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Critica Genetica Fundamentos Dos Estudos PDF
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APRESENTAÇÃO
A Crítica Genética assume, desse modo, aquilo que Daniel Ferrer (2000)
chamou de “vocação transartística”. Ele afirma que o desenvolvimento dos
estudos genéticos sustenta-se nos esforços de alguns pesquisadores de
“promover uma reflexão da crítica genética que atravesse as fronteiras dos
gêneros e das artes” e vê que esse é o caminho para os estudos genéticos
sobreviverem no século XXI.
Relevância da delimitação
Como estamos lidando com uma nova abordagem para a obra de arte,
acredito que temos de ser muito rigorosos no que diz respeito à sua
definição, para não estarmos dando à luz a uma crítica que já nasce para ser
criticada por suas fronteiras nebulosas.
Podemos afirmar que o mesmo interesse, por parte dos artistas, tem sido
notado também no Brasil. Isto fica patente na valorização e conseqüente
preservação dos documentos de processos criadores pelos próprios criadores
ou por suas famílias e, ainda, em alguns casos, no acompanhamento
interessado dessas novas pesquisas. Enquanto o crítico genético ou
geneticista – o pesquisador que se dedica à Crítica Genética - tem a
curiosidade de conhecer e compreender a criação em processo, os artistas
mostram interesse, em muitos casos, em conhecer e compreender os estudos
desenvolvidos por esses pesquisadores.
Esta reação, talvez, possa ser explicada porque, na verdade, o crítico passa
a conviver com o ambiente do fazer artístico, cuja natureza os artistas
sempre conheceram e reconheceram sua relevância, na medida em que
sabem que a arte não é só o produto considerado acabado pelo artista. Eles
parecem ter plena consciência de que a obra consiste na cadeia infinita de
agregação de idéias, ou seja, na série infinita de aproximações para atingi-
la. (Calvino, 1990, p. 91)
Roman Jakobson (1970, p.179) é solidário com esses criadores. Diz ele: “se o
estudo da literatura quer tornar-se uma ciência, ele deve reconhecer o
„processo‟ como seu único herói“. Como podemos notar, nesses casos, há mais
do que uma valorização do processo, mas uma concessão de privilégio do
processo em relação ao produto considerado final. A poesia ou a obra de arte
está, sob esse ponto de vista, em seu processo de fabricação. A crítica
literária passa a ser vista como uma ciência, segundo Jakobson, somente
quando tem esse processo como verdadeiro herói.
O mesmo deve ser dito em relação a esta terceira edição. Para sinalizarmos
essas alterações, optamos pelo novo sub-título. O objetivo continua a ser a
possibilidade de oferecer uma introdução para os estudos genéticos; no
entanto, novas adequações se mostraram necessárias, já que linhas de
pesquisa se caracterizam por sua vitalidade e, consequente, estado de
permanente mutação.