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Seja qual for a atividade que você desenvolva, seja qual for o cargo que ocu-
pe em uma empresa, é essencial que saiba comunicar-se eficientemente,
seja oral ou por escrito. É claro que para transmitir suas ideias não basta
simplesmente usar as palavras de qualquer jeito. Elas se organizam e se re-
lacionam de acordo com determinadas regras.
Observe a frase: Couro casaco é de seu bonito. Esta frase não faz sentido,
não é mesmo? Isso acontece porque ela não obedeceu aos princípios de or-
ganização e expressão do pensamento pela língua escrita. Para que a comu-
nicação ocorra, é preciso alterar a ordem dessas palavras, assim: Seu casaco
de couro é bonito.
Como observamos nos exemplos, uma frase pode ter apenas uma palavra,
pode não ter verbo, mas deve ter sentido. Se o verbo aparecer, então temos
uma oração. Para compor essas estruturas, basta selecionar e combinar pala-
vras e usar os sinais de pontuação: ponto final, exclamação, interrogação ou
reticências.
O período é a frase formada por uma ou mais orações, e pode ser: simples,
uma só oração, ou composto, formado por duas ou mais orações.
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Quadro 2 – Exemplos de períodos simples e composto
2. Parágrafo
O parágrafo corresponde à divisão das partes de um texto escrito. Vem indi-
cado pela mudança de linha, cuja função é mostrar que as frases nele conti-
das mantêm maior relação entre si do que com o restante do texto.
§1) A noção de férias está ligada a figuras de viagem, esporte, aplicações intensi-
vas do corpo; quase nada de descanso. As pessoas executam durante esse intervalo
aquilo que não puderam fazer ao longo do ano; fazem “mais” alguma coisa, de sorte
que não há férias, no sentido religioso e romano de suspensão de atividades.
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§2) Matutando1 nisso, resolvi tirar férias e gozá-las como devem ser gozadas: sem
esforço para torná-las amenas. A ideia de viagem foi expulsa do programa: é das
iniciativas mais comprometedoras e tresloucadas2 que poderia tomar o trabalhador
vacante3. As viagens ou não existem, como é próprio da era do jato, em que somos
transportados em velocidade superior à do nosso poder de percepção e de rumina-
ção4 de impressões, ou existem demais como burocracia de passaporte, filas, falta
de vaga em hotel, atrasos, moeda aviltada5, alfândega, pneu estourado no ermo6,
que mais? [...]
Vamos abordar, nesta lição, os três tipos de texto que se destacam no cotidia-
no da vida das pessoas, seja no âmbito da vida pessoal ou profissional. São eles
a descrição, a narração e a dissertação.
3. Descrição
Devemos ficar atentos para não confundir definição e descrição. O dicionário
define o objeto; a descrição revela como é o objeto, com suas particularidades.
Vamos observar o seguinte texto:
Peça da mobília que é um assento apoiado sobre pés, quase sempre em número
de quatro, com um encosto e, muitas vezes, braços, com lugar para acomodar, com
algum conforto, uma pessoa.
1. Matutar
Pensar demoradamente sobre algo, meditar, refletir.
2. Tresloucado
Desprovido de razão, falto de juízo; louco, desvairado.
3. Vacante
Que está vago; estar sem ocupação.
4. Ruminação
Ato, efeito ou processo de ruminar, ou seja, de pensar muito em, (fig.); cogitar profundamente;
meditar; refletir.
5. Aviltado
Que perdeu o valor.
6. Ermo
Solitário; diz-se de ou lugar desabitado, deserto.
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Ao ler o trecho, visualizamos rapidamente que se trata de uma cadeira. Não se
trata de uma descrição, mas a sua definição, que é bastante genérica.
Descrever é mais do que isso, é perguntar: qual é a cor da cadeira? De que ma-
terial é feita? Qual é o formato de seus pés? Ao respondermos a essas ques-
tões, estamos diferenciando essa cadeira de muitas outras, indicando suas
características particulares. Quando definimos, estamos tratando de uma
classe, de espécies de forma genérica.
Definição
Descrição
Seu andar era austero e tinha toda a graça do felino. Quando o sol batia forte, seu
pelo cinza brilhava ainda mais. Não parecia muito amigo aos estranhos, mas em
casa era a melhor companhia. Na janela, olhando o trabalho de meu pai, ele mais
parecia uma estátua, uma obra de arte.
4. Narração
Definição
O socorro
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de
repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair
da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conse-
guiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu
de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova,
desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio
da madrugada e, na noite escura, não se ouvia um som humano, embora o cemi-
tério estivesse cheio de pupilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da
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meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou.
Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o
que havia: ‘O que é que há?’
O coveiro então gritou, desesperado: ‘Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio
terrível!’ ‘Mas, coitado!’- condoeu-se o bêbado -‘Tem toda a razão de estar com frio.
Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!’ E, pegando a pá, en-
cheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.”
FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro:
Ed. Nórdica, 1991.
A narração de fatos fictícios, por outro lado, não tem compromisso com a
realidade, pois pode ser totalmente inventada ou até baseada em fatos reais,
porém, enriquecidos pela imaginação de quem relata. A maneira mais co-
mum de narrar é aquela em que a história se desenvolve linearmente, em
uma sequência de começo, meio e fim; é a sequência mais tradicional e a mais
utilizada no nosso dia a dia.
Mas há outras maneiras mais criativas de fazer isso. Às vezes, com uma sim-
ples mudança na ordem da narrativa, conseguem-se efeitos surpreendentes.
Como exemplo, observemos este trecho da escritora Clarice Lispector e, na
sequência, outra forma de construí-lo:
5. Dissertação
Definição
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autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados,
os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Conclusão: aqui você deixa claro o objetivo da sua dissertação, expõe o ponto
de vista defendido ou a conclusão da sua exposição de forma que se arremate
todos os argumentos utilizados durante a construção do texto.
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Tabela 1 – Descrição, Narração e Dissertação
Dissertação: ideia/
Descrição: retrato Narração: relato
argumento
Objeto descrito: pessoa, Narrador, personagem(ns)
Ideia/ tese
animal, lugar, coisa. e ação.
Substantivos (traços) Ação (conflito / relato e Posicionamento/ponto de
Adjetivos (atributos) progressão) Diálogo vista, argumentação
Tempo e lugar (espaço/ Problematização, análise,
Frases nominais
ambiente) solução
Verbos de estado no Verbos de ação e de estado no
Verbos de ação no passado.
presente presente
Ponto de vista do
Relato da ação. Exposição/defesa de ideias
narrador-observador.
Exercícios Propostos
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( ) Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou subjetiva, um
lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância do uso de adjetivos.
Não há relação de temporalidade.
( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e exposição de ideias,
cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista. Sua estrutura básica é:
apresentação de ideia principal, argumentos e conclusão.
( ) a) 3, 5, 1, 2, 4
( ) b) 5, 3, 1, 4, 2
( ) c) 4, 2, 3, 1, 5
( ) d) 5, 3, 4, 1, 2
( ) e) 2, 3, 1, 4, 5
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5. Numere o conjunto de sentenças de acordo com o primeiro, de modo
que cada par forme uma sequência coesa e lógica. Identifique, em
seguida, a letra da sequência numérica correta:
( ) a) 1, 3, 4, 5, 2
( ) b) 3, 2, 1, 5, 4
( ) c) 2, 5, 3, 1, 4
( ) d) 5, 1, 4, 3, 2
( ) e) 2, 4, 5, 3, 1
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