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ENGLISH IN WRITING
COMO REDIGIR CORRETAMENTE EM INGLÊS
Ricardo Schütz
Atualizado em 26 de fevereiro de 2009

INTRODUÇÃO

In Portuguese, if the reader does not understand what he reads, he may think he is not intelligent or
knowledgeable enough to understand the writer, while in English most likely the writer is the one who takes the
blame.

Enrolar, enfeitar a jogada, enfeitar a noite do meu bem, encher lingüiça, são expressões populares usadas para referir-se ao hábito do uso
da retórica na linguagem. Esta tendência, frequentemente observada em português, é um vício remanescente de séculos passados, quando a
linguagem escrita era uma arte dominada por poucos e a sua função era predominantemente literária. Retórica era sinal de erudição, e por
vezes a forma chegava a se impor sobre o conteúdo.

Nos tempos modernos, entretanto, com a internacionalização do mundo e com o crescente desenvolvimento da tecnologia de comunicação,
a funcionalidade dos idiomas como meios de comunicação clara e objetiva se impõe a tudo mais, fato este reconhecido também pelos mais
respeitados representantes da língua portuguesa:

"A diferença entre o escritor e o escrevedor está sobretudo na economia vocabular. Conseguir o máximo com o mínimo - eis um sábio
programa." (Celso Pedro Luft)

Especialmente no caso do inglês, hoje adotado como língua internacional, esta tendência é marcante. O inglês moderno na sua forma
escrita não tolera retórica. No comércio internacional, na imprensa escrita, e nos meios acadêmicos exige-se cada vez mais clareza. Frases
longas, adjetivação excessiva, tom vago, textos que exigem maior esforço para serem compreendidos, falta de concisão, todas estas
características facilmente são consideradas pobreza de estilo. A beleza do inglês moderno está na substância, na simplicidade, na
clareza, na riqueza de detalhes e na integridade lógica.

Em paralelo a isso, a redação e editoração de textos via computadores está criando uma tendência à padronização do inglês na sua forma
escrita. Pelo fato de ter sido um país de língua inglesa (EUA) o berço da informática, os softwares hoje existentes para processamento ou
edição de textos oferecem recursos avançados para verificação gramatical de textos em inglês. Estes "grammar checkers" seguem todos os
mesmos preceitos básicos, influindo de forma semelhante sobre quem redige, e conduzindo lenta e gradativamente a uma maior
padronização na forma de escrever.

Por tudo isso pode-se dizer que redigir bem em inglês é mais fácil do que se imagina. A primeira condição, que apesar de elementar é
muito pouco observada, é de que o texto seja sempre criado a partir de uma idéia. Em qualquer língua, texto escrito deve ser sempre o
reflexo de uma idéia, que por sua vez origina-se em fatos do universo. A idéia é sempre anterior ao texto. Se a idéia não for clara, o texto
também não o será.

Outra condição é domínio sobre o idioma falado. Seria difícil tentar redigir uma idéia a respeito da qual não conseguíssemos falar
claramente. A expressão comumente ouvida: "essa frase não me soa bem" bem ilustra a importância da oralidade. Ou seja, não é o
conhecimento gramatical, mas sim a familiaridade com a língua falada que nos permite discernir o certo do errado, o bom estilo do estilo
pobre. É por isso que traduções ou versões a partir de um texto em português, feitas com a ajuda de dicionário, normalmente produzem
resultados desastrosos. A não ser quando se trata de documentos, e com ressalvas, não deveria existir o que chamam de tradução literal.
Todo texto precisa ser interpretado, isto é: a idéia precisa ser entendida e então recriada, e diferenças culturais explicadas sob a nova ótica.

ORIGENS DAS DIFERENÇAS

Há quem diga que esta tendência no português de se ser vago, de se valorizar uma linguagem afastada dos fatos e maquiada pelas formas, é
um hábito originado nos anos de regime militar, quando jornalistas tinham que informar mas tinham receio de se comprometer. A "liberdade
vigiada" daqueles anos de regime de exceção exigia um subterfúgio, uma linguagem não-explícita, cuja mensagem ficasse por conta da
capacidade de imaginação do leitor.

Já outros acreditam serem as raízes mais profundas. Evocam o período colonial do Brasil, quando o trabalho era responsabilidade da mão-de-
obra escrava, e a classe letrada dedicava muito tempo burilando textos que valorizavam a estética e o subjetivismo, num mundo que ainda se
comunicava muito através da literatura.

Outros vão mais longe ainda. Afirmam que, há mais de 20 séculos, diferenças sociais e culturais já marcavam contrastes. Enquanto o Império
Romano da língua latina mantinha seu apogeu pela força militar, permitindo a existência de classes eruditas que podiam se dedicar às artes e

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às letras, quando meio século antes de Cristo o orador Cícero já se dedicava à crítica literária e ao estudo de retórica e o poeta Virgílio
destilava seu lirismo profetizando com eloqüência o destino de Roma no mundo; àquela época os povos bárbaros de línguas germânicas
encontravam-se ou guerreando ou trabalhando para sobreviver e pagar impostos ao Império, sem tempo para as artes, e usando uma
linguagem de comunicação curta e objetiva, sintonizada em fatos concretos e nos afazeres de seu dia-a-dia.

Seja qual for a origem, o fato é que hoje, em pleno alvorecer da era da informação, num mundo que se transforma numa comunidade cada
vez mais interdependente e que se comunica cada vez mais, diferenças idiomáticas representam um empecilho para ambos os lados. Nunca
o mundo se comunicou tanto, nunca o tempo foi tão curto para tanta informação, e portanto nunca a objetividade na linguagem foi tão
necessária.

REGRAS PARA UMA BOA REDAÇÃO

1. Organize suas idéias em itens, faça um outline.

Itemizar os pontos importantes da idéia possibilita disciplinar seu pensamento, estabelecendo uma seqüência lógica entre os elementos da idéia.
Possibilita também relacionar todos os pontos importantes e estabelecer uma hierarquia de importância entre eles. Um outline ou esboço normalmente
contém uma introdução, desenvolvimento da idéia com discussão de todos os elementos, e conclusão.

2. Certifique-se de que cada oração tenha um sujeito e que o sujeito esteja antes do verbo.

Em português freqüentemente as frases não têm sujeito. Sujeito oculto, indeterminado, inexistente, são figuras gramaticais que no português explicam a
ausência do sujeito. Isto no inglês entretanto não existe. A não ser pelo modo imperativo, toda frase em inglês normalmente tem sujeito. Na falta de um
sujeito específico, muitas vezes o pronome IT deve ser usado. Além disso, em português muitas vezes o sujeito aparece no meio ou no fim da frase. Em
inglês ele deve estar sempre antes do verbo (a não ser no caso de frases interrogativas), e de preferência no início da frase. Observe os seguintes
exemplos:

It's raining.
Está chovendo. (sujeito inexistente)
An airplane crashed yesterday.
Ontem caiu um avião.
A salesman came to the office the other day.
Esses dias apareceu lá na companhia um vendedor.
One of the most creative publicity strategies has just failed.
Acaba de fracassar uma estratégia publicitária das mais criativas.
The representative of our creditor banks attended a directory
Há cerca de dois meses, justamente quando a empresa passava por dificuldades de
meeting about two months ago to warn that our credit lines
natureza financeira, compareceu à reunião da diretoria o representante dos nossos
would have to be reduced, just when the company was facing
bancos credores para avisar que nossas linhas de crédito teriam que ser reduzidas.
financial difficulties.

Ao formar uma frase, o aluno deve acostumar-se a pensar sempre em primeiro lugar no sujeito, depois no verbo. O pensamento em inglês estrutura-se,
por assim dizer, a partir do sujeito. A ordem natural e até certo ponto rígida dos elementos da oração em inglês é: Sujeito - Verbo - Complemento.
Comparando o ato de escrever com a montagem de uma peça teatral, poderíamos dizer que no português há uma tendência a se montar o cenário para
então colocar-se o ator principal em cena. No inglês, a ordem normal seria inversa: primeiro coloca-se o personagem principal (sujeito e verbo) para
então completar com a montagem do cenário (objetos, adjuntos adverbiais e adnominais e orações subordinadas).

3. Use frases curtas.

A idéia a ser comunicada deve ser dividida em partes na medida do possível. Uma frase excessivamente longa, além de aumentar as chances de erro, é
sempre mais difícil de ser lida e entendida do que uma série de frases curtas. Textos em inglês normalmente contêm mais pontos finais e menos
vírgulas do que em português. Exemplo:

Frase inadequada: Forma mais adequada:

During my vacation in July, when I went to the south of France and Last July I went on vacation in the south of France and other parts of
other parts of central Europe, I bought many souvenirs and I saw central Europe. I bought many souvenirs and saw many interesting places.
many interesting places, both the normal tourist sites and the lesser Some of the places I visited were the normal tourist sites, and others were
known locations. lesser known locations.

4. Seja breve e evite o uso de palavras desnecessárias.

Tanto no inglês como no português existem certas palavras que devido à forma abusiva com que são usadas, deixaram de carregar qualquer significado.
Tornaram-se modismos que servem apenas para conferir um falso tom de intelectualidade e confundir. Exemplo disso no português são as expressões
realmente, evidentemente, efetivamente, a rigor, em termos de, etc. No inglês temos expressões como: absolutely, as a matter of fact, actually, really, it
seems to me, you know, etc., as quais pouco ou nada acrescentam à mensagem. Observe o seguinte exemplo:

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Impróprio:
Correto:
As a matter of fact, I'm absolutely tired. Actually that's the reason why I don't really
I don't want to go to the movies tonight because I'm tired.
want to go to the movies tonight.

Este princípio de economia em relação ao uso de palavras aplica-se também ao uso de formas desnecessariamente complexas. Exemplos:

Complexo:
Correto:
The multiplicity of functionality is really advantageous to the overall marketability of the
The many functions of the product will help its sales.
product.
After paying her debts, she still had enough money to
After liquidating her indebtedness she was still in possession of sufficient resources to
set up a small business.
establish a small commercial enterprise.

Também em português:

Obscuro: Correto:

Este trabalho contempla uma abordagem conceitual do Programa 5S's ... Este trabalho procura definir o Programa 5S's ...

Veja mais sobre vícios de redação em português e como traduzi-los em Contrastes de Redação.

5. Seja objetivo; apresente fatos em vez de opinões.

Em qualquer idioma fatos sempre informam mais do que opiniões subjetivas. O texto deve se limitar o mais possível a fatos, ficando a conclusão
reservada para o leitor. Não imponha ao leitor o seu julgamento; permita-lhe formar o seu próprio. É sempre desejável ser o mais claro e específico
possível, substituindo palavras de mero efeito ou de significado vago, pela respectiva explicação. Exemplo:

Subjetivismo vago: Correto:

The speaker was fascinating to the audience. The speaker presented his topic well, and the audience enjoyed his analogies from daily life.

There is evidence that UFOs may actually exist. Several photographs, video tapes and testimonies show that UFOs may actually exist.

Our language teachers are highly qualified. Our language teachers are native speakers with college education.

I hate television. The effects of television can be very damaging. The soap operas portray dishonesty, violence, ill
emotions, all kinds of negative social behavior, and the news is often biased.

6. Cuidado com o uso de voz passiva.

Voz passiva consiste em trocar o sujeito e o objeto direto de posição. O objeto assume a posição do sujeito, mas permanece inativo, isto é, passivo.
Passa a ser um sujeito que não é autor de ação nenhuma. O verdadeiro sujeito, por outro lado, assume o papel de agente da passiva, sendo que neste
papel deixa de ser essencial à oração, ficando freqüentemente omitido. Exemplos:

The cat ate the mouse. O gato comeu o rato. Voz ativa.
The mouse was eaten by the cat. O rato foi comido pelo gato. Voz passiva.
The mouse was eaten. O rato foi comido. Voz passiva sem agente.

No português, o uso da voz passiva é extremamente comum e apropriado ao idioma. O tom vago de uma voz passiva sem agente, assim como um
sujeito indeterminado, são características típicas do português. No inglês moderno, por outro lado, a voz passiva chega a ser quase proibitiva porque
destoa em relação à necessidade de clareza e de presença de fatos, limitando-se seu uso a casos em que o agente da passiva é desconhecido, irrelevante
ou subentendido. Exemplos:

The store was robbed last night. (desconhecido)


Toyotas are made in Japan. (irrelevante)
Clinton was elected President. (subentendido)

Exemplo de um texto em português normal, O mesmo texto redigido em inglês, de


Como não deve ser redigido em inglês:
abundante em voz passiva: forma mais apropriada:
Ficou decidido que os débitos deverão ser It has been decided that the debts must be paid The company decided the farmers must pay
saldados até o final do mês de novembro, a partir before the end of the month of November, being their debts before the end of November.

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de quando então serão cobrados com juros e after then collected with interest and monetary After that, interest and monetary correction
correção monetária. Os plantadores em débito correction (inflation). The farmers in debt will be will be added. Our field personnel will visit
serão visitados pelo pessoal de campo e serão visited by the field personnel and will be notified and notify the farmers of the new
avisados a respeito das novas determinações. of the new determinations. determinations.

7. Mantenha uma conexão lógica entre as frases fazendo uso correto de Words of Transition.

Words of transition ou Words of connection são conjunções, advérbios, preposições, etc., que servem para estabelecer uma relação lógica entre frases e
idéias. O uso correto destas palavras de conexão confere elegância ao texto e, mais importante, solidez ao argumento. Exemplos:

I went swimming in spite of the cold weather. Although it was cold, I went
It was cold. I went swimming.
swimming.
Many people watch TV. I don't like to waste my time watching Although many people watch TV, I don't like to waste my time watching
television. The quality of the programs is very poor. I'm going to television because the quality of the programs is very poor. Therefore I'm
read books. I'm not going to watch soap operas. going to read books instead of watching soap operas.

Para uma lista completa de words of transition ou words of connection, clique aqui.

CONTRASTES DE REDAÇÃO ENTRE PORTUGUÊS E INGLÊS - COMO TRADUZIR

BIBLIOGRAFIA

Azar, Betty Schrampfer Understanding and Using English Grammar. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1989.
Hammerly, Hector Synthesis in Second Language Teaching. An Introduction to Languistics. Blaine, Wash.: Second Language Publications, 1982.
Luft, Celso Pedro Dicionário Gramatical da Língua Portuguesa. Porto Alegre: Globo, 1967.
McArthur, Tom The Oxford Companion to the English Language. New York: Oxford University Press, 1992.
Quirk, Randolph, Sidney Greenbaum, Geoffrey Leech, and Jan Svartvik A Grammar of Contemporary English. Essex, UK: Longman, 1972.
RightSoft, Incorporated Right Writer User Manual. Sarasota, Florida: RightSoft, 1988.
Shaw, Harry Errors in English and Ways to Correct Them. New York: HarperCollins, 1993.
The New York Public Library, The New York Public Library Writer’s Guide to Style and Usage. Harper-Collins, 1994.
Thomson, A.J., and A.V. Martinet A Practical English Grammar. Oxford, England: Osford University Press, 1986.
Waldhorn, Arthur, and Arthur Zeiger English Made Simple. New York: Doubleday, 1981.

Nosso contato diário com situações envolvendo questões lingüísticas, respondendo perguntas de alunos e de instrutores a respeito de inglês e
português, discutindo diferenças, trabalhando em traduções e versões, sempre em equipe com falantes nativos de diferentes países, regiões e de
diferentes formações acadêmicas, nos permite atualizar e aprimorar estes materiais de ensino constantemente. A cada mês ou a cada semestre, são
publicadas novas versões destes materiais.

Outro excelente recurso na Internet: Writing Rules - link


Conheça o Manual de Redação e Estilo do jornal "O Estado de São Paulo" - link

Proibido reproduzir sem autorização. Propriedade intelectual de Schütz & Kanomata, ESL.

Não deixe de citar a fonte. Diga não ao plágio.

Como fazer uma citação desta página:


Schütz, Ricardo. "Como Redigir Corretamente em Inglês." English Made in Brazil <http://www.sk.com.br/sk-write.html>. Online. 26 de fevereiro de 2009.
Observe que ao citar textos encontrados na Internet, é necessário colocar a data, devido às freqüentes alterações que os mesmos podem sofrer.

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Inglês, a Língua do Mundo - Sinalização Fonética
- O Inglês e o Português no Mundo Etimologia (Word Histories)
- Sinalização Ortográfica
O Fim do Monolingüismo - Interferência da Ortografia American x British
Aprendizado de Línguas - Regras de Pronúncia Gramática
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- Language Acquisition x Learning - Vogais do Inglês e do Português - Perfect Tense
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