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Universidade Estadual do Ceará

Centro de Humanidade
Curso de Ciências Sociais
Disciplina de MTP 2 – Prof°. Rosangêla Bastos
Rafael Luan da Silva

Fichamento: Coulon, Alain. Escola de Chicago de Chicago. Papirus Editora, São Paulo. Tradução:
Tomás R. Bueno.

Entende-se por Escola de Chicago um conjunto de trabalhos de pesquisa realizado entre 1915 e
1940 na Universidade de Chicago. (p.7)

Foram diversas as contribuições dos sociólogos da Escola de Chicago, sobretudo “o


desenvolvimento de métodos originais de investigação: utilização científica de documentos
pessoais, trabalho de campo sistemático, exploração de diversas fontes documentais.” (p.8)

A Escola de Chicago é uma sociologia urbana, com a maioria dos seus trabalhos voltados para um
problema político social mais importante: o da imigração e da assimilação de milhões de imigrantes
à sociedade americana.

A Universidade de Chicago, mais especificamente, o departamento de Sociologia e Antropologia


(unificados até 1929) é considerado o grande responsável pela origem da sociologia na América do
Norte; considerada assim a Escola de Chicago “o berço da escola americana”.

“O pragmatismo é na verdade uma filosofia da ação, mas também pode ser chamado de filosofia da
intervenção social. Assim, Mead fez dele um instrumento social e foi muito ativo no movimento de
reforma social, na medida em que achava que a consciência dos indivíduos se elabora por meio das
interações e dos processos sociais.” (pag. 18).
o pragmatismo é um método filosófico cuja máxima sustenta que o significado de um conceito
(uma palavra, uma frase, um texto ou um discurso) consiste nas consequências práticas concebíveis
de sua aplicação.

Não se pode negar, e se deve estudar a grande influência que o interacionismo simbólico teve sobre
a sociologia produzida em Chicago; Segundo Blumer “as significações sociais devem ser
consideradas como 'produzidas pelas atividades interativas dos agentes”. (p.19). O pesquisador deve
compreender e analisar essas significações e para que isto de fato ocorra ele precisa ter acesso aos
fenômenos particulares (que são as produções sociais significantes dos agentes). “O interacionismo
simbólico, ao contrário [da concepção durkheiniana, que pensava as manifestações individuais
como não pertencentes ao domínio da sociologia], afirma que é a concepção que os agentes têm do
mundo social que constitui, em última instância, o objeto essencial da investigação sociológica”
(psg.20)

A partir de 1935, outras “correntes” sociológicas americanas passaram a também ganhar destaque:
“Em 1937, dois anos depois da rebelião, a publicação da obra Talcont Parsons, The Structure of
Social Action, confirmaria o surgimento de uma nova orientação teórica, radicalmente diferente da
sociologia empírica de Chicago, que em seguida dominaria a sociologia americana durante um
quarto de século” (pag. 27)

O contexto social a qual a Escola de Chicago estava inserida é sem dúvida o grande responsável
pela constituição dos conceitos que essa sociologia apresentou; tendo a imigração como pano de
fundo dessas relações, “É sem dúvida a este interesse da sociologia de Chicago pela questão da
assimilação dos imigrantes que se deve a existência vários dos grandes conceitos da sociologia
americana, entre os quais a desorganização social, a definição da situação, a marginalidade, a
aculturação” (pag. 30)

“A atitude é um conjunto de ideias e emoções que se transformam em uma disposição permanente


em um indivíduo e lhe permite agir de maneira estereotipada. Pode ser definida como 'o processo da
consciência individual que determina a atividade real ou potencial do indivíduo no mundo social. A
atitude é a contrapartida do indivíduo aos valores sociais[...]” (pag. 31)

Adaptação (organização social)- considerada como mutação pela qual passa determinada sociedade
em determinado contexto; há coexistência entre os grupos, porém estes continuam rivais em
potência, aceitando suas diferenças; “As relações são organizadas com o fim de reduzir os conflitos,
controlar a rivalidade e manter a segurança das pessoas.” (pag. 44)

A noção de assimilação em Park: “Define a assimilação como um processo durante o qual os grupos
de indivíduos participam ativamente do funcionamento da sociedade sem perder suas
particularidades.”(pag. 45)

“O conflito culmina na fase de adaptação, em que as relações entre superiores e subordinados são
constantemente conflitantes. É por isso que , segundo Brown, nunca poderia haver uma assimilação
completa da comunidade negra, sempre inferiorizada pela cultura e a ordem social brancas.” (pag .
52)

“Franklin Frazier (1932): o ciclo não se encerra com a assimilação, e sim com a existência de dois
sistemas raciais distintos. Durante a última etapa do ciclo, cada uma das raças desenvolve suas
próprias instituições sociais e ocupa zonas urbanas diferentes. Considera que já não se pode falar
em negros como uma entidade homogênea, mas, ao contrário, é preciso distinguir entre eles
diversos subgrupos, correspondentes a diferentes níveis socioeconômicos e repartidos
geograficamente, segundo zonas concêntricas diferentes.” (pag. 52-53)

“Frazier considerava que certas etapas eram passíveis de se repetir ao longo de várias gerações
sucessivas, pois a dialética do conflito de classes e da adaptação cultural prosseguia depois do fim
da escravidão, que nã marcava o fim da intimidação e da violência: a adaptação limita, mas não
elimina completamente o conflito.” (pag. 54)

“A última etapa da integração é o amalgama, estágio supremo de uma população que se assimilou.”
(pag. 55)

“Os problemas sociais que os imigrantes enfrentam surgem no fato de que os aspectos materiais da
cultura tendem a modificar-se com mais rapidez que os seus traços não materiais.” (pag. 56)

“Segundo Simmel, o estrangeiro instala-se na comunidade, mas fica à margem. Não apreendem
seus mecanismos íntimos e permanece de certo modo exterior ao grupo social, o que lhe confere,
involuntariamente, uma maior objetividade, “que não implica o distanciamento ou o desinteresse,
mas resulta antes da combinação específica da proximidade e da distência, da atenção e da
indiferença”(pag. 56)

“Os contatos entre as diferentes culturas produzem sempre uma desorganização das instituições
sociais, sendo mais afetadas as da cultura “fraca”, ou seja, as do grupo minoritário. Deste grupo,
alguns elementos “marginais” emergem caracterizados por sua vontade de abandonar o grupo de
origem e de integrar-se ao grupo majoritário.”(pag. 57)

“Segundo Park, o homem marginal é tipicamente um imigrante de segunda geração, que sofre
plenamente os efeitos da desorganização do grupo familiar, a delinquência juvenil, a criminalidade,
o divórcio etc. O homem marginal, ao separar-se da sua cultura de origem, é sempre alguém que ,
aculturando-se, constrói para si mesmo uma nova identidade.” (pag. 58)

“O homem marginal, que elabora um nosso mundo com base em suas experiências culturais
diversas, sente-se com frequência rejeitado, e com razão, pois está apenas parcialmente assimilado.
Consequentemente, segundo Stonequist, na maior parte do tempo ele desenvolve críticas duras
acerca da cultura dominante que o rejeita apesar de seus esforços de integração, e denuncia sua
hipocrisias e contradições.” (pag. 59)

Segundo Thrasher há em Chicago uma zona onde vivem os imigrantes europeus, e seria nessas
zonas que surgiam as gangues estudadas por ele; as gangues estão localizadas e se constituem em
um “cinturão de pobreza”, o que dessa forma lhe traz certas características; “A gangue é uma
resposta à desorganização social: 'ela oferece um substituto à aquilo que a sociedade não consegue
dar e protege de comportamentos desagradáveis e repressivos. Supre uma carência e oferece uma
escapatória” (pag. 63)

Um dos fatores de criminalidade segundo Shaw e McKay; “A pobreza, uma grande mobilidade e
uma alta heterogeneidade da população acarretam a ineficácia das estruturas comunitárias, o que
leva a um enfraquecimento do controle social; isto, por sua vez, favoreceu o surgimento da
criminalidade.(pag. 76)

“Como movimento intelectual e teórico, pode-se que uma primeira escola de Chicago se encerrou
com a segunda guerra mundial, no momento em que a sociologia americana se tornou mais
quantitativa e mais diversa no plano teórico. Em compensação, a sociologia quantitativa que a
Escola de Chicago soube desenvolver teve influências consideráveis sobre a sociologia americana, e
continua a ser reinvidicada por um grande número de sociólogos em todo o mundo.” (pag. 123)

“[...] sobretudo por aquilo que se pode chamar de 'Segunda Escola de Chicago', caracterizada por
trabalhos de orientação interacionista e por novas teorias do desvio.”(pag. 124)

Referência Bibliográfica:

Coulon, Alain. Escola de Chicago de Chicago. Papirus Editora, São Paulo. Tradução: Tomás R.
Bueno.

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