
Paulo Solonca possui um ótimo livro nessa área: “Dinâmicas para Grupos
de Discipulado” – Editora SOCEP. Um outro bom livro sobre dinâmica é o
do Prof. Edson Andrade: “Transmitindo a Palavra Através de Dinâmicas de
Grupo”. Podemos indicar ainda: “Jogos para Seleção com Foco em
189
Competência”, de Maria Odete Rabagio – Editora Quality Mark.

4.1.4 Escola de Pais190 - Cultos da Família - Jantares com os pais191.

O serviço de apoio espiritual e de aconselhamento bíblico geralmente também


é estendido aos familiares dos alunos. Um horário especial é reservado pelos
capelães para isto e pode ser divulgado para os pais. A secretária da capelania
marca os atendimentos.
Foi criada o que se tem sido chamada de “escola de pais”, onde são debatidos
problemas contemporâneos que inquietam as famílias.

189
Santos, 2008, p. 37.
190
Apêndice A - Cordeiro, entrevista, pergunta 16.
191
Apêndice A - Hélio Spyer, pergunta 17
105

Ainda, tem sido promovido, semestralmente, o Culto da Família - numa noite


em que os filhos se apresentam com coreografias, coro, banda, teatro etc.
Na unidade filantrópica de Nova Contagem, os problemas familiares são mais
notórios. Daí a necessidade do capelão enfatizar a escola de pais. Diz ele:

Diante destas realidades trabalhamos com cada família em suas situações e


que afetam diretamente o desenvolvimento de nossos alunos, fazemos
acompanhamento conjugal. Aconselhamento e desenvolvemos o que
chamamos de Escola de Pais onde as relações familiares são tratadas e
reforçado o conceito de família como uma estrutura base
para transformação da comunidade e do ser humano. A indisciplina dos
alunos é tratada buscando encontrar sua real fonte, é tratada em conjunto
com professores e familiares. Todos os pais são chamados a caminharem
junto com a escola, pois percebermos um certo desleixo, relaxamento
quanto ao desenvolvimento escolar de algumas crianças, para isso,
fazemos os atendimentos individuais dos pais, onde buscamos
especificamente reforçar seu papel como responsável pela criança.
Percebemos a boa aceitação por parte da maioria das famílias o
despertamento para as responsabilidades. Percebemos que às vezes o que
falta é a orientação e o amor para caminhar junto dando o tempo necessário
192
e se mostrando sempre perto para possível auxílio.

4.1.5 Assistência aos Enfermos e em Funerais193

Essa tarefa é de fundamental importâ ncia. Geralmente faz muito bem às


pessoas enlutadas ou enfermas sentir a presença da escola e a assistência
espiritual sábia que isso pode trazer. A capelania deve ter as condições materiais
(carro, motorista etc.) sempre que precisar.

A capelania interage com o todo da escola através das visitas aos enfermos
nos hospitais e nos lares de alunos, professores e funcionários em geral.
Esse é mais um dos diferenciais da capelania. O trabalho de visitação com
o intuito de levar uma palavra de conforto e consolo aos que estão sofrendo
é um dos elementos que fazem da capelania aquilo que verdadeiramente
194
é.

Quanto aos funerais e sepultamento, diz Cordeiro:

A capelania interage com o todo da escola através da sua presença


solidária nos velórios e sepultamentos. Marcar presença nessas horas tão

192
Apêndice A - Ierson Batista de Souza, pergunta 16, em entrevista
193
Apêndice A - José Paulo, entrevista, pergunta 15
194
CORDEIRO, O trabalho da capelania do SBME, p. 7
106

tristes de separação tem sido constante ação da capelania. Os resultados


195
são muito fortes, apesar de dificilmente mensuráveis.

Na assistência aos enlutados Worden (1998) recomenda:

Ajudar a pessoa a se dar conta da perda. ajudá-la a ver sem a pessoa


falecida; ajudá-la a expressar seus sentimentos; ajudá-la a reposicionar o
sentimento em relação a pessoa que morreu fornecer tempo para o luto,
interpretar qualquer comportamento “anormal”, encaminhar para tratamento
196
em caso de patologia e oferecer apoio continuado.

4.1.6 Programa de Aconselhamento197- 198

A capelania desenvolve um programa de aconselhamento e atendimento


individual a alunos que são encaminhados pela coordenação, funcionários docentes
e administrativos e, às vezes, familiares desses.

O aconselhamento é uma das funções mais características da capelania. Os


atendimentos são agendados na secretaria da capelania e são atendidos os
alunos do Colégio e da Faculdade, os funcionários, professores e
199
familiares.

O trabalho é de aconselhamento pastoral e não um atendimento psicológico,


ainda que três dos sete capelães do SBME tenham formação em psicologia.
Também deve ficar bem claro que não se trata de tratamento ou ação disciplinar ao
aluno, mas de assistência espiritual. A imagem da Capelania não pode ser
confundida com a de um setor que estabelece punições ou que o encaminhamento
para a capelania represente parte do processo disciplinar, sob pena de ela não ser
mais procurada pelos alunos, como o espaço onde eles se sintam bem e são
ajudados emocional e espiritualmente. Esta preocupação manifestou Rubens

195
Idem.
196
WORDEN, J. William, Teraía do Luto: Um manual para o profissional de saúde mental, trad. Max
Bener e Maria Rita Hofmeister, 2ª. Ed. Porto legre:Artes médicas, 1998,
197
Apêndice A - José Paulo, entrevista, pergunta 16.
198
Apêndice A - Hélio Spyer, entrevist, pergunta 16
199
CORDEIRO, O trabalho da capelania do SBME, p. 6
107

Eduardo Cordeiro200 e Ierson Batista de Souza . 201


Hélio Alves fala como desenvolve seu trabalho de aconselhamento: “Busco
contato com o aluno para conversar sobre a situação vivida,- Procuro ouvir com
empatia a questão trazida pelo aluno, apresentando uma palavra bíblica seguida de
oração”202

4.1.7 Programações do Calendário Escolar203

Como foi dito anteriormente, a comemoração das datas especiais do


calendário escolar são ricas oportunidades da capelania marcar sua presença. Em
algumas escolas a capelania é responsável pela programação dessas datas
(Colégio Batista Shepard no Rio de Janeiro, por exemplo) 204, em outras, a capelania
apenas participa como a que traz a mensagem (como é o caso do Batista Mineiro).
Algumas datas de significado histórico e político, do calendário escolar, são
comemorados com o título de “Momento Cívico”. Nessas ocasiões a palavra do
capelão é também esperada. Segundo José Paulo:

promovemos momentos cívicos em que são dadas mensagens aos alunos,


estimulamos os alunos a desenvolverem ações sociais de ajuda aos mais
necessitados, usamos as programações do calendário escolar para
transmitir uma mensagem cristã aos alunos, do ponto de vista bíblico a
205
respeito do evento,

4.1.8 Acampamentos206- 207

Outra estratégia de grande importância é a promoção anual de acampamentos

200
CORDEIRO, O trabalho da capelania do SBME, palestra,
201
Apêndice A - Cordeiro, respondendo a pergunta 7
202
Apêndice A – Hélio Alves respondendo a pergunta 16
203
Apêndice A - Hélio Spyer, pergunta 16
204
Informação do capelão Walace Douglas Nogueira a este autor em visita ao colégio no Rio de
Janeiro, em 10.03.2009.
205
Apêndice A. José Paulo da Silva, capelão de Betim, entrevista, pergunta 16
206
Apêndice A - José Paulo, pergunta 16
207
Apêndice A - Cordeiro e Alemar, pergunta 16
108

ou retiros com o objetivo de separar os jovens de seu cotidiano e impactá-los com


mensagens e vivências de fé e espiritualidade. Alguns colégios dispõem de espaços
próprios para esta atividade. A maioria aluga estes locais (sítios ou hotéis fazenda).
No caso de SBME, é comum usar o acampamento da Convenção Batista Mineira na
cidade de Ravenas, há 40 km de Belo Horizonte, geralmente por um dia ou em sítios
próximos às unidades. Realizar “acampamentos” com mais de um dia, tem
acontecido raramente no SBME, em função da grande mobilização que requer, mas
a capelania tem reconhecido a importância da estratégia dos acampamentos e
pretende usá-la mais. 208

4.1.9 Excursões Culturais e Assistenciais ou de Lazer209

Elas acontecem mas não são promovidas pela capelania e sim pelas
coordenações de segmento. Normalmente um capelão acompanha os alunos
nessas excursões. Algumas delas duram um fim-de-semana, como a viagem ao
Hoppy Hary, em Campinas, São Paulo, que acontece semestralmente, em alg umas
unidades. Nessas viagens sempre é criado uma oportunidade para uma reflexão,
testemunho e oração.
As excursões assistenciais em que alimentos, roupas e brinquedos recolhidos
são levados a asilos e casas lares servem para desenvolver o espírito de
solidariedade e de cidadania dos jovens ao se depararem com carência material e
afetiva, e poderem demonstrar amor.

4.1.10 Espaço de Oração - Pedidos de Oração 210

Caixas coletoras são espalhadas pelos prédios em Belo Horizonte, em pontos


estratégicos, onde são colocados os pedidos de oração de alunos e funcionários.
Essa estratégia busca criar a oportunidade para alunos e funcionários comunicarem

208
Apêndice A - conforme declarou Cordeiro, capelão-geral, em entrevista, pergunta 16.
209
Apêndice A - José Paulo, em entrivista, pergunta 16.
210
Apêndice A - Cordeiro, pergunta 16
109

suas necessidades e preocupações. Os pedidos dos alunos, professores,


funcionários administrativos, bem como de seus familiares são apresentados em
momentos especiais de oração. Esses pedidos são recolhidos semanalmente e o
capelão realiza a divisão deles entre os auxiliares da capelania (professores de
Educação Cristã), comprometendo-os a orarem e acompanhar cada um.
A capelania deve cuidar do espaço de oração e incentivar o surgimento de
grupos de intercessão, como acontece, por exemplo, no Colégio Batista Shepard. Lá
existe o grupo de mães que se reúnem na sala de oração e são chamadas. “Mães
de Oração”.211
Em Belo Horizonte, há uma “casa de madeira”, parecida com uma capela,
perto da área de convivência, adequadamente preparada (com Bíblias, almofadas,
bancos, quadros com versículos bíblicos, iluminação adequada etc) para servir como
“espaço de oração”, que tem sido utilizado tanto pelos alunos, quanto pelos
funcionários administrativos e docentes em seus intervalos e hora de almoço.

4.1.11 Jornal da Capelania212

A capelania pode ter um Jornal, Informativo ou Boletim próprio ou uma página


exclusiva no Jornal da Escola. Esse seria um espaço de comunicação de eventos e
ações, mensagem, curiosidades bíblicas, testemunho e palavras de alunos e
professores etc. No momento a Capelania do SBME não tem.

4.1.12 “Site” da Capelania213

A capelania poder ter uma página no “site” da escola ou um “site” ou “blog”


próprio que os alunos poderiam acessar para obter ajuda, colher informações sobre
a bíblia, receber conselhos práticos para as suas vidas, fazer pedidos de oração,
solicitar ajuda etc. No momento a Capelania do SBME ela não tem.
211
Conforme informou o Capelão Walace Douglas Nogeuria em vista deste autor ao Colégio em
10.03.2009.
212
Apêndice A - José Paulo, pergunta 16, sugere: “desenvolver um jornal específico para cada faixa
etária”.
213
Apêndice A - Sugestão de Hélio Spyer, pergunta 16
110

4.1.13 Cinema ou sessão de vídeos214

Trimestralmente a Capelania poderia promover um cinema evangelístico, no


auditório do colégio. Hoje esta estratégia acontece para pequenos grupos. Há
algumas produções cristãs que trazem um forte conteúdo evangelístico e outras que
trazem um significativo conteúdo ético para discussão. Essas sessões de cinema
podem ser acompanhadas por oferecimento de pipoca. Santos afirma que “Filmes
educativos devem ser usados. A seleção deve ser feita com muito critério, sempre
lembrando que, como nas demais atividades, a aplicação é fundamental.” 215

4.1.14 Grupos teatrais216

A Capelania estimula ou promove a encenação de peças com mensagens


cristãs ou éticas. Dias especiais podem ser marcados para apresentação e, na
medida em que a produção teatral se mostrar de qualidade, pode ser apresentada
em outros locais.
Quanto ao uso do teatro, afirma Santos:

O teatro é uma das formas de manifestação das emoções mais legítimas


que a sociedade possui. Através de peças teatrais, fantoches, monólogos, o
capelão pode trabalhar as emoções, proporcionando ao aluno um
“exercício” de cura, que a Psicologia chama de catarse, refletindo sobre
problemas que devem ser tratados, como drogas, indisciplina, sexualidade
precoce etc. Outra grande oportunidade é, durante os ensaios, observar as
manifestações preocupantes, para que em um segundo momento sejam
tratadas individualmente. Uma boa sugestão é fazer uma peça, no início do
ano letivo, sobre a “Parábola do Bom Samaritano” e falar sobre a aceitação
217
dos novos alunos.

214
Citado por Hélio Spyer, como filmes com ênfase envagelísticas ou que tenho lições de vida e de
princípios éticos.
215
SANTOS, 2008, p. 36.
216
Apêndice - A Cordeiro e Alemar Quirino da Silva, pergunta 16
217
SANTOS, p.33
111

4.1.15 Ações sociais e comunitárias218-219

A Capelania também promove ações sociais com os alunos visando ajudá-los


a verem a necessidade dos menos favorecidos. Essas ações ocorrem em visitas a
orfanatos, asilos, hospitais públicos. Eventualmente, em momentos de calamidades
sociais há levantamento de alimentos e roupas para os atingidos por elas.
Quanto às ações comunitárias diz Santos (2008):

Ação comunitária. As atividades externas são importantes e fazem o aluno


ter acesso ao mundo real, sempre dentro de uma perspectiva sadia, com
boa orientação. Uma ótima pedida seria fazer uma visita a um asilo. Os
alunos poderiam ser motivados a levar roupas, alimentos, o devocional Pão
Diário e uma peça teatral previamente escolhida e ensaiada. É fundamental
sempre fazer, no próximo encontro, uma avaliação e uma aplicação para a
vida do aluno. No caso, essa aula poderia ter o título: “A Valorização da
Vida”, “A Brevidade da Vida” ou “O Respeito aos Idosos”. Outras atividades
comunitárias podem ser feitas dependendo do calendário, da visão da
220
Direção da escola ou do corpo de capelania.

4.1.16 Musical “Gospel”221

A Capelania pode promover “Show Gospel”. Convidando cantores famosos,


mas de vida cristã comprovada, para se apresentarem e trazerem mensagem aos
alunos em um dia especial, à noite, fora do horário de aula.
Quanto à música, Santos (2008) diz:

A música deve ser contemporânea e ter uma linguagem jovem. Ela é uma
preciosa ferramenta que deve ser explorada, em classe e fora dela. O
capelão poderá ter uma equipe de música formada por alunos e/ou
professores e funcionários que o ajude. Esse envolvimento estabelecerá a
222
liderança do capelão.

218
Apêndice A - José Paulo, pergunta 16
219
Apêndice A Alemar Quirino e Hélio Spyer, pergunta 16
220
SANTOS, 2008, p. 35
221
Apêndice A - Cordeiro, pergunta 6 e 16
222
SANTOS, 2008, p. 34
112

4.1.17 Banda “Gospel”223

A Capelania do SBME incentiva os alunos a criarem bandas para tocar


músicas “gospel” ou outras músicas com mensagens edificantes. Já existem duas
bandas no colégio. A capelania dispõe de instrumentos para isso (violão, bateria,
guitarras e baixo). Duas bandas estão em funcionamento e atuam no período de
aulas: uma em Belo Horizonte e outra em Betim.

4.1.18 Congressos Temáticos e Palestras224- 225

Outra estratégia que a capelania do SBME tem adotado é a promoção de


congressos temáticos para discussão de temas atuais, mas sob a perspectiva
bíblica. O que a Bíblia, a Teologia, a Fé Cristã falam sobre:226

a) entorpecentes, cigarro e álcool;


b) sexualidade, gravidez precoce e aborto;
c) violência, bullyng;
d) política e cidadania;
e) relacionamento familiar;
f) homossexualismo e outras questões sexuais;
g) racismo e preconceito;
h) bioética (célula tronco, clonagem, genoma etc.);
i) cultura e arte;
j) ciência e tecnologia;
k) saúde física, emocional e espiritual;
l) anorexia, bulimia e culto ao corpo;
m) depressão, ansiedade e medos;
n) vocação e escolha da profissão;
223
Apêndice A - Cordeiro, pergunta 16
224
Apêndice A - José Paulo da Silva, capelão de Betim, em entrevista, pergunta 16. Na unidade
acontece anualmente o Congresso Jovem Cidadão.
225
Apêndice A - Cordeiro e Syer. Pergunta 17.
226
Os temas relacionados foram selecionados pelo autor.
113

o) meio ambiente e desmatamento;


p) suicídio e luto;
q) paixão e vida sentimental;
r) auto -estima e egoísmo;
s) erotismo e pornografia;
t) religiões de mistério e demonismo;
u) outros de interesses dos alunos levantados em pesquisa.

Quanto às palestras Santos (2008) afirma:

As Palestras devem fazer parte do calendário letivo. Devem atender ao


propósito de suprir as necessidades observadas no dia-a-dia do aluno. Por
exemplo, se a escola está sofrendo com problemas de drogas, a capelania
pode marcar uma palestra para toda a escola sobre esse assunto. Nesse
227
caso, pessoas de fora da escola podem ser convidadas para ministrá-la.

4.1.19 Programações para despertamento espiritual e de evangelização 228

A Capelania pode ainda, episodicamente , promover conferências de


despertamento espiritual para os alunos cristãos, extensivas aos não cristãos ou
evangelísticas.
Também pode promover, como Cordeiro (Apêndice A), tem manifestado o
desejo, programações de cunho evangelístico. Nessas programações, segundo
Cordeiro, as músicas, mensagens e todo enfoque seria apresentar a mensagem do
Evangelho, na linguagem e de uma forma que os jove ns apreciam229. É preciso,
contudo, que a finalidade (ou o objetivo) da programação seja previamente
conhecida.

4.1.20 Conferências de despertamento de vocação para os ministérios cristãos230

Também podem ser promovidas conferências visando ao despertamento de

227
SANTOS, 2008, p. 37.
228
Apêndice A - Sugestão de Cordeiro, pergunta 16
229
Apêndice A - Cordeiro, em entrevista, pergutna 17 e em “o trabalho da Capelania do SBME” p.;6.
230
Apêndice A - Alemar, pergunta 17
114

jovens cristãos, que como foi dito representam boa parte do alunado, para a obra
missionária, para a música sacra, para o pastoreio, para participação em projetos
missionários e de ação social. Evidentemente esses eventos precisam ser abertos a
todos os alunos e poderiam servir como um espaço de evangelização também.

4.1.21 Parcerias 231

A capelania tem estabelecido parcerias com a Sociedade Bíblia do Brasil e


Com o Conselho Tutelar de cada cidade, mas há ainda uma série de órgãos com os
quais ele ainda pode se associar visando facilitar e dinamizar mais seu trabalho, tais
como232:
a) Editoras para obtenção de descontos ou gratuidades nos livros
b) Agências Missionárias, para estabelecerem acesso às informações das
estratégias que têm sido usadas.
c) Secretarias do governo estadual ou municipal, para conhecer caminhos
que possam ser aproveitados pelos alunos e atividades culturais, sociais e
educacionais.
d) Outras capelanias de outros colégios confessionais.

4.1.22 Programas de Visitas

O programa de visitas é uma parte importante do serviço de capelania no


SBME.Além das presenças em velórios e hospitais há ocasiões da necessidade de
visitas na residência e alunos e funcionários, com o intuito de atender as
necessidades espirituais e também como forma de testemunho cristão. Devido ao
número grande de funcionários e alunos em Belo Horizonte, entre os anos de 1998 e
2004, havia um capelão responsável exclusivamente pelas visitas. Ele era
especializado na função. A diminuição do número de alunos (de 6.500 para 3.500)
na unidade de Belo Horizonte e o programa de enxugamento da estrutura obrigaram

231
Apêndice A - Sugestão de Alemar Quirino da Silva, pergunta 16. As instituições foram citadas peo
autor.
232
Relação sugerida pelo autor.
115

a direção a extinguir este cargo de capelão-visitador e distribuiu sua função para os


capelães de cada segmento. A demanda por esta atividade é muito grande e uma
tarefa de grande valor, naturalmente quando exercida com muita sabedoria e
preparo.

4.1.23 Cultos especiais para o Ensino Médio

Esta programação especial para o Ensino Médio está sendo estudada pela
Capelania do SBME para implantação uma vez por mês, em horários alternativos
(sexta-feira ou sábados à noite, por exemplo), com orador bom e dinâmico, banda
evangélica e programação atraente, no auditório do Colégio em Belo Horizonte, com
possibilidade de alunos de unidades próximas poderem assistir.
A capelania pode estimular os alunos crentes a promoverem cultos semanais
nos chamados “clubinhos bíblicos”. A capelania do Colégio Batista Shepard chama
de Projeto SER MAIS (+) – cultos na hora do recreio (30 minutos nas quintas-feiras)
com os alunos crentes voluntários do 6º ao 9º ano. FOCO - para alunos do Ensino
Médio - cultos no recreio (30 minutos também nas quintas-feiras), dirigidos por eles e
assistidos pelos professores de Educação Cristã 233.

4.1.24 Grupos de Coreografia 234

A Capelania tem utilizado este recurso de arte, de expressão corporal, como


uma estratégia de aproximar os jovens da música evangélica e ajudá-los a
meditarem em suas letras para expressarem com gestos e movimentos o sentido
delas.
4.1.25 Coros do Colégio: de alunos e de funcionários235

A Capelania incentiva pelo menos dois coros em cada unidade (uma para os

233
Sugestão colhida pelo autor em visita e entrevista ao capelão do Colégio Batista Shepard no Rio
de Janeiro, no dia 10 de março de 2009.
234
Apêndice A - Cordeiro, pergunta 16
235
Apêndice A - Cordeiro, pergunta 16
116

jovens e adolescentes e outro para as crianças), dirigidos por pessoas com


capacidade musical em sua equipe236, para cantar principalmente músicas cristãs e,
eventualmente, músicas de mensagens culturais. Alguns coros são organizados
para certas ocasiões outros são permanentes.

4.1.26 Encontro de casais237

A Capelania tem a possibilidade de promover encontro de casais com pais de


alunos e funcionários, para melhorar e aprofundar a relação conjugal. Há várias
maneiras de se fazer isso. Como ainda não é uma estratégia adotada por nenhuma
unidade e sim uma sugestão, pode ser escolhido um modelo que se adapte melhor a
realidade de cada região e unidade: uma série de palestras em hotel, na escola, com
atividades de incentivo a maior comunhão do casal, renovação de votos etc.

4.1.27 Jogos Estudantis

A capelania deve assessorar a equipe de Educação Física na preparação dos


jogos estudantis e competições especiais, apoiando no aconselhamento e
acompanhando equipes em viagens esportivas.
Márcio Santos (2008) sugere o uso dos esportes como estratégia para a
capelania:
Utilização do esporte na busca dos objetivos da capelania, sempre com
objetivo claro e fazendo uma aplicação prática ao término da atividade. O
tema da leitura do devocional Pão Diário poderá ser usado como reflexão
para o término dessa atividade. Exemplos: “Coragem, Determinação,
238
Trabalho em Equipe, Camaradagem”.

4.1.28 Projeto “Show de Escola”

No trabalho monográfico de conclusão do curso de Bacharel em Teologia,


Marlon Raul Lima apresenta o projeto que ele denominou “Show de Escola” que
consiste em reunir algumas das estratégias acima mencionadas e outras com o
236
A capelania de Ada unidade dispõe de uma pessoa que canta e toca um instrumento, as vezes o
próprio capelão, como é o caso do Ierson Batista de Souza, de Nova Contagem. Essa pessoa é
remunerada pela função, como professor de música, por hora-aula trabalhada.
237
Apêndice A - Sugestão de José Paulo, pergunta 16
238
SANTOS, 2008, p. 46
117

objetivo de ornar o serviço de capelania mais dinâmico, envolvente, atraente e


significativo.
Ainda que ele nunca tenha trabalhado na área demonstra m certo
conhecimento das possibilidades de ação pastoral que a capelania escolar tem. Seu
projeto é idealista e de difícil execução no seu todo. O Projeto pretende criar uma
capelania itinerante, com personalidade própria, uma ONG, que presta serviço às
escolas na área da capelania. São apresentadas abaixo, em trechos selecionados,
as linhas gerais do projeto:

Consiste em:
1) levar palestras só cio sobre diversos temas a(s) escola(s)

2) Desafiar os alunos com dinâmicas compatíveis com sua faixa etária e


com aplicações dentro da relida de em que vivem,

3) incentivá-los a desenvolverem o trabalho em equipe.

4) Ser um trabalho aberto, onde só participa quem quer;


incentivá-los a participar de projetos de responsabilidade social.

5) atendimento pessoal àqueles que procurarem o capelão....


Para isso usaria as seguintes estratégias:

6) Montagem de equipes de voluntários que, coordenados pelo capelão,


aplicaria as estratégias do trabalho, tornando-o sempre novo, dinâmico e
participativo.

7) Promover entre o grupo cursos e eventos culturais, tais como: shows de


música, peças de teatro, festival de filmes, danças, grafitagem etc. O
objetivo é apresentá-los a arte e incentivá -los a estar descobrindo e
desenvolvendo talentos e dons.
8) realização de festas temática com temas sugestivos para aplicação de
valores humanos. Tais como Festa do Disfarce (valorizando questões como
identidade, aceitação, personalidade, caráter) Festa dos Gêmeos
(valorizando questões como cumplicidade, amizade e respeito) entre outras,

9) passeios diversos que terão como objetivo estreitar relacionamentos,


confi ança, conhecimento cultural, entretenimento, etc.

10) desafios que terão como objetivo elevar a auto-estima das pessoas
através de esportes radicais (rappel, escaladas, rieolwa, trilhas etc)

11) Gincanas sociais esportivas, educacionais, artísticas, etc todas com o


objetivo de trabalhar conceitos de coletividade e responsabilidade social.

12) Retiro de família.(....)

13) Elaboração de um jornal que será totalmente produzido pelos alunos


onde estarão espontaneamente

14) Criação de parlatório. Espaço destinado à manifestação organizada,


onde, seguindo regras parlamentares poderão se manifestar, ouvir, debater
118

239
crescer como cidadãos.

No trabalho monográfico o Projeto “Show de Escola” é descrito em detalhes e


algum triunfalismo, informando, um pouco ingenuamente, as possíveis fontes de
receita para sua manutenção e os recursos materiais e o pessoal necessários
(principalmente o capelão de tempo integral) para sua viabilização.240

4.2 O Projeto “Ética e Caráter na Escola”

O Colégio Batista Mineiro, desde sua fundação há 91 anos, segundo Silva


(2002), evidenciou uma preocupação pela formação integral de seus alunos.
Acreditavam seus pioneiros, conforme seu projeto político-pedagógico241 que não
bastava apenas enfatizar o desenvolvimento intelectual, cultural e social dos seus
alunos e de todos os que conviveriam com o Sistema Batista Mineiro de Educação,
mas que seria igualmente importante afirmar também as dimensões da vida moral e
espiritual na formação do cidadão de bem.
O Projeto “Ética e Caráter na Escola” (PECE) veio como uma oportunidade de
colocar em prática o trinômio que tem servido de slogan do colégio nos últimos seis
anos, mesmo antes do surgimento do Projeto: “Conhecimento, Cultura e Caráter”.
Segundo o Capelão-geral, Rubens Eduardo Cordeiro, “Todas as capelanias
desenvolvem o Projeto “Construindo o Caráter e a Ética na Escola”, que tem ajudado
os alunos a desenvolverem aspectos do caráter, com vistas a superarem
deficiências e desenvolverem virtudes”. 242

4.2.1 A origem e os objetivos do Projeto

O Projeto Político-Pedagógico (PPP) do Colégio Batista Mineiro enfatiza


239
LIMA. Marlon Raul. A Relevância da Capelania nas instituições de ensino. Monografia de
Bacharelato do Curso de Teologia. Duque de Caxias: Seminário Teológico Batista d Duque de Caxias
Dezembro de 2008.
240
LIMA, idem, p. 142-156
241
PROJETO Político-Pedagógico, 2004, p. 5.
242
Apêndice A- Cordeiro em resposta a pergunta 16
119

preocupação com a formação holística do seu alunado e orienta os trabalhos


educacionais nesta direção de forma sistemática. Quando a equipe de capelania
teve contato com o programa Character First! (O caráter em primeiro lugar) do
Character Training Institut (Instituto de Treinamento do Caráter), ligado à
Universidade Batista de Oklahoma, da cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, viu
nele muitos elementos que se coadunavam com os objetivos da escola, uma ótima
oportunidade além de um “formidável gancho para possibilitar a organização,
sistematização, ampliação e aprofundamento daquilo que já vinham fazendo” 243.
O contato foi feito, a parceria foi estabelecida e o convênio foi firmado. Visitas
preliminares de representantes aconteceram no início do ano de 2006. Nos dias 07,
08 e 09 de setembro de 2006, foi realizado o primeiro congresso sobre a
“Construção do Caráter na Escola”, sob o tema “O Caráter em Primeiro Lugar”,
destinado a toda a equipe de capelania e a todos os professores e pedagogos do
Sistema Batista Mineiro de Educação e convidados de outras escolas evangélicas. O
congresso foi viabilizado e incentivado pelo empresário David Maddox, de 82 anos,
filho caçula do casal de missionários norte-americanos Efigênia e Otis Maddox,
fundadores do Colégio, em 1918. Ele patrocinou a vinda do preletor, Robert
Greenlaw, do intérprete e também preletor, Pr. Eddy Hallock, entre outras coisas.
O projeto nasceu nos EUA a partir da necessidade de empresas em ajudar
seus empregados a melhorarem o comportamento ético e a desenvolverem o
caráter. Para isso, portanto, o projeto “O Caráter em Primeiro Lugar” iniciou. Em
1996, educadores do sistema educacional oficial dos Estados Unidos solicitaram um
programa similar para os estudantes do ensino elementar das escolas públicas.
Atualmente, cerca de 3.000 escolas nos Estados Unidos usam o programa e ele já
está presente em 20 países. 244
Nos Estados Unidos, a proibição de educação religiosa (cristã) nas escolas
públicas gerou uma preocupação de como a fé cristã chegaria às crianças e
adolescentes que nelas estudariam. Por causa disso, surgiram programas que
buscavam por vias indiretas suprir essa carência de formação religiosa (moral)
nesses alunos. Com esta preocupação também o Instituto de Treinamento do
Caráter se mobilizou. O objetivo era produzir material para que fosse usado em
243
Declarações de diversos diretores de unidade e capelães do SBME.
244
GUIA do Congressista do I Congresso sobre a Construção Ética do Caráter na Escola, p. 21.
120

escolas públicas que não implicasse necessariamente em ensino religioso, mas que,
ao mesmo tempo, ajudasse os alunos a desenvolverem as virtudes do caráter,
naturalmente, e não declaradamente, semelhantes à de Cristo.
No Congresso realizado em Belo Horizonte em 2006, todo o Projeto foi
detalhado pelo preletor principal, Robert Greenlaw, especialista no assunto e um dos
escritores dos cadernos do que compõem o programa. Nesse congresso, Robert
Greenlaw, representante do Instituto de Treinamento do Caráter (ITC), apresentou a
proposta e a metodologia do programa para os diretores das unidades,
coordenadores pedagógicos, capelães e professores do SBME. Houve um
entusiasmo inicial muito grande e se propuseram implantá-lo. Ele vinha ao encontro
da filosofia e princípios da escola.
Quem estava mais envolvido com a área reconheceu que se encontrava
diante do que se chamou: “ouro” 245. Viram que, na ênfase dada à formação do
caráter, teriam maior acesso ao coração e à mente dos alunos não evangélicos
(cerca de 70% do alunado) 246 sem que isso gerasse um preconceito que o ensino
religioso-cristão causa em alguns. Creram que os pais não evangélicos também
aprovariam plenamente a inserção desse projeto no programa das disciplinas.
Pode-se dizer que a maioria dos congressistas percebeu que não era algo
ligado exclusivamente às aulas de Educação Cristã, mas que envolvia todas as
disciplinas, num programa multidisciplinar. O sucesso do projeto, portanto,
dependeria do envolvimento de todos os professores de todas as disciplinas e dos
coordenadores de todos os seguimentos.
Duas tarefas se impuseram: traduzir o material com precisão e imprimi-lo nos
moldes adotados pelo ITC. Um desafio que ainda a escola está tentando vencer é
adaptar o material à realidade brasileira. Alguns exemplos, histórias, expressões e
figuras são peculiares ao universo e à cultura norte -americana (EUA). O ITC,
preocupado em que a idéia original não seja desvirtuada, tem sido cauteloso
(conservador, mesmo) na autorização para que o material receba alterações ou
adaptações. O SBME tem ganhado a confiança dos dirigentes do Instituto, que
começam a permitir algumas adaptações. Atualmente, o Sistema Batista Mineiro de
Educação é o único no Brasil a traduzir e divulgar o material do “Caráter em Primeiro
245
Declaração do capelão-geral do SBME, Rubens Eduardo Cordeiro, durante o Congresso.
246
Secretaria do SBME, que pergunta no ato da matrícula a religião do aluno.
121

Lugar”. O ITC concedeu autorização exclusiva ao SBME (Copyright).


O Projeto enfatiza 49 (quarenta e nove) virtudes do caráter. O SBME tem a
liberdade de escolher a que quer enfatizar numa determinada época e a sequência
que quer dar. O programa, iniciado no segundo semestre de 2006, já destacou 17
(dezessete) virtudes. Outras 32 (trinta e duas) ainda serão trabalhadas. O próprio
ITC ainda não tem o material de todas as virtudes completo.
No Colégio Batista Mineiro o Projeto ganhou, no princípio, o nome de
“Construindo do Caráter Cristão”, depois, passou a se chamar “Construção da Ética
e do Caráter Cristão na Escola” e, agora, “Ética e Caráter na Escola”. O novo nome
descreve a intenção da escola, embora alguns se ressentem da ausência do nome
“cristão”. O projeto também está em construção na mente dos educadores e na
cultura da escola. Sempre se encontra uma ou outra resistência, uma ou outra falta
de engajamento 247. A equipe de capelania reconhece que o processo de
capacitação, envolvimento e mobilização de todos para a virtude do mês ou do
bimestre precisa ser melhorado 248.
Um segundo congresso, que ficou denominado informalmente de “Congresso
do Caráter”, foi realizado no mês de maio de 2008. Nele, novas possibilidades de
ação foram vistas, uma avaliação para o aprimoramento do trabalho aconteceu e o
mesmo treinamento para implantação do Projeto aconteceu, atendendo a muitos
educadores e escolas que não haviam participado do primeiro.
No seu mote de campanha, por dois anos, as escolas do Sistema Batista
Mineiro de Educação, destacaram o caráter como um aspecto de sua preocupação.
No ano de 2008, quando o Colégio completou 90 anos, o slogan foi: “Colégio
Batista: 90 anos de referência em conhecimento, cultura e caráter”.

4.2.2 A descrição e o desenvolvimento do Projeto

Como dito anteriormente, o projeto consiste em apresentar as 49 virtudes do


caráter ao longo de um determinado tempo, que pode ser de 6 a 10 anos,
dependendo do ritmo que a instituição educacional queira dar a ele ou de sua

247
Apêndice A - Reclamação registrada na entrevista feita com os capelães.
248
Apêndice A Resposta de três capelães sobre a necessidade de aperfeiçoamento do Projeto.
122

capacidade técnica e de recursos para investir na sua execução.


As 49 virtudes do caráter do Projeto têm uma sequência sugerida como ideal
pelo ITC (Instituto de Treinamento do Caráter) de Oklahoma. Elas são juntadas em 5
grupos de virtudes afins. A orientação é que sejam trabalhadas as virtudes do
primeiro grupo e depois as demais, na sequência de seu grupo.
Todas as virtudes, arroladas por grupo, são apresentadas no anexo Q. A
coordenação do Projeto (o capelão-geral), os outros capelães e as coordenadoras
pedagógicas das unidades ou segmentos decidem no ano anterior qual a sequência
de virtudes que será trabalhada no ano seguinte.
No início do Projeto as virtudes eram trabalhadas mês a mês, nos períodos
letivos (fevereiro a junho e agosto a novembro). No entanto, percebeu-se que o
tempo se tornava curto para o aprofundamento e a absorção da virtude em
evidência. Mal se “terminava” uma virtude, outra entrava em cena. Foram
destacadas nove virtudes em 2007 e cinco no primeiro semestre de 2008. Notou-se
certa frustração nos educadores, gerando até um desestímulo. No processo de
avaliação, considerou-se que o ideal é destacar quatro virtudes por ano, duas em
cada semestre letivo. Assim, a partir do segundo semestre de 2008, o ritmo foi
desacelerado e as virtudes puderam ser destacadas mais devagar, com mais
profundidade e mais qualidade.
Quando uma virtude entra em destaque toda a escola é mobilizada. Banners
elaborados pelo setor de Programação Visual do SBME são colocados em lugares
estratégicos da escola. Cartazes, mensagens, e-mails, matérias em jornais internos
são elaborados destacando o tema do bimestre. Recentemente foram colocados
pequenos outdoors do lado de fora da escola, voltados para a rua, para que a
comunidade saiba que, naquele período, a escola está construindo com seus alunos
a virtude que está posta no painel. Isso serve como reafirmação de que o Colégio
Batista Mineiro é uma escola que também trabalha o caráter de seus alunos,
conforme compromisso assumido em seu marketing.
Nas devocionais (reuniões de oração e meditação bíblica promovidas pela
capelania) dos administrativos e docentes a virtude é destacada, os temas das
meditações giram em torno dela e orações são feitas em favor da recepção da
virtude no coração de todos (alunos e empregados do Sistema).
Para que haja um aproveitamento do material usado (banners, cartazes,
123

apostilas etc.) as unidades de Betim, Ouro Branco, Nova Contagem e Uberlândia


passaram a ter um calendário de apresentação das virtudes diferenciado. O material
promocional é transferido de uma unidade para outra assim que uma termina sua
utilização, otimizando gastos e padronizando as imagens e a qualidade do material
usado em todas as unidades do Sistema.
O objetivo do Projeto é que a virtude em evidência esteja presente no
conteúdo de todas as disciplinas. O professor de Matemática, História, Português,
Geografia etc. encontrará (ou será ajudado a encontrar) uma forma de inserir a
virtude do semestre no conteúdo de sua disciplina. Para o projeto dar certo é preciso
que todos os professores reconheçam a importância disso. Reuniões do corpo
docente acontecem semanalmente e nelas é separado um tempo para discutir
formas de inserção da virtude no processo de ensino das variadas disciplinas.
Portanto, a virtude do caráter do mês funciona como um tema transversal (que
atravessa) de todas as matérias do currículo. Exemplos de comportamento
compatível com a virtude são esperados dos alunos e dos professores. Reflexões
sob o tema são incentivadas no espaço de cada disciplina. O tema também é
trabalhado interdisciplinarmente. Duas ou mais disciplinas podem elaborar ações,
questões de provas ou trabalhos em que a virtude em destaque seja cobrada.
Muitas escolas têm demonstrado interesse em implantar o Projeto. O SBME
não vê objeção nisto, ao contrário. No entanto, deseja ter o controle do material
produzido para que ele não se desvirtue da essência, do propósito original, que é
enfatizar o caráter de Cristo através das virtudes trabalhadas.

Educadores de instituições, como centro de recuperação de viciados, centro


de detenção, centro de ressocialização etc., podem usar o Projeto com sucesso
(naturalmente, se forem capacitados para bem desenvolvê-lo). Muitas pessoas
internas nessas instituições precisam ser ajudadas a fortalecer o caráter para que
sejam curadas, sejam libertas de sua dependência, conheçam a si mesmas e
superem suas deficiências. Essas instituições têm falhado na recuperação de seus
internos pela falta de trabalho com os aspectos do caráter do indivíduo 249.
A equipe de capelania já apresentou o Projeto em quatro grandes escolas

249
O projeto tem sido implantado, por solicitação da Secretaria de Segurança do Estado de Minas
Gerais, em uma Casa de Detenção Feminina, a princípio com treinamento dos agentes de segurança.
Esse treinamento está acontecendo nas dependências do SBME.
124

batistas e em dois congressos de educadores batistas, observando grande


interesse.
O SBME crê que poderá ajudar mais as escolas e as instituições de punição,
ou que “ajudam” as pessoas a se recuperarem, com a implantação do Projeto, mas
sente que precisa dominá-lo bem, assenhorear-se de todas as suas nuanças,
desenvolvê-lo com profissionalismo e paixão. Há uma opinião corrente de que ainda
há muito que aprender e apreender do Projeto. Há muito que aperfeiçoá-lo e adaptá-
lo à realidade brasileira. Crê-se que dentro de mais dois ou três anos se poderá dizer
que o SBME domina o projeto e está apto a transmiti-lo com eficiência, sendo
modelo para outras escolas. 250

4.2.3 As virtudes estudadas no Projeto

Algumas, virtudes ainda que denotem aspectos positivos, não têm aparente
relação direta com a ética ou com o caráter. No entanto, sua ligação é secundária,
indireta. São como um subproduto ou resultado da prática de uma série de virtudes
éticas. Como exemplo, as virtudes: “praticidade”, a “criatividade” ou a “organização”.
Quando elas são trabalhadas se observa sua ligação com virtudes essencialmente
do caráter.
A manutenção do Projeto representa um grande investimento e também um
grande desafio. Com a experiência adquirida na tradução, implantação, adaptação e
aplicação das virtudes já enfatizadas se acredita que a equipe de capelania, tendo
as condições e os recursos adequados, poderia produzir o material relacionado a
essas virtudes faltantes e, assim, iniciaria um processo de quase independência E
autonomia.
O SBME tem planos para assumir a elaboração do material. O capelão-geral e
também coordenador do Projeto já separou parte do seu tempo para dedicar-se à
produção do material. Foi montada e equipada uma sala para o desenvolvimento do
Projeto. Há uma idéia em andamento no sentido de escrever, editar e imprimir o
material para o aluno, visto que o material produzido pelo ITC é somente para os

250
Observações reiteradas pelos promotores do Projeto. O autor desta dissertação foi diretor-geral da
instituição quando da implantação do Projeto e o conhece bem.
125

professores. Com isso, o SBME superaria a instituição de origem do Projeto.251


São apresentadas no Anexo P todas as virtudes, com uma breve síntese do
seu significado e da ênfase que é dada a cada uma delas. Cada virtude é
apresentada e ao lado dela o seu oposto (ou antônimo) seguida de uma sintética
definição, para deixar bem claros seu sentido e a mudança de comportamento que
se quer alcançar 252.
O material é traduzido pelo capelão-geral, Pr. Rubens Eduardo Cordeiro, a
princípio com o auxílio de outro capelão Pr. Wagno Bragança. Um computador
especial foi recebido por doação do empresário citado anteriormente, David Maddox,
e o material foi produzido em gráfica. No anexo R são mostradas as capas dos
cadernos com as virtudes que foram destacadas.
Reconhece-se que a aplicação do projeto precisa melhorar ainda mais, mas é,
sem dúvida, um diferencial significativo para a capelania do SBME.
A escolha das virtudes do caráter leva em conta a observação empírica da
necessidade ou deficiência percebida nos alunos em determinada área do caráter ou
da personalidade. O Projeto começou desenvolvendo o tema “Gratidão”, apesar do
ITC sugerir “Atenção”, porque coincidia com uma preocupação da área pedagógica
em relação ao comportamento dos alunos. 253
A segunda virtude enfatizada foi a “Atenção”, com a preocupação de como
poderiam melhorar seu desempenho escolar se fossem ajudados a darem mais
atenção às coisas, aos professores, aos colegas, aos conselhos de seus pais etc.
As outras virtudes até aqui trabalhadas foram, na sequência: 3) obediência, 4)
organização, 5) perdão, 6) generosidade, 7) retidão, 8) sinceridade, 9) veracidade,
10) pontualidade, 11) responsabilidade, 12) tolerância, 13) praticidade, 14) iniciativa,
15) criatividade, 16) domínio próprio e, 17) paciência. Como dito, a escolha delas
teve uma intenção educativa à luz de uma realidade (necessidade) percebida.

251
Apêndice A - em entrevista com o capelão-geral, Rubens Eduardo Cordeiro.
252
A relação das Virtudes do projeto estão no anexo
253
Apêndice A - Entrevista com o capelão-geral e coordenador do Projeto, Pr. Rubens Eduardo
Cordeiro
126

4.2.4 A metodologia do Projeto

Em cada bimestre toda a escola é envolvida com uma virtude do caráter.


Todas as disciplinas buscam relacionar os conteúdos de suas áreas com a virtude
em pauta. Como dito anteriormente, cartazes, banners, pensamentos etc. são
espalhados pela escola para lembrar a virtude em evidência. Funcionários também
são mobilizados para que demonstrem a virtude ou, pelo menos, não pequem contra
ela. O desafio tem sido grande: segundo o capelão-geral, Pr. Rubens Eduardo
Cordeiro: mobilizar 500 professores e 350 funcionários administrativos para que
abracem e encarnem as virtudes que são evidenciadas.
As unidades têm liberdade de aplicar técnicas ou metodologias que acharem
adequadas à sua realidade para que a virtude do PECE que estiver em foco seja
bem assimilado pelos alunos, como afirma o capelão em Nova Contagem: “Usamos
as estratégias sugeridas pelo projeto do Caráter, mas criamos uma série de outras
para que as virtudes dos caráter sejam bem marcadas no coração das crianças” 254.
Ainda falando como desenvolve o projeto em sua unidade, diz:

O trabalho é feito com todo o corpo escolar através de atividades e reuniões


que envolvam os funcionários de todos os setores. Cartões, torpedinhos,
caixas surpresa, painéis, são confeccionados por todos como artifícios para
que cada um lembre ao outro e a si mesmo do projeto desenvolvido. O culto
infantil e com funcionários, as atividades interdisciplinares, a Escola de Pais,
as atividades familiares, cartazes, versos de suporte etc. são meios com os
255
quais desenvolvemos o Projeto na escola com alunos e familiares.

Segundo Alemar Quirino da Silva, capelão em Uberlândia:

O lançamento da virtude se dá num momento cívico onde todos os alunos e


professores estão reunidos e a partir desse momento os professores
desenvolvem em sala as sugestões vindas nas revistas e outras que eles
mesmos criam. Há a divulgação através de banners, cartazes e os
256
conceitos chaves são divulgados nos vários ambientes da escola.

O material do programa consiste basicamente de uma apostila para


treinamento dos educadores e duas revistas para cada virtude, destinadas aos

254
Apêndice A - Ierson Batista de Souza, entrevista, pergunta 16
255
Apêndice A - IIerson batista, respondendo a pergunta 11
256
Apêndice A - respondendo a pergunta 11 da entrevista com os capelães.
127

professores: uma para a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental e


outra para as séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.257
Em todas as revistas das Séries Iniciais (Educação Infantil ao 5° ano do
Ensino Fundamental) constam os seguintes elementos:
a) Definição da virtude.
b) Ilustração: com a figura e a descrição um animal-símbolo da virtude.
c) Aplicação da virtude na História.
d) Atividades: uma série de atividades a serem desenvolvidas pelas crianças,
que lembram a virtude.
e) Compromisso: Normalmente acompanhado da expressão: “Eu decido ser.”.
f) Elogio. Apreciação pelo crescimento na demonstração da virtude.258
Em todas as revistas das Séries Finais da Educação Básica (6º ano do EF ao
3º do Ensino Médio) constam os seguintes elementos:

a) Definição da virtude.
b) Conceitos-chave ligados à virtude.
c) Dicas para os professores sobre o ensino da virtude.
d) Biografia de um personagem da História (conhecido ou não) que
evidenciou a virtude em seu viver.
e) Aplicação da virtude na natureza (animal-símbolo).
f) Aplicação da virtude na linguagem (português).
g) Aplicação da virtude nas Artes.
h) Aplicação da virtude na Matemática e/ou Informática.
i) Aplicação da virtude nas Ciências.
j) Aplicação da virtude nos Estudos Sociais.
k) Aplicação da virtude na Saúde e nos Esportes.
l)Equilíbrio: uma busca do uso da virtude com sabedoria.259
Há uma preocupação de que o ensino da virtude não seja somente teórico,

257
Apêndice A - Afirma José Paulo, capelão de Betim:, em entrevista, pergunta 16. “estamos
engajados no Projeto do Caráter e desenvolvemos com os professores de forma interdisciplinar as
virtudes programadas.
258
Cadernos das virtudes destinados à Educação Infantil e às Séries Iniciais. Anexo M
259
Cadernos destinados às Séries Finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio. Anexo M
128

especulativo, abstrato, mas que o aluno veja sua aplicação prática na natureza, na
vida de outras pessoas e, por fim, na sua própria vida.
O Projeto Ética e Caráter na Escola (PECE) não requer que se crie uma
disciplina específica no currículo. O tema pode ser dado por todas as disciplinas,
cada um encontrando o espaço e a interligação adequada para transmiti-lo.
Segundo Cordeiro:

O Projeto [...] desenvolve,em primeiro lugar, através do envolvimento do


maior número possível de pessoas em seus vários segmentos. Os
professores aproveitam os chamados “momentos ensináveis” para falar aos
seus estudantes a respeito de uma determinada virtude moral com base na
fé cristã. A idéia que temos desenvolvido é que todos os professores, alunos
e funcionários devem ler, pensar e agir de acordo com a virtude moral que
está sendo trabalhada. Além disto, temos promovidos encontros especiais
para tratarmos especialmente de uma dada virtude moral (Encontros com as
260
famílias, atividades esportivas, reunião de professores e etc.

O PECE exige um comprometimento do professor não somente com a


ministração da virtude em destaque, mas também com a sua vivência em sua
prática, isto é com seu próprio exemplo.261
O PECE espera uma mudança de atitude dos alunos. Eles assumem
compromissos, a partir da expressão: “eu decido...”. Tudo será em vão se uma
mudança de comportamento não for notada nos alunos, professores e demais
funcionários da escola. A direção-geral do SBME também precisa estar plenamente
comprometida com o Projeto, incentivando, investindo e valorizando.
O PECE também busca envolver os funcionários administrativos da escola.
Não pode ha ver incoerência entre o que é ensinado em sala de aula e o
comportamento no atendimento, no trato, na linguagem dos que atuam nas
portarias, na disciplina, na secretaria, na tesouraria, principalmente naqueles que
têm contato direto com os alunos.
Há outros detalhes sobre o método que o PECE utiliza para enfatizar e
transmitir a virtude. Mas o espaço e a intenção do presente trabalho não permitem
maior aprofundamento. O importante é destacar que os educadores têm liberdade
para também criar ações didático-pedagógicas que enriqueçam e tornem mais
eficiente a absorção, a apreensão da virtude, de forma natural, por parte do aluno. O
260
Apêndice A - Cordeiro, respondendo a pergunta 11
261
Entrevista com o capelão-geral e coordenador do Projeto, Pr. Rubens Eduardo Cordeiro
129

objetivo é ajudar o aluno a construir em si as virtudes que evidenciam um bom


caráter.
O PECE não é de natureza essencialmente religiosa. Dá ênfase às
qualidades do bom caráter que são essenciais para todas as pessoas. Possuir um
bom caráter é algo universal. O programa ensina o bom caráter sem usar
necessariamente instrução religiosa. As escolas particulares e confessionais podem
apresentar lições bíblicas, corroborando o ensino, se assim desejarem. 262
Segundo Wagno Alves Bragança, capelão da unidade de Belo Horizonte até
2008, a transmissão e fixação das virtudes através do projeto se dão em cima de
três pilares:
Os três pilares são:
a) ENFATIZAR O CARÁTER nas lições ensinadas em sala de aula, nas
assembléias de alunos e funcionários, no cotidiano e na monitoração
voluntária;
b) REQUERER O CARÁTER no exemplo da liderança, na correção do
caráter, nos elogios diários, nos momentos ensináveis;
c) RECONHECER O CARÁTER elogiando as ações cotidianas que revelem
o exercício de alguma virtude moral, através do reconhecimento público,
263
pelo exemplo dos modelos de caráter, pelo apoio familiar.

Hélio Alves, capelão em Belo Horizonte, resumo como aplica o PECE o


desenvolve em sua unidade

Isto se dá através de palestras aos professores e aos pais e também


através das aulas de educação cristã e das assembléias. Os professores
são chamados a participarem do projeto fazendo uma ligação entre a sua
disciplina e a virtude do caráter enfatizada. Também são colocadas no
espaço físico da escola banners, painéis, cartazes, faixas com frases e
264
versículos bíblicos que lembram a respeito do projeto.

4.2.5 Avaliação e resultado do Projeto

Em entrevistas informais com os diversos pedagogos, coordenadores de


segmento do SBME, eles apontaram as conquistas ou aspectos positivos e as
dificuldades e deficiências na operacionalização do projeto.
Entre as conquistas e pontos positivos, destacaram:
262
Guia do Congressista do I Congresso sobre a Construção da Ética e do Caráter na Escola, p. 21..
263
BRAGANÇA, Wagno Alves, os pilares do caráter: fundamentos práticos da ética e do caráter na
escola in Guia do Congressista, Congresso “O caráter em Primeiro Lugar”, realizado no Colégio
Batista Mineiro em Belo Horizonte, de 22 a 24 de maio de 2008, p. 25;
264
Hélio Alves, Anexo A, respondendo a pergunta 11.
130

a) Bom nível de programação visual do PECE (banners, cartazes e material


didático).
b) Riqueza didática dos cadernos do Projeto, com ilustrações, aplicações
práticas, citações e sugestões para as diversas disciplinas.
c) Ligeira mudança de comportamento dos alunos em alguns dos aspectos do
caráter estudados, mais sensivelmente nas séries iniciais.
d) Maior aceitação das aulas de Educação Cristã, que ganham reforço e
valorização com o material do caráter.
e) Envolvimento e interesse de muitos professores no Projeto.
f) Reconhecimento de que é um projeto rico, que pode crescer mais e que
não foi aproveitado em todo o seu potencial.
g) Alguns alunos estão denunciando incoerência no comportamento de
professores e funcionários em relação à virtude ensinada ou enfatizada.
Entre os aspectos deficientes e negativos, que precisam ser melhorados,
destacaram:
a) Ainda não é total o envolvimento dos professores com o Projeto.
b) Há deficiência na capacidade da capelania em mobilizar os professores.
c) Os resultados de mudança de comportamento dos alunos em geral ainda
são perceptivelmente pequenos, apesar de fatos isolados de mudança.
d) Não está sendo eficiente a capacidade de associar virtudes não
diretamente ligadas à ética com as virtudes do caráter.
e) Os alunos e professores não estão percebendo com clareza que a virtude
mudou, a não ser pelos painéis e banners.
f) O processo de engajamento e conscientização dos funcionários
administrativos no Projeto está falhando. A maioria não tem idéia do significado mais
profundo de cada virtude.
g) Sente-se a necessidade de produção do material também para os alunos.
h) Os cadernos são ilustrados com figuras, histórias e fatos
predominantemente da cultura americana. É preciso maior adaptação à realidade
brasileira.
i) Sente-se, também, a necessidade de uma pessoa, com uma auxiliar,
dedicar-se quase exclusivamente ao desenvolvimento do Projeto, inclusive com um
espaço próprio e exclusivo.
131

j) Registra-s e a necessidade do cuidado com os plágios deformados do


programa que estão acontecendo em escolas concorrentes.
k) Faltam maior organização e planejamento da equipe de capelania na
operacionalização do Projeto.
l) Sente -se falta de maior envolvimento em debates, peças teatrais, músicas,
ações concretas por parte dos alunos para melhor interiorização das virtudes.
m) Sente-se falta também de envolver a família no Projeto para que a virtude
em evidência seja reforçada em casa.
Perguntados aos capelães se eles achavam se o Projeto estava sendo bem
desenvolvido e se havia plena compreensão e amplo engajamento de toda escola
nele, as respostas foram: “está sendo desenvolvido mas, sem dúvida, nenhuma
precisamos muito mais envolvimento de todos, o que estamos tentando fazer”
(Cordeiro); “pode melhorar” (José Paulo da Silva); “em nossa unidade, sim”; “há
desenvolvimento e compreensão; mas o engajamento ainda é precário,
principalmente por parte do corpo docente das Séries Finais em BH”.(Spyer; e, “sim.
mas eu sinto que nas turmas das séries finais ele não está sendo totalmente
desenvolvido” (Alemar Quirino da Silva). “No atual momento, penso que o corpo
docente não tem tido a participação esperada. O projeto pode melhorar se
buscarmos formas criativas de alcançar este engajamento estratégico e
necessário.265
Insistindo numa auto-avaliação, foi perguntado aos capelães em que e onde o
projeto pode melhorar, as respostas foram: “em um maior envolvimento de todos,
melhorar a comunicação das idéias mais importantes do Projeto, torná-lo, de fato, a
filosofia da escola transformada em ações práticas” (Cordeiro); “principalmente na
participação dos pais” (José Paulo); “em nosso sistema, se ele for visto e trabalhado
com um envolvimento sério, menos utópico, demagógico, que não seja uma matéria
ou um projeto a mais para o outro, e sim como uma mudança de mente e coração de
maneira muito pessoal. Não dá para se transmitir aquilo que não se viver, não neste
Projeto” (Ierson Batista de Souza); “precisamos produzir nosso próprio
material(linguagem, ilustrações, personagens nossas)” (Helio Spyer); e, “no meu
trabalho de acompanhamento e mais efetividade” (Alemar Quirino da Silva). “Creio
que sim. No entanto, não há ainda um engajamento de toda a escola como
265
Apêndice A - Capelães respondendo a pergunta 12
132

gostaríamos. O espaço escolar é um espaço dinâmico e onde muitas atividades


concorrem e acontecem ao mesmo tempo. Essa concorrência do Projeto do Caráter
com outros projetos da escola, leva ao enfraquecimento do mesmo.(Hélio Alves)
Enfim, é indiscutível que o PECE tem um grande potencial positivo e um campo de
possibilidade de atuação muito grande. É realmente “ouro”.
O PECE ainda não atingiu plenamente sua intenção. Ainda que se proponha
ser libertador, carrega consigo alguns vícios e não conseguiu promover um
desarraigamento de alguns comportamentos de alunos e funcionários que militam
contra o seu propósito. Mas está no caminho. Reconhece-se que o processo de
reflexão crítica das virtudes para a sua aceitação consciente precisa ser aprimorado.
Também, que houve avanços na mudança (transformação), ainda não radical, do
comportamento de alunos e funcionários, especialmente nos mais novos, graças ao
programa desenvolvido. Por fim, assume-se que o projeto poderia ser mais criativo e
despertar impulsos criativos de ino vação nos que dele participam. Mas todos estão
visando estes alvos.

4.3 O Ensino de Educação Cristã (Ensino Religioso) em sala de aula no SBME

Considerando a visão do ser humano como um ser biopsicossocial e


espiritual e a preocupação com a formação integral que norteia as práticas
pedagógicas dos colégios batistas e está expressa no Projeto Político Pedagógico
do SBME, o ensino religioso e, mais propriamente a educação cristã é matéria
presente em seu currículo escolar.
O educador José Carlos Libâneo defini educação como:

A educação – ou seja, a prática educativa - é um fenômeno social e


universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e
funcionamento de todas as sociedades. Precisa cuidar da formação dos
indivíduos, auxiliando no desenvolvimento de suas características físicas e
espirituais [grifo do autor da dissertação] preparando-os para a participação
266
ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social.

É possível que para Libâneo a expressão “espiritual” envolva também,


emoções, da subjetividade, a moralidade, mas inclui fundamentalmente a

266
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Cortez, 1988, p.69
133

espiritualidade humana.

A criança vem ao mundo e torna-se parte integrante do ambiente social e


cultural de determinado grupo humano. A religião é ordinariamente parte
dessa cultura a que essa criança pertence; Em condições normais, pois, a
criança assimila os valores espirituais de sua cultura, do mesmo modo que
assimila os valores éticos e sociais em geral. A religião da criança é,
portanto, parte de sua herança social e cultural que ela eventualmente
assimilará. Cremos, portanto, que o comportamento religioso é aprendido e
que seu ensino para tornar-se mais eficaz deve começar nos mais tenros
267
anos de idade.

O Ensino Religioso ou a Educação Cristã é, sob o ponto de vista da


denominação batista, a área de saber mais importante do currículo de uma escola
batista. Se não fosse possível haver um espaço no currículo para o ensino ou
reflexão sobre a fé ou a confissão, é provável que o interesse em abrir escolas seria
muito menor.
O trabalho da capelania se completa ou começa em sala de aula. No espaço
privilegiado de uma aula semanal em sala de aula é que o professor de Ensino
Religioso, também considerado auxiliar de capelania, tem oportunidade de
compartilhar a fé , influenciar e ajudar seus alunos a adotarem princípios e valores
cristãos, no caso de uma escola evangélica.
Todos os capelães do SBME, inclusive o capelão-geral, também têm
atividade docente, como professores de Ensino Religioso. Isso os aproxima mais
dos alunos e melhora sua renda, pois, com isto podem ter dois contratos com a
instituição: um “administrativo” (salário fixo) de capelão e outro de professor (salário
por hora/aula). Mas vários professores de Ensino Religioso não são capelães
titulares. Como dito anteriormente, esses são chamados de capelães auxiliares e só
recebem pelas aulas dadas e pelas reuniões (15 professores em todo o SBME)268.
A possibilidade do Ensino Religioso é garantida pela lei.

Com a revisão do artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (9.475/97) e posteriormente com a publicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), o Ensino Religioso ganhou visibilidade e
passou a ser alvo de novos questionamentos no seio da sociedade
brasileira, ao mesmo tempo em que assumiu um papel significativo: o de
contribuir, no dizer de Sérgio Junqueira em Ensino Religioso e a sua relação

267
ROSA, Merval, Psicologia da Religião. Rio de Janeiro> JUERP, 1979, p. 74.
268
Apêndice A - Hélio Spyer, pergunta 16
134

pedagógica. Petrópolis, Vozes, 2002, p.12): ‘para a construção de um novo


269
cidadão e não apenas formar ou confirmar um fiel”.

O documento “Diretrizes para o Ensino Religioso” do Colégio Apostólico da


Igreja Metodista coincide em vários aspectos com os princípios que regem a maneira
do SBME conduzir, administrar e ministrar a disciplina Ensino Religioso, que no
currículo dos colégios batistas do SBME recebe vários nomes conforme o segmento
de ensino: Educação Cristã, Filosofia Cristã e Ética Cristã. Por exemplo:

1. O Ensino Religioso na construção de sua identidade, fundamentação


teológica e pedagógica deverá embasar-se nas marcas da
confessionalidade e tradição metodista [batista].

2. O currículo de cada unidade escolar deve alicerçar-se nos elementos


essenciais da fé cristã, mais especificamente da tradição metodista [batista}
com ênfase na valorização da vida, na busca de relações humanas mais
justas entre si e com a natureza, levando ao despertar de uma consciência
crítica da realidade e comprometida com os valores comunitários.

3. Ao ER é imperativa a clara visão ecumênica das diferentes tradições


cristãs de nosso país, abrindo-se para um diálogo fértil e construtivo que
leve em consideração as dimensões humanas e a construção de um mundo
justo e fraterno, não tendo caráter proselitista.

4. O ER deve explicar a sua ação integrada organicamente ao projeto


político-pedagógico da IME [SBME], em seus valores e práticas, priorizados
em programas voltados para a comunidade interna e externa.

5. A proposta pedagógica para o ER em seu processo de ação-reflexão-


ação deve alicerçar-se em conceitos epistemológicos da ação pedagógica,
comunicar-se por eixos norteadores e temas transversais claramente
explicitados na horizontalidade e verticalidade dos conteúdos e
operacionalizar-se por metodologias coerentes com o Projeto Pedagógico
institucional.

6. Os recursos didático-pedagógicos e metodológicos devem possibilitar a


reflexão sobre a experiência religiosa dos sujeitos envolvidos no processo
educativo.

7. O ER nas IME [SBME] é de responsabilidade das Pastorais [Capelania],


de acordo com o Regimento das Pastorais Escolares e Universitárias,
aprovado pelo Colégio Episcopal [de acordo com Regulamento da
Capelania do SBME (em preparação) aprovado pela Junta de Educação da
Convenção Batista Mineira].

8. Os docentes do ER devem expressar um claro compromisso com a


tradição cristã e metodista [batista], com formação específica conforme os
critérios estabelecidos para as IME (para o SBME) e de acordo com os
critérios de formação específica na área (conforme as exigências da LDB).

269
“Diretrizes para o Ensino Religioso”, do Colégio Episcopal da Igreja Metodista, aprovado em 16 de
dezembro de 2005.
135

9. A contratação de docentes não metodistas [não batistas] para o ER


somente poderá ser efetivada, em casos excepcionais, após aprovação
do/a Bispo/a Assistente da Instituição [da direção-geral do SBME].

10. A formação dos docentes de ER para as IME (SBME) será oferecida


pela Igreja Metodista, através de suas Instituições de Ensino Superior [por
instituições teológico-educacionais, de nível superior, ligadas direta ou
270
indiretamente à Convenção Batista Brasileira].

Para buscar permanente satisfação, foi elaborado um formulário de pesquisa


para sondar junto aos alunos a satisfação deles quanto à disciplina Educação,
271
Filosofia e Ética Cristã. O instrumento será testado no final de 2009.
Quinquenalmente o currículo de Ensino Religioso (Educação Cristã, Filosofia
Cristã e Ética Cristã) é reavaliado e atualizado. No anexo L constam os conteúdos
programáticos atualmente ministrados nessas disciplinas nos colégios do SBME.
O SBME há muito tem sonhado com a possibilidade de elaborar seu próprio
material para ensino religioso ou educação cristã. Vários capelães declaram isso 272.
A Associação nacional de Escolas Batistas (ANEB), órgão que congrega as escolas
Batistas no Brasil em 2004 preparou e imprimiu a “Coleção Saberes”273, destinada a
educação cristã nas escolas batistas e outras confessionais. A capelania, no
entanto, ainda não se entusiasmou em usar esta coleção. De acordo com o parecer
dela a Coleção precisa de atualização e certa adequação à realidade do SBME.
O Ensino Religioso ou de Educação Cristã nas escolas confessionais
mereceria uma dissertação a parte. Nela se poderia aprofundar a análise dos
conteúdos e fazer comparação entre os currículos de instituições educacionais de
outras tradições religiosas. Mas, pelos objetivos deste trabalho, limitou-se apenas a
apresentar os currículos e os conteúdos programáticos ministrados no SBME. No
apêndice D, o autor desta dissertação transcreve um trabalho seu publicado, onde
discorre sobre “As necessidades dos capelães e dos professores de educação cristã

270
“Diretrizes para o Ensino Religioso”, do Colégio Episcopal da Igreja Metodista, adaptado com os
textos entre colchetes, em função da prática do SBME.
271
ANEXO L
272
Cordero, Alemar Quirino e Ierson batista de Souza.
273
Coleção Saberes da ANEB. Rio de Janeiro: Editora EBD, 2004. – Cadernos para o Ensino
Religioso da 1ª a 8ª Séries do Ensino Fundamental.
136

das instituições educacionais batistas”274 e no apêndice E, apresenta outro te xto seu


intitulado “O que se espera dos capelães e dos professores de educação cristã das
instituições educacionais batistas” 275
Sória (1996) em sua apostila mostra algumas qualidades desejadas em um
professor de ensino religioso ou educação cristã:

ELEMENTOS IMPRESCINDÍVEIS
AO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA
1) Espírito de equipe.

2) Disponibilidade de tempo para aulas e reunião da equipe.

3) Entendimento da necessidade de supervisão.

4) Tempo suficiente para manter em dia os diários e para a correção e


entrega de trabalhos e provas.

5) Planejamento mensal das aulas.

6) Preparação de originais para as aulas, com a devida antecedência.


7) Assiduidade e pontualidade.

8) Troca de experiências no trabalho para o crescimento e


desenvolvimento.

9) Bom relacionamento com alunos, pessoas da equipe e demais


professores e funcionários.

10) Conhecimento e prática da filosofia de Educação das Escolas Batistas.

11) Conhecimento bíblico adequado.

12) Conhecimento das características da faixa etária com a qual trabalha.

13) Visão de um ministério (serviço) que objetiva atender a escola inteira.

14) Disposição de fazer discípulos.-

15) Espírito conciliador.


276
16) Encarnar a ação pastoral da Capelania.

274
Apêndice D
275
Apêndice E
276
SÓRIA, (1996) p. 14.
137

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao apresentar e analisar a capelania do Sistema Batista Mineiro de Educação


(SBME) e suas particularidades, foi possível ao autor, ao mesmo tempo, estudar o
funcionamento de um serviço de capelania que se aplica ou se assemelha ao
existente em qualquer escola, principalmente de direcionamento confessional.
A começar pelo primeiro capítulo, que trata do relacionamento dos colégios e
capelanias batistas com a denominação e que, sob muitos aspectos, se assemelha
ao de quase todos os colégios e denominações confessionais. Até mesmo a história
do surgimento do Colégio Batista Mineiro guarda semelhança com a maioria dos
outros colégios evangélios de missão. Os objetivos dos missionários pioneiros,
vindos de outros países, ao implantá-los chegam a ser os mesmos. Os recursos
necessários à construção desses colégios geralmente vieram dos países de origem
desses missionários e educadores.
Também, o serviço de capelania esteve presente na gênese dos colégios
confessionais, mesmo que, no início, de forma não sistematizada. Ainda, o processo
de desenvolvimento e aperfeiçoamento do trabalho pastoral nas escolas seguiu
passos semelhantes, alguns com maior velocidade do que outros. Até mesmo a
estrutura atual do trabalho varia muito pouco entre os colégios de confissão
diferente. Isto se observa pelos livros didáticos para a área de ensino religioso e os
manuais de instruções para a capelania (pastorais) dessas diferentes escolas
confessionais.
As motivações que levam qualquer escola confessional a ter um serviço de
capelania são praticamente as mesmas em todas elas: assistência espiritual e
ensino e testemunho de seus valores e fé. Por esta razão, quando se discorre no
segundo capítulo sobre o sentido, a importância, os objetivos, as funções, as
necessidades, os processos e a legalidade da capelania ou pastoral escolar está se
tratando de uma maneira geral de toda capelania escolar, naturalmente, distinta de
outras formas de capelania (como a militar, carcerária, hospitalar etc.).
Da mesma forma, quando se discorre, ainda no capítulo dois, sobre o capelão
(seu perfil ideal, sua formação, suas necessidades, suas funções e
responsabilidades e as expectativas que são geradas quanto ao seu trabalho)
escolas de diferentes tradições religiosas confessionais evangélicas se assemelham.
138

Foram apresentados vinte e oito (28) desafios que a capelania escolar enfrenta
no seu cotidiano. São demandas oriundas da vida em sociedade, da economia, da
política e dos avanços científicos e tecno lógicos, desafios da vida dos jovens com os
quais os capelães trabalham e desafios relacionados ao próprio exercício de sua
função. Esses desafios e demandas foram colhidos da experiência dos capelães em
atividade, da produção literária existente sobre o assunto e da vivência do autor. É
possível que haja outros desafios que não tenham sido mencionados, e é certo que
novos surgirão a cada época deste mundo dinâmico e complexo, que obrigarão o
pesquisador da matéria a uma permanente atualização em busca de novas
estratégias para responder a esses novos desafios na ação da capelania escolar.
O trabalho também apresentou trinta (30) estratégias possíveis de ação da
capelania escolar. São atividades antigas e novas, algumas inéditas, que podem ser
usadas pelos capelães para tornar o trabalho ainda mais relevante aos alunos.
Essas estratégias estão relacionadas aos desafios. São ações que visam ajudar ao
público alvo da capelania escolar (alunos, equipe diretiva, corpo docente e
administrativo e seus familiares) a enfrentarem as demandas e desafios
apresentados. O autor deu ênfase ao Projeto “Ética e Caráter na Escola” por
considerá-lo algo distinto do SBME, pois ele, nos seus objetivos, metodologia e
prática, de várias maneiras, abarca uma série de intenções e ações que resumem
bem o conjunto do trabalho da pastoral escolar.
O autor está consciente de que o que foi dito e registrado neste texto não
abarca toda a complexidade do trabalho de uma capelania escolar. O campo é
vasto, há possibilidades múltiplas de ação da capelania. Há aspectos relacionados à
capelania escolar que podem não ter sido abordados ou tratados com a
profundidade que mereciam, em função do espaço e a da intenção do autor de
apenas citá-los. Algumas facetas do trabalho da capelania escolar mereceriam
outro estudo dissertativo, como o aconselhamento pastoral, o ensino religioso e a
questão da confessionalidade.
Os recentes livros de Damy Ferreira (Capelania Escolar Evangélica) e de
Márcio Alexandre Santos (Manual de Instruções do Capelão Escolar) e uma série de
textos e palestras proferidas por capelães em atividade foram contemplados neste
trabalho, nas partes que interessam e que se aplicavam ao Sistema Batista Mineiro
de Educação. Devido à vivência mais íntima deste autor com o serviço de capelania
139

confessional, ficou claro que o presente trabalho foi além das propostas e reflexões
oferecidas pelos autores acima citados. Muitas idéias apresentadas foram
construídas ao longo de seu trabalho como gestor de três instituições educacionais
confessionais. São observações empíricas que podem carecer da fundamentação
que uma pesquisa científica requer. Ele não teve de onde citar ou como criar fontes,
sob pena de desonestidade acadêmica. Muito do que escreveu, o fez do coração,
apresentando seu sonho de uma capelania escolar ideal, relevante e que exerça sua
atividade com todas as suas possibilidades.
Ainda se poderia relacionar uma série de atividades que podem ser
desenvolvidas em sala de aula e nas chamadas “assembleias” (cultos semanais dos
alunos), como dinâmicas, jogos bíblicos, relação de filmes evangélicos disponíveis e
marcantes, material literário que tem sido produzido para “contação” de história com
mensagens cristãs, entre outras coisas.
As entrevistas feitas com os capelães traduziram apenas parte do trabalho
que realizam, embora tenha sido possível oferecer uma idéia geral do trabalho que é
desenvolvido no SBME.
Nos últimos três anos, o assunto capelania nas escolas confessionais ganhou
maior notoriedade entre os evangélicos no Brasil. Além da publicação dos dois livros
acima citados e de vários artigos, também foram realizados dois congressos (1º e 2º
congressos de capelania escolar, promovidos pela Fundação Rádio Transmundial,
um em julho de 2008, em Campinas, SP, e outro em julho de 2009, em Guarulhos,
SP) e as denominações evangélicas acima mencionadas, mantenedoras dos
colégios confessionais, estão requerendo, com mais ênfase, a evidência de um
trabalho mais atuante das capelanias em seus colégios e resultados mais palpáveis
do trabalho que exercem.
A cobrança ou o impulso a uma maior atuação que se tem feito pelas igrejas
mantenedoras das capelanias escolares não está acontecendo somente entre os
batistas, mas, também, em outras tradições religiosas evangélicas, segundo
testemunho em reunião de representantes das cinco grandes associações de
escolas que compõem a ABIEE (Associação Brasileira de Instituições Educacionais
Evangélicas), que congrega escolas confessionais batistas, metodistas,
presbiterianas, adventistas e luteranas: ANEB (Associação Nacional de Escolas
Batistas), CONGEIME (Conselho Geral de Educação da Igreja Metodista), ANEP
140

(Associação Nacional de Escolas Presbiterianas), Rede Sinodal (Rede de Escolas


de Confissão Luterana) e AEA (Associação de Escolas Adventistas).
Essa atenção crescente para o serviço de capelania ou pastoral escolar tem
servido de motivação para um despertamento e renovação do trabalho e de
conscientização para a importância da atividade. As capelanias estão sendo
concitadas a dinamizar sua ação pastoral e mostrar todo o potencial missiológico-
cristão que possuem.
Este momento de olhares voltados para a capelania escolar deve ser
aproveitado para se mostrar as possibilidades incomensuráveis que ela tem para
agir e reagir positiva, prospectiva e proativamente diante dos grandes desafios e
demandas que as escolas confessionais enfrentam neste tempo.
Como dito na introdução, segundo Florestan C (2000), a relevância para o
estudo da capelania escolar como um fenômeno significativo de práxis religiosa está
no fato de que ele não é um aspecto da vida escolar por si só e um fim em si
mesmo. É, sim, um fenômeno religioso por estar respaldado por uma teologia e uma
tradição de fé. A capelania escolar traz as marcas de uma ação libertadora (não
alienadora, mas conscientizadora), de uma ação radical (não somente reformista,
mas transformadora), de uma ação criadora (não apenas reiterativa, mas inovadora)
e de uma ação reflexiva (não exclusivamente espontânea, mas crítica).
Este autor conclui o seu trabalho com a consciência de que deu uma
contribuição para enriquecer ainda mais o tema, e que seu trabalho poderá ajudar as
capelanias ou pastorais escolares, não somente dos colégios batistas, mas as de
todas as escolas confessionais, a serem mais atuantes, criativas e dinâmicas e a
desenvolverem seu trabalho com mais profissionalismo, mas sem perder sua
essência: assistência espiritual eficiente e um testemunho eficaz de fé.
141

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145

APÊNDICES
146

APÊNDICE A - ENTRVISTAS COM SEIS CAPELÃES DO SISTEMA


BATISTA MINEIRO DE EDUCAÇÃO

Nome completo, função e unidade onde atua: (*)

Rubens Eduardo Cordeiro - Capelão-geral do SBME

José Paulo da Silva - Capelão do Colégio Batista Mineiro de Betim

Ierson Batista de Souza - Capelão do Colégio Batista de Nova Contagem

Hélio Soares Spyer - Capelão do Colégio Batista de Belo Horizonte

Alemar Quintino da Silva - Capelão do Colégio Batista de Uberlândia

Hélio Alves de Oliveira – Colégio Batista Mineiro – Belo Horizonte – Séries Finais

(*) Todos autorizaram a divulgação de seus nomes e respostas por escrito.

1. Há quanto tempo atua como capelão?

Rubens: Há cerca de 23 anos.

José Paulo: Há 14 anos.

Ierson: Cinco anos e meio

Hélio: Desde 1992

Alemar: 20 anos

Hélio Alves: Há 4 anos como auxiliar de capelania atuando nas


assembléias e há 2 meses como Capelão da Unidade.

2. Em quais unidades do Sistema Mineiro já trabalhou?

Rubens: Séries finais e séries iniciais e, depois, em todo o Sistema.

José Paulo: Belo Horizonte (séries finais), e Betim.

Ierson: Belo Horizonte (Séries Finais), antes e Nova Contagem,


atualmente.

Hélio: Belo Horizonte, Séries Iniciais (principalmente) e séries finais

Alemar: Betim, Belo Horizonte e Uberlândia


147

Hélio Alves: Apenas na Unidade Séries Finais em BH.

3. É pastor há quanto tempo?

Rubens: Fui consagrado em 1978, portanto são 31 anos de


pastorado.

José Paulo: Há 16 anos.

Ierson: Quatro anos

Hélio: Desde 1991

Alemar: 20 anos

Hélio Alves: 15 anos

4. Pastoreia atualmente? Onde?

Rubens: Até o dia 06 de junho sou pastor da Igreja Batista Nova


Jerusalém. A partir do dia 07/06 estarei na Igreja Batista Cidade
Jardim.

José Paulo: Igreja Batista Liberdade BH.

Ierson: Sim. Igreja Batista Nova Batista BH (Auxiliar)

Hélio: Sim. Igreja Batista Manancial na cidade de Santa Luzia.

Alemar: Sim. I. B. Liberdade - Uberlândia (MG)

Hélio Alves: Igreja Batista Itatiaia – Belo Horizonte MG

5. Relacione as funções de um capelão escolar:

Rubens: Cuidar da confessionalidade da escola; aconselhar; visitar os


enfermos; confortar e consolar nos momentos de perda; dirigir os cultos
diários e os especiais (Páscoa, Dia das mães, Dia dos Pais e etc.),
conduzir e supervisionar as aulas de Ensino Religioso, Filosofia Cristã e as
Assembleias dos alunos e etc.

José Paulo - Zelar pelo cumprimento da filosofia da escola - Coordenar o


trabalho de Educação Cristã. - Auxiliar a direção da Unidade
(principalmente nas questões relacionadas à Filosofia da Escola); -
Coordenar e dirigir Cultos com todos os funcionários; - Atender e orientar
famílias, funcionários e alunos; - Dirigir assembléias com alunos; - E
outros.
148

Ierson: Aconselhar, orientar alunos, familiares de alunos, e funcionários.


- Auxiliá-los espiritualmente, - viabilizar momentos para que os mesmos
ouçam a mensagem bíblica. - Confortá-los em momentos necessários
(luto, separação familiar, enfermidades etc).- Preocupar-se com o
desenvolvimento e a aplicação da educação cristã bíblica aos alunos. -
Possibilitar a interação e boa relação entre escola e família. Dentre outros.

Hélio: Aconselhar, visitar, educar, confortar, dirigir cultos, lecionar, atender


espiritualmente a comunidade escolar.

Alemar: Coordenar a educação cristã - Ministrar aulas e assembléias -


Visitar funcionários, alunos, pais enfermos - Aconselhamento espiritual aos
pais alunos, funcionários - Assessorar a direção, equipe pedagógica
quanto a filosofia da Escola - Guardião da filosofia da Escola - Realizar
cultos semanais com todos os setores da escola

Hélio Alves: Dentre as várias funções de um capelão no SBME, destaco


as que considero mais importantes:- Dá aulas de Educação Cristã,- Dirige
assembléias,- Aconselha alunos, professores, funcionários e pais,- Atende
alunos encaminhados pelo SOE,- Dirige cultos para professores e
funcionários.- Planeja e dirige cultos de formatura,- Presta auxílio espiritual
a familiares de alunos, professores e funcionários em casos de doenças,
mortes e situações limites através de visitas e telefonemas.- Presta auxílio
espiritual à coordenação da unidade e às coordenações de série,- Avalia
livros pedagógicos, obras artísticas e dá parecer favorável ou não levando
em conta a filosofia da escola,

6. Quais devem ser as principais qualidades (perfil) de um capelão escolar?

Rubens: Deve ser, primeiramente, um cristão convicto e envolvido


profundamente com a causa de Cristo; ser paciente, saber ouvir, interagir
com todos os segmentos da escola, gostar de pessoas e etc.

José Paulo - Ser um servo de Deus; - Ter equilíbrio; - Capacidade de


mediar e resolver conflitos; - Competência dentro da área;

Ierson: Pessoalmente creio que o saber ouvir e o desejo de caminhar junto


pacientemente ao necessitado, seja preponderante a um capelão. Ser
solicito, ter um coração amável, humano, saber olhar além dos limites
escolares e assim estar pronto a ajudar.

Hélio: Ser bíblico, atencioso, humilde, determinado, antenado ao cotidiano


dos alunos e familiares dos mesmos.

Alemar: Compromisso com Deus - Habilidade interpessoal - Sensibilidade


- Empatia - Comunicação - Abertura - Flexibilidade - Ético - Integridade-

Hélio Alves: Deve ser crente em Cristo Jesus, com reconhecida vocação
para o pastoreio,- Deve conhecer o ambiente escolar com todas as suas
peculiaridades,- Deve ter formação teológica e de preferência que tenha
outra graduação ou especialização em áreas afins ao trabalho de
149

capelania como pedagogia, psicologia, dentre outras.- Deve conhecer a


fundo a filosofia da escola e defendê-la,- Deve conhecer as características
dos alunos e as especificidades desta faixa etária, tendo um bom diálogo
com eles,- Deve ter bom relacionamento com os demais setores da escola,
em especial a coordenação pedagógica,

7. Quais as maiores dificuldades enfrentadas por um capelão escolar no


cotidiano escolar?
Rubens: Penso que seja o conflito entre as demandas na maioria das
vezes informais, repentinas e surpreendentes tão próprias do caráter
imponderável das ações da capelania e a necessidade pedagógica dos
processos muito formais como, por exemplo, a rigidez da grade curricular,
horários excessivamente precisos e etc.

José Paulo: A resistência de algumas pessoas.

Ierson: Talvez ter sua imagem confundida com a de um disciplinário


somente.

Hélio: Desobediência, desinteresse e demandas dos alunos e famílias. A


permissividade de alguns e a rigidez e fanatismo de outros.

Alemar: Algumas resistências de professores e alunos quanto à


Confessionalidade da escola que se revela numa certa discordância das
posturas adotadas pelo Capelão em virtude de sua função.

Hélio Alves: - A falta de tempo para atendimentos, visitas e outras


atividades devido às atividades docentes do capelão, - A falta de
compreensão por parte da comunidade escolar da importância do trabalho
da capelania,- Falta de material didático específico para o trabalho em sala
de aula,

8. Quais são suas maiores necessidades pessoais como capelão?

Rubens: Orar sempre, constante reciclagem, informação atualizada, estar


bem consigo mesmo, com o outro e com Deus.

José Paulo: Constante busca da orientação de Deus.

Ierson: Estar ainda mais envolvido com as famílias dos alunos, e ainda
mais próximo dos professores.

Hélio: Reconhecimento, compreensão, aceitação de que somos humanos,


temos carências que todos têm.

Alemar: Crescer cada dia mais na arte das relações interpessoais, na


empatia, na humildade e mansidão.

Hélio Alves: - Maior capacitação para o exercício da função,- Maior tempo


150

para uma dedicação mais significativa,- Maior contextualização para


entender a cosmovisão do adolescente,

9. Que recursos ou condições você precisa a mais para desenvolver bem o seu
trabalho?
Rubens: Turmas um pouco menores para um trabalho mais personalizado
com os alunos, mais tempo para preparar os eventos sob a regência da
capelania.

José Paulo: O reconhecimento da liderança da escola de que este


trabalho tem uma natureza especial.

Ierson: Tempo

Hélio: Maior carga horária, cursos de capacitação, maior autonomia.

Alemar: No meu caso seria mais recursos tecnológicos para aprimorar a


comunicação nas aulas.

Hélio Alves: - Maior participação da direção e das coordenações nas


atividades promovidas pela capelania,- Maior divulgação do trabalho
realizado pela capelania,
.

10. Existem dificuldades de sintonia (entrosamento) entre seu trabalho e a


coordenação pedagógica (ou direção) e como você tem lidado com elas?

Rubens: Existe sintonia, mas podia ser bem melhor caso houvesse mais
tempo para se pensar juntos as ações a realizadas.

José Paulo: Não

Ierson: Não, nenhuma. A capelania tem recebido todo apoio e


investimento necessário.

Hélio: Não existem. Tenho um bom relacionamento com todos, graças a


Deus.

Alemar: Não.

Hélio Alves:Não, mas a melhor maneira de diminuir qualquer dificuldade


que surgir é através de uma aproximação cada vez maior entre capelania,
direção e coordenações, que é o que tenho feito.
151

11. Como você desenvolve o Projeto “Construindo o Caráter Cristão na


Escola”?.
Rubens: O Projeto Caráter Cristão hoje denominado Ética e Caráter se
desenvolve, em primeiro lugar, através do envolvimento do maior número
possível de pessoas em seus vários segmentos. Os professores
aproveitam os chamados “momentos ensináveis” para falar aos seus
estudantes a respeito de uma determinada virtude moral com base na fé
cristã. A idéia que temos desenvolvido é que todos os professores, alunos
e funcionários devem ler, pensar e agir de acordo com a virtude moral que
está sendo trabalhada. Além disto, temos promovidos encontros especiais
para tratarmos especialmente de uma dada virtude moral (Encontros com
as famílias, atividades esportivas, reunião de professores e etc.

José Paulo: Coordenando o Projeto.

Ierson: O trabalho é feito com todo o corpo escolar através de atividades e


reuniões que envolvam os funcionários de todos os setores. Cartões,
torpedinhos, caixas surpresa, painéis, são confeccionados por todos como
artifícios para que cada um lembre ao outro e a si mesmo do projeto
desenvolvido. O culto infantil e com funcionários, as atividades
interdisciplinares, a Escola de Pais, as atividades familiares, cartazes,
versos de suporte etc. são meios com os quais desenvolvemos o Projeto
na escola com alunos e familiares.

Hélio: Agora é: “Ética e Caráter na Escola”. Sigo e respeito a orientação do


Capelão Geral do Sistema. Realizo o trabalho junto com as
coordenadoras. Sempre os pensamentos e versículos sobre cada virtude
ficam sob a minha responsabilidade.

Alemar: O lançamento da virtude se dá num momento cívico onde todos


os alunos e professores estão reunidos e a partir desse momento os
professores desenvolvem em sala as sugestões vindas nas revistas e
outras que eles mesmos criam. Há a divulgação através de banners,
cartazes e os conceitos chaves são divulgados nos vários ambientes da
escola.

Hélio Alves: Através da ênfase nas virtudes do caráter desenvolvido com


toda a comunidade escolar. Isto se dá através de palestras aos
professores e aos pais e também através das aulas de educação cristã e
das assembléias. Os professores são chamados a participarem do projeto
fazendo uma ligação entre a sua disciplina e a virtude do caráter
enfatizada. Também são colocadas no espaço físico da escola banners,
painéis, cartazes, faixas com frases e versículos bíblicos que lembram a
respeito do projeto.

12. Você acha que ele está sendo bem desenvolvido? Há plena
compreensão e engajamento de toda escola nele?

Rubens: O Projeto Ética e Caráter está sendo desenvolvido mas, sem


dúvida, nenhuma precisamos muito mais envolvimento de todos, o que
152

estamos tentando fazer.

José Paulo: Pode melhorar.

Ierson: Em nossa unidade, sim.

Hélio: Há desenvolvimento e compreensão; mas o engajamento ainda é


precário, principalmente por parte do corpo docente (Séries Finais).

Alemar: Sim. Mas eu sinto que nas turmas das séries finais ele não está
sendo totalmente desenvolvido

Hélio Alves: Há plena compreensão e engajamento de toda escola


nele?Creio que sim. No entanto, não há ainda um engajamento de toda a
escola como gostaríamos. O espaço escolar é um espaço dinâmico e onde
muitas atividades concorrem e acontecem ao mesmo tempo. Essa
concorrência do Projeto do Caráter com outros projetos da escola, leva ao
enfraquecimento do mesmo.

13. Em que e onde o projeto pode melhorar?

Rubens: Como dito anteriormente, em um maior envolvimento de todos,


melhorar a comunicação das idéias mais importantes do Projeto, torná-lo,
de fato, a filosofia da escola transformada em ações práticas.

José Paulo: Principalmente na participação dos pais.

Ierson: Em nosso sistema, se ele for visto e trabalhado com um


envolvimento sério, menos utópico, demagógico, que não seja uma
matéria ou um projeto a mais para o outro, e sim como uma mudança de
mente e coração de maneira muito pessoal. Não dá para se transmitir
aquilo que não se viver, não neste Projeto.

Hélio: Precisamos produzir nosso próprio material(linguagem, ilustrações,


personagens nossas).

Alemar: No meu trabalho de acompanhamento e mais efetividade nas


sérias que mencionei acima.

Hélio Alves: No atual momento, penso que o corpo docente não tem tido a
participação esperada. O projeto pode melhorar se buscarmos formas
criativas de alcançar este engajamento estratégico e necessário.

14. Quanto a estrutura de funcionamento da capelania de sua unidade e da


geral, em que você acha que pode melhorar?

Rubens: Precisamos melhorar a interação entre as diversas unidades do


Sistema, envolver mais os capelães na implementação do Projeto Ética e
Caráter, melhorar o atendimento das demandas de pais, alunos e
funcionários.
153

José Paulo: Talvez a unificação das atividades.

Ierson: Em minha unidade não vejo muito a necessidade de mudança


estrutural. Quanto à Geral tem me atendido sempre que necessito, talvez
não uma mudança estrutural, mas um compartilhamento maior das
atividades, interação... algo nesses termos.

Hélio: Envolvimento e engajamento maior, nos projetos e gestão da escola

Alemar: Eu creio que deve haver uma comunicação mais efetiva em todos
os aspectos.

Hélio Alves: Penso que temos uma estrutura adequada em nossa


unidade.

15. Quais os principais problemas que você encontra entre jovens e seus
familiares com os quais algumas ou muitas vezes precisam lidar como
capelão?
Rubens: Às vezes precisamos lidar com a questão da homossexualidade e
com algumas anomalias sexuais. Já lidamos com o problema da gravidez na
adolescência, sem que os jovens sejam casados. Também percebo um
crescente desinteresse pela religião tradicional e um apego cada vez mais
do materialismo e do secularismo. Com isso, também declina a esperança e
diminui os ideais e os sonhos dos jovens por um mundo melhor, mais justo e
humano. Por outro lado, há alguns que se voltam para religiões esotéricas e
místicas na tentativa de encontrar as respostas que procuram. Na verdade,
o movimento da pós-modernidade afeta nossas escolas. Há uma
relativização dos valores, um crescimento da individualidade egoísta, uma
superficialidade nas relações humanas e uma pragmatização das coisas.
O número excessivo em sala de aula dificulta o trabalho dos professores de
educação cristã e da capelania, pois o controle da disciplina é mais difícil e a
atenção é mais dispersa.

José Paulo: Os problemas que já encontrei no exercício de minha função


são: o sexo desenfreado, a pornografia, a violência entre os alunos, ao uso
de drogas e as questões ligadas ao preconceito e discriminação. No
ambiente escolar dificulta meu trabalho o mau testemunho de alguns
funcionários da escola e a dificuldade de conciliar o calendário escolar,
especialmente quando se trata de festas de origem não evangélicas:
hallowenn, festas juninas, carnaval e de “São Cosme e São Damião”. A
estratégia é buscar substituir o evento por algo mais significativo.

Ierson: Em minha unidade é um pouco diferente e esta realidade de faixa


etária está muito por conta dos próprios pais de nossos alunos que por
algumas razões são pais ainda muito jovens, as relações familiares às vezes
vão de um extremo ao outro, ou seja, alguns por causa da condição sócio-
econômica se apegam ainda mais ao âmbito familiar como forma
de continuarem se mantendo, para alguns isso gera desgaste para outros é
muito comum; outros desprezam por completo a família, buscando recursos
154

e o sustento longe dos pais. Há muita influencia do tráfico. Em alguns casos,


a capelania tem prestado assistência em aconselhamento,
acompanhamento e encaminhado aqueles que desejam a centros de
"recuperação". No meu trabalho também tenho que lidar com a indisciplina,
com pais que não apóiam a escola, com o dilaceramento da família e seu
novo desenho e com a exacerbação da sexualidade são os problemas mais
encontrados. Estes quatro desafios estão presentes e interligados em nossa
unidade. A indisciplina é uma realidade em nosso dia a dia, fruto do
cotidiano social em situação de risco e que recebe como fator dificultador o
novo desenho familiar, sua banalização que por sua vez, também envolve a
exacerbação da sexualidade, a gravidez precoce.

Hélio: Homossexualismo, indisciplina, alunos oriundos de outras religiões,


algum desentrosamento com as coordenações, compatibilizar as
expectativas dos alunos com relação a datas especiais do calendário,
especialmente as comemorações incompatíveis com nossos princípios:
Hallowenn, Cosme e Damião, Carnaval, Festas Juninas etc. A questão
sexual também está cada vez mais presente em idades cada vez menores.

Alemar: Algumas questões que já enfrentei são:


1. Já enfrentei alguns problemas na área da sexualidade em relação aos
temas homossexualismo, sexo antes do casamento, etc.
2. Também enfrentei problemas quanto à recusa de participar das aulas de
educação cristã por parte de alunos e de pais.
3. Outra questão que está presente no nosso trabalho é em relação aos
livros didáticos, atividades que vão de encontro à nossa filosofia.
4; A competição com a tecnologia avançada e as limitações de recursos de
nossas escolas nos deixa em desvantagem.
5. Muitas vezes tenho que lidar pastoralmente com cola e mentira
envolvendo o comportamento do jovem.
6. Alguns pais e pastores não entendem que a escola não é igreja e que a
estratégia tem que ser diferente.

Hélio Alves: Relacionamento conflitantes com pais e irmãos,- Situações


limites como morte e doença de familiares,- Questões ligadas à baixa auto-
estima, estética, etc.- Falta de limites por parte dos pais, gerando
comportamentos inadequados,- Alunos com dificuldades de aprendizado
causadas por questões familiares como separação dos pais.

16. Relacione algumas ações ou estratégias que usam para lidar, de uma
maneira geral, com esses problemas.

Rubens: Quando os adolescentes me procuram de maneira voluntária,


de um modo geral, especialmente quando são do Ensino Médio, são casos
de relacionamentos amorosos desfeitos. A melhor estratégia é sempre
ouvir com atenção e, em seguida, tentar devolver para o adolescente a dor
que captamos naquilo que ele nos acabou de transmitir (de tal modo a
assegurá-lo da qualidade de nossa escuta). Somente a partir daí que lanço
mão de palavras de encorajamento, confronto com novas perspectivas,
outros caminhos... Quando os adolescentes são encaminhados pelo SOE
155

ou por algum professor (o que raro) ou funcionário, geralmente, as


questões são de natureza disciplinar, dificuldades de relacionamento com
os colegas e autoridades da escola. O procedimento em geral envolve o
aconselhamento pastoral e, logo que possível, um relatório a ser passado,
em termos gerais, para quem fez o encaminhamento. Nestes casos, é
comum contatarmos a família. A presença dos pais, via de regra, nos ajuda
a compreender melhor a problemática do adolescente em questão e cria a
possibilidade de obtermos a adesão da família objetivando um processo de
ajuda mais eficaz.
A capelania desenvolve uma série de atividades com alunos, pais e
funcionários que visam a atender as necessidades deles na busca de
soluções para os seus problemas. Os cultos semanais, o programa de
aconselhamento, a escola de pais, o espaço de oração, os grupos teatrais,
de coreografia e musicais (banda) e os coros dos alunos e funcionários
são boas estratégias de integração e ajuda que utilizamos. Todas as
capelanias desenvolvem o Projeto “Construindo o Caráter e a Ética na
Escola”, que tem ajudado os alunos a desenvolverem aspectos do caráter,
com vistas a superarem deficiências e desenvolverem virtudes.

José Paulo: Fazemos excursões culturais, cultos especiais para cada


faixa etária, com linguagem e músicas compatíveis, realizamos congressos
jovens, com temas de interesses deles, promovemos momentos cívicos
em que são dadas mensagens aos alunos, estimulamos os alunos a
desenvolverem ações sociais de ajuda aos mais necessitados, usamos as
programações do calendário escolar para transmitir uma mensagem cristã
aos alunos, do ponto de vista bíblico a respeito do evento, realizamos
encontro com os pais, aconselhamentos e damos assistência à família em
enfermidades e luto. Estamos engajados no Projeto do Caráter e
desenvolvemos com os professores de forma interdisciplinar as virtudes
programadas.

Ierson: Diante destas realidades trabalhamos com cada família em suas


situações e que afetam diretamente o desenvolvimento de nossos alunos,
fazemos acompanhamento conjugal, aconselhamento, desenvolvemos o
que chamamos de Escola de Pais onde as relações familiares são tratadas
e reforçado o conceito de família como uma estrutura base
para transformação da comunidade e do ser humano. A indisciplina dos
alunos é tratada buscando encontrar sua real fonte. É tratada em conjunto
com professores e familiares. Todos os pais são chamados a caminharem
junto com a escola, pois percebermos um certo desleixo, relaxamento
quanto ao desenvolvimento escolar de algumas crianças, para isso,
fazemos os atendimentos individuais dos pais, onde buscamos
especificamente reforçar seu papel como responsável pela criança.
Percebemos a boa aceitação por parte da maioria das famílias o
despertamento para as responsabilidades. Percebemos que às vezes o
que falta é a orientação e o amor para caminhar junto dando o tempo
necessário e se mostrando sempre perto para possível auxílio. Usamos
vários momentos de encontro com as turmas para louvor, contação de
história, lúdico edificante e aprendizagem de versículos bíblicos. Usamos
as estratégias sugeridas no Projeto do Caráter, mas criamos uma série de
outras para que as virtudes do caráter sejam bem marcadas no coração
das crianças.

Hélio: Procuramos usar muitas estratégias para envolver os alunos (de 02


156

a 11 anos) e influenciar suas vidas com os princípios e valores cristãos.


Utilizamos para isso o Projeto Construindo o Caráter e a Ética na Escola”,
junto com as coordenações e professores. Participamos dos momentos
cívicos, das festas do calendário escolar, ministrando a palavra na
linguagem das crianças. Ministramos o momento chamado “Louvor”, que
acontece quinzenalmente para cada classe. Atendemos aos pais no
processo de aconselhamento. Lecionamos aulas de educação cristã em
sala de aula.

Alemar: Quanto ao homossexualismo e ao sexo antes do casamento,


minha postura foi sempre a de respeitar a opinião dos alunos, mas sem
contudo deixar de me posicionar com base na Bíblia. Sempre tratei esses
assuntos serenidade mas com muita firmeza também. Quanto à recusa de
participar das aulas de educação cristã, minha posição sempre foi a de
esclarecer os conteúdos e o propósito dos mesmos dentro do colégio
Batista, que não tem como finalidade fazer proselitismo, mas estudar os
conceitos e história bíblicos sem conotação religiosa/denominacional. Por
isso, não se justificava a dispensa do aluno de assistir às aulas. Deixava
claro também que faz parte da proposta de formação integral do aluno a
ministração desse conteúdo. No que se refere aos livros didáticos que
chocam com a filosofia da escola, a postura também é de serenidade; mas
bastante firme no sentido de que qualquer livro ou atividade que fira a
nossa filosofia não pode ser permitido. Sempre há as reações dos
proponentes e que geram um certo desgaste, mas a prioridade é a
filosofia. Como alternativa sugerimos que se apontem outros livros e
substituam as atividades.

Hélio Alves: - Busco contato com o aluno para conversar sobre a situação
vivida,- Procuro ouvir com empatia a questão trazida pelo aluno,
apresentando uma palavra bíblica seguida de oração,- Em caso de
doença, procuro visitar imediatamente o aluno ou familiar enfermo.

17. O que você acha que a capelania ainda pode fazer, pode desenvolver para
tornar-se ainda mais atuante e significativa?

Rubens: Ela ainda pode promover mais acampamentos de cunho


espiritual, conferências de cunho evangelístico, congressos temáticos e
melhorar ainda mais a ação do Projeto do Caráter.

José Paulo: Ela pode desenvolver um Jornal específico para cada faixa
etária e mais acampamentos. Pode também realizar encontro de casais e
festivais de talento.

Ierson: Desenvolver material próprio para ensino religioso ou de educação


cristã.

Hélio Spyer: Criar um “site” próprio da capelania, congressos temáticos,


mais ações sociais, jantares evangelísticos com os pais dos alunos.

Alemar: Congressos de despertamento de vocações, ações sociais,


material didático para o ensino religioso, cinema e teatro evangelís tico,
mais parcerias com outras instituições congêneres e acampamentos.
157

Hélio Alves: Compreender cada vez mais a dinâmica da escola e as


particularidades de cada setor. A capelania deve se posicionar como uma
instancia diferenciada dentro da escola no sentido de “andar a segunda
milha” para servir cada pessoa que necessite de seus serviços espirituais.

18. Qual é a sua formação acadêmica?

Rubens: Bacharel em Teologia (STBSB), Graduado em Psicologia


(UFMG), Pós-graduado em Psicologia Clínica (PUC-MG) Mestre em
Psicologia (UFMG).

José Paulo: Bacharel em Teologia (STBM), Graduado em


Pedagogia,

Ierson: Bacharel em Teologia (STBM).

Hélio Spyer: Bacharel em Teologia (STBM), História.

Alemar: Bacharel em Teologia (STBM), Graduado em Psicologia.


Pós-graduado em Gestão Escolar.

Hélio Alves:: Bacharel em Teologia (STBM), Graduado em


Psicologia (PUC – MG), Pós-graduado em Ciências da Religião
(PUC-MG), Mestrando em Ciências da Religião (PUC-MG).
158

APENDICE B - CONHECIMENTO DAS QUESTÕES QUE


DIFERENCIAM OS BATISTAS DE OUTRAS DENOMINAÇÕES
CRISTÃS E DOS OUTROS GRUPOS RELIGIOSOS

PRÁTICAS, DOUTRINAS E PRINCÍPIOS DISTINTIVOS DOS BATISTAS 277

1. Nas igrejas batistas as Escrituras Sagradas são o único fundamento de fé e


conduta. Em nossa maneira de interpretá-la não prospera os extremos do
fundamentalismo ou do liberalismo. Para nós nenhum outro documento se aproxima
nem de perto da autoridade da Bíblia.

2. Cada crente batista exerce o privilégio do livre e responsável exame da Palavra


de Deus. Apreciamos uma leitura piedosa e amparada por um estudo exegético
sério do texto e o uso das boas regras da hermenêutica bíblica, principalmente a de
que a própria Bíblia é seu melhor intérprete.

3. Entre nós predomina o conceito de igreja local. Somos as igrejas batistas e não a
igreja batista. Nossa união denominacional se dá por um processo difícil, mas
maduro e que exige extrema grandeza de todos nós: a cooperação voluntária .

4. Nossas igrejas são autônomas. Autogovernam-se. Entretanto, primamos por


estarmos todos submissos à soberania de Deus e às orientações de Sua Palavra.
Formamos uma Convenção de igrejas e espontaneamente decidimos nos unir a ela,
buscando seguir suas orientações, que, aliás, são definidas pela maioria. Nos
formamos como igrejas independentes, mas valorizamos a interdependência e a
comunhão fraterna com as igrejas co-irmãs.

5. Nossas igrejas são democráticas. Adotamos um governo congregacional. Cada


membro tem direito a voz e voto. Prevalece a vontade da maioria. Quem perde,
humildemente segue a maioria. Temos ciência, entretanto, de que mesmo a vontade
da maioria e até a unanimidade pode, em algum momento, não representar a
vontade de Deus.

6. Somos avessos ao autoritarismo, mas entendemos a importância da autoridade.


Temos mecanismos regimentais para mudar nossa liderança quando ela não está
servindo bem. Não somos presbiteriais (governo de alguns) ou episcopais (governo
de um). Não temos líderes infalíveis nem prosperam entre nós, por muito tempo,
donos da verdade e da última palavra.

7. Sabemos para onde vão os recursos arrecadados em nosso meio. Podemos


definir onde eles vão ser gastos e, ainda melhor, receber relatório das despesas,
auditado ou examinado por outros. Nosso mundo batista é mais transparente.

277
VIEIRA, Walmir. Publicada em “O Jornal batista”, com o título “15 razões porque ainda é melhor
ser batista”, em 10.06.2005.
159

8. Nossas igrejas mantêm-se separadas do Estado. Queremos ser a consciência


do Estado, voz profética irrepreensível do poder público. Politicamente somos
apartidários, o que não impede que os membros individualmente façam suas
opções. Como parte do reino de Deus usamos nossa influência na busca da
construção de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa.

9. Entendemos que não devemos receber qualquer financiamento ou doação de


recursos públicos para a manutenção de nossos cultos, templo e ações
evangelísticas. Entretanto, ente ndemos como legítimas, e extensivas a todas as
confissões religiosas, as imunidades tributárias constitucionais em função de nossa
natureza não econômica e do enfoque socioespiritual de nossa missão. Não nos
opomos à formalização de parcerias públicas ou privadas para projetos sociais, em
prol dos mais pobres, desde que elas não comprometam nossa independência,
princípios éticos e autoridade espiritual.

10. Como batistas, preconizamos a absoluta liberdade de consciência.


Defendemos que todos são livres para escolher a sua religião, pregar suas
convicções, sempre respeitando direitos e crenças alheias. Cremos que cada
pessoa é livre e responsável diante de Deus. Entretanto, somos impelidos a anunciar
a todos, com obstinação e sabedoria, aquilo que firmemente cremos, até para que
tenham a liberdade de poder rejeitar.

11. Abraçamos o sacerdócio universal de todos os crentes. Todos têm acesso


direto ao Pai. Nossos pastores não são gurus ou mediadores. São profetas,
intérpretes da Palavra revelada de Deus; ainda que seres humanos, mas um pouco
mais preparados e convocados para essa missão. Não são proprietários ou
cessionários de bênçãos. São canais por onde elas podem (ou não) passar, como
qualquer cristão pode ser. Não são donos do rebanho, nem vão prestar contas
diante de Deus pelo “seu” povo, mas, sim, pelo ministério para o qual foram
convocados, se o cumpriram bem. Para nós, todos os crentes somos ministros e
intercessores diante de Deus e a verdade revelada está disponível a todos.

12. Não temos pressa para batizar ninguém. Queremos ver antes, naquele que quer
ser batizado, algumas evidências de crente regenerado e ter alguma certeza de que
cada batizando está ciente do preço a ser pago por um discípulo de Cristo. Por isso,
também, não batizamos bebês ou crianças que não tenham plena consciência, até
por que não achamos que o batismo em si produza salvação. Só o tempo e os frutos
dirão se aquele batismo representou realmente uma conversão verdadeira.

13. Entendemos como mais biblicamente adequado o batismo por imersão por
simbolizar melhor o novo nascimento e a identificação com a morte de Cristo, mas
sem deixar de ter como irmãos em Cristo aqueles que foram batizados de outra
forma, mas sob a égide de uma genuína fé em Jesus Cristo.

14. A Ceia que celebramos não é santa. Santo é o Senhor da Ceia. Não
entendemos que os elementos mudem de substância, ou passem a possuir qualquer
presença mística divina. Na Ceia do Senhor, nenhuma graça ou unção especial é
transmitida ou conferida, a não ser a bênção da comunhão, da gratidão, da
recordação, do memorial do bendito sacrifício de Cristo na cruz.
160

15. Aguardamos com serenidade e expectativa a volta de Jesus, o juízo final e a


entrada no Céu para qualquer tempo. Enquanto isso, queremos ser sal e luz e
instrumentos para implantação dos valores do Reino de Deus neste mundo. Não
somos prisioneiros de sistemas escatológicos detalhistas, de dispensacionalismos
esquemáticos rígidos ou de milenismos literais.

16. Não compactuamos com promessas vãs de prosperidade para os que


contribuem. Preferimos dizimar por obediência, por consciência da necessidade da
obra e pela alegria de dar. Continuamos crendo num Deus que nos ama, que nos
tem como filhos, possuindo ou não fartura de bens materiais ou de saúde.

17. Não ignoramos o poder de Satanás, mas não o superestimamos, vendo-o em


todo lugar e em qualquer coisa, colocando-o em igualdade com Jesus. Contamos
com o discernimento do Espírito para julgar corretamente manifestações parecidas
com possessões ou influências demoníacas, porque a grande maioria tem outras
razões que as explicam. Em sendo realmente malignas, enfrentamos no poder de
Jesus, com oração, com amor e respeito à pessoa humana, sem as usarmos para
promover espetáculo público com elas. Nas igrejas batistas só Jesus Cristo tem
lugar de destaque.

18. Pregamos e promovemos um evangelho de ação integral. Como Jesus ensinou,


não é só a alma do homem que precisa de salvação, mas suas emoções e seu
corpo, bem como sua família, a sociedade e as estruturas sociais, econômicas e
políticas. Mesmo tendo consciência de que a redenção completa só se dará com a
volta de Cristo, lutamos para que os valores e os ideais do evangelho façam
diferença já.

19. Os batistas entendem a importância da obra do Espírito Santo, que age como e
onde quer, mas nunca contrário à Sua própria Palavra, trazendo confusão.
Queremos estar abertos ao Seu mover, mas somos cuidadosos ao afirmar que
certos comportamentos, sem precedentes nas Escrituras ou tirados fora de seu
contexto, sejam realmente ações dEle. Nossa cautela nos tem livrado de embarcar
em movimentos fugazes ditos do Espírito.

20. Temos clareza que a missão dos anjos é específica, ocasional e comandada por
Deus. A presença permanente, protetora, conscientizadora e orientadora é
prioritariamente do Espírito Santo de Deus que habita no coração daqueles que,
pela fé, recebem a Cristo Jesus como Salvador e Senhor.

21. Cremos que Deus, por Sua soberania, tem poder para curar e realizar milagres
ainda hoje, com quem, onde e quando quiser. Segundo Sua perfeita vontade, pode
também não curar. Como Jesus, preferimos que as pessoas se acheguem a Ele em
busca da cura espiritual e do milagre da salvação, pois estes são eternos. Não
somos afeitos a dar ordem a Deus para que milagres e curas aconteçam. Não
manipulamos situações e emoções, nem estimulamos sua busca frenética. Mesmo
testemunhando muitas curas em nossas igrejas, somos, como Cristo, prudentes em
alardeá-las. Sempre que precisamos de um milagre, pedimos por ele a Deus,
confiantes e submissos à Sua vontade.
161

22. Os batistas são, por origem, avessos à espiritualização ou divinização de


objetos, imagens e pessoas. Não atribuímos poder sobrenatural às coisas. Não nos
identificamos com místicos, esotéricos ou fanáticos religiosos. Exercitamos nossa fé
com sobriedade e apoiados na boa doutrina cristã. Cultuamos exclusivamente ao
Deus trino, Senhor absoluto de nossas vidas e futuro.

23. Os batistas, ainda que precisemos construir alguns grandes e bonitos templos e
outras instituições, nossa prioridade é a evangelização de nossa cidade, estado,
país e mundo. Nossas agências missionárias, com ofertas levantadas entre nós, e
centenas de igrejas sustentam milhares de famílias de missionários que, espalhados
pelo Brasil e por toda a Terra, semeiam o Evangelho da graça de Deus, que salva
vidas e transforma o mundo.

24. Somos um exército de milhares de homens e mulheres, jovens e crianças, que


voluntariamente servem a Deus em suas igrejas. Ainda que tenhamos poucos que
precisam dedicar-se exclusivamente à obra, e necessitam do justo sustento para
isso, prevalece entre nós o trabalho dedicado e espontâneo dos filhos de Deus que
desejam adorar e servir a Deus no mundo, como resposta de gratidão e amor pela
salvação que recebemos.

25.Os batistas, ainda que tenhamos coisas para melhorar, fragilidades para superar
e defeitos para corrigir, nosso sistema tem muitos mecanismos e recursos para que
qualquer um, sendo usado por Deus, encaminhe propostas que visem a aperfeiçoar
ou corrigir o que for necessário para servirmos mais e melhor ao Senhor e sermos
um povo abençoado e abençoador neste tempo e neste mundo.
162

APÊNDICE C - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CHAMADA


“PÓS-MODERNIDADE”

Características da chamada “PÓS-MODERNIDADE”278:


Por Walmir Vieira

1. PLURALIZAÇÃO
- Movimento das múltiplas possibilidades.
- Oferece-se tudo. Vale tudo. Valores e princípios frágeis. .
- Opções variadas para personalidades variadas
- Pluralidade em todas as áreas da vida.

2. PRIVATIZAÇÃO
- Movimento das escolhas individualizadas.
- As opções de cada um são privadas e inquestionáveis.
- Respeito à liberdade de escolha.
- Tendência de limitação da voz profética que denuncia desvios.

3. QUALIFICAÇÃO
- Movimento de busca na qualidade dos produtos e dos serviços
- O que era diferencial passou a ser fundamental.
- Consumidor cada vez mais exigente.
- A fé cristã não pode ser pregada de qualquer maneira

4. DESCARTALIZAÇÃO

- Movimento de encurtamento da vida dos produtos.


- Alta rotatividade de lançamento de novos modelos
- Ainda que a igreja não precise entrar neste frenesi, ela precisa permanentemente
avaliar sua relevância e contemporaneidade.
- Cultura do “usar e jogar fora”.

278
Publicado em apostila da disciplina Filosofia da Religião Cristã da Faculdade Batista de Minas
Gerais.
163

5. GLOBALIZAÇÃO

- Movimento de internacionalização, de derrubada de fronteiras e culturas.


- Aproximação dos povos. Mundo como quintal de todos.
- Mercados comuns. Economia mundial afetando todos. Empresas multinacionais.
- As religiões estão mais próximas. Prevalecerá a que tiver respostas pára as
angústias mundiais.

6. PRAGMATIZAÇÃO

- Movimento de valorização do que é pratico.


- Para sobreviver precisa ser útil, dar resultado e funcionar.
- Não se perde tempo com coisas que não tem futuro.
- Evidenciar as conseqüências práticas de um viver de fé genuína.

7. SECULARIZAÇÃO

- Movimento de racionalização de todos os fenômenos.


- A razão humana tem as respostas para tudo.
- Não há necessidade de Deus.
- Mostrar as conseqüências funestas de uma “desespiritualização”.
- Mostra a razão da esperança que há em nós.

8. MISTIFICAÇÃO

- Movimento de retorno ao fenômeno religioso.


- As grandes questões da vida não são respondidas pela razão humana.
- Misticismo, esoterismo, ocultismo, religiosidade em alta.
- Busca da espiritualidade como resposta para as angústias da humanidade.
- Mostrar a genuína e saudável espiritualidade em Cristo Jesus.
164

APÊNDICE D - AS NECESSIDADES DOS CAPELÃES E


PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS BATISTAS279

Neste texto, desejo ressaltar as NECESSIDADES que os professores têm no


exercício de seu magistério, para que possamos estar atentos e buscar, na medida
do possível, atendê-las.
Os professores precisam e merecem ter suas necessidades supridas para
que tenhamos condições de cobrar bom desempenho e para que possam ser bem-
sucedidos em sala de aula. A satisfação dos estudantes, e a sua consequente
permanência como alunos em nossas instituições educacionais, bem como, a
indicação para seus amigos, depende muito mais da qualidade e da atuação dos
professores do que de qualquer outro fator ou área da escola. Podemos ter salas
didática e pedagogicamente bem equipadas, instalações adequadas e campus
educacional completo, mas se o nosso Corpo Docente não estiver bem preparado,
não for capaz de ensinar com eficiência, não estiver motivado, de nada adiantará o
investimento em estrutura. Mestres preparados, criativos, entusiasmados e
dedicados ajudam a superar as eventuais deficiências de instalações e estrutura de
nossas escolas.
Não basta, entretanto, exigir ou esperar que os professores ensinem bem,
façam milagres, se não lhes forem dadas as condições mínimas. Poderão fazê-lo por
um tempo, mas não por muito tempo. Ficarão logo esgotados, estressados,
desanimados. Como instituições educacionais batistas devemos assumir o
compromisso de tentar suprir as necessidades que todos os professores têm para o
exercício eficaz de seu magistério. Naturalmente, muito do que escrevo abaixo ainda
é sonho, ideal. Em muitos aspectos estamos ainda longe da realidade. Mas
devemos persegui-la, lutar para que ela possa se tornar, aos poucos, plena.
O que escrevo é uma visão de um gestor e professor com 15 anos de
vivência em quatro instituições batistas. Algumas necessidades não foram
contempladas e o texto pode ser ainda enriquecido por outros educadores, mas o
apresento para início de um amplo debate sobre o assunto.
Os professores necessitam que as instituições onde atuam lhes ofereçam

279
VIEIRA, Walmir. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, edição de 14.10.2008.
165

apoio didático-pedagógico, apoio na preservação da disciplina, apoio espiritual,


apoio emocional e reconhecimento.
1. Apoio didático-pedagógico

a) Precisam de periódicos cursos de atualização para o melhor desempenho


das diversas e novas facetas do processo de ensino-aprendizagem (avaliação, os
dilemas da inclusão, indisciplina, novas tecnologias de ensino, métodos de ensino,
entre outros).
b) Precisam da sábia assistência da coordenação, apoiando, orientando,
debatendo, possibilitando-os enxergar com outros olhos o conteúdo ministrado e a
metodologia usada.
c) Precisam de recursos de ensino adequados e imediatos, como quadro (de
preferência branco com pincéis apropriados e, quem sabe, magnetizados e
integrados ao computador), e à disposição, quando precisarem, retroprojetor,
projetor multimídia, laboratórios de informática, de biologia, química e física, para
treinamento de homilética (seminários), auditórios para teatro e atividades lúdicas,
entre outros.
d) Precisam de monitores ou assistentes que possam agilizar a operação dos
recursos de ensino, o processo de registro de presença, o apoio aos alunos com
maior dificuldade de aprendizagem, servir de ponte com os outros setores da escola
durante a aula e no auxílio na manutenção de certa ordem na sala.

2. Apoio Disciplinar

a) Necessitam do apoio de pessoas treinadas (inspetores, disciplinários,


bedéis, ou outro nome que se tem dado, que normalmente ficam nos corredores do
prédio de aula) para lidarem com firmeza e sabedoria na manutenção da ordem e no
cumprimento dos horários de intervalo, que os ajudem em alguns momentos
pedagógicos e a quem possam recorrer em situações mais graves de i ndisciplina.
b) Necessitam de orientações pedagógicas vindas de estudos recentes sobre
disciplina em sala de aula, tendo em vista a permanente mudança do perfil
sociocultural do aluno de nossas escolas, principalmente nestes novos e complexos
tempos.
c) Necessitam de orientações jurídicas sobre o que podem e o que não
166

podem fazer, o que devem e o que não devem falar, tendo em vista uma série de
códigos vigentes de proteção à criança e ao adolescente, da questão do
constrangimento moral, da exposição pública do aluno etc. Códigos esses que vão,
de alguma maneira, ou minando a autoridade do professor ou obrigando-o a adotar
posturas cada vez mais profissionais no trato de questões disciplinares.
d) Necessidade do reforço por parte da escola (direção e coordenação) da
autoridade (não autoritarismo) e dignidade do professor em sala de aula, evitando
contradizê-lo ou desautorizá -lo publicamente. Não temendo, inclusive, perder alunos
pagantes se estes não sabem e não querem respeitar seus professores. Os valores
da dignidade, da honra e da autoridade dos professores devem ser cultivados na
escola e, naturalmente, os professores devem agir conforme esses valores.

3. Apoio espiritual

a) Como professores de nossas instituições cristãs, que estão sob pressão


espiritual maligna, que se intensifica quando os valores do Reino de Deus vão
ganhando espaço, eles precisam de nossas orações redobradas.
b) Como seres humanos, estão sujeitos às tentações da carne, aos deslizes
de caráter, às inclinações más do coração e, quando cedem, o estrago é grande.
Por isso, precisam da permanente cobertura espiritual de todos, principalmente dos
capelães, coordenadores e diretores cristãos.
c) Como alguns que trabalham em nossas escolas de educação básica e
faculdades (não nos Seminários, supõe-se) ainda não entregaram totalmente suas
vidas a Jesus, eles precisam experimentar um ambiente espiritual compatível com a
fé que dizemos professar. Precisamos reverter a tendência de ser muito difícil
pessoas converterem-se (e até de crentes manterem a fé) trabalhando em nossas
instituições.
d) Nossas escolas não são igrejas. Os estudantes estão ali para aprender
conhecimentos científicos, e pagam por isso. Temos obrigação de oferecer o melhor
ensino e aprender com escolas de outras denominações e até com as não cristãs as
melhores formas de ensinar. O que vai nos diferenciar são os valores, a ética, os
princípios e o testemunho que vão embutidos nos conteúdos e no ato de ensinar. Os
professores cristãos precisam ser ajudados a ensinar suas disciplinas, sejam quais
forem, com sabor de Evangelho.
167

4. Apoio emocional

a) Os professores, como todos nós, são humanos: sofrem, choram, ficam


doentes, têm fraquezas, angústias, depressões. Estão sujeitos às vicissitudes da
vida. As escolas cristãs precisam ter pessoas preparadas para apoiar, ouvir,
aconselhar, dividir a carga que esses profissionais levam.
b) Os professores precisam sentir a presença da escola nos momentos mais
marcantes de suas vidas: aniversário, casamento, morte de queridos, formatura etc.
A manifestação da escola através de uma expressão, ainda que simples, nesses
momentos especiais alegra o coração do docente.
c) Nem sempre o professor está, o tempo todo, desempenhando-se bem. Há
momentos em que sua performance cai. Quando isto acontece, cabe à escola tentar
conhecer as razões, compreender os motivos e ajudá-lo, com paciência e
perseverança, na superação da deficiência momentânea.
d) Não é fácil ter que dispensar um professor quando ele não está bem e
todas as tentativas feitas para ajudá-lo foram em vão (ou vãs). Como também não é
fácil repreendê-lo quando não está agindo corretamente ou falha como profissional.
Tememos afetar sua auto-estima, levá-lo à depressão, revolta, amargura e
ressentimento. Nesses momentos a escola precisa ser extremamente sábia na
condução do processo. Ela precisa necessariamente ser firme, segura, sincera, mas,
também, profundamente humana, solidária e justa. Conciliar estas duas dimensões é
o grande desafio da gestão de pessoas.

5. Apoio material

a) Os professores desejam ganhar o melhor que a escola puder pagar. Seus


salários precisam ser proporcionalmente superiores aos da área administrativa. Uma
escola saudável gasta perto de 70% de sua Folha de Pagamento com a área
pedagógica.
b) Os professores precisam de um espaço exclusivo, a sala dos professores,
onde possam relaxar nos intervalos, tomar um café, suco ou água, um salgadinho ou
um pão com manteiga (pelo menos), ir ao banheiro (também exclusivo), conversar
com seus colegas, rir, brincar. Um espaço para recuperar as forças para a outra
etapa.
168

c) Os professores precisam que haja na sua sala geladeira, ar-condicionado,


mesas e cadeiras onde possam rever suas aulas, corrigir trabalhos e fazer
apontamentos; precisam de um escaninho individualizado para guardarem com
segurança seus livros e objetos pessoais, precisam de computador(es) interligado(s)
à Internet e impressora
d) Os professores precisam de apoio financeiro ou de alguma outra forma de
ajuda para que possam fazer cursos de atualização ou de pós-graduação com vistas
ao seu aprimoramento e melhor desempenho. As escolas, na medida do possível,
devem se esforçar para buscar apoiá-los nessa disposição de continuarem
estudando.

6. Reconhecimento

a) Os professores, como qualquer profissional, precisam se sentir


respeitados, valorizados e apoiados pela escola, e isto se dá através de reforços de
sua importância perante os alunos e através de pequenos gestos com cartões,
bilhetes, palavras de incentivo e de gratidão, principalmente em ocasiões públicas e
diante dos alunos. Querem o bom trabalho que se esforçam em realizar sendo
apreciado, reconhecido, elogiado pelas coordenações. Normalmente somos prontos
para criticar, mas tardios para elogiar.
b) Os professores gostariam que a escola tivesse um Plano de Carreira que
contemplasse melhorias salariais em função do tempo de serviço, da aquisição de
novos cursos e da manutenção do bom desempenho.
c) Os professores esperam que no seu Dia, a instituição faça algo, dentro de
máxima possibilidade, que represente uma homenagem ao profissional que exerce a
nobre e sublime missão de ensinar e ajudar seus alunos a crescerem, a serem
pessoas valorosas, a vencerem na vida com dignidade e, com isso, ajudarem a
construir um mundo melhor.
d) Os professores esperam que as escolas ajudem aos pais de alunos e à
sociedade em geral a reconhecer ou a resgatar a imagem e o papel do professor,
sua importância e relevância no contexto educacional, com campanhas de
esclarecimentos e de valorização, para que as famílias os vejam como parceiros
imprescindíveis no processo de desenvolvimento moral, intelectual, social,
emocional e até espiritual de seus filhos.
169

APÊNDICE E - O QUE SE ESPERA DOS CAPELÃES E


PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS BATISTAS280

Cada professor tem sua característica pessoal que o distingue e que


enriquece a diversidade docente. Não se pode padronizá-los nem querer que todos
sejam iguais. Entretanto, é possível construir um perfil mínimo desejado dos
professores que atuam em nossas instituições educacionais batistas.
Boa parte do que se espera dos nossos professores é também desejado em
outras profissões. No entanto, os professores têm algo a mais que os distingue e
que torna sua tarefa muito mais difícil e, ao mesmo tempo, gloriosa.
Atrevo -me a relacioná-los como uma contribuição, pensando no Dia do
Professor (15 de outubro) sem pretender ter a visão definitiva e estando consciente
de que os perfis podem ser enriquecidos pela contribuição de muitos outros
educadores de nosso Brasil batista.

Postura espiritual:

1) Os professores e professoras das instituições batistas ADOTAM


(obrigatoriamente nos Seminários) ou RESPEITAM (esperado nos colégios) os
seguintes princípios de fé:

- Fé em Deus: trino (Pai, Filho e Espírito Santo), pessoal, eterno, amoroso,


justo, soberano, santo e fiel.
- Fé na Bíblia como Palavra de Deus, escrita por cerca de 40 homens usados
e inspirados por Ele ao longo de 1.600 anos; e, que seus 66 livros permanecem
vivos e atuais, tendo-os como regra de fé e conduta.
- Fé no Deus criador do mundo, como princípio gerador e inteligência de tudo
que foi criado; que fez o ser humano tal como é.
- Fé que Deus está no controle da História e que ela culminará em Jesus
Cristo, a quem todo ser humano prestará contas de seus feitos.
- Fé que os que recebem a Cristo como Salvador e Senhor, e demonstram
isso vivendo em novidade de vida, desfrutam do perdão e da graça de Deus e

280
VIEIRA, Walmir. Rio de janeiro: O Jornal Batista, 7 dez. 2008,
170

recebem vida eterna.


- Conhecimento dos documentos Princípios Batistas e Declaração Doutrinária
dos Batistas, demonstrando zelo para que eles não sejam ofendidos.

Postura ética:

2) Os professores também adotam (todos obrigatoriamente) as


seguintes condutas éticas e comportamentais:

- Pautam suas vidas pela verdade. Não são dados à falsidade, à mentira ou
ao engodo. São transparentes e sinceros com seus alunos e colegas.
- Preconizam um comportamento irrepreensível no relacionamento com seus
alunos. Não permitem excesso de intimidade e de liberdade com sua pessoa, e vice-
e-versa, mesmo se relacionando o mais próximo e solidariamente possível com eles.
- Zelam pela integridade. Não usam de sua posição para oferecer vantagens
e obter favores de seus alunos ou pais.
- Valorizam o espaço de aprendizagem. Não “matam o tempo” de sua aula
com atividades inócuas, mas respeitam o tempo precioso seu e dos seus alunos,
aproveitando-o ao máximo.
- Separam sabiamente as coisas. Não misturam suas outras atividades
profissionais ou comerciais com sua ação docente e em seu ambiente de trabalho.
- Privilegiam a competência. Não se sus tentam apenas pela simpatia e o bom
relacionamento com os alunos, mas principalmente pela sua habilidade pedagógica
e fundamentado conhecimento.
- Têm um vocabulário edificante. Não usam palavras de baixo calão, de cunho
ofensivo, preconceituosas ou de duplo sentido, denotando malícia. Evitam o uso de
gírias (a não ser com intenção pedagógica), piadas indecorosas, qualquer
comentário de fundo discriminatório ou depreciativo sobre quem quer que seja.

Postura profissional:

3) Os professores ainda abraçam (todos obrigatoriamente) uma postura


profissional compatível com sua nobre função:

- Esforçam-se por cumprir suas obrigações evitando trazer constrangimento


171

para si e para a instituição.


- Chegam no horário de início da aula e, se possível, até antes para preparar
o ambiente.
- Cumprem com fidelidade seus dias e horários de aula.
- Apresentam-se preparados para a sala de aula.
- Entregam no prazo estabelecido as notas dos alunos e, quando não o
fazem, por razão imperiosa, comunicam à coordenação.
- Comparecem às reuniões e aos Conselhos de Classe.
- Elaboram seus instrumentos de avaliação a tempo, para que estejam
prontos no dia marcado.
- Passam tarefas de casa exequíveis, cobram a sua execução e informam à
coordenação o nome dos alunos que não as têm feito para que os seus pais e/ou
responsáveis sejam acionados.
- Elaboram seus planejamentos e os submetem à coordenação, aceitando
humildemente sugestões.
- Comunicam, de preferência por escrito, situações especiais que estejam
ocorrendo na sala de aula como: ventiladores (ou falta deles) com defeito ou
barulhentos, carteiras ou quadros quebrados, pichações etc., para providências
imediatas.
- Evitam usar o celular ou tratar de assuntos particulares enquanto estão em
sala aula e instruem seus alunos para que façam o mesmo.

4) Os professores sérios têm como objetivos profissionais serem:

- comprometidos com uma educação de qualidade;


- inovadores em sua prática pedagógica e abertos às mudanças;
- atualizados;
- apaixonados por sua profissão e sinceramente interessados no crescimento
de seus alunos;
- maduros para aceitar e reagir às críticas, fazendo delas parte da base para
seu próprio crescimento.
- capazes de trabalhar em equipe, cooperativamente e inserir sua disciplina
(inter e transdisciplinalidade) no conjunto dos outros conhecimentos;
172

- sábios na luta por melhores condições de trabalho;


8) parte do corpo, interessados no progresso, sustentação e na boa imagem
da instituição onde trabalham;
- promotores de um ambiente de paz, fraternidade e de bem-estar;
valorizando a comunhão fraternal.

5) Os professores cuidam ainda de seu corpo e de sua aparência física

- Vestem-se adequadamente, evitando roupas indiscretas ou inadequadas à


sua condição de mestre.
- Mantêm o asseio, bem como a limpeza do corpo e da roupa.
- Cuidam da saúde e apresentam-se sempre bem dispostos física e
emocionalmente diante de seus alunos. Quando isto não é possível, solicitam
substituição naquele dia.
- Zelam pelo seu corpo, exercitando-o, lutando contra a má postura e o uso
inadequado da voz.

Postura disciplinar:

6) Os professores adotam procedimentos de disciplina alicerçados no


exemplo, na firmeza e na educação (ternura).

- Evitam gritar com o aluno e discutir com ele no mesmo tom e no mesmo
nível.
- Respeitam os alunos. Não os humilham ou proferem palavras que os
rebaixem diante da turma ou reduzam sua auto -estima ou autoconfiança.
- Tentam primeiro resolver qualquer problema de sala de aula antes de
encaminhar o aluno à coordenação (o professor é a autoridade maior em sala de
aula).
- Ao encaminhar o aluno para a coordenação, certificam-se que ele será
acompanhado por uma pessoa responsável que transmitirá as informações precisas
do acontecido.
- Quando possível, preferem repreender o aluno do lado de fora da sala.
- Não começam ou continuam a aula sem que as condições disciplinares ou
físicas estejam favoráveis.
173

- Têm autoridade, mas não são autoritários; são firmes, sem serem grossos.
- Ao mesmo tempo são ternos, sem serem complacentes; são educados, sem
serem coniventes; são compreensivos, sem serem omissos.
- Habituam-se a ouvir o aluno, mesmo que a situação lhes pareça clara,
dando ao aluno a chance de se explicar; são pacientes.
- Zelam pela pureza de sua classe. Não permitem palavras torpes, gritarias,
brigas, “colas” ou qualquer comportamento inconveniente.
- Cuidam para manter os móveis da sala em ordem (a não ser quando alguma
atividade pedagógica exigir outra arrumação) e o chão da sala limpo (isso ajuda a
criar o clima de disciplina e favorece a aprendizagem)
- São conselheiros, despertadores de consciência e de vocação, professores
amigos, mas, acima de tudo, exemplos daquilo que aconselham.
- Criticam com sabedoria. Não fazem críticas sobre a direção, coordenação
ou sobre alguma norma da escola diante da turma, mas somente para a pessoa, no
ambiente e no momento certos e sempre com o objetivo de ajudar. Na sala de aula
o professor é a Instituição.
- Conquistam o respeito dos alunos pela correta postura profissional, pela
ilibada atitude ética, pela sincera preocupação com o crescimento e aprendizado
deles, pelo exemplo em tudo. A disciplina em sala de aula será uma consequência
natural.

Postura didático-pedagógica:

7) Os professores buscam melhorar seu desempenho didático-pedagógico e


facilitar o processo de ensino-aprendizagem adotando as seguintes posturas:

1- à sua mesa, mas procuram ministrar suas aulas usando os gestos, o olhar
e o movimento do corpo para despertar a atenção e favorecer o ensino e facilitar a
aprendizagem.
- Mostram sincera preocupação com o aprendizado dos alunos, buscando
várias alternativas criativas para melhorar o ensino.
- Procuram conhecer os fundamentos da pedagogia e o Projeto Pedagógico
da escola.
- Usam o maior número possível de recursos didáticos para tornar a aula
174

interessante e atraente: além de um quadro organizado, retroprojetor, projetor de


vídeo, cartazes, objetos ilustrativos, canetas coloridas em quadro branco, apostilas
ou folhas impressas, música etc.
- Utilizam variados métodos de ensino: além de uma aula expositiva
entusiasmada, debates, seminários, júri simulado, painéis, dramatizações etc.
- Servem-se de toda a sua criatividade para favorecerem a aprendizagem
contando histórias que ilustram o conteúdo, teatralizando, surpreendendo os alunos
com uma novidade.
- Avaliam o desenvolvimento do aluno usando instrumentos adequados,
coerentes e conteúdos pertinentes ao ensinado em sala de aula, procurando variar
os métodos de avaliação e não concentrando as notas em apenas um instrumento.
- São sensíveis às peculiaridades de cada aluno, sabendo que alguns têm
ritmos de aprendizagem diferentes, compreendendo isso e dando, na medida do
possível, atenção especial a eles.
- Procuram contextualizar os conteúdos de sua disciplina com a realidade da
vida do aluno e integrar ou inter-relacionar esses conteúdos com outras disciplinas.
- Enfim, ensinam numa perspectiva libertadora e integral, que incentiva a
autonomia do aluno e o vê como um ser único e cheio de potencialidades.
A tarefa de um professor é extremamente árdua e exige muita competência e
compromisso. É uma missão, um ministério. Por isso nossa homenagem e
reconhecimento aos nossos professores no seu dia.
175

ANEXOS
176

ANEXO A - MADDOX E SUA ESPOSA EFIGÊNIA MADDOX


*Fundadores do Colégio Batista Mineiro)
177

ANEXO B - O PALACETE (PRIMEIRA SEDE DO COLÉGIO BATISTA


MINEIRO)
178

ANEXO C - UNIDADE DO COLÉGIO BATISTA EM BELO HORIZONTE


(SÉRIES INICIAIS)
179

ANEXO D - UNIDADE DO COLÉGIO BATISA EM BELO HORIZONTE


(SÉRIES FINAIS)
180

ANEXO E - FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS


181

ANEXO F - INSTITUTO BATISTA DE IDIOMAS


182

ANEXO G - NÚCLEO DE SOCIALIZAÇÃO INFANTO-JUVENIL


(CAPELÃO MINISTRANDO AOS PAIS E ALUNOS)
183

ANEXO H - UNIDADE DE BETIM


184

ANEXO I - UNIDADE DE UBERLÂNDIA


185

ANEXO J - UNIDADE DE OURO BRANCO


186

ANEXO K - UNIDADE DE NOVA CONTAGEM


187

ANEXO L - PASTOR JÚLIO DE OLIVEIRA SANCHES


188

ANEXO M - PASTOR JOÃO FILSON SOREN


189

ANEXO N - PASTOR RUBENS EDUARDO CORDEIRO – CAPELÃO-


geral ATUAL SBME
190

ANEXO O - IMAGEM DE SÃO MARTIN DE TOURS

Fonte: Pe. Onildo, 2009.


191

ANEXO P - VIRTUDES DO PROJETO ÉTICA E CARÁTER NA


ESCOLA

GRUPO I

ATENÇÃO X Distração: Demonstro o valor de uma pessoa ou tarefa, concentrando-


me totalmente nela.
OBEDIÊNCIA X Teimosia: Cumprindo as diretrizes daqueles responsáveis por mim
com alegria e rapidez.
VERACIDADE X Mentira: Merecendo sempre confiança por relatar fatos com
precisão.
GRATIDÃO X Ingratidão: Demonstrando por intermédio de palavras e ações como
outros beneficiaram a minha vida.
GENEROSIDADE X Mesquinharia: Administrando cuidadosamente meus recursos
para poder dividir com aqueles que sofrem necessidade.
ORDEM X Confusão: Organizando as coisas em volta de mim, para conseguir
maior eficiência.
PERDÃO X Rancor: Esquecer os acontecimentos que me magoaram, lembrando-
me das pessoas que os causaram, sem amargura.
SINCERIDADE X Hipocrisia: Desejando fazer o que é correto com total
transparência.
VIRTUDE X Impureza: Evidenciando em minha vida a excelência moral, baseada no
fato de cumprir o que é correto.

GRUPO II

RESPONSABILIDADE X Irresponsabilidade: Reconhecendo e cumprindo aquilo


que é esperado por mim.
PACIÊNCIA X Impaciência: Aceitando uma situação difícil sem ficar ansioso para
uma solução imediata.
INICIATIVA X Ociosidade: Percebendo e fazendo aquilo que é necessário antes
que me peçam para fazê-lo.
DOMÍNIO PRÓPRIO X Impulsividade: Reagindo aos desejos indevidos, fazendo
192

aquilo que é correto.


PONTUALIDADE X Atraso: Demonstrando consideração pelos outros, fazendo
aquilo que é preciso fazer, na hora certa, ou na que foi marcada.
PRATICIDADE X Desperdício: Encontrando utilidade pratica para aquilo que outros
não perceberiam ou descartariam.
TOLERÂNCIA X Intolerância: Reconhecendo que cada pessoa se encontra em um
nível diferente no desenvolvimento do seu próprio caráter.
CRIATIVIDADE X Conformismo: Visualizando uma necessidade, tarefa ou idéia
sob uma nova perspectiva.
DISCRETO X Indiscreto: Reconhecendo e evitando palavras, ações e atitudes que
poderiam trazer conseqüências indesejáveis.

GRUPO III

DILIGENCIA X Preguiça: Investindo o meu tempo energia para completar cada


tarefa da qual sou responsável.
LEALDADE X Infidelidade: Demonstrando a minha lealdade até nos momentos
mais difíceis.
HOSPITALIDADE X Solitário: Acolhendo afetuosamente as pessoas,
compartilhando alimento, abrigo ou conversação com alegria, visando fazer o bem
ao próximo.
SENSIBILIDADE X Indiferença: Percebendo as verdadeiras necessidades, atitudes
e emoções daqueles que me rodeiam.
ENTUSIASMO X Apatia: Esforçando-me ao máximo, com alegria, em cada tarefa
de minha responsabilidade.
FLEXIBILIDADE X Resistência: Dispondo-me a mudar planos ou idéias, de acordo
com as diretrizes dadas pelos meus superiores.
DISCERNIMENTO X Sem perspicácia: Compreendendo de uma maneira mais
profunda o porquê das coisas acontecerem da forma que acontecem.
CAUTELA X impetuosidade: Entendendo a importância de executar as ações
certas, no momento certo.
CORAGEM X medo: Confiando que, o que tenho para dizer ou fazer é verdadeiro,
correto e justo.
193

GRUPO IV

CONFIÁVEL X Inconstante: Cumprindo aquilo para o qual me comprometi mesmo


que surja um obstáculo inesperado.
EFICIENTE X Negligente: Reconhecendo quais fatores ou palavras diminuirão a
eficiência do meu trabalho, se forem negligenciados.
DETERMINADO X Indeciso: Buscando alcançar metas corretas, no tempo certo,
mesmo quando houve r oposição.
PARCIMONIOSO X Extravagante: Exigindo de mim mesmo e dos outros que
gastem somente o que for necessário.
DISPONIBILIDADE X Egocêntrico: Colocando as minhas prioridades e
compromissos em segundo lugar, em relação às necessidades das pessoas a quem
sirvo.
CORTÊS X Mal educado: Limitando a minha liberdade em consideração aos que
me rodeiam.
OMPASSIVO X Impiedoso: Fazendo o que for necessário para curar ou aliviar a dor
das pessoas ao meu redor.
PERSUASIVO X Contendedor: Guiar verdades vitais em volta dos obstáculos
mentais de outros sem causar-lhes mágoas.
SABEDORIA X imprudência: Observar e reagir às situações da vida, com uma
perspectiva que ultrapassa as circunstancias do momento.

GRUPO V

ALEGRIA X Auto piedade: Mantendo equilíbrio, mesmo quando enfrento situações


desagradáveis.
CUIDADO X Desatenção: Prestando atenção ao que acontece à minha volta, para
que eu possa agir corretamente.
DECIDIDO X Procrastinação. A capacidade de reconhecer fatores chaves e
concluir seus objetivos.
RESISTÊNCIA X Desencorajamento: Dando o melhor de mm mesmo, resistindo ao
estresse, através da minha força interior.
MANSIDÃO X Ira: Desejando servir ao meu próximo, eu deixo as minhas
194

expectativas pessoais em segundo plano.


AMOR X Egoísmo: Atendendo às necessidades dos outros, sem esperar
recompensa pessoal.
SEGURANÇA X Ansiedade: Estruturando minha vida em volta daquilo que não
pode ser destruído nem tirado de mim.
SATISFAÇÃO X Cobiça: Reconhecendo que a verdadeira alegria não depende de
condições materiais.
HUMILDADE X Orgulho: Reconhecendo que as minhas realizações na vida são
resultado do investimento de outras pessoas em mim.
JUSTIÇA X Corrupção: Assumindo responsabilidade pessoal para sustentar aquilo
que é puro, correto e verdadeiro.
MISERICÓRDIA X Dureza: Demonstrando consideração e preocupação com as
necessidades dos outros, ajudando-os.
FÉ X Presunção: A confiança que ações enraizadas em bom caráter, produzirão o
melhor resultado, mesmo quando não vejo como.
HONRA X Desrespeito: Respeitando aqueles em posição de liderança por causa
das autoridades maiores que representam
195

ANEXO Q - PROJETO “ÉTICA E CARÁTER NA ESCOLA “ –


FACSÍMILES DAS CAPAS DOS CADERNOS DO PROJETO – LADO
ESQUERDO: SÉRIES INICIAIS. LADO DIREITO: SÉRIES FINAIS
196
197
198
199
200

Capas criadas pela Programação Visual do SBME


201

ANEXO R - CONTEÚDOS MINISTRADOS NAS DISCIPLINAS -


EDUCAÇÃO
CRISTÃ, FILOSOFIA E ÉTICA CRISTÃ.

Currículos e Conteúdos de Ensino Religioso (Educação cristã) dos


COLEGIO BATISTA MINEIRO

EDUCAÇÃO INFANTIL:
MATERNAL:

Unidade 1- Quem Sou Eu?


Sou gente muito especial
Sou criado por Deus
Sou um presente de Deus

Unidade 2- Quem é Deus?


Criador de todas as coisas
Deus é meu melhor amigo
Deus é amor
Eu posso falar com Ele

Unidade 3- Quem é Jesus?


É o filho de Deus
- O anjo conversa com Maria
- Jesus nasceu
- Os pastores visitam Jesus
- A infância de Jesus
- Jesus visita a Igreja
Jesus é meu melhor professor
- Ensina-me a amar
- Ensina-me a perdoar
- Ensina-me a ajudar

Unidade 4- Natal
Que lindo aniversário
Um presente para Jesus
Natal, uma festa de amor.

PRIMEIRO PERÍODO:

Unidade 1- Eu e Deus
Deus me ama
Deus cuida de mim
Deus fala comigo
Eu posso amá-lo
Atitude: amor
202

Unidade 2- Eu e Minha Família


Eu e meus pais
Eu e meus amigos
Eu e meus avós
Eu e meus professores
Eu e meus colegas
Os amigos que cuidam da escola
Atitude: Confiança

Unidade 3- Eu e a Minha Escola

SEGUNDO PERÍODO:

Unidade 1- Deus Criou o Mundo


Deus fez o mundo em seis dias
Deus fez tudo bonito e bom
Deus me manda cuidar do mundo
Atitude: Participação

Unidade 2- Para Que Deus Criou o Mundo?


Para me dar um lugar para viver
Para me dar água para beber
Atitude: Bondade
Para me dar alimento
Para me dar o ar para respirar.

Unidade 3- Deus Criou as Pessoas


Deus fez o homem do barro
Deus ouve, vê e fala e eu também.
Deus pensa e eu penso
Deus sente e eu sinto
Deus ama e eu também amo
Atitude: Gratidão

Unidade 4- Para Que Deus Criou as Pessoas?


Para conversar com Ele
Para amar Deus e ser amado por Ele
Para amar outras pessoas
Atitude: Responsabilidade

ENSINO FUNDAMENTAL:

PRIMEIRA SÉRIE:
Unidade 1- Aprendendo a Escolher
Deus me fez livre para escolher
Deus me ensina o caminho certo
O primeiro jardim a primeira escolha
Quando erro, Deus me dá nova oportunidade.
Atitude: Percepção
203

Unidade 2- Aprendendo a Conviver


A primeira família
Os primeiros irmãos
Eu devo aceitar o outro
Atitude: Respeito

Unidade 3- Aprendendo a Ouvir


A grande lição do Dilúvio
Eu preciso ouvir Deus
Atitude: Atenção

Unidade 4- Aprendendo a Aceitar os Limites


Deus não fez o mundo só para mim
Eu preciso de outras pessoas
É bom amar a Deus e aos outros
Atitude: Disciplina

SEGUNDA SÉRIE:
Unidade I- Deus conversa conosco
Através de sua Palavra
O livro dos livros
O alimento para o coração
A luz para o caminho
Através da oração

Unidade II- Deus chama pessoas para servi-lo


Servindo por obediência
Servindo por fidelidade
Servindo por amor

Unidade III- Deus cumpre a sua promessa


A promessa de Deus traz alegria
A promessa de Deus traz proteção
A promessa de Deus traz salvação

TERCERIRA SÉRIE:
Unidade I- Deus chama pessoas para amá-lo
Aprendendo a amar a Deus em família
Aprendendo a amar a Deus em sociedade

Unidade II- Jesus é bondoso para com todos


Sua bondade traz vida
Sua bondade traz saúde
Sua bondade traz gratidão

Unidade III- Jesus dá nova vida


Ele muda comportamentos
Ele traz paz ao coração
204

QUARTA SÉRIE:
Unidade I- A Bíblia uma Grande Biblioteca
Conhecendo os livros da Bíblia
Conhecendo sua divisão e estrutura

Unidade II- Deus chama pessoas para serem exemplos


Vencendo o mal com o bem
Vencendo obstáculos

Unidade III- Jesus se importa conosco


Ele responde as nossas dúvidas
Ele nos dá atenção
Ele nos vê com amor

QUINTA SÉRIE:
Unidade I- Aprendendo com os heróis bíblicos
Eles nos ensinam a confiar em Deus
Eles nos ensinam a falar de Jesus
Eles nos ensinam a superar dificuldades

Unidade II- O poder de Jesus é manifesto


Dominando a natureza
Suprindo as necessidades
Sua bondade traz gratidão

Unidade III- Estou crescendo me transformando


Modificando no corpo
Modificando na mente
Modificando nas emoções

SEXTA SÉRIE:
I. IDENTIFICANDO COMIGO MESMO
Ser gente (identidade)
Ser amigo (amizade)
Qualidade de vida

II. IDENTIFICANDO COM O OUTRO


Servir aos outros (solidariedade)
Lidando com as dificuldades (preconceito)
Cidadania
Consciência Ecológica

III. PROCESSO DE COMUNICAÇÃO PARA O NOSSO TEMPO


A Bíblia: revelação de Deus ao homem
Bíblia: Manual de instruções e Sabedoria
A Oração: uma conversa com o Pai
Agenda de Oração
205

SÉTIMA SÉRIE:
I. APRENDENDO A VIVER BEM
Receita bíblica e poética da vida
Livro: A curiosidade premiada
Deus e seu lugar em minha vida
Reconhecer erros e perdoar
Ser cidadão honesto e justo

II. APRENDENDO NOVOS DESAFIOS


Aprendendo a lidar com as emoções
Aprendendo a pensar, decidir e escolher.
A paixão nas relações humanas
A paciência nas relações humanas

III. APRENDENDO A SER RESPONSÁVEL


O uso do corpo pela mídia
O valor do corpo e a sexualidade
Deus e a sexualidade

OITAVA SÉRIE:
1. Os perigos do ser no mundo - uma reflexão sobre alguns problemas sociais
na vida do adolescente e de sua família:
a) Violência, b) Drogas, c) Cigarro,
d) Bebidas alcoólicas, e) Suicídio

2. Os perigos do Ser no mundo - desenvolvendo uma sexualidade saudável:


a) Aborto, b) Gravidez na adolescência, c) Violência sexual,
d) Homem e mulher, diferenças que se complementam,
e) Reflexão e análise dos valores do caráter relacionados aos temas abordados,
f) O adolescente e seu meio-ambiente

3. Os perigos do ser no mundo - Reflexão e aplicação dos valores cristãos à


luz da Bíblia. Análise de textos:
a) Provérbios: conselhos e Máximas de Salomão; b) O jovem na Bíblia;
c) Desenvolvimento sexual à luz da Bíblia d) “Guarde o seu coração”.
e) O Ser no mundo e sua integralidade no Sermão do Monte.

NOVA SÉRIE:
1. Família e Sociedade - Análise dos principais problemas sociais
a) Violência familiar; b) Violência sexual; c) Violência urbana; d) Miséria e
desemprego; e) Saúde em crise; f) Anorexia e bulimia; g) Depressão

2. Família e Sociedade
Uma reflexão sobre o que é a família e sua importância para a sociedade:
a) Como a família é influenciada pela sociedade?
b) Em que a sociedade tem sido afetada pela família?
c) Os valores do caráter e sua relação com a família.
d)O adolescente e sua comunicação com a família.
e) O adolescente e sua comunicação com a sociedade.
206

3. Família e Sociedade - à luz da análise de textos e situações bíblicas


a) Valores e Máximas de Salomão
b) Análise das propostas bíblicas para a família
c) Reflexão sobre o equilíbrio familiar e social nos exemplos do Sermão do Monte.
d) O adolescente e a necessidade de afirmar valores cristãos em sua vida no
e) processo de construção de sua autonomia.

ENSINO MÉDIO:
Disciplinas - Filosofia Cristã e Ética

PRIMEIRO ANO:
Unidade I- Cultura
A diferença entre natureza e cultura
A linguagem humana
O mundo do trabalho e os riscos da alienação

Unidade II- Conhecimento


O conceito de Conhecimento, Ideologia e outras formas de conhecimento
(Mito e Filosofia)
Introdução à Lógica aristotélica e Lógica simbólica
Concepções filosóficas a respeito da teoria do conhecimento

SEGUNDO ANO:
Unidade I- Ciência
Histórico do desenvolvimento da ciência
Características do método científico
Ingerências políticas no campo da ciência
Preservação do ambiente
Clonagem, Transgênicos etc.

Unidade II- Política


Introdução ao conceito de política
Histórico das concepções filosóficas
Questões atuais
Terrorismo e o crime organizado globalizado

TERCEIRO ANO:
Unidade I- Ética
Ética e Moral

Unidade II- Estética


Educação Hoje
Formação Integral do Cidadão
Capacidades, possibilidades, competências e habilidades
Valores do Caráter
Reflexão ética moral na perspectiva cristã
207

ANEXO S - CÓDIGO DE ÉTICA DA CAPELANIA ESCOLAR281

CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


Art. 1º - A Capelania Escolar é uma atividade religiosa de
cunho espiritual que lida com indivíduos em formação física,
mental e espiritual, que frequentam escolas públicas e
particulares, procurando dar-lhes orientação religiosa e
espiritual dentro do respeito à liberdade religiosa de cada
pessoa e de cada família.
[Parágrafo único. No caso específico deste Código: capelania
exercida em escolas de linha confessional.]282

Art. 2º - O capelão deve inteirar-se do [Projeto Político-


Pedagógico]283 e do Regimento Interno da escola em que atua
e das normas disciplinares dos alunos, professores e
funcionários, respeitando-os plenamente.
[Parágrafo único. Se julgar que alguma norma precisa ser
revista, deve conduzir a sugestão ao órgão ou pessoa
competente para encaminhar a mudança. A proposta de
alteração deve ser bem fundamentada e encaminhada de
maneira sábia.] 284

Art. 3º - A atuação do capelão não deve contrariar o trabalho


de professores, pedagogos, psicólogos e diretores, nem
embaraçar-lhes os programas, mas sim, cooperar para o bom
desempenho dos alunos.

Art. 4º - Os programas [da capelania]285 devem ser elaborados


dentro de uma visão integrada aos programas educacionais da
escola para que possa contribuir para o aproveitamento dos
estudantes.

Art. 5º - O trabalho da [da capelania] com os alunos não deve


contrariar orientações das famílias. Quando alguma família não
permitir que seu filho participe dos programas da capelania, isto
deve ser respeitado.
281
Elaborado por Damy Ferreira e publicado no livro “Capelania Escolar Evangélica” e as
adaptações, comentários e acréscimos feitos por Walmir Vieira.
282
Parágrafo único inserido por mim para dar especificidade ao Código.
283
Toda escola particular e cofnessional tem o seu Projeto Político Pedagógico que é mais
amplo que o Regimento Interno.
284
Inserção de um parágrafo para possibilitar caminhos para possível alteração das normas
que se apresentarem inadequadas ou que possam ser aperfeiçoadas.
285
Neste caso e em vários outros é preferível o termo mais geral “capelania” do que
pessoal: “capelão”.
208

Art. 6º - A área de educação a ser trabalhada pelo capelão é286


a “educação religiosa” e o “aconselhamento pastoral”. Não
deverá ele entrar na área dos pedagogos nem dos psicólogos
da escola, mesmo que tenha habilitação profissional na área.
Se na sua atividade surgirem casos dessa área, ele deverá
encaminhar os alunos para aqueles profissionais.
[Parágrafo único: Muitos assuntos e problemas ligados ao
ambiente da escola podem e devem ser tratados de forma
integrada. com os diversos profissionais da escola opinando
sobre o assunto, inclusive o capelão.] 287

Art. 7º - Assuntos de disciplina não deverão ser acolhidos pelo


capelão [pela capelania], a menos que seja solicitado pela
direção da escola.

Art. 8º - Igualmente, casos de avaliação pedagógica, em que


alunos julguem-se injustiçados por professores e educadores,
não devem ser acolhidos ou tratados pelo capelão,
especialmente quando exercerem suas atividades em escola
pública ou particular não confessional.

CAPÍTULO II - DA RESPONSABILIDADE QUANTO À


ORIENTAÇÃO DE CASOS ESPECIAIS
Art. 9º - No contexto de uma escola surgem problemas de
droga, de alcoolismo, de gravidez de adolescente e outros
casos especiais. O capelão pode ser a [uma das] primeiras
pessoas a detectar288 [da escola a ser informada ao se
constatar] tais problemas em crianças, adolescentes e jovens.
Ele não deve se omitir em trabalhar esses problemas,
buscando a melhor orientação para a solução de cada caso.

Art. 10º - Ao detectar tais casos, o capelão averiguará,


primeiro, se pertencem a outras áreas profissionais da escola,
antes de tomar qualquer atitude.

Art. 11º - Ao convencer-se de que o caso pertence à sua área,


o capelão iniciará seu trabalho, respeitando, evidentemente, o
indivíduo e sua família.

Art. 12º - Igualmente, ao tratar de problemas especiais com

286
A expressão “apenas” que consta no texto original é inadequadamente limitante. Ao
trabalho da capelania, por isso ela foi retirada.
287
Inserção necessária deste parágrafo para que a capelania não se furte de atuar de
maneira interdisciplinar na solução de problemas gerais da escola.
288
Os termos origienais: “O capelão deve ser a primeira pessoa da escola a detectar...” não
corresponde a realidade ou posibilidade. Os termos mais adequados são: “O capelão pode
ser uma das primeiras pessoas da escola a ser informada ao se constatar....”
209

estudantes, o capelão deverá avaliar o momento certo de


comunicar o fato aos pais. E quando o fizer, deverá ser com
bastante cuidado, para não criar recuo do jovem que está
sendo ajudado e nem provocar reações extremas dos pais.

Art. 13º - Casos de grande gravidade ocorridos com


estudantes maiores de idade, só serão relatados aos pais caso
os estudantes concordem ou julguem que necessitam daquela
ajuda.

Art. 14º - Todo procedimento que envolver problemas


especiais com estudantes deverá ser relatado à direção da
escola, uma vez que a primeira responsabilidade sobre o aluno
é dela.

CAPÍTULO III - DO RESPEITO À CONSCIÊNCIA RELIGIOSA


INDIVIDUAL
Art. 15º - Todo o trabalho de ensino religioso do capelão e sua
equipe deve levar em conta os direitos à consciência religiosa
de cada indivíduo. Isso deve ser feito mesmo em escolas
confessionais, em que os pais que aceitam ali matricularem
seus filhos já sabem da posição religiosa da instituição.

Art. 16º - O capelão [A capelania] fará o seu trabalho religioso


e espiritual sem conotação sectária, mesmo porque, numa
escola confessional haverá alunos pertencentes a diversas
linhas de doutrina cristã.

Art. 17º - Este respeito à consciência religiosa do indivíduo fica


mais exigente quando a escola for pública ou particular não
confessional.

CAPÍTULO IV - DA HARMONIA DO RELACIONAMENTO


ENTRE CAPELÃO E AUXILIARES
Art. 18º - A capelania adotará para si uma linha de doutrina e
ensinos [compatível com a Declaração de Fé e de Princípios da
sua confissão religiosa [nos] 289 procedimentos e no
atendimento individual e coletivo de alunos, professores e
funcionários da escola.

Art. 19º - Os auxiliares [de capelania] não [devem] 290 discrepar,


em termos de ensino e doutrina, das linhas adotadas pela
[mantenedora e direção da escola.] 291 Todos deverão [estar na
289
Os termos no original : “Princípios da Convenção Batista Brasileira, expressos na Palavra
de Deus], bem assim de [nos]” foram substituídos por “princípios de sua confissão religiosa
nos procedimentos...”;
290
“Devem” soa mais adequado que “poderão”;
210

mesma sintonia.] 292

Art. 20º - Capelão e auxiliares, não poderão discordar de


doutrina, ensino ou metodologia perto de alunos e professores.
Casos dessa ordem serão tratados em particular com o
capelão-geral [e/ou direção-geral da escola.]293

Art. 21º - 294


Art. 21º - Também a capelania não poderá divergir [em
público]295 da disciplina geral adotada pela escola. Capelania,
[coordenações, pedagogos] e direção da escola deverão,
também, falar a mesma língua 296 [sempre buscar a harmonia e
o consenso. Eventuais divergências devem ser tratadas com
transparência e espírito cristão.]297

CAPÍTULO V - DOS ASSUNTOS CONFIDENCIAIS


Art. 22º - Ao atender pessoas, sejam alunos, funcionários ou
professores, o capelão e seus auxiliares manterão absoluto
sigilo dos casos tratados.

Art. 23º - Assuntos tratados na sala da capelania ou mesmo no


aconchego dos lares de alunos jamais serão mencionados de
público, nem mesmo a título de ilustração ou exemplo didático,
e nem passados para outras pessoas.

Art. 24º - Igualmente, se tiver conhecimento de doença grave


de alunos ou familiares, jamais se deve passar para outros a
informação, ou mencionar o fato em público.

Art. 25º - O capelão jamais fará qualquer tipo de discriminação


ou diferenciação no tratamento de pessoa que esteja sendo
291
Fica mais adequado: “linha adotada pela mantenedora e direção da escola”. Do que só
“capelania” como no original.
292
Melhor do que todos deverão falar a mesma língua, como no original.
293
Nunca se deve esquecer que o Diretor-geral da escola é a pessoa que responde por tudo
na escola Dante da lei.
294
O artigo 21 cujos termos originais são: “Capelães auxiliares não deverão ser
repreendidos diante de alunos, professores e funcionários. Esses casos devem ser tratados
em particular, na sala da capelania” é óbvio demais para constar no código. Isso se aplica a
todas as funções, por isso foi suprimido.
295
Naturalmente o Capelão pode sim divergir sobre a disciplina adotada na escola se julgá-
la inapropriada, mas não deve fazê-lo em público.
296
A expressão: “falar a mesma língua” foi substituída por “sempre buscar a a harmoniae o
consenso.
297
Esta expressão foi incluída para mais esclarecimento.
211

tratada em assunto moral grave.

CAPÍTULO VI - DO RELACIONAMENTO DOS CAPELÃES


COM O SEXO OPOSTO
Art. 26º - Os capelães deverão agir com cuidado com pessoas
do sexo oposto, evitando aproximação íntima demais que
possa provocar suspeitas diversas.

Art. 27º - [Nenhum membro da capelania]298 deverá sair para


programações especiais a sós com estudantes do sexo oposto,
e até mesmo com professores ou funcionários, quando as
circunstâncias possam ser interpretadas para um lado ou
sentido negativo.

Art. 28º - Capelães solteiros ou divorciados não deverão entrar


em relação de namoro com pessoas que fazem parte da sua
assistência de capelania, seja aluno, funcionário ou professor.

Art. 29º - Do mesmo modo, capelão não deve entrar em


relação de intimidade com membros da família de estudantes.

CAPITULO VII - DA VIDA PARTICULAR DO CAPELÃO


Art. 30º - O capelão [e seus auxiliares] 299 não deverão expor
sua vida particular diante de alunos, professores ou
funcionários, seja em conversação comum, seja em palestras.

Art. 31º - O capelão [deve evitar] 300 confessar suas fraquezas


ou pecados, nem mesmo a título de ilustração ou exemplo em
hipótese alguma. [À exceção de um testemunho de
transformação de vida.]

Art. 32º - Não deverá também falar de suas dificuldades


financeiras a alunos, professores ou mesmo familiares de
estudantes, [bem como não deverá reclamar problemas de
salários ou vantagens ou desvantagens empregatícias diante
de alunos, professores ou funcionários da escola. Há o canal
certo para isso.]

Art. 33º - Se tiver problemas em casa, com a esposa/esposo,


filhos, o capelão deve evitar mencionar esse fato a alunos,
professores ou funcionários, até mesmo a título de ilustração
ou exemplo didático. [Se sentir necessidade de compartilhar

298
Melhor do que “O capelão não...”
299
Normalmente em toda capelania há auxiliares.
300
Expressão muito mais adeqauda do que “nunca deverá” como consta no original. Há
ocasião em que o compartilhamento de uma fraqueza pode ajudar outros.
212

com alguém deverá procurar um amigo de confiança para


ajudá-lo.,.]

Art. 34º - Se o capelão for também psicólogo e exercer essa


atividade fora da escola, não deverá encaminhar para o seu
consultório particular alunos da escola com problemas da área,
para não configurar vantagem econômica [ou situação
privilegiada, auferida através da sua condição de capelão.] 301

CAPÍTULO VIII - DAS QUESTÕES DE DISCRIMINAÇÃO


Art. 35º - O capelão e seus auxiliares não farão discriminação
racial, de estrangeiros, de religião diferente, portadores de
deficiências ou praticarão qualquer outro tipo de discriminação.

Art. 36º - Igualmente, o capelão e seus auxiliares não tratarão


com discriminação alunos de classes sociais mais pobres, que
tenham bolsa, alunos inadimplentes, alunos menos dotados,
menos inteligentes, em relação a outros.

CAPÍTULO IX - DO CONSELHO DE ÉTICA DE CAPELANIA E


DOS CASOS OMISSOS
Art. 37º - O capelão-geral e todos os capelães auxiliares em
cada escola formarão o “Conselho de Ética de Capelania”,
sendo o capelão-chefe o seu relator [sendo que a presidência
será exercida pela direção da escola, que poderá delegar ao
capelão-geral essa incumbência.] 302

Art. 38º - [Uma eventual insatisfação vivida por um dos


auxiliares de capelania deverá ser comunicada ao capelão-
geral que a encaminhará ao diretor-geral caso fuja de sua
alçada. Nenhum auxiliar de capelania ou capelão de unidade
deverá encaminhar demandas à direção de unidade ou à
direção-geral sem o conhecimento prévio do capelão-geral.] 303

Art. 39º - Casos éticos não previstos neste Código que


surgirem no contexto das atividades de capelania de uma
escola serão discutidos e definidos pelo “Conselho”.

Art. 40º - A decisão tomada por um “Conselho” poderá


incorporar-se ao Código de Ética da Capelania.

301
Termos mais adequados que “auferida através da sua condição de capelão”, como
consta no original.
302
Orientação mais adequada do que a que está no original “sendo o capelão-chefe o seu
relator”, pois, como dito anteriormente, o diretor-geral é quem primeiro responde legalmente
pela escola.
303
Novo Artigo, necessário em função da possibilidade de quebra de hierarquia.
213

ANEXO T - FORMULÁRIO ELABORADO PELA CAPELANIA PARA


LEVANTAMENTO DO PERFIL RELIGIOSO DO ALUNADO (NO
PRELO)

Formulário para levantamento do


PERFIL RELIGIOSO
Alunos das Séries Finais

Gostaríamos de conhecer o perfil religioso dos alunos do Colégio Batista Mineiro


para podermos desenvolver um trabalho melhor e oferecer um serviço que vá ao
encontro das suas necessidades. Por favor, preencha com sinceridade e seriedade.
Nas questões com mais de três respostas, poderá haver duas escolhas.

1) Idade ______
2) Sexo ( )M ( )F
3) Sua Série em 2008: _____

4) Você acredita na existência de Deus? ( ) Sim ( ) Não

5) Se sim, você acredita num Deus: ( ) Um ser pessoal ( ) Uma energia


( ) Um ser distante, inacessível e indiferente.

6) Você se considera:( ) católico ( ) evangélico ( ) espírita


( ) Outra. Qual? __________________.

7) Você frequenta a sua igreja: ( ) dominicalmente ( ) irregularmente


( ) raramente.
8) Sua família tem uma religião? Qual ? ____________________

9) Você acredita em Jesus como Filho de Deus? ( ) Sim ( ) Não

10) Você acredita na Sua morte na cruz para perdão dos pecados dos que se
arrependem e creem nele? ( ) Sim ( ) Não.

11) Você já teve uma experiência com Deus? ( ) Sim ( )Não

12) Se sim, ela mudou sua vida ou seus valores? ( ) Sim ( ) Não
( ) Mais ou menos

13) Você acredita na Bíblia como Palavra de Deus, escrita por pessoas inspiradas
por Ele? ( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos

14) Se você lê a Bíblia, a lê quando? ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite

15) Se lê, quantas vezes por semana?


( ) Uma ( ) Duas ( ) Três ( ) Todo dia.
214

16) Você tem um livro sagrado em que acredita? ( ) Sim ( ) Não

17) Você ora a Deus? ( ) Sim ( ) Não

18) Se ora, quantas vezes? ( ) Uma vez por dia ( ) Mais de uma vez por dia
( ) Uma vez por semana ( ) Raramente

19) Você lê alguma literatura evangélica ou cristã? ( ) Sim ( ) Não

20) Se sim, qual? ( ) Livro ( ) Revista ( ) Folheto ( ) Artigo

21) Você ouve música evangélica (cristã, gospel)? ( ) Sim ( ) Não


( ) Raramente ( ) Nunca

22) Além de músicas evangélicas, você ouve músicas seculares (não evangélicas)?
( ) Sim ( ) Não

23) Quando faz alguma coisa que sabe que está errada, que desagradou a Deus ou
prejudicou alguém, você sente tristeza, arrepende-se e deseja não fazer mais?
( ) Sim ( ) Não ( ) Depende

24) Você crê que o ser humano é também um ser espiritual e que precisa ter um
relacionamento com Deus (ou um deus)? ( ) Sim ( ) Não

25) Você acha que a escola deve também se preocupar com a formação espiritual
de seus alunos? ( ) Sim ( ) Não

26) Sendo você evangélico ou não, o que mais atrapalha sua vida cristã?
( ) O testemunho de outros ditos crentes ( ) Minhas fraquezas
( ) Minha dificuldade de crer e mudar ( ) Muitas igrejas diferentes falando
coisas diferentes

27) Quando morrer, você vai para onde?


( ) Céu ( ) Desaparecer ( ) Não sei

28) Sendo evangélico ou não, o que você gosta mais na igreja?


( ) As músicas ( ) As mensagens ( ) As orações ( ) As amizades
( ) Das classes de estudos ( ) Dos grupos familiares

29) Você escolheu o Batista: ( ) por ser uma escola cristã ( ) por ser uma escola de
bom ensino ( ) por ser uma escola perto de casa ( ) por outro motivo:
Qual?_______________________________.

30) Você é um religioso (se é) de que tipo?


_____________________________________________________________
215

ANEXO U - FORMULÁRIO PARA CONHECER AS SUGESTÕES DOS


ALUNOS PARA O TRABALHO DA CAPELANIA E AVALIAR
SATISFAÇÃO – (SERÁ TESTADO NO INÍCIO DE 2010)

Formulário de Pesquisa
Sobre Maiores Possibilidades de Ação da Capelania
Ajude-nos a desenvolver um serviço de Capelania cada vez mais eficiente e útil a
vocês e seus familiares. Responda com sinceridade e ofereça-nos sugestões.

1. Você acha importante haver um trabalho de capelania numa escola cristã?


( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente.

2. Você acha que a Capelania existe para quê?


( ) Ajudar espiritualmente os alunos com aconselhamento.
( ) Desenvolver atividades religiosas na escola
( ) Cuidar dos alunos indisciplinados.
( ) Promover eventos cívicos e as comemorações dos dias especiais.
( ) Dirigir e falar nos cultos (assembleias).
( ) Visitar e assistir emocional e espiritualmente alunos enfermos.
( ) Coordenar e dinamizar o trabalho dos professores de Educação Cristã.
( ) Outro: ____________________________________

3. Você gostaria que a capelania da escola promovesse: (Assinale até 3)


( ) Exibições de filmes educativos e cristãos.
( ) Retiros (acampamentos) para comunhão e crescimento espiritual.
( ) Congressos sobre temas atuais com preletores convidados.
( ) Festival de Teatro.
( ) Viagens missionárias.
( ) Eventos musicais gospel.
( ) Mais encontros para compartilhamento e oração.
( ) Outro: ____________________________________

4. Os congressos ou seminários que a capelania poderia promover deveriam ter


como temas os seguintes assuntos: (Assinale até 5): Resposta cristã para:
( ) Drogas, cigarro e álcool.
( ) Sexualidade, gravidez precoce e
aborto.
( ) Violência, bulling .
( ) Política e cidadania.
( ) Relacionamento familiar
( ) Roubo e cola
216

( ) Homossexualismo e outras
questões sexuais.
( ) Racismo e preconceito.
( ) Bioética (célula tronco,
clonagem, genoma etc.).
( ) Cultura e arte.
( ) Ciência e Tecnologia.
( ) Saúde física, emocional e
espiritual.
( ) Anorexia, bulimia e culto ao
corpo.
( ) Depressão, ansiedade e medos.
( ) Vocação e escolha da profissão.
( ) Meio ambiente e desmatamento.
( ) Suicídio e luto.
( ) Paixão e vida sentimental.
( ) Autoestima e egoísmo.
( ) Erotismo e pornografia.
( ) Religiões de mistério e demonismo.
( ) Outro: ____________________
( ) Outro: ____________________

5. Você gostaria que a capelania te ajudasse em que área da sua vida?


Resposta livre:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

6. Você gostaria de ajudar a capelania escolar cristã de sua escola fazendo o


quê? Responda com algo que você saiba fazer bem e que possa ser útil para os
outros e para Deus:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

7. Você já procurou a capelania alguma vez para obter ajuda?


( ) Sim ( ) Não

8 Se sim, você se sentiu ajudado(a)?


( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos

9. Se não, por que não? Resposta livre:


_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
10. Você conhece o capelão-geral e o capelão de sua unidade?
( ) Sim ( ) Não.
11. Se sim, pode citar seus nomes: Da unidade: ___________________________
Capelão-geral: ________________________
12. Você está percebendo o desenvolvimento do Projeto “Ética e Caráter na
217

Escola” ( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos.


13. Quais foram as virtudes que mais marcaram e ajudaram você? (Escolha até 3)
( ) Gratidão ( ) Pontualidade
( ) Atenção ( ) Responsabilidade
( ) Obediência ( ) Tolerância
( ) Organização ( ) Iniciativa
( ) Perdão ( ) Praticidade
( ) Generosidade ( ) Criatividade
( ) Retidão ( ) Domínio Próprio
( ) Sinceridade ( ) Paciência
( ) Veracidade

14. Você acha que todas as escolas particulares ou públicas deveriam ter um
serviço de capelania para ajudar espiritualmente aos alunos, funcionários e seus
familiares?
( ) Sim ( ) Não

15. Você gostaria de fazer alguma sugestão para melhorar o trabalho da


capelania?
R ________________________________________________________________
_______________________________________________________________
Aluno(a) da _____ Série/ano do ( ) E. Fundamental ( ) E. Médio.
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Religião: ( ) Evangélico ( ) Católico ( ) Outra _________ ( ) Nenhuma.
É aluno(a) do colégio desde _______
218

ANEXO V – FORMULÁRIO PARA CONHECIMENTO DA


SATISFAÇÃO E SUGESTÃO DOS ALUNOS PARA AS AULAS DE
EDUCAÇÃO RELIGIOSA (ENSINO ELIGIOSO)

Formulário de
PESQUISA SOBRE AULAS DE EDUCAÇÃO CRISTÃ
Séries Finais

1. Você acha importante ter aula de Educação Cristã no currículo da escola?


( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente

2. Tendo respondido “sim” ou “não”, e fazendo ela parte obrigatória do currículo,


como você gostaria que ela fosse?
( ) Com maior participação dos alunos.
( ) Com mais músicas cristãs.
( ) Com mais filmes evangélicos.
( ) Com a utilização de recursos audiovisuais.
( ) Outro___________________________________

3. Você acha que a Bíblia deve ser ensinada na sala de aula de que maneira?
( ) Usando os textos para tirar lições práticas para a minha vida.
( ) Citando e explicando textos que respondem as grandes
questões do nosso tempo.
( ) Tirando as dúvidas sobre textos difíceis.
( ) Estimulando-nos a decorar versículos bíblicos significativos.
( ) Explicando o contexto histórico, as línguas originais e o
panorama geral em que a Bíblia foi escrita.
( ) Outro:_____________________________________________________

4. Um(a) professor(a) de Educação Cristã deve ser:


4.1. ( ) Homem ( ) Mulher ( ) Tanto faz
4.2. ( ) Jovem ( ) Adulto ( ) Tanto faz
4.3. ( ) Pastor ( ) Não-pastor ( ) Tanto faz
4.4. ( ) Outros___________________________

5. As aulas devem acontecer:


( ) Sempre na sala de aula.
( ) Sempre fora da sala de aula.
( ) Revezando.

6. Deve haver um livro ou apostila específica para as aulas de Educação Cristã?


( ) Sim, apostilas preparadas pelos professores da escola.
( ) Sim, apostilas/livros adquiridos de editoras cristãs.
( ) Não.
( ) Indiferente.

7. Como você gostaria que se chamasse a disciplina?


219

( ) Ensino Religioso
( ) Educação Religiosa
( ) Educação Cristã
( ) Ética Cristã
( ) Filosofia Cristã

8. O que você gostaria que acontecesse mais na aula de Educação Cristã?


- Responda à vontade:

9. Quais são os temas que você gostaria que o(a) professor(a) desenvolvesse em
suas aulas?
- Responda à vontade:

10. Como os alunos poderiam participar mais das aulas de Educação Cristã?
- Responda à vontade:
220

ANEXO X – ALUNOS NAS CHAMADAS “ASSEMBLEIAS” NO


SBME
221

ANEXO W – RELAÇÃO DE ESCOLAS ASSOCIADAS À ANEB

Associação Nacional de Escolas batistas

ASSOCIADAS FUNDADORAS:
(Ligadas às Convenções Estaduais)
1. Colégio Batista Alagoano – Maceió - AL (JECBA)
2.1. Instituto Batista Ida Nelson – Manaus - AM (CE da CBA)
2.2. Escola Comunitária do IBIN – Coroado – Manaus AM
3. Colégio Batista Taylor Egídio – BA
4. Colégio Batista Santos Dumont – CE
5. INSTITUTO BATISTA DE EDUCÇÃO DE VITÓRIA – IBEV jecbc
5.1. Faculdade Batista de Vitória - FABAVI –ES
5.2. Colégio Americano Batista da Praia da Costa – ES
5.3.. Colégio Americano Batista em Laranjeiras – ES
5.4. Colégio Americano Batista de Guarapari – ES
5.5. Colégio Americano Batista da Consolação – ES
6.1. Colégio Batista Daniel de La Touche – Unidade João Paulo -MA (JECBM)
7. Instituto Batista de Carolina – MA
8. SISTEMA BATISTA MINEIRO DE EDUCAÇÃO – MG – (JECBM)
8.1. Colégio Batista Mineiro em Belo Horizonte – MG
8.2. Colégio Batista Mineiro em Ouro Branco – MG
8.3. Colégio Batista Mineiro em Betim – MG
8.4. Colégio Batista Mineiro em Uberlândia – MG
8.5. Colégio Batista Mineiro em Nova Contagem – MG
8.6. Faculdade Batista de Minas Gerais – MG
1.8. Instituto Batista de idiomas – IBI – BH - MG
1.7. Educação de Jovens e Adultos e PQF – BH -MG
1.9. Núcleo de Socialização Infanto-Juvenil – BH - MG
9. Colégio Batista Sul-Matogrossense – MS
10. Cooperativa de Educação Sóstenes Pereira de Barros – PA
11. Colégio Americano Batista de Recife – PE (JECBP)
12. Colégio Batista Fluminense – Campos - RJ – (JECBF)
13. Colégio Batista Shepard – Tijuca - RJ – (JECBC)
14. Colégio Batista de Porto Alegre – RS
15. Colégio Americano Batista de Sergipe – SE (JECBS)
16.1. Colégio Batista Brasileiro – Perdizes - SP (JECBSP)
16.2. Colégio Batista de Bauru – (JECBSP)
17. Colégio Batista de Tocantins – TO
ASSOCIADAS EFETIVAS
(Ligadas às Igrejas e Associações)
1. Colégio Batista de Itabuna – BA
2. Escola Angelino Varela – BA
3. Instituto Batista (Fundação El Shadai) – BA
4. Escola Batista Semente do Saber – DF
5. Escola Batista da IBAN – DF
6. Colégio Batista de Brasília – DF (SOCEB)
7. Colégio Batista Goiano – GO
8. Colégio Batista de Caldas Novas – GO
9. Colégio Batista Ludovicense – MA
10. Colégio Batista Domingas Magalhães – MA
11. Colégio Batista de Palmas – TO (SOCEB)
12. Colégio Batista de Ponta Porá – MS
13. Colégio Batista de Três-Lagoense João Gregório Urbieta –MT
222

14. Escola Batista de Educaç ão Infantil e Ensino Fundamental – PA


15. Colégio Batista de Ananindeua – PA
16. Instituto Batista Edward Trott – PB
17. Instituto Batista Correntino – PI
18. Colégio Batista Betshana – PI
19. Escola Batista Pastor Benjamim – PR
20. Escola Batista de Foz do Iguaçu – PR
21. Colégio Batista do Laranjal – São Gonçalo - RJ
22. Colégio do Instituto Batista Americano – RJ
23. Escola Vitória da PIB do Rio de Janeiro – RJ – (PIBRJ)
24. Escola Batista da 2ª IB de Nova Friburgo – RJ
25. Colégio 14 de Novembro – São Cristovão - RJ
26. Centro Educacional Batista – Marica - RJ
27. Colégio Batista do Jardim Catarina – São Gonçalo -RJ
28. Escola Municipal Batista de Giruá – RS
29. Colégio Batista Maye Bell Taylor – SE
30. Colégio Batista da Penha – SP - (PIB Penha)
31. Instituto Educacional Batista de Mauá – SP
32. Escola Batista Ágape – SP
33. Colégio Batista de Parintins – AM (Parceria com o governo)
ASSOCIADAS CONVIDADAS :
(Pertencentes à Particulares)
1. Centro de Educação e Cultura Monte Moriá – AL
2. Centro de Ensino Integrado de Manaus – CEIMA – AM
3. Centro de Educação Batista Independente – CIEBI – AM
4. Centro Educacional Pré-escola “Paraíso Infantil” – AM
5. Centro Educacional Batista – BA
6. Colégio Batista Eleutério Rocha – MA
7. Serviço de Educação Integrada – MS
8. Escola Batista Novo Renascer – MS
10. Colégio Batista de Varginha – MG
11. Escola Batista’’’ de Pouso Alegre – MG
12. Centro Educacional Batista – PA
13.Escola Batista do Marco – PA
14. Escola de 1º Grau Guará – PA
15. Centro Comunitário Batista de Itaporanga – PB
16. Instituto Batista Regular – PB
17. Colégio Sete de Setembro – PE
18. Colégio Onze de Setembro – PE
19. Educandário Silva – RJ
20. Colégio de Aplicação – UNIGRANRIO – RJ
21. Creche Shalom – RJ
22. Colégio Batista Bereiano – RN
23. Colégio Batista de Rondônia – RO
24. Colégio Batista de Itapevi – Sp
25. Colégio de Bebedouro – SP
26. Colégio Batista Albert Schweitzer – BA
27. Centro Evangélico Unificado (PIB do Brasil) BA
28. Colégio Kerigma – CE
29. Instituto Batista Educacional Ester – IBEE – AM
30. Colégio Batista Aliança – MA
31. Escola Batista Teófilo Otoni – MG
32. Instituto Batista de Educação e Cultura – RJ
223

ANEXO Y - QUATRO DE UNIDADES DO SBME E NÚMERO DE


MATRICULADOS NOS ANOS DE 2008 E 2009

UNIDADES LOCALIZAÇÃO 2008 2009

Colégio Batista Mineiro Belo Horizonte Belo Horizonte - MG 3.614 3.373

Colégio Batista Mineiro de Ouro Branco Ouro branco MG 1.245 705

Colégio Batista Mineiro de Betim Betim - MG 678 787

Colégio Batista Mineiro de Uberlândia Uberlândia - MG 642 585

Colégio Batista Mineiro de Nova Contagem Contagem - MG 457 465

Instituto Batista de Idiomas - IBI Belo Horizonte- MG 563 551

Faculdade Batista de Minas Gerais Belo Horizonte - MG 527 506

Educação de Jovens e Adultos - EJA Belo Horizonte - MG 205 155

Curso de Qualificação Semi-profissional Belo Horizonte - MG 145 179

Núcleo de Socialização Infanto-juvenil Jatobá - BH - MG - 100

SEI = Serviço de Ensino Integral Belo Horizonte - MG 155 141

8.231 7.547
FONTE: Caderno: Relatório do Conselho Diretor da Convenção batista Mineira de 06 de abril de
2008 e de março de 2009

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